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Autores
Denise Regina Garrafiel
Francisco Rildo Cartaxo Nobre
Jonathan Dain
Colaboradores
Cleísa Brasil Cartaxo
Ronei Sant’Ana de Meneses
Peter Cronkleton
Ilustração
Brilhograf
Fotos
Acervo do PESACRE
Agradecimentos
Myriam Jacqueline Villarreal
Isandra Regina Dávila dos Santos
Reginaldo Silveira de Lima
Equipe do PESACRE
Agradecimentos Institucionais
Universidade da Flórida – Centro de Estudos Latinoamericano
Apoio Financeiro
USAID (Agência Norte Americana para o Desenvolvimento
Internacional)
Qualquer parte deste Manual pode ser reproduzida ou adaptada sem permissão dos
autores e do PESACRE, desde que citada a fonte.
Rio Branco/1999
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APRESENTAÇÃO
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CAPÍTULO I
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participativas voltadas para a ação teve influência de métodos utilizados
nas ciências sociais, principalmente o enfoque pedagógico pregado e
experimentado por Paulo Freire ainda na década de 60.
No final da década de 70, a partir da experiência no Instituto de
Ciências e Tecnologias Agrícolas (ICTA) da Guatemala, Hildebrand &
Ruano (1979) desenvolveram a metodologia de "Farming Systems
Research and Extension" –FSRE, que em português seria conhecida por
Pesquisa e Extensão em Sistemas Agrícolas. O Centro Internacional de
Investigação Agroflorestal (ICRAF) - partindo do presuposto que a FSRE
se concentrava demais nas culturas anuais em detrimento de uma visão
mais ampla de sistemas de uso da terra, respondeu com o
desenvolvimento de uma metodologia específica para o desenvolvimento
de sistemas agroflorestais, mas baseando-se na anterior. Esta
metodologia ficou conhecida como Diagnostic and Design - D&D
(Diagnóstico e Desenho).
Neste mesmo período várias outras experiências estavam
ocorrendo e na década de 80 surgem as primeiras publicações com novos
métodos de diagnósticos como DRR (Diagnóstico Rural Rápido) e DRP
(Diagnóstico Rural Participativo, uma derivação do DRR), AEA (Análise de
Sistemas Agroecológicos), entre outras.
Estas métodos incluíram como instrumento fundamental, técnicas
de diagnósticos que consideram o “conhecimento local” e que são rápidas,
integradas e relativamente baratas ( HILDEBRAND, 1986).
As vantagens destes diagnósticos permitem que a aprendizagem
progressiva seja flexiva, exploratória, interativa e inventiva, além de
permitir mudanças de rumo necessárias (aprender junto com as
populações rurais, descobrir e usar os seus critérios e categorias, e
encontrar, entender e apreciar conhecimento técnico local), averiguando
não mais do que o necessário , mas utilizando diferentes técnicas,
fontes e disciplinas, junto com o uso de uma variedade de informantes,
numa grande variedade de lugares, permitindo um controle cruzado de
informações para chegar mais perto da situação real (CHAMBERS, 1992).
Os DRRs, a FSRE e outros métodos nesta linha se mostraram muito
eficazes no que se refere à melhoria da qualidade das informações
adquiridas e a rapidez com que eram coletadas, analisadas e utilizadas.
Também tem contribuído para aumentar, até certo ponto, o sucesso da
geração e da introdução de novas tecnologias. Porém, nos anos 80,
enquanto estas metodologias estiveram se desdobrando, um “novo”
conceito começou a ter mais atenção. A idéia era simples e lógica: dever-
se-ia reconhecer que os pequenos produtores têm um conhecimento
profundo da situação que os rodeiam, do meio ambiente e de suas
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necessidades e, por isso, eles precisam ser incluídos em todos os
aspectos de qualquer programa destinado a ajudá-los. A justificativa se
baseia no fato de que:
- O ponto de vista dos produtores precisa ser incluído em qualquer
processo de decisão para assegurar que esta será uma decisão
apropriada para eles.
- Se eles participam de todos os aspectos do projeto, também se
sentirão mais comprometidos, mais dispostos a confiar nos técnicos, e
mais dispostos a esperar um retorno que pode levar anos para se
manifestar;
- Um dos objetivos de qualquer iniciativa deve ser a eventual auto-
gestão do projeto pela família ou comunidade. A auto-gestão se
torna possível somente quando as famílias sabem por que e como o
projeto foi desenvolvido;
- As famílias e/ou comunidade devem também aprender a partir dos
diagnósticos, não só os técnicos, extensionistas e pesquisadores. A
informação é muito importante para todos (CHAMBERS, 1992).
Com base nestas idéias, muitas instituições começaram a
incorporar as comunidades como parte das equipes nos diagnósticos e
como parceiras nas discussões e avaliações dos dados levan tados. Os
resultados deste novo modelo têm comprovado que, embora mais
complicados de organizar e realizar, os diagnósticos participativos
melhoram os projetos que os seguem ( ROCHELEAU, 1993).
A Metodologia PESA chega ao Brasil já incorporando a análise do
sistema agroflorestal e ficou conhecida como Pesquisa e Extensão em
Sistemas Agroflorestais, na qual foi adotada pelo PESACRE, instituição
não governamental do ACRE.
Em resumo, pode-se ver que as metodologias de diagnóstico e
desenho (Desenho, Implementação, Monitoramento & Avaliação, etc.) são
dinâmicas e acrescentam à sua praxis novas idéias e conceitos com
regularidade. Originalmente eram sumamente bio-técnicas, faltando uma
abordagem sócio-econômica. Estas metodologias foram sendo modificadas
pouco a pouco, incluindo a participação passiva (entrevistas com
produtores, a maioria homens ) e métodos informais e rápidos. Outros
aspectos incorporados durante os últimos 20 anos incluem considerações
sobre o meio ambiente e florestas, culturas perenes em geral, fauna,
saúde, comercialização e aspectos de gênero (tratando mulheres,
crianças e idosos também como atores importantes no processo de
desenvolvimento). A idéia da participação ativa do público -alvo foi mais
um melhoramento nas metodologias de diagnóstico e desenho e, com
certeza, o futuro se encarregará de incorporar outros.
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CAPÍTULO II
Da PESA à Pesa
1. Visão da Pesa
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- UMA ABORDAGEM INTEGRAL – A propriedade é vista como um
sistema integrado e interligado de elementos biofísicos e sócio -
econômicos, ou seja, não se pode analisar um elemento da propriedade,
humano ou ambiental, independente dos outros elementos. É também
reconhecido que o sistema contém subsistemas que são interligados
(culturas anuais, culturas perenes, pequenos animais, etc.);
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- AVALIA AS TECNOLOGIAS POR MEIOS DE ENSAIOS NAS
UNIDADES PRODUTIVAS – Realizar pesquisas ao nível da unidade
produtiva, permite que todos os membros das famílias participem
ativamente da gestão dos recursos e assegura que os fatores sócio -
econômicos sejam avaliados do seu ponto de vista. O (a) pesquisador(a)
pode levar uma equipe técnica para fazer a pesquisa no campo do
produtor, mas a própria família deverá participar do desenho, da
escolha da área, do teste e da avaliação das tecnologias. A pesquisa na
unidade produtiva facilita, assim, a extensão, a transferência e a
adoção de tecnologias;
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2. Fases da Pesa
IDENTIFICAÇÃO DA
COMUNIDADE
DIAGNÓSTICO
- SONDEIO -
IMPLEMENTAÇÃO/
MONITORAMENTO &
AVALIAÇÃO
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realidade, limitações e necessidades dos pequenos produtores.
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CAPÍTULO III
1. IDENTIFICAÇÃO DA COMUNIDADE
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b) Manter contatos com a comunidade envolvida: Com o objetivo de
manter uma comunicação real entre as partes, é importante não somente
considerar a comunidade ou famílias como meros espectadores ou
informantes, mas, de fato, tê-los como participantes e, assim, deve-se
explicar as razões para o trabalho, apresentando os passos a serem
seguidos. Desta forma pretende-se demonstrar sua importância em todo
o processo, ao tempo em que se identifica o interesse da comunidade ou
das famílias pela intervenção na área.
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2. DIAGNÓSTICO
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2.3. ESCOLHA DO MÉTODO
2.4. SONDEIO
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q Objetivos do sondeio: a função do sondeio é o levantamento e análise
da região de trabalho, a identificação dos problemas, limitações e
soluções da comunidade, e a familiarização dos técnicos com a área e a
comunidade em que irão desenvolver o trabalho. Como não é baseado
em levantamento e análise de dados quantitativos, o sondeio pode ser
conduzido rapidamente. Não são usados questionários por isso as
famílias de produtores são entrevistadas de maneira informal, o que
não as inibe. Ao mesmo tempo, a equipe multidisciplinar que conduz a
entrevista ajuda a processar informações de pontos de vista
diferentes e/ou antagônicos, simultaneamente. A contrib uição de cada
disciplina é crítica em todo o processo do sondeio, porque a equipe não
sabe “a priori” que tipos de problemas ou limitações serão detectados.
Quanto maior for a participação das famílias produtoras e o número
de disciplinas envolvidas, maior é a probabilidade de se encontrar os
fatores positivos e negativos realmente mais importantes para região.
q Limitações do sondeio: ao optar por este método temos que ter claro
algumas limitações como a perda de informações, o elevado grau de
dificuldade em comunidades muito dispersas e insuficiência de
informações quantitativas.
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questões-chaves, sem se correr o risco de comprometer o diagnóstico
com questões que deve ser evitadas, muitas vezes até por razões
culturais. Nestas conversas monta-se o planejamento do sondeio.
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Após a escolha da equipe é importante prepará-la para as
entrevistas, principalmente no uso dos instrumentos.
2.5.4. A entrevista
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sentido alguns procedimentos devem ser exercitados, tais como:
• Apresentar-se bem,explicar por que está-se fazendo a entrevista;
• Não usar linguagem técnica e complicada;
• Perguntar se a hora é oportuna para a entrevista;
• Programar para chegar em hora apropriada;
• Pedir licença para tirar fotos;
• Evitar chegar comendo ou bebendo água que foi levada;
• Não interromper o(a) entrevistado(a) e nem os outros
• entrevistadores;
• Não discordar/contestar as respostas dos entrevistados;
• Cuidados para não ignorar mulheres e crianças;
• Evitar perguntas que induzem as respostas;
• Não criticar aspectos da vida dos entrevistados;
• Evitar o uso de comportamento (linguagem de corpo) impróprio;
• Evitar mostrar enfado ou impaciência;
• Evitar conselhos às famílias, anotar para posterior providência;
• Não pedir frutas ou outras coisas para levar consigo;
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está-se fazendo perguntas (casa, roçados, açude, curral, pomar, etc.)
como meio de obter respostas e opiniões específicas do entrevistado.
Além disso, os entrevistadores inspirarão maior confiança às famílias
se percorrerem as suas propriedades.
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seguintes, desta maneira, os tópicos de maior interesse podem ser
melhor explorados. Encerradas as entrevistas começa a análise.
Todos devem trabalhar no mesmo local, apenas separados por
assunto, para que possam circular e debater livremente uns com os
outros. A medida em que as equipes trabalham, invariavelmente irão
encontrar pontos para os quais ninguém tem resposta. A melhor
solução é destacar a dúvida e apresentá-lo na discussão com a
comunidade
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2.5.1. Elaboração do relatório
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Assim sendo, no tópico de discussão dos resultados referente a
problemas e recomendações, a discussão deve ser mais apurada, pois é a
partir da definição das soluções que se inicia o planejamento do
trabalhos futuros. Neste momento todos devem contribuir para priorizar
as ações que fundamentarão as linhas de trabalho, sejam de pesquisa ou
extensão. Antes, porém, de ordenar os problemas prioritários, cabe uma
análise profunda sobre cada recomendação, considerando a importância
das atividades para as famílias e a factibilidade, que por sua vez inclui
uma avaliação dos fatores internos ( mão-de-obra, baixo nível
tecnológico, falta de recursos financeiros e de insumos, etc.) e externos
( situação orçamentária de órgãos de públicos, situação fundiária, vias de
transporte, políticas de preço, crédito, et.) que podem influenciar a
concretização de futuras ações.
Obviamente que nem todas as limitações serão eliminadas ou
mesmo minimizadas pela ação conjunta das equipes e comunidade.
Principalmente aquelas que se relacionam, com políticas externas à
comunidade, ou que dependam da atuação de uma instituição especializada
em determinado serviço ( saúde, estrada, educação, etc.) ou de setor
público. Mesmo assim, a equipe técnica, quando pode, deve funcionar como
um elo de ligação necessária entre a comunidade e círculos políticos.
Orientar quanto a
armazenagem de Curso sobre Orientar o uso de
sementes e grãos comercialização. agrotóxicos
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De uma forma geral, é recomendável usar de flexibilidade no
planejamento, visando assegurar participação crescente das pessoas da
comunidade, e adotar os seguintes procedimentos:
q Identificar oportunidades de trabalho, definindo os objetivos; as
metas; as fontes de recursos; estimativas das necessidades, de custo
de tempo; e a coordenação e o pessoal de execução;
q Identificar e classificar parcerias, segundo os critérios de Positiva-
Neutra-Negativa;
q Definir estratégia de ação, determinando as táticas para alcançá-las;
3.2. TÁTICAS
Como propósito de determinar as táticas estratégicas, pode se
aplicar os seguintes critérios
q Deve ser uma ação prática, realista e possível de completar/realizar
custo;
q Deve ser uma ação que realmente você queira fazer.
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3.3. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
3.3.1. INDICADORES
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4. IMPLEMENTAÇÃO e M & A
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De posse deste rol de recomendações, deve-se seguir os passos
seguintes com vistas à efetivação do plano de monitoramento e avaliação:
q que se quer fazer?
q Quando fazer ?
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CAPÍTULO IV
1. GÊNERO E DESENVOLVIMENTO
2. ANÁLISE DE INTERESSADOS
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Uma sugestão para esta análise é a utilização de um quadro que
permita a visualização dos atores envolvidos e a dimensão de seu
envolvimento/poder, utilizando círculos de tamanhos e cores diferentes,
e uma discussão das possíveis estratégias de negociação e/ou
oportunidade.
Fábrica de
açaí em pó
Não associados,
extratores de
Prefeitura açaí
IBAMA
3. GÊNERO
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GÊNERO (IICA,93)
Feminino Masculino
Reprodutivo/Produtivo Produtivo/Reprodutivo
Se aprende
(não se nasce com ele)
É construído socialmente
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3.1. ANÁLISE DE GÊNERO
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percepções sobre o contexto regional e permite um entendimento mais
amplo da situação da comunidade, facilitando a criação de um programa
de desenvolvimento mais amplo e efetivo.
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BIBLIOGRAFIA
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