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Aula 8: Dor e inflamação

Dor

 Conceito: “...uma experiência


sensorial e emocional desagradável,
relacionada com lesão tecidual real
ou potencial, ou descrita em termos
deste tipo de dano.”
 SENSAÇÃO SUBJETIVA;
 “...o tratamento da dor não deve
estar limitado a eliminar da
sensação dolorosa, mas sim, dar
alívio ao paciente que apresenta
dor.”
Dor e nocicepção

Nocicepção: percepção de estímulos nocivos pelo SNC.

Existem duas vias nociceptivas:


A. rápida: dor aguda, localizada;
B. lenta: dor crônica, indistinta (queimação).
Tipos de dor

 Dor rápida (aguda, pontada,dor elétrica, etc);

 Dor lenta (queimação, dor surda, dor pulsátil, dor


nauseosa, dor crônica).
Tipos de dor

A. Dor aguda: estímulo nocivo excessivo, originando


sensação intensa e desagradável;
B. Dor crônica: dor que dura por mais tempo que a lesão
tecidual desencadeante;
C. Hiperalgesia: maior intensidade de dor associado a um
estímulo nocivo leve.
D. Dor neuropática: dor crônica provocada por danos nos
neurônios nociceptivos (derrame, esclerose múltipla), com
fraca resposta aos analgésicos opióides.
Princípios gerais no tratamento da dor

Caracterização da dor:
 Temporal: Se é aguda ou crônica;
 Topográfica: Se é localizada ou generalizada;
 Fisiopatológica: Se é orgânica ou psicológica;
 Intensidade: Se é leve ou moderada ou grave.
Inflamação

 A inflamação (inflammatio, atear fogo) ou processo inflamatório


é uma resposta dos organismos vivos a uma agressão sofrida.
 Entende-se como agressão qualquer processo capaz de
causar lesão celular ou tecidual.
 Esta resposta padrão é comum a vários tipos de tecidos e é
mediada por diversas substâncias produzidas pelas células
danificadas e células do sistema imunológico que se
encontram eventualmente nas proximidades da lesão.
Sinais da inflamação
Inflamação

 A inflamação é desencadeada pela liberação de mediadores


químicos originados nas células migratórias e nos tecidos
lesados;
 A inflamação pode ser uma resposta protetora e normal
quando causada por agentes microbiológicos, por substâncias
químicas ou por trauma físico podendo ser benéfica;
 Entretanto, a inflamação pode ser também provocada
impropriamente por um agente inócuo ou por doença auto-
imune, como ocorre na artrite reumatóide, sendo lesiva;
Tratamento da dor e inflamação

 Geralmente, a dor leve e moderada é tratada com os fármacos


anti-inflamatórios não esteróides denominados como AINEs
(por exemplo, cefaléia, dismenorréia, dor articular e/ou
muscular);
 A dor aguda intensa (devido a queimaduras, pós-operatórias,
fraturas ósseas, câncer, artrite grave) é tratada com derivados
da morfina, denominados opióides;
 As doenças auto-imunes são tratadas com anti-inflamatórios
esteróides (corticóides);
Tratamento da dor e inflamação

 A dor neuropática crônica (por exemplo, devido a amputação


de extremidades) que não responde aos opióides é tratada
com fármacos antidepressivos;
 Devido a possibilidade de efeitos adversos dos fármacos anti-
inflamatórios, inicialmente, deve-se considerar as opções não
farmacológicas para o tratamento de problemas músculo-
esqueléticos comuns, como a perda de peso (para pacientes
que se encontram acima do peso), a fisioterapia e medidas
psicológicas.
Tratamento da dor e inflamação

Anti-inflamatórios não-esteróides (AINES):

 Maioria: Agem através da inibição de uma enzima


importante no desenvolvimento do processo inflamatório
(ciclooxigenase);
 A inibição do processo inflamatório resulta em inibição
das suas consequências: dor (analgésico), febre
(antipirético), inchaço e vermelhidão (anti-inflamatório).
 Alguns agem no SNC: dipirona, paracetamol. São
considerados não-narcóticos porque não causam
tolerância nem dependência física.
Anti-inflamatórios não esteróides

Efeitos adversos comuns dos anti-inflamatórios não-


esteróides:

 Desconforto gástrico, dor abdominal, náuseas, vômitos;


 Risco de hemorragias pois causa o prolongamento do tempo
de sangramento (é antiagregante plaquetário), podendo levar a
ulceração do trato gastrintestinal (TGI), inclusive perfuração e
hemorragia = exceto dipirona , paracetamol e oxicams.
 No SNC pode provocar a cefaléia frontal, tontura, vertigem e
confusão mental.
 Podem reduzir o efeito anti-hipertensivo de alguns
medicamentos, ex. o captopril, propranolol, e hidroclorotiazida.
Anti-inflamatórios não esteróides

Derivados do ácido salicílico


 Ácido acetilsalicílico (AAS) = Aspirina®;
 Usos: Anti-inflamatório (antipirético,analgésico), diminui a agregação
plaquetária – prevenção da angina pectoris e do infarto do miocárdio;
 O uso externo é indicado para hiperqueratoses, calos e erupções
causadas por fungos.
 Em infecções virais pode provocar em
crianças < 2 anos a Síndrome de Reye,
que consiste em hepatite fulminante
associada a edema cerebral que pode
levar ao óbito. (Usar em crianças o
paracetamol)
Anti-inflamatórios não esteróides

Derivados do ácido salicílico

 Não pode utilizar em pacientes hemofílicos ou que usam


heparina ou anticoagulantes orais, devido a risco de
hemorragias. A ingestão de salicilatos causa o prolongamento
do tempo de sangramento (é antiagregante plaquetário).
 Devido a possibilidade da trombocitopenia (diminuição da
quantidade de plaquetas), e, risco de hemorragia, os salicilatos
não devem ser administrados a pacientes que estejam com a
suspeita da dengue;
Anti-inflamatórios não esteróides

Derivados da pirazolona:
 Dipirona = Novalgina®
 Usos: bons analgésicos e antipiréticos, não devendo ser utilizados por
mais de uma semana devido aos efeitos adversos (efeitos no SNC);
 Administração: oral / retal / parenteral;
 Os efeitos adversos mais freqüentes são:
náuseas, vômitos, erupções cutâneas e
desconforto epigástrico. Pode também
ocorrer diarréia, insônia, vertigem, visão
turva, euforia ou nervosismo, e, hematúria.
 Os efeitos mais graves são a agranulocitose
e a anemia aplástica (discraisas
sanguíneas);
Anti-inflamatórios não esteróides

Derivados do para-aminofenol
 Paracetamol ou acetaminofeno: Tylenol®
 Usos: analgésico e antipirético. Utilizado em crianças em infecções
virais (incluindo a catapora), pois não provoca a Síndrome de Reye.
 Pode ser usado em pacientes com a doença Gota.
 Apresenta fraca ação anti-inflamatória
porque em tecidos periféricos tem menor
efeito sobre a cicloxigenase, mas no SNC
tem ação efetiva sendo utilizado como
analgésico e antipirético.
 Não apresentam também ação plaquetária e
nem tem efeito no tempo de coagulação, e
apresenta a vantagem sobre a aspirina de
não ser considerada irritante para o trato
gastrintestinal.
Anti-inflamatórios não esteróides

Derivados do para-aminofenol: parecetamol

 A via de administração é oral.


 Efeitos adversos: em doses terapêuticas são mínimos os efeitos
adversos, como erupções cutâneas e reações alérgicas que
raramente ocorrem.
 O risco mais grave ocorre com doses altas que pode provocar a
hepatoxicidade e levar ao óbito (principalmente se for usado
juntamente com álcool)
 Os sintomas da toxicidade do paracetamol são: náuseas,
vômitos, dores abdominais, sonolência, excitação, e
desorientação.
Anti-inflamatórios não esteróides

Derivados do ácido acético (ou arilacético):


 Indometacina (Indocid®)
 Usos: Potente anti-inflamatório, em casos agudos
dolorosos como artrite gotosa aguda;
 Geralmente, não deve usado para baixar a febre,
exceto quando a febre é refratária a outros
antipiréticos;
 A via de administração é oral ou retal;
 Efeitos adversos: Aqules “comuns”
 O uso de penicilinas (em geral) pode aumentar a
toxicidade da indometacina.
Anti-inflamatórios não esteróides

Derivados do ácido acético (ou arilacético):


 Diclofenaco sódico (Voltaren®) ou potássico (Cataflam®);
 tem atividade analgésica, antipirética e antiinflamatória, sendo útil para
o tratamento de curta duração das lesões musculoesqueléticas
agudas, das tendinites, das bursites, da dor do pós-operatório e da
dismenorréia, e, pode ter uso crônico em pacientes com Artrite
Reumatóide e Osteoartrite
 Administração pelas vias oral, retal, injetável
e também por via oftálmica;
 Por via oral, o diclofenaco não tem absorção
prejudicada na presença de alimentos;
 Efeitos adversos: “Comuns”.
Anti-inflamatórios não esteróides

 Síndrome de Nicolau: necrose tecidual local induzida


pela aplicação intramuscular de certos fármacos. Os
sintomas e sinais clínicos da Síndrome incluem dor
imediata no local da aplicação, seguida de
escurecimento, e edema, podendo evoluir para necrose;
alguns pacientes podem desenvolver complicações
graves, incluindo septicemia, e, coagulação intravascular
disseminada. Acidentes isquêmicos após injeções
intramusculares não são raros e, devido à relativa
ineficácia das medidas terapêuticas existentes, os
efeitos podem ser graves e mutilantes. Assim, os
prescritores devem avaliar cuidadosamente a relação
risco/benefício antes de indicarem o uso do diclofenaco
intramuscular. Este medicamento não deve ser usado
para condições triviais ou quando a administração oral
ou retal forem possíveis.
Anti-inflamatórios não esteróides

Diclofenaco (continuação)
 A via retal (supositórios) deveria ser considerada como
primeira alternativa, antes da via intramuscular, quando o
alívio da dor for inadequado pela via oral.
 Interações medicamentosas do diclofenaco: Aumenta o
efeito dos anticoagulantes orais, e, da heparina, e,
aumenta a toxicidade da digoxina, do lítio, e, dos diuréticos
poupadores de potássio. Diminui o efeito terapêutico de
outros diuréticos. Pode aumentar ou diminuir os efeitos de
hipoglicemiantes orais.
Anti-inflamatórios não esteróides

Derivados do ácido enólico ou oxicams:


 Piroxicam = Feldene®;
 Vantagens = efeito mais longo e apenas cerca de 20% dos
pacientes apresenta efeitos adversos;
 Além de serem usados para o tratamento das doenças
inflamatórias, principalmente o piroxicam é
também utilizado no tratamento das lesões
musculoesqueléticas, na dismenorréia, na dor
do pós-operatório.
 Podem levar as interações medicamentosas
semelhantes as que ocorrem com o
diclofenaco.
Anti-inflamatórios não esteróides

Derivados do ácido fenilantranílico

 Ácido mefenâmico = Ponstan®;


 O principal uso tem sido na
dismenorréia devido a ação;
 A via de administração é oral.
 A limitação tem sido a diarréia e
inflamações intestinais, e, tem sido
relatados casos de anemia hemolítica.
Anti-inflamatórios não esteróides

Derivados do ácido propiônico (ou ácido


fenilpropiônico):
 Naproxeno: Flanax®; Ibuprofeno: Alivium®;
Cetoprofeno: Profenid®.
 Usos: anti-inflamatório, analgésico e antipirético. A
baixa toxicidade leva a melhor aceitação por alguns
pacientes, com menor incidência de efeitos adversos
do que a aspirina e a indometacina.
 Alteram a função plaquetária e o tempo de
sangramento;
 Vias de administração: oral / retal / parenteral;
 Efeitos adversos: semelhantes aos da aspirina,
porém em incidência muito menor.
 Pode reduzir o efeito de alguns anti-hipertensivos.
Anti-inflamatórios não esteróides

Inibidores seletivos da enzima cicloxigenase-2:


 Nimesulida: Nisulid®; Celecoxib: Celebra®;
 Conhecidos como coxibes.
 Usos: Antiinflamatórios, analgésicos, antipiréticos;
 A incidência de efeitos gastrintestinais é inferior a 20% dos
casos, entretanto, os coxibes não são mais eficazes como
antiinflamatório e analgésico do que os AINEs
convencionais, e não têm ação plaquetária, portanto, não
podem substituir a aspirina na prevenção de doença
coronariana;
 No ano de 2004, o fabricante do Rofecoxib (Vioxx®) retirou
do mercado este medicamento devido à incidência de
efeitos adversos tromboembólicos graves (infarto agudo do
miocárdio e AVC isquêmico),
 O alto custo também tem limitado o uso destes
medicamentos.
Anti-inflamatórios esteróides

 Esteróides = hormônios esteroidais


 Somente os glicocorticóides apresentam atividade anti-
inflamatória importante, além de suprimir a imunidade.
 Os glicocorticóides endógenos são produzidos a partir do
colesterol;
 Foram desenvolvidos vários fármacos derivados semi-sintéticos
dos glicocorticóides;
 Usos: na terapia inflamatória e imunossupressora em variadas
patologias, como doenças auto-imunes, inflamatórias, asma,
distúrbios alérgicos, do colágeno, dermatológicos,
gastrintestinais, hematológicas, oftálmicas, orais, respiratórias.
Anti-inflamatórios esteróides

 São também utilizados no tratamento do choque, de doenças


neurológicas, da síndrome nefrótica, de alguns tipos de
neoplasias, profilaxia e tratamento de rejeição de órgão em
transplante.
 A terapêutica sistêmica deve ser feita durante o menor tempo
possível e com doses mínimas possíveis, e, devem ser
administrados de manhã e em dias alternados, não devendo
ser suspensos bruscamente sempre que a terapêutica tenha
sido prolongada para mais de três semanas.
 As vias de administração dependem da natureza da doença e
da condição do paciente e podem administrados por via oral,
parenteral, tópica, oftálmica, inalatória, intraarticular e retal.
Anti-inflamatórios esteróides

Efeitos adversos: comuns com a terapia a longo prazo

 Úlceras pépticas,  fraqueza muscular e fadiga por


 hipertensão arterial, perda de massa muscular na
 edema, região proximal do tronco e
 aumento do apetite, membros,
 euforia, entretanto, algumas vezes  reparação retardada de feridas,
ocorre depressão ou sintomas  tendência a hiperglicemia,
psicóticos,  supressão da resposta à infecção,
 aumento da gordura abdominal,  supressão da síntese de
 face de lua cheia com bochechas glicocorticóides endógenos,
vermelhas,  Os glicocorticóides podem
 adelgaçamento da pele, provocar a osteoporose
Anti-inflamatórios esteróides

 Glicocorticóides de ação curta:


Cortisona / hidrocortisona =
Cortisonal®;
 Glicocorticóides de ação
intermediária: Prednisolona =
Prelone® /
prednisona = Meticorten®
Anti-inflamatórios esteróides

 Glicocorticóides de ação longa:


Betametasona = Celestone,
Diprospan, Candicort,
Dexametasona = Decadron.
Anti-inflamatórios esteróides

 O fármaco beclometasona é considerado um


esteróide de inalação altamente potente, e
usado no tratamento da asma e de infecções
respiratórias superiores.
 A dexametasona atravessa facilmente a
barreira hematoencefálica (penetrando no SNC,
ao contrário da maioria dos corticosteróides)
sendo útil na profilaxia, e, tratamento do edema
cerebral.
 O clobetasol é considerado como o
corticosteróide de maior potencia, sendo usado
apenas topicamente como creme ou solução, e,
não é recomendado seu uso em menores de 12
anos.
Anti-inflamatórios esteróides

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