You are on page 1of 8

Direito Constitucional

1. Constituição: princípios fundamentais da CF/88

O título I da CF/88 prevê princípios fundamentais aplicados a toda a


sociedade, a república e a qualquer unidade federativa.
Todo sistema constitucional deve ser analisado de forma integrada à luz
dos princípios fundamentais que estão no título I.
Há vários princípios no título I consolidados em fundamentos e até
mesmo em objetivos do Estado democrático de direito, os quais veremos
a seguir.

Discriminação dos princípios fundamentais da Constituição de


1988:

a) Princípios relativos à existência, forma, estrutura e tipo de Estado:


República Federativa do Brasil, soberania, Estado democrático de Direito
(art. 1º);
b) Princípios relativos à forma de governo e à organização dos
poderes: República e Separação dos poderes (art. 1º e 2º);
1
Professora Amanda Almozara

Direito Constitucional

c) Princípios relativos à organização da sociedade: princípio da livre


organização social, princípio da convivência justa e princípio da
solidariedade (art. 3º, I);
d) Princípios relativos ao regime político: princípio da cidadania,
princípio da dignidade da pessoa humana, princípio do pluralismo,
princípio da soberania popular, princípio da representação política e
princípio da participação popular direta (art. 1º, parágrafo único);
e) Princípios relativos à prestação positiva do Estado: princípio da
independência e do desenvolvimento nacional (art. 3º, II), princípio da
justiça social (art. 3º, III) e princípio da não discriminação (art. 3º, IV);
f) Princípios relativos à comunidade internacional: da independência
nacional, do respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, da
autodeterminação dos povos, da não- intervenção, da igualdade dos
Estados, da solução pacífica dos conflitos e da defesa da paz, dos
repúdio ao terrorismo e aos racismo, da cooperação entre os povos e o
da integração da América Latina (art. 4º).

2
Professora Amanda Almozara

1
Direito Constitucional

Princípios do artigo 1º:

República.
A expressão república apresenta diferentes sentidos ao longo da história.
Por exemplo, no império romano opunha-se as ditaduras dos Césares.
Nos séculos XVIII e XIX opunha-se às monarquias absolutistas e buscava
governos democráticos escolhidos e controlados segundo a vontade
popular, mandatos periódicos (contra vitalícios hereditários), separação de
poderes, prestação de contas da administração, proteção a direitos e
garantias fundamentais.
Assim, podemos dizer que república é a forma de governo que tem como
características a eletividade, a temporariedade e a responsabilidade do
Chefe de Estado. Grave: RESET!
Coletividade política com característica da “res publica”.

Princípio federativo.
Há várias razões para a criação do federalismo. Uma das quais é o
controle do poder.
3
Professora Amanda Almozara

Direito Constitucional

Unidades descentralizadas (estados, províncias, cantões) dividem o poder


com a unidade central também para controlar o poder que ficaria
excessivamente concentrado.
Temos que federação é forma de Estado, consistente na união de
coletividades regionais autônomas que a doutrina chama de Estados
federados.

FUNDAMENTOS do Estado Democrático de Direito:


SOCIDIVAPLU!

1. Soberania.
É o poder supremo e independente que não admite outro que lhe seja
superior ou mesmo concorrente dentro de um mesmo território.

Elementos formal do Estado que designa a supremacia do Estado na


ordem política interna (soberania interna – perante os cidadãos; a
soberania, aqui, deve ser aquela exercida de forma legítima formal e
materialmente) e independência na ordem política externa (soberania
externa – perante os Estados internacionais). 4
Professora Amanda Almozara

2
Direito Constitucional

Há diversos sentidos (pode ser popular, nacional, da lei, do Estado, etc.).


Em todos os casos a soberania pressupõe um poder superior a todos,
sem limites. No art.1º, I, CF fala-se apenas em soberania, mas na
verdade cuida-se da soberania popular (a nacional esta no art.4º, I, que
fala da independência nacional).

O art.1º, Parágrafo Único prevê a democracia mista, pois admite meios de


democracia direta como o plebiscito (decisão prévia) e referendo
(manifestação posterior) e ainda a iniciativa popular e meios de
democracia indireta ou representativa (deputados e senadores) que
expressam – voto expressão – a vontade popular ao invés de
manifestarem a própria vontade imputando-as ao povo – voto imputação.

Há novas modalidades de democracia, como a participativa, pela qual


cidadãos integram colegiados com representantes do poder público. Ex:
conselho tutelar do ECA.

5
Professora Amanda Almozara

Direito Constitucional

2. Cidadania.

Essa expressão designa não só a titularidade de direitos políticos (direito


de votar e ser votado), como também de direitos civis.
Há vários sentidos, pode significar direitos políticos (cidadania ativa –
eleitor cidadão e cidadania passiva – candidatos), nacionalidade, direitos
civis ou fundamentais (a CF/88 é chamada de constituição cidadã) e até
mesmo conceitos de difícil definição (art.62 e art.68, CF).
No art.1º, II, CF a expressão significa direitos civis fundamentais, portanto
é mais abrangente que os direitos políticos.
Portanto, exercer os inúmeros direitos assegurados pela CF.

3. Dignidade da pessoa humana.

Miguel Reale fala que é o valor (valor constitucional supremo que informa
a criação, interpretação e aplicação de todas a ordem normativa
constitucional) fonte do qual derivam todos os demais direitos, por
exemplo, significa que não basta assegurar a vida em sentido biológico,
ela deve ser digna. 6
Professora Amanda Almozara

3
Direito Constitucional

A igualdade deve ser real e não meramente formal. É o núcleo axiológico


do constitucionalismo contemporâneo.
Por fim, na relação entre indivíduo e Estado haverá sempre uma
presunção a favor do ser humano e de sua personalidade.

4. Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

A CF procura equilibrar valores sociais com valores capitalistas, pois ao


mesmo tempo se preocupa com o trabalhador, mas também admite a
importância do empresário, da livre iniciativa e da concorrência. Isso se
reflete no art.3º, III, CF.
Além de ambos serem considerados indispensáveis para o adequado
desenvolvimento do Estado brasileiro, são fundamentos da ordem
econômica estabelecida em nosso país, revelando, pois, um modo de
produção capitalista. Não podemos esquecer que o trabalho é
imprescindível à promoção da dignidade da pessoa humana, sendo um
direito social fundamental.

7
Professora Amanda Almozara

Direito Constitucional

5. Pluralismo político.

Significa a convivência harmônica dos interesses contraditórios e das


diversas ideologias, como por exemplo, a livre formação de correntes
políticas no país, sendo vedado que leis infraconstitucionais prevejam
regime de partido único ou um sistema de bipartidarismo forçado, o que
de alguma forma criem óbices à manifestação de uma corrente política. O
caráter pluralista da sociedade se traduz no pluralismo social, político (art.
1º), partidário (art. 17), religioso (art. 19), econômico (art. 170, de ideias e
de instituições de ensino (art. 206, III), cultural (arts. 215 e 216) e de
meios de informação (art. 220).

Parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

DEMOCRACIA: o regime democrático é do tipo semi direito, haja vista


que em regra mostra-se representativo (democracia indireta, havendo, no
entanto, resquícios de manifestações da democracia direta (plebiscito,
referendo e iniciativa popular). 8
Professora Amanda Almozara

4
Direito Constitucional

Artigo 2º
Em verdade como princípio fundamental garantiu-se a tripartição das
funções do Estado, assegurando autonomia e harmonia entre Executivo,
Legislativo e Judiciário.

Artigo 3º
O art. 3º, CF prevê objetivos fundamentais (finalidades a serem
buscadas)

1º. Construir uma sociedade livre, justa e solidária.


Coincidem com os princípios da revolução francesa de 1789 (liberdade,
igualdade e fraternidade). A CF/88 é orientada, além dos direitos e
garantias individuais, por valores sociais.

2º. Garantir o desenvolvimento nacional.


O poder público é parceiro importante no processo produtivo.

9
Professora Amanda Almozara

Direito Constitucional

Atua diretamente na atividade econômica de modo subsidiário (art.173,


produzindo bens e serviços) e indiretamente (art.174, como agente
regulador e normatizador definindo e executando políticas públicas
socioeconômicas, regionais e setoriais, alem das nacionais).
Na década de 90 o poder público diminuiu a sua participação direta
(vendendo estatais – privatizações) e mudou o modo de atuação indireta
(apenas da gestão das políticas públicas – agencialização) as políticas
públicas ainda são definidas pela administração direta (planos plurianuais,
etc.).
Para evitar a má influência político-partidária na gestão pelos ministérios
criaram-se agências reguladoras na forma de autarquias de regime
especial dotadas de maior autonomia (evitando a ma influência com a
impossibilidade de demissão ad nutum dos diretores, taxas e cide
próprias, etc.) esperando maior qualidade técnica e neutralidade política.

3º. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades


sociais e regionais.

10
Professora Amanda Almozara

5
Direito Constitucional

É coerente com o art.1º, IV, CF, pois, valoriza-se o trabalho com a


erradicação da miséria (no mínimo com o LOAS) mas admite diferenças
prevendo redução das desigualdades sociais (em decorrência da livre
iniciativa, do esforço, etc.)

4º. Promover o bem de todos sem preconceito de origem, raça, sexo,


cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Qualquer espécie de preconceito deve ser combatida. As formas de
discriminação podem ate mesmo constituir crime (art.150, CP, lei 8081/90,
etc.). no entanto, admite-se a discriminação positiva (também chamada
de ação afirmativa, cotas, etc.) que são medidas compensatórias
temporárias.

O art.4º, CF prevê os princípios que regem as relações


internacionais, que se mostram também como jus cogens (direito
cogente, obrigatório) do direito internacional. Alguns até mesmo como
direitos fundamentais de terceira geração (solidariedade internacional,
como auto determinação dos povos, cooperação para o progresso da
humanidade). 11
Professora Amanda Almozara

Direito Constitucional

1. Independência nacional.
A soberania nacional é bastante criticada na atualidade seja em razão de
organismos internacionais (ONU, com diversas normas e ingerências FMI,
etc.) ate mesmo organismos regionais (por exemplo, União européia com
parlamento, conselho de ministros, normas próprias, moeda própria, etc.).

2. Prevalência dos direitos humanos.


O século 20 mostrou que a violação dos direitos humanos muitas vezes
advém do próprio estado nacional que deveria protegê-los. O que acaba
gerando efeitos em todos os países. Por isso a proteção a direitos
humanos é responsabilidade primeiro, da própria sociedade, segundo do
estado nacional e terceiro e subsidiariamente da ordem internacional.

3. Autodeterminação dos povos, não intervenção, defesa da paz e


solução pacifica dos conflitos:
A autodeterminação significa que os povos têm direito a se auto governar.
Disso decorre o direito a independência. Para o que a revolução armada é
o último recurso que deve ser buscado. (a legítima luta pela liberdade
permite o emprego da força). 12
Professora Amanda Almozara

6
Direito Constitucional

Um país não deve intervir no outro, de modo que os conflitos devem ser
buscados de forma pacífica, sempre se defendendo a paz.
A intervenção de um país em outro somente é admitida em casos
extremos (normalmente para a proteção dos direitos humanos ou para a
preservação da autodeterminação).

4. Igualdade entre os estados:


É princípio a ser buscado, inclusive na participação em organismos
internacionais. No entanto, nem sempre isso ocorre (por exemplo, na
ONU, poucos países participam do conselho de segurança).

5. Repúdio ao terrorismo e ao racismo:


São dois males que atingem as sociedades modernas. O art.5º, XLII,
prevê que o racismo é crime inafiançável e imprescritível e o inciso XLIII,
que o terrorismo é inafiançável e insusceptível de graça ou anistia.
O direito a revolução na luta pela liberdade não alcança os atos
terroristas, porque esses atingem os inocentes.

13
Professora Amanda Almozara

Direito Constitucional

6. Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade:


Identifica a solidariedade internacional que marcam os direitos
fundamentais de terceira geração.
Fundamentam diversos tratados internacionais de cooperação em aras
cientificas, meio ambiente, etc.

7. Concessão de asilo político:


É concedido normalmente em casos de estrangeiros perseguidos por
crime político ou de opinião. Abrange não só a proteção contra extradição,
mas também exige meios para que o asilado sobreviva no país que o
recebe. Exige contrapartidas (por exemplo, que o asilado não mais se
envolva com o país que persegue). Diferencia-se do exílio, por exemplo,
brasileiros que foram auto exilados no exterior na época do regime militar.
O art. 4º PU, CF prevê a constituição de uma comunidade latina
americana de nações visando a integração econômica, social e cultural da
América latina. Permite também a integração política (admite parlamento
executivo e tribunal latino americano, semelhante a união européia).

14
Professora Amanda Almozara

7
Direito Constitucional

Pergunta-se: e o parágrafo único?

A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica,


política, social e cultural dos povos da América Latina, visando a formação
de uma comunidade Latino Americana de Nações.

15
Professora Amanda Almozara

You might also like