You are on page 1of 26

INICIO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

No Direito Romano, a execução recaia sobre o próprio devedor, assim


deixando ele de cumprir a obrigação após 30 dias do julgamento, nascia para o
credor o direito de carregar o devedor algemado impondo o valor para que alguém
saldasse a dívida por ele se não, o credor poderia vendê-lo fora da cidade ou matá-
lo.

No direito clássico, o devedor poderia arguir em sua defesa, nulidade


da sentença ou exceção, perdendo novamente era condenado ao pagamento em
dobro. Muito tempo depois surgiu a execução sobre os bens do devedor.

É um meio de exigir que um “título” seja recebido, pois não necessita


de um processo de conhecimento visto que não versa sobre o mérito da demanda,
pois não há duvidas sobre o direito do credor. Os processualistas modernos
entendem que o processo de execução, em sua modalidade cumprimento de
sentença, não é uma complementação da ação e sim um processo que segue tendo
como ponto de partida a sentença.

PETIÇÃO INICIAL

A petição inicial obedecerá aos requisitos do art. 282 do CPC, e por


esta razão deverá ser endereçada ao juízo competente, com a devida qualificação
das partes, narração dos fatos e fundamentos jurídicos, e os pedidos.

A citação e um requisito formal que deverá seguir na peça, e a


valoração da causa deverá ser o do título extrajudicial/judicial.

Além de todos os requisitos deve constar anexo o titulo


extrajudicial/judicial que deverá ser líquido, certo e exigível e se houver termo ou
condição deve se provar que ela já ocorreu 1.

O débito deverá ser claro, demonstrado através de planilha com os


valores principais e os acessórios, tanto estando fundada em titulo judicial ou
extrajudicial.

1
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol.2 Rio de Janeiro: Ed. Forense. Folha 239.
5
AVERBAÇÃO DA EXECUÇÃO

A Lei Federal 11.382 tornou as transações imobiliárias mais seguras,


protegendo o adquirente de boa- fé, como demonstra o art. a seguir:

“Art. 615-A. O exequente poderá, no ato da distribuição, obter


certidão comprobatória do ajuizamento da execução, com identificação das partes e
valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou
registro de outros bens sujeitos à penhora ou arresto.

§ 1º O exequente deverá comunicar ao juízo as averbações


efetivadas, no prazo de 10 (dez) dias de sua concretização.

§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor


da dívida, será determinado o cancelamento das averbações de que trata este artigo
relativas àqueles que não tenham sido penhorados.

§ 3º Presume-se em fraude à execução a alienação ou oneração de


bens efetuada após a averbação (art. 593).

§ 4º O exequente que promover averbação manifestamente indevida


indenizará a parte contrária, nos termos do § 2o do art. 18 desta Lei, processando-se
o incidente em autos apartados.

§ 5º Os tribunais poderão expedir instruções sobre o cumprimento


deste artigo.”
O § 3° do artigo 615-A, a “averbação premonitória” da existência de
execução efetuada no registro de imóveis, servirá de presunção de que contém vício
da ineficácia do ato jurídico, caracterizando fraude a execução 2.

O exequente somente poderá alegar fraude se a ação tiver sido


incluída na matrícula do imóvel junto do Cartório de Registro de Imóveis 3. Assim a
averbação da venda decorrente de penhora somente será possível caso a existência
da ação tenha sido formalmente registrada no cartório, demonstrando a boa fé do
adquirente.

ARRESTO EXECUTIVO

2
Fraude de execução. Diz-se quando o ato lesivo é praticado pelo devedor na iminência de penhora.

3
PINTO, Paulo Cesar Carvalho. Fraude contra a execução: uma análise das exegeses. Jus
Navigandi, Teresina, ano 8, n. 364, Disponível em:. Acesso em: 20 outubro de 2010.
6
O arresto nada mais é do que a apreensão judicial da coisa, do
devedor, necessária à garantia da divida líquida e certa cuja execução já tenha se
iniciado.

A medida cautelar de arresto caberá somente quando presente o


perigo de não ter eficácia a execução, como nos casos de o devedor sem domicilio
certo, que intenta ausentar-se furtivamente, ou fraudar a execução 4.

É requisito essencial para concessão de arresto a prova literal da divida


liquida e certa e prova documental ou justificação de alguns dos casos do artigo 813
do CPC.

Não será necessário o preenchimento dos requisitos acima quando for


requerida pela União, Estados e Municípios ou quando o credor prestar caução.

Julgada a ação principal procedente, o arresto se converterá em


penhora, cessando-se apenas pelo pagamento, novação ou transação.

CITAÇÃO E PAGAMENTO

Para os processos de execução por quantia certa, efetuada a citação,


deve o devedor efetuar o pagamento no prazo de 3 dias incluindo o pagamento de
metade da verba honorária, nos termos do art. 652-A.

Nos casos de cumprimento de sentença, não é necessária a intimação


pessoal, a ciência do advogado já basta para devedor cumprir espontaneamente o
pagamento em 15 dias, evitando-se assim a incidência da multa prevista no art. 475-
J caput do CPC.

A multa prevista no art. 475-J, CPC, visa receber os valores mediante a


coação psicológica sem a execução forçada.

Caso o devedor deseje, no mesmo prazo do pagamento poderá opor-


se por meio de embargos (art. 736), mas os embargos não terão efeito suspensivo,
salvo se o prosseguimento da execução puder causar as partes grave dano de difícil

4
ATAIDE JUNIOR, Vicente de Paula. Cumprindo a sentença de acordo com a Lei nº 11.232/2005 .
Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 1111, 17 jul. 2006. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8653>. Acesso em: 17 out. 2010.
7
reparação ou se a execução estiver garantida por penhora, depósito ou caução
suficiente.

O executado tem o prazo de 10 dias para pedir a substituição do bem


penhorado, mas terá que provar que a troca não oferecerá prejuízo sobre pena de
litigante de má-fé.

No caso de autos em grau de recurso, não é necessário aguardar o


julgamento, podendo o devedor efetuar o pagamento até mesmo extrajudicialmente
visando à extinção do processo.

NÃO CONSEGUIR INTIMAR O DEVEDOR DA PENHORA.

No caso de não ser possível a intimação do devedor da penhora deve-


se aplicar analogicamente (art. 475-R, CPC), o procedimento do arresto executivo5,
previsto nos arts. 653 e 654 do CPC: não sendo possível intimar o devedor para
pagar, o juiz determina ao oficial de justiça que proceda ao arresto de tantos bens
quantos bastem para garantir a execução, inclusive quanto ao montante da multa de
dez por cento; nos dez dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça
procurará o devedor três vezes em dias distintos; não o encontrando, certificará o
ocorrido; o credor, nos dez dias seguintes contados da data em que foi intimado do
arresto, deve requerer a intimação por edital do devedor; findo o prazo do edital,
passa a correr o prazo de quinze dias para pagar sem multa, convertendo-se o
arresto em penhora em caso de não-pagamento, já incluído o valor da multa.

PENHORA

DEFINIÇÃO

Segundo Araken de Assis Manual de Execução, 13ª edição revista,


atualizada e ampliada. Editora Revista dos tribunais, pág. 695. “Penhora é o ato
executivo que afeta determinado bem à execução, permitindo sua ulterior
expropriação, e torna os atos de disposição do seu proprietário ineficazes em face
do processo.”

A penhora é o primeiro ato executivo por meio do qual o juiz coage o


devedor no processo de execução por quantia certa ao pagamento. O procedimento
5
pré-penhora
8
se inicia com a expropriação do bem, que sofre um processo de individualização,
que poderá ocorrer de maneira direta ou indireta, através da apreensão física do
bem do devedor. Cabe ressaltar que a função pública da penhora se resume em
“dar satisfação ao credor”.

EFEITOS

A penhora pode atingir três sujeitos, ou seja, o credor, o devedor e


terceiros. Na primeira hipótese a penhora reflete de forma específica ao passo que
os bens do devedor serviram para exercer o direito do credor de realizar seu crédito.
Já para o segundo a penhora recai de forma imediata e direta na perda da posse do
bem.

Insta mencionar que o devedor não deixa de ser proprietário do bem


penhorado, este somente deixará de ser proprietário após a expropriação.

Destarte, quando a penhora recai sobre terceiros ocorrerá em duas


circunstâncias, qual seja, quando o bem penhorado está na posse de terceiro
temporariamente, onde este fica responsável como depositário da coisa, sob pena
de ineficácia do pagamento direto ao executado ou a outrem.

Na segunda hipótese, gera um efeito geral e erga omnes, fazendo com


que qualquer terceiro tenha que se limitar a negociar com o executado, sob pena de
ineficácia da aquisição perante o processo de permanência do vínculo executivo
sobre bem.

Segundo ensina Lopes da Costa, o efeito da penhora: “é o de tornar


ineficaz em relação ao exequente os atos de disposição praticados pelo executado
sobre os bens penhorados”.

ORDEM LEGAL DA PENHORA

Foram criadas onze classes de bens, para que haja a efetiva realização
da penhora. A ordem está elencada no artigo 655, do Código de Processo Civil.

Em primeiro lugar a ordem começa com o Dinheiro (I), passando para


Veículos de via terrestre (II), e assim sucessivamente como Bens móveis em geral
(III), Bens imóveis (IV), Navios e aeronaves (V), Ações e quotas de sociedades

9
empresárias (VI), Percentual do faturamento da empresa devedora (VII), Pedras e
metais preciosos (VIII), Títulos de dívida pública da União, Estados e Distrito
Federal, com cotação em mercado (IX), Títulos e valores com cotação no mercado
(X) e outros direitos (XI).

A ordem legal tem por escopo facilitar a execução, uma vez que a
preferência é para os bens de mais fácil conversão em dinheiro, o que atua em favor
da efetividade da execução ou cumprimento de sentença.

PENHORA DE DINHEIRO

Esta penhora é realizada mediante bloqueio de depósitos bancários ou


de aplicações financeiras, sendo feita eletronicamente junto ao Banco Central
dirigida pelo juiz da execução.

Ademais, a penhora supra é realizada através do sistema “BACEN


Jud”, cujo procedimento é conhecido por penhora on-line. Dessa forma, o Banco
Central efetua o bloqueio, comunica o juiz, e indisponibiliza determinado valor,
especificando o Banco onde o montante ficou constrito.

A penhora somente poderá ser feita no valor da execução, não sendo


admitida a penhora de valor superior ao valor informado na execução. Após a
informação do bloqueio o escrivão irá lavrar termo de penhora, onde o executado
será intimado.

PENHORA DE PERCENTUAL DE FATURAMENTO DA EMPRESA


DEVEDORA

A penhora sobre o faturamento da empresa é concedida, desde que


cumulativamente, se cumpram, os seguintes requisitos: I – inexistência de outros
bens penhoráveis, ou, se existirem, sejam eles de difícil execução ou insuficientes a
saldar o credito executado, II – nomeação de depositário administrador com função
de estabelecer um esquema de pagamento, com fulcro nos arts. 678 e 719, III – o
percentual fixado sobre o faturamento não pode inviabilizar o exercício da atividade
empresarial.

Este tipo de penhora encontra-se elencada em sétimo lugar na ordem


legal de preferência do art. 655, ao passo que tendo bens livres de menor gradação,
10
não será o caso de recorrer a constrição da receita da empresa, que, sem maiores
cautelas poderá comprometer seu capital de giro e inviabilizar a continuidade de sua
atividade econômica.

Posto isto, se faz necessário a nomeação de um depositário


administrador que elaborará plano de pagamento a ser submetido à apreciação e
aprovação do juiz da execução, e assim, pode se evitar o comprometimento da
solvabilidade da empresa executada.

PROCEDIMENTO DE PENHORA

Proposta a execução por titulo extrajudicial, o devedor será citado para,


no prazo de três dias, efetuar o pagamento da dívida (art. 652), e se caso não for
efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de justiça
procederá de imediato à penhora de bens e sua avaliação, lavrando o respectivo
auto, e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado.

Igualmente, o credor poderá na inicial da execução, indicar bens a


serem penhorados, com fulcro no art. 655, do CPC.

Ademais, o juiz poderá de ofício ou a requerimento do exequente,


determinar a qualquer momento, a intimação do executado para indicar bens
passíveis de penhora.

Cabe informar que a citação do executado será realizada na pessoa


de seu advogado e, não o tendo será intimado pessoalmente. Se o devedor não for
encontrado para a citação, independente de novo despacho judicial, o oficial de
justiça arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução (art.
653).

Dessa forma, após dez dias de efetivação do arresto, o oficial


procurará o devedor por três vezes em momentos distintos e não o encontrando
certificará o ocorrido (art. 653, parágrafo único).

SUBSTITUIÇÃO DA PENHORA

A substituição da penhora pode ser requisitada pelo exequente ou pelo


executado, nos casos estabelecidos pelo art. 668, do CPC.

11
A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou seguro garantia
judicial, cujo valor não seja inferior ao débito constante na exordial, mais trinta por
cento. Destarte o executado somente poderá oferecer bem imóvel em substituição
caso o requeira com a expressa anuência do cônjuge.

Ademais, o executado, pode no prazo de 10 (dez) dias depois de


intimado da penhora, requerer a substituição do bem penhorado, desde que
comprove cabalmente que a substituição não trará prejuízo algum ao exequente e
será menos onerosa para ele devedor (arts. 17, IV e VI, e 620).

Esta hipótese trata-se da conciliação entre o principio da efetividade e


o da menor onerosidade da execução que reagem todo o procedimento executivo.

PENHORAS ESPECIAIS

As penhoras especiais são aquelas diversas das comumente


utilizadas com medida assecuratória da obtenção da resposta jurisdicional.

IMPENHORABILIDADE DO SALDO BANCÁRIO

Nos casos em que o saldo bancário for relativo a verbas alimentares


arroladas no art. 649, IV, a impenhorabilidade permanecerá, ao passo que a
bloqueio não poderá ser realizado, conforme ressalva o parágrafo 2ª do art. 655-A.

Cabe esclarecer que nesta hipótese cabe ao executado comprovar


que tal saldo é oriundo de verba alimentar. Ademais, o meio pelo qual o executado
irá alegar a impenhorabilidade será embargos à execução (art. 745, II).

PENHORA DE BEM INDIVISÍVEL E PRESERVAÇÃO DA COTA DO


CÔNJUGE NÃO-DEVEDOR

Na constância do casamento, os bens de comunhão não respondem,


além da meação, pelas dívidas contraídas individualmente por um dos cônjuges, a
não ser quando reverterem na cobertura dos encargos da família, das despesas de
administração dos próprios bens comum, ou as decorrentes de imposição legal
(Cód. Civ., art. 1.664).6

6
JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso..., 42ª edição, p. 331.
12
Dessa forma, quando a penhora recair sobre um bem comum do casal
a medida que se infere é embargos de terceiro ao cônjuge, pois assim sua meação
da penhora será livrada.

De acordo com lei n. 11.382/06, a penhora deverá recair sobre todo o


bem comum, devendo a meação ser excluída na expropriação executiva. No
entanto, ao final da expropriação o cônjuge não-devedor será restituído da quota
parte que confere à sua meação.

PENHORA SOBRE CRÉDITOS DO EXECUTADO

A penhora de crédito é realizada por intimação ao terceiro obrigado


(art. 671, I), a fim de que este terceiro não realize o pagamento ao credor, ora
executado, a não ser que seja por ordem judicial, assim, o terceiro torna-se
depositário judicial da coisa ou quantia devida.

Está penhora pode ser representada por letra de câmbio, nota


promissória, duplicata, cheque, ou outros títulos, onde ocorrerá a apreensão do
documento (art. 672).

Se caso o documento não estiver em poder de terceiro, mas havendo


confissão da dívida daquele, este “será havido como depositário da importância”
(art. 672, parágrafo 1ª), no entanto, se caso este terceiro negar o débito em conluio
com o credor (executado) a quitação será ineficaz perante o exequente, por
configurar fraude a execução (art. 672, parágrafo 3ª).

Insta mencionar que o terceiro responsável pelo crédito só se exonera


da obrigação depositando em juízo a quantia devida da dívida (art. 672, parágrafo
2ª).

Destarte, cabe esclarecer que com reforma da Lei n. 11.382/06, a


ordem legal de preferência foi alterada, e os títulos de crédito passaram a figurar
nos incisos X e XI, ocupando os dois últimos postos.

PENHORA NO ROSTO DOS AUTOS

Esta penhora ao alcançar direito do objeto da ação em curso, proposta


pelo devedor contra terceiros, ou cota de herança em inventário, o oficial de justiça,
13
depois de lavrado o auto de penhora, intimará o escrivão do feito a fim de que
averbe a constrição na capa dos autos, tendo por escopo tornar-se efetiva a
penhora sobre os bens.

Insta mencionar que não é cabível este procedimento de penhora


quando a execução versar sobre divida de herdeiro e a penhora incidir sobre seu
direito à herança ainda não partilhada.

MULTIPLICIDADE DE PENHORAS SOBRE OS MESMOS BENS

Neste caso se tiver mais de uma penhora sobre o mesmo bem


ocorrerá concurso universal, do qual se procede mediante provocação própria (art.
748 e seguintes). Assim, a penhora, nos casos de execuções singulares, gerará ao
exequente um direito de preferência que não é afetado pela superveniência de
outras penhoras de terceiros (arts. 612 e 613).

Dessa forma, percebendo o juiz que há uma coisa penhorada por mais
de um processo executivo, este reconhecerá conexão (art.103 CPC), aplicando-se
à execução forçada do art. 598 e, posteriormente, o juiz reunirá as ações, que serão
reunidas e ultimadas simultaneamente (art. 105 CPC).

AVALIAÇÃO

A avaliação, em síntese, consiste na fixação de valor à coisa atingida


pela penhora judicial, como escopo de que o sacrifício do patrimônio do devedor
guarde relação com o valor dom débito, qualificando-se como fase do processo
executório, que sofreu alterações por força da Lei 11.382/06.

A reforma no processo executório adiantou a fase da avaliação, visto


que antes da reforma, a avaliação era realizada quase ao fim do processo, após
julgados os embargos, com o fito de preparar a lide para o avanço à fase final,
dizendo respeito à alienação forçada do bem com entrega do produto da
arrematação ao credor.

Com a adoção da prática de concentração dos atos, que estabeleceu a


penhora e avaliação em um só ato, o processo começou a de fato andar,
contribuindo para a aplicação prática do princípio constitucional da razoável duração
do processo.
14
Insta lembrar, que a mesma técnica de concentração de atos, foi
estendida para o modelo de execução de título extrajudicial, prevendo a Lei
11.382/06, que a diligência realizada pelo meirinho no inicio da lide executória não
se limita à formalização da penhora, devendo compreender, outrossim, a avaliação
do bem atingido pela constrição.

Quanto à nomeação do avaliador deve-se levar em consideração a


característica do bem penhorado e a atualização do especialista em ralação ao
conhecimento de mercado do bem. É elementar que na prática, concentra-se na
pessoa do oficial de justiça a figura do avaliador. Na falta de avaliador na estrutura
da comarca à doutrina, o bom senso e a lei autorizam o magistrado designar
avaliador ad’hoc, que ficará incumbido de dar cumprimento da diligência.

Em qualquer caso, é sempre bom ressaltar que as partes podem


objetar a nomeação do perito através da arguição do impedimento ou suspeição do
auxiliar do juízo, através de petição fundamentada e devidamente instruída, que
deverá ser arguida pela parte na primeira oportunidade que lhe for dada para falar
nos autos. Devendo se restringir as hipóteses de impedimento ou suspeição
estampadas nos arts.134 e 135, do CPC, que se estendem ao avaliador, conforme o
art.138., do mesmo códex.

DISPENSA DA AVALIAÇÃO

A avaliação é dispensada quando a providência tenha sido tomada


pelo oficial de justiça; quando o credor concorda com a estimativa feita pelo
executado na manifestação processual que solicita a substituição do bem
penhorado, conforme o art.638, CPC, bem como quando se tratar de títulos ou
mercadorias que tenham cotação na bolsa, comprovada por certidão ou publicação
oficial, art.684.

O AVALIADOR

O encarregado de avaliar os bens é o oficial de justiça, este tem o


encargo de cumprir o mandado executivo, que compreenderá a citação, a penhora,
a avaliação e a descrição dos bens.

15
Há duas hipóteses em que o oficial de justiça deixará de proceder a
avaliação:

1. Quando o próprio devedor houver atribuído valor os bens


indicados para substituir os originalmente penhorados (art. 668, P.U, inciso V do
CPC); e
2. Quando, pela natureza dos bens, sua estimativa depender de
conhecimentos técnicos ou especializados, caso em que o juiz nomeará perito para
realizar a avaliação (art. 680 do CPC).

O juiz fixará prazo não superior a dez dias para a entrega do laudo de
avaliação, por esse motivo não há de se dilatar os prazos para formulação de
quesitos pelos e designação de assistentes.

LAUDO DE AVALIAÇÃO

O laudo integrará o auto de penhora e conterá (art. 685):

I - a indicação do dia, mês, ano e lugar em que foi feita;

II - os nomes do credor e do devedor;

III - a descrição dos bens penhorados, com os seus característicos;

IV - a nomeação do depositário dos bens.

Também conterá (art. 681):

I - a descrição dos bens, com os seus característicos, e a indicação do


estado em que se encontram;

II - o valor dos bens.

Parágrafo único. Quando o imóvel for suscetível de cômoda divisão, o


avaliador, tendo em conta o crédito reclamado, o avaliará em partes, sugerindo os
possíveis desmembramentos.

16
Em obediência ao contraditório, dar-se-á vista do laudo avaliativo ao
executado para oportunamente se manifestar.

AVALIAÇÃO DE BEM IMÓVEL

Observando o principio da utilização do meio menos gravoso ao


executado, o bem imóvel será avaliado em partes, se for suscetível de cômoda
divisão, visando, se possível, a alienação de uma das partes do bem para satisfazer
o direito de crédito do exequente.

REPETIÇÃO DA AVALIAÇÃO

Só é possível nova avaliação nos seguintes casos (art. 683 do CPC):

I - qualquer das partes arguir, fundamentadamente, a ocorrência de


erro na avaliação ou dolo do avaliador;

II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou


diminuição no valor do bem; ou

III - houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (art. 668,
parágrafo único, inciso V).

Vale lembrar que no último caso somente o exequente poderá arguir


fundada dúvida. É indispensável a demonstração de elementos sérios do erro.

Resolvidas as impugnações à avaliação, a expropriação estará apta a


ser realizada.

DINÂMICA DA AVALIAÇÃO

Além da nomeação de avaliador, o magistrado fixa prazo para a


entrega do laudo de avaliação ao cartório, para que seja apreciado pelas partes,
tudo isso em respeito ao contraditório e a ampla defesa. Quanto ao critério para a
fixação do prazo, depende de qual a natureza do bem objeto da avaliação, e o grau
de dificuldade que terá de enfrentar o perito para a avaliação, toda via tal prazo não
pode exceder a dez dias, exceto se a quantificação do bem exigir acurada perícia.

17
Entregue o laudo de avaliação no cartório, o magistrado determina que
as partes sejam intimadas para se manifestar sobre o documento, o que pode gerar
a concordância expressa, tácita, ou impugnação.

Quanto ao laudo, este reclama uma solenidade de forma, devendo


conter a descrição dos bens, com seus característicos, e a indicação do estado em
que se encontram, além da quantificação estimada pelo oficial.

Na hipótese se uma das partes, ou ambas impugnarem as conclusões


do perito, ou oficial de justiça, devem fazer manifestações fundamentadas, sendo-
lhes vedadas impugnações que aleguem distanciamento do perito com a realidade
do bem, ou considerações subjetivas. Ao contrário, deve o impugnante demonstrar,
através de documentos , que o perito se equivocou na avaliação procedida.

Com a impugnação procedida, a parte requer que seja refeita a


avaliação, pelo mesmo avaliador, com base nos elementos trazidos aos autos, ou a
substituição do auxiliar da justiça, sobretudo na hipótese prevista no inciso I, do
art.683, do CPC, ou seja, se for provado erro, ou dolo do avaliador.

Insta salientar que a impugnação suscitada por uma das partes dá


ensejo á prolação de decisão interlocutória, abrindo oportunidade para interposição
de agravo de instrumento, visto que o pronunciamento do magistrado poderá causar
lesão grave ou de difícil reparação.

Em suma, a avaliação é etapa extremamente importante do processo


de execução, visto que suas conclusões podem subsidiar pedidos de manutenção,
de redução ou de ampliação da penhora, seguintes à entrega do laudo em cartório.

EXPROPRIAÇÃO

Expropriação é o modo pelo qual se tira forçosamente a propriedade de


um bem penhorado do executado para satisfazer o direito do exequente. Humberto
Theodoro Junior define expropriação como sendo “o ato estatal coativo através do
qual o juiz transfere a propriedade do executado sobre o bem penhorado, no todo ou
em parte, independente da concordância do dono, e como meio de proporcionar a
satisfação do direito do credor”.

18
A primeira etapa antes de se iniciar a expropriação é a penhora.

Há quatro maneiras diferentes de se expropriar o bem, são elas:

 Adjudicação;
 Alienação por iniciativa particular;
 Alienação em hasta pública; e
 Usufruto.

Os atos expropriatórios seguem nessa ordem, ou seja, primeiro se usa


o ato adjudicatório, se não houver interessado, a alienação por iniciativa particular,
etc.

Salienta-se que a alienação por iniciativa particular e a alienação em


hasta pública fazem parte da instrução executória por quantia certa, os demais, além
de expropriar os bens do devedor, também satisfazem o direito do credor, ou seja,
integram a terceira fase da execução: pagamento ao credor.

ATOS PREPARATÓRIOS DA EXPROPRIAÇÃO

AVALIAÇÃO

Depois da penhora, se avaliam os bens. O valor obtido será usado para


satisfazer o crédito do exequente e também garantir que não se pague menos do
que vale o bem do executado.

REFLEXOS DA AVALIAÇÃO SOBRE OS ATOS DE


EXPROPRIAÇÃO EXECUTIVA

Ocorreram os seguintes reflexos nos atos expropriatórios:

 Adjudicação: o valor da arrematação nunca poderá ser menor


que o valor da avaliação (art. 685-A). Salientando que o interessado pode superá-lo.
 Alienação por iniciativa particular: O juiz traçara detalhes de
negociação para o exequente ou corretor habilitado. Observar-se-á o preço da
avaliação, pois nunca poderá ser inferior a esta.

19
 Hasta pública: O valor da avaliação sempre será usado como
parâmetro.

ADJUDICAÇÃO

Pode-se conceituar adjudicação como o ato expropriatório pelo qual,


por meio do juiz, se transfere a propriedade do bem penhorado diretamente ao
exequente ou a quem possuir preferência legal em adquiri-lo.

REQUISITOS DA ADJUDICAÇÃO

Observar-se-á o seguinte:

1. O valor da oferta oferecida pelo interessado não pode ser inferior


ao do valor da avaliação;
2. A faculdade de o exequente em aceitar o bem ou não, uma vez
que este não é obrigado a receber objeto diverso da obrigação exequenda.

DEPÓSITO DO PREÇO

Se o exequente adjudicar o bem não será necessário apresentar o


preço, desde que não haja diferença nos valores da execução e o valor da
avaliação. Se ocorrer a última hipótese e o valor do bem for maior, o exequente
depositará imediatamente a diferença (art. 685-A, § 1°); Se o valor da avaliação dos
bens for menor que o da dívida, a execução continuará, sem depósito algum, pelo
saldo devedor remanescente até a total satisfação do direito do credor.

Nos demais casos o valor será depositado integralmente pelo


adjudicatário.

LEGITIMAÇÃO PARA ADJUDICAR

Dispõe o artigo 685-A, §§ 1°, 2° e 4° do CPC:

§ 1° Se o valor do crédito for inferior ao dos bens, o adjudicante


depositará de imediato a diferença, ficando esta à disposição do executado; se
superior, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente.
20
§ 2° Idêntico direito pode ser exercido pelo credor com garantia real,
pelos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge,
pelos descendentes ou ascendentes do executado.

§ 4°No caso de penhora de quota, procedida por exequente alheio à


sociedade, esta será intimada, assegurando preferência aos sócios.

Assim, são os legitimados:

1. O exequente;
2. O credor com garantia real;
3. Outros credores;
4. O cônjuge, descendente ou ascendente do executado;
5. A sociedade ou o sócio;

Adjudicação por credor: a) É indispensável a intimação do credor com


direito real sobre a coisa, qualquer que seja o estágio da expropriação; b) que a
expropriação não tenha alcançado outro estágio (hasta pública, etc.); c) Que o valor
oferecido pelo credor não seja inferior ao da avaliação. Se convier aos credores, a
adjudicação poderá ser reaberta senão obtiverem êxito os demais estágios.

Adjudicação por cônjuge, descendente e ascendente: a) devem se


manifestar após a avaliação e antes do encaminhamento da expropriação para um
dos próximos estágios; b) têm preferência sobre os credores com penhora sobre os
bens, porém não ocorre o mesmo com a quota social, pois nesta terão preferência
os sócios; c) a ordem de preferência entre eles é a capitula no § 3° do art. 685-A.

PRAZO PARA A ADJUDICAÇÃO

Não há prazo legal para requerimento da adjudicação. Se houver mais


titulares, usa-se o prazo de cinco dias (art. 185) após a avaliação para se requerer a
hasta pública, porém o prazo não é fatal e nem preclusivo. Como a adjudicação e a
ato preferencial na fase expropriatória, esta poderá ser requerida, desde que
convenha aos credores, se frustrada a hasta pública (último ato propriamente
expropriativo).

21
CONCORRENTES À ADJUDICAÇÃO

Estarão habilitados os legitimado se os preços ofertados por eles sejam


igual ou superior ao da avaliação. O preço final da licitação é o que será considerado
para deferimento da adjudicação. Terão preferência legal: a) O cônjuge ou parente;
b) os sócios, quando o bem penhorado for quota social. Estes últimos possuem
preferência sobre os parentes quando o bem for quota social.

AUTO DE ADJUDICAÇÃO

Dá-se por meio de decisão interlocutória. O juiz solucionará os


embaraços, e em seguida ordenará a lavratura do auto pelo escrivão. Por não existir
sentença de adjudicação, a adjudicação é aperfeiçoada pelo próprio auto.

O auto de adjudicação é titulo material de alienação realizada em juízo,


por essa razão nele conterá a identificação do objeto e preço operacional. Para
tanto, serão utilizados o auto de penhora, laudo da avaliação, requerimento do
adjudicante, licitação, se houver, e decisão que deferiu a adjudicação. Havendo falta
no auto, esta poderá ser suprida pela carta de adjudicação.

APERFEIÇOAMENTO DA ADJUDICAÇÃO

Aperfeiçoa-se pela lavratura e assinatura do auto pelo juiz, o


adjudicante, o escrivão e, se presente ao ato, o executado.

CARTA DE ADJUDICAÇÃO

A carta é expedida somente quando o bem adjudicado for imóvel,


quando imóvel é expedido mandado para que o depositário entregue o bem ao
adjudicante e assim ocorra a tradição, aperfeiçoando o ato. A carta é instrumento
formal do auto de adjudicação, uma vez que dará acesso ao CRI competente para
transferência da propriedade. A carta conterá: descrição do imóvel, remissão a sua
matricula e registros, cópia do auto de adjudicação e prova de quitação do imposto
de transmissão. Se houver débitos tributários, estes serão sub-rogados no preço
recolhido no processo.

22
ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR

Esta modalidade é operada pelo exequente ou corretor habilitado sob


intervenção da autoridade pública sem o consentimento do proprietário, afinal, é o
juiz que determinará a transferência do bem ao adquirente. Após recusar a
adjudicação, ao exequente incumbirá o requerimento de alienação por iniciativa
particular. No requerimento proporá se ele mesmo irá promover os atos alienatórios
ou se um corretor devidamente habilitado os fará. Se deferida a alienação por
iniciativa particular, o juiz definirá o seguinte: a) o prazo para efetivação da
alienação; b) forma de publicidade; c) o preço mínimo da avaliação; d) condições de
pagamento; e) garantias; f) comissão de corretagem se houver intervenção de
corretor.

O corretor deverá estar no exercício da profissão há 05 anos no


mínimo, sendo que deverá estar escrito no órgão especifico da classe. Se o
exequente optar por ele mesmo efetuar os atos alienatórios e utiliza-se de corretor
de maneira privada, não poderá os custos com o mesmo figurar nos custos
processuais.

FORMALIZAÇÃO DA ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR

É aperfeiçoado por termo lavrado nos autos pelo escrivão subscrito


pelo juiz, pelo exequente, pelo adquirente e, se presente ao ato, pelo executado. O
exequente será representado por advogado, enquanto o adquirente não necessita
do mesmo para representá-lo, este assina pessoalmente.

CARTA DE ALIENAÇÃO

Semelhante a carta de adjudicação, a carta de alienação é o


instrumento idôneo para transferência do bem, equivalente ao contrato de compra e
venda, porém é necessário o translado da escritura para o CRI para que se
consume o direito real do comprador. Se o bem for móvel, ao invés de carta de
alienação, expede-se mandado para que o executado entrega a coisa ao comprador.

ALIENAÇÃO EM HASTA PÚBLICA

23
É a expropriação dos bens do executado por pregão promovido pelo
poder público, cujo agente especializado é o leiloeiro do foro. Existem três espécies
de hasta pública:

1. A praça, quando se tratar de bens imóveis;


2. O leilão público, quando se tratar de bens móveis, excetuando
os relativos a corretores de Bolsa de Valores; e
3. Pregão da Bolsa de Valores, quando se tratar de títulos ou
mercadorias que possuam cotação em Bolsa.

Ao exequente é permitida a indicação de corretor da Bolsa de Valores,


desde que devidamente preenchidos os requisitos das resoluções do BACEN.

Em qualquer de sua forma, a hasta pública será divulgada por editais,


que deverão conter:
“Art. 686. Não requerida a adjudicação e não realizada a alienação
particular do bem penhorado, será expedido o edital de hasta pública, que conterá:
I - a descrição do bem penhorado, com suas características e,
tratando-se de imóvel, a situação e divisas, com remissão à matrícula e aos registros;
II - o valor do bem;
III - o lugar onde estiverem os móveis, veículos e semoventes; e,
sendo direito e ação, os autos do processo, em que foram penhorados;
IV - o dia e a hora de realização da praça, se bem imóvel, ou o local,
dia e hora de realização do leilão, se bem móvel;
V - menção da existência de ônus, recurso ou causa pendente sobre
os bens a serem arrematados;
VI - a comunicação de que, se o bem não alcançar lanço superior à
importância da avaliação, seguir-se-á, em dia e hora que forem desde logo
designados entre os dez e os vinte dias seguintes, a sua alienação pelo maior lanço
(art. 692).”

O prazo dos editais corre em férias e feriados, pois seu objetivo é levar
ao conhecimento da hasta a possíveis interessados.

LEILÃO E PRAÇA

Procedem-se mediante duas licitações. A primeira é respeitada o valor


da avaliação como lanço mínimo, sendo que no mesmo edital haverá data para, se a
primeira licitação frustrar, a segunda licitação, quando será admitida a arrematação
pelo maior preço ofertado. Entre os pregões há o intervalo mínimo de dez e o
máximo de vinte dias.

24
Há duas diferenças importantes entre leilão e praça, qual sejam: a) A
praça é realizada no interior do edifício do fórum; o leilão é realizado no local onde
estiverem os bens ou em lugar designado pelo juiz; b) A praça é apregoada pelo
oficial porteiro e o leilão por leiloeiro público indicado pelo exequente.

O leiloeiro é um agente comercial indicado pelo exequente, enquanto o


porteiro é um serventuário da Justiça. Cabe ao leiloeiro:

“Art. 705. Cumpre ao leiloeiro:


I - publicar o edital, anunciando a alienação;
II - realizar o leilão onde se encontrem os bens, ou no lugar
designado pelo juiz;
III - expor aos pretendentes os bens ou as amostras das mercadorias;
IV - receber do arrematante a comissão estabelecida em lei ou
arbitrada pelo juiz;
V - receber e depositar, dentro em 24 (vinte e quatro) horas, à ordem
do juiz, o produto da alienação;
VI - prestar contas nas 48 (quarenta e oito) horas subsequentes ao
depósito.”

EDITAIS E OUTRAS DIVULGAÇÕES DA HASTA PÚBLICA

O edital é afixado no interior do prédio do fórum com pelo menos cinco


dias antes da realização da hasta. Porém, conforme o vulto da hasta, o edital pode
ser divulgado em outras localidades por jornais. Sendo o bem objeto da hasta móvel,
a publicação poderá ser realizada pelo rádio. Através das novas alterações, também
se admite divulgação por meio eletrônico.

O § 3° do art. 686 do CPC admite a dispensabilidade do edital se as


somas do valor dos bens penhorados não ultrapassem 60 salários mínimos. Sem a
publicação, o valor de arrematação nunca poderá ser inferior ao valor da avaliação.
Se não houver lanço igual ou superior ao valor da avaliação dos bens, na próxima
licitação a arrematação se dará para quem der o maior lanço, isso se o credor fizer
publicar os respectivos editais.

Se o credor estiver amparado pela justiça gratuita, a publicação dos


editais será feita por órgão oficial.

INTIMAÇÃO DO DEVEDOR

25
Atualmente, a intimação do devedor se dá pela pessoa do seu
procurador. Se o devedor não possuir procurador, a sua intimação será feita
pessoalmente. Caso seja revel ou com endereço ignorado, sua intimação se dará no
próprio edital de hasta pública. Há também os seguintes meio idôneos para a
intimação do devedor: telegrama, telex e o telefax.

BEM SOB ÔNUS REAL

Quanto à hipoteca, o hipotecário será intimado com dez dias de


antecedência da realização do pregão, se o mesmo não for parte no processo.

Com a arrematação extingue-se a hipoteca, mesmo se o hipotecário for


terceiro, por essa razão é intimado para exercer seu direito de preferência, sob pena
de perdê-lo. Se ocorrer a arrematação sem intimação do hipotecário, aquela será
inválida. Caso o hipotecário saiba da praça e não for intimado, poderá utilizar-se dos
embargos de terceiro, isso se o juiz não suspender a arrematação mandando intimar
o credor hipotecário.

No caso de evicção, o terceiro poderá reivindicar seu direito de


preferência através de ação própria, restando apenas ao arrematante, se procedente
a ação do terceiro, direito de regresso contra o devedor para que o indenize
denunciando-o a lide por analogia. Se o caso for contra credores, estes utilizaram
ação de indenização se frustrado o ressarcimento contra o devedor.

ARREMATAÇÃO

A alienação dos bens poderá se requerido pelo exequente, se dar


através de meio eletrônico, com uso de páginas da internet dos próprios Tribunais
ou conveniados, desde que atendidos os requisitos de ampla publicidade,
autenticidade e segurança e observância da legislação sobre certificação digital.

A arrematação, caso o bem for móvel, far-se-á com o pagamento do


prelo pelo arrematante, ou em 15 dias mediante caução.

Quanto aos bens imóveis, estes poderão ser arrematados sob forma de
parcelamento desde que oferte pelo menos 30% do valor à vista, sendo o saldo
26
remanescente garantido por hipoteca do próprio imóvel. As propostas conterão o
pedido para parcelamento, que serão juntadas aos autos, indicação de prazo,
modalidade e condições de pagamento do saldo.

O bem será arrematado, na modalidade praça, pelo apresentante da


melhor proposta ou lanço. Caso a arrematação seja a prazo, as parcelas serão
pagas pelo arrematante ao exequente até o limite de seu crédito, o restante, se
houver, será pago ao executado.

LEGITIMADOS A ARREMATAR

Conforme o art. 690-A, podem arrematar:

“Art. 690-A. É admitido a lançar todo aquele que estiver na livre


administração de seus bens, com exceção:
I - dos tutores, curadores, testamenteiros, administradores, síndicos
ou liquidantes, quanto aos bens confiados a sua guarda e responsabilidade;
II - dos mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou
alienação estejam encarregados;
III - do juiz, membro do Ministério Público e da Defensoria Pública,
escrivão e demais servidores e auxiliares da Justiça.”

O CPC não é expresso, mas não há proibição de o executado


participar como licitante.

Se a hasta for de diversos bens e mais de um licitante, terá preferência


aquele que se propuser em arrematá-los em conjunto, para os que não tiverem
licitante preço não inferior ao da avaliação, aos demais o maior lanço.

Suspende-se a arrematação se os bens arrematados bastarem para


satisfazer o crédito do exequente

AUTO DE ARREMATAÇÃO

A arrematação se consuma com a assinatura do auto pelo juiz, o


arrematante, e pelo lavrador do auto, que será o oficial de justiça ou o leiloeiro
conforme a modalidade da hasta.

27
A arrematação é irretratável, nem sentença em embargos de terceiros
poderá modificá-la, o que poderá ocorrer é o nascimento de ressarcimento por
perdas e danos, isto sem prejudicar os direitos do arrematante.

ARREMATAÇÃO SEM EFEITO

Conforme o art. 694, § 1°, torna-se sem efeito a arrematação:

I - por vício de nulidade;

II - se não for pago o preço ou se não for prestada a caução;

III - quando o arrematante provar, nos 5 (cinco) dias seguintes, a


existência de ônus real ou de gravame (art. 686, inciso V) não mencionado no edital;

IV - quando o arrematante provar, nos 5 (cinco) dias seguintes, a


existência de ônus real ou de gravame (art. 686, inciso V) não mencionado no edital;

V - quando realizada por preço vil (art. 692);

VI - nos casos previstos neste Código (art. 698).

Caso o arrematante ou seu fiador não pague no prazo, em favor do


exequente o juiz imporá perda da caução, sendo que os bens voltaram a nova hasta,
a qual não será admitida o arrematante ou fiador caloteiros.

O valor de bem alienado judicialmente pertencente a incapaz em praça


deverá alcançar pelo menos 80% do valor da avaliação, sendo que não alcançado
este valor, o bem será conferido pelo juiz à depositário idôneo, adiando alienação
por tempo não superior a um ano. Oferecendo-se caução idônea o preço da
avaliação por pretendente durante o adiamento, o bem será alienado por ordem
judicial. Poderá, também, durante o adiamento, por ordem judicial, a locação do
imóvel. Findo o adiamento, far-se-á nova praça, sendo alienado o bem por quem
mais der, sendo inadmissível preço vil.

Encerrado o processo de execução, somente se declara a nulidade da


arrematação por ação própria.
28
CARTA DE ARREMATAÇÃO

Conforme o art. 703, a carta conterá:

I - a descrição do imóvel, com remissão à sua matrícula e registros;

II - a cópia do auto de arrematação; e

III - a prova de quitação do imposto de transmissão.

PAGAMENTO POR USUFRUTO FORÇADO

O Código de Processo Civil admite a substituição da alienação forçada


pelo estabelecimento do usufruto forçado em favor do exequente, vejamos:

“Art. 716. O juiz pode conceder ao exequente o usufruto de móvel ou


imóvel, quando o reputar menos gravoso ao executado e eficiente para o
recebimento do crédito.”

O usufruto durará até a quitação do débito principal e juros, custas e


honorários. Este ato, conhecido como usufruto judicial, consiste em fixação de direito
real sobre o bem penhorado temporariamente, para que o credor perceba seus
créditos através da renda do bem.

Na oportunidade da fixação pelo juiz, o executado poderá se defender,


porém não poderá vetar. O juiz decidirá conforme a situação do caso concreto,
observando sempre a menor onerosidade e maior eficiência.

Por ser um direito real, sua eficácia é erga omnes, sendo que após a
publicação de sua fixação, poderá ser impugnada por terceiros e/ou pelo próprio
executado. Tratando-se de bem imóvel, além da publicação, o usufruto será
averbado no Cartório de Registro Imobiliário competente. A eficácia do usufruto
ocorre no momento da publicação. O juiz observará o art. 719 do CPC na sentença,
o qual estabelece que:

“Art. 719. Na sentença, o juiz nomeará administrador que será


investido de todos os poderes que concernem ao usufrutuário.
Parágrafo único. Pode ser administrador:
I - o credor, consentindo o devedor;
II - o devedor, consentindo o credor.”

29
Nos casos de alugueis de imóveis, o próprio usufrutuário perceberá a
renda. Se recair o usufruto sobre quinhão de condomínio, o administrador exercerá
os direitos que cabiam ao executado.

Depois de ouvido o executado, o juiz nomeará perito para avaliar os


rendimentos da coisa e o tempo necessário para o pagamento da dívida e após sua
apresentação as partes se manifestarão sobre ele.

A decisão que estabelecer o usufruto conterá o tempo necessário e, se


o bem for imóvel, ordenará a expedição de carta para averbação no Registro
Imobiliário. Na carta constará a descrição do imóvel, laudo de avaliação, decisão
judicial, matrícula e outros elementos que se fizerem necessário para sua
identificação.

A exploração do bem pelo usufrutuário por sua conta e risco é, sendo


que não importa se os rendimentos foram maiores ou menores, observando-se
apenas o tempo estipulado para exercer o direito. Findo o prazo cessa-se o gravame
e com ele o crédito do exequente.

30

You might also like