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Desde a declaração de independência em 1809 seguiram-se 16 anos de

guerras até o estabelecimento da República em 06 de agosto de 1825 por Simon


Bolívar, vem daí a origem do nome Bolívia dado em sua homenagem.

Desde a sua independência o país tem sofrido com períodos de instabilidade


política, ditaduras e problemas econômicos. A Bolívia perdeu mais de três quartos
de seu território após várias guerras, em uma delas ela perdeu o seu acesso ao
Oceano Pacífico para o Chile em 1879, fato que até hoje mantém estremecida as
relações entre os dois países (Embolivia, 2011).

A Bolívia faz fronteira com os seguintes países.

Figura 1: Mapa da Bolívia

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u95537.shtml

Com a chegada da independência houve também a chegada da ditadura


militar que só se encerrou em 1982, nesse período houve nada menos do que 193
golpes de estado contando com as tentativas frustradas, um presidente boliviano
costuma ocupar seu cargo em média dois anos e meio e nenhum outro país sul-
americano passou por tantos conflitos contra seus governos.

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Desde a sua independência a Bolívia já alterou a sua Carta Magna mais de
12 vezes e em meio a uma crise econômica ela registrou a maior inflação da
América do Sul, o índice alcançou 8.170,5% em 1985 (Estadão, 2008).

No ano de 1946 a Bolívia protagonizou o único linchamento já registrado de


um presidente na América do Sul no século 20, o presidente Gualberto Villarroel, foi
assassinado por uma multidão que após invadir a sede presidencial o jogou pela
janela e o pendurou de cabeça pra baixo em um poste diante do Palácio Quemado,
a sede do governo, o presidente Villarroel entrou para a história com o apelido de El
Colgado (O Pendurado).

Do total de 84 chefes de estado, Incluindo Evo Morales, 32 foram ditadores, e


em quatro ocasiões a Bolívia passou por períodos sem presidentes, o maior deles foi
de 23 dias, de 2001 pra cá seis presidentes ocuparam o cargo.

Fora as tensões internas que não são poucas, a Bolívia ainda teve disputas
de fronteiras como todos os países fronteiriços: Brasil, Paraguai, Peru, Chile e
Argentina. Esses conflitos fizeram com que o país perde-se mais da metade do seu
território passando de 2,3 milhões de Km² na época da independência para só 1
milhão de Km² nos dias de hoje (Estadão, 2008)

Mesmo perdendo sua saída para o mar, (Guerra contra o Chile, 1879), a
Bolívia tem uma Marinha de Guerra e treina seus 5 mil homens no Lago Titicaca,
que é o maior espaço de água que possui, em 1903 foi a vez de o Brasil ganhar uma
parte da Bolívia, o atual estado do Acre, sua última perda foi para o Paraguai em
1935 quando entregou o território do Chaco.

A instabilidade política da Bolívia pode ser ilustrada com o nome da sede do


governo – Palácio Quemado, esse nome surgiu em 1860, quando o palácio foi
queimado pela população durante um levante.

Atualmente a Bolívia é o país mais indígena e o mais pobre da América do


sul. Seus indicadores sociais se assemelham ao de países da África Subsaariana.
Os povos de origem Quíchua, Aimará e Guarani representam cerca de 60% da
população, porém seu peso demográfico é inversamente proporcional à posição que
ocupam na sociedade, em contrapartida os espanhóis, brancos, que são cerca de

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15% da população sempre tiveram o poder político e econômico-social em suas
mãos (PUC – Minas, 2006).

Até a década de 90 a Bolívia foi o segundo maior produtor mundial de folha


de coca, é praticamente impossível compreender o cenário político boliviano sem
levar em conta o plano de combate ao cultivo iniciado em 1990 sob pressão e
patrocínio dos Estados Unidos, tal combate afetou milhares de indígenas que
obtinham seu sustento por meio de suas plantações de coca, mas não os afetou
apenas pelo dinheiro, mas também por sua cultura tradicional de uso da folha de
coca para fins medicinais.

No ano 2000 o governo boliviano anunciou a destruição quase completa de


todos os campos de cultivo de coca, esse sucesso foi um completo desastre para os
cocaleros (produtores de folha de coca), pois o governo após acabar com seu meio
de subsistência não ofereceu nenhum outro meio para seu sustento.

A tentativa de por um fim ao cultivo de coca não prejudicou apenas os


cocaleros, combatendo o tráfico o governo acabou mexendo em um dos pilares da
economia Bolívia já tão precária, o dinheiro ganho no cultivo de coca estimulava
outras atividades produtivas, sobretudo no setor informal, no ano de 1999 o PIB
boliviano chegou próximo de zero, e na década de 90 o PIB não superou a marca de
4%.

Em setembro de 2003 houve a “Guerra do Gás”, na qual o povo forçou a


renuncia do Presidente Sanches de Lozada cedendo a faixa presidencial a seu Vice
Presidente Carlos Mesa que assumiu o restante de seu mandato até 2005, após
eleições democráticas onde o Sr. Juan Evo Morales Ayma, então cocalero
(movimento de esquerda boliviano que defende a tradição do cultivo e uso da planta
da coca), foi eleito para um mandato de quatro anos, sendo reeleito em 2009 para
um novo mandato, porém, agora de 05 anos, pois o mesmo alterou a lei que
regulava o período do mandato presidencial. (Observatório Político Sul Americano,
2005).

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Três fatos marcaram as eleições de
2005: foi o sexto processo eleitoral no período
de redemocratização, ou seja, em 23 anos
houve seis eleições gerais e nove
presidentes; em segundo lugar foi a maior
participação de bolivianos nas eleições nesse
período e foi a primeira transferência de faixa
presidencial para um membro de uma
comunidade indígena (Folha, 2006).

O maior desafio do governo de Morales


é compatibilizar as reivindicações dos
bolivianos em relação as questões
energéticas envolvendo todos os países
vizinhos, e um movimento cada vez maior da

Figura 2: Presidente da Bolívia Sr. Evo retomada do seu acesso ao Oceano Pacifico.
Morales
As estruturas políticas da Bolívia
Fonte:
realmente são bem frágeis, porém o governo
http://agorabelavista.blogspot.com/2010/07/
associacao-nacional-de-imprensa-da.html Morales está conseguindo costurar relações
políticas internas e externas que aos poucos estão fortalecendo a coalizão boliviana,
no âmbito nacional está sendo feito uma política que serve aos interesses dos dois
principais partidos políticos o MAS (Movimiento AL Socialismo) do atual presidente
Evo Morales e o PODEMOS (Poder Social y Democrático) da oposição, quanto a
população o governo defende o cultivo da coca ao ponto de defender na
Constituição o seu uso e cultivo para fins medicinais devido ao seu contexto histórico
e alçando a folha de coca ao status de recurso natural (PUC Minas, 2006).

Na política externa, mesmo nacionalizando as reservas de gás natural, o


governo Morales afirmou ao Presidente Luis Inácio Lula da Silva, então presidente
do Brasil, de que os contratos com as empresas serão mantidos, porém foi
estabelecido um imposto de 32% sobre a extração de petróleo e gás, e que “todo
gás e petróleo que se extrai deve ser entregue a propriedade do Estado Boliviano”
conforme o Programa de Governo do partido do governo que define a quem vender
e a quem vender, a grosso modo. Diante disso o governo de Morales se encontra
em um dilema de atender aos interesses de seu eleitorado ou se inserir nos projetos

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de integração física da América do sul, estando integrada a Comunidade Andina e
ao MERCOSUL (PUC Minas, 2006).

A Yacimientos Petrolíferos Fiscales Boliviano (YPFB) – empresa estatal


responsável pela fiscalização da exploração de gás e petróleo – possui um acordo
de fornecimento de recursos energéticos com a Petrobrás, cujo término se dá em
2019, e segundo a Lei de Hidrocarbonetos boliviana a empresa terá um prejuízo
muito grande, porém o governo Morales afirmou que apenas os recursos naturais
serão nacionalizados e não as empresas, mas as vendas só serão permitidas a
YPFB e que os investimentos estrangeiros principalmente os provenientes do Brasil
serão muito bem vindos (Estadão, 2008).

Bibliografia

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http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u95537.shtml

(acesso em 30/03/2011)

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080916/not_imp242400,0.php

(acesso em 30/03/2011)

Rodrigo Correa Teixeira; Wesley Robert Pereira – Bolívia: Centralidade e


geopolítica na America do Sul. Disponível em:

http://www.pucminas.br/imagedb/conjuntura/CNO_ARQ_NOTIC20060313110
833.pdf?PHPSESSID=1e0474d56bd0a03123d8082737f5216a

(acesso em29/03/2011)

Guimarães, C.; Domingues, J. M. e Maneiro, M. Bolívia – A História sem Fim.

Disponível em http://observatorio.iesp.uerj.br/ Acesso em: 02/03/2011

http://www.embolivia.org.br/

(acesso em 29/03/2011)

Figuras

Figura 1 Mapa da Bolívia

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u95537.shtml
(acesso em 30/03/2011)

Figura 2 Presidente Evo Morales

http://agorabelavista.blogspot.com/2010/07/associacao-nacional-de-imprensa-
da.html

(acesso em 30/03/2011)

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