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Texto Prévio 11
Renascimento: a música na corte
Primeiras palavras.
A música na Renascença.
Contextualização política, social e artística.
A Renascença é um período de grande importância para o estudo da História e,
consequentemente, da História da Música, pois trata do despontar dos “tempos modernos”, o fim da
Idade Média e o início da Idade Moderna.
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História da Música: Pré-História, Idade Média, Renascimento
Profa. Maristella Pinheiro Cavini
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História da Música: Pré-História, Idade Média, Renascimento
Profa. Maristella Pinheiro Cavini
A divulgação desses novos conceitos foi facilitada pela melhoria técnica da imprensa1, onde
livros poderiam ser publicados em quantidades maiores e mais rapidamente.
O Humanismo traz ao homem o reconhecimento de seu livre arbítrio, afastando-o da postura
teocêntrica medieval, que determinava um comportamento místico e religioso, para uma postura
antropocêntrica, de comportamento racionalista.
Na Renascença também há um processo de reformas religiosas, que iniciaram pelos abusos
cometidos pela Igreja Católica e pela mudança de visão de mundo, resultado das influências do
Humanismo.
O Renascimento musical.
A Renascença presenciou um dualismo de ideias para a concepção da música aos moldes do
“homem moderno”: de um lado, os estudiosos da literatura antiga que pretendiam que a música
“moderna” fosse repensada aos moldes do que poderia ser lido nas obras dos antigos poetas,
filósofos e teóricos musicais; de outro, os críticos e músicos como Gioseffo Zarlino (1517-1590), que
defendiam orgulhosamente os progressos já alcançados pela técnica contrapontística da época.
Os defensores da música moderna, entretanto, não abominavam as ideias humanistas, mas
não pretendiam retomar as tradições musicais greco-romanas tais como se apresentavam e como
queriam os humanistas, mas sim, somente buscavam nas teorias da Antiguidade um estudo para
aprofundar seus conhecimentos e não mais como base para a aprendizagem profissional, como
acontecia até então.
Grout & Palisca (2007) comentam que o marco que assinala o início dos estudos sobre os
primórdios gregos da teoria musical sob uma nova ótica, foi a leitura do tratado de Boécio na escola
de Vittorino de Feltre para jovens nobres e talentosos (fundada em 1424 na corte de Mântua),
enquanto texto clássico e não mais como base para a aprendizagem profissional. A partir desse
momento, os mais importantes tratados musicais gregos foram redescobertos em manuscritos
trazidos para o Ocidente e entre estes estavam os tratados de Bacchius Senior, Aristides Quintiliano,
Cláudio Ptolomeu, Euclides e outro atribuído a Plutarco. Também eram conhecidos os
“Deipnosofistas” de Ateneu (obra que possui uma longa passagem sobre a música), os 8 livros da
“Política” de Aristóteles e passagens relativas à música dos diálogos de Platão, em particular da
“República” e das “Leis”. Todos estes textos estavam traduzidos em latim já no final do séc. XV,
apesar de que algumas traduções eram apenas para uso particular de estudiosos.
Franchino Gaffurio (1451-1522), um dos maiores estudiosos da música na Renascença, teve
contato com algumas destas traduções e fez uma releitura dos conhecimentos e da teoria grega em
suas obras mais importantes: “Theorica musice” (1492), “Practica musice” (1496) e “De harmonia
musicorum instrumentorum opus” (1518). Os escritos de Gaffurio foram os que mais influenciaram a
música do final do séc. XV e início do séc. XVI, estimulando o pensamento sobre temas como os
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Johannes Gensfleisch Gutenberg (c.1398-1468): inventor da impressão com caracteres mecânicos
móveis, uma nova maneira de impressão de livros, mais rápida, e que foi considerado o evento mais
importante da Idade Moderna.
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