Professional Documents
Culture Documents
Cabe lembrar que no começo dos anos 60 ainda era muito difícil pensar a
arte dissociada da pintura e escultura. As performances futuristas, as
colagens cubistas, eventos dadaístas e a fotografia reivindicando seu
reconhecimento como arte começaram a modificar esse pensamento.
1
Mutt: cão vira-lata ou pessoa simplória. Nota do tradutor, segundo Archer, 2001: 3.
5
No final dos anos 50, todos os impulsos evidentes nas obras de arte – o
interesse pelo corriqueiro, a disposição de abarcar o acaso (não apenas
uma herança do Dadaísmo, mas também o reconhecimento de que na
vida as coisas simplesmente acontecem) e um novo senso do visual
-levaram a arte a duas direções: o Pop e o Minimalismo. (ARCHER, 2001)
A Pop Art começou na Inglaterra com Richard Hamilton no fim dos anos
50. O termo foi usado pela primeira vez pelo crítico Lawrwnce Alloway e
em 1960 um grupo de artistas, muitos deles ligados ao Royal College of
Arts de Londres, começaram a mostrar um trabalho que usava material
figurativo selecionado dos meios de comunicação e das ruas de suas
cidades. Entre eles Richard Smith, Allen Jones, Derek Boshier, Peter
6
Philips, o americano R.B. Kitaj e David Hockney. A Pop Art teve seu
reconhecimento nos Estados Unidos.
Andy Warhol, um dos mais importantes artistas da Pop Art, tinha uma
maneira de trabalhar caracterizada por um processo de ação e reação
constantes, onde os limites de produção, produto e reprodução, entre
imagens e o objeto, nunca param. (OSTERWOLD, 2000)
Sua obra é tão ampla e complexa que estas características citadas não
podem ser consideradas por si mesmas. Warhol mereceria uma pesquisa
dedicada somente a ele, o que não é o presente caso.
No final dos anos 60 surge a Op (Optical) Art. Essa arte explorava quanto
a forma e a cor podiam ser usada para criar ilusão de movimentos. Seus
maiores representantes foram: Bridget Riley da Grã - Bretanha, o húngaro
fixado em Paris Victor Vasarely e o francês François Morellet.
Nos anos 60, se tem também o Luminismo; esse era o foco de grupos
europeus que começaram a usar a luz na arte.
2
Termo traduzido pela presente autora do termo Noveaux Réalistes.
10
Para Judd, o aspecto vazio desta arte era sintomático do que ele via
como a crescente irrelevância das atitudes estéticas tradicionais. Seu
trabalho era simples e formalmente aplainado por um desejo de não
empregar efeitos composicionais. A composição enfatiza relações
internas entre as várias partes de uma obra e, com isso, minimiza o
impacto da obra com um todo. (opcit, 2001)
No final dos anos 60 e início dos 70, qualquer coisa que alimentasse o
mercado e com isso contribuísse para o bem estar comercial das
economias ocidentais era percebida por alguns artistas, principalmente o
que dizia respeito ao envolvimento dos EUA na guerra do Vietnã. Havia,
assim, uma razão a mais para explorar a natureza não-mercenária do
Conceitualismo e a transitoriedade da performance, arte que nega o
potencial vendável dos objetos e que carregava uma certa força política e
ideológica contrária aos dogmas da economia capitalista de mercado.
Gilbert & Gerges designavam suas vidas inteiras como arte de uma
maneira pública: “Quando saímos da faculdade e não tínhamos nem um
tostão, estávamos sem fazer nada...Pusemos maquiagem metálica e nos
tornamos esculturas. Nossas vidas são grandes esculturas”. (GILBERT &
GERGES, apud ARCHER, 2001:109).
O uso que o artista alemão Sigmar Polke fazia das imagens e da mídia
serviu como paradigma da natureza eclética da arte dos anos 80. Sua
obra teve uma notável influência, fora da Alemanha, na pintura de Julian
Schnabel, cujo estilo característico, no início dos anos 80, era pintar uma
série variada – da arte mais requintada a anúncios e caricaturas – sobre
cacos de cerâmica. A percepção que Schnabel tinha dos significados de
materiais era compartilhada por Polke e Kiefer. Ele escreveu:
Nos dias de hoje vê-se o crescimento dos “VJs”3 artistas, que criam ou se
apropriam de imagens, e as manipulam no tempo real de sua exibição.
Conseguem trazer para outros lugares, na maioria das vezes festas, toda
a bagagem das últimas quatro décadas em que a arte rompeu tantas
barreiras.
3
VJ se refere a vídeo jockers.
18