You are on page 1of 13

1 INTRODUÇÃO

A saúde da família é a estratégia que o Ministério da Saúde implantou para


reorientar o modelo assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS) a partir da
atenção básica. A estratégia foi iniciada em junho de 1991, com a implantação do
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e em janeiro de 1994 foi
criado o Programa Saúde da Família (PSF), hoje sendo denominado Estratégia de
Saúde da Família (ESF). (BRASIL, 2001).

De acordo com o Ministério da Saúde, uma unidade de saúde da familia se


destina a realizar atenção contínua nas especialidades básicas, com uma equipe
multiprofissional habilitada para desenvolver as atividades de promoção, proteção e
recuperação da saúde, características do nível primário de atenção. Acredita-se que
as unidades básicas sejam capazes de resolver 85% dos problemas de saúde em
suas comunidades (BRASIL, 2001).

Segundo Costa (2004), a equipe básica multiprofissional de saúde da familia


é composta por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e de quatro
a seis agentes comunitários de saúde. Também pode haver as equipes
complementares, que é composta por um dentista, um psicólogo e um assistente
social.

Desta forma, segundo Nascimento e Nascimento (2004), a ESF se propõe a


organizar as práticas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), evidenciando o caráter
multiprofissional e interdisciplinar das equipes de saúde da família, com a prestação
de atendimento integral nas especialidades básicas de saúde, numa base territorial
delimitada com garantia de cada vez serviços de referências à saúde para os níveis
de maior complexidade, possibilitando o reconhecimento da saúde como um direito
de cidadania, ao estimular a organização da comunidade e buscar o aprimoramento
da participação e do controle social da população na área da saúde.

De acordo com Brito e Ramos (1996), o atendimento ao idoso é uma das


prioridades da ESF, ela se justifica pelo crescimento acentuado da população idosa
em países em desenvolvimento como o Brasil.
O processo de envelhecimento populacional tem promovido mudanças
marcantes no perfil demográfico dos países em desenvolvimento, dada a rapidez
com que vem se instalando.

Atualmente, estima-se que a população de 60 anos e mais no Brasil, esteja


próxima de 10 milhões de habitantes, e para o ano de 2025 estima-se em torno de
32 milhões de pessoas, representando quase 15% da população total. Esse
crescimento do segmento populacional dos idosos cria uma demanda por serviços
médicos e sociais, sendo de grande importância para um país com as limitações
financeiras do Brasil (REFERÊNCIA).

Além disso, outra questão que merece ser destacada é o fato de as condições
crônicas de saúde a que os idosos estão expostos torna esta população mais
suscetível à ocorrência de várias morbidades associadas, muitas delas em estágio
avançado e terminal de evolução, predispondo o idoso e sua família a viverem em
situação de final de vida.

Diante desse panorama, o cuidado aos indivíduos com doenças avançadas e


terminais e suas famílias vem sendo considerado dentro da filosofia dos cuidados
paliativos, que se trata de uma abordagem capaz de melhorar a qualidade de vida
de toda a família.

Ainda deve-se considerar a preferência de parte das famílias pelos cuidados


terminais no domicílio e a tendência de mudanças na sociedade, que leva de volta
às famílias a responsabilidade dos cuidados aos doentes que estão morrendo,
fatores que tornam o cuidado no fim da vida uma competência necessária para os
serviços de atenção primária à saúde (STANTON, 2003).

Assim, considerando que a grande maioria dos idosos vive em condições de


pobreza, nas quais há falta de recursos econômicos para alimentação, lazer,
tratamento de saúde e outros, a ESF surge como uma alternativa de assistência
viável a essa população.

Desse modo, acredita-se ser fundamental conhecer como vem sendo


prestado o cuidado aos idosos em situação de final de vida, no cenário da ESF,
analisando se este tipo de assistência vem sendo desenvolvido conforme as
políticas públicas preconizadas pelo Ministério da Saúde.
2 REVISÃO DE LITERATURA

Dani, nesta etapa, vc deve procurar artigos que retratem como vem sendo
realizado o atendimento das equipes na ESF.

O q anda fazendo o enfermeiro e como vem fazendo? E o médico, e os aux


enf, e os ACS?

Há alguma abordagem de cuidados paliativos para a atenção básica em


saúde/estratégia saúde da família?

Existem estes dados para populações de idosos como a sua, em outras


cidades do país?

Existe consulta programada para esta população? Vem sendo realizada de


forma regular ou sistemática? E as visitas? É realizado algum outro tipo de atividade,
ale destas, para os idosos em situação de final de vida?
3 OBJETIVO

Caracterizar o atendimento de saúde a idosos com doenças terminais realiza


do pela Estratégia Saúde da Família (ESF).
4 MÉTODO

Este trabalho trata-se de parte de um estudo mais amplo, do tipo descritivo-


exploratório de abordagem quantitativa, realizado em unidades de saúde da ESF de
um município que se localiza na região centro-oeste do Estado de São Paulo.
Segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação SEADE,
2006), o município possuía, no ano de 2005, população de 117.305 pessoas.
De acordo com o Sistema Municipal de Informações em Saúde (SIMIS) do
município, a ESF tinha 27.565 clientes cadastrados, sendo que o número de
pessoas atendidas por cada uma das 10 equipes variou de 644 a 4017. A diferença
justifica-se pelo fato de algumas equipes serem responsáveis por áreas que, apesar
de pouco populosas, impõem importantes demandas à unidade de saúde em
decorrência da situação de carência social em que se encontram seus moradores.

Do total de clientes cadastrados, 2.393 eram idosos, sendo 1.235 mulheres e


1158 homens. Os participantes que compuseram a amostra deste estudo foram 51
famílias que atenderam aos critérios de inclusão: ser identificada pela própria equipe
de saúde como possuindo um idoso (com idade a partir de 60 anos) com doença
avançada e sem possibilidade de cura do ponto de vista biológico, predispondo a
família a viver por um tempo em situação de final de vida.

Os dados foram coletados no período compreendido entre os meses de maio


e julho de 2008, mediante parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da
Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, processo nº 725/2008
(ANEXO A), de acordo com a Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, do
Conselho Nacional de Saúde, que aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras
de pesquisas envolvendo seres humanos (CNS, 1996).

Os dados referentes a essas famílias foram obtidos por meio de consulta aos
prontuários e consulta aos agentes comunitários de saúde (ACS), conforme
sugestão das próprias enfermeiras das unidades, pelo fato de estes profissionais
serem os integrantes da equipe que permanecem em contato mais freqüente com as
famílias no domicílio.

Neste trabalho, com auxílio de instrumento pré-elaborado (APÊNDICE A),


buscou-se levantar os seguintes dados referentes aos atendimentos aos idosos em
situação de final de vida, no período de um ano: total de consultas médicas e
condutas, total de consultas de enfermagem e condutas, total de consultas
realizadas por outros profissionais e condutas, total de visitas domiciliárias
realizadas por médicos e condutas, total de visitas domiciliárias realizadas por
enfermeiros e condutas, total de visitas domiciliárias realizadas por auxiliares de
enfermagem e condutas e total de visitas domiciliárias realizadas pelos ACS e
respectivas condutas.

Os dados foram organizados por meio de estatística descritiva a partir do


cálculo das freqüências absolutas e relativas das variáveis levantadas e analisados
à luz da literatura específica sobre o tema.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi investigado o total de consultas a esses idosos realizadas por diversos


profissionais na unidade de saúde, no período de um ano.
Com relação às consultas médicas, segundo os registros nos prontuários,
39,2% dos idosos não passaram por nenhuma consulta na unidade. Pouco menos
da metade (41,2%) foi consultada de uma a cinco vezes pelo médico, 9,8% foi
consultada de cinco a dez vezes e outros 9,8% foi consultada de 11 a 15 vezes.
A conduta médica mais executada nestas consultas foi a prescrição
medicamentosa, para 56,7% dos idosos, seguida pela solicitação de exames
laboratoriais (25,5%), pelo encaminhamento do idoso a algum tipo de especialista
(11,8%) e por orientações em relação à alimentação (9,8%).
Já a grande maioria dos idosos (64,7%) não passou por nenhuma consulta de
enfermagem no período de um ano, 31,4% passou por um total de uma a cinco
consultas e apenas 3,9% foi consultada de seis a dez vezes pela enfermeira.
As condutas de enfermagem mais executadas nestas consultas foram o
encaminhamento do idoso para avaliação médica, em 9,8% deles, as orientações
em relação à alimentação (7,8%), a solicitação de exames laboratoriais (5,9%) e as
orientações em relação às medicações utilizadas pelo idoso.
A grande maioria dos idosos (98%) não passou por nenhuma consulta com
outros especialistas na própria unidade. Apenas 2% tiveram uma consulta com
assistente social.
Assim como as consultas, também foi investigado o total de visitas
domiciliárias realizadas pelos profissionais na unidade de saúde, neste mesmo
período.
Quase a metade dos idosos (47%) recebeu de uma a cinco visitas do médico,
7,9% receberam de seis a 10 visitas, apenas 2% receberam de 11 a 15 visitas e em
43,1% dos prontuários não havia nenhum registro de visita médica realizada no
período estudado. Nestas visitas, as condutas mais executadas pelos médicos
foram: prescrição medicamentosa para 54,9% dos idosos, “orientações gerais”
(15,7%), solicitação de exames laboratoriais (9,8%), avaliação física (5,9%),
orientações em relação às medicações utilizadas (5,9%) e orientações em relação à
alimentação (5,9%).
No tocante às visitas realizadas pela enfermeira, mais da metade dos idosos
(56,9%) parece não ter recebido nenhuma visita no período de um ano, já que não
havia registro algum em seus prontuários e 43,1% receberam de uma a cinco visitas,
sendo as condutas mais comuns: aferição da pressão arterial em 11,8% dos idosos,
orientações em relação à alimentação (9,8%), vacinação contra Influenza (7,8%),
prescrição medicamentosa (7,8%) e orientações em relação à medicação utilizada
(7,8%).
Aproximadamente para metade dos idosos (47%) não havia informações
sobre visita do auxiliar de enfermagem. Já 35,3% receberam de uma a cinco visitas
no período estudado, 9,8% receberam de seis a 10 visitas, 2% receberam de 11 a
15 visitas, 3,9% receberam de 16 a 20 visitas e 2% receberam de 21 a 25 visitas do
auxiliar de enfermagem, sendo as condutas mais observadas: aferição da pressão
arterial em 33,3%, orientação em relação à medicação utilizada (19,6%) e
orientações alimentares conforme prescrição médica (11,8%).
Para finalizar a caracterização das visitas, constatou-se que 35,3% receberam
de 11 a 20 visitas do agente comunitário de saúde (ACS), no ano estudado, 33,3%
receberam de 21 a 30 visitas, 13,7% receberam de 31 a 40 visitas, outros 13,7%
receberam de 41 a 50 visitas e 2% receberam de 51 a 60 visitas no período.
Segundo registros dos próprios ACS, nenhum idoso esteve sem suas visitas neste
período, sendo em apenas 2% dos idosos não foi possível fazer este levantamento,
visto que o ACS não disponibilizou os dados. Na ocasião destas visitas, foram
executadas as condutas: orientações em relação à medicação utilizada para 74,5%
dos idosos, orientações em relação à alimentação (62,7%), orientações direcionadas
ao auto-cuidado do familiar responsável pelo idoso, agendamento de consultas
(15,7%) e fornecimento de medicação (15,7%).
6 CONCLUSÕES

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da Família: uma estratégia para a organização
da atenção básica. Brasília, DF, 2001.

COSTA E.M.A., CARBONE M.H. Saúde da família: Uma abordagem interdisciplinar.


1ª. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2004. 8-10p.

PAPALÉO NETTO, M. Gerontologia: a velhice e o envelhecimento em visão


globalizada. 1ª. ed. São Paulo: Atheneu, 1996. 394p.
Nascimento M.S, Do Nascimento M.A.A. Prática da enfermeira no Programa de
Saúde da Família: A interface da vigilância da saúde.
Stanton RN. Ambulatory hospice training in family medicine residency. J. Palliat
Med. 2003;6(5):782-5.
APÊNDICE A – Instrumento de Coleta de Dados

Total de consultas na USF no último ano:


_____ consultas médicas.
Condutas: ___________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

_____ consultas de enfermagem.


Condutas: ___________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

_____ consultas realizadas por outros profissionais.

Especificar o profissional e as condutas:


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

Total de visitas domiciliárias (VD) recebidas no último ano:


_____ VD médica.
Condutas: ___________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____ VD de enfermeiro(a).
Condutas:___________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

_____ VD de auxiliar de enfermagem.


Condutas: ___________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

_____ VD de agente comunitário de saúde.


Condutas: ___________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
Resumo Bibliográfico

Segundo o Ministério da Saúde, a Saúde da Família é entendida como uma estratégia de


reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes
multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento
de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam
com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais
freqüentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. A responsabilidade pelo acompanhamento das
famílias coloca para as equipes saúde da família a necessidade de ultrapassar os limites classicamente
definidos para a atenção básica no Brasil, especialmente no contexto do SUS.

http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php

A Saúde da Família (SF) foi criada em 1994 com o propósito de orientar a organização da
Atenção Básica no país no sentido de garantir os princípios de territorialização, longitudinalidade no
cuidado, intersetorialidade, descentralização, co-responsabilização e eqüidade, priorizando grupos
populacionais do Sistema Único de Saúde – SUS. Nos primeiros anos, recebeu a denominação de
Programa Saúde da Família (PSF) e, posteriormente, em sua fase de consolidação, veio a ser chamada
de estratégia Saúde da Família (SF).
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Saúde da família no Brasil : uma análise de indicadores selecionados : 1998-2005/2006 /
Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília : Ministério da
Saúde, 2008.
200 p. : il. – (Série C. Projetos, Programas e Relatórios)

Sengundo COSTA (2004), os objetivos da implantação do modelo de saúde da família são:


- Prestar assistência integral, contínua, com resolubilidade e boa qualidade às necessidades de saúde da
população adscrita.
- Intervir sobre os fatores de risco aos quais a população esta exposta.
- Humanizar as práticas de saúde através do estabelecimento de um vínculo entre profissionais de saúde
e a população.
- Proporcionar o estabelecimento de parcerias através do desenvolvimento de ações intersensoriais.
- Contribuir para a democratização do conhecimento do processo saúde/doença, da organização dos
serviços e da produção social da saúde.
- Contribuir para a democratização do conhecimento do processo saúde/doença, da organização dos
serviços e da produção social da saúde.
- Fazer com que a saúde seja reconhecida como um direito de cidadania e, portanto, expressão de
qualidade de vida.
- Estimular a organização da comunidade para o efetivo exercício do controle social.

You might also like