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2º C I C L O - 9ª.

ETAPA
CAPÍTULO 06 - NOÇÕES SOBRE A FAMÍLIA

Lição 042 - Família (02)

Esta lição é importante demais. Não deixe de estudá-la. Afinal, mesmo solteiro/a, você
desfrutará desses conhecimentos. Antes, vamos recapitular a lição 041-Espiritualidade:
- Viver de forma consciente, aqui e agora, é o melhor caminho para viver.
- Possuir uma consciência desperta, ativa, orientadora, implica em desfrutar do silêncio,
da calma, a fim de facilitar as escolhas para criar a vida.
- São tantas as chamadas para desviar você da manutenção de uma consciência elevada,
que deve obrigar-se a estudar Quem você É e assim, saber Quem quer vir a Ser.
- Só quando conquistar a liberdade interior terá alcançado a noção exata do que é viver
de forma consciente.
- Quem não estiver consciente, dificilmente abrirá os olhos para a realidade maior que
advém do seu interior. Quem estiver, saberá discernir com consciência ética e com
autojulgamento para distinguir o bem e o mal.
- Saber como desenvolver e elevar a consciência deveria ser a maior preocupação de toda
instituição educacional do País; assim, se realizaria a maior revolução dos costumes...
- Como tudo que mexe com o ser humano, a expansão da consciência também exige um
trabalho introspectivo e continuado para a abertura da compreensão.
- Estamos cansados de ver crescer a violência, a intransigência, os vícios, os medos, por
causa da ignorância e do desconhecimento. Quem se importa em ensinar os princípios?
- A ausência da espiritualidade em grande número de lares, contribui para esta
indiferença negativa e perigosa .
- Propõe-se ao estudante uma renovação em sua vida. Não busque comparações, faça da
humildade a base para buscar novos horizontes como o faz a águia...
- A crença racional é um ato volitivo que precisa da disposição pessoal e racional, para
incutir no ser o princípio superior da existência do divino.
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- Como a luta pela sobrivência ocupa a maior parte do seu tempo, sirva-se daqueles
seres iluminados para alicerçar sua fé. Pela maneira como vive, qual a diferença entre
viver com fé e sem fé?
- Cuidado com aquelas vozes que se arvoram em conhecedores anunciando a descrença
sobre a espiritualidade, para se apresentarem como intelectuais convincentes, quando, na
realidade, jamais se aprofundaram nesse tema. Preferem aliar-se ao materialismo e
àqueles que pontificam a primazia do poder e do dinheiro.
- Ir em busca do apoio Divino quando se está desesperado e depois de resolvido o
problema torna a esquecer-se, não significa uma fé firme.
- Ganhar e gozar, são um binômio altamente perseguido pelas pessoas que objetivam
vencer. Seu envolvimento chega a tal ponto que obscurece estes seres levando-os a viver
a vida sem desfrutá-la efetivamente, porque estão enganados pelo canto da sereia do
dinheiro, do prazer do homem moderno.
- E aí, a alegria de viver plenamente se esvai sem que se perceba.
- Em casa e na escola, prevalece a ausência de Deus. A pretexto de dar liberdade ao
aluno, deixa-se de transmitir-lhe valores e princípios que são imutáveis; os quais
justamente impõem os limites e o balizamento necessários a um crescimento saudável.
- Grandes pensadores e cientistas nos deram uma demonstração cabal de fé e
humildade, reconhecendo que este Universo maravilhoso, sem limites, possui um Autor
que justifica nossa crença oriunda de seres pequenos, mas inteligentes.
- As dúvidas angustiantes, a falta de confiança que são ouvidos, fazem muitos desistirem
da sua crença e colocam condições sem fim para justificar sua fé.
- Acostume-se a conversar com Deus, a pedir orientação, sem descurar do seu propósito
de conhecer-se, de desejar criar uma vida construtiva, sabendo que, desde que nasce, sua
vida é um livro em branco no qual você inscreverá sua experiência vivenciada (de forma
consciente ou inconsciente).
- Por causa do livre-arbítrio, devemos ter a consciência de que a ligação com Deus deve
partir de nós, a fim de nos mantermos ligados a Ele permanentemente.
- Já lhe dissemos, orar é permitir que a alma se dirija a Deus e meditar, é aceitar a vinda
de Deus até você.
- Se adicionar à sua oração a constância e a humildade, acreditando que sua prece está
atendida e, por isso, já agradece, com certeza, terá dado um passo seguro na ligação com
o Divino.
- Veja, caro aluno, mesmo que possa fazer orações quando está em movimento, procure
em casa escolher alguns momentos para manter uma postura e silêncio a fim de elevar a
mente em sinal de profundo respeito.
- Adquira o hábito de praticar a oração. Nem que sejam palavras suas, criadas na hora
para transmitir seus sentimentos. Confie, este é o segredo!
- Evite alimentar ou abrigar pensamentos negativos e de medo. Muitas vezes não os
percebe. E eles atuam de maneira contrária aos seus pedidos.
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- A gratidão e a reconciliação não podem ser esquecidas. Estenda esse propósito aos
parentes e a toda humanidade.
- Mas se não consegue livrar-se dos ressentimentos, reconheça-os e se entregue a Deus.
Fale de suas fraquezas e do desejo de livrar-se deles.
- Persista. Não deixe de transformar o hábito da oração num procedimento diário e
sempre procurando aprimorar-se. Ore do seu jeito. Seja sincero e confie.
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06.01 - Os Cônjuges
06.01.05 – A convivência no casamento

Temos que dar continuidade ao tema abordado na Lição 033, por ser complexo e
extenso. Aqui reside a base e a sustentação das famílias. O relacionamento a dois.

A convivência pode levar à consolidação do casamento ou causar a frustração e o


desenlace. Historicamente, observa-se um número cada vez maior de “descasamentos”. O
que pode estar causando tanta incompreensão, tanta desavença, tanta briga, tanta desunião?
Muitos casamentos não se desmoronam porque um dos cônjuges é um verdadeiro herói.
Agüenta calado. Sofre em benefício dos filhos. Ou se afunda no trabalho. Poder-se-ia dizer
que falta sinceridade, diálogo; o medo abafa e silencia; a crítica inibe e desestimula;
insegurança quanto ao futuro, desconforto, dificuldades; desorientação, falta da
espiritualidade; ausência da prece e de Deus. Atrás disso surgem a doença, a tristeza e o
desânimo.
O quadro parece tão descomunal que os cônjuges preferem curvar-se, calar-se e se
toleram. A vida transforma-se numa rotina quase insuportável. Aliado a tudo, as dívidas
permeiam esse relacionamento flácido, morno, contaminando com mais mau humor ainda a
vidinha dessa família. Mas o casal deve lembrar-se de que a vida a dois exige uma
interdependência onde o pronome “nós” é a certeza da postura correta e da ligação forte. À
medida que isto faz parte de sua vida, sentirão que a cultura familiar se está consolidando.
Enquanto estão vivendo sob as turbulências do oceano da vida, aproximem-se e procurem –
lado a lado – o destino da união.
Devem procurar aprender, juntos, renúncias em benefício de todos. Não esquecer da
busca da liberdade interior, certamente o melhor meio para um acerto entre os dois. Evitar a
tendência de valorizar mais o seu problema em vez de reconhecer que o do outro merece a
mesma consideração. Vamos arrolar inúmeros pontos que são objetos de desentendimentos
para mostrar que há saídas para romper a série de intolerâncias, discordâncias,
intransigências, fraquezas, impaciências, etc.
1) Cuidado para os comentários que um cônjuge diz do outro. Quantas vezes, um
desqualifica o outro de forma sutil ou diretamente. As palavras mais parecem farpas a ferir,
a magoar, provocando a diminuição da auto-estima. Mesmo sem perceber a gravidade, o
cônjuge agressor ataca a personalidade e até os pensamentos do outro, humilhando. Quando
isso ocorre de forma repetitiva (e é o que acontece sempre), é um dos sinais de divórcio
futuro. É um “veneno altamente tóxico para o bem-estar da relação”. Para evitar o
agravamento da situação, partam para o diálogo semanal, onde ali é permitido – como já foi
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exposto – o desabafo, a observação e o debate sobre os assuntos polêmicos. Conversem,


senhores cônjuges! Ponham suas mágoas para fora. E dali para frente sentem-se a cada
semana para irem polindo as arestas. O problema acontece quando um dos cônjuges
esquiva-se ao diálogo. Arruma pretextos, omite-se, chega a desligar-se durante a discussão.
Às vezes esse cônjuge concorda rapidamente com alguma sugestão só para acabar com a
conversa do outro, mas sem nenhuma intenção concreta de seguir. O cônjuge fugidio não
quer, não consegue participar do diálogo que mexe nas “feridas”, principalmente quando é
ele o causador da reação do outro. E quanto mais aquele insiste, mais o cônjuge que se
esquiva, evita. Se não houver uma atitude firme para enfrentar esse tipo de diálogo, haverá
infelicidade e um afastamento maior ainda por parte do outro cônjuge. Estudos vêm
demonstrando que são os homens, na sua maioria, os que exercem o papel de esquivos.
Se você sente que está vivendo um caso assim com seu/sua parceiro/a, pare, reflita e
enfrente logo. Não adianta fugir à realidade, ao esclarecimento. Chegou a hora de você
encarar e reconhecer se a falta for sua. Reconheça e demonstre sinceridade para mudar,
acertar. Isto será aceito com muita alegria pelo outro. Não adianta fingir, adiar, ignorar, na
esperança de que o impasse se resolverá com o tempo.
Caso esteja fazendo este Curso com seriedade, há muito que já terá superado certas
barreiras... A solução virá se os dois trabalharem juntos para “mudar e prevenir esses
padrões negativos.” Mas um alerta: o cônjuge que cobra não deve ser insistente demais,
inconveniente. E, acima de tudo, abstenha-se da agressão física. Ela ocorre com muita
freqüência, inclusive ameaças. Se o clima estiver muito grave e emergencial, é preciso
recorrer à força policial.
2) Em muitos casos, casais com anos de vivência, acham-se diante de impasse sempre
sobre o mesmo assunto. E o pior, é quando um dos cônjuges interpreta de forma negativa e
exagerada as palavras do outro. Julga e tira conclusões interpretando erroneamente,
provocando aquele clima de discussão quando a desesperança e desmoralização tomam
conta do ambiente. Onde passar as festas natalinas e o novo ano: entre os parentes dela ou
dele? Onde passar as férias? Aqui deve ficar claro que a sugestão de Stephen Covey (de Os
7 hábitos das famílias eficazes) é providencial: procurar um acordo mútuo em que ambos
vençam (o vencer/vencer).
Mas por favor Sr. Cônjuge, pare de fazer coisas somente para provocar
intencionalmente o outro. Em geral, este cônjuge age em forma de vindita por algo que ele
concluiu, mas não foi capaz de expor ao outro como interpretara a atitude daquele. Pior
ainda é quando existe o preconceito; busca o cônjuge “ofendido” situações para corroborar
seu ponto de vista; só aponta coisas negativas, olvidando as positivas, sem mencioná-las.
Para corrigir, o melhor é esse cônjuge negativo perguntar-se se não está exagerando ao
interpretar as ações do seu companheiro. Será que a negligência está sendo avaliada com
muita severidade?
Esse comportamento não esconde algo mais sério, mais profundo, talvez oriundo de uma
fase infantil/adolescente? Será que esse cônjuge não se sente vítima, mártir? Ou viveu entre
pais perfeccionistas? É preciso uma auto-reflexão sincera. Trata-se da vida dos dois. Todo
esforço é compensador. E necessário adotar sempre a postura do diálogo. Em geral, o modo
de pensar negativo de um deles tem que ser enfrentado com coragem por ele mesmo, pois o
outro não pode lidar com esse padrão negativo. Cuidado para não relegar, adiar “por falta de
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tempo” as discussões sobre esses padrões negativos e com isto ver desaparecer o sentimento
de ligação e a verdadeira intimidade. Em “Como fortalecer o seu casamento” (que
recomendamos) apresentamos algumas das perguntas que os autores (Markman, Stanley e
Blumberg) fazem aos casais sinceros que desejam fortalecer a relação e reduzir as zonas de
atritos sobre os assuntos abordados nos dois itens acima. Se possível cada um mostre,
depois, ao outro, as suas respostas (desde que isso não provoque mais discórdias):
a) Quando têm uma divergência ou discussão, o que normalmente acontece?
b) Com que freqüência acha que o casal aumenta as discussões?
c) Como se sente quando se exalta? (tensos, ansiosos, assustados, aborrecidos)
d) O que ou quem encerra a briga? Ocorrem ameaças de término da relação?
e) Você se sente desvalorizado? Qual o efeito disto?
f) Você desvaloriza o/a seu/sua parceiro/a? Que está tentando conseguir com isso?
g) Você é o que julga com negatividade e assume o papel de insistente?
h) Ou é o que age de maneira esquiva? Que acontece?
i) Existem questões ou situações específicas que geram o padrão negativo?
j) Ambos são insistentes e esquivos? Por que isso acontece?
k) Você interpreta constantemente o comportamento de seu cônjuge como negativo?
Justifica-se?
l) Analise o/a seu/sua parceiro/a e procure encontrar pelo menos duas motivações
positivas. Perscrute-se e procure prova contrária à sua interpretação.

3) Os momentos de intimidade do casal são desfrutados e interpretados diferentemente


entre homem e a mulher. Quando estão juntos na sala, o marido gosta de ver TV e ela
preferiria conversar. Ele nem nota isso, desfruta aqueles momentos juntos julgando que ela
também está compartilhando; ela fica ofendida porque ele não conversa, fica mudo diante
da telinha... E o conflito silencioso está criado. Só que ninguém fala e o conflito fica
efervescendo... É ledo engano pensar que o homem não se emociona. Muitas vezes não o
demonstra. Para ele, aquele momento a dois compartilhando algo é intimidade; para ela, é
preciso que haja a conversa, o “papo”, para falar de seus sentimentos.
Os homens manifestam sua intimidade de maneira diferente. O que é preciso é que se
sirvam do diálogo permanente, aquela troca de informações pessoais para que o
conhecimento e a aceitação mútuos se tornem realidade. A negociação deve estar sempre
presente. Mesmo que sejamos diferentes um do outro, temos que aprender a aceitar o outro,
a compreendê-lo para que haja a harmonia e os conflitos se acabem. Mas, por favor, caros
casais, não deixem que o tempo passe, que as mágoas penetrem demais em seu coração...
Hajam. Aprendam a se comunicar, a desenvolverem atividades compartilhadas e adotarem
posturas sensuais que os predisponham positivamente ao ato sexual (adiante trataremos
disso em detalhe).
4) Há uma tendência genética de os homens sentirem mais estresse do que as mulheres,
que são menos vulneráveis e sabem lidar melhor com o conflito. Desde pequenas, as
mulheres estão mais habituadas às expressões verbais; os meninos sempre preferem os
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jogos, esportes. Por isso, que os homens se esquivam mais. Mas não que tenham receio do
conflito, mas porque no casamento não há regras para dirimir o conflito. E eles estão
acostumados a regras nos esportes, na guerra ou na profissão. Os casais vivem momentos de
hostilidade, raiva, gana, desconfiança, medo e tristeza, que poderiam ser evitados. É por isso
que sugerimos aqui que cada parceiro se faça esta pergunta: por que age da maneira como
age? Costuma se esquivar, por que o faz? Se tiver a tendência a insistir, por quê? Depois,
unam-se os cônjuges para compartilhar suas próprias percepções que os levam a agir (mas
não pense nas razões pelas quais o seu/sua parceiro/a faz o que faz. Deixe de tirar
conclusões).
5) Com freqüência, nota-se que a má comunicação tende a provocar atritos. Às vezes a
esposa acha-se vendo um programa favorito de TV e vem o esposo e começa a propor-lhe
algum programa para o fim de semana, sem reparar que a está atrapalhando; e ela, não
presta muita atenção ao que ele diz, gerando os desentendimentos. A aparente desatenção
dela poderia ser suprimida se o parceiro esperasse o momento dos comerciais ou o término
do programa. Não parece fácil resolver este tipo de problema? Ela lhe daria atenção e
passaria a ouvi-lo sem interrupções. Procurar manter a conversa em local sem muito ruído,
que às vezes atrapalha a compreensão por causa da interferência. Lembre-se da observação:
aprenda a ouvir que dificilmente haverá conflito...
6) Mas há casos em que um dos parceiros acha-se de mau humor (está triste, aborrecido,
chateado com alguma coisa) e o outro aborda um assunto que para aquele cônjuge no ato é
inconveniente e responde de uma maneira grosseira (ou quase), mas que pode provocar um
atrito. O correto é o cônjuge que inicia o assunto conter-se, compreender e aceitar, para
depois conversarem até sobre o mau humor. Talvez até possa ajudar. Esses estados
emocionais podem atingir a qualquer um. Depende da causa. Logo, é humano sentir-se
assim. Basta calar e aguardar. É claro que há pessoas que conseguem administrar seu
aborrecimento sem agredir o companheiro. Mas, paciência e compreensão são dois
ingredientes importantes...
7) Apesar da convivência, os parceiros tendem a abordar assuntos levando em conta a
expectativa que temos do outro. Passamos a imaginar o que o outro sente ou deseja e
dialogamos dentro dessa premissa. Logicamente, que a conversa acaba deturpada por causa
disto. O marido pergunta se a esposa deseja sair ou se prefere ficar em casa vendo algum
filme (ele gostaria de sair e jogar boliche, p.ex.); e ela, lhe diz que tanto faz (também
julgando que a preferência dele é ver TV); o parceiro então diz que tudo bem, fiquemos em
casa (novamente pensando consigo mesmo: ela não quer sair e divertir-se). Portanto, nada
de imaginar, seja mais claro/a, diga o que você deseja e sente e aguarde a reação do outro.
Precisa-se saber com clareza qual o gosto e o desejo do nosso companheiro para podermos
compartilhar. Não custa muito se comunicar com objetividade e até por interesse próprio.
Assim não nos frustramos tolamente...
8) Um dos pivôs que é um estopim de discórdia resulta da forma como cada um se
manifesta. Um está acostumado a falar alto (meio gritado), o outro, bem baixo. O/a
parceiro/a que tem um tom suave, imagina que o outro está a gritar e reage, pedindo para
parar de berrar; mas não é isso, é seu estilo de falar. Se não houver uma explicação calma,
aclarando que não há agressão verbal, pode surgir uma discórdia (como muitas vezes
ocorre) desnecessariamente. Este é o tipo de desentendimento que precisa ser bem
equacionado nos momentos do diálogo semanal...
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9) Jamais confiar demasiadamente na sua memória. Quantas vezes, um alega que o


outro disse isso, mas que é negado peremptoriamente pelo outro. Ao contrário, “eu disse
isso...” Só que ambos estão enganados, foram traídos pela memória. E isto é muito humano.
Nunca nos lembramos exatamente do que dissemos ou do que ouvimos. Provocamos
discussões infrutíferas sobre coisas do passado. Sabe-se por estudos psicológicos que nossa
memória é frágil e suscetível às emoções. “A competição de memória é um jogo sem
vencedores.” O melhor, quando há o impasse, é propor concentrar-se no que desejam e
focar-se na questão do momento. Admitir que pudesse estar equivocado. Como esta atitude
atenua e favorece ao consenso!
10) Os autores de Como fortalecer o seu casamento fazem uma sugestão interessante aos
cônjuges. Propõem que o casal adote a técnica de “Falar-Ouvir”. Consiste em exercer
alternadamente, cada um, o papel de locutor e ouvinte. Quando um fala, o outro ouve sem
contestar. Pode repetir sucintamente o que o outro falou para ver se entendeu. Se houve
dúvida o locutor esclarece. Mas não discute e nem faz sinais. Simplesmente ouve. Depois,
quando a palavra lhe for dada, é a sua vez de falar e o outro passa a ouvir. Esta técnica,
segundo os autores, deve ser praticada várias vezes, começando com assuntos leves e não
mais que 15 minutos cada vez, até estarem com prática e poderem optar por este processo
quando tiverem que abordar assuntos conflitantes. Mas lembre-se, caríssimo casal, o
respeito e a paciência fazem parte da técnica. O objetivo principal é aprenderem a conviver
em harmonia, solucionando problemas sem provocar mágoas, para solidificar o
relacionamento. É lógico que esta técnica deve ser usada para assuntos polêmicos e não para
discussões administráveis.
11) Em geral todos os casais têm problemas. A natureza deles varia de acordo com o
tempo que estão unidos. Quando casam, certos atritos são de um tipo (parentes, sexo,
ciúmes, etc.); depois, são de outra natureza (como dinheiro, educação de filhos, inclinação
espiritual, diversão, comunicação, etc.). Alguns possuem mais habilidade que outros. Mas
quando há boa vontade e amor, aprende-se a conviver. O que importa, é atuarem como uma
equipe. Analisarem o problema juntos, sempre buscando uma solução viável, concreta e
definitiva. Mas quando abordam a questão de forma prematura, leviana, realmente não
solucionam o impasse, adiam-no, porque não foram fundo. Ele voltará mais complexo.
Buscam uma fórmula instantânea e afobada, para evitar o conflito. Por essa via não vão
ajudar a solucionar futuros casos. Acostumar-se a trabalhar como equipe e assim fortalecer a
união. Pensem nisso...
12) Como então partir para soluções de impasses e problemas de forma inteligente,
consolidando a relação e permanecendo unidos para sempre? Howard, Scott e Susan
Blumberg (autores de Como fortalecer seu casamento) fazem algumas sugestões concretas
que passamos ao leitor de forma sucinta:
I - Discussão do problema
II – Solução do problema
a)Estabelecimento de uma agenda
b)Brainstorming
c)Consenso e Compromisso
d)Acompanhamento.
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Discussão do problema
Esta fase é imprescindível. Não importa o nível do problema (se grande, grave,
pequeno, simples, complexo), ele precisa ser discutido para que ambos o tenham
compreendido e se sintam compreendidos mutuamente. Mas, recomendamos, nada de
queixas ou críticas; isto só leva a atritos. Os autores citam uma técnica denominada de
proposição XYZ: “Quando você faz X na situação Y, eu me sinto Z”. Exemplificando:
Em vez de “Você precisava ficar a conversar com aquele cara na festa daquele jeito?”,
dizer:
“Quando eu a vi na festa de sábado último (Y), em conversa com o Fulano (X), eu me
senti enciumado e constrangido (Z)”. Ou citando um exemplo do livro: “Você não tem
consideração comigo” (esposa aborrecida com um comentário que seu esposo fez dela),
se em vez disso, disser assim: “Quando você disse a Pedro e Amália na festa, no sábado
passado (Y), que o meu trabalho não era tão difícil assim (X), eu me senti muito
constrangida (Z).” Quantas vezes uma boa discussão elimina a necessidade de resolver
problemas. Mas se o assunto não foi totalmente esgotado, não passem para a solução.
Durante uma pesquisa, os autores citados verificaram que o que mais os casais esperam do
relacionamento é “ter no outro um amigo, que haja afinidade, companheirismo, alguém
que compreende, que ouve, que se sente respeitado, valorizado.” Após, exaurido o tema
objeto de discordância, devem partir para a solução:
Solução do problema
a) Estabelecimento de uma Agenda
Anotar sucintamente o problema ou desmembrá-lo em partes, caso seja complexo e
bem polêmico, ou extenso. Por exemplo, o casal está com dívidas. Registrem as partes que
merecem ser solucionadas, começando da mais fácil, assim:
1) quem controlará o talão de cheques;
2) como reduzir paulatinamente o débito no cartão de crédito;
3) como reduzir as despesas;
4) quando iniciar um planejamento sério do orçamento familiar;
5) como fazer um investimento mensal; etc.

Há casos de assuntos que não podem ser fracionados, como resolver onde passar as
férias, por exemplo. Desde que os problemas a serem solucionados sejam anotados, o casal
mantém o foco e objetividade sem desviar-se.

b) Brainstorming
Apesar de ser um procedimento empresarial, funciona também em outras organizações
e na família. O tema a ser solucionado é identificado e um dos cônjuges anota as idéias
(tempestade de idéias) que vão surgindo. Ali vale tudo. Procurar usar a imaginação e
criatividade. Deve haver senso de humor e plena liberdade nas sugestões. Depois é feita a
triagem e fatalmente idéias práticas e maravilhosas aparecem.
c) Consenso e Compromisso
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Agora passem a agir como equipe. Analisem as idéias selecionadas do brainstorming.


Ser tanto quanto possível, específico. Aumenta a probabilidade de prosseguir. Chegado a
um acordo, é preciso que haja o consenso e o compromisso. Às vezes isto causa certo
temor. Mas é preciso renunciar a algum interesse pessoal em favor do interesse do casal.
Só se terá um grande casamento quando abdicar de querer as coisas sempre do seu modo.
Lembrem-se de olhar o Plano de Missão da Família. Isto facilitará a condução do acordo:
ver se a solução não conflita com as metas da família.
d) Acompanhamento
“Se você fracassa no planejamento, você planeja o fracasso”. Pode parecer-lhes muita
formalidade, senhores cônjuges, acompanhar a solução escolhida, quando sua aplicação é
de longo prazo. Mas se assim não for feito, correm o risco do insucesso. Assim como o
piloto permanentemente está corrigindo o vôo de sua aeronave, ajustar o desenrolar das
soluções demonstra seriedade e responsabilidade do casal. Mas não incorram no erro de
tratar o acordo de “boa-fé” como um contrato. Cada um deve dar o melhor de si,
independentemente do que o outro faça. O modelo do Plano de Ação que propusemos no
início deste Curso pode ser aqui adaptado para ajudá-los no acompanhamento.
13) Nem sempre é fácil conduzir os atritos para uma solução pacífica, ordeira e que
satisfaça a ambos, principalmente quando um dos cônjuges é fumante (por exemplo) e o
outro insiste (que já foi viciado no cigarro) para ele evitar porque o deixa enlouquecido. Se
não conseguem chegar a um acordo ou ajuste, retornem à discussão. Afinal, vocês estão
tratando da vida dos dois e/ou dos filhos também. Por isso, treinem os acordos. A prática
acaba levando-os aos ajustes com serenidade. Apresentamos 5 passos (que os autores
chamam de Regras) para servirem de balizamento durante as questões difíceis,
controvertidas e com atitudes competitivas:
a) Quando o conflito entra numa escalada, peçam tempo e tentem utilizar mais tarde a
técnica de Falar-Ouvir; ou adiem a discussão. Mas caracterize o tempo com clareza
para não supor o/a seu/sua companheiro/a que está evitando o assunto. Peça tempo,
mas permaneça no recinto, comentando que “o negócio está esquentando” e é melhor
paralisar a conversa. Este procedimento busca arrefecer os ânimos, mas não fugir do
diálogo. Ao retornar, o casal tornará mais produtiva a discussão.
b) O segundo passo é utilizar a técnica Falar-Ouvir quando o conflito exigir uma
conversa mais bem estruturada, demorada em dar condições a ambos de aclararem os
seus pontos de vista.
c) Como terceira regra, deve ser lembrado que enquanto estiverem usando a técnica
de falar-ouvir, não tentar solucionar o problema. A sua busca é outra etapa. Primeiro
esgotar todas as nuances do impasse ou discordância. Só então, quando ambos
concordarem, partam para a solução.
d) Não insistir numa discussão se um dos cônjuges alegar que não está disposto a dar
atenção agora. Mas que fique claro que não está querendo evitar a discussão. O outro
deve respeitar esta atitude.
e) Manter reuniões do casal semanalmente. Esta prática mostra que o casal prioriza o
seu casamento. Tempo é questão de preferência (repetimos). Achem um tempo, toda
semana, para abordarem seus pontos controvertidos, ou para tratarem de assuntos
importantes, ou para desabafarem queixas, a fim de que as decisões depois sejam
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cumpridas por ambos. Se a semana está transcorrendo muito bem, com os dois
embalados no romance, a reunião pode ter outro enfoque, pode-se aproveitar este
tempo para uma sessão de elogios. Sim, elogios. O que o outro fez durante a semana
que mais lhe agradou? Diga isto a ele.

14) Quando estiverem desfrutando momentos de sensualidade; divertindo-se; visitando


amigos; ou mesmo fazendo amor, abstenham-se de abordar aqueles temas polêmicos.
Naquelas horas concentrem-se nos momentos mágicos que fatalmente vão contribuir para
sua união. O casal deve ter o controle sobre os problemas e não sofrer suas conseqüências
como se estivessem pisando num terreno minado. Sempre que surgir uma discussão,
verifiquem se ambos querem discutir. Muitas vezes isto não é tão fácil assim. Mas a prática
leva à perfeição.

15) Chama-se a atenção para alguns aspectos da vida do casal. Há pequenos


acontecimentos – corriqueiros e diários – (como louça suja, roupa atirada ao chão, um
cheque devolvido) que podem suscitar questões mais profundas (como: dinheiro, sexo,
parentes). E o pior é quando uma discussão dessas, na realidade está ocultando sentimentos
não revelados, como “controle e poder, carência e atenção, reconhecimento, compromisso,
integridade e aceitação.” Estão “confundindo a floresta (as questões ocultas) com as árvores
(os acontecimentos).” E as emoções ocultas magoam e se persistirem podem levar ao
ressentimento. Por representar um alto peso na balança do relacionamento, vamos tratar um
pouco mais algumas das questões ocultas.

16) O controle e poder na família podem afetar muito o relacionamento. Muitas e


muitas vezes este assunto não é enfrentado, fica oculto e num acontecimento banal, pode
eclodir. Isto pode acontecer quando ambos realizam gastos e um deles é mais “gastador” e
sofre a interferência do outro. É preciso definir melhor as responsabilidades e ambos
estipularem limites. Do contrário, sempre surgirão oportunidades aonde o controle vem à
tona. Para não ser controlado e porque julga que tem condições de decidir se gasta ou não
(o gastador pensando) ele compra desafiando o/a parceiro/a. Discutem o objeto comprado,
mas não falam do controle e poder. Nada melhor que usar a técnica de Falar-Ouvir. Mas
tragam à baila o verdadeiro motivo da discórdia trabalhando o tema em equipe.
17) É comum a esposa sentir carência e falta de atenção. Sente-se desprezada,
manipulada, usada, mas não amada. Isto ela pensa. Mas na maioria das vezes, o marido
simplesmente esqueceu-se do romance, da demonstração palpável de seu amor, através de
pequenos gestos, de gentilezas, de lembranças, de flores, etc. Ela não fala e ele continua o
mesmo (aparentando indiferença). Mas há casos de parceiros que também sentem carência
e igualmente se fecham. O problema reside no fato de nenhum se abrir e falar. Às vezes
discutem sobre pequenos favores não realizados, mas no fundo, a reclamação verdadeira é
sentir-se carente e sem atenção. Por isso, que se recomenda que haja sinceridade, abertura
nos momentos dos encontros semanais. Para que carregar esse fardo?
18) O reconhecimento é uma questão oculta muito importante. O cônjuge que sofre
julga que não é reconhecido e valorizado pelo que é e faz, pelo outro. Muitos maridos
sentem que a esposa não valoriza seu trabalho e a renda que trazem para a família; e elas,
sentem que ele não reconhece o trabalho de casa delas. O pior ainda, é quando a esposa
trabalha fora e em casa e o marido praticamente não colabora. Sente-se desprestigiada e
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acaba cansando, esfriando a relação. Bastam pequenos elogios, algumas palavras dizendo
ao outro o quanto lhe agrada o que ele faz. Mas não julguem que isto é desnecessário,
pensando que é “frescura”...

19) Uma desconfiança sobre o propósito de o outro querer continuar a relação, manter o
compromisso, tem gerado profunda ansiedade. Atitudes do/a outro/a parceiro/a – quase
sempre inofensivas e sem nenhuma segunda intenção – provocam no cônjuge inseguro, a
suspeita de que vai ser abandonado. Se há esta dúvida no cônjuge, que provoque a
discussão numa das reuniões semanais. Não permaneça com a questão oculta, sofrendo por
suposição. Quantas vezes o sucesso da esposa que trabalha fora acaba afetando o marido.
Em vez de sentir-se orgulhoso e feliz pelo êxito da companheira, sente-se humilhado e
desconfiado de que ela pode quebrar o compromisso que ambos firmaram. O que falta a
este marido é a autoconfiança, é seguir este Curso para reabastecer sua força interior. Não
deixe murchar a flor desse casamento!

20) Seguramente, algo que deixa um parceiro aborrecido é quando é posta em dúvida a
sua integridade. O outro cônjuge supõe que seu companheiro não está tendo a
consideração devida e reclama. Já aquele, contesta, pois sua conduta foi mal interpretada e
podem partir – numa discussão leviana – a agressões por palavras. Muito cuidado.
Novamente repisa-se: não tente julgar o outro pelo que imagina que ele sente ou pretende.
Não tente adivinhar o que sente seu/sua parceiro/a no íntimo.

21) Ser aceito pelo outro. No fundo, cada um muitas vezes se acha desprestigiado, não
reconhecido. Só o fato de o marido querer fazer uma pescaria distante, todos os anos, com
amigos, pode deixar a esposa revoltada a cada vez que isto acontece. Reclama da ausência
prolongada do marido e menciona que os filhos também se ressentem. Mas o que pesa
mesmo, para ela, é supor que não é aceita, porque seu pedido para ele acabar com as
pescarias não acontece. Ele, não compreende a insistência dela todas as vezes que se
prepara para a viagem da pescaria. E assim, a discussão se repete sempre. Será que é muito
difícil concordar com o marido? Qual é o mal de ele fazer a pescaria com os amigos?
Medite um pouco, cara esposa: isto talvez não exerça nele um efeito de recomposição de
forças, relaxamento, cuja diversão irá fazê-lo retornar para casa, mais calmo e pronto para
enfrentar o dia-a-dia? Pense...
22) Mas como pode o casal reconhecer os sinais das questões ocultas? “Bater na mesma
tecla” é discutir sempre sobre os mesmos assuntos irrelevantes. No fundo, estão ocultando
algo mais sério, dúvidas íntimas que não são abordadas e ficam empacados, horas a discutir
sobre detalhes. É preciso coragem para expor o que de fato sentem. “Gatilhos Banais”,
dizem os autores de Como fortalecer seu casamento, é o exagero em tratar de pequenas
controvérsias, quando de fato, omitem a razão principal, a disputa de poder e atenção.
“Evitação” é o processo geralmente escolhido pelos cônjuges. Falam e discutem sobre
inúmeras coisas, mas aqueles temas que representam um tabu, como “sexo, peso, dinheiro,
política, aborto e religião”, são omitidos pelo medo de rejeição.
Mas como já se falou acima, adiar o debate sobre esses pontos só pode agravar, a médio
e longo prazo, o seu relacionamento. Tenham coragem de abrir-se nas suas reuniões. Às
vezes um fecha-se sobre determinados assuntos e o/a companheiro/a sobre outros.
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Agendem essas questões e escolham ora uma, ora outra questão, a ser tratada em cada
reunião semanal. Acabam verificando que o “bicho” não era tão feio assim... Ah, o
“controle”, esse perigo da relação. Quando um sente que não é reconhecido pelas suas
contribuições; ou que está menos comprometido; ou quando julga que o/a companheiro/a
está tirando vantagem, causam uma reação de controle (um sobre o outro e vice-versa)
provocando discussões diferentes desses assuntos importantes. Documentam, mas insistem
em mencionar coisas que nada têm a ver com o pivô da discórdia. Lidar com as questões
ocultas requer habilidade, disposição, amor e compreensão. Segundo os autores citados,
“elas são como um monstro debaixo da cama. Você não quer olhar para ver o que há lá,
mas sabe que é importante e grande.” Usem a técnica de Falar-Ouvir ou da discussão sem
procurar solução imediata. Verificarão a sensação de alívio depois que abordaram aquele
tema oculto.
23) Veja um exemplo de disputa e discórdia, acompanhada de carência. Depois de
casados, o marido passa muitas horas diante da TV vendo programas esportivos. Sempre
gostou, desde solteiro. Mas como os dois tinham tempo para si também, a moça jamais
atentou para esse gosto excessivo. Depois de casados e ambos trabalhando várias horas para
obter receita para o lar, a dedicação dele à TV começou a incomodar a esposa. Adotaram a
técnica de Falar-Ouvir para expor com clareza o ponto de cada um. Ela reclamou da
ausência de sua companhia, de conversarem e estarem juntos. Ele mencionou que sempre
fora assim, praticava esporte e acompanhava outros eventos pela TV. Mas à medida que o
debate evoluía, uma compreensão mútua passou a existir e combinaram dividir o tempo
disponível, ora na TV e ora juntos. Ela aproveitou para expor a ele a importância da leitura,
coisa que ela fazia muito. No fundo, o que ela manifestou era a carência, sentir-se relegada.
Assim puderem impedir que a mágoa se transformasse em ressentimento e num pretexto
para outros impasses com possível desenlace.

24) Seria muito útil os esposos fazerem exercícios sobre os vários sinais das questões
ocultas. Cada um poderia anotar se entre eles acontece baterem na mesma tecla, ou
tocarem nos gatilhos banais, ou a prática da evitação, ou o desejo de exercerem o controle.
Também deveriam rever o seu relacionamento, quanto ao Poder e Controle, a Atenção, o
Reconhecimento, o Compromisso e a Integridade. Depois, devem juntos debater a
observação de cada um para irem polindo as arestas desse diamante maravilhoso que é o
casamento.

25) São tantas as “coisinhas” a infernizaram a vida a dois que parece incompreensível
como isto acontece. Algo que deixa os cônjuges irritados é quando um é perfeccionista e o
outro não. Ele quer tudo no lugar certo, a roupa guardada sempre nos mesmos lugares, a
louça guardada da mesma forma, a mesa posta de forma impecável, não admite farelos na
mesa, nem usar talheres diferentes e outros pequenos detalhes que para o cônjuge
desorganizado isto é um verdadeiro pesadelo.

É bem possível que a atitude do cônjuge perfeccionista se origine a traumas do tempo da


gestação ou da infância. Faz isto de forma inconsciente. Acha que é assim que as coisas
devem ser. Não gosta de muita visita em casa. Gasta a maior parte do seu tempo
arrumando, ajeitando. É incansável e à noite acha-se cansado, esgotado. Aqui deve entrar
aquele diálogo onde o desorganizado expõe com delicadeza e amor que cada pessoa é
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diferente da outra; que o importante para o relacionamento é cada um aceitar o outro como
ele é; esforçarem-se ambos para minorarem as diferenças: o cônjuge desorganizado deve
esforçar-se para colocar a roupa suja no cesto, deixar o banheiro em ordem quando toma
banho; etc.

Já o perfeccionista, deve comprometer-se de não implicar mais quando as coisas não


são feitas como ele gosta e quer; deve conter-se e reconhecer que a vida é muito curta para
se perderem momentos deliciosos com desgaste por causa de coisas mal arrumadas. O que
importa mesmo, quando não há empregada doméstica em casa, é que haja colaboração de
ambos para os serviços da casa. Porém, quando o desorganizado faz as coisas, não deve
sofrer crítica porque não agiu com aquela perfeição. Assim, fatalmente a harmonia impera
entre eles e os momentos sensuais serão muito mais aconchegantes, desejados e esperados.

26) Outro problema bem mais sério é o desnível cultural ou espiritual. Casam-se por
causa da atração física. Confundem o sexo com o amor. Dão-se muito bem na cama.
Enquanto o romance perdura, tudo é azul na sua vida a dois. Mas com o tempo, as
dificuldades, responsabilidades, mais horas de trabalho, dívidas e outras, começam a afetar
o relacionamento. Há casos em que um dos cônjuges reinicia os estudos, lê obras escolhidas
que lhe aumentam a cultura e o conhecimento de si mesmo, começa a evoluir e sente que
não há mais diálogo com o/a companheiro/a. As conversas limitam-se aos assuntos da casa
ou compromissos. A relação sexual diminui e quase não motiva. Notam que a união se
esfria, mas não sabem o que fazer. Até não há muita discórdia, só o desespero do cônjuge
que estacionou, que adquiriu o vício do trabalho ou da TV, ou da Internet. E agora?
Primeiramente, precisam conversar.

O cônjuge mais esclarecido deve colocar as “cartas na mesa” e dizer ao seu par que é
preciso muita conversa e seriedade para decidirem como salvar o casamento. O certo é
ambos se desenvolverem fazendo este Curso. À medida que o outro percebe e compreende
o distanciamento que está existindo entre os dois, por sua culpa, procurará recuperar o
tempo, recomeçando seus estudos e lendo e praticando avidamente o Curso Universidade
da Vida para aprender com mais rapidez e restabelecer a afinidade entre os dois. O cônjuge
já evoluído deverá ajudar, ser paciente e continuar a amar porque sabe que depende muito
dele que o outro encontre forças, apoio, coragem e motivação para vencer seus hábitos
negativos, sua inércia (muitas vezes preguiça) e sua ignorância. Agora, mais que nunca,
fortalecer logo o lado espiritual de cada um para facilitar o crescimento...

27) Os prazeres da vida. Como desfrutá-los em comum? Nem sempre os gostos são os
mesmos. Quanto mais parecidos, melhor. Mas se há muita diferença, entra no meio o bom
senso. Ora é satisfeita a preferência de um, ora a do outro. E por que não podem, às vezes,
cada um desfrutar sozinho algo que o outro não quer, como: ir a um jogo de futebol; assistir
a um filme preferido; visitar amigos; sair a um restaurante ou confeitaria com amigas; etc.
Vejam tudo se resolve com o diálogo, com a franqueza e com a aceitação. Só não pode
prevalecer o egoísmo...

28) Muitas “dicas” e orientações foram dadas neste capítulo aos casais. Talvez a sua
leitura venha a entusiasmar e encher ambos de bons propósitos. Mas posso adiantar que “de
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boas intenções, o inferno está cheio” ... Vamos repetir aqui algo que Napoleon Hill
enfatizou em suas obras: “Primeiro criamos os hábitos, depois eles nos governam. O
hábito é uma força cósmica.” Estejam muito conscientes dos seus condicionamentos. Não
adianta dizer para o outro: eu sou assim e não posso mudar. Não, você não quer mudar, é
diferente. Ou então, vou procurar corrigir-me, melhorar-me, mas se não houver uma
determinação séria e persistente, voltará a ser o que era antes. Como fazer então? Fazer
com sinceridade este Curso. Aprenderá a conhecer-se, fará Planos de Ação e aprenderá a
segui-los. Se ambos trabalharem juntos, o estímulo e ajuda mútua hão de fortificá-los e
conduzi-los ao êxito, solidificando a união, conduzindo-os à harmonia. A condição sine
qua non é quebrar os hábitos negativos. Por isso, insistimos para que se ajudem. Isto vai
unir mais ainda o casal. Não vale a pena, ou preferem levar a vida brigando?

29) Se os cônjuges estiverem fazendo este Curso, já terão aprendido muito sobre a
convivência, porque primeiro aprenderam sobre si mesmos. Não existe melhor técnica de
convivência que a busca de parte a parte pelo desejo supremo do autoconhecimento e este
advém de uma autoconsciência focada no seu interior e na forma como pensa. À medida
que a parte espiritual prepondera nesse casal, dificilmente haverá desrespeito e traições. A
tolerância e paciência fazem parte normalmente da vida a dois.
Aprenderam que é muito melhor ser gentil, perdoar, ajudar e não criticar. Como já
montaram seu Plano de Ação, estão elaborando em conjunto o Plano de Missão da Família.
Sabem que isto representará o porto seguro onde desejam chegar (daqui a 5, 10, 20 anos) e
mais facilmente saberão como corrigir os desvios da rota familiar para atingirem seus
objetivos. Há estímulo nesta convivência porque há motivação entre os dois. Quando há
rusgas e desentendimentos, sabem mais facilmente como dissolver, aclarar e acertar.
(Este assunto terá continuidade na próxima lição)
O místico e filósofo Osho deixou um texto que deve ser bem absorvido pelos cônjuges:
Deixem Existirem Espaços no Seu Estar Juntos

O que acontece de errado entre maridos e mulheres, mesmo depois de um casamento


com amor? Não é amor e todo mundo o aceita como se conhecesse o que é amor. É
pura luxúria. Logo estarão cheios um do outro. A biologia fez um truque com vocês
para a reprodução e logo não haverá nada novo - a mesma face, a mesma geografia, a
mesma topografia. Quantas vezes você já a explorou? Todo o mundo está triste por
causa do casamento e o mundo ainda não está ciente da causa. O amor é um dos
fenômenos mais misteriosos... Vocês nasceram juntos no momento em que o amor
surgiu em vocês. Este foi o nascimento real de vocês. E juntos devem estar para
sempre porque não é luxúria. Vocês não podem ficar chateados porque não é luxúria.
Uma vez que tenham produzido filhos, a biologia os deixa e você acha estranho viver
com um estranho. A mulher não é sua conhecida, o homem não é seu conhecido. Tudo
que vocês fazem é discutir, incomodar, irritar um ao outro. Isso não é amor. O amor
é o florescer da meditação. A meditação traz muitos tesouros; talvez o amor seja a
maior flor que cresce no arbusto da meditação. Mas deixem existirem espaços...
Lembrem-se destas colocações - deixem existirem espaços no seu estar juntos . Estejam
juntos, mas não tentem dominar, não tentem possuir e não tentem destruir a
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individualidade do outro. E isso tem sido feito em todos os lugares. Por que a mulher
deve assumir o nome do homem? Ela tem o seu próprio nome, ela tem a sua própria
individualidade. Apenas imagine: o homem assumindo o nome da mulher - nenhum
homem estará pronto para isso. Mas vocês destruíram a mulher porque ela é frágil,
delicada, humilde. Mas quando vocês vivem juntos, deixem existirem espaços... O
marido chega tarde em casa; não é preciso, não há necessidade de a esposa perguntar
onde ele esteve, por que ele está atrasado. Ele tem o seu próprio espaço, ele é um
indivíduo livre. Dois indivíduos livres estão vivendo juntos e ninguém invade o espaço
do outro. Se a esposa chega tarde, não há necessidade de perguntar "Onde você
esteve?" Quem é você? - ela tem o seu próprio espaço, a sua própria liberdade.
Mas isso está acontecendo todos os dias. O seu marido pode gostar de alguma coisa,
você pode não gostar disso. Isso não significa que é o começo de uma disputa, que,
porque vocês são marido e mulher, os seus gostos devam ser os mesmos. E todas estas
perguntas... todo o marido voltando para casa pensa na sua mente "O que ela vai
perguntar? Como vou responder?" E a mulher sabe o que vai perguntar e o que ele
vai responder, e todas aquelas respostas são falsas, fictícias. Ele está enganando-a.
Que tipo de amor é esse que está sempre com suspeitas, sempre com medo do ciúme?
Se a esposa o enxerga com outra mulher - apenas rindo, conversando - isto é o
suficiente para arruinar a sua noite toda. Você vai se arrepender: isso é demais por
apenas um pouco de risada. Se o marido vê a mulher com outro homem e ela parece
estar mais alegre, mais feliz, isto é o suficiente para criar um tumulto. As pessoas não
estão cientes de que não sabem o que é amor. O amor nunca suspeita, o amor nunca
tem ciúmes. O amor nunca interfere na liberdade do outro. O amor nunca impõe nada
sobre o outro. O amor dá liberdade e a liberdade somente é possível se existir espaço
no seu estar juntos.

06.02 - Os Pais

Eis a figura central da família: os pais. É muito fácil ser pai ou mãe. Basta gerar um
ser, dar-lhe vida e colocá-lo no mundo. As conseqüências dali decorrentes são aceitas ou
não pelos criadores desta vida. Aqui se configura uma conduta que divide o tipo de pai ou
mãe: a responsabilidade. Esta palavra compreende – sinteticamente – a postura correta e
insubstituível dos pais. Mas é preciso uma compreensão profunda deste termo. Ser
responsável não é só alimentar, vestir, propiciar ensino escolar e prover as diversões e
desejos dos filhos. É preciso dar-lhes a formação que é a base sólida de um crescimento
construtivo, onde a espiritualidade é o pilar de sustentação, sem a qual a vida será uma
eterna gangorra, cheia de altos e baixos e os conflitos serão companheiros permanentes
dessas crianças.

Grande maioria dos pais tem um objetivo primordial em relação aos seus filhos: que
eles tenham sucesso. E o sucesso para eles é o volume de bens materiais e de dinheiro que
os filhos conseguem amealhar. Um bom emprego e um status relevante com influência e
prestígio na sociedade. A noção que existe é que o sucesso está dissociado do espírito. São
incompatíveis.
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Deepak Chopra (em As sete leis espirituais para os pais) diz: “O sucesso deve incluir a
capacidade de amar e sentir compaixão, de sentir alegria e transmiti-la aos outros, a
certeza de saber que nossa vida serve a um propósito, e, finalmente, a idéia de uma
ligação com o poder criativo do Universo. Tudo isso constitui a dimensão espiritual do
sucesso, a dimensão que gera a realização interior.” Equilibrar a formação pelo
crescimento espiritual, físico e mental. Incutir nos filhos a valoração do seu ser como um
todo.

Por isso que a principal responsabilidade dos pais é “situar com firmeza seus filhos na
jornada do espírito”. Embasar toda a vida nos princípios. Isto traz – como conseqüência – a
responsabilidade intrínseca de dar o exemplo para aumentar a eficácia dessa educação.

O cotidiano da maioria dos pais (pai e mãe) se restringe ao trabalho fora; e sua volta ao
lar reduz a capacidade de atenção aos filhos. Mormente quando eles, ainda menores na
escola, são dependentes para sua locomoção. E depois, o serviço da casa, o preparo das
refeições (quando não há empregada doméstica) e a manutenção da roupa tomam grande
parte do tempo da mãe. Em muitos lares, só o pai trabalha fora para o sustento da família;
em outros, o pai está ausente (por separação, etc.) e a mãe tem que se superar para suprir
tudo; e o mais grave ainda, filhos mais velhos cuidam de filhos menores. Os dramas e as
dificuldades são inúmeros.

Como exercer com eficiência a função de pai e mãe? Difícil num mundo voltado para o
ter e devotado ao prazer. Como as atribulações e afazeres são muitos, os pais gastam parte
de seu tempo em busca do prazer para compensar as agruras do dia-a-dia. E os filhos,
fazem o mesmo, procuram as suas inclinações de prazer. E o que acontece?

A família sobrevive. Não há metas e nem missão de vida. Vive-se conforme “toca a
música”. Cada um procurando preencher a ansiedade do seu jeito. E quando acontecem
conflitos, desentendimentos, eventos negativos, doenças ou acidentes, há uma confluência
para a sua solução ou então, para um desenlace definitivo. Não há critérios justos e nem
parâmetros. Não se atua como um time organizado, coeso e solidário. Os interesses
preponderam.

Poderíamos dizer que a figura de pais traduz a época em que eles atuam. Quando são
bem jovens; quando já são maduros; quando estão na meia idade; e quando alcançaram a
terceira idade. O seu comportamento varia muito segundo seus condicionamentos e
evolução. Outro fator que vem interferindo na conduta deles: o progresso tecnológico, os
costumes desregrados, a ausência de princípios, a primazia dos bens em lugar dos
princípios; a constante luta pela sobrevivência, a corrupção generalizada, a falta de
espiritualidade autêntica para balizar suas decisões diárias e a falta de leitura adequada, ou
mesmo, de qualquer leitura.

6.02.01 - Os pais jovens

São, em grande parte, imaturos e desprovidos de critérios uniformes entre o casal. Cada
cônjuge imprime seu estilo na educação da criança. Cada um quer aplicar o jeito que
aprendeu na sua casa que é o que acha certo. Aqui acontece a interferência de muitos avós.
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Ou então, um dos cônjuges acaba assumindo o comando e o outro aceita, muitas vezes
contrafeito. Quando a mãe não trabalha fora, prevalece sua orientação por estar mais junto
da criança. Agora, quando ambos não estão, um terceiro impõe na educação, sua cultura,
suas concepções (um parente, uma empregada, uma instituição, etc.).

Fase importante para infundir disciplina. Na alimentação, na diversão, na instrução e


nos costumes. É quando os pais jovens deveriam ter a sabedoria de orientar sabiamente
seus filhos, fracassam por desconhecimento, por desinteresse e por falta de contato com as
coisas do espírito. Além da indiferença, menosprezam por achar pieguice e crendice.

Há aqueles que freqüentam uma instituição religiosa e se pautam pela orientação da


sua igreja. Mas no que diz respeito à alimentação e diversão, os pais jovens acham-se
completamente desprovidos de bom senso, de critérios e de conhecimento. Sua ignorância
sobre os alimentos causa às crianças doenças e condicionamentos alimentares com graves
seqüelas na adolescência. A obesidade, por exemplo, atinge a uma parcela enorme de
crianças por essa falta de orientação natural. Excesso de comida industrializada, gorduras,
frituras, chocolates, doces e refrigerantes causam desequilíbrio nutricional, tornando-as
ansiosas e desregradas. Não têm hora certa; a televisão ligada durante as refeições e a
ingestão excessiva de líquidos, interfere nos processos de seleção dos alimentos, na
mastigação, absorção, entre outros. Contribuindo para formação de hábitos perniciosos.

A diversão quase que se resume na televisão. Quando ela cresce um pouco, o


computador e os joguinhos começam a exercer um verdadeiro fascínio. Logo, logo, a
constância se converte num vício perigoso, mas imperceptível. Como a grande maioria das
crianças faz o mesmo, acaba convertendo-se para os pais em um modismo aceito como
normal. E a ausência da espiritualidade em casa é uma prática usual por grande maioria de
jovens famílias. Logicamente, que os princípios nem são mencionados.

O que deveria prevalecer nesses lares é a prática do amor, do afeto, do respeito, da


liberdade e da atenção. Esses carinhos fazem desabrochar na criança a confiança, sentem-se
protegidas e florescem para a vida. A liberdade deve ser concedida sob orientação para
fazer da criança alguém com iniciativa e com coragem. O medo deve ser tratado com muito
equilíbrio para permitir o desabrochar de uma personalidade independente. Mas os pais
devem estar unidos e voltados para as mesmas orientações. O amor entre eles precisa
continuar sendo adubado para que os filhos menores os mirem com total segurança.

Nesta idade muitos condicionamentos são impregnados na mente desses jovenzinhos


totalmente inocentes. Por isso que os jovens pais devem, como parte de sua
responsabilidade paterna/materna, preocupar-se com o seu crescimento pessoal e conjunto,
a fim de exercer essa difícil missão com inteira honestidade e consciência. Precisam evitar
a distorção no processo natural da educação da criança. Devem desempenhar essa função
alicerçados pela introspecção, onde vão buscar a força e a inspiração para a instalação do
ambiente propício ao crescimento dos filhos.

Quando o jovem casal tem consciência, ajudar a criança a perceber que do Eu Sou ela
pode chegar ao Eu Posso, exige um acompanhamento sólido para lhe permitir desenvolver-
se e expandir-se. Tem que compreender os rompantes da criança e saber administrar sem
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violência. Precisam os pais mostrar, apontar mais que punir, coibir e pressionar. Conversar
com a criança, ser amigo dela e direcionar os caminhos ajudam mais que castigar. Desde
pequenos os filhos devem ouvir falar de Deus e do motivo por que estamos aqui. Orar junto
com eles é uma prática importante e necessária. Caros pais, considerem a carga de violência
a que fica exposta a criança, que vive acostumada a ver TV e os joguinhos virtuais.

Diante da destruição irresponsável da natureza, os pais precisam conscientizar seus


filhinhos da maravilha que é o mundo. Falar do oxigênio, da utilidade das árvores, das
plantas, das flores, dos rios, do oceano, dos peixes, dos legumes e hortaliças; dos pássaros,
dos insetos e dos animais. Dizer-lhes que dependemos de tudo isso para a nossa vida. Por
isso, a necessidade de zelarmos pela vida na terra.

Quando estamos conscientes da nossa trilogia, sabemos que devemos orientar os


filhos, mas não podemos forçá-los e nem exercer autoridade sob o pretexto de que somos
adultos e donos dos bens e do dinheiro. Desde cedo nossa função é amparar, ajudar e apoiar
a criança. Ela poderá ter inclinações e gostos completamente diferentes dos pais. Para
muitos custa aceitar essa independência. Mas se acreditarmos no espírito,
compreenderemos porque existe a diversidade dentro de um mesmo lar. A criança precisa
sentir a força e a energia nos pais. E isto se obtém com o desenvolvimento do autodomínio.

Não há como desfrutar a riqueza, a prosperidade, sem a valorização espiritual. Por


isso, fazemos esse apelo aos jovens pais: Não deixem de procurar o silêncio pelo menos aos
domingos. Meditem! Seus filhos vão ver e com o tempo vão imitar esta prática. Aprendam
a relaxar e a respirar. Revejam a lição que trata da respiração. Exercitem-se, até tornar um
hábito natural.

Uma particularidade importante reside no fato de uma gravidez. Como isto afeta a
vida do casal, é preciso muita maturidade e aceitação. Quantos maridos sentem ciúmes e
não compreendem as modificações que acontecem no corpo e na mente da futura mãe.
Mormente quando a gravidez não era esperada. Primeiramente, conscientizar-se de que
nada é por acaso. Esta criança que está por nascer, necessita ser orientada ainda no útero da
mãe. Eis o papel vital das mães.

À medida que o feto se desenvolve ele percebe as sensações por que passa a mãe e ouve
as conversas que ela faz com ele. Daí a importância de os pais demonstrarem amor a esse
ser que está desabrochando para a vida. Cuidar com as palavras proferidas. Evitar brigas e
manifestações de raiva, ódio, intrigas, etc. Quanto mais calma, quanto melhor o clima de
amor e aceitação houver no lar, com mais harmonia nascerá a criança.

A alegria deve ser manifestada espontaneamente para que o espírito nela floresça com
felicidade. Os pais não podem, de maneira alguma, deixar de expressar a Deus seu
agradecimento pelo filho que acabaram de ter. Saibam exprimir a dádiva que tiveram e
louvem ao Poder Infinito do Universo pelo nascimento do fruto do seu amor. Quando os
pais se unem espiritualmente, conseguem um maior equilíbrio em seu relacionamento. Que
a criança que ora se incorpora na família, seja bem vinda e ela sinta todo o carinho e
afeição.
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Ao dar o seu amor incondicionalmente ao seu/sua filho/a os pais recebem amor e


desfrutam a vida com harmoniosa alegria, produto do seu desapego, da sua dedicação. O
atendimento a essa criança deve estar acompanhado da disposição de lhe dar liberdade,
condição essencial para um desvendar natural para a vida. Os pais não devem exercer o seu
trabalho como se fora um fardo, um ônus da vida. Não é o trabalho que pesa, é a forma de
encará-lo. Quando há esse clima no lar, a família transmite à criança a alegria de viver.

Aproveitem os jovens pais a sua juventude também. Levem seus filhos aos parques,
desfrutem da natureza. Sintam o ar puro, a beleza das árvores, a tranqüilidade e a paz.
Apanhem sol, caminhem, corram, brinquem. Assim seus filhos crescerão num clima de
harmonia e amizade. Não devem passar todas as noites de fim de semana em cinemas,
bares, danças, jogos, permanecendo nos domingos pela manhã na cama a recuperar
energias E as crianças, como ficam? Mesmo que haja alguém para cuidar delas. Não
deixem que terceiros substituam vocês. Uma vez ou outra, tudo bem, mas não sempre...

Quando os casais discutem, divergem, que não o façam na frente das crianças. Saibam
que a alma pura e inocente delas ainda ignora que o amor precisa de espaço, de crescimento
também, de renúncia e muita compreensão. Adotem as orientações já aqui apontadas, onde
um dia por semana é escolhido para os “ajustes” ...

Observar a Natureza e extrair dali as lições para a vida. Tudo nela é harmonioso.
Prestem atenção, caros pais e se exercitem no modelo natural que temos. Quem possui um
cão, atente bem para ele. Não há amor mais visível que o dele. Está sempre pronto, é
submisso e amoroso. Ama incondicionalmente. Então, para quê violência com as crianças?
Aproveite seu contato com ela para aprender também.

Alguns princípios devem ficar bem claros para os jovens pais, a fim de que exercitem
com segurança e sabedoria esta função. Guardem de forma sempre presente a existência da
Lei de Causa e Efeito. Lembrem-se que a essência espiritual é a base de suas vidas e isto é
que precisam transmitir ao guiar seus filhos. Dar-lhes-ão a necessária bagagem para
fazerem as escolhas acertadas. Vocês não podem controlar seus filhos. Logo, sedimentem
os ensinamentos que lhes passam, sempre vinculados aos elos da corrente de uma vida
plena: a bondade, o amor, a confiança em Deus, o respeito, a responsabilidade e a
honestidade.

É algo entristecedor observar-se quando um dos cônjuges envereda pelo caminho do


alcoolismo, ou do jogo, ou da prostituição. Lares desfeitos, carência financeira e
educacional, pobreza extrema, promiscuidades. Crianças largadas, famintas e usadas. E a
ação social do Estado é inócua, porque desinteressada. De nada adianta fornecer alimentos
ou cestas básicas. O que importa e o que resolve, é dar formação com atenção e apoio. Se
não se “atacar” a base do problema, como erradicar a violência das grandes cidades?

Também é lamentável, ver-se lares desfeitos pela incompatibilidade dos cônjuges que
se uniram sem a necessária base educacional. Têm instrução, mas não possuem formação.
A atração física inicial perdeu o encanto e as diferenças, com a responsabilidade de pais
acrescida aos jovens casais, causa em muitos o pânico e a falta de caráter leva à separação
com os encargos, em geral, redobrados à mulher. E como ficam os filhos? Normalmente
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criados por terceiros, enquanto a jovem mãe vai à luta pela sobrevivência dela e deles,
gerando traumas que acompanham a vida dessas crianças quando adultas.

Não há como fugir dessa função. Agora a criança está aí. Em vez de reagir, olhe para
frente e encare esta responsabilidade como incentivo. Chopra diz: “O maior bem que você
pode fazer espiritualmente a si mesmo é desempenhar seu papel de pai ou mãe com amor
completo, convicção e propósito”. Sentirá um impulso e forças que garantem uma
educação sadia e subsistência integral desse ser inocente e carente.

Diante da gravidade e seriedade desse tema, voltar-se-á na próxima lição, para ajudar
os pais a compreenderem que sua missão é nobre e sua força reside dentro de si.

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