You are on page 1of 41

DÍZIMOS NEOTESTAMENTÁRIOS

VERDADE OU TRADIÇÃO HUMA

Por Roberto L. C. Albuquerque

1/41
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................2

CAPÍTULO I - Dízimo (antigo testamento) X Ofertas (novo


testamento).........................................................................................4

CAPÍTULO II - Princípios para ofertar ............................................11

CAPÍTULO III - Argumentações e contra-argumentações a respeito do


dízimo................................................................................................17

CAPÍTULO IV – Oportunidades, no novo testamento, que poderiam


ser usadas para estabelecer o dízimo como princípio
..........................................................................................................21

CAPÍTULO V - Algo a se pensar......................................................30

CAPÍTULO VI - Conclusão...............................................................32

2/41
INTRODUÇÃO

O nosso corpo necessita de uma alimentação balanceada,


diariamente, para conquistar uma saúde sólida. Segundo a “medicina
ortomolecular”, a nossa célula precisa de água, vitaminas,
aminoácidos, minerais, carboidratos e outros nutrientes para ter uma
existência saudável. O mesmo acontece com a nossa alma. Este
alimento, inicialmente, é o leite espiritual, ou seja, o conhecimento da
salvação, sendo que, para desenvolvermos melhor nossa vida com
Jesus Cristo, precisamos do alimento sólido. É com este intuito que
este servo do Deus Altíssimo está se propondo a edificar a vida do
leitor, escrevendo sobre um assunto que vem causando muita dúvida
para os servos de Deus: Contribuição financeira para a obra do
Senhor.

Um ponto de real importância, para iniciarmos, é entender que a Bíblia


não se contradiz, ela se completa. A interpretação de qualquer texto
sagrado deve estar embasado, dentre outros, no conceito da exegese
e da hermenêutica, em princípios como: interpretação teleológica e
sistemática; contextualização, etc . É necessário extrair a intenção de
Deus ao nos revelar algo e analisar em que contexto o trecho da
escritura, apresentada a nós, foi escrito. De igual importância, é saber
o significado de um conceito.

Lembro-me de uma aula no Curso de Preparação de Instrutores para


oficiais da Aeronáutica, que participei na década de 80, em que o
professor perguntou a um dos alunos qual o conceito de cachorro. O
aluno respondeu, fazendo uma descrição, dizendo que era um animal
de quatro patas, com unhas, focinho, orelhas, olhos, pêlos, rabo e
boca. O professor respondeu que aquele conceito não estava
completo e, por esta razão, ele abria inúmeras possibilidades. Nos
alertou que, com aquele “conceito”, ele poderia dizer que se tratava de
um gato, rato, raposa ou outros animais. Lembrou que um conceito
incompleto abre margem para sofismas, ou seja, meias-verdades
com aparência de verdade. Reforçou, também, que conceitos
interligados formam princípios.

Neste exemplo, o que impediria a deturpação do entendimento


correto, seria classificar científicamente o animal ou seja se aprofundar

3/41
no conceito. No início, foi feito uma descrição da aparência do animal,
agora teríamos que fazer a especificação do que analisamos.
Classificação científica: Reino: Animalia ; Filo: Chordata ; Classe:
Mammalia ; Ordem: Carnivora ; Família: Canidae ; Género: Canis ;
Espécie: C. lupus ; Subespécie: C. l. familiaris. Nome
trinominal:Canis lupus familiaris

Logo, o gato, rato e outros similares não fariam mais parte deste
conceito. Deve-se começar com a descrição e prosseguir se
aprofundando na matéria que está avaliando.

Isso caiu como uma bomba santa para minha vida, pois, a partir desse
momento, Deus colocou no meu coração a disposição de questionar e
pesquisar mais a fundo os assuntos referentes a Sua Palavra, sendo
zeloso na formação de conceitos para não cometer heresias.

Caro leitor, siga o exemplo relatado por Lucas em Atos 17:11: “Ora,
estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois
receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras
todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim.” (grifo
nosso)

Observe bem esta orientação e certamente o seu entendimento da


Palavra do nosso Senhor será um alicerce seguro para a sua vida.

O assunto que estudaremos, se restringe a um entendimento entre


Dízimo e Ofertas, nos situando no tempo e contexto da época, para
chegarmos a um conceito sem vícios. Hoje, devido a várias
interpretações, acabamos ficando, na maioria dos casos, entre duas
vertentes: Teologia da Prosperidade e Legalismo dos dízimos. Vamos
formar, no decorrer deste estudo, o conceito de ofertas para o nosso
Senhor, confrontando o que é realizado hoje e a Palavra de Deus.

4/41
Capítulo I

Dízimo (antigo testamento) X Ofertas (novo testamento)

Origem das palavras no Hebraico

As duas primeiras vezes que aparece o termo dízimo na Bíblia estão


registradas em Gn 14:20 e Gn 28:22. Maaser - Abraão – Gn 14:20 –
sentido de divisão, décima parte.

Neste contexto, Abraão foi libertar o seu sobrinho Ló e dos despojos


de guerra, ele oferece o “maaser” dos mesmos.

Asar – Jacó – Gn 28:22 – sentido de acrescer, ficar rico. Já neste


contexto, Jacó tinha fugido de sua terra, por medo de ser morto por
seu irmão Esaú. Ao final do dia, ele escolhe uma pedra para
travesseiro e dorme ali. Tem um sonho maravilhoso com o Senhor e
ao acordar, erege um monte com a pedra e dá o nome aquele lugar de
Betel “casa do Senhor”. Ele faz um pacto com Deus, em que pede
para que possa retornar em paz para casa, ser próspero e ter a
proteção do Senhor e de tudo o que ganhasse, daria ele o “Asar” ao
Senhor. Esta palavra indica prosperidade. É a mesma usada para
expressar o dízimo dado no terceiro ano, em que fartava a viúva, os
órfãos e os estrangeiros, juntamente com os levitas. Ela indica a
teologia da prosperidade.

No grego, são traduzidas por três palavras: Dekató, apodekato e


dekaté.
Antigo testamento

1 – O dízimo era mantimento para a casa de Deus, onde o Pai


Celestial falava com o seu povo (Israel). Para o povo de Israel, a
teologia da prosperidade sempre foi uma realidade, quanto mais eles
davam, mais recebiam: Ml 3:10 – “Trazei todos os dízimos à casa do
tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei
prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as
janelas do céu, e não derramar sobre vós tal bênção, que dela vos
advenha a maior abastança.” (grifo nosso)

5/41
Dt 12:6 e 7,11 – “A esse lugar trareis os vossos holocaustos e
sacrifícios, e os vossos dízimos e a oferta alçada da vossa mão, e os
vossos votos e ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas
vacas e ovelhas; e ali comereis perante o Senhor vosso Deus, e vos
alegrareis, vós e as vossas casas, em tudo em que puserdes a vossa
mão, no que o Senhor vosso Deus vos tiver abençoado.”

“Então haverá um lugar que o Senhor vosso Deus escolherá para ali
fazer habitar o seu nome; a esse lugar trareis tudo o que eu vos
ordeno: os vossos holocaustos e sacrifícios, os vossos dízimos, a
oferta alçada da vossa mão, e tudo o que de melhor oferecerdes ao
Senhor em cumprimento dos votos que fizerdes.”

Ne 10:38 – “E o sacerdote, filho de Arão, deve estar com os levitas


quando estes receberem os dízimos; e os levitas devem trazer o
dízimo dos dízimos à casa do nosso Deus, para as câmaras, dentro
da tesouraria.” (grifo nosso)

2 – Manutenção da tribo de Levi, que não foi contemplada com uma


porção da terra, quando da divisão pelas tribos de Israel. Todos
serviriam no Templo e o sustento viria dos dízimos e ofertas trazidos
pelas outras onze tribos. Verificamos isso em Nm18:20,21,24,26,28,30
– “Disse também o Senhor a Arão: Na sua terra herança nenhuma
terás, e no meio deles nenhuma porção terás; eu sou a tua porção e a
tua herança entre os filhos de Israel. Eis que aos filhos de Levi tenho
dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que
prestam, o serviço da tenda da revelação.”
“Porque os dízimos que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor
em oferta alçada, eu os tenho dado por herança aos levitas; porquanto
eu lhes disse que nenhuma herança teriam entre os filhos de Israel.”
“Também falarás aos levitas, e lhes dirás: Quando dos filhos de Israel
receberdes os dízimos, que deles vos tenho dado por herança, então
desses dízimos fareis ao Senhor uma oferta alçada, o dízimo dos
dízimos.” (grifo nosso)

“Assim fareis ao Senhor uma oferta alçada de todos os vossos


dízimos, que receberdes dos filhos de Israel; e desses dízimos dareis
a oferta alçada do Senhor a Arão, o sacerdote.”

6/41
“Portanto lhes dirás: Quando fizerdes oferta alçada do melhor dos
dízimos, será ela computada aos levitas, como a novidade da eira e
como a novidade do lagar.”

3 – O dízimo, também, era para o cuidado das viúvas, dos órfãos e


dos estrangeiros ou seja os necessitados. Este trabalho era
coordenado pelos levitas.

Dt 26:12 – “Quando acabares de separar todos os dízimos da tua


colheita do terceiro ano, que é o ano dos dízimos, dá-los-ás ao levita,
ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas
portas, e se fartem.” (grifo nosso)

Os órfãos e viúvas eram pessoas desamparadas pela sociedade e


recebiam esta parte dos dízimos por determinação de Deus.

4 - Fazia parte da lei para o judeu. Ne 10:35 a 37 – “Também nos


obrigamos a trazer de ano em ano à casa do Senhor as primícias da
nossa terra, e as primícias de todos os frutos de todas as árvores; e a
trazer os primogênitos dos nossos filhos, e os do nosso gado, como
está escrito na lei, e os primogênitos das nossas manadas e dos
nossos rebanhos à casa do nosso Deus, aos sacerdotes que
ministram na casa do nosso Deus; e as primícias da nossa massa, e
as nossas ofertas alçadas, e o fruto de toda sorte de árvores, o mosto
e o azeite, aos sacerdotes, para as câmaras da casa do nosso Deus; e
os dízimos da nossa terra aos levitas; pois eles, os levitas, recebem os
dízimos em todas as cidades por onde temos lavoura.” (grifo nosso)
Quem não cumpre a lei, comete crime - Ml 3:8 - “Roubará o homem
a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos
dízimos e nas ofertas alçadas.”

Deus deu a herança de Levi, as terras que pertenceriam a essa tribo,


para as outras tribos e estas últimas dariam o suporte com os dízimos.
O Senhor fez assim para que a tribo de Levi, com todas as suas
famílias, se dedicasse exclusivamente ao serviço na casa do
Altíssimo. O Pai Celestial determinou que as outras tribos pagassem o
sustento de todas as famílias da tribo de Levi, pois estas estariam
cuidando somente da Casa do Senhor e do trabalho para Deus. Quem
deixasse de pagar a herança de Levi, estava fazendo com que a
Palavra do Senhor não fosse cumprida e isso era realmente roubar. As

7/41
terras que seriam herança de Levi, foram trocadas pelos dízimos.
Havia uma dívida das outras tribos, que receberam parte das terras
de Levi, para com a mesma.

8/41
Novo testamento

Considerações:

1 –Deus habitava no templo e tudo tinha que ser como Ele havia
estabelecido para o Seu santuário. Os dízimos eram levados para a
casa do Senhor, onde Ele estava presente. Hoje o templo do Senhor,
na pessoa do Espírito Santo, é o nosso corpo. Não há mais os
sacrifícios, pois Jesus é o nosso sacrifício suficiente.
I Co 6:19 – “Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito
Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não
sois de vós mesmos?”

2 – Não existe a teologia da prosperidade para o tempo da Graça e


sim a da colheita (o que o homem plantar, ele colherá). A questão da
promessa em Malaquias 3, no antigo testamento, para os judeus,
estava condicionada em dar para receber, e não serve para o novo
testamento, que ensina ao homem a buscar em primeiro lugar o reino
Deus e aguardar o que lhe será acrescentado.

Nenhum dos apóstolos do Senhor morreu rico. A Palavra do Senhor


diz qual é o limite da satisfação para o ser humano: I Tm 6:7 e 8 -
“nada trouxemos para este mundo, e nada podemos daqui levar; tendo
o sustento e com que se cobrir, esteja com isso satisfeito.” O que
realmente existe, é o que está registrado em Mt 6:33 -“Buscai primeiro
o reino de Deus e a Sua justiça e as demais coisas vos serão
acrescentadas”. (grifo nosso)

Este ponto é de extrema importância, pois há um choque de conceitos.


Como sabemos que a Palavra de Deus não se contradiz e sim se
complementa, podemos afirmar que a promessa da prosperidade
(riquezas) ficou restrito ao povo Judeu.

9/41
Como é visto a riqueza na Graça:

II Co 8:8-15

“Não digo isto como quem manda, mas para provar, pela diligência
dos outros, a sinceridade do vosso amor.

Porque já sabeis a graça do nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo


rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza
enriquecêsseis.

E nisto dou o meu parecer, pois isto vos convém a vós, que desde o
ano passado começastes; e não foi só praticar, mas, também, querer.
Agora, porém, completai, também, o já começado, para que, assim
como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento,
segundo o que tendes. Porque, se há prontidão de vontade, será
aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem.
Mas, não digo isto para que os outros tenham alívio, e vós opressão.

Mas para igualdade: que, neste tempo presente, a vossa abundância


supra a falta dos outros, para que, também, a sua abundância supra a
vossa falta, e haja igualdade; Como está escrito: O que muito colheu
não sobrou; e, o que pouco colheu, não faltou.” (grifo nosso)

Está claro que não é a igreja que faz esta “justiça social”, de
estabelecer a igualdade, e sim a pessoa que Deus tem abençoado.
Ele caminha para a idéia de igualdade, ou seja, a quem Deus deu
mais, não use para sua própria abundância, mas reparta com o que
tem menos. Pois, se ao que muito colheu, não sobrou, significa que o
excedente do sustento foi repartido e não reteve a sobra para o seu
próprio deleite. Este procedimento está de acordo com a lei do Amor.

10/41
I Tm 6:8-11

“Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com


isso contentes.

Mas os que querem ser ricos caem em tentação e em laço, e em


muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens
na perdição e ruína.

Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e


nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se trespassaram a si
mesmos com muitas dores.

Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a


piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.” (grifo nosso)

Se antes, a riqueza era uma bênção, em troca da fidelidade nos


dízimos; na graça, o foco é totalmente diferente.

11/41
Capítulo II

Princípios para ofertar

Amor - voluntariedade

II Co 8

“Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus que foi


dada às igrejas da Macedônia; como, em muita prova de tribulação, a
abundância do seu gozo e sua profunda pobreza abundaram em
riquezas da sua generosidade.

Porque, dou-lhes testemunho de que, segundo as suas posses, e


ainda acima das suas posses, deram voluntariamente, pedindo-
nos, com muito encarecimento, o privilégio de participarem deste
serviço a favor dos santos; e não somente fizeram como nós
esperávamos, mas primeiramente a si mesmos se deram ao Senhor, e
a nós pela vontade de Deus; de maneira que exortamos a Tito que,
assim como antes tinha começado, assim também completasse entre
vós ainda esta graça.

Ora, assim como abundais em tudo: em fé, em palavra, em ciência,


em todo o zelo, no vosso amor para conosco, vede que também nesta
graça abundeis.

Não digo isto como quem manda, mas para provar, mediante o zelo
de outros, a sinceridade de vosso amor; pois conheceis a graça de
nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez
pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos.

E nisto dou o meu parecer; pois isto vos convém a vós que primeiro
começastes, desde o ano passado, não só a participar mas também a
querer; agora, pois, levai a termo a obra, para que, assim como houve
a prontidão no querer, haja também o cumprir segundo o que tendes.
Porque, se há prontidão de vontade, é aceitável segundo o que
alguém tem, e não segundo o que não tem.

Pois digo isto não para que haja alívio para outros e aperto para vós,
mas para que haja igualdade, suprindo, neste tempo presente, na

12/41
vossa abundância a falta dos outros, para que também a abundância
deles venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade; como está
escrito: Ao que muito colheu, não sobrou; e ao que pouco colheu,
não faltou.

Mas, graças a Deus, que pôs no coração de Tito a mesma solicitude


por vós; pois, com efeito, aceitou a nossa exortação; mas sendo
sobremodo zeloso, foi por sua própria vontade que partiu para vós.
E juntamente com ele enviamos o irmão cujo louvor no evangelho se
tem espalhado por todas as igrejas; e não só isto, mas também foi
escolhido pelas igrejas para ser nosso companheiro de viagem no
tocante a esta graça que por nós é ministrada para glória do Senhor e
para provar a nossa boa vontade; assim evitando que alguém nos
censure com referência a esta abundância, que por nós é ministrada;
pois zelamos o que é honesto, não só diante do Senhor, mas também
diante dos homens.

Com eles enviamos também outro nosso irmão, o qual muitas vezes e
em muitas coisas já experimentamos ser zeloso, mas agora muito
mais zeloso ainda pela muita confiança que vós tem.
Quanto a Tito, ele é meu companheiro e cooperador para convosco;
quanto a nossos irmãos, são mensageiros das igrejas, glória de Cristo.
Portanto mostrai para com eles, perante a face das igrejas, a prova
do vosso amor, e da nossa glória a vosso respeito.” (grifo nosso)

Amor - alegria

2 Co 9: 1 a 8

“Pois quanto à ministração que se faz a favor dos santos, não


necessito escrever-vos; porque bem sei a vossa prontidão, pela qual
me glorio de vós perante os macedônios, dizendo que a Acaia está
pronta desde o ano passado; e o vosso zelo tem estimulado muitos.
Mas enviei estes irmãos, a fim de que neste particular não se torne
vão o nosso louvor a vosso respeito; para que, como eu dizia, estejais
preparados, a fim de, se acaso alguns macedônios forem comigo, e
vos acharem desaparecidos, não sermos nós envergonhados (para
não dizermos vós) nesta confiança.

13/41
Portanto, julguei necessário exortar estes irmãos que fossem adiante
ter convosco, e preparassem de antemão a vossa beneficência, já há
tempos prometida, para que a mesma esteja pronta como
beneficência e não como por extorsão.

Mas digo isto: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará;
e aquele que semeia em abundância, em abundância também
ceifará, Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não
com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que
dá com alegria.

E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de


que, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda boa
obra;” (grifo nosso)

O princípio para a contribuição é bem claro. Devemos contribuir com o


que propôs o nosso coração. Deus ama quem dá com alegria. O limite
não está estabelecido. A lei estabelecida é: Quem ofertar (semear)
mais, também ceifará mais; o que ofertar (semear) menos, não
deixará de ceifar, contudo ceifará menos. Quem mais oferta, mais
galardão e isso é valor eterno e nos levaria a semear mais para o
Reino de Deus. Receber menos quando semeia menos não é
questão de punição e sim deixar de receber mais galardão.
Vemos que no início, antes de construírem o tabernáculo, Deus pede
oferta voluntária para a construção do mesmo.

Ex 25 - ”Então disse o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel que


me tragam uma oferta alçada; e todo homem cujo coração se
mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada.
E esta é a oferta alçada que tomareis deles: ouro, prata, bronze,
estofo azul, púrpura, carmesim, linho fino, pêlos de cabras, peles de
carneiros tintas de vermelho, peles de golfinhos, madeira de acácia,
azeite para a luz, especiarias para o óleo da unção e para o incenso
aromático, pedras de ônix, e pedras de engaste para o éfode e para o
peitoral.

E me farão um santuário, para que eu habite no meio deles.” (grifo


nosso)

14/41
Veja que para uma obra estabelecida por Deus, Ele pede que receba
dos corações voluntários, contudo, com relação ao sustento dos
pobres, viúvas e dos que iriam trabalhar na casa do Senhor, Ele exigiu
os dízimos, pois, estes últimos, teriam dedicação integral, com toda
família e não receberiam herança (terra proveniente da divisão de
Canaan entre as tribos de Israel).

Nunca vimos Jesus requerer o dízimo de Seus seguidores para a


manutenção do seu ministério, nem para o ministério dos seus
discípulos. Vários foram as oportunidades que isso poderia ter sido
estabelecido. No caso do jovem rico, foi-lhe pedido tudo. No caso de
Zaqueu, ele se propôs a dar a metade de seus bens para os pobres.
Paulo, que trouxe a doutrina cristã para nós, gentios, que não
seguíamos os ritos judaicos, falava, dentre outras coisas, em coletas
no primeiro dia da semana, em não ser pesado para os irmãos (por
isso trabalhava), etc.

Se o dízimo fosse uma contribuição ainda exigida, ele simplesmente


poderia requerê-la. Na sua primeira carta aos Corintios, vemos Paulo
relacionar a validade da oferta com o Amor.

Em I Co 13
“Ainda que eu distribua todos os meus bens para os pobres, se não
tiver o Amor, de nada me adiantaria.”. (grifo nosso)

Do nosso relacionamento com o Pai Celeste, nasce a vontade de


contribuir cada vez mais com a obra do Senhor. Vale a pena
transcrever um trecho de uma enciclopédia de treze volumes, muito
divulgada no Brasil. O trecho está escrito na obra “O ANTIGO
TESTAMENTO INTERPRETADO, VERSÍCULO POR VERSÍCULO por
Russell Nomam Champlin, Ph.D., Volume 6, DICIONÁRIO A-L, 2ª
Edição 2001”, pg 4165 e 4166. O autor concorda que não há uma
doutrina formada no Novo Testamento sobre o dízimo e expressa o
seu pensamento sobre a contribuição, na obra citada, da seguinte
forma: “ VI. A Lei da Generosidade - Certa ocasião, vi-me envolvido
em uma controvérsia sobre essa questão, em uma igreja batista. Certo
domingo, em uma discussão que se originou durante a Escola
Dominical, alguns membros defendiam o princípio do dízimo, dentro
do Novo Testamento.

15/41
O dízimo era muito enfatizado naquela igreja e na denominação da
qual ela fazia parte. Portanto, era de boa política falar em favor do
dízimo, naquele lugar. Mas um homem corajoso, que era , de fato, o
professor da classe de adultos da Escola Dominical, fez objeção à
posição. Ele não era capaz de encontrar o ensino sobre o dízimo no
Novo Testamento e estava certo de que, como um princípio, o mesmo
é antipaulino.

Até certo ponto, pude ficar calado, deixando os argumentos serem


apresentados contra e a favor. Mas, finalmente, fui especificamente
solicitado a manifestar-me sobre a questão. Comecei minha
explicação concordando com o professor da classe dos adultos. De
fato, do ponto de vista teológico, não posso ver como poderíamos
considerar o dízimo obrigatório para a igreja cristã.

Porém, continuei dizendo que havia ainda um outro fator que não
podemos desconsiderar. Esse fator é a lei da generosidade, que é
apenas um outro nome para a lei do amor. Se, sob a dispensação do
Antigo Testamento, os privilégios religiosos exigiam a décima parte
das rendas de uma pessoa, com vistas à manutenção da adoração e
do sistema religioso, e também para benefício dos pobres, muito mais
deveria ser nosso privilégio, em Cristo, afetarmos o bolso e a conta
bancário. Minha posição é que o crente deve dar mais do que o
dízimo. Em meu caso, sempre contribuí com mais do que a décima
parte do que ganho, para os projetos espirituais.

De fato, algumas vezes tenho ficado com uma décima parte, e nove
décimas partes são dedicadas ao trabalho do Senhor. Disse isso sem
o intuito de chamar a atenção para a minha pessoa, mas isso tem sido
fato. Meu irmão, que foi missionário evangélico primeiramente no Zaire
(quando esse país ainda era chamado Congo), e, mais tarde (até o
momento), no Suriname, na América do Sul, disse-me que ele dava
acima de três quartas partes de toda a sua renda ao trabalho religioso,
incluindo salários para os professores e as enfermeiras, para nada
dizer acerca do dinheiro necessário para a construção de templos. O
amor é mais exigente do que a lei. Isso é perfeitamente óbvio e
vivemos de acordo com a lei do amor, que cumpre toda a legislação
do Antigo Testamento, sem importar qual o particular de conduta
atingido (ver Rom. 13:8 ss).

16/41
Atualmente, vemos o espetáculo de missionários evangélicos que
constroem para si mesmos grandes mansões, lares luxuosos, etc.
Quando isso sucede, sabemos que o dinheiro está sendo empregado
egoisticamente, e não para o serviço do Senhor. Há uma grande
diferença entre o altruísmo e o egoísmo; mas alguns missionários
evangélicos parecem nunca ter aprendido a diferença. Direi agora o
que penso sobre tudo isso. O próprio fato de que há crentes
disputando sobre se devem contribuir ou não com uma miserável
parcela de dez por cento mostra o baixo nível de espiritualidade em
que se encontram. Quanto maior for a espiritualidade de um crente,
maior será a sua liberdade para com o dinheiro com que contribui para
a causa do evangelho, ou com que alivia as necessidades das
pessoas ao seu redor.”

Fato é que a igreja precisa viver de contribuições e que usar um


argumento sofismático a leva para a mesma categoria de uma simples
Instituição, que precisa das mensalidades fixas para manutenção do
seu patrimônio e realização de eventos. Se por outro lado, os
pastores, cumprindo com o sentido maior da sua vocação, orientar as
ovelhas para a uma busca constante do Deus de Amor e íntima
comunhão com o Senhor, as contribuições serão maiores e
voluntárias. O povo de Deus precisa ver austeridade e transparência
na administração das arrecadações feitas para atender às
necessidades da obra do Pai Altíssimo. Muitas distorções existem nos
nossos dias e não foi diferente na época da Lei.

Amor - dom

Algo interessante para registrar. A contribuição está, também, ligada a


dom. Por exemplo: todos devem evangelizar e existe uma
capacitação especial (dom) dada a determinados irmãos para
evangelizar.

Com relação à contribuição, todos devem contribuir e existe uma


capacitação especial, dada a determinados irmãos, que os levaram a
doar mais e com liberalidade, conforme vemos em:

17/41
Rm 12:5-8

“assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo


e membros uns dos outros, tendo, porém, diferentes dons segundo
a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé;
se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-
se no fazê-lo; ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui,
com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce
misericórdia, com alegria.” (grifo nosso)

18/41
Capítulo III

Argumentações e contra-argumentações a respeito do dízimo

Argumentado: Jesus cita o dízimo.

Mt 23:23 –“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o


dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há
de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé;
estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.”

Contra-argumentação

Verifique que Jesus, durante a Sua vida na terra, cumpriu a lei. O texto
transcrito do livro - Enciclopédia Manual Popular de dúvidas, Enigmas
e “Contradições” da Bíblia de Norman Geisler e Thomas Howe, pg
338, 4ª edição brasileira nos dá uma boa idéia do que estou querendo
dizer:

“Solução: Na questão quanto a se a Lei de Moisés foi abolida por


Cristo, a confusão se estabelece por se deixar de fazer distinção entre
várias coisas.

Em primeiro lugar, há a confusão do tempo. Durante sua vida terrena,


Jesus sempre guardou pessoalmente a Lei de Moisés, inclusive
oferecendo sacrifícios aos sacerdotes judeus (Mt 8:4), participando
das festas judias (Jo 7:10) e comendo o cordeiro pascal (Mt 26:19). De
vez em quando ele violava as tradições falsas dos fariseus, que
tinham sido levantadas em torno da Lei (cf Mt 5:43-44), repreendendo-
os: “Invalidastes a palavra de Deus, por causa da vossa tradição” (Mt
15:6). Os versículos que indicam que a Lei foi cumprida referem-se à
situação depois da cruz, quando não há “nem judeu nem
grego...........porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:28).

Jesus não podia repreender os escribas e fariseus por estarem


cumprindo o que o antigo testamento exigia, inclusive a circuncisão.
Após a crucificação, os apóstolos já não exigiam que se seguisse o
que a Lei estabelecia sobre a circuncisão, muito pelo contrário, como
está escrito em Gl 5:1 a 8 - “Para a liberdade Cristo nos libertou;

19/41
permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jugo de
escravidão.

Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo
de nada vos aproveitará.

E de novo testifico a todo homem que se deixa circuncidar, que está


obrigado a guardar toda a lei.

Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça
decaístes.
Nós, entretanto, pelo Espírito aguardamos a esperança da justiça que
provém da fé.

Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão vale


coisa alguma; mas sim a fé que opera pelo amor.

Corríeis bem; quem vos impediu de obedecer à verdade? Esta


persuasão não vem daquele que vos chama.”

Tudo ligado às exigências da lei que o judeu tinha que obedecer,


como já vimos no início deste estudo. O véu que separava o homem
do seu Senhor, ainda estava lá.

Fica bem claro com a seqüência dos versículos abaixo, que Jesus
estava criticando o interesse dos saduceus e fariseus em se
preocuparem com a aparência.

Mt 23:24 a 36 – “Guias cegos! que coais um mosquito, e engulis um


camelo.

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque limpais o exterior do


copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de
intemperança.

Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo, para que também o


exterior se torne limpo.

20/41
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes aos
sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por
dentro estão cheios de ossos e de toda imundícia.

Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas


por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.” (grifo nosso)

Outra situação parecida, que nos mostra que a lei em si é falha e que
muitos dos que confiavam nela não foram justificados, está registra em
Lc 18:9 a 14 – “Propôs também esta parábola a uns que confiavam
em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro
publicano.
O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: Ó Deus, graças te dou
que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros,
nem ainda como este publicano.

Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho.


Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar
os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a
mim, o pecador!

Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele;
porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a
si mesmo se humilhar será exaltado.” (grifo nosso)
O importante para o Senhor sempre será o coração quebrantado. Não
era essencial o dízimo e sim se humilhar na presença do Senhor Deus
Todo-Poderoso, criador dos céus e da terra.

Argumentado: No livro de Hebreus cita que Abraão entregou o dízimo


a Melquesedeque

Hb 7:1 a 5 – “Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do


Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão quando este
regressava da matança dos reis, e o abençoou, a quem também
Abraão separou o dízimo de tudo (sendo primeiramente, por
interpretação do seu nome, rei de justiça, e depois também rei de
Salém, que é rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não
tendo princípio de dias nem fim de vida, mas feito semelhante ao Filho
de Deus), permanece sacerdote para sempre.

21/41
Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão
deu o dízimo dentre os melhores despojos.

E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem,


segundo a lei, de tomar os dízimos do povo, isto é, de seus irmãos,
ainda que estes também tenham saído dos lombos de Abraão; mas
aquele cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de
Abraão, e abençoou ao que tinha as promessas.” (grifo nosso)

Contra-argumentação

Mais uma vez estamos diante de uma narrativa do autor do livro de


Hebreus, em que é comentado a atitude de Abraão em relação ao
sacerdote do Deus Altíssimo. O foco não é o dízimo, que alias, é a
única vez que a Palavra nos mostra o patriarca entregando a décima
parte de algo, neste caso, os despojos de guerra e não de suas
posses pessoais. O tema central desta mensagem, lendo até o final do
capítulo 7, no contexto da história, está em estabelecer que o
sacerdócio de Cristo é superior ao levítico, assim como mostra que o
sacerdócio de Melquesedeque foi superior, também ao de Levi. A
conclusão final : “Cristo, sacerdote único e perfeito.”. Não está
estabelecido qualquer tipo de princípio em relação ao dízimo no Novo
Testamento.

22/41
Capítulo IV

Oportunidades, no novo testamento, que poderiam ser


usadas para estabelecer o dízimo como princípio

Ocasiões neotestamentárias ocorreram, relacionadas a fatos


específicos e às necessidades de Jesus e irmãos, que justificariam a
utilização dos dízimos, a fim de resolver estas questões financeiras.
Conforme a atitude tomada pelos envolvidos naquelas situações,
poderíamos ratificar e considerar a continuidade do dízimo no novo
testamento, o que, de fato, não aconteceu, deixando a questão do
mesmo restrita à lei imposta ao povo de Israel.

Jesus ratificou todos os pontos essênciais para a vida com o Pai. Ele
estabeleceu a lei do Amor e posteriormente, Cristo chama Paulo para
ratificar todos os aspectos essênciais para a igreja gentílica.

Paulo era um profundo conhecedor da lei e foi encarregado de fazer a


transição doutrinária do cristianismo para a igreja dos gentios. Ele
reforçou todos os princípios para o funcionamento sádio da igreja.
Seria impossível acreditar que Paulo deixaria de estabelecer ou
reforçar a idéia do dízimo, sendo que, várias vezes, ele teria que fazê-
lo, pois ficou claro em diversas ocasiões, que este fez falta para o seu
ministério. Seguindo uma linha totalmente contrária à da lei, ele
reforça o conceito do Amor e trabalha com as próprias mãos,
sendo apóstolo, para se sustentar.

Nunca deixou de mostrar o exemplo das igrejas da Macedônia que,


com sacrifício, o ajudava. Neste contexto, fica claro, que o conceito da
prosperidade e do dízimo (que está ligada a ela), foi estabelecida para
os judeus antes da Graça. Na verdade, hoje, a lei do Amor é até mais
exigente e nos dá, em troca, riquezas espirituais e não materiais. E
quando somos abençoados, pelo Senhor, com mais bens materiais,
fica bem claro na Palavra, que é para “superabundar em obras” e não
para gastar com aquilo que não for “pão”.

23/41
Jesus e o rico

Mt 19:16-22

“E eis que, aproximando-se dele um mancebo, disse-lhe: Bom Mestre,


que bem farei, para conseguir a vida eterna?

E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só,
que é Deus. Se quiseres, porém, entrar na vida, guarda os
mandamentos.

Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás


adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho;

Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Disse-lhe o mancebo: Tudo isso tenho guardado, desde a minha
mocidade: que me falta ainda?

Disse-lhe Jesus: Se quiseres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e
dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.
E o mancebo, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía
muitas propriedades.”

Em nenhum momento, o rico recorre a lei de não estar roubando (a


Deus) ou seja, nos dízimos. Ele poderia dizer: Mas mestre, porque
devo dar tudo se a lei só fala nos dízimos. Jesus conhecia a lei e o
coração do rico e Ele queria que este mancebo retirasse o seu
coração e confiança das suas posses materiais e tivesse como meta
as posses celestiais.

24/41
Jesus e Zaqueu

Lc 19:8-10

“E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que dou aos
pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado
alguém, o restituo quadruplicado.

E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este
é filho de Abraão.

Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia


perdido.”

Jesus fala sobre a mudança de sua vida e não fala nada sobre a
voluntariedade de Zaqueu em relação ao que ia doar para os pobres.
Nem Zaqueu se prendeu ao conceito dos dízimos.

Qual seria o motivo de, no exemplo anterior, o Senhor querer tudo e


agora, no caso de Zaqueu, Ele aceitar o desejo de seu coração em dar
a metade?

Deus vê o coração do homem e mesmo hoje, de muitos, ele está


pedindo tudo e estes se sentem “justificados” dando algo, “dízimo
adaptado”, referente à velha lei e que, pior ainda, nem é usado como
a antiga lei manda, se sentido livres para gastar o restante com aquilo
que não é “pão” e nem se preocupando com os necessitados. Dizem,
se enganando, em seus corações: Já fiz a minha parte.

No final, vamos ser mais enfáticos com o conceito de Deus sobre as


ofertas.

25/41
Jesus e a viúva pobre

Mc 12:41-44

“E, estando Jesus assentado defronte da arca do tesouro, observava a


maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro; e
muitos ricos deitavam muito.

Vindo, porém, uma pobre viúva, deitou duas pequenas moedas, que
valiam meio centavo.

E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que


esta pobre viúva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do
tesouro;

Porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua
pobreza, deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento.”

Jesus valorizou a oferta sacrificial e não citou a estabelecida na lei. A


viúva, que também era pobre, tinha o direito de receber dos dízimos
(Dt 26:12 – “Quando acabares de separar todos os dízimos da tua
colheita do terceiro ano, que é o ano dos dízimos, dá-los-ás ao levita,
ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas
portas, e se fartem.”).

Está claro que o que interessou, neste caso, foi a lei do Amor.

26/41
Impostos cobrados de Jesus e Pedro

Este seria um excelente momento para que os dízimos fossem citados


com o propósito de efetuar o pagamento dos impostos que Jesus e
Pedro deveriam pagar. Ao invés de pedir, seja através de dízimos,
Jesus resolveu a situação de maneira sobrenatural, como vemos
abaixo:

Mt 17:24 a 27

“Tendo eles chegado a Cafarnaum, aproximaram-se de Pedro os que


cobravam as didracmas, e lhe perguntaram: O vosso mestre não paga
as didracmas?

Disse ele: Sim. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou,


perguntando: Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra
imposto ou tributo? dos seus filhos, ou dos alheios?

Quando ele respondeu: Dos alheios, disse-lhe Jesus: Logo, são


isentos os filhos.

Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, tira
o primeiro peixe que subir e, abrindo-lhe a boca, encontrarás um
estáter; toma-o, e dá-lho por mim e por ti.”

Quando foi cobrado imposto para Pedro e Jesus, o Senhor mandou


Pedro buscá-lo na boca de um peixe. Por que não pedir que
pagassem com o dízimo dos que O seguiam? É sabido que haviam
ricos seguidores ou simpatizantes de Jesus.

27/41
Na comunhão inicial

É notório que no início do cristianismo, houve uma euforia muito


grande, com relação aos bens terrestres, que durou pouco tempo,
pois, no período posterior, como no caso de Paulo, verificamos que
este comportamento mudou. Destaco que no trecho bíblico que
veremos abaixo, o que tornava a oferta válida, mesmo de cem por
cento, era a voluntariedade e não a obrigação. Dois dos ofertantes
foram mortos porque mentiram ao Espírito Santo, sendo que Pedro
deixa bem claro que tudo o que tinham estavam no seu poder e que
poderiam ter permanecido com eles. O que os tornou repugnáveis foi
a mentira que expunham para a comunidade cristã da época, dizendo
que estavam fazendo uma coisa, aos olhos humanos, e que na
realidade era uma mentira. Seria lícito para Ananias reivindicar a lei,
dizendo que a obrigação era do dízimo e não o total. O amor, refletido
na voluntariedade, era a lei que deveria estar nos corações das
pessoas. Confira o texto:

At 4: 32 a 37

“Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma, e


ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas
todas as coisas lhes eram comuns.

Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição


do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.

Pois não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que
possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que
vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos.

E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade.

Então José, cognominado pelos apóstolos Barnabé (que quer dizer,


filho de consolação), levita, natural de Chipre, possuindo um campo,
vendeu-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.”

At 5: 1 a 11 – “Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira,


sua mulher, vendeu uma propriedade, e reteve parte do preço,

28/41
sabendo-o também sua mulher; e levando a outra parte, a depositou
aos pés dos apóstolos.

Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração,
para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do
terreno?

Enquanto o possuías, não era teu? e vendido, não estava o preço


em teu poder? Como, pois, formaste este desígnio em teu coração?
Não mentiste aos homens, mas a Deus.

E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E grande temor


veio sobre todos os que souberam disto.

Levantando-se os moços, cobriram-no e, transportando-o para fora, o


sepultaram.

Depois de um intervalo de cerca de três horas, entrou também sua


mulher, não sabendo o que havia acontecido.

E perguntou-lhe Pedro: Dize-me vendestes por tanto aquele terreno?


E ela respondeu: Sim, por tanto.

Então Pedro lhe disse: Por que é que combinastes entre vós provar o
Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu
marido, e te levarão também a ti.

Imediatamente ela caiu aos pés dele e expirou. E entrando os moços,


acharam-na morta e, levando-a para fora, sepultaram-na ao lado do
marido.

Sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos os que ouviram estas


coisas.” (grifo nosso)

Interessante verificar no texto que, em relação aos crentes, havia um


só coração e uma só alma. Neste contexto, todos estavam voltados a
doar o que tinham para repartir com os que não tinham. Quando Pedro
se deparou com a situação de Ananias e Safira, ele foi bem claro que
eles poderiam reter tudo o que tinham e não dar nada. Este ponto é
bem claro e define o conceito de voluntariedade. O que realmente se

29/41
tornou terrível, para os mesmos, foi o fato de quererem enganar o
Espírito Santo. Eles queriam passar uma mensagem falsa para os
irmãos e estavam enganando a Deus. O Senhor quer um coração
sincero e transparente, mesmo porque, não tem como enganá-Lo.
Verificamos que Pedro nem cita a lei referente aos dízimos e que as
pessoas não tomaram esta postura, que na verdade, era muito comum
para o judeu. Eles poderiam alegar que a lei pedia os dízimos e não
tudo o que possuíam.

Paulo e as viúvas

I Tm 5:3

“Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas;

Mas, se alguma viúva tiver filhos, ou netos, aprendam primeiro a


exercer piedade para com a sua própria família, e a recompensar os
seus pais, porque isto é bom e agradável diante de Deus.

Ora a que é verdadeiramente viúva e desamparada espera em Deus,


e persevera de noite e de dia em rogos e orações;

Mas a que vive em deleites, vivendo, está morta.

Manda, pois, estas coisas, para que elas sejam irrepreensíveis.

Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da


sua família, negou a fé e é pior do que o infiel.

Nunca seja inscrita viúva com menos de sessenta anos, e só a que


tenha sido mulher de um só marido;

Tendo testemunho de boas obras: se criou os filhos, se exercitou


hospitalidade, se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se
praticou toda a boa obra.

30/41
Mas não admitas as viúvas mais novas, porque, quando se tornam
levianas contra Cristo, querem casar-se;”

Paulo, como sempre, estabelece o conceito para amparo das viúvas.


Especifica quais devem ser ajudadas e qual o procedimento para com
as demais.

Apesar de na antiga lei dos dízimos, todas as viúvas estarem


incluídas, para se alimentarem dos mesmos, juntamente com os
órfãos, levitas e estrangeiros; dentro da Graça, as mesmas foram
diferenciadas e só podiam ser inscritas as que estivessem dentro do
novo conceito estabelecido pelo Espírito, através do irmão Paulo.
Nem se fala sobre os dízimos que eram repartidos com as viúvas.
Paulo não perdia as oportunidades para ratificar ou estabelecer
princípios.

Paulo diversas vezes comenta sobre as contribuições para os


pobres

Paulo foi escolhido por Jesus, dentre outros, para pregar o evangelho
aos gentios, estabelecendo a doutrina para a igreja que estava
surgindo. Das cartas paulinas, muitos princípios foram estabelecidos
para o corpo de Cristo aqui na terra. Várias oportunidades, abaixo
citadas, esteve diante de Paulo para relacionar a prática, estabelecida
no antigo testamento, dos dízimos com as ofertas no novo testamento.
Simplesmente nem foi citado, contudo o princípio de ofertar de acordo
com as posses e de coração está bem claro no novo testamento.
Vamos a mais este aspecto do conceito de ofertar, que ajuda-nos a
formar o princípio da coleta aos domingos:

Atos 11:27 a 30

“Naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para Antioquia; e


levantando-se um deles, de nome Ágabo, dava a entender pelo
Espírito, que haveria uma grande fome por todo o mundo, a qual
ocorreu no tempo de Cláudio.

E os discípulos resolveram mandar, cada um conforme suas posses,


socorro aos irmãos que habitavam na Judéia; o que eles com efeito

31/41
fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e Saulo.” (grifo
nosso)

Rm 15:26 e 27

“Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia levantar uma oferta


fraternal para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém.
Isto pois lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles.
Porque, se os gentios foram participantes das bênçãos espirituais dos
judeus, devem também servir a estes com as materiais.” (grifo nosso)

I Co 16:1 a 3

“Ora, quanto à coleta para os santos fazei vós também o mesmo que
ordenei às igrejas da Galiléia.

No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que


puder, conforme tiver prosperado, guardando-o, para que se não
façam coletas quando eu chegar.

E, quando tiver chegado, mandarei os que por carta aprovardes para


levar a vossa dádiva a Jerusalém;”

Paulo não cita nada a respeito dos dízimos para a coleta aos
domingos. Como doutrinador da nova igreja gentílica, Paulo não
deixaria de ratificar um procedimento que deveria ser observado,
principalmente porque foi alvo de severa repreensão de Deus, no
antigo testamento (Ml 3:8).

Existe a necessidade da manutenção daqueles que nos presidem


(pastores e auxiliares). Na carta de Paulo para os irmãos em
Corinto, ele registra:

I Co 9:14 – “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o


evangelho, que vivam do evangelho.”

A Palavra do Senhor é clara com relação a este assunto. Paulo


mostrou um caminho melhor no entendimento dele. Ele procurou não
ser pesado para os irmãos e trabalhou para se sustentar, apesar de

32/41
deixar claro que já havia recebido auxílio de outras igrejas – At 18:1 a
4 – “Depois disto Paulo partiu para Atenas e chegou a Corinto.

E encontrando um judeu por nome Áqüila, natural do Ponto, que


pouco antes viera da Itália, e Priscila, sua mulher (porque Cláudio
tinha decretado que todos os judeus saíssem de Roma), foi ter com
eles, e, por ser do mesmo ofício, com eles morava, e juntos
trabalhavam; pois eram, por ofício, fabricantes de tendas.

Ele discutia todos os sábados na sinagoga, e persuadia a judeus e


gregos.”; At 20:33 a 35 – “De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem
vestes. Vós mesmos sabeis que estas mãos proveram as minhas
necessidades e as dos que estavam comigo. Em tudo vos dei o
exemplo de que assim trabalhando, é necessário socorrer os
enfermos, recordando as palavras do Senhor Jesus, porquanto ele
mesmo disse: Coisa mais bem-aventurada é dar do que receber.”;

I Co 9:13 a 15 – “Não sabeis vós que os que administram o que é


sagrado comem do que é do templo? E que os que servem ao altar,
participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que
anunciam o evangelho, que vivam do evangelho. Mas eu de nenhuma
destas coisas tenho usado. Nem escrevo isto para que assim se faça
comigo; porque melhor me fora morrer, do que alguém fazer vã esta
minha glória.”;

II Co 11:8 e 9 – “Outras igrejas despojei, recebendo delas salário, para


vos servir; e quando estava presente convosco, e tinha necessidade,
a ninguém fui pesado; porque os irmãos, quando vieram da
Macedônia, supriram a minha necessidade; e em tudo me guardei, e
ainda me guardarei, de vos ser pesado;

II Co 12:13 e 14, 16 – “Pois, em que fostes feitos inferiores às outras


igrejas, a não ser nisto, que eu mesmo vos não fui pesado? Perdoai-
me esta injustiça. Eis que pela terceira vez estou pronto a ir ter
convosco, e não vos serei pesado, porque não busco o que é vosso,
mas sim a vós; pois não são os filhos que devem entesourar para os
pais, mas os pais para os filhos.”.........

Mas seja assim; eu não vos fui pesado; mas, sendo astuto, vos tomei
com dolo”;

33/41
I Ts 2:5 a 7,9 - “Pois, nunca usamos de palavras lisonjeiras, como
sabeis, nem agimos com intuitos gananciosos. Deus é testemunha,
nem buscamos glória de homens, quer de vós, quer de outros, embora
pudéssemos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados; antes nos
apresentamos brandos entre vós, qual ama que acaricia seus próprios
filhos.”

“Porque vos lembrais, irmãos, do nosso labor e fadiga; pois,


trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós,
vos pregamos o evangelho de Deus.”;

II Ts 3:7 e 8 – “Porque vós mesmos sabeis como deveis imitar-


nos, pois que não nos portamos desordenadamente entre vós, nem
comemos de graça o pão de ninguém, antes com labor e fadiga
trabalhávamos noite e dia para não sermos pesados a nenhum de
vós.” (grifo nosso)

Paulo, como um zeloso israelita, sabia, muito bem, que os dízimos


eram dados para a manutenção da obra de Deus e não citou, em
momento algum, a necessidade de cobrá-los para sustentar aqueles
que estavam trabalhando pelo evangelho. Outra mudança, que cabe
registrar, foi que a partir de Jesus, a função de pregar,sobre o Reino
de Deus, já não cabia mais, exclusivamente, aos levitas. Esta fase da
lei acabou quando Deus deixou de habitar no templo e passou a
habitar nos nossos corpos. Se fosse lei, certamente, Paulo, zeloso
que era na doutrina, teria exigido. Ele não teria deixado passar esta
orientação e sim teria ratificado e obrigado aos seus discípulos a
crumprirem o determinado. Paulo ratifica o Amor para com Deus e o
próximo, o cuidado com os pobres, viúvas, a disciplina nos cultos, e
muitos outros ensinamentos. Não foi negligente e nem perdeu as
oportunidades. Foi, orientado pelo Espírito, o responsável por
disciplinar as ofertas, conforme o Amor e a determinação do
contentamento (tendo o sustento e com que se cobrir). Não deixa
dúvidas sobre isso.

Segundo estudos, a igreja recomeçou com os dízimos, por volta de


779 D.C. e esse fato, por se tornar tradição, não pode nos
escravizar, conforme Paulo no orienta em Cl 2:8 – “Tendo cuidado
para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs

34/41
sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos
do mundo, e não segundo Cristo;” (grifo nosso)

Pelos documentos existentes da igreja primitiva (didaquê, espístolas


e outros) e que não são canônicos, verificamos a ausência da prática
dos dízimos, o que não poderia ser diferente.

Não siga tradição e sim a Jesus. Vamos falar mais seriamente sobre
isso no próximo capítulo.

35/41
Capítulo V

Porque perdurou por tanto tempo este paradigma

Sempre que lidamos com dinheiro, lidamos com poder e este acaba
controlando o homem. Existe a questão dos que não conhecem, com
a profundidade necessária, o assunto e acaba seguindo a tradição.
Para estes, seria bom refletir o que Paulo nos fala sobre este assunto
em Cl 2:8 - “Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por
meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens,
segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo;” (grifo
nosso).

Galileu passou por situação semelhante quando, no século XVII,


apresentou a teoria do heliocentrismo. Foi severamente criticado,
porque, tradicionalmente, “todos sabiam” que o sol é que girava em
torno da terra e se “podia ver” diariamente isso acontecer. É claro,
que, sem uma investigação mais profunda, não se podia contestar
a opinião da grande maioria. Graças a Deus, que dá entendimento
ao homem e não permite que o exercício da pesquisa cesse, pois
este, quebra paradigmas e distorções do conhecimento.

Gosto muito de uma estória que exemplifica bem o que vem


ocorrendo, em relação a este assunto, no decorrer dos anos:
“Lençóis sujos”

Um jovem casal compra uma casa e se muda. Durante o café da


manhã, a esposa verifica, olhando pela janela de vidro, a vizinha
pendurando lençóis brancos “sujos” para secar. Ela comenta com o
seu marido a respeito da atitude errada da vizinha e critica a sua
falta de higiene e senso de limpeza. O fato se repetiu e a esposa
fala, ao seu marido, que se a vizinha voltar a pendurar roupas sujas,
para secar, ela tomaria a iniciativa de ensiná-la a lavar roupa. Dias
depois, a jovem esposa observa que, finalmente, a vizinha aprendeu
a lavar roupa, pois estava pendurando os lençóis limpos. O marido
comenta com sua esposa que, pela manhã, pegou um balde com
água e sabão, um pano e limpou o vidro da janela. O problema não
era com as roupas e sim com a limpeza da janela.

36/41
Com esta estória, algumas verdades são extraídas:

1 – A pessoa fazia críticas, sem sair do seu lugar, ou seja, sem


pesquisar se não havia algo de errado entre ela e o que observava.
Ela poderia ter chegado mais perto da janela e, com certeza, iria
verificar que o vidro estava sujo, e

2 – Ela não buscou outros ângulos de observação. Poderia ter saído


do seu cômodo lugar, abrir a porta (pesquisar) e verificar do lado de
fora se o que via, de dentro da cozinha, correspondia com o que
estava vendo do lado de fora.

Por não sermos como os bereanos, citados por Paulo em At 17:11,


acabamos aceitando tudo o que vem, aos nossos ouvidos, sem
pesquisar.

Desafio a você, caro leitor, a não se aceitar as argumentações deste


estudo, sem antes verificar, na Palavra de Deus, se o que é dito aqui
está correto. Paulo elogiou este procedimento dos bereanos em
relação ao que ele pregava e concordo, plenamente com este
parecer do apóstolo.

37/41
Capítulo VI

Algo a se pensar

Os dízimos, como vimos acima, tinham propósitos claros e estava


relacionado com a promessa da prosperidade, conforme vemos em
Malaquias capítulo 3.

A teologia da prosperidade se aplicava corretamente nos conceitos do


antigo testamento, o que não ocorre no novo.

Imagine a seguinte, possível, situação:

Sem a promessa da prosperidade, que é do antigo testamento,


o dízimo representa desigualdade:

1- Um casal, sem filhos, que ganha R$8.000,00 por mês. Dar o


dízimo seria muito fácil.
2- Uma família constituída de um casal com quatros filhos, que
ganha R$ 2.000,00 por mês. Entregar o dízimo seria muito
penoso.

Aplicando o princípio de Paulo, inspirado por Deus, o casal número 1


deveria se contentar com o sustento e com o que se cobrir e o
restante seria para ofertar com o objetivo de ajudar.

O casal número 2 seriam levados a ofertar segundo o mesmo critério


do casal 1 e ofertaria conforme Deus lhe permite.

Nos dois casos, a oferta da fé não é descartada. Eles podem ir além e


depender apenas de Deus.

Existem testemunhos de pessoas que separavam o seu dízimo


quando ganhavam pouco e depois ficaram em uma situação melhor.
Isso é possível de acontecer e está mais ligado ao conceito de Fé do
que o da Prosperidade. A Palavra de Deus não se contradiz, como
verificamos na interpretação Sistemática, e sim, se completa. É uma
sequência natural da Lei para o Amor e da Prosperidade para o
Contentamento.

38/41
Capítulo VII

Conclusão

Deus estabeleceu um limite em que nós deveríamos estar satisfeitos


com os bens materiais. Logo, todo o mais deveria ser usado para
abençoar os irmãos que não têm o sustento e com que se cobrir. O
Senhor nos abençoa para que abençoemos os que não têm o sustento
citado, buscando uma igualdade (II Co 9:8 e II Co 8:12).

Se realmente, as igrejas querem seguir a doutrina dos dízimos,


deveriam seguir exatamente como no antigo testamento, o que
notoriamente não é feito. Os “levitas” não cumprem, por exemplo, o
terceiro ano de dízimos, quando há a distribuição dos mesmos com os
necessitados. As suas famílias deveriam se dedicar totalmente à obra
do Pai Celestial, não tendo herança nesta terra além do Senhor,
conforme estabelecido por Deus. Elas não poderiam ter outras
ocupações ou trabalhos que não fosse na casa de Deus. Por não ter
mais os sacrifícios, a necessidade de tantas pessoas acabou.

Lembre-se que a tribo de Levi, toda, tinha herança no Senhor. O


dízimo que é praticado hoje, não é o dízimo do Antigo Testamento e
sim uma adaptação, o que o torna inválido, pois não é o ordenado por
Deus e nem é o tipo de contribuição regulamentado no Novo
Testamento.

Existe um número grande de igrejas sérias, com pastores e irmãos


verdadeiramente comprometidos com Deus, que aplicam os recursos
de maneira honesta e sábia. Contudo, encontramos, também, outro
tanto de igrejas que vivem querendo aumentar patrimônios e seguir
com propósitos diferentes para as contribuições, tanto dos definidos
no Antigo como no Novo Testamento. Pastores ficando ricos e o povo
de Deus passando necessidade. O Senhor sempre esteve trabalhando
em favor dos pobres e veja quantas pessoas morrem, por dia, de
fome, no mundo. Não há, em determinadas igrejas, a preocupação de
prestar contas aos membros de como gastam os “dízimos adaptados”
e começam inúmeros outros investimentos com o dinheiro arrecadado,
divergindo da ordem estipulada por Deus referente aos mesmos.

39/41
Já repararam que não é dado a mesma ênfase para oração, vigílias,
jejuns, comunhão, louvor, adoração, evangelização, leitura da Palavra,
etc. Parece que há um fascínio especial pelo dinheiro dentro da igreja.
Pessoas projetam objetivos e vão atrás dos recursos. A forma bíblica
de aplicá-los é desvirtuado e sofismaticamente argumentam as suas
defesas e usam a Palavra de Deus para atingir os seus alvos.

Por fim, resta a contribuição recheada pelo Amor

Se você crê, tem fé, que o “dízimo adaptado” abençoa sua vida,
amém.

Se você crê que tem que dar 90% do que você ganha para a obra do
Senhor, amém.

Se você crê que deve dar conforme o que se propôs o seu coração,
amém.

A tranquilidade do servo de Deus está na certeza de que, o que não


estiver de acordo com a vontade do Pai, o Espírito Santo de Deus irá
convencê-lo (Ele nos convence do pecado, da justiça e do juízo.).
Tire o peso que muitos tentam colocar sobre os seus ombros. Não
adianta ofertar sem ser pelos princípios do Senhor. É perder tempo
com isso. Vivemos pela misericórdia do Senhor.

Lm 3:22-24
“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos;
porque as suas misericórdias não têm fim.

Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.

A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei


nele”

40/41
Tenha em mente que:

Deus ama aquele que dá com alegria, voluntariamente, com Amor e


não por obrigação. Uma lei é certa: Quanto mais você semear mais
ceifará. Esse ceifar não se limita a resultados na Terra e tem muita
relação com ajuntar tesouros no Céu. Deus nos abençoará mais, para
que possamos ter “ampla suficiência”, para aumentar (“superabundar”)
as nossas obras (desde que essas sejam motivadas pelo Amor, pois
sem este nada vale) e não com o objetivo simples de enriquecimento.

A diferença é a sua relação com o dinheiro. Se o dinheiro for um MEIO


de vida para você, o caminho está correto. Se o dinheiro for um FIM
para a sua vida, desenvolveu o amor ao mesmo e isso leva à
adoração a Mamom e avareza.

Tenho os recursos que Deus coloca nas suas mãos como MEIO de
vida para usufruir do mesmo e abençoar vidas; e não como FIM,
ajuntando o mesmo, sendo egoísta e avarento. A Palavra que
transforma o dinheiro de FIM para MEIO é o AMOR.

Roberto L. C. Albuquerque

41/41

You might also like