O resultado combinado das Esta notícia foi festivamente dinação aos grupos económicos e grandes manifestações que tiveram saudada no Bolsa de Lisboa, onde os financeiros.” lugar a 12 e 19 de Março – onde maiores bancos portugueses regis- Trata-se de uma análise centenas de milhar de trabalhadores e taram subidas da ordem de 5%: acertada, mas de onde não são de jovens saíram às ruas de Lisboa e apenas numa sessão ganharam 347 tiradas as devidas conclusões. De das principais cidades do nosso país – milhões de euros! O diário britânico facto, se a Dívida é o resultado da e da recusa da Direcção da CGTP em Finantial Times sintetizou esta “vitória” “submissão às imposições da União assinar o chamado “Pacto para a do sector financeiro com o eloquente Europeia”, não deveria ser feito um Competitividade e o Emprego”, título do seu editorial: Bancos 1 – apelo à ruptura com a União subscrito pelo Governo, pela maioria Portugal 0. Europeia? Jerónimo de Sousa não das Associações patronais e pela Este “Plano de resgate” terá propõe isso, mas sim “a renegociação Direcção da UGT, levou a que como “base inicial” o PEC 4, havendo imediata da actual dívida pública instâncias superiores da União vários dirigentes da União Europeia a portuguesa (…) para aliviar o Estado Europeia tivessem posto em dúvida a afirmar que ele terá que ser ainda do peso e do esforço do actual serviço capacidade do governo de Sócrates muito “mais duro”. Segundo o DN de 9 da dívida”, assim como “a intervenção para pôr em prática um novo Plano de de Abril, além de todos os ataques aos junto de outros países que enfrentam austeridade. salários, às pensões de aposentações problemas similares de dívida públicas Foi tudo isto que levou à rejeição e aos direitos sociais, este Plano inclui (…) procurando uma acção conver- do novo “Plano de Estabilidade e um ambicioso pacote de privatizações gente para travar a actual espiral Crescimento” (PEC 4), na Assembleia que ameaça 170 mil empregos. especulativa, a par da revisão dos da República, E duvidosos sobre a capacidade estatutos e objectivos do BCE…” Após a rejeição do PEC 4, das diferentes forças políticas, em Poderia esta “revisão” converter o lobo Cavaco Silva dissolveu a Assembleia Portugal, se afrontarem à resistência do capital financeiro no guardião dos da República e convocou eleições dos trabalhadores e das populações cordeiros? legislativas antecipadas para o para pôr em prática este Plano Pelo seu lado, o dirigente do BE próximo dia 5 de Junho. esmagador, fazem chantagem dizen- Francisco Louçã – que pretende Mas a dúvida das instâncias do do que todos os partidos se têm que representar a IVª Internacional em grande capital permanece. É ela que concertar para o aplicar… mesmo Portugal e que não menciona uma determinou que os banqueiros portu- antes das próximas eleições. única vez a responsabilidade da União gueses, sob orientação do Banco É colocando-se no terreno desta Europeia na crise em que Portugal Central Europeu (BCE), tivessem chantagem que um conjunto de 47 está mergulhado – declarou anunciado que deixavam de comprar “personalidades de todos os quadran- “necessitamos que haja uma resposta as Obrigações da Dívida pública do tes políticos” defende a existência de de um Governo que, governando à Estado português, precipitando a um Governo de união nacional. esquerda, consiga controlar as contas “vinda do FMI”. Esta pressão foi e as finanças públicas (…), tomando confirmada pelo Presidente da Reforma do Banco Central Europeu as decisões de que a democracia Associação Portuguesa de Bancos, ou nacionalização dos bancos? necessita para corrigir o défice António de Sousa, ao dizer que o BCE orçamental” e que aplique um “plano deu “instruções claras” aos bancos E, perante esta situação, o que de emergência” que responda aos portugueses para que reduzissem a dizem os partidos que se posicionam “ataques” das agências de notação, o sua sobre-exposição à Dívida pública. “à esquerda”? que passaria por um pedido de Jerónimo de Sousa, Secretário- empréstimo a curto prazo ao BCE, Bancos 1 – Portugal 0 Geral do PCP, denuncia justamente “desligado das condições do FMI”. “uma dívida pública e privada (…) que Para Louçã, tal como para a No dia seguinte a estas tomadas assume hoje uma dimensão colossal Comissão Europeia, o problema de de posição, Sócrates anunciou que e que é inseparável de um processo Portugal é o défice orçamental e os Portugal iria entregar à Comissão de desindustrialização, de abandono “desequilíbrios” das contas públicas, e Europeia um “plano de resgate”, a da produção nacional, das o BCE – que, segundo a Banca exemplo do que fizeram a Grécia e a privatizações, da submissão às portuguesa, lhe deu “instruções claras” Irlanda. Anuncia-se que a verba a imposições da União Europeia e do para que comprasse dívida do Estado pedir ronda os 80 mil milhões de grande capital nacional e estrangeiro. – teria que ser a salvação dos euros. Também Jean-Claude Trichet – Uma dívida que não é o resultado de trabalhadores portugueses. E nem o Presidente do BCE – reconheceu um povo que «vive acima das suas sequer é necessário “reformá-lo”, que incitou o governo de Sócrates a possibilidades», mas sim de um como propõe o PCP. pedir o resgate. processo de aprofundamento da A posição de Louçã – que, em dependência externa e da subor- conjunto, com o “anti-capitalistas” da França e da Espanha – é um membro zações tem um conteúdo preciso: Será a continuidade desse destacado do Secretariado Unificado ruptura com a União Europeia, movimento de resistência organizada, da IVª Internacional (grupo que soberania da Assembleia da Repú- expresso nas grandes manifestações pretende tapar a sua política com a blica, independência das organizações de 12 e 19 de Março, que poderá bandeira do “trotsquismo”) é a melhor dos trabalhadores, ruptura com a impor uma Assembleia da República resposta a quem, ingenuamente, fala “concertação social”, base sobre a constituída por homens e mulheres de “unidade dos trotsquistas”. O qual se poderá realizar a unidade para livres, libertas da tutela dos tratados POUS nada tem em comum com a satisfação das reivindicações. que fundam a União Europeia – do semelhantes “trotsquistas”, partidários Tratado de Maastricht ao Tratado de da União Europeia e do seu Banco Então, como agir no terreno Lisboa. Central. eleitoral? (…) O POUS, cujos interesses O POUS combate para abrir a via não são distintos dos do conjunto da à construção da união livre de nações O POUS – ao tomar a iniciativa classe trabalhadora, combaterá pois soberanas de toda a Europa. E de apresentar candidaturas nas nestas eleições para ajudar a considera que qualquer perspectiva de próximas eleições legislativas, embora desenvolver a luta organizada por “reforma” das instituições da União considere que não existe saída política estes objectivos. Europeia só levará a um impasse. numa Assembleia da República Assim, no terreno deste combate Todos os pretensos “revolucio- subordinada a Bruxelas – tem como democrático, o POUS decide colocar a nários anti-capitalistas” param as suas objectivo ajudar o movimento de sua sigla, de partido legalmente “soluções” à porta da propriedade resistência dos trabalhadores e das constituído, ao serviço de todos os privada. Que solução realista poderá populações a estes ataques, e colocar militantes e trabalhadores que ser tomada, em relação às operações como questões centrais o combate quiserem intervir no terreno das especulativas, senão a nacionalização para a soberania da Assembleia da eleições para afirmar, de forma clara, dos bancos sem indemnização, a República, a ruptura com os tratados as aspirações contidas nas mobiliza- construção de uma Banca pública sob da União Europeia, o apoio à ções de jovens e de trabalhadores, em o controlo do Estado, escorada numa organização independente da classe múltiplos momen-tos, rejeitando as Assembleia da República soberana? operária e a continuação do combate medidas dos governos subordinados à A revolução de Abril já respondeu a contra a “concertação social”. União Europeia. esta questão e foram os trabalhadores É por isso que, na base da nossa O POUS convida todas as que o impuseram com a constituição Plataforma política de candidatura, é organizações, que se reclamam da das suas CTs e a ocupação dos dito: «O POUS não pode deixar de defesa dos trabalhadores, a assu- bancos, a retirada do segredo estar de acordo com todos aqueles mirem a mesma posição, para que, bancário, etc. que afirmam que Portugal não poderá neste país, se abra um novo caminho, levantar-se da terrível situação em que reatando com tudo o que de positivo a Unidade dos trabalhadores e das se encontra sem romper com as revolução do 25 de Abril construiu. suas organizações ou “unidade da políticas impostas pela União O POUS apoia incondicio- esquerda”? Europeia. A saída positiva para o nalmente todos os que se colocarem nosso país, para garantir um futuro de neste terreno. Por isso, apoia a Assim a “unidade da esquerda”, desenvolvimento, de paz e de iniciativa da Comissão pela Proibição apadrinhada pelo PCP e pelo BE, democracia só pode ser aberta pelo dos Despedimentos de realização de coloca-se inteiramente no quadro da movimento organizado de todos os um Plenário Nacional de Comissões submissão da Assembleia da sectores da população trabalhadora, de Trabalhadores, de Comissões de República aos ditames da União em conjunto com as suas organi- Defesa dos Serviços de Saúde, de Europeia e, ainda por cima, com uma zações. Comissões de Defesa da Escola política de hostilização em relação ao Pública e de Comissões de Utentes PS, sob a palavra de ordem A decisão da CGTP, ao recusar dos Serviços Públicos.» “PS=PSD”, ajudando Sócrates e o assinar o “Pacto para a Compe- aparelho do PS a cerrar fileiras para titividade e o Emprego”, cons-titui um Sobre esta base política, fazer obstáculo a que se constitua apelo à organização da resistência e construamos em conjunto as qualquer oposição no interior do PS. da mobilização dos trabalhadores e listas impulsionadas pelo POUS O combate para a unidade dos das populações. para as próximas legislativas. trabalhadores e das suas organi-
REUNIÃO DE DEBATE
A actualidade do nosso 25 de Abril, à luz da revolução que está a ter lugar na Tunísia
6ª f, 15 de Abril, às 21 h, na Sede do POUS (ver esquema em anexo)
POUS Página na Internet: http://pous4.no.sapo.pt E-mail: pous4@sapo.pt