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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
PROJETO DE GRADUAÇÃO

ESTUDO SOBRE ELABORAÇÃO DE PROJETO ELÉTRICO


RESIDENCIAL PREDIAL.

RENATO BERTOLDI SIMÕES

VITÓRIA - ES
Agosto/2008
RENATO BERTOLDI SIMÕES

ESTUDO SOBRE ELABORAÇÃO DE PROJETO ELÉTRICO


RESIDENCIAL PREDIAL.

Parte manuscrita do Projeto de


Graduação do aluno Renato Bertoldi
Simões, apresentado ao Departamento
de Engenharia Elétrica do Centro
Tecnológico da Universidade Federal do
Espírito Santo, para obtenção do grau de
Engenheiro Eletricista.

VITÓRIA – ES
Agosto/2008
RENATO BERTOLDI SIMÕES

ESTUDO SOBRE ELABORAÇÃO DE PROJETO ELÉTRICO


RESIDENCIAL PREDIAL.

COMISSÃO EXAMINADORA:

Prof. Wilson Correia Pinto de Aragão Filho.


Orientador

Prof. Getúlio Vargas Loureiro


Examinador

Prof. Carlos Caiado Barbosa Zago


Examinador

Vitória - ES, Agosto de 2008.


DEDICATÓRIA

Ao meu pai, Alcemy do Bom Jesus Simões, e a


minha mãe, Anacir Maria Bertoldi Simões, que se não
fosse por eles, eu não teria conseguido terminar esse
curso de Engenharia Elétrica. Meus familiares e a todos
os meus amigos da Engenharia que dividimos as alegrias
e tristezas, em especial a Jelbener Vinícios dos Santos
Azeredo, Johnny Sperandio, Thiago Negrelli e Thiago
Zambom.

i
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me deu força para terminar esse difícil
curso.
Agradeço aos meus pais, Alcemy do Bom Jesus Simões e a Anacir Maria
Bertoldi Simões, pelo apoio e compreensão em todos esses anos de estudos.
Agradeço a Mauro Sergio Suaid Santos e Fernanda Juni Santos, pela
oportunidade de aprendizado e de crescimento na Powertech Engenharia, onde
aprendi muito sobre projeto, que me ajudou a terminar este trabalho.
A Prof. Wilson Correia Pinto de Aragão Filho, pela orientação.
A todas as pessoas que contribuíram para que esse trabalho fosse
realizado.

ii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Diagrama de Receita de Projetos .............................................................. 7


Figura 2– Lista de Circuitos dos apartamentos tipo .................................................. 13
Figura 3- Lista de Circuitos do condomínio ............................................................... 15
Figura 4 – Circuito Equivalente de uma falta de impedância desprezível ................. 37
Figura 5 – Esquema TN-S ......................................................................................... 38
Figura 6 – Esquema TN-C......................................................................................... 38
Figura 7– Vista Frontal do QM 1 ............................................................................... 52
Figura 8 – Vista Frontal do QM 2 .............................................................................. 53
Figura 9 – Lista de Material das Vistas Frontais........................................................ 53
Figura 10 – Detalhe das Barras................................................................................. 54
Figura 11 – Vista Interna do QM1 ............................................................................. 55
Figura 12 – Vista Interna do QM2 ............................................................................. 55
Figura 13 – Lista de Material das Vistas Internas...................................................... 56
Figura 14 – Vista Frontal do QGBT ........................................................................... 56
Figura 15 – Vista Interna do QGBT ........................................................................... 57
Figura 16 – Identificação dos Materiais ..................................................................... 58
Figura 17 – Vista Frontal MS ..................................................................................... 58
Figura 18 – Exemplo de Planta Baixa de Subestação .............................................. 59
Figura 19 – Detalhes Construtivos da Janela da Subestação ................................... 60
Figura 20– Detalhe 2 ................................................................................................. 60
Figura 21 – Desenho 31 da NOR-TEC-01 ................................................................ 61
Figura 22 – Desenho 32 da NOR-TEC-01 ................................................................ 62
Figura 23 – Desenho 29 da NOR-TEC-01 ................................................................ 63
Figura 24 – Desenho 12 da NOR-TEC-01 ................................................................ 66
Figura 25– Lista de Material do Desenho 12 da NOR-TEC-01 ................................. 67
Figura 26 – Blocos terminais ..................................................................................... 71
Figura 27 – Exemplo de uma Caixa de Distribuição no andar................................... 73
Figura 28 – Poço de Elevação .................................................................................. 75
Figura 29 – Tubulação Convencional ........................................................................ 76
Figura 30 – Bloco terminal fixado diretamente à prancha de madeira ...................... 79
Figura 31 – Bloco terminal suportado por canaleta ................................................... 79

iii
Figura 32 – Detalhe de Bloco Terminal ..................................................................... 80
Figura 33– Caixa de Distribuição .............................................................................. 81
Figura 34 – Anéis Guia .............................................................................................. 81
Figura 35 – Foto Caixa de Distribuição ..................................................................... 82
Figura 36 – Foto Bloco Terminal dentro da Caixa de Distribuição ............................ 82
Figura 37– Exemplo de Distribuidor Geral (DG) ........................................................ 83
Figura 38 – Representação da Terminação dos cabos no caso a. ........................... 84
Figura 39 - Representação da Terminação dos cabos no caso b. ............................ 85
Figura 40 - Representação da Terminação dos cabos no caso c. ............................ 85
Figura 41 – Sistema Geral......................................................................................... 89
Figura 42 – Exemplo de organização com o cabeamento estruturado ..................... 91
Figura 43 – Sistema de automação integrado ........................................................... 92
Figura 44 – Cabo RG-6 ............................................................................................. 93
Figura 45 – Desenho Cabo RG-6 .............................................................................. 93
Figura 46 – Cabo Par-Trançado Categoria 5 ............................................................ 94
Figura 47– Esquema Demonstrativo do Cabeamento Estruturado ........................... 94
Figura 48 – Patch Painel em um painel de distribuição ............................................. 95
Figura 49 – Painel de distribuição ............................................................................. 95
Figura 50 – Ambiente com controle de luminosidade................................................ 96
Figura 51 - Simples acionador de lâmpada ao cair do sol, com controle automático
e manual ................................................................................................................... 97
Figura 52 – Esquemático de um dimer ...................................................................... 98
Figura 53 – Exemplo de Sensor de Umidade do Solo. ............................................ 100
Figura 54 – Ilustração do Sensor de Umidade no terreno. ...................................... 100
Figura 55– Diagrama de Entradas e Saídas em um Sistema Integrado ................. 102
Figura 56 – Módulo de Controle .............................................................................. 103
Figura 57 – Diagrama da instalação dos componentes .......................................... 104
Figura 58- Instalação Centralizada.......................................................................... 105
Figura 59 – Instalação Descentralizada .................................................................. 105
Figura 60 – Lista de Circuitos de um Quadro no Excel. .......................................... 108
Figura 61 - Dimensionamento de disjuntores e alimentadores pelo Excel .............. 109

iv
LISTA DE QUADROS

Quadro 1– Categorias de Fornecimento. [NOR-TEC-01] ............................................ 3


Quadro 2– Restrições para as Categorias de Fornecimento ...................................... 4
Quadro 3- Receita de Projetos .................................................................................... 6
Quadro 4- Previsão de número de pontos e de carga para iluminação. [NBR-5410] .. 8
Quadro 5– Previsão de número de pontos e de carga para tomadas. [NBR-5410] .... 9
Quadro 6 – Exigências para a Divisão da Instalação [NBR-5410] ............................ 10
Quadro 7– Quadro de cargas dos apartamentos ...................................................... 14
Quadro 8– Quadro de cargas do condomínio. .......................................................... 16
Quadro 9 – Quadro de Cargas Total da Instalação ................................................... 17
Quadro 10– Demanda Aplicada nos Quadros de Medidores .................................... 18
Quadro 11– Demanda Aplicada no Medidor de Serviço. .......................................... 21
Quadro 12– Categoria de Fornecimento das Unidades Consumidoras .................... 22
Quadro 13 - Caixas para medidores e disjuntores .................................................... 24
Quadro 14- Esquema de distribuição ........................................................................ 29
Quadro 15 – Tempos de seccionamento máximos ................................................... 38
Quadro 16– Temperaturas características dos condutores ....................................... 43
Quadro 17– Suportabilidade a impulso exigível dos componentes da instalação ..... 44
Quadro 18– Quadro de Carga do QM1 ..................................................................... 48
Quadro 19– Dimensionamento dos apartamentos e do QM1 ................................... 48
Quadro 20 - Quadro de Carga do QM2 ..................................................................... 49
Quadro 21– Dimensionamento dos apartamentos e do QM2 ................................... 49
Quadro 22 - Quadro de Carga do Condomínio ......................................................... 50
Quadro 23– Dimensionamento condomínio .............................................................. 50
Quadro 24– Tabela 8 da NOR-TEC-01 (ELOS FUSÍVEIS PRIMÁRIOS) .................. 64
Quadro 25 - Tabela 9 da NOR-TEC-01 (Dimensionamento de Postes) .................... 68
Quadro 26 – Quantificação de Pontos Telefônicos ................................................... 74
Quadro 27 – Raios mínimos de Curvatura do cabo CI .............................................. 85
Quadro 28 - Relação cabo (mm2) e corrente (A) .................................................... 108
Quadro 29 - Cálculo da parcela de demanda de um apartamento em função da área
útil. ........................................................................................................................... 112

v
Quadro 30 - Diversificação em função da quantidade de apartamentos ................. 113
Quadro 31 - Determinação da potência em função da quantidade de motores ...... 114
Quadro 32 - Competência das pessoas .................................................................. 115
Quadro 33 – Resistência Elétrica do corpo humano ............................................... 116
Quadro 34 – Contato das pessoas com o potencial da terra .................................. 116
Quadro 35 – Situações 1, 2 e 3 ............................................................................... 117

vi
GLOSSÁRIO

CATV – Canal Aberto de TV.


CI – Cabo telefônico para instalações internas. São constituídos por condutores de
cobre estanhado, isolados em PVC. São indicados para uso interno em centrais
telefônicas e demais edificações.
CCI – Cabo telefônico para uso interno. São indicados para uso interno em centrais
telefônicas e demais edificações.
CODI - Comitê de Distribuição de Energia Elétrica.
CFTV – Canal Fechado de TV.
CT-APL – Cabo Telefônico com isolamento termoplástico sólido indicado
preferencialmente para instalações subterrâneas em dutos. Usados
preferencialmente redes telefônicas com cabo secundário e distribuição de
assinantes.
CTP-APL-G - Cabo Telefônico com isolamento termoplástico expandido usados
preferencialmente em redes telefônicas externas analógicas e/ ou digitais.
DG – Distribuidor Geral do projeto Telefônico.
DPS – Dispositivo de Proteção contra Surto.
DR – Dispositivo de proteção a corrente Diferencial-Residual.
ESCELSA – Concessionária de Energia do Espírito Santo – Espírito Santo Centrais
Elétricas S.A.
FDG – Cabos de cobre para instalações telefônicas.
QDL – Quadro de Luz.
QFLS – Quadro de força e Luz de Serviço.
QGBT – Quadro Geral de Baixa Tensão.
QL EMERGÊNCIA - Quadro de Luz de Emergência.
QLE – Quadro de Luz dos elevadores.
QLS – Quadro de Luz de Serviço.
QM – Quadro de Medidores.
MS – Medidor de Serviço.
NOR-TEC-01 – Norma Técnica da ESCELSA – Fornecimento de Energia Elétrica em
Tensões Secundária e Primária 15 Kv.

vii
PELV (do ingles “Protected extra-low voltage”) – Sistema de extrabaixa tensão que
não é eletricamente separado da terra, mas que preenche, de modo equivalente,
todos os requisitos de um SELV.
SELV ( do inglês “Separated extra-low voltage”) – Sistema de extrabaixa tensão que
é eletricamente separado da terra, de outros sistemas e de tal modo que a
ocorrência de uma única falta não resulta em risco de choque elétrico.
SPDA - Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas.
UC – Unidade Consumidora.

viii
SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ........................................................................................................... I
AGRADECIMENTOS ................................................................................................ II
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ III
LISTA DE QUADROS .............................................................................................. V
GLOSSÁRIO .......................................................................................................... VII
SUMÁRIO ................................................................................................................ IX
RESUMO .................................................................................................................... I
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 2
1.1. Motivação ............................................................................................. 2
1.2. Definição dos projetos .......................................................................... 2
1.3. Definição das Unidades Consumidoras ................................................ 3
2. RECEITA DE PROJETOS .................................................................................... 5
3. SEQÜÊNCIA DE PROJETOS .............................................................................. 8
3.1. Engenharia Básica ................................................................................ 8
3.1.1. Cálculo de Carga e Divisão de Circuitos nas Instalações. .................... 8
3.1.2. Demanda da Instalação ...................................................................... 16
3.1.3. Categoria de cada Unidade Consumidora .......................................... 22
3.1.4. Câmara de transformação, Barramento Geral e dos medidores ........ 22
3.2. Planta Baixa das Instalações Elétricas internas das unidades
consumidoras ...................................................................................................... 26
3.2.1. Princípios fundamentais ...................................................................... 26
3.2.2. Características gerais ......................................................................... 29
3.2.3. Segurança da instalação elétrica das unidades consumidoras .......... 33
3.2.4. Projeto da instalação elétrica dos apartamentos ................................ 40
3.2.5. Projeto da instalação elétrica do condomínio ..................................... 41
3.3. Trifilares dos quadros de distribuição ................................................. 41
3.3.1. Proteção contra sobrecorrentes .......................................................... 41
3.3.2. Proteção contra sobretensões e perturbações eletromagnéticas. ...... 43
3.3.3. Proteção contra quedas e faltas de tensão ......................................... 45
3.3.4. Proteção adicional contra choques elétricos ....................................... 46
3.4. Quadro de Carga da instalação .......................................................... 47

ix
3.5. Unifilar Geral da instalação ................................................................. 50
3.6. Planta Baixa da Alimentação das Unidades Consumidoras ............... 51
3.6.1. Planta de alimentadores dos quadros dos apartamentos. .................. 51
3.6.2. Planta de alimentadores dos quadros do condomínio e a malha de
terra da instalação............................................................................................... 51
3.7. Esquema Vertical da instalação elétrica. ............................................ 51
3.8. Planta de situação do edifício. ............................................................ 51
3.9. Vista de Medidores ............................................................................. 52
3.10. Quadro Geral de Baixa Tensão (QGBT) e Medidor de Serviço (MS). 56
3.11. Projeto da Subestação. ....................................................................... 59
4. O PEDIDO DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA À ESCELSA ....... 68
5. PROJETO TELEFÔNICO ................................................................................... 70
5.1. Seqüência Básica para elaboração de projetos de redes telefônicas
em edifícios ......................................................................................................... 71
5.2. Projeto da Rede de Cabos Secundários ............................................. 73
5.3. Projeto da Rede de Cabos Primários.................................................. 74
5.4. Cabos de Entrada ............................................................................... 78
5.5. Blocos Terminais ................................................................................ 78
5.6. Disposição dos cabos e blocos terminais ........................................... 80
5.7. Comprimentos dos Cabos da Rede Interna ........................................ 84
5.8. Distribuição dos cabos da rede interna ............................................... 86
5.9. Desenho do projeto............................................................................. 86
6. ESTUDO SOBRE PROJETO DE AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL ..................... 88
6.1. Introdução ........................................................................................... 88
6.2. Projeto de Cabeamento Estruturado................................................... 90
6.3. Algumas Aplicações............................................................................ 96
6.4. Sistema de Integração ...................................................................... 102
7. TECNOLOGIA DE APOIO AO PROJETISTA .................................................. 106
7.1. Software para desenho ..................................................................... 106
7.2. Software para projetos ...................................................................... 107
7.3. Utilização do Excel para a Elaboração de Cálculos .......................... 107
CONCLUSÕES ..................................................................................................... 110
APÊNDICE A ........................................................................................................ 112

x
APÊNDICE B ........................................................................................................ 115
APÊNDICE C ........................................................................................................ 118
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 120

xi
RESUMO

Este trabalho visa a desenvolver um estudo sobre elaboração de um


projeto de instalações elétricas em edifícios residenciais. Este foi organizado
de maneira a seguir a ordem de execução real utilizada na Powertech
Engenharia para um projeto elétrico, procurando explicar cada uma de suas
etapas, e deixando sempre claro a importância da segurança no projeto.
Depois, foram estudados alguns critérios que devem ser observados
na elaboração de projetos de redes telefônicas em edifícios, com o objetivo de
dar ao leitor algumas noções básicas.
E por fim, foi feito um estudo sobre Automação Residencial com o
objetivo de mostrar ao leitor algumas tecnologias e a importância desse ramo
para um futuro bem próximo.
Este trabalho não visa a transformar o leitor em um projetista pronto
para trabalhar, mas ajudá-lo na sua preparação inicial.

i
2

1. INTRODUÇÃO

1.1. Motivação

Para se fazer um projeto elétrico não é suficiente ter o título de


Engenheiro Eletricista, mas sim ter experiência e confiança adquiridas com
anos de trabalho e com a supervisão de alguém mais experiente. Não basta
ter os conhecimentos técnicos adquiridos na faculdade, mas é necessário
também o conhecimento de normas regulamentadoras e ter a experiência
para encontrar sempre a melhor solução possível.
Este trabalho visa a ajudar quem está iniciando sua carreira como
Engenheiro Projetista. Ele fornecerá as informações principais que são
necessárias para se concluir um projeto elétrico residencial, e mostrará um
fluxograma com todos os passos a serem seguidos.
Este trabalho se propõe também a sugerir propostas de planilhas que
possam ser usadas durante a elaboração do projeto com intuito de facilitar os
cálculos necessários.

1.2. Definição dos projetos

Na elaboração de um projeto elétrico completo, precisa-se fornecer


informações para tudo que for relacionado à elétrica, e isso inclui além das
instalações elétricas, também o projeto telefônico, o projeto de cabeamento
estruturado, o projeto de automação e o projeto do Sistema de Proteção
contra Descargas Atmosféricas (SPDA).
Os projetos em geral são feitos em folhas A1 ou A0, e entregues aos
clientes em várias folhas diferentes com as plantas de cada pavimento, os
cálculos necessários, os trifilares, o esquema vertical da construção, as vistas
dos medidores e do Quadro Geral de Baixa Tensão (QGBT), e quando
houver, o projeto da subestação.
3

Com tantas informações, é preciso organização e uma seqüência


padronizada de projetos. Pelo menos no início, quando se estiver fazendo os
primeiros projetos, é importante seguir fielmente a receita de projetos. Só
começar um passo, quando tiver terminado completamente o anterior. Dessa
forma o projetista não correrá o risco de ficar perdido durante a execução do
seu trabalho. Essa seqüência foi criada por pessoas com muita experiência
nessa área.

1.3. Definição das Unidades Consumidoras

Quadro 1– Categorias de Fornecimento. [NOR-TEC-01]


Categoria de
Carga Ligação Fornecimento a:
fornecimento
Uma unidade consumidora com carga total Monofá-
I 2 fios
instalada até 9.000W sica
Uma unidade consumidora com carga total
II bifásica 3 fios
instalada superior a 9.000W e até 15.000W
Uma unidade consumidora com carga total
III trifásica 4 fios
instalada superior a 15.000W e até 75.000W
Uma unidade consumidora com carga total
Através de
IV instalada superior a 75kW e demanda máxima trifásica
Subestação Particular
até 2.500kW
Instalação com mais de uma unidade
Direta da Rede de
consumidora com carga total instalada:
V trifásica Distribuição
Residencial: até 600 kW
Secundária
Comercial: até 250 kW
Instalação com mais de uma unidade
Através de Câmara de
VI consumidora com carga máxima maior que o trifásica
transformação
indicado na categoria V.
Instalação com mais de uma unidade Através de Câmara de
VII trifásica
consumidora com carga Superior a 750 kW transformação
Fonte: NOR-TEC-01

A Norma Técnica da ESCELSA sobre “Fornecimento de Energia


Elétrica em Tensões Secundária e Primária 15kV” (NOR-TEC-01) em seu
4

capítulo 5 classifica as instalações consumidoras em 7 categorias, que estão


mostradas no quadro 1.
Cada categoria possui algumas restrições que são mostradas no
quadro 2.
Quadro 2– Restrições para as Categorias de Fornecimento
Categoria de
Restrições
fornecimento
Não conste:
a) motor monofásico, 120V, com potência superior a 2CV;
I b) máquina de solda a transformador de 120V, com potência superior a 2kVA;
c) aparelho que necessite de duas ou três fases.

Não conste:
a) motor monofásico, 120V, com potência superior a 2CV;
b) motor monofásico, 220V, com potência superior a 3CV;
II
c) máquina de solda a transformador, classe de 120V, com potência superior a 2kVA
ou 220V, com potência superior a 8kVA;
d) aparelho que necessite de três fases.
Não conste:
a) motor trifásico, com potência superior a 40CV;
b) motor monofásico, 120V, com potência superior a 2CV;
c) motor monofásico, 220V, com potência superior a 4CV;
III d) máquina de solda a transformador, 220V, a duas fases ou 220V, a três fases,
ligação V.v invertida, com potência superior a 15kVA;
e) máquina de solda a transformador, 220V, a três fases, com retificação em fonte
trifásica, com potência superior a 40kVA;
f) máquina de solda, grupo motor-gerador, com potência superior a 40CV.
Unidades Consumidoras com carga menor que 75kW, desde que possuam qualquer
IV
dos equipamentos vetados na Categoria III.
Área Máxima:
Residencial: 7.000m2
Comercial: 3.000m2
Em edificações residenciais e comerciais a demanda máxima calculada não deverá
V ultrapassar 230 kW;
A carga total instalada em qualquer unidade consumidora não poderá ser superior a
75 kW;
Nenhuma unidade consumidora poderá conter os equipamentos vetados na categoria
III.
5
Categoria de
Restrições
fornecimento

1) a carga total instalada em qualquer unidade consumidora não poderá ser superior
a 75 kW;
VI
2) nenhuma unidade consumidora poderá conter os equipamentos vetados na
categoria III

- área bruta total construída superior a 10.000m2


- carga total instalada superior a 75kW, em qualquer unidade consumidora, ou da qual
VII
conste qualquer dos equipamentos vetados na categoria III.
Necessita prévia consulta
Fonte: NOR-TEC-01

2. RECEITA DE PROJETOS

Na execução de um projeto predial residencial devem-se seguir alguns


passos importantes. Esses passos serão definidos em uma receita de
projetos, demonstrada no Quadro 3.
Como pode-se verificar essa receita está dividida em Fases e Etapas.
As Fases estão divididas em Cálculos Iniciais, Planta Baixa das Instalações
Internas das Unidades Consumidoras (Planta Baixa 1), Cálculos, Planta Baixa
da Alimentação das Unidades Consumidoras (Planta Baixa 2) e
Detalhamento.
Na Primeira Fase, chamada cálculos iniciais, será feita a engenharia
básica do projeto. Antes de começar realmente um projeto, é necessária uma
análise básica de engenharia onde definem-se todas as suas características.
Essa parte é muito importante para o sucesso do projeto, pois se for
descoberto um erro de cálculo numa fase mais adiante, isso poderá ocasionar
um retrabalho enorme para o projetista, que geralmente, precisará voltar ao
início do projeto para acertar tudo relacionado ao erro. Portanto, uma
engenharia básica bem feita pode prevenir vários inconvenientes no futuro.
Depois de concluída a primeira Fase, pode-se seguir para a segunda
Fase, chamada de Planta Baixa das Instalações Internas das Unidades
6

Consumidoras. Nessa Fase é projetada toda a instalação elétrica dos


apartamentos e do condomínio (e se houver, das salas, dos escritórios e das
lojas). Em cada Unidade Consumidora, será primeiro definida a posição dos
pontos de tomada, de iluminação e do quadro de distribuição. Depois
definem-se o percurso dos eletrodutos e a identificação dos condutores.
Quadro 3- Receita de Projetos
Fases Etapas
CÁLCULOS
INICIAIS

1 Fazer Engenharia Básica

2 Fazer a instalação elétrica do pavimento-tipo dos apartamentos


PLANTA
BAIXA 1

3 Fazer a instalação elétrica dos pavimentos relacionados ao condomínio.

4 Fazer os trifilares de todos os quadros de distribuição


CÁLCULOS

Fazer o quadro de carga de toda instalação, mostrando a carga instalada e o


5
cálculo de demanda
6 Fazer o unifilar geral da instalação

7 Fazer a planta de alimentadores dos quadros dos apartamentos.


PLANTA
BAIXA 2

8 Fazer a planta de alimentadores dos quadros do condomínio.

9 Fazer o esquema vertical da instalação elétrica.


DETALHAMENTO

10 Fazer a vista de medidores

11 Fazer a vista dos Quadros Gerais de Baixa Tensão (QGBTs)

12 Fazer a planta da Subestação, suas vistas e seus detalhes.

Fonte: Powertech Engenharia

Na terceira Fase (Cálculos), com as informações de todas as unidades


consumidoras, pode-se dimensionar todos os quadros de distribuição. Então
7

desenham-se todos os seus trifilares, mostrando a listagem dos circuitos e


suas cargas, os disjuntores, os Disjuntores Diferencial-Residual (DRs), os
Dispositivos de Proteção contra Surto (DPSs), e todo o tipo de proteção
necessária. Depois dos trifilares, desenha-se o quadro de cargas e o unifilar
geral.
Na Fase de plantas baixas da alimentação das unidades
consumidoras, será mostrada a parte de alimentadores. Nessas plantas há
todo o percurso dos alimentadores que vêm da ESCELSA e vão a cada
Unidade Consumidora.
No Detalhamento (quinta Fase) desenham-se o esquema vertical, a
vista de medidores, a vista do QGBT e o projeto da subestação.
Todas essas Fases e suas etapas serão explicadas mais
detalhadamente nos próximos itens.

Figura 1 – Diagrama de Receita de Projetos


8

3. SEQÜÊNCIA DE PROJETOS

3.1. Engenharia Básica

Na Engenharia Básica será feita uma análise crítica do projeto arquitetônico,


começando com um estudo sobre as Unidades Consumidoras, calculando a carga
total do sistema e sua demanda.
Depois definem-se a potência do transformador a ser usado, a localização
da câmara de transformação e suas dimensões, a localização do QGBT e a dos
medidores.

3.1.1. Cálculo de Carga e Divisão de Circuitos nas Instalações.

Para calcular a carga total da instalação, necessita-se estudar cada unidade


consumidora e somar suas cargas, individualmente. Isso deverá ser baseado no
item 9.5 da ABNT NBR 5410, que contém prescrições específicas a locais utilizados
como habitação, com diretrizes para a realização da previsão de carga e a divisão
da instalação.
No geral, a demanda de carga a ser considerada para um equipamento de
utilização é a potência aparente nominal por ele absorvida (VA), dada pelo fabricante
ou calculada a partir da tensão nominal, da corrente nominal e do fator de potência.
No caso em que for dada a potência nominal fornecida pelo equipamento (potência
de saída), e não a absorvida, deve ser considerado o seu rendimento.
Quadro 4- Previsão de número de pontos e de carga para iluminação. [NBR-5410]
Área do cômodo
Potência Nº de pontos
ou dependência
Até 6m2 carga mínima de 100VA Em cada cômodo ou dependência deve ser
Acrescentar 60VA para cada previsto pelo menos um ponto de luz fixo no
Acima de 6m2 2
aumento de 4 m inteiros teto, comandado por interruptor
Fonte: NBR-5410
• Previsão de número de pontos e de carga para tomadas: O número de pontos de
tomada deve ser determinado em função da destinação do local e dos
equipamentos elétricos que podem ser aí utilizados, e a potência a ser atribuída a
9

cada ponto de tomada é função dos equipamentos que ele poderá vir a
alimentar, observando-se no mínimo os critérios mostrados no quadro 5.
Quadro 5– Previsão de número de pontos e de carga para tomadas. [NBR-5410]
Local/ função Nº de Pontos Potência
deve ser previsto pelo menos
no mínimo 100VA por ponto de
Em banheiros um ponto de tomada, próximo
tomada.
ao lavatório
Em cozinhas, copas, copas- deve ser previsto no mínimo
no mínimo 600VA por ponto de
cozinhas, áreas de serviço, um ponto de tomada para
tomada, até três pontos, e 100VA
cozinha-área de serviço, cada 3,5 m, ou fração, de
por ponto para os excedentes. (**)
lavanderias e locais análogos perímetro
Em áreas de serviço, salas de
manutenção e salas de
deve ser previsto no mínimo circuitos terminais respectivos
equipamentos, tais como casas
um ponto de tomada de uso deve ser atribuída uma potência
de máquinas, salas de
geral de, no mínimo, 1000 VA
bombas, barriletes e locais
análogos
Os pontos de tomada de uso deve ser a ele atribuída uma
especifico devem ser potência igual à potência nominal
localizados no máximo a 1,5 m do equipamento a ser alimentado
para uso especifico
do ponto previsto para a ou à soma das potências
localização do equipamento a nominais dos equipamentos a
ser alimentado serem alimentados
deve ser previsto pelo menos no mínimo 100VA por ponto de
Em varandas
um ponto de tomada tomada.
deve ser previsto pelo menos
um ponto de tomada para no mínimo 100VA por ponto de
Em salas e dormitórios
cada 5 m, ou fração de tomada.
perímetro.
devem ser previstos pelo
menos um ponto de tomada,
no mínimo 100VA por ponto de
se a área do cômodo ou
tomada.
dependência for igual ou
demais cômodos e inferior a 2,25 m2
dependências de habitação devem ser previstos pelo
menos um ponto de tomada,
no mínimo 100VA por ponto de
se a área do cômodo ou
tomada.
dependência for superior a
2,25 m2 e igual ou inferior a 6
10
Local/ função Nº de Pontos Potência
2
m

Um ponto de tomada para


cada 5 m, ou fração, de
no mínimo 100VA por ponto de
perímetro, se a área do
tomada.
cômodo ou dependência for
superior a 6 m2
Fonte: NBR-5410

Para a divisão da instalação:

A instalação deve ser dividida em tantos circuitos quantos necessários,


devendo cada circuito ser concebido de forma a poder ser seccionado sem risco de
realimentação inadvertida por meio de outro circuito. A divisão da instalação em
circuitos deve ser de modo a atender, entre outras, às exigências mostradas no
quadro 6.
Quadro 6 – Exigências para a Divisão da Instalação [NBR-5410]
Exigências Exemplo
Segurança evitando que a falha em um circuito prive de
alimentação toda uma área.
Conservação de energia possibilitando que cargas de iluminação e/ou de
climatização sejam acionadas na justa medida
das necessidades.
Funcionais viabilizando a criação de diferentes ambientes,
como os necessários em recintos de lazer, etc
Manutenção facilitando ou possibilitando ações de inspeção e
de reparo.
Fonte: NBR-5410
Devem ser previstos circuitos distintos para partes da instalação que
requeiram controle específico, de tal forma que estes circuitos não sejam afetados
pelas falhas de outros (por exemplo, circuitos de supervisão predial).
Na divisão da instalação devem ser consideradas também as necessidades
futuras. As ampliações previsíveis devem se refletir não só na potência de
alimentação, mas também na taxa de ocupação dos condutos e dos quadros de
distribuição.
11

Os pontos de tomada de cozinha, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço,


lavanderias e locais análogos devem ser atendidos por circuitos exclusivamente
destinados à alimentação de tomadas desses locais.
Os circuitos terminais devem ser individualizados pela função dos
equipamentos de utilização que alimentam. Em particular, devem ser previstos
circuitos terminais distintos para pontos de iluminação e para pontos de tomada,
admitindo exceção a essa regra, desde que não sejam os pontos de tomada
considerados no parágrafo anterior e que as seguintes condições sejam
simultaneamente atendidas:
o A corrente de projeto do circuito comum (iluminação mais tomadas) não
deve ser superior a 16A.
o Os pontos de iluminação não sejam alimentados, em sua totalidade, por
um só circuito, caso esse circuito seja comum (iluminação mais tomadas).
o Os pontos de tomadas, não sejam alimentados, em sua totalidade, por um
só circuito, caso esse circuito seja comum (iluminação mais tomadas).
As cargas devem ser distribuídas entre as fases, de modo a obter-se o maior
equilíbrio possível.
Quando a instalação comportar mais de uma alimentação (rede pública,
geração local, etc.), a distribuição associada especificamente a cada uma delas deve
ser disposta separadamente e de forma claramente diferenciada das demais. Em
particular, não se admite que componentes vinculados especificamente a uma
determinada alimentação compartilhem, com elementos de outra alimentação,
quadros de distribuição e linhas, incluindo as caixas dessas linhas, salvo as
seguintes exceções:
o Circuitos de sinalização e comando, no interior de quadros;
o Conjuntos de manobra especialmente projetados para efetuar o
intercâmbio das fontes de alimentação;
o Linhas abertas e nas quais os condutos de uma e de outra alimentação
sejam adequadamente identificados.
Todo ponto de utilização previsto para alimentar, de modo exclusivo ou
virtualmente dedicado, equipamento com corrente nominal superior a 10A deve
constituir um circuito independente. (Por exemplo: Secadora de roupa que possui
carga de 2000W em um circuito monofásico, e portanto corrente de 15,75A.)
12

3.1.1.1. Carga dos Apartamentos

Será analisada cada unidade residencial da edificação, fazendo a previsão


da sua carga. Pode-se então já definir quais serão os circuitos a serem utilizados em
cada apartamento e suas respectivas cargas.
Existem algumas definições importantes a serem decididas antes de
relacionar os circuitos e suas cargas, e saber do cliente algumas características do
projeto.
No apartamento haverá:
• Chuveiro Elétrico?
• Máquina de lavar louça?
• Secadora de roupa?
• Ar condicionado SPLIT ou de janela?
As respostas a essas perguntam influenciarão significativamente na carga e
na elaboração do projeto.
Determinando os circuitos e suas respectivas cargas, obtém-se a carga total
de cada apartamento de acordo com a figura 2.
13

Figura 2– Lista de Circuitos dos apartamentos tipo

Com a separação dos circuitos e a previsão de carga feita para cada


apartamento deve-se somar a carga para saber toda a carga instalada referente aos
apartamentos.
Assim, poderá ser feito o quadro 7 (Quadro de cargas dos apartamentos).
14
Quadro 7– Quadro de cargas dos apartamentos

Portanto, nesse exemplo, o número total de apartamentos é igual a vinte,


sendo dois apartamentos por andar, num total de dez andares. Os medidores
desses apartamentos foram separados em dois grupos (Quadro de medidores 1 e o
Quadro de medidores 2). O dimensionamento dos Quadros de medidores será
melhor explicado no item 3.9 (Vista de Medidores).

3.1.1.2. Carga do Condomínio

Estudando a arquitetura do condomínio, e com as diretrizes dadas no item


3.1, pode-se estimar a carga do condomínio e fazer a sua divisão em circuitos. A
figura 3 com uma lista de circuitos e cargas serve como exemplo.
15

Figura 3- Lista de Circuitos do condomínio

Com essa listagem de circuitos, se define a carga total do condomínio, que


pode ser separada de acordo com a finalidade, como mostrado no Quadro 8.
O Medidor de serviço atenderá toda a carga referente ao condomínio,
alimentando primeiramente o QLFS (“Quadro de Luz e Força de Serviço”), onde
existirá um disjuntor para cada um dos itens especificados no Quadro de Cargas
acima (Elevador 1, Elevador 2, B. Recalque, QLS1,...). Os quadros QLS1 E QLS2
(“Quadro de Luz de Serviço 1 e 2”) possuem os circuitos de iluminação e tomadas
mostrados na Figura 3. Esses circuitos foram divididos nesses dois quadros (QLS1 e
QLS2) de forma a facilitar a distribuição de circuitos no edifício. O QLE é o Quadro
16

de Luz dos Elevadores, e o QL Emergência é o quadro que carrega as baterias que


alimentam o circuito de iluminação de emergência do condomínio.

Quadro 8– Quadro de cargas do condomínio.

Com essa carga do condomínio junto com a carga total calculada para os
apartamentos, obtém-se a carga instalada total do prédio que será mostrada no
próximo item.

3.1.1.3. Carga Total da Instalação

O Quadro 9 mostra a carga total da instalação, somando-se a carga total dos


apartamentos e a carga do condomínio.

3.1.2. Demanda da Instalação

Apesar da carga total da instalação ter dado 766.122 W (851.246,67VA,


considerando o fator de potência de projeto igual a 0,9), não serão necessários um
ou mais transformadores para atender a essa carga. Deve-se aplicar a demanda nas
cargas dessas unidades consumidoras, para encontrar a verdadeira carga (menor
que a total da instalação) que será usada simultaneamente pelos consumidores.
Para calcular a demanda de edifícios residenciais de uso coletivo, aplica-se
um critério desenvolvido pelo CODI (Comitê de Distribuição de Energia Elétrica) na
Recomendação Técnica de Distribuição - RTD-CODI-06.01 (Ver Apêndice A). O
17

critério é baseado em dados de medições e de pesquisas realizadas em edifícios


residenciais variados, de diferentes cidades do país e é composto de duas partes
distintas: uma referente à demanda dos apartamentos e outra à demanda do
condomínio. A demanda dos apartamentos é calculada com base no total de sua
área útil, e a demanda do condomínio nas cargas efetivamente instaladas. De
acordo com estudos, a demanda total deve ficar entre 25 a 30% da carga total
instalada.
Quadro 9 – Quadro de Cargas Total da Instalação

O cálculo da demanda total do edifício constitui-se das seguintes etapas:


- Determinação da demanda dos apartamentos.
- Determinação da demanda do condomínio.
18

- Determinação da demanda total do edifício através da soma da demanda dos


apartamentos e da demanda do condomínio.

3.1.2.1. Demanda dos Apartamentos

Pelo critério do CODI, a demanda dos apartamentos deve ser determinada


em função da área útil e da quantidade de apartamentos do edifício. No método
proposto, já está considerada a instalação de cargas específicas, tais como
chuveiros elétricos, saunas, aparelhos de ar condicionado, aquecedores e outras.
O critério permite o cálculo da demanda dos apartamentos para unidades
com área útil a partir de 20 m2. Além disso, para apartamentos com área útil de 20 a
42 m2, deverá ser adotado o valor de 1,0 kVA por apartamento, conforme pode ser
observado na Quadro 27 do Apêndice A.
Para obter o Fator de multiplicação em função da quantidade de
apartamentos, deve-se usar a Quadro 28 do Apêndice A, que é aplicável a edifícios
com até 300 apartamentos.
Para calcular a demanda dos apartamentos deve-se multiplicar os dois
valores encontrados nos Quadros 27 e 28 do Apêndice A. Aplica-se a demanda
somente sobre os Quadro de Medidores (1 e 2) e não sobre o apartamento
individualmente. Obtém-se o quadro 10.
Quadro 10– Demanda Aplicada nos Quadros de Medidores

Para uma carga total instalada de 363.000 W por QM (403.333 VA, fp=0,9),
o valor da demanda de 45.790 VA calculada ficou muito pequeno (11,35%), portanto
esse valor foi multiplicado, a critério do projetista, por um fator igual a 2,48 para
chegar na demanda aplicada de 113.559,2 VA (28,15%) da carga total instalada nos
19

apartamentos. Lembrar que o ideal para edifícios residenciais é que a demanda


fique entre 25 a 30% da carga total instalada.
Para uma carga total instalada aplicada nos QMs 1 e 2 (806.666VA, fp=0,9),
o valor da demanda de 82.840 VA calculada ficou muito pequeno (10,27%), portanto
esse valor também foi multiplicado, a critério do projetista, por um fator igual a 2,45
para chegar na demanda aplicada de 202.958 VA (25,16%).

3.1.2.2. Demanda do condomínio

A demanda do condomínio deve ser determinada considerando-se,


individualmente, as seguintes cargas:
- Iluminação;
- Tomadas;
- Motores de elevadores e bombas d'água;
- Outras cargas, tais como aparelhos de ar condicionado, sauna, aquecedores e
equipamentos para piscina.

Será usado como exemplo o condomínio especificado anteriormente pelas


Figura 3 (Lista de Circuitos) e Quadro 8 (Quadro de Carga), para calcular a
demanda.

a) Cargas de iluminação.
Cálculo da parcela de demanda referente às cargas de iluminação:
a - Devem ser aplicados os seguintes percentuais à carga total instalada em kW:
- 100% para os primeiros 10 kW
- 25% para o que exceder a 10 kW
b - Ao valor encontrado em kW, deve ser aplicado o fator de potência específico
considerado no projeto.
Exemplo: Consultando a Quadro 8, observa-se que carga total de Iluminação do
condomínio é igual a 16.400 W, portanto aplica-se 100% para 10 kW e 25% para os
6,4 kW restantes (= 11.600W). Desse valor dividimos pelo fator de potência, que
nesse projeto foi considerado de 0,90 ( 11.600/0,90 = 12.888,89). Demanda da
iluminação igual a 12.888,89 VA.
20

b) Cargas de tomadas.
Cálculo da parcela de demanda referente às cargas de tomadas:
a - Deve ser aplicado o percentual de 20% à carga total instalada em kW.
b - Ao valor encontrado em kW, deve ser aplicado o fator de potência específico
considerado no projeto.
Exemplo: Consultando o Quadro 8, observa-se que a carga em tomadas no
condomínio foi de igual a 19.200W, portanto a demanda é igual a 20% desse valor
dividido por 0,90 (o fator de potência considerado no projeto). Demanda igual a
4.266,67 W.

c) Elevadores e bombas d’água.


Cálculo da parcela de demanda referente a elevadores e bombas d'água:
Deve ser aplicada a Quadro 29 do Apêndice A, separadamente, para os grupos de
motores de elevadores e de bombas d'água, adotando-se o fator de diversidade 1,0
para estes grupos.
Exemplo: De acordo com a lista de circuito do condomínio, tem-se 9.327 W de carga
de motores para elevadores e bombas d’água, sendo constituída de:
- 2 Elevadores de 5.595 W (7,5HP) – Quadro 29 – Demanda de 12.980 VA
- 1 Bomba de recalque de 3.732 W (5HP) – Quadro 29 – Demanda de 6.020 VA

Demanda de acordo com o Quadro 29: 12.980 + 6.020 + 980 = 19.980 VA

d) Outras cargas do condomínio.


Cálculo das parcelas de demanda referentes a outras cargas do condomínio:
a - Cargas motrizes
Deve ser aplicada a Quadro 29 do Apêndice A para cada tipo de carga, adotando-se
o fator de diversidade 1,0 a cada grupo destas cargas.
b - Cargas não motrizes
Estas cargas deverão ser analisadas em particular, aplicando-se às mesmas, fator
de demanda em função das suas características de utilização definidas no projeto.
Sobre a demanda calculada para estas cargas, deverá ser considerado o fator de
21

diversidade 1,0. Para estas cargas, deve ser adotado o fator de potência específico,
previsto no projeto.

Exemplo:
- Cargas motrizes - 2 motores para portões de garagem 600 W (1/3HP) – Quadro 29
– Demanda de 980 VA.
- Cargas não motrizes – Sauna elétrica com carga de 9.000 W. A essa carga será
aplicada demanda total e um fator de potência igual a um. Demanda 9.000VA.

Portanto a demanda do condomínio é de 46.136 VA (Ver Quadro 11).

Demanda total da instalação = Demanda total dos apartamentos + Demanda do


condomínio
Demanda total da instalação = 82.840 + 46.136 = 128.976 VA.
A esse valor pode-se ainda aplicar algum fator de multiplicação, a critério do
projetista.

Demanda aplicada total = 128.976 x 2,0 = 257.952 VA


Recomenda-se, para essa instalação, um transformador de 300kVA.

Quadro 11– Demanda Aplicada no Medidor de Serviço.


22

3.1.3. Categoria de cada Unidade Consumidora

Com a lista de circuitos e suas respectivas cargas de todas as unidades


consumidoras já definidas, e conseqüentemente de toda a instalação, define-se em
que categoria se encontra cada unidade consumidora desta edificação.
Consultando o item 5 da Norma da Escelsa (“NOR-TEC-01”), verifica-se que
todas as unidades consumidoras deste prédio estão na categoria III, visto que elas
possuem carga entre 15.000 e 75.000 W, e não possuem nenhuma das
características de restrição. E, consultando esse mesmo item, verifica-se que a
edificação como um todo, está na categoria VII, pois ela possui uma carga total
instalada de 766.122 W, maior que os 750kW limitantes da categoria VI.

Quadro 12– Categoria de Fornecimento das Unidades Consumidoras


Unidade Consumidora Carga Instalada (W) Categoria de Fornecimento
Apartamento Tipo1 36.300 III
Apartamento Tipo2 36.300 III
Condomínio 60.122 III
A instalação geral 766.122 VII

3.1.4. Câmara de transformação, Barramento Geral e dos medidores

Estudando o projeto arquitetônico deve ser escolhida a melhor localização


para: subestação, barramento geral e medidores. Geralmente, no projeto
arquitetônico já está definida a sua localização, porém é dever do projetista
eletricista ratificar essa localização ou sugerir modificações, caso a pré-definida pelo
arquiteto não atenda algum item das normas vigentes.

3.1.4.1. Câmara de transformação

O fornecimento de energia elétrica às instalações das Categorias VI e VII


deverá ser feito por meio de câmara de transformação ou cabina. No capítulo 10 da
Norma da ESCELSA (“NOR-TEC-01”) há as diretrizes para se projetar uma câmara
de transformação ou cabina. Nesse momento será mostrado apenas sobre a escolha
da localização e das suas dimensões:
23

a) Localização
De acordo com a NOR-TEC-01, sempre que o compartimento for parte
integrante da edificação, deverá ser construída câmara de transformação, localizada
no térreo, de preferência na parte frontal da edificação. A escolha da melhor
localização será em função das facilidades de acesso, ventilação e outros fatores de
projeto.
A ESCELSA responsabilizar-se-á pelo fornecimento do cabo classe 15kV
desde que a câmara diste até 10 metros medidos a partir da caixa de inspeção no
passeio. O trecho que exceder a 10 metros será de responsabilidade do interessado/
incorporador.
Sempre que o compartimento for isolado da edificação deverá ser construída
cabina que deverá ser localizada no recuo da edificação, no máximo a 6m da via
pública de construção normal sobre o solo, não devendo ser utilizada em locais
passíveis de inundação. Se o limite da edificação, onde está localizada a cabina,
estiver a mais de 6 metros da via pública, deverá ser construída uma caixa de
passagem, com dimensões de 80 x 80 x 100 cm, até 6m da via pública.
A câmara de transformação ou cabina deverá permitir fácil acesso a partir da
via pública, para os funcionários da ESCELSA ou pessoas autorizadas e para
circular equipamentos com dimensões mínimas de 1,20m x 1,80m x 2,00 e 2.500 Kgf
de peso, a qualquer hora do dia ou da noite, em que isto se torne necessário.
Qualquer localização diferente da prevista deverá ser motivo de prévia
consulta à ESCELSA.
b) Dimensões
De acordo com a NOR-TEC-01, a câmara de transformação ou cabina
deverá ser dimensionada de acordo com o(s) equipamento(s) a ser(em) instalado(s),
de modo a oferecer facilidade de operação e circulação, bem como as necessárias
condições mínimas de segurança. Deverá obedecer às seguintes dimensões
mínimas, livres de obstáculos, tais como, colunas, vigas, rebaixos, etc:
- câmara de transformação ou cabina com transformador único de até 300kVA,
dimensões mínimas: 3,00m x 3,90m x 2,80m (pé direito)
- câmara de transformação ou cabina com dois transformadores de até 300kVA,
dimensões mínimas: 6,60m x 3,90m x 2,80m (pé direito)
24

- para as edificações da categoria VII (carga instalada superior a 750kW ou área


superior a 10.000m2), as dimensões mínimas serão estabelecidas em função das
características técnicas de cada edificação, mediante prévia consulta à ESCELSA
(antes do início da construção).

3.1.4.2. Localização do Barramento Geral

O barramento geral em tensão secundária (QGBT) não deverá distar mais


de 2,5 metros, medidos a partir do perímetro da câmara de transformação. A
ESCELSA responsabilizar-se-á pelo fornecimento e instalação dos condutores em
tensão secundária. O trecho que exceder a 2,5 metros será de responsabilidade do
interessado / incorporador.

3.1.4.3. Localização dos medidores.

Nesse item será definida a localização dos Quadros de Medições (conjunto


de caixas destinadas à instalação de equipamentos de medição em condomínios
horizontal ou vertical, com barramento) e a localização do Medidor de Serviço
(Equipamento destinado a medição das cargas de uso comum da edificação e
também dos equipamentos de combate a incêndio, quando houver).
Primeiramente define-se o tamanho dos medidores e conseqüentemente o
tamanho dos quadros de medidores.
No desenho Nº1 da NOR-TEC-01, a ESCELSA define as dimensões
mínimas das caixas para medidores de kWh, kVArh, TC e disjuntores.

Quadro 13 - Caixas para medidores e disjuntores


Dimensões mínimas internas (mm)
Caixas Restrições
Largura Altura Profundidade
Medidor Monofásico Até 9.000 W 270 170 140
Disjuntor Monofásico Até 9.000 W 95 170 100
Até 41.000 W 370 245 180
Medidor Polifásico 41.001 até 57.000 W 500 260 180
57.001 até 75.000 W 660 440 200
25

Até 100 A 125 185 100


Disjuntor Polifásico
Maior que 100 até 200 A 670 345 200
Fonte: NOR-TEC-01

Depois de definido o tamanho dos medidores, define-se o tamanho dos


quadros de medidores (QMs), de acordo com a arquitetura do projeto e a quantidade
de medidores de apartamentos.
De acordo com o capítulo 9 da NOR-TEC-01, a localização da medição
depende da categoria de fornecimento da instalação elétrica.
A medição deverá ser instalada na divisa da propriedade com a via pública
com a caixa do medidor voltada para a via pública, podendo ser instalada em muro,
poste ou na parede externa do prédio, nos casos das categorias serem I, II e III, ou
para o fornecimento às instalações da categoria V, nos seguintes casos:
a) Edificações verticais com carga total instalada até 75kW, em um quadro único de
medições, respeitadas as seguintes limitações: máximo de 3 pavimentos e até 6
medidores e demanda diversificada máxima de 60kW.
b) Edificações horizontais com carga instalada até 180 kW, em um quadro único de
medições, respeitadas as seguintes limitações: máximo de 16 unidades
monofásicas ou 12 polifásicas e demanda máxima diversificada igual a 118,80
kW.
Para as unidades consumidoras da categoria IV, a NOR-TEC-01 apresenta
vários padrões mostrando detalhes da medição de energia elétrica, cujos medidores,
transformadores de corrente e de potencial e seus condutores serão previstos e
instalados pela ESCELSA, por ocasião da ligação da subestação.
Nas unidades consumidoras das categorias V, VI e VII, as caixas para
instalação dos medidores deverão ser instaladas no interior da propriedade
particular, em local de fácil e permanente acesso, dotado de boa iluminação natural
ou artificial, não devendo ser instaladas em locais tais como:
• Escadarias e rampas;
• Dependências sanitárias;
• Proximidades de máquinas, bombas, tanques e reservatórios;
• Locais sujeitos a gases corrosivos, inundações, poeira, trepidação excessiva ou
abalroamento de veículos;
26

Em prédios de até 4 pavimentos ou sem elevador, os quadros de medições


deverão estar localizados no pavimento térreo, ou no 1º mezanino, respeitadas as
disposições do parágrafo anterior.
Em prédios com até dois quadros de medições, estes deverão situar-se junto
ao barramento geral.
Em prédios com mais de 4 pavimentos com elevador e com mais de 24
(vinte e quatro) medições, será permitida a instalação de quadros de medições,
distribuídos em diferentes pavimentos, desde que cada quadro tenha um mínimo de
06 (seis) medições.
A queda de tensão nos condutores onde circula energia não medida, a partir
do ponto de entrega de energia, calculada para uma carga igual ao limite superior da
faixa da respectiva categoria, deverá ser, no máximo, 1% ( um porcento).
Quando um quadro contiver 7 (sete) ou mais medidores, a caixa de
derivação geral deverá conter barramento.
O disjuntor deverá ser instalado em caixa específica junto à caixa do
medidor.

3.1.4.4. Localização da prumada elétrica.

Geralmente o projeto arquitetônico já define um espaço para a subida dos


cabos alimentadores dos apartamentos e de cargas dos condomínios, porém, o
projetista eletricista deverá dimensionar e definir o espaço necessário para suportar
os cabos dimensionados previamente, e caso seja necessário, solicitar uma
mudança no projeto arquitetônico.

3.2. Planta Baixa das Instalações Elétricas internas das unidades


consumidoras

3.2.1. Princípios fundamentais

Durante a elaboração de um projeto elétrico, existem alguns princípios


fundamentais que precisam ser respeitados. Esses princípios orientam os objetivos e
27

as prescrições da Norma ABNT NBR 5410, e estão relacionados nos itens 4.1.1 a
4.1.15 da Norma.
Esses princípios são:
a) As pessoas e os animais devem ser protegidos contra choques elétricos, seja o
risco associado a contato acidental com parte viva perigosa, seja a falhas que
possam colocar uma massa acidentalmente sob tensão.
b) A instalação elétrica deve ser concebida e construída de maneira a excluir
qualquer risco de incêndio de materiais inflamáveis, devido a temperaturas
elevadas ou arcos elétricos. Além disso, em serviço normal, não deve haver
riscos de queimaduras para as pessoas e os animais.
c) As pessoas, os animais e os bens devem ser protegidos contra os efeitos
negativos de temperaturas ou solicitações eletromecânicas excessivas
resultantes de sobrecorrentes a que os condutores vivos possam se submetidos.
d) Condutores que não os condutores vivos e outras partes destinadas a escoar
correntes de falta devem poder suportar essas correntes sem atingir
temperaturas excessivas.
e) As pessoas, os animais e os bens devem ser protegidos contra as
conseqüências prejudiciais de ocorrências que possam resultar em
sobretensões, como faltas entre partes vivas de circuitos sob diferentes tensões,
fenômenos atmosféricos e manobras.
f) Equipamentos destinados a funcionar em situações de emergência, como
incêndios, devem ter seu funcionamento assegurado a tempo e pelo tempo
julgado necessário.
g) Sempre que forem previstas situações de perigo em que se faça necessário
desernergizar um circuito, devem ser providos dispositivos de desligamento de
emergência, facilmente identificáveis e rapidamente manobráveis.
h) A alimentação da instalação elétrica, de seus circuitos e de seus equipamentos
deve poder ser seccionada para fins de manutenção, verificação, localização de
defeitos e reparos.
i) A instalação elétrica deve ser concebida e construída livre de qualquer influência
mútua prejudicial entre instalações elétricas e não elétricas.
j) Os componentes da instalação elétrica devem ser dispostos de modo a permitir
espaço suficiente tanto para a instalação inicial quanto para a substituição
28

posterior de partes, bem como acessibilidade para fins de operação, verificação,


manutenção e reparos.
k) Na seleção dos componentes, devem ser levados em consideração os efeitos
danosos ou indesejados que o componente possa apresentar, em serviço normal
(incluindo operações de manobra), sobre outros componentes ou na rede de
alimentação. Entre as características e fenômenos suscetíveis de gerar
perturbações ou comprometer o desempenho satisfatório da instalação podem
ser citados:
o O fator de potência;
o As correntes iniciais ou de energização;
o O desequilíbrio de fases;
o As harmônicas.
l) Toda instalação elétrica requer uma cuidadosa execução por pessoas
qualificadas, de forma a assegurar, entre outros objetivos, que:
o As características dos componentes da instalação não sejam comprometidas
durante sua montagem;
o Os componentes da instalação, e os condutores em particular, fiquem
adequadamente identificados;
o Nas conexões, o contato seja seguro e confiável;
o Os componentes sejam instalados preservando-se as condições de
resfriamento previstas;
o Os componentes da instalação suscetíveis de produzir temperaturas elevadas
ou arcos elétricos fiquem dispostos ou abrigados de modo a eliminar o risco
de ignição de materiais inflamáveis; e
o As partes externas de componentes sujeitas a atingir temperaturas capazes
de lesionar pessoas fiquem dispostas ou abrigadas de modo a garantir que as
pessoas não corram risco de contatos acidentais com essas partes.
m) As instalações elétricas devem ser inspecionadas e ensaiadas antes de sua
entrada em funcionamento, bem como após cada reforma, com vista a assegurar
que elas foram executadas de acordo com a NBR 5410.
n) O projeto, a execução, a verificação e a manutenção das instalações elétricas
devem ser confiados somente a pessoas qualificadas a conceber e executar os
trabalhos em conformidade com a NBR 5410.
29

3.2.2. Características gerais

De acordo com a NBR 5410, na concepção de uma instalação elétrica


devem ser determinadas as seguintes características:
a) Utilização prevista e demanda;
b) Esquema de distribuição;
c) Alimentações disponíveis;
d) Necessidade de serviços de segurança e de fontes apropriadas;
e) Exigências quanto à divisão da instalação;
f) Influências externas às quais a instalação for submetida;
g) Riscos de incompatibilidade e de interferências
h) Requisitos de manutenção.
A utilização prevista e a demanda (item a), assim como a divisão da
instalação (item e), já foram definidas no item da engenharia básica. Os requisitos de
manutenção (item h) também não serão mencionados, pois não é o propósito deste
trabalho. Agora serão definidos os itens restantes das características gerais.

3.2.2.1. Esquema de distribuição

O esquema de distribuição pode ser classificado de acordo com os critérios


do quadro 14.
Quadro 14- Esquema de distribuição
• Monofásico a dois condutores;
• Monofásico a três condutores;
Corrente alternada • Bifásico a três condutores;
Esquema de
• Trifásico a três condutores;
condutores vivos
• Trifásico a quatro condutores;
• Dois condutores;
Corrente contínua
• Três condutores.
• Esquema TN-S,
Esquema TN • Esquema TN-C-S,
Esquema de
• Esquema TN-C,
aterramento
Esquema TT
Esquema IT
Fonte: NBR-5410
30

O esquema TN possui um ponto de alimentação diretamente aterrado,


sendo as massas ligadas a esse ponto através de condutores de proteção. São
considerados três variante de esquema TN, de acordo com a disposição do condutor
neutro e do condutor de proteção:
• Esquema TN-S, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção são distintos;
• Esquema TN-C-S, em parte do qual as funções de neutro e de proteção são
combinadas em um único condutor;
• Esquema TN-C, no qual as funções de neutro e de proteção são combinadas em
um único condutor, na totalidade do esquema.

O esquema TT possui um ponto da alimentação diretamente aterrado,


estando as massas da instalação ligadas a eletrodo(s) de aterramento eletricamente
distinto(s) do eletrodo de aterramento da alimentação.

No esquema IT todas as partes vivas são isoladas da terra ou um ponto da


alimentação é aterrado através de impedância. As massas da instalação são
aterradas, verificando-se as seguintes possibilidades:
• Massas aterradas no mesmo eletrodo de aterramento da alimentação, se
existente; e
• Massas aterradas em eletrodo(s) de aterramento próprio(s), seja porque não há
eletrodo de aterramento da alimentação, seja porque o eletrodo de aterramento
das massas é independente do eletrodo de aterramento da alimentação.

3.2.2.1.1. Esquema de distribuição nos edifícios residenciais.

O esquema de aterramento utilizado na ESCELSA é o esquema TN-C,


porém a partir do ponto de entrega, ele será convertido em um esquema TN-S,
portanto a edificação será um esquema TN-C-S.
31

3.2.2.2. Alimentações

De acordo com a NBR 5410 devem ser determinadas as seguintes


características das fontes de suprimento de energia com as quais a instalação for
provida:
a) Natureza da corrente e da freqüência;
b) Valor da tensão nominal;
c) Valor da corrente de curto-circuito presumida no ponto de suprimento;
d) Possibilidade de atendimento dos requisitos da instalação, incluindo a demanda
de potência.
Essas características devem ser obtidas junto à empresa distribuidora de
energia elétrica, no que se refere ao suprimento via rede pública de distribuição, e
devem ser determinadas, quando se tratar de fonte própria.
O fornecimento de energia elétrica às unidades consumidoras, localizadas
em municípios atendidos pela Espírito Santo Centrais Elétricas S.A – ESCELSA,
será feito em corrente alternada na freqüência de 60 hertz, em sistema com neutro
aterrado, nas seguintes tensões padronizadas:
a) Tensões secundárias
• 220/127Volts em sistemas trifásicos, com neutro aterrado;
• 127 Volts em sistemas monofásicos, com neutro aterrado.
Excepcionalmente nas localidades de Alegre, Rive, Guaçui e Celina, as
tensões poderão ser, além das acima citadas, 380/220 Volts, em sistemas trifásicos
e 220 Volts em sistemas monofásicos (fase-neutro), ambas com neutro aterrado.

b) Tensões primárias
As tensões de fornecimento primárias nominais (média tensão) poderão
variar entre 11.400 e 13.800 Volts entre fases.

3.2.2.3. Serviços de segurança

Quando for imposta a necessidade de serviços de segurança, as fontes de


alimentação para tais serviços devem possuir capacidade, confiabilidade e
disponibilidade adequadas ao funcionamento especificado.
32

3.2.2.4. Influências externas

Na concepção e na execução das instalações elétricas devem ser


consideradas a classificação e a codificação das influências externas estabelecidas
na NBR 5410.
Cada condição de influência externa é designada por um código que
compreende sempre um grupo de duas letras maiúsculas e um número, como
descrito a seguir:
a) A primeira letra indica a categoria geral da influência externa:
• A = meio ambiente;
• B = utilização;
• C = construção das edificações;
b) A segunda letra indica a natureza da influência externa;
c) O número indica a classe de cada influência externa.

Para exemplos, verificar Quadros 30, 31 e 32 no Apêndice B.

3.2.2.5. Compatibilidade

Devem ser tomadas medidas apropriadas quando quaisquer características


dos componentes da instalação forem suscetíveis de produzir efeitos prejudiciais em
outros componentes, em outros serviços ou ao bom funcionamento da fonte de
alimentação. Essas características dizem respeito, por exemplo, a:
• Sobretensões transitórias;
• Variações rápidas de potência;
• Correntes de partida;
• Correntes harmônicas;
• Componentes contínuas;
• Oscilações de alta freqüência;
• Correntes de fuga.
33

Todos os componentes da instalação elétrica devem atender às exigências


de compatibilidade eletromagnética e ser conforme o que as normas aplicáveis
prescrevem, neste particular. Isso não dispensa, porém, a observância de medidas a
reduzir os efeitos das sobretensões induzidas e das perturbações eletromagnéticas
em geral.

3.2.3. Segurança da instalação elétrica das unidades consumidoras

Ao se projetar a instalação elétrica interna das unidades consumidoras,


deve-se tomar medidas de proteção para garantir segurança. No capítulo 5 da NBR
5410, são descritas todas as informações necessárias para essas medidas. Essa
Norma define todos os tipos de proteção necessária e as medidas a serem tomadas.
As proteções são:
a) Proteção contra choques elétricos.
b) Proteção contra efeitos térmicos.
c) Proteção contra sobrecorrentes.
d) Proteção contra sobretensões e perturbações eletromagnéticas.
e) Proteção contra quedas e faltas de tensão.

3.2.3.1. Considerações da NBR 5410

3.2.3.1.1. Proteção contra choques elétricos

O princípio que fundamenta as medidas de proteção contra choques


especificadas na NBR 5410 pode ser assim resumido:
• Partes vivas perigosas não devem ser acessíveis; e
• Massas ou partes condutivas acessíveis não devem oferecer perigo, seja em
condições normais, seja, em particular, em caso de alguma falha que as tornem
acidentalmente vivas.
Deste modo, a proteção contra choques elétricos compreende, em caráter
geral, dois tipos de proteção:
34

• Proteção básica
• Proteção supletiva
Os conceitos de “proteção básica” e de “proteção supletiva” correspondem,
respectivamente, aos conceitos de “proteção contra contatos diretos” e de “proteção
contra contatos indiretos”.
A regra geral da proteção contra choques elétricos é que o principio
enunciado anteriormente seja assegurado, no mínimo, pelo provimento conjunto de
proteção básica e de proteção supletiva, mediante combinação de meios
independentes ou mediante aplicação de uma medida capaz de prover ambas as
proteções, simultaneamente.
As medidas de proteção contra choques elétricos são apresentadas a seguir:
a. Equipontencialização e seccionamento automático da alimentação;
b. Isolação dupla ou reforçada;
c. Uso de separação elétrica individual;
d. Uso de extrabaixa tensão: SELV (“Separated extra-low voltage”) e PELV
(“Protected extra-low voltage”).

Diferentes medidas de proteção contra choques elétricos podem ser


aplicadas e coexistir numa mesma instalação.
A medida de caráter geral a ser utilizada na proteção contra choques
elétricos é a equipotencialização e seccionamento automático da alimentação, e por
isso focaremos nosso trabalho nelas. As outras medidas de proteção contra choques
elétricos descritas na NBR 5410 são admitidas ou mesmo exigidas em situações
mais pontuais, para compensar dificuldades no provimento da medida de caráter
geral ou para compensar sua insuficiência em locais ou situações em que os riscos
de choque elétrico são maiores ou suas conseqüências mais perigosas.

a. Equipontencialização e seccionamento automático da alimentação


A equipotencialização é um procedimento que consiste na interligação de
elementos especificados, visando obter a eqüipotencialidade necessária para os fins
desejados. Por extensão, a própria rede de elementos interligados resultante.
35

Todas as massas de uma instalação devem estar ligadas a condutores de


proteção, e todas aquelas situadas numa mesma edificação ou simultaneamente
acessíveis devem estar vinculadas a um mesmo eletrodo de aterramento, sem
prejuízo de eqüipotencializações adicionais que se façam necessárias, para fins de
proteção contra choques e/ou de compatibilidade eletromagnética. Massas
protegidas contra choques elétricos por um mesmo dispositivo, dentro das regras da
proteção por seccionamento automático da alimentação, devem estar vinculadas a
um mesmo eletrodo de aterramento, sem prejuízo de eqüipotencializações
adicionais que se façam necessárias, para fins de proteção contra choques e/ou de
compatibilidade eletromagnética.
Todo o circuito deve dispor de condutor de proteção, em toda sua extensão,
sendo que um condutor de proteção pode ser comum a dois ou mais circuitos, desde
que esteja instalado no mesmo conduto que os respectivos condutores de fase e
sua seção seja dimensionada conforme as seguintes opções:
ƒ Calculada para a mais severa corrente de falta presumida e o mais longo tempo
de atuação do dispositivo de seccionamento automático verificados nesses
circuitos;
• Selecionada com base na maior seção de condutor de fase desses circuitos.

Admite-se que os seguintes elementos sejam excluídos das


equipotencializações:
• Suportes metálicos de isoladores de linhas aéreas fixados à edificação que
estiverem fora da zona de alcance normal;
• Postes de concreto armado em que a armadura não é acessível;
• Massas que, por suas reduzidas dimensões ou por sua disposição, não possam
ser agarradas ou estabelecer contato significativo com parte do corpo humano,
desde que a ligação a um condutor de proteção seja difícil ou pouco confiável.

A proteção básica nessa medida de proteção deve ser assegurada por


isolação das partes vivas e/ou pelo uso de barreiras ou invólucros. E a proteção
supletiva deve ser assegurada, conjuntamente, por equipotencialização e pelo
seccionamento automático da alimentação.
36

O princípio do seccionamento automático é que um dispositivo deve


seccionar automaticamente a alimentação do circuito ou equipamento por ele
protegido sempre que uma falta (entre parte viva e massa ou entre parte viva e
condutor de proteção) no circuito ou equipamento der origem a uma tensão de
contato superior ao valor pertinente da tensão de contato limite UL.
No esquema TN, que é o geralmente usado, devem ser obedecidas as
prescrições descritas a seguir:
• A equipotencialização via condutores de proteção deve ser única e geral,
envolvendo todas as massas da instalação, e deve ser interligada com o ponto
da alimentação aterrado, geralmente o neutro;
• Recomenda-se o aterramento dos condutores de proteção em tantos pontos
quanto possível. Em construções de porte, tais como edifícios de grande altura, a
realização de equipotencializações locais, entre condutores de proteção e
elementos condutivos da edificação, cumpre o papel de aterramento múltiplo do
condutor de proteção;
• As características do dispositivo de proteção e a impedância do circuito devem
ser tais que, ocorrendo em qualquer ponto uma falta de impedância desprezível
entre um condutor de fase e o condutor de proteção ou uma massa, o
seccionamento automático se efetue em um tempo no máximo igual ao
especificado na Quadro 15. Considera-se a prescrição atendida se a seguinte
condição for satisfeita:

Zs . Ia ≤ Uo

Onde :
Zs é a impedância, em ohms, do percurso da corrente de falta,
composto da fonte, do condutor vivo, até o ponto de ocorrência da falta, e do
condutor de proteção (do ponto de ocorrência da falta até a fonte);
Ia é a corrente, em ampères, que assegura a atuação do
dispositivo de proteção num tempo no máximo igual ao especificado na Quadro 15.
Uo é a tensão nominal, em volts, entre fase e neutro, valor eficaz
em corrente alternada.
37

Figura 4 – Circuito Equivalente de uma falta de impedância desprezível

• No esquema TN, no seccionamento automático visando à proteção contra


choques elétricos, podem ser usados os seguintes dispositivos de proteção:
o Dispositivos de proteção a sobrecorrente;
o Dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual (dispositivos DR),
observado o que estabelece a alínea seguinte
• Não se admite, na variante TN-C do esquema TN, que a função de
seccionamento automático, visando à proteção contra choques elétricos, seja
atribuída aos dispositivos DR. Isso porque, o DR funciona, verificando o soma
vetorial das correntes que passam por ele. Conforme podemos ver na figura 5, no
esquema TN-S, passa pelo DR trifásico as correntes das fases e do neutro. A
corrente do terra não passa pelo dispositivo DR. Se a soma vetorial que passa
por ele for igual a zero, não há corrente de fuga. Se ocorrer uma falta de um
circuito na massa da carga, e mesmo uma pequena corrente de fuga aparecer no
condutor Terra, essa diferença será percebida pelo dispositivo DR que irá atuar e
seccionará o circuito. Na variante TN-C, o condutor Neutro e o Terra, passariam
pelo dispositivo DR, no mesmo condutor, portanto, mesmo que ocorresse uma
falta, e aparecesse uma corrente de fuga it, o dispositivo não conseguiria
percebê-la, conforme podemos ver na figura 6.
38

Figura 5 – Esquema TN-S

Figura 6 – Esquema TN-C

Quadro 15 – Tempos de seccionamento máximos


no esquema TN.
Uo (V) Tempo de seccionamento (s)
Situação 1 Situação 2
115, 120, 127 0,8 0,35
220 0,4 0,2
254 0,4 0,2
277 0,4 0,2
400 0,2 0,05
Notas:
1 Uo é a tensão nominal entre fase e neutro, valor eficaz em corrente alternada
2 As situações 1 e 2 estão definidas no Apêndice B deste trabalho
Fonte: NBR-5410
39

3.2.3.1.2. Proteção contra efeitos térmicos

As pessoas, bem como os equipamentos e materiais fixos adjacentes a


componentes da instalação elétrica, devem ser protegidos contra os efeitos térmicos
prejudiciais que possam ser produzidos por esses componentes, tais como:
a. Risco de queimaduras;
b. Combustão ou degradação dos materiais;
c. Comprometimento da segurança de funcionamento dos componentes instalados.

Os componentes da instalação não devem representar perigo de incêndio


para os materiais adjacentes. Devem ser observadas, além das prescrições da NBR
5410, as respectivas instruções dos fabricantes.
Os componentes fixos cujas superfícies externas possam atingir
temperaturas suscetíveis de provocar incêndio nos materiais adjacentes devem ser:
a. Montados sobre ou envolvidos por materiais que suportem tais temperaturas e
seja de baixa condutividade térmica; ou
b. Separados dos elementos construtivos da edificação por materiais que suportem
tais temperaturas e sejam de baixa condutividade térmica; ou
c. Montados de modo a guardar afastamento suficiente de qualquer material cuja
integridade possa ser prejudicada por tais temperaturas e garantir uma segura
dissipação de calor, aliado à utilização de materiais de baixa condutividade
térmica.
Quando um componente da instalação, fixo ou estacionário, for suscetível de
produzir, em operação normal, arcos ou centelhamento, ele deve ser:
a. Totalmente envolvido por material resistente a arcos; ou
b. Separado, por materiais resistentes a arcos, de elementos construtivos da
edificação sobre os quais os arcos possam ter efeitos térmicos prejudiciais; ou
c. Montado a uma distância suficiente dos elementos construtivos sobre os quais os
arcos possam ter efeitos térmicos prejudiciais, de modo a permitir a segura
extinção do arco.
Os materiais resistentes a arcos mencionados devem ser incombustíveis,
apresentar baixa condutividade térmica e possuir espessura capaz de assegurar
estabilidade mecânica.
40

Os componentes fixos que apresentem efeito de concentração de calor


devem estar suficientemente afastados de qualquer objeto fixo ou elemento
construtivo, de modo a não submetê-lo, em condições normais, a uma temperatura
perigosa.
Componentes da instalação que contenham líquidos inflamáveis em volume
significativo devem ser objeto de precauções para evitar que, em caso de incêndio, o
líquido inflamado, a fumaça e gases tóxicos se propaguem para outras partes da
edificação. Tais precauções podem ser, por exemplo:
a. Construção de um fosso de drenagem, para coletar vazamentos do liquido e
assegurar a extinção das chamas, em caso de incêndio;
b. Instalação dos componentes numa câmara resistente ao fogo, ventilada apenas
por atmosfera externa, e previsão de soleira, ou outros meios, para evitar que o
liquido inflamado se propague para outras partes da edificação.
Os materiais de invólucros aplicados a componentes da instalação durante a
execução da obra devem suportar a maior temperatura que o componente possa vir
a atingir. Só se admitem invólucros de material combustível se forem tomadas
medidas preventivas contra o risco de ignição, tais como revestimento com material
incombustível, ou de difícil combustão, e baixa condutividade térmica.

3.2.4. Projeto da instalação elétrica dos apartamentos

Para a elaboração do projeto elétrico dos apartamentos, pode-se seguir a


seguinte seqüência:
1. Definir posições de pontos de luz e respectivos interruptores.
2. Definir posições de tomadas de energia.
3. Definir posição do quadro do apartamento.
4. Definir comandos de iluminação dos interruptores.
5. Definir caminho dos eletrodutos e quais fios passarão em cada eletroduto.
6. Colocar Simbologia.
7. Desenhar detalhes construtivos necessários.
8. Desenhar carimbo e margens.
41

3.2.5. Projeto da instalação elétrica do condomínio

Depois que os apartamentos já estiverem todos prontos, deve-se dar início


ao projeto do condomínio. A seqüência é a mesma da feita para os apartamentos:
1. Definir posições de pontos de luz e respectivos interruptores.
2. Definir posições de pontos de luz de emergência.
3. Definir posições de tomadas de energia.
4. Definir posição do(s) quadro(s) do condomínio.
5. Definir comandos de iluminação dos interruptores.
6. Definir caminho dos eletrodutos e quais fios passarão em cada eletroduto.
7. Colocar Simbologia.
8. Desenhar detalhes construtivos necessários.
9. Desenhar carimbo e margens.

3.3. Trifilares dos quadros de distribuição

Depois de já ter preparado as plantas baixas, com os pontos de carga, os


eletrodutos, os circuitos definidos, os fios já passados, e todos os quadros
localizados, deve-se fazer os trifilares dos quadros.
Nos trifilares será dimensionada a proteção supletiva (contra “contatos
indiretos”), pois a proteção básica é feita por isolação das partes vivas.
Por meio das características de cada circuito, será dimensionado o
dispositivo que irá fazer o seccionamento automático da alimentação.

3.3.1. Proteção contra sobrecorrentes

Todo circuito terminal deve ser protegido contra sobrecorrentes por


dispositivo que assegura o seccionamento simultâneo de todos os condutores de
fase. Isso significa que o dispositivo de proteção deve ser multipolar, quando o
circuito for constituído de mais de uma fase. Dispositivos unipolares montados lado a
lado, apenas com suas alavancas de manobra acopladas, não são considerados
dispositivos multipolares, portanto não deverão ser usados.
42

Os condutores vivos devem se protegidos, por um ou mais dispositivos de


seccionamento automático contra sobrecargas e contra curtos-circuitos.
Esses dispositivos destinam-se a interromper sobrecorrentes antes que elas
se tornem perigosas, devido aos seus efeitos térmicos e mecânicos, ou resultem em
uma elevação de temperatura prejudicial à isolação, às conexões, às terminações e
à circunvizinhança dos condutores.
A detecção de sobrecorrentes deve ser prevista em todos os condutores de
fase e deve provocar o seccionamento do condutor em que a sobrecorrente for
detectada, não precisando, necessariamente, provocar o seccionamento dos outros
condutores vivos.
No caso de projetos prediais residenciais em que o condutor neutro será
sempre da mesma seção dos condutores de fase, não é necessário prever detecção
de sobrecorrente no condutor neutro, nem dispositivo de seccionamento nesse
condutor.
Para que a proteção dos condutores contra sobrecargas fique assegurada,
as características de atuação do dispositivo destinado a provê-la devem ser tais que:
a. IB ≤ In ≤ IZ; e
b. I2 ≤ 1,45 IZ
Onde:
IB é a corrente de projeto do circuito;
Iz é a capacidade de condução de corrente dos condutores, nas
condições previstas para sua instalação;
In é a corrente nominal do dispositivo de proteção nas condições
previstas para sua instalação;
I2 é a corrente convencional de atuação, para disjuntores, ou corrente
convencional de fusão, para fusíveis, isso se for possível assumir que a temperatura
limite de sobrecarga dos condutores (ver Quadro 16) não venha a ser mantida por
um tempo superior a 100h durante 12 meses consecutivos, ou por 500h ao longo da
vida útil do condutor. Quando isso não ocorrer, a condição da alínea b) deve ser
substituída por: I2 ≤ IZ .
Esses dispositivos de proteção contra sobrecargas devem ser localizados
em todos os pontos onde uma mudança (por exemplo, de seção, de natureza, de
43

maneira de instalar ou de constituição) resulte em redução do valor da capacidade


de condução de corrente dos condutores.

Quadro 16– Temperaturas características dos condutores


Temperatura
Temperatura limite Temperatura limite
máxima para serviço
de sobrecarga de curto-circuito
Tipo de isolação contínuo
(condutor) (condutor)
(condutor)
°C °C
°C
Policloreto de vinila (PVC) até 300 mm2 70 100 160
Policloreto de vinila (PVC) maior que
70 100 140
300 mm2
Borracha etileno-propileno (EPR) 90 130 250
Polietileno reticulado (XLPE) 90 130 250
Fonte: NBR-5410
Para se fazer a proteção contra curto-circuito, as correntes de curto-circuito
presumidas devem ser determinadas em todos os pontos da instalação julgados
necessários. Essa determinação pode ser efetuada por cálculo ou por medição.
E assim como para os dispositivos de proteção contra sobrecarga, devem
ser providos dispositivos que assegurem proteção contra curtos-circuitos em todos
os pontos onde uma mudança (por exemplo, redução de seção) resulte em alteração
do valor da capacidade de condução de corrente dos condutores, admitindo-se
exceções caso a parte da linha compreendida entre a redução de seção ou outra
mudança e a localização cogitada para o dispositivo atender a uma das duas
condições seguintes:
a. Não exceder 3 metros de comprimento, for realizada de modo a reduzir ao
mínimo o risco de um curto-circuito e não estiver situada nas proximidades de
materiais combustíveis;
b. Estiver protegida contra curtos-circuitos por um dispositivo de proteção localizado
a montante.

3.3.2. Proteção contra sobretensões e perturbações eletromagnéticas.

Os circuitos deverão ser protegidos contra sobretensões e perturbações


eletromagnéticas. Determinadas ocorrências podem fazer com que os circuitos fase-
44

neutro sejam submetidos a sobretensões que podem atingir o valor da tensão entre
fases. Essas ocorrências são:
a. Perda do condutor neutro em esquemas TN e TT, em sistemas trifásicos com
neutro, bifásicos com neutro e monofásicos a três condutores;
b. Falta à terra envolvendo qualquer dos condutores de fase em um esquema IT.
No caso b, os componentes da instalação elétrica devem ser selecionados
de forma a que sua tensão nominal de isolamento seja pelo menos igual ao valor da
tensão nominal entre fases da instalação. No caso a, deve-se adotar idêntica
providência quando tais sobretensões, associadas à probabilidade de ocorrência,
constituírem um risco inaceitável.
Deve ser provida proteção contra sobretensões transitórias, por meio de
Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPSs) ou por outros meios que garantam
uma atenuação das sobretensões no mínimo equivalente aos DPSs, e quando a
instalação for alimentada por linha total ou parcialmente aérea, ou incluir ela própria
linha, e se situar em região sob condições de influências externas AQ2 (mais de 25
dias de trovoadas por ano).

Quadro 17– Suportabilidade a impulso exigível dos componentes da instalação


Tensão nominal da instalação Tensão de impulso suportável requerida (kV)
(V) Categoria de produto
Produto a ser
Produto a utilizado em
Produtos
ser utilizado circuitos de Equipamentos
Sistemas especialmente
Sistemas na entrada distribuição e de utilização
monofásicos protegidos
trifásicos da instalação circuitos
com neutro
terminais
Categoria de suportabilidade a impulsos
IV III II I
115-230
120/208
120-240 4 2,5 1,5 0,8
127/220
127-254
220/380,
230/400, - 6 4 2,5 1,5
277/480
400/690 - 8 6 4 2,5
Fonte: NBR-5410
45

Os componentes da instalação devem ser selecionados de modo que o valor


nominal de sua tensão de impulso suportável não seja inferior àqueles indicados no
Quadro 17.
As blindagens, armações, coberturas e capas metálicas das linhas externas,
bem como os condutos de tais linhas, quando metálicos, devem ser incluídos na
eqüipotencialização principal.
Em toda edificação alimentada por linha elétrica em esquema TN-C, o
condutor PEN deve ser separado, a partir do ponto de entrada da linha na
edificação, ou a partir do quadro de distribuição principal, em condutores distintos
para as funções de neutro e de condutor de proteção. A alimentação elétrica, até aí
TN-C, passa então a um esquema TN-S (globalmente, o esquema é TN-C-S).

3.3.3. Proteção contra quedas e faltas de tensão

Devem ser tomadas precauções para evitar que uma queda de tensão ou
uma falta total de tensão, associada ou não ao posterior restabelecimento desta
tensão, venha a causar perigo para as pessoas ou danos a uma parte da instalação,
a equipamentos de utilização ou aos bens em geral. O uso de dispositivos de
proteção contra quedas e faltas de tensão pode não ser necessário se os danos a
que a instalação e os equipamentos estão sujeitos, nesse particular, representarem
um risco aceitável e desde que não haja perigo para pessoas.
Para proteção contra quedas e faltas de tensão podem ser usados, por
exemplo:
a. Relés ou disparadores de subtensão atuando sobre contatores ou disjuntores;
b. Contatores providos de contato auxiliar de auto-alimentação
A atuação dos dispositivos de proteção contra quedas e faltas de tensão
pode ser temporizada, se o equipamento protegido puder admitir, sem
inconvenientes, uma falta ou queda de tensão de curta duração.
Se forem utilizados contatores, a temporização na abertura ou no
fechamento não deve, em nenhuma circunstância, impedir o seccionamento
instantâneo imposto pela atuação de outros dispositivos de comando e proteção.
Quando o religamento de um dispositivo de proteção for suscetível de
causar uma situação de perigo, esse religamento não deve ser automático.
46

3.3.4. Proteção adicional contra choques elétricos

O uso de dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual com


corrente diferencial-residual nominal I∆n igual ou inferior a 30 mA é reconhecido
como proteção adicional contra choques elétricos. A proteção adicional provida pelo
uso de dispositivo diferencial-residual de alta sensibilidade visa casos como os de
falha de outros meios de proteção e de descuido ou imprudência do usuário.
A utilização de tais dispositivos não é reconhecida como constituindo em si
uma medida de proteção completa e não dispensa, em absoluto, o emprego de uma
das medidas de proteção estabelecidas anteriormente.
Qualquer que seja o esquema de aterramento, devem ser objeto de proteção
adicional por dispositivos a corrente diferencial-residual com corrente diferencial
residual nominal I∆n igual ou inferior a 30 mA:
a. Os circuitos que sirvam a pontos de utilização situados em locais contendo
banheira ou chuveiro;
b. Os circuitos que alimentem tomadas de corrente situadas em áreas externas à
edificação;
c. Os circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas que possam vir a
alimentar equipamentos no exterior;
d. Os circuitos que, em locais de habitação, sirvam a pontos de utilização situados
em cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e demais
dependências internas molhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens;
e. Os circuitos que, em edificações não residenciais, sirvam a pontos de tomada
situados em cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens
e, no geral, em áreas internas molhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens.
No que se refere a tomadas de corrente, a exigência de proteção adicional
por DR de alta sensibilidade se aplica às tomadas com corrente nominal de até 32A.
Admite-se a exclusão, na alínea d, dos pontos que alimentem aparelhos de
iluminação posicionados a uma altura igual ou superior a 2,5m.
A proteção dos circuitos pode ser realizada individualmente, por ponto de
utilização ou por circuito ou por grupo de circuitos.
47

3.4. Quadro de Carga da instalação

No quadro de carga é onde se pode ter uma visão geral de todo o projeto.
As informações mais importantes estão nesse quadro. Aqui, deverá ser apresentada
a planilha de cargas agrupadas por circuitos alimentadores dos quadros de medição
e por circuitos alimentadores gerais, bem como suas demandas, proteções,
eletrodutos, condutores e equilíbrio de fases.
Na engenharia básica, define-se a carga de cada unidade consumidora, a
carga total e a demanda geral do sistema. Define-se também os quadros de
medidores (QMs).
Usando o exemplo utilizado na engenharia básica, tem-se o seguinte quadro
18, 20 e 22 com as cargas de todos os consumidores agrupados por QMs e pelo
Medidor de Serviço. É mostrado também nestes quadros, a demanda desses QMs e
do Medidor de Serviço. O dimensionamento dos cabos alimentadores, dos
eletrodutos e da proteção de seus circuitos é feito baseado na carga total, para os
apartamentos, e baseado na demanda calculada, para os QMs.
Com os quadros 18, 20 e 21, dimensiona-se os equipamentos, condutores,
dispositivos e materiais das instalações elétricas. Para os apartamentos, será usada
a carga instalada, e para o quadro de medidores, será usada a demanda calculada.
Portanto:
Apartamentos tipos:
Carga = 36.300 W (Trifásico)
Corrente = 95,27 A
Disjuntor = 100 A
Condutores fase e neutro – Cabos de cobre 4#35 mm2 PVC 70°.
Condutores de aterramento – Cobre nu 16 mm2.
Eletroduto – 60 mm (2 pol)

Quadro de medidores:
Demanda: 113.559,2 VA
Corrente: 298,06 A
Disjuntor = 300 A
Condutores fase e neutro - Cabos de cobre 4#185 mm2 PVC 70°.
48

Condutores de aterramento - Cobre nu 25 mm2.


Uma parte do percurso em Eletroduto de 110 mm (4 pol). Outra parte será em
eletrocalha 30x10cm lacrada. Para maiores detalhes ver o projeto exemplo.
Quadro 18– Quadro de Carga do QM1

Quadro 19– Dimensionamento dos apartamentos e do QM1


49
Quadro 20 - Quadro de Carga do QM2

Quadro 21– Dimensionamento dos apartamentos e do QM2


50

Quadro 22 - Quadro de Carga do Condomínio

Quadro 23– Dimensionamento condomínio

3.5. Unifilar Geral da instalação

Depois que estiverem os trifilares e o quadro de carga do edifício prontos,


pode-se desenhar o unifilar geral. O unifilar geral mostra as informações, desde a
entrada de energia da ESCELSA, até os cabos chegando aos medidores das
unidades consumidoras e os cabos de saídas desses medidores para os quadros
nos apartamentos. No unifilar geral serão mostradas as informações dos cabos
51

durante todo o percurso descrito, mostrando os valores das proteções


dimensionadas, o transformador a ser usado. A carga das unidades consumidoras.

3.6. Planta Baixa da Alimentação das Unidades Consumidoras

3.6.1. Planta de alimentadores dos quadros dos apartamentos.

Para fazer a alimentação dos quadros dos apartamentos, desenha-se na


planta do tipo o caminho que o eletroduto com os fios irá percorrer até chegar ao
quadro.

3.6.2. Planta de alimentadores dos quadros do condomínio e a malha de


terra da instalação.

Para fazer a alimentação dos quadros dos condomínios, usa-se o quadro de


cargas para nos servir de guia. No quadro de cargas há todas as informações
necessárias para o entendimento do projeto. Quais os quadros existentes, o cabo de
alimentação desse quadro e o eletroduto que leva essa alimentação. Então,
primeiramente, devem-se localizar na planta todos os quadros e em seguida
interligar os quadros com a seqüência que melhor atende ao projeto.

3.7. Esquema Vertical da instalação elétrica.

O esquema vertical representa toda a instalação elétrica do edifício. Ela


serve para facilitar para quem for executar o projeto localizar todos os quadros dos
apartamentos e do condomínio, localizar a posição dos QMs, QGBT, subestação e
sua seqüência de ligação

3.8. Planta de situação do edifício.

A planta de situação do edifício mostra a localização deste na cidade. A sua


presença no projeto é requisitada pela ESCELSA.
52

3.9. Vista de Medidores

A vista de medidores será feita baseada na forma já pré-definida na engenharia


básica, e posta no quadro de carga.
Será feita uma vista frontal, mostrando a forma como o quadro de medidores
será instalado na parede, o seu tamanho, a posição dos medidores dos
apartamentos com a identificação de cada unidade consumidora (número do
apartamento), a identificação dos eletrodutos que saem dos medidores, o eletroduto
de alimentação de todo o barramento.
A caixa do barramento será em chapa metálica de aço galvanizado de 1,9 mm
de espessura. A sua tampa deverá ter no máximo 1,30m. Acima deste valor a caixa
deverá ter duas ou mais tampas de mesmo tamanho. Essa tampa deverá ter punhos
para facilitar a sua retirada.
Na caixa também se deve colocar dispositivos de lacre e de segurança para
garantir a inviolabilidade do barramento e para garantir a proteção à vida.

Figura 7– Vista Frontal do QM 1


53

Figura 8 – Vista Frontal do QM 2

Figura 9 – Lista de Material das Vistas Frontais


54

Será mostrada também uma vista interna do barramento, detalhando a posição


das barras de cobre, a chegada do cabo alimentador nessas barras e o detalhe de
conexão desses cabos nas barras.

Figura 10 – Detalhe das Barras

O tamanho das barras de cobre será de acordo com o número de medidores. Os


furos de conexão dos cabos à barra de cobre deverão ter uma distância mínima de
10 cm entre si e entre os isoladores, e serão usados para cada dois medidores. Para
cabos de alimentadores até 35 mm2 a barra deverá ter furo de 1/4”. Para cabos
superiores a 35 mm2 a barra deverá ter furo de 3/8”. No exemplo usado, há um
quadro de medidores com 10 medidores, cujos cabos de alimentação são de 35
mm2, portanto será preciso de uma barra com 5 furos de 1/4” cada. E como tem-se
um cabo de 185 mm2 de alimentação do QM, precisa-se de um furo de 3/8” nessa
barra para a conexão desse cabo.
A vista interna do QM irá mostrar a disposição da barra de cobre e a localização
das entradas dos cabos de alimentação.
55

Figura 11 – Vista Interna do QM1

Figura 12 – Vista Interna do QM2


56

Figura 13 – Lista de Material das Vistas Internas

3.10. Quadro Geral de Baixa Tensão (QGBT) e Medidor de Serviço (MS).

Figura 14 – Vista Frontal do QGBT

O QGBT é a entrada principal de energia de um edifício. Ele é o primeiro quadro


depois da Subestação. A partir desse quadro que saíra todas as outras alimentações
do edifício, e seguirá para os medidores das suas Unidades consumidoras
(Apartamentos + Condomínio). Deverão ser mostrados os detalhes construtivos
57

desse quadro, por meio de vistas frontal e interna. Para o Medidor de Serviço, serão
mostrado os detalhes construtivos, usando-se a sua vista frontal.

Figura 15 – Vista Interna do QGBT


58

Figura 16 – Identificação dos Materiais

Figura 17 – Vista Frontal MS


59

A lista de material do Medidor de Serviço está especificada juntamente com a


lista do QGBT na figura 16.

3.11. Projeto da Subestação.

Na fase de Engenharia Básica foi definida a localização e o tamanho da câmara


de transformação do edifício. A NOR-TEC-01 possui desenhos que definem a
configuração interna da câmara. Para câmara onde será instalado um único
transformador de até 300 kVA pode-se usar a configuração do desenho 27 desta
Norma, que está representada na figura 18.

Figura 18 – Exemplo de Planta Baixa de Subestação

A câmara de transformação deverá ser provida de uma porta exterior, com duas
folhas abrindo para fora, com dimensões mínimas 2,00 x 0,90m por folha e possuir
dispositivo para fechamento à cadeado, devendo a chave ficar em poder da
ESCELSA, quando nela estiverem instalados equipamentos de sua propriedade.
Sua construção será de modo a resistir a fogo interno durante um mínimo de 3
horas, sendo para tal constituída de chapas duplas e alma de amianto.
60

A câmara de transformação deverá ter pelo menos duas aberturas para


claridade e circulação de ar e sua instalação deve obedecer aos critérios abaixo
indicados:
a) as aberturas para entrada e saída de ar deverão ter uma área livre de no mínimo
0,07m2 por m3 de volume da câmara de transformação e possuir grade de
proteção com malha mínima de 30mm e veneziana do tipo chicana, no caso das
aberturas estarem ao alcance de pessoas;

Figura 19 – Detalhes Construtivos da Janela da Subestação

Figura 20– Detalhe 2

b) as aberturas destinadas à entrada e saída de ar deverão se localizadas


preferencialmente com acesso direto para o ar livre. Quando não tiver acesso
61

direto ao ar livre torna-se necessária a instalação de dutos de ventilação de modo


a obter ventilação natural e adequada, inclusive com ventiladores comandados
por relé térmico, se necessário;
c) no caso de câmara de transformação, será permitida a abertura para o interior da
edificação desde que seja área de garagem ou outra área ampla. Neste caso, as
aberturas deverão ter abafadores com fechamento automático em caso de fogo
no seu interior.

O Piso da câmara de transformação deverá ser de concreto armado com


espessura mínima de 0,20m, de tal maneira a resistir ao peso dos equipamentos a
serem instalados. Deverá ser construído dreno para coleta de óleo do transformador
em caso de troca ou vazamento de acordo com os desenhos básicos de 31 e 32 da
NOR-TEC-01, evitando-se a sua passagem para outros recintos da edificação.

Figura 21 – Desenho 31 da NOR-TEC-01


62

Figura 22 – Desenho 32 da NOR-TEC-01

O sistema de confinamento do óleo do trafo mais comumente usado é o do


desenho 32.
Deverá ser construída, na parte inferior interna da porta, uma soleira de 102mm
de concreto, com a finalidade de não se permitir o vazamento de óleo para área
externa da câmara de transformação.
As paredes externas e o teto deverão ser construídos em concreto armado com
espessura mínima de 20cm, de forma a suportar pressões de ate 6kPA, para
qualquer potência de transformador até o limite previsto por esta Norma, permitindo-
se para as paredes internas, o uso de tijolos maciços na espessura de 15cm.
A câmara de transformação não deverá ser construída junto aos pilares de
edificação. Caso isto não possa ser evitado, o mesmo deverá ser recalculado.
Deverá ser prevista iluminação artificial, a prova de explosão, alimentada com
energia medida com comando externo próximo à porta da câmara de transformação.
Os pontos de luz deverão ser colocados a uma distância mínima de 1,5m das partes
63

energizadas, preferencialmente na parede lateral, de livre acesso da câmara de


transformação ou cabina.
A instalação deverá ser dotada de uma caixa de derivação situada na calçada,
no limite de propriedade do consumidor com a via pública, que deverá ter dimensões
mínimas de 0,80m x 0,80m x 0,80m, e poderá ser construída de alvenaria com
tampa de concreto armado ou ferro antiderrapante, devendo ser apropriada para
perfeita drenagem. Essa caixa deverá ser ligada à câmara de transformação através
de dois eletrodutos de PVC rígido ou de aço galvanizado com diâmetro interno de
102mm e espessura de parede de 5mm (mínimo).

Figura 23 – Desenho 29 da NOR-TEC-01


64

Ponto de entrega: Ponto de conexão do sistema elétrico da ESCELSA com as


instalações elétricas da unidade consumidora, caracterizando-se como o limite de
responsabilidade de fornecimento.
Ramal de ligação: Conjunto de condutores elétricos e acessórios instalados
entre o ponto de derivação da rede de distribuição da ESCELSA e o ponto de
entrega. Nos casos de prédios de múltiplas unidades, em que a transformação
pertença à concessionária e esteja localizada no interior do imóvel, o ponto de
entrega situar-se-á na entrada do barramento geral (QGBT).
O ramal de ligação poderá ser aéreo ou subterrâneo (no caso de câmara de
transformação). Ele precisa partir de um poste de rede de distribuição aérea da
ESCELSA, não deve cortar terreno de terceiros, entrar, preferencialmente, pela
frente principal da edificação, e respeitar as posturas municipais e demais órgãos,
especialmente quando atravessar vias públicas, ferrovias e rodovias.
Quadro 24– Tabela 8 da NOR-TEC-01 (ELOS FUSÍVEIS PRIMÁRIOS)

Fonte: NOR-TEC-01

No caso de edifícios que possuem câmara de transformação, o ramal de ligação


deverá ser subterrâneo e seguir as seguintes prescrições:
a) ser de cabo próprio para instalação subterrânea, com isolamento para 15kV;
b) é obrigatório o emprego de quatro cabos unipolares, onde um deles, será
reserva;
65

c) no tubo de aço galvanizado de descida do ramal de ligação, deverá ser


identificado o nome do edifício e a numeração do mesmo com tinta esmalte
preta.
d) Ter o invólucro metálico do cabo e as muflas terminais ligadas à malha de terra;
e) Dispor de uma caixa de passagem no limite da propriedade com a via pública
e/ou em curvas acentuadas do cabo, com dimensões mínimas de 0,80 x 0,80 x
0,80m, com tampa de aço e/ou concreto armado dispensando nos casos em que
o poste de derivação da ESCELSA estiver frontal e do mesmo lado da rua em
relação à edificação, e não havendo curvas acentuadas;
f) Não fazer curvas de raio inferior a 10 vezes o diâmetro do cabo, salvo indicação
contrária do fabricante;
g) Ser instalado dentro dos dutos de aço galvanizado, de diâmetro externo mínimo
de 107mm, a uma profundidade mínima de 0,60m. A sua instalação em kanaflex
ou PVC rígido será possível desde que o mesmo seja envelopado por uma
camada de concreto de espessura mínima de 10cm, devendo ser inspecionados
pela ESCELSA antes de serem cobertos;
h) Dentro desses dutos deverá passar o condutor neutro que será de cabo de cobre
nu, seção mínima 25mm2;
i) Dispor de pára-raios, instalados pela ESCELSA, na estrutura de derivação de
ramal;
j) Derivar da rede através de três chaves fusíveis, de classe 15kV, sendo os elos
fusíveis dimensionados pala tabela 8 da NOR-TEC-01 (Quadro 24), ou três
chaves seccionadoras unipolares, quando não houver coordenação do fusível
com a proteção da ESCELSA;
k) Não serão permitidas emendas nos condutores do ramal subterrâneo, salvo
quando em manutenção, nos casos devidamente autorizados pela ESCELSA. A
conexão deve ser feita com luva de compressão e emenda com material
apropriado, devendo a mesma ser feita somente em caixa de passagem.
66

Figura 24 – Desenho 12 da NOR-TEC-01

Os postes para sustentação dos ramais de ligação poderão ser de aço


galvanizado, concreto ou madeira, e os pontaletes de aço galvanizado ou concreto.
Os postes ou pontaletes deverão ter alturas suficientes para permitir que o condutor
mais baixo, apresente os afastamentos mínimos em relação ao solo.
67
Lista de Material
Item Descrição Un Quant.
1 Pára-raios para sistema aterrado tensão nominal 12 kV pç 3
2 Chave fusível 15kV pç 3
3 Condutor de cobre nu 25mm2 m v
4 Haste de terra comprimento mínimo 2000mm pç 2
5 Fio de cobre nu bitola mínima de 16mm m v
6 Condutor de cobre nu 35mm2 m v
7 Mufla unipolar ou terminais adequados com isolamento 15kV e com pç 4
dispositivo para fixação em cruzeta
8 Cruzeta de madeira de 2,40m e ferragens para fixação pç 2
9 Condutor unipolar subterrâneo com isolamento 15kV. m v
10 Tubo de aço galvanizado φ externo mínimo 107mm m 6
11 Arame de aço galvanizado m v
12 Curva de aço galvanizado de 90° pç 1
13 Placa de identificação pç 1
Figura 25– Lista de Material do Desenho 12 da NOR-TEC-01

As especificações para os postes e pontaletes são mostradas na tabela 9 da


NOR-TEC-01 (Quadro 25).
Para instalações em Tensão Primária de 15 kV, os cabos subterrâneos para
15kV serão unipolares próprios para instalação em locais não abrigados e sujeitos a
umidade. Não é permitida a instalação de cabos com isolamento de papel
impregnado. A identificação dos cabos de 15 kV deverá ser feita pelos números 1, 2,
3 e 4, gravados em placa de alumínio (30 x 20 mm), em baixo relevo ou tinta de
esmalte preta, presas aos respectivos cabos nas suas extremidades, junto as muflas
internas e externas. A fixação da placa deverá ser feita com arame galvanizado nº
12 BWG.
68
Quadro 25 - Tabela 9 da NOR-TEC-01 (Dimensionamento de Postes)

Fonte: NOR-TEC-01

4. O PEDIDO DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA À ESCELSA

O pedido de fornecimento de energia elétrica a ESCELSA deverá ser feito


seguindo as suas exigências, descrita no item 6 da NOR-TEC-01, que varia de
acordo com a classificação da unidade consumidora (definida no item 5 da NOR-
TEC-01) a ser atendida.
O interessado deverá fornecer à ESCELSA todos os elementos necessários ao
estudo das condições de fornecimento, inclusive os destinados a propiciar sua
correta classificação como consumidor.
Em resposta ao pedido de fornecimento, a ESCELSA informará sobre a eventual
necessidade de:
69

a) execução de serviços nas redes e/ou instalação interna do equipamento de


transformação pela ESCELSA ou pelo interessado, conforme a carga e a tensão de
fornecimento;
b) recolhimento das contribuições a que for obrigado o interessado, na forma da
legislação específica;
c) contrato específico de fornecimento de energia

Para o fornecimento às instalações da categoria VI, deverão ser encaminhados


através de carta conforme Apêndice C da NOR-TEC-01, para análise e elaboração
do projeto da câmara de transformação pela ESCELSA, os seguintes elementos:
a) Plantas de arquitetura, com indicação de locais propostos à instalação de
equipamentos da ESCELSA (medidores, câmaras de transformação, etc);
b) Planta de situação do edifício, em escala, do ponto de entrega e da câmara de
transformação, endereço completo e ponto de referência;
c) Área bruta total da edificação;
d) Projeto civil e elétrico da câmara de transformação;
e) Relação de carga instalada (pontos de luz, tomadas, aparelhos, motores, etc...)
por unidade consumidora;
f) Planilha de cargas agrupadas por circuito alimentadores dos quadros de medição
e por circuitos alimentadores gerais, bem como suas demandas, proteções,
eletrodutos, condutores e equilíbrio de fases;
g) Diagrama unifilar da instalação, em corte, desde o ponto de entrega até as
medições, com as respectivas saídas de alimentação, indicando as proteções, as
bitolas dos condutores e eletrodutos, destacando os quadros de medidores da
ESCELSA;
h) Planta baixa indicando a localização dos quadros de medição de energia, assim
como o detalhamento dos mesmos;
i) Localização e detalhamento da malha de terra;
j) Anotação de responsabilidade técnica.

Após a conclusão das instalações das categorias V, VI e VII, os interessados


deverão efetuar seus pedidos de ligação individuais.
70

O projeto elétrico com os elementos solicitados para análise pela ESCELSA


deverá ser apresentado em 2 (duas) vias, devidamente encadernadas, sendo as
pranchas de formato mínimo A-2. O memorial descritivo, quando necessário, deverá
ser apresentado em papel ofício.
Pelo projeto elétrico exemplo, anexado neste trabalho, deve-se entregar as
seguintes plantas à ESCELSA:
• Planta 05 – Trifilares
• Planta 06 – Quadro de Cargas
• Planta 07 – Unifilar Geral
• Planta 08 – Alimentadores
• Planta 09 – Alimentadores
• Planta 10 – Esquema Vertical
• Planta 11 – Vista de Medidores
• Planta 12 – Vista do QGBT e MS
• Planta 13 – Subestação
• Planta 14 – Entrada de MT

As plantas acima citadas possuem todas as informações pedidas pela ESCELSA


nos itens anteriormente mencionados.
Não deverá ser apresentado junto aos elementos solicitados, projeto das
instalações internas da edificação (após a medição).
Quando o projeto for liberado para a ligação, uma via será entregue ao
projetista/ incorporador/ interessado, anexada à orientação de como o cliente deve
proceder com relação à solicitação de fornecimento de entrada, a outra via ficará de
posse da ESCELSA. Caso o projeto esteja em desacordo com a NOR-TEC-01 as
duas vias serão entregue ao projetista/ incorporador/ interessado para que sejam
feitas as correções necessárias.

5. PROJETO TELEFÔNICO

As redes telefônicas em edifícios constituem-se em complementos ou


extensões da rede externa e, como tal, devem merecer um tratamento semelhante
71

ao que normalmente é dispensado àquela rede no que diz respeito a seu


dimensionamento e seu projeto.
Sendo assim, a Telebrás desenvolveu uma documento com o objetivo de
estabelecer os critérios que devem ser observados na elaboração de projetos de
redes telefônicas em edifícios, e esse documento faz parte de um sistema de prática
da TELEBRÁS. Essa é a prática de número 235-510-600.

5.1. Seqüência Básica para elaboração de projetos de redes telefônicas em


edifícios

As redes telefônicas em edifícios, independentemente da finalidade a que se


destina a edificação, são divididas em três partes:

a) Cabos de Entrada – cabos que interligam a rede externa aos Distribuidores


Gerais dos edifícios;
b) Cabos Primários ou Cabos da Prumada – cabos que se estendem desde o
Distribuidor Geral até a última caixa de distribuição da prumada de um edifício;
c) Cabos Secundários ou Cabos de Distribuição – cabos que interligam duas caixas
de distribuição ou que interligam uma caixa de distribuição a uma caixa de saída.

Os projetos de redes telefônicas em edifícios têm por finalidade dimensionar


essas três partes que compõem a rede interna, bem como determinar a quantidade
necessária de blocos terminais internos, de modo a prover um sistema de
comunicação adequado ao porte e finalidade do prédio.

Figura 26 – Blocos terminais


72

Um projeto de rede telefônica interna é elaborado mediante a seguinte


seqüência básica de atividades, qualquer que seja o tipo de edifício para o qual a
rede está sendo projetada:

a) Projeto da Rede de Cabos Secundários;


b) Projeto da Rede de Cabos Primários;
c) Projeto dos Cabos de Entrada;
d) Determinação da Quantidade de Blocos Terminais Necessários nas Caixas da
Rede Interna;
e) Determinação dos Comprimentos dos Cabos da Rede Interna;
f) Distribuição dos Cabos da Rede Interna;
g) Elaboração da Tabela de Materiais;
h) Desenho do Projeto.

O projeto de uma rede telefônica em edifícios deve resultar, portanto, num


desenho específico, contendo o esquema da rede em corte vertical, as capacidades,
distribuições e comprimentos dos cabos, as quantidades de blocos terminais que
devem ser instaladas em cada caixa, os detalhes da disposição dos blocos na caixa
de distribuição geral, a tabela de materiais relativa ao projeto elaborado, além de
outros elementos retirados do projeto de tubulação do edifício, como o esquema
dessas tubulações, as dimensões e características das mesmas e outros detalhes
que possam interessar ao executor da rede interna.
O projeto de uma rede telefônica em edifícios está intimamente relacionado
com a tubulação telefônica prevista ou construída para o prédio. Assim, ao se
elaborar um projeto de rede interna deve-se dispor de um desenho da tubulação
telefônica do edifício que contenha, pelo menos, os seguintes elementos:

a) Números de Pontos Telefônicos do Edifício;


b) Dimensões das Caixas da Rede Interna;
c) Diâmetros e Comprimentos das Tubulações
d) Localização das Caixas de Saída;
e) Características da Tubulação de Entrada.
73

5.2. Projeto da Rede de Cabos Secundários

O primeiro passo para elaboração do projeto da rede de cabos secundários


de um edifício é determinar a carga de cada caixa de distribuição em todos os
andares. A carga de cada caixa de distribuição é a soma de todos os pontos
telefônicos atendidos por ela.
A carga assim determinada deve ser corrigida para se obter o número ideal
de Pares Terminados (PT) necessários para atender a carga prevista. O número
ideal de pares terminados não representa, necessariamente, o número real de pares
que efetivamente serão terminados na caixa. O número efetivo de pares terminados
depende das capacidades dos cabos que serão utilizados enquanto que o número
ideal de pares terminados é um artifício de projeto que tem por finalidade,
justamente, determinar a capacidade dos cabos que serão utilizados.

Figura 27 – Exemplo de uma Caixa de Distribuição no andar

A caixa acima possui dois blocos terminais (BLI - 10) e um cabo CI50-20,
que significa um cabo de capacidade de 20 pares terminados de condutores, sendo
estes com 0,50 mm de diâmetro.
O tamanho da caixa e o número de blocos terminais dependerão da carga
prevista para ser atendida no andar.
74

Para um prédio que possua dois apartamentos de três quartos por andar,
este precisará de dois pontos telefônicos para cada apartamento (Ver Quadro 26
abaixo), ou seja, quatro pares por andar. Dessa forma, a Caixa de Distribuição no
andar poderá conter um bloco terminal (BLI-10 – que possui a capacidade de 10
pares), com a chegada de um cabo CI50-10.
Caso o prédio tenha oito apartamentos de dois quartos por andar, será
necessário na caixa de distribuição do andar pelo menos 8 pares terminados.
A quantidade de pares terminados por apartamento pode ser obtido pelo
Quadro 26.
Quadro 26 – Quantificação de Pontos Telefônicos

Fonte: Manual de procedimentos de Rede Interna de Telecomunicações da CTBC


(Companhia de Telecomunicações do Brasil Central)
Em função do número ideal de pares terminados devem ser
determinadas as capacidades dos cabos CCI necessários para interligar as caixas
de distribuição às caixas de saída, escolhendo-se cabos de capacidades
adequadas. Ou seja: a soma das capacidades dos cabos escolhidos deve ser igual
ou superior ao número ideal de pares terminados determinados.

5.3. Projeto da Rede de Cabos Primários

5.3.1. Edifícios com Poço de Elevação

Nos edifícios com poços de elevação, cada andar deve ser atendido
diretamente por um cabo de capacidade adequada que parte do Distribuidor Geral
do edifício e termina naquela caixa de distribuição. Esses cabos devem ser
dimensionados em função do número de pares terminados em cada caixa de
distribuição ligada à prumada.
Esse tipo de configuração de rede de cabos primários permite o uso de
cabos de baixa capacidade e proporciona mais flexibilidade às modificações futuras
que possam ser necessárias.
75

Os cabos que atendem aos andares não devem, sempre que possível,
terminar diretamente nos cubículos dos andares. Os prédios que possuem poço de
elevação, em geral comportam várias caixas de distribuição por andar, sendo então
preferível instalar os blocos terminais nessas caixas ao invés de instalá-los nos
cubículos. Estes devem ser deixados apenas para a passagem e emenda dos
cabos.

Figura 28 – Poço de Elevação

Em edifícios com poço de elevação, portanto, são os seguintes os passos


necessários à elaboração do projeto da rede de cabos primários:
76

a) Determina-se a Carga nas caixas de distribuição de cada andar e determina-se o


número ideal de pares terminados necessários para atendê-la;
b) Determina-se a configuração da rede da prumada dentro do poço de elevação,
respeitando-se os critérios estabelecidos para este fim.
c) Determina-se a capacidade de cada cabo previsto em função do número ideal de
pares terminados em cada andar ou em cada caixa de distribuição ligada à
prumada.

5.3.2. Edifícios com Tubulação Convencional

Figura 29 – Tubulação Convencional


77

Os cabos da rede da prumada em edifícios com tubulação convencional


devem ser dispostos em configurações semelhantes àquelas descritas para prédios
com poços de elevação. Neste caso, no entanto, a configuração usual é aquela em
que três andares contíguos são atendidos de um mesmo ponto.
Em edifícios com tubulação convencional com único cabo ramificando-se
pelos andares, o primeiro passo do projeto é calcular o número acumulado ideal de
pares terminados nas caixas de distribuição que atendem a mais de um andar.
Em função deste número, determina-se a capacidade de cada trecho da
rede da prumada entre duas emendas, ou seja, entre duas caixas de distribuição
que atendem a mais de um andar. A determinação da capacidade desses trechos de
cabos deve ser iniciada pela caixa da prumada mais distante do Distribuidor Geral
do edifício.
Cada trecho de cabo que chega numa determinada caixa de distribuição que
atende a mais de um andar, a partir do Distribuidor Geral, tem capacidade igual ou
superior ao número acumulado ideal de pares terminados naquela caixa, mais a
somatória dos números acumulados ideais de pares terminados das caixas do
mesmo tipo imediatamente superiores.
Em edifícios com tubulação convencional, portanto, é a seguinte a seqüência
de atividades para elaboração do projeto de rede de cabos primários:
a) Determina-se a Carga nas caixas de distribuição em cada andar e determina-se o
número ideal de pares terminados necessários para atendê-la;
b) Determina-se o número acumulado ideal de pares terminados nas caixas de
distribuição que atendem a mais de um andar;
c) Determina-se a capacidade de cada cabo ou de cada trecho de cabo previsto em
função do número acumulado ideal de pares terminados em cada caixa de
distribuição que atende a mais de um andar e da configuração da rede da
prumada.
Qualquer que seja a configuração adotada para a rede da prumada em
qualquer tipo de edifício o cabo a ser utilizado é o do tipo CI com condutores com
0,50mm de diâmetro.
78

5.4. Cabos de Entrada

Os cabos de entrada de um edifício são os cabos que estendem da caixa de


distribuição geral do prédio até a caixa subterrânea ou o poste mais próximo. Os
cabos a serem utilizados nessa parte da rede podem ser dos tipos CT, CT-APL ou
CTP-APL. Em alguns casos podem também ser utilizados cabos tipo CTP-APL-G.
A capacidade do cabo de entrada deve ser determinada em função da
quantidade ideal de pares terminados no Distribuidor Geral do edifício do lado da
rede interna. A capacidade do cabo de entrada pode ser menor que a soma das
capacidades dos cabos que constituem a rede da prumada.

5.5. Blocos Terminais

5.5.1. Caixas de Distribuição

Nas caixas de distribuição, a quantidade necessária de blocos terminais é


obtida dividindo-se o número de pares efetivamente terminados na caixa por dez.
Como cada bloco terminal tem capacidade para a terminação de dez pares, deve-se
arredondar o numerador da divisão para o valor superior mais próximo, inteiro e
múltiplo de dez.
Portanto, se em um edifício, houver um andar com uma caixa de distribuição
atendendo dezesseis linhas telefônicas, serão necessários dois blocos terminais
nessa caixa. Dessa forma, como cada bloco terminal possui a capacidade de dez
pares terminados, a caixa de distribuição poderá atender até vinte pares. Como
serão necessários dezesseis pares, haverá quatro pares reservas.
Nas caixas de distribuição da prumada em qualquer configuração da rede, o
número de pares efetivamente terminados será sempre múltiplo de dez, de vez que
os cabos CI são sempre fabricados em capacidades múltiplas daquele número. Nas
caixas de distribuição não pertencentes à prumada, quando são utilizados cabos
CCI, o número de pares efetivamente terminados pode não ser múltiplo de dez.
Os blocos terminais são suportados por canaletas ou fixados diretamente,
através de parafusos, à prancha de madeira existente no fundo da caixa. Cada
canaleta pode suportar até cinco blocos e as canaletas devem ser obrigatoriamente
utilizadas quando a quantidade a ser instalada de blocos terminais for igual ou
79

superior a dois. O número de canaletas é determinado dividindo-se o número de


blocos terminais por cinco e arredondando-se o quociente desta divisão para o
número inteiro superior mais próximo. Assim, se forem instalados oito blocos
terminais numa caixa de distribuição, o número de canaletas será igual a dois.

Figura 30 – Bloco terminal fixado diretamente à prancha de madeira

Figura 31 – Bloco terminal suportado por canaleta


80

Figura 32 – Detalhe de Bloco Terminal

5.5.2. Caixas de Distribuição Geral

As caixas de Distribuição Geral são divididas no meio por uma linha


horizontal imaginária. Na parte superior dessa linha são instalados os blocos
terminais correspondentes ao lado da rede interna.
A quantidade necessária de blocos terminais do lado da rede interna é
calculada dividindo-se a capacidade dos cabos tipo CI que saem da caixa de
distribuição geral por dez. O quociente desta divisão será sempre um múltiplo inteiro
de dez.
A quantidade necessária de canaletas deve ser determinada separadamente
para o lado da rede interna e para o lado da rede externa. Assim, se do lado da rede
interna forem instalados, por exemplo, 32 blocos terminais, serão necessárias 7
canaletas neste lado; se no lado da rede externa forem instalados 20 blocos, serão
necessárias 4 canaletas. A quantidade total de canaletas será, portanto, a soma
dessas duas quantidades obtidas em separado, ou seja, 11.

5.6. Disposição dos cabos e blocos terminais

5.6.1. Caixas de Distribuição

Nas caixas de distribuição, a quantidade de blocos terminais normalmente


não ultrapassa a cinco. Quantidades maiores podem ser encontradas, mas, em tais
81

casos, a disposição dos cabos e blocos pode ser determinada por analogia com as
caixas que contenham quantidades menores de blocos.
Os blocos devem ser dispostos em seqüência, iniciando-se a ocupação de
cima para baixo. Os blocos devem ser dispostos com maior comprimento na
horizontal.

Figura 33– Caixa de Distribuição

Figura 34 – Anéis Guia

Ao lado de cada fileira de blocos e a 4 centímetros destas, devem ser


instalados anéis de guia com rosca soberba que servem para orientar a passagem
dos cabos CCI. Devem ser previstos três anéis por canaleta sendo que os anéis
devem ficar na direção da linha central horizontal da canaleta.
Os cabos CI que contornam as caixas de distribuição ou terminam na
mesma, devem ser fixados através de suportes para cabo.
82

Figura 35 – Foto Caixa de Distribuição

Figura 36 – Foto Bloco Terminal dentro da Caixa de Distribuição

5.6.2. Caixas de Distribuição Geral

Nas caixas de distribuição geral os blocos terminais devem ser instalados a


partir da linha imaginária que divide a caixa ao meio. Esta disposição é válida tanto
para os blocos da rede interna como para os blocos da rede externa.
83

Figura 37– Exemplo de Distribuidor Geral (DG)

No lado da rede externa os blocos devem ser instalados de baixo para cima
e da esquerda para a direita, a partir da linha horizontal e imaginária e a 5
centímetros desta. No lado da rede interna, os blocos devem ser instalados de cima
para baixo e da esquerda para a direita, a partir da linha horizontal imaginária e a 5
centímetros desta.
Entre os dois conjuntos de blocos, sobre a linha horizontal imaginária,
devem ser colocados anéis de guia com rosca soberba para servirem de guia para a
passagem de fios tipo FDG.
Os blocos terminais devem ser instalados com seu maior comprimento na
horizontal. Ao lado de cada fileira de blocos e a 4 centímetros destas devem ser
instalados anéis de guia com rosca soberba.
Os cabos da rede interna que saem da caixa de distribuição geral e os cabos
da rede externa que entram na caixa devem ser fixados através de suportes para
cabo de tamanho adequado.
84

5.7. Comprimentos dos Cabos da Rede Interna

Nas caixas de distribuição, a emenda dos cabos CI deve ficar, sempre que
possível, encostada na parede da caixa e no lado esquerdo da mesma, quando esta
é olhada de frente. No entanto, dependendo da tubulação e do tipo de emenda a ser
executada, o lado escolhido pode ser o outro, desde que ofereça melhores
condições para a execução da emenda e para melhor aproveitamento do cabo e do
espaço interno da caixa.
O pedaço de cabo que vai desde a emenda até os blocos terminais deve ter
um comprimento tal que permita que o mesmo percorra toda a extensão ocupada
pelos blocos, deixando-se um comprimento de cabo suficiente para a execução das
formas de terminação.
O comprimento total do cabo necessário à execução da forma deve ser igual
ao comprimento total dos blocos instalados mais 40 centímetros. O cabo deve estar
na posição definitiva da forma. A forma inicia-se logo após a curvatura do cabo e a
10 centímetros da fileira mais próxima de blocos terminais.
Na terminação dos cabos nas caixas de distribuição podem ocorrer os
seguintes casos:

a) O cabo tem alguns pares terminados na caixa de distribuição e continua a subir


com a mesma capacidade
Neste caso, deve ser prevista uma alça de folga para facilitar a retirada dos
pares terminados. Esta alça deve ter um comprimento igual à altura da caixa e deve
ficar do lado esquerdo da mesma.

Figura 38 – Representação da Terminação dos cabos no caso a.


b) O cabo tem alguns pares terminados na caixa e muda de capacidade.
85

Neste caso, deve ser prevista uma emenda completa. O comprimento do


cabo é definido determinando-se, no lado esquerdo da caixa, o local da emenda, de
modo que os cabos a serem emendados se cruzem neste ponto.

Figura 39 - Representação da Terminação dos cabos no caso b.


c) O cabo termina na caixa.
Neste caso, deve ser previsto um comprimento de cabo suficiente para que
ele dê a volta na caixa, comprimento esse igual a pelo menos três vezes a altura da
caixa.

Figura 40 - Representação da Terminação dos cabos no caso c.


Todos os cabos que entram na caixa de distribuição geral, quer do lado da
rede externa, quer do lado da rede interna, terminam nela. Portanto, cada cabo que
entra nesta caixa deve ser previsto com um comprimento igual a pelo menos três
vezes a altura da caixa.
Quadro 27 – Raios mínimos de Curvatura do cabo CI
Número de Pares do cabo Raio de curvatura (mm)
10 70
20 91
30 105
50 130
100 172
200 238
Fonte: Prática Telebrás 01012
86

Os cabos da rede interna (cabo CI) devem obedecer aos raios mínimos de
curvatura apontados no Quadro 27. Dessa forma, ao se determinar o comprimento
dos cabos da rede interna, esses raios mínimos de curvatura devem ser
considerados.

5.8. Distribuição dos cabos da rede interna

Chama-se “distribuição” a designação de camadas (ou seja, grupos de


pares) de um cabo para atender permanentemente às previsões de demanda de
serviços em pontos definidos de uma rede de cabos telefônicos. No caso de uma
rede de cabos internos em edifícios, a distribuição consiste em designar os grupos
de pares que serão ligados aos blocos terminais a serem instalados nas caixas de
distribuição.
A determinação da distribuição dos cabos é feita partindo-se da última caixa
de distribuição ou cubículo será designada a contagem de pares mais baixa. A
contagem irá crescendo à medida que as caixas de distribuição se aproximam da
caixa de distribuição geral.
Depois de distribuídos os pares na rede da prumada, esses mesmos pares
devem ser distribuídos nos blocos terminais de dez pares instalados nas caixas de
distribuição, designando-se contagens contínuas. Assim, o cabo de contagem 1-20
será distribuído em dois blocos terminais, ocupando o primeiro a distribuição 1-10 e
o segundo, a distribuição 11-20.

5.9. Desenho do projeto

Todo e qualquer projeto de rede telefônica interna deve conter os elementos


necessários ao completo entendimento dos serviços a serem executados.
Todos os desenhos devem possuir, no canto inferior direito, uma legenda,
cujos campos devem ser preenchidos com os seguintes elementos, de modo a
identificar perfeitamente o edifício e o responsável pelo projeto da rede telefônica
interna:

a) Construtor: nome ou razão social do responsável pela construção do edifício;


87

b) Edifício e Endereço: nome e endereço completo do edifício para o qual foi


projetada a rede interna;
c) Escala: escala do desenho do projeto;
d) Responsável pelo projeto: nome, número de registro do CREA ou no DENTEL,
data (dia, mês e ano) e assinatura do responsável pelo projeto da rede interna;
e) Título: identificação do desenho (planta de localização, planta da rede
secundaria, planta da rede primaria, etc.);
f) Desenho: número do desenho.

O desenho do projeto deve conter um desenho esquemático detalhado do


distribuidor geral do edifício, mostrando a disposição dos blocos do lado da rede
interna e do lado da rede externa.
Um desenho completo de projeto de rede interna deve conter, pelo menos,
os seguintes elementos:

a) Corte vertical do edifício, mostrando em forma esquemática os andares, a


tubulação telefônica do prédio com todas as suas dimensões e o esquema da
rede telefônica, ao lado desta tubulação;
b) O esquema da rede telefônica, mostrando a configuração da rede, a posição da
emendas, as capacidades, diâmetros e distribuições dos cabos da rede interna,
os comprimentos desses cabos e a quantidade e localização dos blocos
terminais internos;
c) Planta baixa do andar tipo mostrando o trajeto e distribuição da rede secundária;
d) O detalhe do distribuidor geral do edifício, mostrando a disposição dos blocos do
lado da rede interna e do lado da rede externa;
e) A tabela de materiais relativa ao projeto;
f) A legenda padronizada devidamente preenchida;
g) Outros detalhes que se façam necessários para o completo entendimento do
serviço a ser executado.
88

6. ESTUDO SOBRE PROJETO DE AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL

6.1. Introdução

A automação residencial é um sistema capaz de melhorar o estilo de vida


aumentando o conforto, segurança e eficiência de uma residência. Engloba
iluminação, entretenimento, segurança, telecomunicações, temperatura ambiente,
controle de utilidades e de equipamentos diversos com a possibilidade de ser
centralizado em um único sistema de controle.
Primeiramente foi a automação industrial, ligada ao controle e à supervisão
das linhas de produção, depois a de edifícios comerciais mais voltada às áreas
patrimonial e institucional. Agora a automação residencial, um mercado emergente
que já é realidade em todo o Brasil, chega com soluções interessantes e
diferenciadas voltadas aos serviços para o usuário.
Trata-se de novas tecnologias que procuram oferecer conforto, praticidade,
produtividade, economia, eficiência e rentabilidade, com valorização da imagem do
empreendimento e de seus usuários.
Com a automação residencial o que se objetiva é a integração de
tecnologias de acesso à informação e entretenimento, com otimização dos negócios,
da Internet, da segurança, além de total integração da rede de dados, voz, imagem e
multimídia. Isso é obtido através de um projeto único que envolve infra-estrutura,
dispositivos e software de controle.
As soluções tradicionais utilizam sistemas autônomos, que não se
comunicam entre si. Desta forma, os benefícios da integração não estão sendo
levados aos usuários.
Quais são os sistemas residenciais modernos que se deve incluir num
projeto integrado? A seguir os principais:

- áudio, vídeo, som ambiente, tv por assinatura.


- segurança (alarmes, monitoramento, CFTV).
- controle de iluminação.
- telefonia.
89

- redes de dados e informática.


- ar condicionado e aquecimento.
- persianas e cortinas automáticas.
- eletrodomésticos inteligentes.
- utilidades (irrigar, bombas, aspiração central, gás).
- gerenciamento de energia.

Figura 41 – Sistema Geral


As casas do futuro terão vários computadores, scanners, fax, impressoras e
telefones interligados (intranet) e compartilhados através de conexão em banda
larga (Internet) com o mundo exterior. Além destes fatores, o uso da residência
como complemento do escritório e o aumento do número de profissionais que
trabalham em casa criaram uma demanda de serviços de telecomunicações de
maior capacidade.
90

6.2. Projeto de Cabeamento Estruturado

Com o crescimento do uso das redes locais de computadores e a agregação


de novos serviços e mídias como voz, dados, teleconferência, internet e multimídia,
surgiu a necessidade de se estabelecer critérios para ordenar e estruturar o
cabeamento.
No final dos anos 80, as companhias dos setores de telecomunicações e
informática estavam preocupadas com a falta de padronização para os sistemas de
cabos de telecomunicações.
Em 1991, a associação EIA/TIA (Eletronic Industries Association /
Telecommunications Industry Association) propôs a primeira versão de uma norma
de padronização de fios e cabos para telecomunicações em prédios comerciais,
denominada de EIA/TIA-568 cujo objetivo básico era:
a) Implementar um padrão genérico de cabeamento de telecomunicações a ser
seguido por fornecedores diferentes;
b) Estruturar um sistema de cabeamento intra e inter-predial, com produtos de
fornecedores distintos;
c) Estabelecer critérios técnicos de desempenho para sistemas distintos de
cabeamento tradicional, baseado em aplicações;
Assim, os prédios possuíam cabeamento para voz, dados, sistemas de
controle, eletricidade, segurança, cada qual com uma padronização proprietária.
Eram fios e cabos por toda parte, cabo coaxial, par trançado, cabo blindado.
Neste cenário, alguns problemas surgiram para desestimular essa forma de
cabeamento não estruturado:
a) Mudança rápida de tecnologia: Microcomputadores mais velozes, serviços
integrados de voz e dados, redes locais de alta velocidade;
b) Infra-estrutura de telefonia privada inadequada para novas tecnologias;
c) Rápida saturação de dutos, canaletas e outros suportes de cabeamento;
d) Inflexibilidade para mudanças;
e) Cabeamento não reaproveitável com novas tecnologias;
f) Suporte técnico dependente de fabricantes;
g) Aumento de custo.
91

Figura 42 – Exemplo de organização com o cabeamento estruturado

A demanda futura para o mercado SoHo (Small Office/Home Office) traz a


necessidade de se dispor de uma infra-estrutura de cabeamento capaz de suportar
todas as aplicações. Decorrente da necessidade de padronização na distribuição
dos dados e largura de banda nas comunicações, deve-se levar em consideração a
instalação de cabeamento estruturado que permite a utilização de uma mídia
unificada, mais bem arrumada e elaborada para o transporte de sinais de TV,
telefonia, Internet e compartilhamento de dados e recursos em geral.
92

Figura 43 – Sistema de automação integrado

Há muito tempo os sistemas de cabeamento estruturado é a infra-estrutura


padrão de comunicações para edifícios de escritórios. Além de aumentar
sensivelmente a confiabilidade e performance da instalação, o cabeamento
estruturado ainda torna simples e fáceis as adições, upgrades e mudanças. Uma
casa pré-cabeada, capaz de acomodar tecnologias presentes e futuras é sinônimo
de prevenção à obsolescência técnica e prematura do seu investimento.
Todos os serviços de telecomunicações de entrada (telefonia, internet, TV
cabo/satélite, CATV, CFTV) podem ser centralizados em um gabinete e a partir
deste ponto os cabos são lançados diretamente às tomadas de serviços, espalhadas
pela residência/escritório.
Estes sistemas de cabeamento compreendem cabos de alta velocidade e
painéis de distribuição. O conjunto de cabos consiste normalmente em dois pares de
Coaxiais RG6 e dois pares de cabos Par-Trançado categoria 5, unidos num único
cabo para maior facilidade de instalação.
O cabo RG-6 é um dos mais comuns tipos de cabos coaxiais utilizados para
fins comerciais e domésticos. O termo RG-6 é um rótulo genérico que pode ser
93

usada para descrever todo um conjunto de desenhos de cabos. RG significa Radio


Guide e é um termo utilizado no envio de sinais de Rádio Freqüência (RF) através
de cabos coaxiais.

Figura 44 – Cabo RG-6

Figura 45 – Desenho Cabo RG-6

O cabo categoria 5 trata-se de um cabo de fios de pares trançados sem


blindagem 22 ou 24 AWG com uma impedância de 100 ohms. Testado para uma
largura de banda de 100 MHz, esse cabo é capaz de transportar um sinal de dados
a 100 megabits por segundo sob determinadas condições. O cabo da Categoria 5 é
um meio de alta qualidade cada vez mais usado em aplicações voltadas para a
transmissão de imagens e dados em grandes velocidades.
94

Figura 46 – Cabo Par-Trançado Categoria 5

Figura 47– Esquema Demonstrativo do Cabeamento Estruturado

Os cabos RG-6 e Categoria 5 são ideais para as condições atuais; pois,


cabos telefônicos Categoria 5 transportam dados 10 vezes mais rápido que os cabos
de cobre comuns. Os cabos RG-6 oferecem uma boa largura de banda para
transportar sinais de TV de alta definição. Porém velocidade e capacidade são
apenas parte da equação. A distribuição de som, vídeo e dados para múltiplos
95

computadores, TV's, caixas acústicas e telefones são importantes elementos dos


sistemas de cabeamento estruturado. Esta é a tarefa dos painéis de distribuição.

Figura 48 – Patch Painel em um painel de distribuição

Figura 49 – Painel de distribuição


96

6.3. Algumas Aplicações

6.3.1. Sistemas para controle de iluminação

Muitas tecnologias vêm se desenvolvendo dentro do vasto leque de opções


que compreende a automação residencial. Algumas já se tornaram mandatórias em
todos os tipos de ambientes, como os sistemas para controle de iluminação,
presentes em casas, apartamentos e escritórios, além de grandes empresas,
teatros, hotéis e hospitais. Seu papel fundamental é proporcionar mais conforto,
economia e segurança.

Figura 50 – Ambiente com controle de luminosidade


A forma mais simples de se controlar lâmpadas é através de um interruptor.
Ao apertá-lo, o usuário fecha um contato que permite ou impede a passagem de
corrente, fornecendo potência total à carga.
97

Figura 51 - Simples acionador de lâmpada ao cair do sol, com controle automático e manual

Sofisticando um pouco mais, podemos controlar lâmpadas com dimmers


(atenuadores), que possibilitam diminuir a quantidade de potência da carga através
de limitadores de tensão elétrica. Os dimmers antigos não passavam de reostatos
ligados em série com a lâmpada. Eram grandes, pouco eficientes e não eram
confiáveis, já que podiam superaquecer e causar incêndios.
Com os avanços da eletrônica, foi possível desenvolver dimmers com
semicondutores, que funcionam como interruptores de alta velocidade, ligando e
desligando 120 vezes por segundo. Eles são menores e mais eficientes que
dimmers de reostato, cabendo facilmente em uma caixa de parede padrão 4x2. As
maiores vantagens obtidas com o uso de dimmers com semicondutores são o
aumento da vida útil da lâmpada e a economia de energia elétrica resultantes da
atenuação da potência. Os dimmers atuais conseguem reduzir a intensidade
luminosa de lâmpadas de naturezas diferentes, como incandescentes, dicróicas
(com transformadores) e até fluorescentes, de uma forma segura e prática, podendo
substituir interruptores sem qualquer necessidade de obra ou instalação especial.
98

Figura 52 – Esquemático de um dimer


O controle de iluminação apresenta benefícios estéticos imediatos: as cenas
de iluminação são amplamente usadas em salas de reuniões e convenções, museus
e casas de espetáculo. Utilizando este artifício é possível, com o toque de um único
botão, ajustar os níveis de todas as luminárias de acordo com o evento. Desta
forma, os detalhes corretos são iluminados adequadamente e o efeito desejado é
atingido.
De olho no crescente mercado de pequeno porte, os fabricantes de sistemas
para controle de cenas de iluminação vêm lançando produtos modulares e de menor
custo, permitindo assim que residências, escritórios, consultórios, restaurantes e
lojas também possam se beneficiar com as cenas. Na sala de uma casa, por
exemplo, são necessárias cenas diferentes para cada tipo de ocupação. Uma cena
específica para o jantar deve acender o circuito de lâmpadas sobre a mesa e
atenuar os circuitos das cortinas. Já em uma festa, quadros e lavabos ficam acesos
enquanto os corredores são apagados. Se quiser assistir TV, a iluminação indireta é
atenuada, as demais são desligadas.
O usuário tem fácil acesso às funções do seu sistema através de controles
variados. As interfaces são amigáveis e adequadas para a finalidade principal do
sistema, trazendo economia e segurança principalmente em sistemas de
gerenciamento predial e acionamento mediante ocupação.

6.3.2. Sistema inteligente para irrigação de jardins

As vantagens desse sistema são inúmeras. O uso racional e econômico da


água; tempo livre para outras atividades de lazer e a valorização da sua
propriedade. A irrigação é feita de maneira uniforme e pulverizada ("spray"), bem
99

diferente dos jatos d'água das mangueiras, que acabam estragando as plantas e
flores mais delicadas.
A irrigação pode ser programada para ser executada várias vezes num dia,
devendo-se escolher os horários mais adequados para cada tipo de planta ou
localização no jardim. Irrigar durante a noite tem a vantagem da menor evaporação e
maior absorção da água. Além disso, o sistema pode ser programado para funcionar
diariamente ou a cada 2, 3 ou 5 dias, dependendo da estação do ano.
Projeta-se a irrigação em diversos setores, para que se possa fornecer as
quantidades adequadas de água. Assim, o dimensionamento do sistema leva em
consideração a área a ser irrigada (se está em local ensolarado ou com sombra),
tipos de plantas e aspersores, vazão total necessária e o clima local determinado
pelo índice de evapo-transpiração. Esse índice mede a água perdida por evaporação
no solo e por sua superfície e pela transpiração, que é a água efetivamente utilizada
pela planta.
E se chover? O sistema tem um sensor de umidade no solo, que irá
bloquear o comando elétrico de acionamento da bomba e válvulas, caso não haja a
necessidade de irrigação.
O controlador, o cérebro do sistema, é a peça que completa a irrigação
automática. Com ele é possível programar os horários de irrigação, ligando e
desligando os diversos setores em tempos determinados em uma simples operação.
Deve-se prever também um circuito de energia elétrica para alimentação da
bomba, válvulas e controlador, e a conexão com o sistema de automação
residencial, se existir.
O custo da instalação varia conforme o tamanho e formato do jardim, tipos
de aspersores utilizados e tipos de plantas. Quanto mais regular e ampla for a área,
mais barato será o metro quadrado de implantação.
O período de instalação de um sistema gira em torno de uma semana e o
seu custo de manutenção é muito baixo.
100

Figura 53 – Exemplo de Sensor de Umidade do Solo.

Figura 54 – Ilustração do Sensor de Umidade no terreno.

6.3.3. Reconhecimento de Voz

A possibilidade de utilizar sistemas de reconhecimento de voz na automação


residencial tem aumentado substancialmente a cada dia, decorrente do
barateamento dos custos dos recursos de informática e do aumento significativo do
poder de processamento dos computadores, que é essencial para uma boa
performance do sistema.
Muitos produtos já foram lançados no mercado, principalmente para
utilização por pessoas com deficiência física, crianças e idosos. Estes produtos
baseiam-se em ditados e precisam de um pré-treinamento do usuário para que o
sistema reconheça o seu padrão de voz, o problema é que sistema necessita de
microfones o mais perto possível para garantir melhor qualidade no reconhecimento
101

e os ruídos, ecos e falta de nitidez atrapalham consideravelmente o reconhecimento


da fala.
Para que um sistema de reconhecimento de voz seja implantado, é preciso
analisar os seguintes itens:
• O reconhecimento dos comandos de voz deve ser confiável;
• Deve operar eficientemente mesmo com o barulho normal de um ambiente;
• O sistema deve operar totalmente livre do uso das mãos. Não deve ser
necessário que o usuário porte qualquer tipo adicional de hardware, seja um
controle remoto sem fio, telefone ou microfone;
• Deve operar usando microfones ativos distribuídos pela casa, que captam todo
som ambiente incluindo os comandos de voz que devem ser reconhecidos e
interpretados;
• O sistema de reconhecimento de voz deve ser um opcional nos sistemas
automatizados, ou seja, para os usuários impossibilitados de falar deverá haver
os comandos normais através de interruptores, sensores, controle remoto e
painéis de controle;
• Deve se integrar a múltiplos controladores para permitir uma abordagem de
sistema aberto;
• Deve permitir a possibilidade de um feedback sonoro opcional para que seja
confirmado para o usuário o recebimento do comando de automação.

6.3.4. Sistema de Alarme Vazamentos de Gás, Fumaça e Incêndio

Consistem em dispositivos para alertar e resolver imprevistos, dispondo de


sensores para detecção de fumaça e incêndio, que podem emitir sinais sonoros de
alerta e até acionar esguichos de emergência; ou, sensor de vazamento de gás,
uma vez que o sensor capte a vazão, um dispositivo automaticamente fecha a saída
de gás, corta a energia elétrica da casa e ainda levanta as cortinas para a
ventilação.
102

6.3.5. Cortinas Automatizadas

A motorização de cortinas e persianas proporciona uma grande


conveniência, principalmente quando integrada aos controles domésticos de
iluminação e aos sistemas de entretenimento (Home Theaters). Como principais
características, podemos citar a utilização de controles remotos sem fio (IR) e a
possibilidade de instalar sensores de chuva e de sol que acionam o fechamento e
abertura das persianas. Ainda podemos citar nas persianas, a opção para blackout.

6.4. Sistema de Integração

Um projeto de automação residencial deve integrar todos os subsistemas em


um só sistema. Para isso, algumas empresas no ramo de instalações elétricas
desenvolveram equipamentos que facilitam a vida dos projetistas. A Schneider
Eletric, por exemplo, possui uma linha de produtos específica para automação
residencial (linha IHC – Intelligent Home Control).

Figura 55– Diagrama de Entradas e Saídas em um Sistema Integrado


103

Para ser instalado o IHC necessita de um projeto específico de infra-


estrutura (tubulações e fiação) e mão de obra treinada. Quem realiza o projeto, a
programação e a instalação do IHC é o integrador de sistemas residenciais. O
integrador é um profissional especializado que trabalha em conjunto com o arquiteto
e que, está presente desde a concepção do projeto até o fim da instalação.
A linha de produtos da IHC consiste em vários módulos que permitem a
integração de vários sistemas. Desses módulos o principal é o módulo de controle.
Este é o cérebro do sistema, controlando os dispositivos de uma casa/ apartamento,
e é programado a partir de um computador, via software.

Figura 56 – Módulo de Controle


Entre os outros módulos estão os de entrada e saída. Há módulos de
entrada 24V que recebe sinais de pulsadores, sensores, detectores, etc. As
informações recebidas por ele são transmitida ao módulo de controle. Os módulos
de saída se dividem em saída 24 V e 230 V. Os de 24 V se destinam a ativar LEDs
de confirmação nos pulsadores para confirmar estado de carga de calefação, luzes
de outro ambiente, etc. Os módulos de saída 230 V controlam até 8 cargas de 230
V, como iluminação, motores, sirenes, etc.
Há também um Módulo Modem, que é um modem telefônico para tons e
pulsos com comunicação bidirecional e protegido por senha. Serve para transmitir
alarmes para um telefone pré-determinado. Com ele é possível consultar estados ou
fazer o controle forçado do IHC.
104

Há outros módulos, mas os principais são esses para que se possa entender
o sistema. Na figura 57 abaixo é mostrado um diagrama de instalação dos
componentes do sistema IHC. Na figura, pode-se observar que um sensor de
presença, o pulsador e o detector de gás estão ligados ao IHC Input 24, que é o
módulo de entrada 24 V. Por meio desse módulos os sensores, pulsadores e
detectores podem se comunicar com a central. Quando uma das entradas é
acionada, o módulo de entrada comunica a central. Esta, por sua vez, está
programada para ligar determinada saída neste momento. O comando que sai a
central chega ao módulo de saída, que ativa o equipamento de saída.

Figura 57 – Diagrama da instalação dos componentes


Outro fato importante a destacar, é que a instalação do sistema IHC pode
ser centralizada ou descentralizada.
A centralizada concentra todos os módulos do sistema em um só quadro da
casa. A ligação dos equipamentos de saídas e os sensores distribuídos pela casa
são ligados todos aos módulos dentro desse quadro.
105

Figura 58- Instalação Centralizada

Já a descentralizada possui módulos espalhados pela casa de acordo com o


seu local de utilização. Há um quadro principal com o módulo de controle, porém os
módulos de entradas e saídas ficam espalhados pela casa.

Figura 59 – Instalação Descentralizada


106

7. TECNOLOGIA DE APOIO AO PROJETISTA

7.1. Software para desenho

Há cerca de vinte anos a elaboração de projetos era feita exclusivamente


nas pranchetas. Os projetos eram desenhados a mão, e era um processo muito
trabalhoso. Não havia a tecnologia que é disponível hoje, e que facilita tanto a vida
do projetista.
A ferramenta principal de um projetista são os programas de desenhos
auxiliados por computador (CAD – Computer Aided Design). No mercado brasileiro,
existem cerca de uma dezena de programas de CAD, mas atualmente predomina o
AutoCAD e suas versões especializadas, seguido pelo Microstation. Eis os
endereços na Internet em que se pode obter mais informações sobre eles:
• Programa AutoCAD, da Autodesk: http://www.autodesk.com
• Programa MicroStation, da Bentley: http://www.bentley.com/products/
O AutoCAD é a ferramenta principal da maioria dos escritórios de projetos,
seja de projeto elétrico, arquitetônico, estrutural, hidráulico, etc. O AutoCAD
substituiu a antiga prancheta. Isso facilitou muito o trabalho do projetista quando, por
exemplo, precisava fazer alguma revisão no desenho. No computador, ele pode abrir
o arquivo e fazer as alterações desejadas. No caso da velha prancheta ele precisaria
começar o desenho do zero. Portanto, o AutoCAD além de facilitar, ele agiliza o
trabalho.
O AutoCAD é uma ferramenta muito poderosa de desenho. Provavelmente,
nem mesmo os projetistas mais experientes conhecem todas as disponibilidades de
comando que o AutoCAD oferece. O AutoCAD permite além dos seus recursos mais
comuns de desenho, permite também que o usuário utilize do Visual Basic, que é
uma linguagem programação produzida pela empresa Microsoft, que permite a
criação de macros, e está integrado em todos os produtos da família de produtos
Microsoft Office, e também em outros produtos de terceiros.
As Macros são rotinas que executam automaticamente num documento,
como por exemplo, abrir um arquivo, selecionar um campo, fazer um cálculo, etc.,
dependendo de como a pessoa programou essa macro.
107

No AutoCAD, podem-se criar rotinas para desenhos e cálculos. Evitando o


trabalho repetitivo de algumas ações.
Quem quiser pesquisar sobre a criação de rotinas no AutoCAD, usando
VBA, pode ler o livro do professor Luís Alberto Gómez, “VBA para AutoCAD” da
editora Visual Books. Primeiramente ele explica os fundamentos básicos da
programação em VBA, seus elementos e a integração do VBA e o AutoCAD. Depois
demonstra uma aplicação a ser usada na engenharia elétrica como a determinação
de cargas elétricas.

7.2. Software para projetos

Há também no mercado programas que se disponibilizam a fazer


praticamente um projeto completo no AutoCAD. Na área da elétrica, os dois
principais são o CADDPROJ da HIGHLIGHT Computação Gráfica, e o lumine.v4 da
AltoQi.
São programas que se propõem a auxiliar no lançamento de pontos, na
definição de circuitos, no lançamento dos condutos e da fiação e fazem a lista de
material.

7.3. Utilização do Excel para a Elaboração de Cálculos

Durante a elaboração de um projeto, há muitos cálculos e é necessário


constantemente consultar tabelas de normas e catálogos de produtos.
Por exemplo, no dimensionamento de um quadro de distribuição de uma
unidade consumidora, ao se separar os circuitos e definir suas cargas, precisamos
calcular a sua corrente, para determinar qual disjuntor e o cabo a serem usados em
cada circuito.
Com a ajuda do Excel, podem-se organizar esses circuitos em uma tabela
com colunas para o número do circuito, a descrição do circuito, a carga e o número
de fases. Com essas informações podem-se criar fórmulas para o cálculo da
corrente do circuito.
108

Figura 60 – Lista de Circuitos de um Quadro no Excel.


No mesmo arquivo, colocam-se em forma de tabela algumas informações de
normas e catálogos, formando, assim, uma base de dados para que o programa
possa buscá-las.
Quadro 28 - Relação cabo (mm2) e corrente (A)

Fonte: NOR-TEC-01
109

Por exemplo, coloca-se em uma tabela a capacidade dos disjuntores usados


de acordo com o catálogo dos fabricantes. Colocam-se também em forma de tabela
os cabos definidos em norma e suas respectivas capacidades de condução de
corrente.

Figura 61 - Dimensionamento de disjuntores e alimentadores pelo Excel


110

CONCLUSÕES

Este trabalho visou principalmente o estudo da elaboração de um projeto da


instalação elétrica de um edifício residencial. No capítulo 2, foi passada uma receita
de projetos com os passos principais a serem seguidos no desenvolvimento de um
projeto. Foi vista a importância para um projetista iniciante de seguir fielmente esta
seqüência descrita.
No capítulo 3, a seqüência foi descrita passo a passo, procurando dar uma
visão clara de cada processo. Neste capítulo pode-se ver a importância de se fazer
inicialmente uma boa engenharia básica, calculando cargas, demandas e definindo
os circuitos e alguns aspectos importantes antes de se iniciar o projeto. Assim,
evitam-se retrabalhos no futuro. Neste capítulo, foram estudados os princípios
fundamentais e as características gerais de uma instalação elétrica. Foi vista a
importância da segurança e determinada as formas de proteções que se tem em
uma instalação.
No capítulo 4, foi descrito, baseado na NOR-TEC-01, um procedimento para
a preparação de um pedido a Escelsa para o fornecimento de energia elétrica de um
edifício. No Apêndice C, há o modelo de carta que deve ser encaminhada para a
Escelsa com as informações requisitadas.
No capítulo 5, foi mostrada uma seqüência básica de passos para a
elaboração de um projeto telefônico de acordo com a prática da Telebrás. Foram
vistos os pontos mais importantes neste tipo de projeto, como o dimensionamento
dos cabos secundários, primários e os de entrada, a definição dos quadros de
distribuição e a quantidade e a disposição dos blocos terminais nestes quadros.
Foi feita uma introdução a automação residencial no capítulo 6. Para
descrever sobre esse assunto, foi necessária pesquisas basicamente na internet
através de sites como da AURESIDE (Associação Brasileira de Automação
Residencial). Através desse site foi possível estudar artigos sobre a área, que
contribuíram para o desenvolvimento deste capítulo. Foi destinado um subitem neste
capítulo para falar sobre cabeamento estruturado, visto a importância deste para um
projeto de automação e a integração de vários sistemas. Um outro subitem foi
destinado para falar sobre a linha IHC (Intelligent Home Control), que é um conjunto
de produtos da Prime – Schneider destinado para se fazer um sistema integrado em
111

residências. Foram faladas também neste capítulo algumas aplicações mais usadas
na automação residencial.
No capítulo 7, comentou-se da importância do Auto-Cad para o
desenvolvimento de um projeto, e sobre a existência de softwares no mercado que
se propõem a facilitar o trabalho de um projetista em vários aspectos, tanto como
desenhos quanto cálculos. Foi falado também sobre a possibilidade de se utilizar o
Excel como ferramenta de cálculos.
Fica como sugestão para trabalhos futuros o desenvolvimento de uma
pesquisa mais aprofundada para o projeto telefônico ou o de automação, visto que
são duas áreas muito ricas em assunto, e o presente trabalho se limitou dar apenas
uma introdução nesses assuntos.
112

APÊNDICE A

Quadro 29 - Cálculo da parcela de demanda de um apartamento em função da área útil.

Fonte: CODI
113

Quadro 30 - Diversificação em função da quantidade de apartamentos

Fonte: CODI
114
Quadro 31 - Determinação da potência (kVA) em função da quantidade de motores
a) Motores Trifásicos

b) Motores monofásicos

Fonte: CODI
115

APÊNDICE B

Influências externas determinantes


No quadro da proteção contra choques elétricos, as seguintes condições de
influências externas são determinantes:

BA = Competência das pessoas.

BB = Resistência elétrica do corpo humano.

BC = Contato das pessoas com o potencial da terra.

Quadro 32 - Competência das pessoas


Código Classificação Características Aplicações e exemplos
BA1 Comuns Pessoas inadvertida -
BA2 Crianças Crianças em locais a elas destinados 1) Creches, escolas
Pessoas que não dispõem de completa
Casas de repouso, unidades
BA3 Incapacitadas capacidade física ou intelectual (idosos,
de saúde
doentes)
Pessoas suficientemente informadas ou
supervisonadas por pessoas qualificadas, de tal
BA4 Advertidas forma que lhes permite evitar os perigos da Locais de serviço elétrico
eletricidade (pessoal de manutenção e/ou
operação)
Pessoas com conhecimento técnico ou
Locais de serviço elétrico
BA5 Qualificadas experiência tal que lhes permite evitar os
fechados
perigos da eletricidade (engenheiro e técnicos)
1)
Esta classificação não se aplica necessariamente a locais de habitação.
Fonte: NBR-5410
116
Quadro 33 – Resistência Elétrica do corpo humano
Código Classificação Características Aplicações e exemplos
Circunstâncias nas quais a pele está seca
BB1 Alta Condições secas
(nenhuma umidade, inclusive suor)
Passagem da corrente elétrica de um mão à
outra ou de uma mão a um pé, com pele
BB2 Normal Condições úmidas
úmida de suor, sendo a superfície de
contato significativa
Passagem da corrente elétrica entre as duas
mãos e os dois pés, estando as pessoas com
BB3 Baixa Condições molhadas
os pés molhados ao ponto de se poder
desprezar a resistência da pele e dos pés
Pessoas imersas na água, por exemplo em
BB4 Muito Baixa Condições imersas
banheiras ou piscinas
Fonte: NBR-5410

Quadro 34 – Contato das pessoas com o potencial da terra


Código Classificação Características Aplicações e exemplos
Locais cujo piso e paredes sejam isolantes e
BC1 Nulo Locais não-condutivos
que não possuam nenhum elemento condutivo
Locais cujo piso e paredes sejam isolantes,
Em condições habituais, as pessoas
com elementos condutivos em pequena
não estão em contato com
BC2 Raro quantidade ou de pequenas dimensões e de tal
elementos condutivos ou postadas
forma a probabilidade de contato possa ser
sobre superfícies condutivas
desprezada
Pessoas em contato com elementos Locais cujo piso e paredes sejam condutivos
BC3 Freqüente condutivos ou postadas sobre ou que possuam elementos condutivos em
superfícies condutivas quantidade ou de dimensões consideráveis
Locais como cladeiras ou vasos metálicos,
cujas dimensões sejam tais que as pessoas que
Pessoas em contato permanente neles penetrem estejam continamente em
com paredes metálicas e com contato com as paredes. A redução da
BC4 Contínuo
pequena possibilidade de poder liberdade de movimentos das pessoas pode,
interromper o contato por um lado, impedi-las de romper
voluntariamente o contato e por outro
aumentar os riscos de contato involuntário.
Fonte: NBR-5410
117

Situações 1, 2 e 3
Definem-se, em função das influências externas BB (Quadro 31) e BC (Quadro 32),
as situações 1, 2 e 3 caracterizadas no Quadro 33. Para uma combinação de
influências externas BB e BC, a situação a ser considerada é a mais severa ditada
por qualquer das influências externas (BB ou BC) isoladamente.

Quadro 35 – Situações 1, 2 e 3
Condição de influência externa Situação
BB1, BB2 Situação 1
BC1, BC2, BC3 Situação 1
BB3 Situação 2
BC4 Situação 2
BB4 Situação 3
Notas
1 Alguns exemplos de situação 2:
- áreas externas (jardins, feiras, etc);
- canteiro de obras;
- estabelecimentos agropecuários;
- áreas de acampamento e de estacionamento de veículos especiais e reboques
- dependência interiores molhadas em uso normal.
2 Um exemplo da situação 3, que corresponde aos casos de corpo imerso, é o interior de banheiras e piscinas.
Fonte: NBR-5410
118

APÊNDICE C

MODELO DE CARTA DE PRÉVIA CONSULTA DE PROJETOS


(CATEGORIA IV – CARGAS CONFORME ITEM 6.5 E CATEGORIA VII – CONFORME
ITEM 5.7)
DATA

À
Espírito Santo Centrais Elétricas S.A.

ASSUNTO: Prévia Consulta de Projeto


Elétrico para definição de Atendimento

Prezados Senhores,

.........(NOME DA FIRMA).............com sede em ...................através de seu Eng.º abaixo


assinado e caracterizado responsável pela execução do projeto elétrico das instalações
elétricas do edifício no local abaixo mencionado, vem, por meio, desta, encaminhar a
V.S.as. as informações abaixo relacionadas:

1. LOCALIZAÇÃO DO IMÓVEL

Rua/Avenida ( )
Bairro ( )
Localidade ( ) Município ( )

2. QUANTIDADE DE UNIDADES CONSUMIDORAS


(os dados deverão ser fornecidos por unidades consumidoras típicas)

no de condomínios ( )
no de apartamentos ( )
no de lojas ( )
no de salas ( )
no de escritórios ( )
Outros (especificar) ( )

3. ÁREA DE OCUPAÇÃO DAS UNIDADES CONSUMIDORAS

Condomínios ( )m2
Apartamentos ( )m2
Lojas ( )m2
Salas ( )m2
Escritórios ( )m2
Outros (especificar) ( )m2

4. ÁREA BRUTA TOTAL DA EDIFICAÇÃO ( )m2

5. RELAÇÃO ESTIMATIVA DAS CARGAS


119

5.1 - Carga Total a ser instalada

Especificação Quant. Potência por unidade . Pot.total


Iluminação e Tomadas ( ) ( ) ( )
Ar Condicionado ( ) ( ) ( )
Aquecedor/Chuv.Elétrico ( ) ( ) ( )
Motores Elétricos ( ) ( ) ( )
Outros (especificar) ( ) ( ) ( )

5.2 - Em anexo apresentamos:

5.2.1 - Plantas de arquitetura dos pisos do edifício, que tenham locais destinados à
instalações de equipamentos da ESCELSA (medidores, câmara de transformação, etc).

5.2.2 - Planta de situação do edifício e da câmara de transformação.

5.2.3 - Endereço para correspondência e telefone para contato.

5.2.4 - Início da obra ___/___/___


Término da obra ___/___/___

Atenciosamente,
120

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ABNT NBR 5410, 2004. Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Associação
Brasileira de Normas Técnicas

[2] ABNT NBR 5419, 2001. Proteção de Estruturas contra descargas atmosféricas.
Associação Brasileira de Normas Técnicas

[3] NOR-TEC-01, 2007. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensões Secundária


e Primária 15kV. Escelsa - Concessionária de Energia do Espírito Santo –
Espírito Santo Centrais Elétricas S.A.

[4] Desmistificando a Domótica.


Disponível em http://www.aureside.org.br/artigos/default.asp?file=all.asp
[Capturado em maio de 2008]

[5] Por dentro da Casa inteligente.


Disponível em http://www.aureside.org.br/artigos/default.asp?file=all.asp
[Capturado em maio de 2008]

[6] Proteja sua casa com tecnologia.


Disponível em http://www.aureside.org.br/artigos/default.asp?file=all.asp
[Capturado em maio de 2008]

[7] A busca pelo foco do mercado.


Disponível em http://www.aureside.org.br/artigos/default.asp?file=all.asp
[Capturado em maio de 2008]

[8] Casa “inteligente” precisa ter um cérebro.


Disponível em http://www.aureside.org.br/artigos/default.asp?file=all.asp
[Capturado em maio de 2008]
121

[9] Edifícios Inteligentes: Inovação por Demanda.


Disponível em http://www.aureside.org.br/artigos/default.asp?file=all.asp
[Capturado em maio de 2008]

[10] Norma Regulamentadora Nº10, 2004 – Segurança em Instalações e serviços


em Eletricidade.

[11] Automação residencial – Linha IHC.


Disponível em http://www.schneider-electric.com.br/prime/
[Capturado em Junho de 2008]

[12] Temas Técnicos de Automação Residencial. Site AURESIDE – Associação


Brasileira de Automação Residencial.
Disponível em http://www.aureside.org.br/default.asp
[Capturado em Maio de 2008]

[13] Manual de práticas CTBC (até 5 pontos telefônicos). “Manual 5 pontos.pdf”


Disponível em http://www.ufsm.br/desp/geomar/instalacao/index.htm
[Capturado em Abril de 2008]

[13] Práticas TELEBRAS - Procedimento de Projeto de Tubulações Telefônicas em


Edifícios – “Telebras_01015.pdf”
Disponível em http://www.ufsm.br/desp/geomar/instalacao/index.htm
[Capturado em Abril de 2008]

[13] Práticas TELEBRAS - Procedimento de Projeto de Tubulação Telefônica em


unidades – “Telebras_01014.pdf”
Disponível em http://www.ufsm.br/desp/geomar/instalacao/index.htm
[Capturado em Abril de 2008]
122

[14] Práticas TELEBRAS - Projetos de Redes telefônicas em Edifícios –


“Telebras_01012.pdf”
Disponível em http://www.ufsm.br/desp/geomar/instalacao/index.htm
[Capturado em Abril de 2008]

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