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AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR: um


estudo de caso sobre a utilização da plataforma Moodle.

Josilene Ribeiro1

RESUMO:
O presente trabalho discute a utilização de novas Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) no ensino superior, através de um estudo de caso sobre a
implementação de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) na plataforma
Moodle, como ferramenta de apoio às aulas presenciais no curso de Comunicação
Social da UFPB, nos semestres 2009.1 e 2009.2. Analisam-se os aspectos negativos e
positivos da experiência na perspectiva de discentes e docentes envolvidos, a partir dos
resultados quantitativos e qualitativos levantados na pesquisa de campo, realizada
através da aplicação de questionários e de observação participante. A pesquisa aponta a
viabilidade da estratégia pedagógica adotada no caso e que o planejamento de aula é
essencial para o bom desempenho do processo de ensino-aprendizagem utilizando-se
meios digitais.

PALAVRAS-CHAVE: Ambiente Virtual de Aprendizagem; TIC; Moodle;


Metodologia de Ensino; planejamento.

Área: Tecnologias da Comunicação e Informação

ABSTRACT
This article discusses the use of new Information Technologies & Communication
(ITC) in higher education through a case study on the implementation of a Virtual
Learning Environment (AVA) in Moodle as a tool to support the classroom Travel
Media UFPB in semesters 2009.1 and 2009.2. It examines the negative and positive
experience for students and teachers involved, from the quantitative and qualitative
results collected in field research, conducted through questionnaires and participant
observation. The study suggests the feasibility of the teaching strategy adopted in the
case and that the lesson plan is essential for the proper performance of the teaching-
learning using digital media.

1. INTRODUÇÃO

As novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC's) criaram


possibilidades e produziram impactos socios-culturais sob diversos aspectos e em
diferentes âmbitos da sociedade contemporânea, transformando-a na Sociedade da
Informação, onde interatividade e compartilhamento tornaram-se palavras-chave para
entender o processo de produção do conhecimento. Porém, o caminho que leva da
simples disponibilidade, disseminação e divulgação de dados para a Sociedade do

1
Profª. Ms. do Curso de Comunicação Social da UFPB e FATEC.
2

Conhecimento pressupõe ir da informação para o significado, da percepção para o


julgamento (MARKL, 1998). Nesse sentido, a escolha de uma metodologia de ensino
tem um papel fundamental ao passo que possibilita ao aprendente (estudante)
selecionar, estruturar, conectar, apreender e construir os conhecimentos de que precisa,
tornando-o capaz de dar significado e julgar as informações que lhes são
disponibilizadas dentro de uma determinada disciplina/curso.
Os recursos e estratégias pedagógicas estão em plena evolução e adaptação ao
contexto das TICs. Fala-se e aplica-se indiscriminadamente recursos tecnológicos em
cursos presencias e á distância (EAD) sem compreensão clara dos seus impactos e
resultados para o aprendizado. Assim, acreditamos que é necessário refletir e realizar
uma investigação acurada dos impactos das novas tecnologias no ensino, especialmente
no superior. Deste modo, a questão que se apresenta neste estudo é a de saber como os
recursos tecnológicos, mais precisamente a plataforma Moodle2, têm servido para
ampliação e construção do conhecimento.
Para embasar este estudo tomamos como ponto de partida a revisão bibliográfica
sobre Educação à Distância e na seqüência realizamos um estudo de caso sobre a
implementação de um 'curso híbrido', utilizando a plataforma Moodle como recurso se
apoio ao ensino presencial da disciplina Laboratório de Planejamento em Relações
Públicas (LPRP), a qual integra a grade curricular obrigatória da habilitação de
Relações Públicas, do Curso de Comunicação Social, do Departamento de
Comunicação e Turismo – DECOMTUR, da Universidade Federal da Paraíba.
A disciplina LPRP tem um caráter teórico-prático e se insere no sexto período,
tendo por objetivos: capacitar os alunos para elaboração de diagnósticos e prognósticos
de comunicação, planos e projetos de Relações Públicas para organizações (instituições
públicas, empresas privadas e organizações do terceiro), a partir da investigação do
ambiente organizacional (por meio de pesquisas de opinião e auditoria de comunicação,
dentre outros instrumentos de coleta de dados) e do planejamento de estratégias e ações
de comunicação. Assim, a disciplina exige além do embasamento teórico, a orientação
sistemática e o acompanhamento contínuo das práticas dos alunos dentro da empresas,

2
Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment - Moodle é um software livre, de apoio à aprendizagem.
O Moodle é um sistema de administração de atividades educacionais destinado à criação de comunidades on-line,
isto é, um pacote de software que permite aos docentes criar sítios Web para as disciplinas que lecionam. Mais
informação em: <http://moodle.org/>
3

contribuindo para construção de conhecimentos basilares para o profissional de


Relações Públicas.
A adoção do Moodle na disciplina em questão se deu em função do Projeto de
monitoria "Laboratório de Relações Pública Online – Ambiente Virtual de
Aprendizagem de apoio ao ensino de planejamento de Relações Públicas na UFPB",
que visa dar suporte a prática dos alunos nas organizações, por meio da criação de um
espaço para interação virtual entre o professor responsável pela disciplina, o monitor-
tutor e os alunos, na plataforma Moodle. Neste Ambiente Virtual de Aprendizagem
(AVA) os alunos tiveram acesso a orientação e acompanhamento individualizado,
estudos de caso e problemas, fórum de discussão e materiais de estudo/apoio, de modo
“contínuo”3, ou seja, não se restringindo ao horário da aula.
O método de pesquisa nesta investigação abrangeu aspectos qualitativos e
quantitativos, com destaque para utilização da pesquisa participante, considerando que
todos os agentes envolvidos no processo de implementação do curso híbrido - professor,
monitores e alunos - participaram da análise de sua própria realidade, sendo a autora
deste artigo a responsável pela disciplina.
Desta forma, este artigo discute e analisa como se deu o desenvolvimento do
curso híbrido desde o planejamento inicial, passando pela implementação das tarefas e
recursos, até os resultados alcançados.

2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Os recursos tecnológicos tornam-se essenciais para a ampliação da comunicação


e dos relacionamentos (F. ANDRADE, 2009). No âmbito do ensino-aprendizagem em
curso superiores nos perguntamos se estes são suficientes para manter uma interação
eficaz entre os alunos e professores ou se devem ser mantidas outras estratégias de
comunicação presenciais, que aproximem e promovam o diálogo entre o grupo. É
evidente que, em termos de quantidade, a utilização dos recursos da Internet tornou-se
possível até de forma ilimitada com os novos meios; porém, é preciso observar e
analisar mudanças, quanto à qualidade no processo de ensino-aprendizagem.

3
O curso de relações públicas é noturno e as práticas dos alunos nas empresas têm que ocorrer em horário distinto
das aulas, durante horário comercial, quando a maioria das empresas está em funcionamento.
4

Vale salientar que ao adotar a expressão 'processo de ensino-aprendizagem'


queremos deixar claro que entendemos o 'ensino' sempre como um processo dialético,
que só é possível na relação/interação com o outro e/ou com meio. Além disso,
entendemos que o professor não é o detentor do saber e sim um "mediador", cuja missão
é dotar a seus alunos das ferramentas necessárias para "aprender a aprender”.
Levando-se em consideração que a aprendizagem, segundo Kenski (2005), é
mais significativa quanto maior for o grau de interação e comunicação entre os
participantes do processo, a proposta de um ‘curso híbrido’ une os princípios da
educação virtual, em que todas as linguagens podem ser utilizadas simultaneamente, e a
vantagem da presença física do aluno, conferindo-se um potencial enorme de
comunicação e integração espaço/tempo ao processo (TORI, 2009).
Segundo Tori (2009), um curso híbrido assume que os dois ambientes de
aprendizagem – a tradicional sala de aula presencial e o moderno ambiente virtual de
aprendizagem, são mutuamente complementares. De acordo com este autor, “o resultado
desse encontro são curso híbridos que procuram aproveitar o que há de vantajoso em cada
modalidade, considerando contexto, curso, adequação pedagógica, objetivos educacionais e
perfis dos alunos” (TORI, 2009, p. 121).
Some-se a isso, o fato que somente o emprego dos recursos tecnológicos não
garante a interação, sendo imprescindível o planejamento das atividades, para definir
qual o melhor meio de atingir a necessidade dos aprendentes, que pode ser um recurso
tecnológico ou não (F. ANDRADE, 2009).
Isso posto, podemos partir para descrição e caracterização do curso híbrido de
Planejamento em Relações Públicas.

3. ATIVIDADES PROPOSTAS X ATIVIDADES REALIZADAS

A seguir descrevemos detalhadamente as atividades realizadas, iniciando com o


esclarecimento sobre como se deu a dinâmica e a relação entre Conexão entre aulas
presenciais se virtuais. Na seqüência descrevemos a Implantação das atividades, do
suporte e dos recursos de apoio e, finalmente, explicamos o Sistema de avaliação no
moodle.

3.1 CONEXÃO ENTRE AULAS PRESENCIAIS E VIRTUAIS:

As aulas presenciais e no AVA complementaram-se, de modo coerente e dinâmico:


nas aulas presenciais privilegiava-se a discussão teórica e a orientação ao trabalho prático
5

(elaboração de um plano de comunicação para uma organização-cliente); no AVA, além de


materiais como slides, textos, hipertextos, vídeos, e-books, links dinâmicos, por meio dos
quais os estudantes tiveram acesso aos conteúdos, preocupou-se em criar recursos de
interação e comunicação entre os participantes que ampliaram os debates e discussões
presenciais, bem como recursos para acompanhamento de notas individuais, postar/enviar
trabalhos para correção.
A equipe de monitoria acompanhou as aulas presenciais e virtuais auxiliando os
alunos no processo de aprendizagem sob a supervisão do professor, conforme uma
escala de revezamento, em que cada monitor cumpria as 12hs semanais previstas na
Resolução 02/1996 do CONSEPE/UFPB e a sala de aula virtual (funcionou 24hs por
dia, 7 dias da semana) e presencial estavam sempre assistidas pela monitoria.
O acompanhamento das aulas presenciais fez-se essencial, visto que a sala
virtual é uma continuidade desta, e, portanto devem estar em sincronia de conteúdo e
desenvolvimento do grupo. Estando a par do que acontece na sala presencial, das
dúvidas recorrentes e da interação da turma, foi possível adaptar atividades e realizar
um acompanhamento individual que atendia, na medida do possível, às necessidades
específicas de cada aluno.

3.2 IMPLANTAÇÃO DAS ATIVIDADES, DO SUPORTE E DOS RECURSOS DE


APOIO

3.2.1 Atividades
Na sala presencial as atividades variaram entre estudo teórico com discussões sobre
os temas e produção textual com base em cases. A presença da equipe de monitoria se fez
importante durante todo o período, sendo destaque nos últimos meses, pois foi durante a
elaboração do planejamento que os alunos apresentavam mais dúvidas e insegurança, e
puderam contar com a experiência de que já realizou a mesma atividade.
Já na sala virtual, as atividades foram divididas em duas categorias:
contínuas/permanentes e semanais. As atividades Glossário e o Diário de Bordo tiveram
caráter contínuo, pois eram avaliadas e moderadas durante todo o período do curso. As
outras, Fóruns Temáticos, Questionários, Tarefas, Lições e Pesquisa, eram avaliadas
segundo o objetivos e metas da semana em que eram propostas.
Os Fóruns Temáticos traziam sempre algum tipo de recurso multimídia e a partir
deste propunha-se uma discussão entre os alunos, solicitando-se que expressassem seus
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pontos de vista sobre o tema da semana. Após cada fórum um dos monitores-tutores
fazia uma síntese da discussão que encerrava o debate.
Considerando as idéias de Garrison et al (2009) observou-se nos Fóruns
Temáticos a presença cognitiva, pela qual se aprofunda o conhecimento a partir de
questionamentos; presença social, pela troca de diferentes opiniões e; por fim, a
presença de ensino, observada no auxilio efetuado pelo moderador (monitor-tutor ou
professor).
Por sua vez, as Tarefas permitiam o envio de resenhas, textos e trabalhos. Os
Questionários tratavam do estudo de capítulos de livros discutidos em sala de aula. E as
Lições incluíam leituras complementares às aulas presenciais e procuravam levar o
aluno a fazer uma síntese através de perguntas objetivas.
O Glossário consistiu na construção colaborativa pelos alunos de um
“Dicionário on-line de comunicação”. Esta atividade possibilitou uma rica troca de
conhecimento entre os participantes, que formaram um grupo cooperativo.
Conforme Araújo Jr. e Marquesi (2009) grupo cooperativo consiste em:
Um método didático que possibilita maior interação entre os
participantes e promove uma ação educativa compartilhada. Nele, o
estudar e o aprender são processos construídos coletivamente e
centrados na cooperação (ARAÚJO JR.; MARQUESI, 2009, p. 363).

Ao final da disciplina todos os conceitos postados pelos alunos no Glossário


foram revistos pelos participantes para a execução de uma atividade em sala presencial.
Assim, todos foram motivados a consultar os conceitos enviados pelos outros colegas e
dessa forma realizar a atividade proposta.

3.2.2 Recursos de apoio e suporte:

Segundo Loyolla (2009 p. 236), “o suporte compreende o oferecimento de todos os


recursos que os alunos possam utilizar com o propósito de desenvolver o processo de
aprendizagem ou mesmo que possam incentivar futuros processos de aprendizagem”.
Nesta perspectiva, as ferramentas utilizadas como suporte tiveram o propósito de
incrementar a qualidade da aprendizagem dos alunos, desenvolvendo a socialização e a
interatividade entre os participantes do processo (alunos, professores e tutores).
7

Na nossa experiência, como elementos de suporte e apoio aos aprendentes,


destacamos a Biblioteca do Curso, as mensagens instantâneas, o Plantão Tira-dúvidas e
as orientações presenciais.
A Biblioteca se volta para o aprendizado individual, disponibilizando materiais
de uso corrente na disciplina complementares aos estudos, o que possibilita ampliar os
conhecimentos sobre os objetos discutidos.
Considerando a comunicação um fator de extrema importância entre os
participantes, logo constatamos a necessidade de organização e divulgação de
horários/escala da monitoria, e regras/políticas para uma comunicação síncrona e
assíncrona efetiva, que versavam desde dificuldades tecnológicas e dificuldades
específicas. Os horários de cada monitora eram divulgados no início de cada Semana,
junto com a síntese da semana anterior.
Outro canal de comunicação contínuo entre os participantes foi a Sala de Bate
Papo, espaço para a turma dialogar, propor idéias e ter momentos de descontração, sem
intervenção da monitoria/professor.
No nosso labor de planejar tais recursos, partimos do entendimento de Peters
apud Coutinho (2009) para quem a didática on-line deve favorecer o equilíbrio entre o
auto-estudo (caracterizado pela aprendizagem individual baseada na autonomia do
aluno) e a interação dos participantes (caracterizada pela aprendizagem cooperativa
baseada no diálogo do grupo).

3.5 SISTEMA DE AVALIAÇÃO NO MOODLE

O sistema de avaliação no ensino à distância difere quanto à sistemática do


modelo tradicional, isto é, no ensino presencial prevalece o modelo classificatório,
monodirecional e quantitativo (POLAK, 2009). O desafio para docentes nessa nova
categoria de ensino é avaliar os aprendizes de forma contínua, levando-os a construção
do conhecimento e não meramente estabelecendo uma classificação numérica ou
mensuração dos resultados.
Na disciplina LPRP buscamos incorporar esta última perspectiva, isto é,
desenvolver entre os aprendentes a consciência que o aprendizado é, em primeiro lugar,
uma tarefa pessoal, ou seja, em que ele é o sujeito e o responsável pelo seu próprio
crescimento, e, em segundo lugar, que é algo contínuo, e por último, que não se encerra
em uma sala de aula, entre quatro paredes.
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Deste modo, tentamos em nossa experiência de avaliação da aprendizagem com


o Moodle usar tanto o método quantitativo como qualitativo e atender as exigências do
processo de ensino-aprendizagem de qualidade.
Neste sentido, cabe salientar que na avaliação direta da aprendizagem dos alunos
predominou o método quantitativo, embora o reconheçamos reducionista, tendo em
vista que ao final do curso o aprendente teria que ter uma nota, isto é um valor número
entre 0 e 10, como resultado de suas experiências. Ainda sim, nesta tarefa, buscou-se
usar o método qualitativo através da Escala Di@loga4 nos Fóruns Temáticos (fóruns de
discussão dentro da semana), como forma de atenuar os aspectos “negativos” da
quantificação dos resultados.

4. RESULTADOS ALCANÇADOS

4.1 Face aos objetivos propostos


De acordo com os objetivos propostos neste projeto de ensino, apresentamos
primeiramente de forma sintética os resultados obtidos:
OBJETIVOS RESULTADOS
Geral: Oferecer monitoria on-line aos alunos Durante os períodos 2009.1 e 2009.2, a sala
da disciplina Laboratório de Planejamento em virtual esteve em pleno funcionamento,
Relações Públicas. oferecendo monitoria on-line aos discentes.
Específicos:
Criar um laboratório virtual, onde os alunos A sala virtual foi criada com a apoio da UFPB
possam realizar experiências preparatórias, Virtual, e a participação dos alunos foi efetiva
trocar idéias, tirar dúvidas, consultar materiais nas atividades propostas.
e desenvolver ações colaborativas;
Apoiar o planejamento e a elaboração de Tanto em sala presencial quanto virtual houve
projetos e planos de comunicação e relações o apoio da equipe de monitoria no
públicas para as organizações onde os alunos desenvolvimento das atividades.
realizam suas práticas/vivências;
Otimizar a comunicação e promover a Através dos diversos meios utilizados no
interação entre as equipes de alunos da AVA, a comunicação foi eficaz, pois permitiu
Disciplina Laboratório de Planejamento em que houvesse comunicação interpessoal e
Relações Públicas, o professor e o monitor- grupal além dos limites das aulas presenciais.
tutor;

- Oportunizar ao monitor a experimentação e A equipe de monitoria teve papel ativo no


acompanhamento da atividade docente; desenvolvimento de todas as atividades
docentes. Discutiu textos, produziu artigos
científicos e participou de eventos na área de
EAD/Acadêmicos.
Quadro 2: Resultados da Monitoria face os objetivos propostos

4
Este sistema de avaliação foi desenvolvido por Marta Maria Gomes Van der Linden (UFPB) com a
colaboração de Cláudio Fernando André (USP) e integra a tese de Doutorado defendida no Programa de
Pós Graduação de Engenharia de Produção da UFSC.
9

Após o término dos períodos letivos 2009.1 e 2009.2, pode-se adotar um olhar
reflexivo, apresentando e discutindo os resultados alcançados sob o ponto de vista dos
alunos e monitores-tutores.

4.2 Na visão dos alunos

Após o término dos semestres 2009.1 e 2009.2, foram realizadas pesquisas para
conhecer a opinião dos alunos/usuários sobre a aplicação desse recurso e avaliar essa
nova experiência de curso híbrido. A pesquisa adotou a abordagem quantitativa,
utilizando o questionário (ver Apêndice C) como instrumento de coleta de dados e
buscou responder as seguintes questões-problemas: Como os alunos avaliam a
utilização da plataforma moodle como ferramenta de apoio ao aprendizado? Os alunos
percebem a existência de conexão entre as aulas presencias e a distância? Quais os
pontos positivos e negativos da experiência?
Desta forma, os objetivos da pesquisa foram: Analisar como os recursos e as
atividades propostas no ambiente colaboram na aprendizagem dos alunos; Verificar se o
suporte virtual está em consonância com as aulas presenciais; Avaliar o trabalho da
monitoria.
Os resultados da pesquisa apresentados neste trabalho foram previamente
discutidos a luz das teorias da EAD e complementados pelas observações individuais
dos membros da equipe de monitoria (professora coordenadora e monitoras).
De um universo de 30 alunos no períodos 2009.1 e 21 alunos no período 2009.2
que cursaram a disciplina, aplicamos o questionário com 26 e 16 deles respectivamente,
na última semana de aula de cada período letivo. O questionário foi estruturado em 13
questões fechadas, para quais os alunos deveriam atribuir uma nota entre 0 a 10, e duas
questões abertas, que possibilitaram aos estudantes apontar os pontos positivos e
negativos e comentar a experiência de Monitoria on-line.
O resultado foi tabulado em planilha do Excel, analisado descritivamente através
de gráficos, sendo alguns deles apresentados e discutidos a seguir.
Considerando que o instrumento de pesquisa - o questionário, tinha no total 15
questões, optamos por apresentar neste trabalho apenas os 5 (cinco) gráficos mais
relevantes, por julgarmos que permitem uma visão mais completa sobre a experiência.
Tais gráficos trazem os resultados dos dois períodos, possibilitando comparações, e
10

tratam da percepção dos alunos sobre “Forma de apresentação da disciplina”,


utilização do “Moodle como ferramenta de apoio”, “Conexão das aulas no moodle com
as aulas presenciais”, “Apoio da monitoria on-line” e “Aplicabilidade da disciplina
para a profissão”.

Forma de apresentação da disciplina

70%
63%

60%

50%
41%
40%
2009.1
2009.2
30% 26%
25%

20% 15%
11% 13%

10%
4% 4%

0%
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Gráfico 1: Forma de apresentação da disciplina (Pesquisas 2009.1 e 2009.2).

A inovação na forma de apresentação da disciplina através do AVA permitiu


dinamizar as aulas e apoiar os alunos de forma mais constante e presente, tendo em vista
que somou o trabalho da equipe de monitoria à nova experiência de um curso híbrido,
ou seja, todo conteúdo e trabalhos práticos desenvolvidos nas aulas presenciais
recebiam algum tipo de suporte no ambiente virtual. Talvez por isso este item recebeu
grande aprovação dos alunos nos dois períodos. Vejamos respectivamente as notas
atribuídas nos períodos 2009.1/2009.2: nota 10 (dez) 41% e 13%; nota 9 (nove) 11% e
63% e; nota 8 (oito) 26% e 25%. Dessa forma, podemos observar que a forma de
apresentação da disciplina atendeu as expectativas do projeto de ensino, estando
comprovada a aceitação pelos alunos nos dois períodos, sendo ainda notada um
aumento no percentual entre as notas 8 e 10 no semestre 2009.2.
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Moodle como ferramenta de apoio

50%

35%
2009.1
25% 2009.2
19%

12% 13% 13% 12%


8% 8%
4% 4%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Gráfico 2: Moodle como ferramenta de apoio a aprendizagem (Pesquisas 2009.1 e 2009.2).

O objetivo da utilização do moodle na disciplina foi expandir o espaço de


interação e comunicação entre professor-aluno-monitor e assistir o aluno de forma mais
efetiva e individual nas atividades práticas desenvolvidas no decorrer do curso. Ao
analisar os dados do período 2009.1 percebemos que 35% dos participantes da pesquisa
atribuíram nota 8 (oito), 12% nota 9 (nove) e 19% nota 10 (dez), ou seja, houve uma
boa aceitação da ferramenta por parte dos estudantes. Ao término do período 2009.2, a
pesquisa demonstrou que houve um aumento significante de aceitação nesse item, pois
50% dos alunos atribuíram nota 10 (dez), 25% nota 9 (nove) e 13% nota 8 (oito),
totalizando 83% de aprovação com notas igual/acima de 8 (oito). Acreditamos que esses
bons resultados ocorreram pelo fato de que o uso dessa plataforma favoreceu a
comunicação e interação entre os participantes do processo.
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Conexão entre aulas virtuais e presenciais

38%
38% 38%

25%
23% 2009.1
19% 19% 20092

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Gráfico 3: Conexão das aulas no moodle com as aulas presenciais (Pesquisa 2009.1 e 2009.2).

Durante a realização do curso, os alunos tiveram a oportunidade de estarem


presentes em dois ambientes de ensino-aprendizagem, unidos por um planejamento
baseado na ementa e objetivos do curso. A partir destes elaborou-se o plano de ensino e
a rubrica/mapa de atividades pelo qual se assegurou coerência e conexão entre as aulas
presenciais e a distância. Podemos observar no gráfico acima que os estudantes
perceberam claramente a conexão entre os dois ambientes, pois no período 2009.1, 18%
dos participantes da pesquisa atribuíram nota 10 (dez), 36% atribuíram nota 9 (nove), e
21% atribuíram nota 8 (oito). Já no período 2009.2, 38% atribuíram nota 10 (dez), 25%
nota 9 (nove) e 38% nota 8 (oito), mantendo dessa forma uma elevada média de
aprovação e com leve acréscimo entre no período 2009.2.

Apoio da Monitoria

50%

2009.1
25% 2009.2
23%
15%
13% 12%
12%13%
8% 8% 8% 8%
4% 4%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Gráfico 4: Apoio da monitoria on-line (Pesquisa 2009.1 e 2009.2).


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A experiência da monitoria on-line, pioneira no curso, possibilitou uma maior


aproximação e interação entre os alunos, os conteúdos e a disciplina, resultando em uma
experiência bastante enriquecedora para os envolvidos. O apoio da monitoria recebeu
nota 8 (oito) de 23% dos respondentes, nota 9 (nove) de 12% e nota 10 (dez) de 15%,
revelando uma aceitação razoável dos alunos em relação ao trabalho desenvolvido pela
equipe de monitoria no período 2009.1. Porém, cabe destacar que houve resistência de
boa parte dos alunos em aceitar as orientações das monitoras, no trabalho prático final
(elaboração de um plano de comunicação para uma organização), o que certamente
reflete-se na atribuição de notas abaixo de 7 por 40% dos respondentes da pesquisa no
primeiro período de 2009. A principal razão para a resistência parece ser o fato dos
alunos ainda sentirem-se mais seguros orientados pela professora, já que os monitores
são visto como alunos iguais a eles, apenas cursando alguns períodos mais a frente.
Considerando esses resultados, a equipe da monitoria juntamente com a
coordenadora do projeto, resolveram dar maior ênfase na construção da confiança entre
aluno-monitor, atribuindo mais atividades aos monitores, como por exemplo, a
apresentação de aulas teóricas presenciais sob a supervisão do professor. Isso fez com
que os alunos pudessem entender que o monitor está preparado para dar suporte às
atividades acadêmicas, sejam elas de qualquer natureza dentro da disciplina. Analisando
os resultados da pesquisa pós essa atitude (2009.2), tivemos: 50% nota 10 (dez), 12%
nota 9 (nove) e 25% nota 8 (oito), somando uma aprovação de 87% com notas
acima/igual a 8 (oito). Portanto, foi possível reverter um quadro de aprovação razoável
para um de aprovação excelente, graças à avaliação contínua e o planejamento pontual
das atividades e estratégias de aplicação das mesmas.
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Aplicabilidade da disciplina à profissão

63%

48%

2009.1
2009.2
26%
25%

15%
13%
7%
4%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Gráfico 5: Aplicabilidade da disciplina para a profissão (Pesquisa 2009.1 e 2009.2).

No que se refere à aplicabilidade da disciplina, 48% dos pesquisados no período


2009.1 atribuíram nota 10 (dez) e 26%, nota 9 (nove). No período 2009.2, 25% dos
entrevistados atribuíram nota 10 (dez) e 63% nota 9(nove). O objetivo dessa questão era
refletir como o conteúdo e a metodologia aplicada às aulas presenciais e ao ambiente
virtual de aprendizagem contribuíram para a construção do conhecimento e formação do
profissional de relações públicas. Com base nos dados coletados, observamos que os
alunos consideraram a disciplina como algo extremamente importante e útil para sua
formação.
Os comentários deixados nas questões abertas permitiram ampliar qualitativamente
o entendimento sobre a experiência. Tais comentários foram avaliados observando-se a
semelhança, consistência e coerência entre as respostas e fazendo uma distinção da
percepção (positiva, neutra ou negativa) do aluno sobre a experiência. Abaixo inserimos
alguns deles:
PERCEPÇÃO POSITIVA PERCEPÇÃO NEGATIVA
“A disciplina foi uma das melhores que tive “[...] Não gostei das falhas do moodle e do
durante todo o curso. A metodologia [...] excesso de trabalhos que englobou:
contribuiu bastante para a eficiência do moodle, aula presencial e trabalhos. (E21 -
aprendizado. As monitoras também estão de 2009.1)
parabéns!” (E14 - 2009.1)
“Eu pude refletir muito mais aqui [moodle] do “Existem algumas ferramentas do Moodle
que na sala de aula ou estudando só, sobre os que ainda não fiz uso por não compreende-
temas abordados, nessa etapa o moodle foi uma las completamente. Acredito que serei mais
boa cartada para interação, maior proveito do beneficiado quando usá-lo 100%” (E16 -
conteúdo e uma maneira nobre de aproveitarmos 2009.2).
o nosso tempo livre. [...] é muito mais cômodo,
estamos em casa e aprendendo ao mesmo
tempo”(E03 - 2009.2).
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“[...]o moodle me ajudou bastante a ter mais “[...] vi que a interação entre os
auto-critica, fez com que eu me empolgasse mais participantes estar muito longe do ideal,e
em relação ao curso. É bastante importante essa me coloco nessa situação também. Vejo
forma de aprendizagem, é mais estimulante” que tenho que interagir mais com os
(E13 - 2009.2). colegas” (E9 - 2009.2).
Quadro 1: Avaliação Somativa - Resposta dos alunos as questões abertas

A partir do quadro acima, podemos afirmar que as “percepções negativas” dos


alunos quanto à experiência de uma disciplina assistida por um projeto de monitoria
com o apoio de um ambiente virtual recaem sobre problemas com o software/plataforma
em si (moodle) e sobre a adaptação com o modelo de ensino à distância.
Embora essas não sejam as únicas causas de descontentamentos por parte dos
estudantes, como já explicitamos nos gráficos anteriores, tais problemas não
representaram prejuízos para a disciplina, como pudemos comprovar com os resultados
das pesquisas.
Um apanhado geral dos resultados das pesquisas realizadas nos dois períodos,
sugerem com clareza o desenvolvimento e a aplicabilidade desse projeto de ensino,
visto que a aprovação pelos estudantes manteve-se acima da a média 8 (oito).

4.2 Na visão dos monitores-tutores

Além do fato de aprenderem a rotina da docência, quanto a importância do


planejamento e formas de avaliação, a experiência com a monitoria on-line foi bastante
enriquecedora para os monitores, pelo fato somar às tarefas inerentes a função do
monitor às novas tecnologias, posto que o uso de novos meios exige um olhar
diferenciado a respeito de como proceder e desenvolver atividades que devem ter como
objetivo final a geração e compartilhamento do conhecimento.
Outro aspecto foi a oportunidade de participação ativa no processo de ensino-
aprendizagem e construção do trabalho conjunto com o professor, além dos outros
conhecimento desenvolvidos sobre os processos internos e administrativos da
Instituição, ampliando e expandindo a compreensão do papel da Universidade.
16

5. CONCLUSÃO

O Curso híbrido e o trabalho da monitoria estão permitindo assistir de forma


ainda mais presente/constante aos alunos, mostrando que é possível uma forma híbrida
(presencial – a distância) de ensino, que minimize as limitações do ensino presencial,
especialmente para os cursos noturnos.
A condução do processo de ensino-aprendizagem com apoio do AVA foi
facilitada pela ampla quantidade de referencias na área de EAD, as quais serviram de
embasamento e cujas leituras fizeram parte da metodologia do Projeto de Monitoria.
Outro aspecto facilitador foi o contato frequente e pontual com cada membro da equipe
de monitoria, formando um grupo coeso com forte interação pela própria plataforma
moodle, onde foi criado um fórum exclusivo para tal fim, e nas reuniões semanais.
Aliás, sobre esta, destaca-se que sem elas o trabalho ficaria extremante comprometido,
pois foi através das reuniões semanais que os problemas e as soluções foram discutidas
e resolvidas em profundidade e em conjunto, ouvindo-se os diferentes pontos de vista
dos agentes envolvidos.
Ao adicionar uma plataforma de ensino a distância na disciplina LPRP, passou-
se a exigir muito mais dedicação e disciplina dos estudantes, fazendo com que os alunos
se colocassem na condição de sujeito de seu aprendizado, não esperando apenas pelo
professor e isso causo algumas resistências. Tais resistências se refletiram em
percepções negativas da experiência, como vimos nas perguntas abertas, expostas
anteriormente. Isso nos faz crer que o uso de novas tecnológicas e sua assimilação no
ensino superior presencial, especialmente o Moodle, implica em uma mudança cultural
na forma de entender o processo de ensino-aprendizagem tanto entre os estudantes
como entre os professores, o que certamente ainda levará algum tempo.
Por fim, destacamos que a utilização de um recurso inovador - Ambiente Virtual
de Aprendizagem, foi efetiva no sentido que promoveu qualitativa e quantitativamente
um melhor comunicação entre alunos – monitor - professor, aperfeiçoando e ampliando
a interação e contribuindo diretamente para construção do conhecimento.
17

REFERÊNCIAS

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escola: vencendo desafios, articulando saberes, tecendo a rede. In: MORAES, Maria
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