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SECRETARIA-GERAL DA MESA
SECRETARIA DE TAQUIGRAFIA
dividendos para gerar receita primária, mesmo que, em seguida, sejam necessárias
novas emissões para continuar capitalizando-o.
Essa operação de criar receita primária por meio de dívida constitui-se
em um dos mecanismos mais, digamos, “criativos” de contabilidade no estilo
“jabuticaba”, uma jabuticaba brasileira, contabilidade criativa inventada aqui, pelo
governo do PT: o Tesouro aumenta a dívida, empresta recursos ao BNDES, que
não tem recursos suficientes e, por isso, precisa de novos aportes. E, mesmo
assim, o banco aumenta o recolhimento de dividendos por meio do diferencial das
taxas que recebe dos cofres públicos e da remuneração do mercado e o Tesouro,
com isso, aumenta receita primária,
Quer dizer, é receita primária que se assemelha àqueles pastéis de
vento, é bolha que uma hora vai estourar. É ciranda financeira, fenômeno novo na
história mais do que cinqüentenária do BNDES, que vem se transformando cada
vez mais em braço de atuação do Tesouro Nacional. Esse novo papel do BNDES
pode ser observado pela crescente importância do Tesouro no passivo total do
banco, que passou de uma média de 10%, de 2001 a 2007, para 51,4%, em 2010.
Essas evidências, Srs Senadores Sras. Senadoras, lançam dúvidas sobre o que
parecia ser um excepcional resultado do BNDES em 2010.
O BNDES é importante para o Brasil, para o fomento à produção, à
atividade produtiva. Espera-se que a maior parte do seu lucro decorra de sua
atividade fim, como tradicionalmento foi, e não da especulação financeira.
Não foi para realizar aplicações típicas de um fundo de investimento
privado que a sociedade brasileira autorizou repasses do Tesouro Nacional ao
BNDES nem, muito menos, é essa a finalidade que presidiu a criação desse
importante banco.
Assim, para evitar que o BNDES se aproprie do diferencial de juros
apresentei um projeto de lei para submetê-lo às mesmas regras de remuneração
dos saldos diários não aplicados dos bancos operadores dos fundos constitucionais
de financiamento, que serão remunerados com base na taxa extramercado
divulgada pelo Banco Central do Brasil, ou seja, 95% da taxa Selic. Mesmo porque
grande parte dos recursos do banco tem a mesma origem: o Tesouro Nacional, ou
melhor, o bolso do contribuinte brasileiro.
Muito obrigado.