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nota de expectativa e desmistificação: " Perestroika. O que aí vem, se o espírito diz com
nosso tempo: a redenção marxista. Se, de facto, a cega ideologia deu finalmente lugar
comum bom senso. Bom senso que, de resto, em todos os tempos tem pago
lucidez desencantada de um cronista que acompanhou com vigilância crítica quase meio
uso da razão, tomando-a quer como a mais adequada medida de bom senso na condução
da prática política, quer como último recurso humano no lançamento de uma era, à
escala planetária, de boa convivência social. Ou seja, para Torga a grande decepção que
da segunda década do século XX, a qual, aliás, foi feita em nome de uma suposta razão
científica, decifradora das leis gerais dos fenómenos, e de uma infalível razão dialéctica,
utopia, doravante encarada como a mais funesta das humanas ilusões. E, no entanto,
apesar de toda a legítima suspeita que a priori a palavra utopia pode suscitar, a sua
frequência com que também é exultante e positivamente referida, nem que seja para
designar a expectativa de uma ordem social governada pelo bom senso do uso da IV CONGRESSO
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razão... É que se há palavra, ideia, conceito ou pensamento cujo conteúdo é tão instável,
expressão é unívoca e etimologicamente bem definida, é esta aporia que designa um não
lugar físico que é um lugar investido por uma tripla e contraditória significação: (i)
avatar, na mais benigna das leituras, de uma vontade sublimatória do dado real e de uma
das ͞leis da vida͟ e da natureza psicossocial humana e (iii) modelação social coerciva,
Quer numa
quer noutra o desenho dos efeitos projectados à escala do social podem variar entre o
humanista inglês Thomas More, desde que, em 1516, publicou em Lovaina uma obra
poéticas clássicas, e onde constava, no seu extenso título em língua latina, o neologismo
definidor, que nenhum léxico até então registara, de um não lugar homólogo a uma
As definições dessa nova forma literária não são porém consensuais nem quanto
ao seu escopo temático e estrutura formal, menos ainda quanto à sua genealogia.
desejável. Assim, por exemplo, numa entrevista recente inserida num dossier
origem daquilo que ele designa por "tradição literária utópica" (20) a três narrativas
Defoe e as Gulliver's Travels de Jonathan Swift. O que, a nosso ver, Manguel propõe
com essa tripla genealogia é alargar a noção poética-retórica da utopia a outros discretos
uma qualidade sincrética àquele género, de maneira a que os seus limites fabulares não
se confinem apenas aos de uma narrativa politicamente sobredeterminado pela temática
político-social.
como arquétipo narrativo fundado pela obra epónima de Thomas More, isto é como
enunciação de uma crítica social e representação de uma alternativa sociedade ideal, foi
seguido também recentemente por John Carey, responsável editor pelo Faber Book of
Utopias. No estudo introdutório que acompanha esse volume, Carey justifica a sua
sem quebrar o fio da coerência ilustrativa, justapor heteroclitamente fragmentos de, por
de Robert Owen, a passagens de poemas como o Paradise Lost de John Milton, The
seu critério antológico deriva de uma noção plural da textualização da utopia, não
desejo" e anti- utópicos / veículos de "expressão do medo", (Carey: xi), mediante a clara
identificação e inventariação dos temas ou "tópicos" que, com maior ou menor ênfase,
lhes dão corpo: a eugenia, o papel da família, o crime e a sua punição, a natureza, a
razão, a justiça e os papéis sociais atribuídos aos géneros sexuais. O levant amento das
político- filosófico. É, no entanto, curioso notar que as mais recentes antologias sobre a
temática da utopia, como a que acabámos de referir de John Carey, publicada em 1998,
ou The Utopia Reader, editada no ano seguinte por Gregoy Clayes e Lyman Tower
publicadas refira-se ainda a que veio a lume no ano de 1999 sob a responsabilidade de
uso da ampla polissemia do conceito de utopia, para sob ele reunir, numa perspectiva
exemplos das antologias antes referidas foi a escolhida por Raymond Trousson e Vita
definidos por um critério formalista, critério esse que, nos seus traços gerais, já havia
sido formulado por Trousson no seu estudo clássico Voyages aux Pays de Nulle Part. Aí
esclarece que a utopia ocorre sempre que: "no quadro de uma narrativa (o que exclui os
complexidade da existência social (o que exc lui a idade de ouro e a arcádia), seja ela
(anti- utopia moderna), esteja situada num espaço real, imaginário ou ainda no tempo,
seja enfim descrita no termo de uma viagem imaginária verosímil ou não." (28).
Apesar de todas estas diferenças de critério, o que, todavia, parece ser comum e
político doutrinais que têm por objecto (literal ou irónico) quer a óptima quer a péssima
Chegados a este ponto convém precisar duas ideias em relação à utopia literária.
sua variável qualidade literária, de serem reconhecidos, como esclarece Peter Ruppertt,
pelos seus efeitos performativos em três discretos mas interdependentes planos: (i)
cognitivo, pela distensão heurística que operam dos limites familiares do conhecimento
contradições sociais e culturais; (iii) prospectivo, pela antecipação ou previsão que neles
de uma ficção social idealizada, espelha necessariamente um jogo dialéctico que faz
os valores ou ideias que são dominantes numa dada formação social, e que configuram IV CONGRESSO
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o que Karl Mannheim designa por uma ideologia, e os valores ou ideias alternativos que
utopia.
ii
modelação social, pode resumir-se à seguinte proposta feita por James Ho lstun ao
puritanos ingleses do século XVII, de índole utópica, e a sua tradução prática social.
Aos pontos referidos por Holstun que nos parecem mais importantes, fazemos intercalar
que lembra, a nosso ver, os pressupostos da doutrina mística da Cabala que atribui a
combinações co.)
(O texto inspira uma prática social, que, por sua vez, inspira novos textos/ códigos
escritos de conduta e de acção utópicos. A este propósito vale a pena referir que muitos dos
populações índias da Nova Espanha, e Sir Humfrey Gilbert, o líder da primeira expedição
(Kumar 71)
(O modelo social é imposto sobre o outro, quer ele queira ou não, por efeito de um
"7. A utopia é uma defesa marginal da razão contra a centralidade dos hábitos."(9)
com os programas secularizados de acção política-social que, devido à rotina das suas
realidades humanas.)
"8. O isolamento da utopia não significa uma retirada, mas uma preparação insular
(Os programas sociais utópicos, tais como foram congeminados por Robert Owen
e outras mentes utópicas - os "falanstérios" do amor, por exemplo, propostos por Charles
profética." (9)
filosoficamente, por exemplo por Ernst Bloch, mas também por Martin Buber - como
antevisão de uma forma social radicalmente nova e organizada à medida das possibilidades
utópicos).
conteúdo dessa forma de pensamento que está na origem e permeia as diversas formas de
acção social e de expressão cultural, e entre estas últimas, a da utopia como paradigma
literário. Neste sentido, a originalidade suprema de Thomas More não foi tanto a de
instituir um subgénero literário caracterizado ou definido por dois distintos níveisIV CONGRESSO
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pelo menos se reduzem estas contradições" (7); o grande contributo do humanista inglês
foi, por assim dizer, o de dar forma nominal, no contexto da história das ideias ocidentais e
da sua diversificada criação literária, a uma propensão sublimatória com uma muito
provável inscrição no modo de ser, conhecer e agir humanos, propensão que, de modo
históricas da vida material. O neologismo utopia inventado por Thomas More opera,
portanto, quer no plano genológico quer no plano teórico-doutrinal, como um signo cuja
na definição do seu modelo de estrutura de uma língua natural) surge recortada da contínua
para dar forma lexical à referida propensão sublimatória das condições históricas da vida
material, como, por sinédoque, passou a nomear uma variá vel e ampla diversidade de
significados de valor instável, até mesmo contraditório entre si. Tal instabilidade semântica
nelas representadas ou concebidas, podem ser contemporaneamente lidos como sendo antiutópicos;
por isso é importante reconhecer que as utopias não podem ser lidas como
reificações imagéticas de ideais intemporais, mas sim como projecções acerca de formas
mais perfeitas do que aquelas que são dadas e conhecidas no plano relativo do tempo
pode ser genericamente definido como modo ideal de efabular ou sonhar racionalmente
uma condição social e existencial perfeita ou perfectível, têm sido propostos glossários
utopismo, do sociólogo Krishan Kumar (124) -, isto é jogam com o valor semântico
significado dos termos compostos (sátira utópica, utopia crítica) e com a específica
utopismo como uma perene vontade de "sonhar" "um mundo melhor", para utilizar
expressões do filósofo alemão Ernst Bloch, talvez o pensador que mais sistemática e IV CONGRESSO
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um persistente "exercício mental sobre os possíveis laterais" (Rouvillois 15) e, por isso,
uma realidade anterior e hipertrófica relativamente ao termo radical que lhe deu origem
(utopia), há que reiterar que o célebre livro de Thomas More desempenha , uma função
melhor. Disso mesmo nos dá exemplarmente conta o catálogo publicado pela New York
Public Library , versão em língua inglesa do seu homólogo em língua francesa
exposição The Search for the Ideal Society in the Western World / La quête de la
Paris durante a Primavera princípio de Verão de 2000, depois em Nova York no Outono
de 2000, início do primeiro mês do milénio de 2001. Num portal com acesso a uma
profusão de atalhos temáticos que esteve disponível na página electrónica da New York
podia-se ler o duplo objectivo que norteou a sua concepção, a saber, demonstrar que o
ideal organizada para garantir a felicidade dos seus membros tem sido um elemento
inseparáveis das histórias dos povos, culturas e períodos em que foram geradas." Nas
sociedade ideal, foi colocada a imagem da sua primeira edição latina de 1516, entre a
ilustrado por duas figuras femininas de gerações e papéis sociais diferentes mas
de 1445 de uma história alemã da Bíblia em que se representa Adão e Eva no acto de IV CONGRESSO
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violação do interdito divino de provarem do fruto proibido que levaria ao fim do Paraíso
variantions, Lymon Tower Sargent faz uma notável síntese dessa tradição que é
segundas com a vontade humana em controlar o seu próprio destino terreno mediante
sociedade tidos por ideais, entre os quais a República de Platão ocupa uma posição de
em torno deste quadro básico de referência segundo a seguinte ordem cronológica: (i)
imaginação utópica, de Tomas More ao Iluminismo; (iii) utopia na história - da era das
século vinte.
diríamos que ela nos surge como sendo indissociável do espírito humano e da sua
essencial natureza volitiva. Daí a importância que, em nossa opinião, se deva conferir à
filosóficos, literários - dessa cultura, o que é dizer que está gravado na sua matriz
social da cidade (poder-se- ia falar aqui, adentro do espírito geral da utopia, daIV CONGRESSO
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estético- literária de lugares ou tempos idílicos de felicidade plena (e.g. a Idade de Ouro,
(paradigma eutópico-pastoral).
iii
escolástica leitura do conteúdo do Livro de Deus. Neste caso, o espírito da utopia, por
redefinindo-o segundo os traços sagrados da imagem do paraíso bíblico, i.e do Éden; (ii)
depois, conferindo à representação literária desse lugar ideal uma real, embora
demanda - imaginária ou real - pelo espírito e pela vontade do homem medieval e pósmedieval
europeu (e.g. Mandeville's Travels; mas também a motivação forte da
cultura ocidental marcados pelo espírito da utopia são dois, a recapitular: um primeiro
vector relativo tanto à evocação literária do lugar perfeito criado por Deus na terra como
Prestes João), tudo sítios identificados como o lugar melhor outro, de sublimação
materialmente concluído, para a história humana, final este inaugurado pelo empenho
futuro, foi, não só claramente constituinte da noção laica e moderna de progresso, como
se afirmou, com impressionante intensidade até aos dias de hoje, quer (I) como operador
de Milton); (I) (iii) no incitamento ao exercício quer de uma acção guerreira heróica e
programas laicos dos socialismos utópico e 'científico'); (II) (i) na determinação das leis
cósmico (e.g. Joachim de Fiore e a sua teoria teológica dos três estados; Teilhard de
Chardin e a sua teoria paleontológica e biológica em direcção ao ponto ómega); (II) (ii)
de Francis Bacon; (II) (iii) na literatura épica-simbólica de teor messiânico (e.g. oIV CONGRESSO
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poema Jerusalem, the Emanation of the Giant Albion; de William Blake, o poema
pela fonte clássica helénica- latina, quer pela judaico-cristã, ou pelas duas em conjunto,
literário da utopia tout court., este último com a sua dupla face de Janus, com a sua
mencionada na Utopia de More, por eutopia ou género literário eutópico. Esta eutopia, que
genericamente representa uma condição ʹ original ou final ʹ ôntica perfeita e feliz, tocada
quer pela matriz clássica quer pela matriz judaica-cristã quer por ambas, ou manifestando-se
de modo simplesmente laica, pode então assumir uma tripla configuração discursiva: (i) seja
sob um registo evocativo de um locus amœnus imaginário onde reina a harmonia total,
representação nostálgica por uma condição de vida perfeita acabada; (ii) seja sob a forma
religiosa de uma condição espiritual readquirida ou, (iii) seja ainda sob a variante entópica -
para utilizarmos o termo do arquitecto Doxiadis, coincidente com o lugar material existente
- de um bom retiro pastoral, lugar de refúgio providenciado pela natureza para a prática da
infausto contexto histórico). Todavia, o tempo que mais convém à aporia da utopia (aqui
tomada no sentido do não-lugar, suporte imprescindível, como muito bem referiu o filósofo
iv
tempo de que também somos feitos e em que também estamos, o tempo que não é percebido
espírito da utopia, da sua qualidade utópica acrónica) -; ou, nas palavras de Ernst Bloch, (I-
287-316) a aporia do pulsar intemporal dentro do próprio fluxo do tempo, "o obscuro do
tempo, o instante cronológico e eterno depositário do "ideal dos ideais", o "de tudo fazer
presente, presente só" para assim regressarmos "à nossa natureza fundamental de ser sem
aventura", segundo a lição contida no verso de Torga de que "viver é ser no tempo
intemporal" (1631).
Fazendo uso da tese de Roman Jakobson que declara que a actividade linguística-discursiva
desenvolves e predominantemente segundo duas linhas semânticas, a saber, ou mediante um processo
de selecção
entre unidades linguísticas semelhantes (processo paradigmático, de que deriva o modo discursivo
sintagmático, de que deriva o modo metonímico), Louis Marin considerou que as duas principais
operações semânticas presentes nos textos utópicos envolvem a "projecção metafórica" e a deslocação
metonímica". Segundo ele, "o poder crítico da utopia deriva, por um lado da projecção (metafórica) da
realidade existente para um "algures" que não pode estar situado no tempo histórico ou no espaço
geográfico; e, por outro, da deslocação (metonímica), isto é, de uma acentuada variação no interior da
ii
Convém esclarecer que para Mannheim a determinação do conceito de utopia legitima-se e valida-se
somente na medida em que ele traduza efeitos performativos: no seu entender, o emprego do termo
utopia
é apropriado para caracterizar uma função política, mas não para definir uma forma de expressão
estéticoliterária.
ii
Convém esclarecer que para Mannheim a determinação do conceito de utopia legitima -se e IV
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valida-se somente na medida em que ele traduza efeitos performativos: no seu entender, o emprego do
termo utopia é apropriado para caracterizar uma função política, mas não para definir uma forma de
expressão estético-literária.
iii
Utilizamos o termo eutopia para designar, de acordo com a terminologia proposta pelo próprio Thomas
iv
Escreve Agamben: "o ter lugar das coisas não tem lugar no mundo. A utopia é a própria topicidade das
coisas."
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