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Doenças Ocupacionais

Rafael Cavalheiro
Nivia Lanznaster Kuhn
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Direito/ DIR 25 – Psicologia Organizacional
01/10/2010

RESUMO

O ambiente de trabalho pode adoecer o trabalhador de diversas maneiras, inclusive


psicologicamente. Tendo por base neste aspecto, vale citar que dentre os agentes causadores
das doenças organizacionais, os mais rotineiros são estresse, LER/DORT, agentes externos e
síndrome de Burnout e, os sintomas variam desde indícios de perturbação psicológica até
manifestações graves de dores no corpo. Assim, os prejuízos para as atividade laborais são
consideráveis sendo também cabíveis de ações de cunho previdencial, com ônus de
aposentadoria por invalidez.

Palavras-chave: Doença ocupacional; Responsabilidade civil do empregador; LER/DORT;


Síndrome de Bournout;

1 INTRODUÇÃO

A Revolução Industrial, sec. XVIII, trouxe uma bagagem extensa de


melhorias no âmbito comercial e industrial, essa mudança na estrutura da produção acarretou
a expulsão de milhares de camponeses das suas terras e um alto índice de novos moradores
urbanos, que saíram do interior pra trabalhar no lado industrializado. As mudanças ocorridas
nesse período foram sensivelmente sentidas e se estendem até nossos dias.
Não obstante, passou a ter mais importância o lucro e deixou-se quase
despercebido o bem-estar dos funcionários. Para atender a demanda da empresa, o trabalhador
“sacrificava” seu corpo em busca de um bem maior, logo, os cuidados com a postura,
integridade corporal eram insatisfatórios, sendo que sintomas patológicos foram sendo
detectados com crescente freqüência, relacionados ao trabalho.
Assim, vale ressaltar o que as terminologia “doença ocupacional” está
subentendida no art. 20 da Lei n.º 8.213/911:

Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as


seguintes entidades mórbidas:
1
BRASIL. Lei n.º 8.213/91, Art. 20, I e II. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213
cons.htm> Acesso em: 30 de setembro de 2010.
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da
respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência
Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em
função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela
se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou
contato direto determinado pela natureza do trabalho.

Para tanto, verifica-se que as doenças ocupacionais se originam do


exercício da atividade laborativa. A legislação brasileira entende que a caracterização do
acidente de trabalho se dá quando do nexo de causalidade entre o tempo, a atividade
desenvolvida na empresa e a modalidade enquadrada na lesão. Sendo assim, um trabalhador
não pode acusar a empresa de ter uma doença ocupacional sem ser decorrente e enquadrada
no setor ao qual ele trabalha.

LER / DORT

No âmbito das doenças ocupacionais, os casos mais freqüentes são de


lesões por esforço repetitivo(LER), essas doenças caracterizam-se por prejudicar membros
superiores, músculos, nervos e tendões causando irritações e inflamações dos mesmos e,
decorrem dos movimentos repetitivos e sobrecarga muscular.
Atualmente a designação LER já é entendida como doença ocupacional
equiparada a acidente de trabalho. Essas doenças atingem grande número de classes
trabalhistas por se enquadrar nas rotinas de trabalho de quase todas as atividades que
necessitam de esforço ou movimentos repetitivos. Sobre as dimensões da doença cita
Oliveira( 1998, p.248) 2“ [..] no entanto, independente das discussões dos especialistas, a
síndrome LER chegou, atingindo dimensões de verdadeira epidemia.”
Sendo assim, não há possibilidades da desvinculação destas com o meio
trabalhista, ou melhor, elas também podem acontecer em menor proporção em rotinas
domésticas descaracterizando em parte seu vínculo direto com ambiente socialmente
2
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Lesões por Esforços Repetitivos – LER. In: ______. Proteção Jurídica à
Saúde do Trabalhador. 1998, Cap. VIII, p.248.
trabalhista para cotidiano. Enseja para o empregador, quando do seu poder diretivo, da
responsabilidade de indenizar o trabalhador, logo que via de regra aquele que contrata deve
fornecer ambiente adequado, boas condições para execução do trabalho e assistência direta
quanto a qualidade das técnicas que visam o bem-estar de tais.
A alteração da denominação de LER(lesões por esforço repetitivo) para
DORT( Distúrbios Osteomusculares relacionados ao Trabalho) ocorreu em 11 de julho de
1997, segundo o Diário Oficial da União.

As LERs constituiem doença de profissões e, se permanecerem


seqüelas incapacitantes, assegura-se ao trabalhador o auxílio acidentes. Nesse sentido o Art
927 do CC.3 diz:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.

Assim também, em conforme com a legislação civil e trabalhista, a


jurisprudência também reserva ao trabalhador o direito ao dano moral e a devida indenização:

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL E PATRIMONIAL.


INDENIZAÇÃO. LESÃO POR ESFORÇO REPETITIVO (LER).
Demonstrado nos autos que a autora está acometida de doença equiparada a
acidente do trabalho (LER), presente a culpa da empregadora, tendo em vista
a sua omissão em cumprir com as normas de segurança e medicina do
trabalho, bem como o nexo causal entre a moléstia e as funções
desempenhadas na empresa, torna-se inconteste a existência dos elementos
informadores da responsabilidade civil, contemplada no art. 186 do Novo
Código Civil.4

3 SÍNDROME DE BURNOUT E OUTRAS

3
BRASIL. Novo Código Civil: Exposição de Motivos e Texto Sancionado . Secretaria Especial de Editoração e
Publicações/ Subsecretaria de Edições Técnicas . Art. 927, pag. 176.
4
TRT12 – Processo nº. 00820-2009-012-12-00-2 . Florianópolis, 14 de setembro de 2010. Relator: Gracio
Ricardo Barboza Petrone.
Um dos grandes desafios da sociedade atual encontra-se em conciliar
trabalho e vida pessoal. Não há necessidades da observação de índices de pesquisas para
descobrir que os níveis de estresse no âmbito trabalhista é elevado e prejudicial a vida social e
ao corpo também. Boas condições e porque não dizer, um pouco menos de trabalho, ajudam
para o relaxamento.Se não, a saúde do trabalhador fica comprometida, quando este começa a
exercer um papel de multifuncionalidade dentro da empresa gerando a fadiga e o desgaste
profissional. Estes sintomas alienam o trabalhador do processo produtivo a ponto de gerar
danos psicológicos.
A cobrança intensa, a contínua pressão, a necessidade dos lucros, a
competitividade são fatores relevantes quando do desgaste profissional, e, quando acumulados
com problemas pessoais geram energias negativas nos trabalhadores. Com relação aos fatores
ligados ao estresse surgiu a Síndrome de Burnout, ou síndrome do estresse ocupacional.
Apesar de ser bastante semelhante ao estresse, o Burnout não deve ser
confundido com o mesmo. O Burnout é muito mais perigoso para a saúde. No estresse
existem maneiras de controle, mas isso não acontece com um trabalhador que esteja sofrendo
a Síndrome de Burnout. O comportamento agressivo, sentimentos de ansiedade e frustração
tomam conta do profissional, assim as relações pessoais são cortadas e a baixa auto-estima
passa a prejudicar na execução de tarefas simples e complexas.
Elaborada em cumprimento da lei 8.080/90 – inciso VII, parágrafo 3º
do artigo 6º, disposta segundo a taxonomia, nomenclatura e codificação da CID- 10 traz na
Portaria Nº. 1339/GM em 18 de novembro de 1999 a lista de doenças relacionadas com o
Trabalho do Ministério da Saúde. Nesta lista são citadas inúmeras doenças algumas causadas
por agentes etiológicos e outras por fatores emocionais dentre as quais Angiossarcoma do
fígado, Neoplasia maligna dos brônquios e do pulmão, Polineuropatia devida a outras agentes
tóxicos, Encefalopatia Tóxica Aguda ,Blefarite ,Conjuntivite, Queratite entre outros.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do apresentado pode-se observar que o mercado de trabalho


impõe regras tão severas quanto a obtenção de lucro, alcançar o melhor cargo, vender mais,
ser mais ágil enfim, fatores exagerados e que sobrecarregam a vida do trabalhador causando
estresse e o surgimento das doenças ocupacionais .Tudo isso acaba sendo uma ameaça aos
trabalhadores, uma afronta à própria dignidade humana, pois a necessidade de manter-se sadio
e em plenas condições para o trabalho é condição essencial para o fortalecimento de sua
identidade pessoal, familiar e social.

4 REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS

BRASIL. Lei n.º 8.213/91, Art. 20, I e II. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil
_03/Leis/L8213 cons.htm> Acesso em: 30 de setembro de 2010.

BRASIL. Novo Código Civil: Exposição de Motivos e Texto Sancionado. Secretaria Especial
de Editoração e Publicações/ Subsecretaria de Edições Técnicas . Art. 927, pag. 176.

KOCH, Alice Sibile. Transtornos de Personalidade. Data da Publicação: 01.11.2001 .


Disponível em: <http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php>. Acesso em 01.10.2010.

OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Lesões por Esforços Repetitivos – LER. In: ______.
Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador. 2. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Leis
Trabalhistas Revista, 1998, Cap. VIII, p.248, 250-251-252.

TRT12 – Processo nº. 00820-2009-012-12-00-2 . Florianópolis, 14 de setembro de 2010.


Relator: Gracio Ricardo Barboza Petrone.

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