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ARCOVERDE – PE
2008
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ARCOVERDE - PE
2008
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Prof. ___________________________
Prof. ___________________________
Prof. ___________________________
ARCOVERDE – PE
2008
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(Mircea Eliade)
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
Historically religion was in all societies, setting itself as an important aspect of human
existence and being the object of study in different periods of history. Present in the life of a
large number of people, religion permeates the school also, subjectively and through religious
education. This discipline is the center of a problem that accompanies the Brazilian education
since the early republican era when it established the separation between church and state.
This work addresses the theme: The religious education in school, your purpose is to present
the trajectory of religious education in Brazilian education and legislation, highlighting the
ideas of defenders and critics of this discipline as well as the characteristics of their current
model, defined in the Act and Guidelines for Basic Education (LDB) 1996, as the religious
education is based on religion has shown itself to initiate this concept and definitions for some
work on the subject, produced in different periods of history. As a pre-requisite of the course
of Post-Graduate "Lato-Sensu" conducted by AESA-CESA/UPE, the search began with a
relevant literature review, and it was decided to hold a stamp of theoretical work that was also
with a search the field at a public school of Pernambuco, where it has been a model of
religious education not consistent with existing legislation and guidelines in the state.
SUMÁRIO
INTRODUCÃO..........................................................................................................................8
CAPÍTULO I: RELIGIÃO....................................................................................................11
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................31
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 33
APÊNDICE..............................................................................................................................36
8
INTRODUÇÃO
(VALLA, 2001). No Brasil o ensino religioso é legalmente aceito como disciplina escolar, a
trajetória dessa disciplina iniciou-se com a colonização portuguesa e tem sido marcada por
grande complexidade e teor polêmico pois ela oculta uma dialética entre secularização e
laicidade no interior de diferentes contextos históricos e culturais (CURY, 2004).
O ensino religioso é problemático, visto que envolve o necessário
distanciamento do Estado laico ante o particularismo próprio dos
credos religiosos. Cada vez que esse problema compareceu a cena dos
projetos educacionais sempre veio carregado de uma discussão intensa
em torno de sua presença e factibilidade em um país laico e
multicultural (op cit, p. 184).
.
11
CAPÍTULO I -
RELIGIÃO
Max Muller apud Durkheim (2003) diz que toda religião é um esforço para conceber o
inconcebível, para exprimir o inexprimível, portanto uma aspiração ao infinito. Deixando de
lado o aspecto transcendente da religião Max Weber apud Hermann (1997) afirma que ela é
uma forma entre outras dos homens se organizarem socialmente. Nesse sentido Gramsci,
também apud Hermann (1999) considera que por ser a religião um tipo determinado de visão
de mundo que se situa entre a filosofia (religiosidade dos intelectuais) e o folclore
(religiosidade popular) ela está ligada as estratégias de poder que organizam as sociedades. Já
o pesquisador Lévi-Strauss, baseando-se no pensamento do bom selvagem diz que a religião
pode ser definida como uma humanização das leis naturais, ou seja, um antropomorfismo da
natureza (HERMANN,1999).
No entendimento de Freud apud Palmer (2001) a religião tem importância porque
serve de controle para os instintos associais, no entanto ele vê a religião como uma ilusão
12
coletiva, criada pelo homem no intuito de dominar o seu sentimento de impotência em relação
ao mundo.
Para Eliade (2001), a religião é um sistema infinitamente complexo, que pode ser
apontado como uma referência primordial. Conforme o autor a religião é o sistema de mundo
das sociedades tradicionais, mas ele ressalta que a religião é autônoma em relação a
sociedade.Com base nessas definições percebe – se, que o conceito de religião não é limitado
e isso ocorre devido a sua dimensão social:
Religião e sociedade são realidades que se interpenetram (...) a
religião concorre de algum modo para a formação na medida em que
favorece a convivência dos cidadãos (...) apresenta-se como um
empreendimento humano que está a sempre se configurando
culturalmente (WOLLF, 2004, p.219).
De acordo com esse autor existe uma estreita ligação entre cultura e religião, ele
afirma que religião e cultura relacionam-se intimamente, no sentido de que os princípios
socioculturais interagem com os religiosos na orientação da existência humana (op.cit).
A religião seria um sistema cultural, de acordo com o antropólogo alemão Paul
Hiebert, apud Silva (2007), ele conceitua religião como um sistema explicatório que trata das
últimas questões da vida e da morte, das razões da própria existência. Nessa mesma linha
também se pode citar o conhecido antropólogo americano Felix Keesing, apud Silva (2007)
que também entende a religião como um sistema cultural e a define como um sistema
explanatório interpretativo,
Portanto pode se afirmar que as religiões estão presentes na vida do ser humano ao
longo de sua história e que todas elas são parte importante da memória cultural e do
desenvolvimento histórico de toda sociedade (CAMILO, 2004).
13
Durante a Idade Média, foram realizados vários estudos sobre as mais diversas crenças
religiosas. O Islã se destacou produzindo importantes obras acerca das religiões não cristãs.
Segundo Eliade (2001), Al-Bîrunî (973-1048) fez descrições notáveis a respeito das religiões
indianas, o autor destaca também Ibn Hazn (994-1064) que compilou o livro das soluções
decisivas relativas às religiões, que abordava a religião dos brâmanes, judeus, cristãos e das
numerosas seitas islâmicas.
Averroes (1126-1198) tentou através de seus tratados filosóficos harmonizar filosofia
e religião, utilizando-se do pensamento de Aristóteles ele exerceu profunda influência sobre
judeus cristãos e islâmicos, o esforço para integrar o pensamento grego à tradição religiosa
islâmica esteve no centro da obra de Averroes (SIMON E BENOIT, 1987).
Os judeus também desenvolveram estudos com a temática religiosa, entre eles os
autores Saadia Gaon (1135-1204) e Maimônides (1135-1204). No livro Das crenças e das
opiniões Saadia fez uma exposição das religiões dos brâmanes, cristãos e mulçumanos,
integrando-as a uma filosofia religiosa, enquanto Maimônides fez um estudo comparativo das
religiões, sempre rejeitando o sincretismo(ELIADE, 2001).
Entre os cristãos da idade média houve a preocupação de se entender os costumes dos
mongóis que viviam na Ásia Menor, por isso alguns monges eram enviados a essa região para
fazerem registros da cultura desse povo e principalmente das suas crenças religiosas. Em 1224
Inocêncio IV enviou dois dominicanos e dois franciscanos, um dos quais Jean du Plan de
Carpin, ao regressar de Karakorum, na Ásia Central, escreveu o História Mongalorum (op cit,
p. 8). Em 1227, após viajar por várias regiões da Ásia Marco Pólo escreveu o Livro das
Maravilhas, onde narrou a vida de vários povos, registrando a presença de bruxos e de seres
demoníacos no imaginário da população. Ele fez relatos importantes a respeito da vida de
Buda e sobre as características do Budismo (POLO, 1996). Segundo Eliade (2001) todos
esses livros tiveram um sucesso imenso e utilizando toda essa documentação, Vicent de
15
Beauvais, Roger Bacon e Raymndo Lúlio puderam registrar em seus escritos as crenças dos
tártaros, dos sarracenos e dos judeus.
1. 2. 3 A religião e a modernidade
A partir do século XV, as idéias renascentistas fizeram com que escritores como
Marsílio Ficino (1433-1449) fossem influenciados pelo pensamento dos antigos gregos ele
chegou a compor uma Teologia platônica e em 1520 aparece a primeira história geral das
religiões, em que se encontravam as crenças escritas da África e da Ásia (ELIADE, 2001).
As descobertas geográficas do período possibilitaram maior conhecimento
sobre o homem religioso, os primeiros exploradores fizeram narrativas que
se transformaram em coletâneas de viagens, os missionários que estiveram
na América e na China publicaram cartas e relatos que apontavam as
características das religiões existentes nesses lugares, J. Fr. Lafitau, tentou
comparar as religiões do Novo Mundo com as religiões da Antiguidade (op
cit, p. 9).
um consenso sobre os objetivos dessa ciência. Segundo Elíade (2001) seus autores seguem
orientações metodológicas divergentes, porém complementares, ele entende que a ciência das
religiões tem por objeto a análise dos elementos comuns das diversas religiões, além de
decifrar-lhe as leis de evolução, essa ciência deve precisar a origem e forma primeira da
religião.
Conforme o autor já citado, a primeira cátedra universitária de história das religiões foi
criada em Genebra no ano de 1873, três anos depois quatro foram fundadas na Holanda. A
partir de 1879 foram criadas cátedras na França: em Paris, Sorbone e Bruxelas. Em 1910, a
Alemanha fundou a primeira cátedra em Berlim, depois em Leipzig e Bonn, os outros países
europeus também acompanharam esse movimento.
Confirmando o interesse pela História das religiões foram lançadas na França revistas
especializadas nessa disciplina: em 1880, foi fundada em Paris a Révue de Histoire des
Religions, em 1905 foi publicada a revista Anthropos que se consagrou as religiões
primitivas. Ainda no século XIX foram organizados congressos, o primeiro congresso
internacional de Ciência das Religiões aconteceu em Estocolmo, em 1897 e em 1900 foi
realizado em Paris o Congresso de História das Religiões,
(...) se constitui uma vasta bibliografia que apontou nomes de grandes
autores (...) a história das religiões atingiu seu verdadeiro impulso com os
trabalhos de Max Müller (1823-1900), em Esssay on Comparative
Mythology, Müller expõe sua teoria na qual explica a criação dos mitos pelos
fenômenos naturais, seu trabalho alcançou sucesso considerável. Edward
Burnett Tylor (1832-1917) analisou a cultura e a religiosidade primitivas em
seu livro Primitive e Culture, de 1871, ele desenvolveu a tese do animismo,
segundo a qual, para o homem primitivo, tudo é dotado de alma, o que
explicaria o culto aos mortos aos antepassados e ao nascimento dos deuses.
(ELIADE, 2001, p.11).
Referência constante nesse trabalho, Mircea Eliade (1907-1986), centrou suas atenções
em torno do fenômeno religioso, no livro O sagrado e o profano, a essência das religiões ele
analisou a essência da vida religiosa do homem,
O sagrado e o profano, a essência das religiões espalha bem a opção dos
que entenderam ser mais importante a análise das estruturas do fenômeno
religioso para a compreensão da essência da religião do que decifrar a sua
história (...) Eliade procurava desvendar o sentido da experiência religiosa,
estando atento fundamentalmente, às suas estruturas originais (HERMANN,
1997, p.136)
A partir do século XVIII começaram a ser realizados estudos mais sistemáticos sobre
as religiões existentes aqui, porém somente no século XIX esses estudos ganharam dimensões
científicas recebendo influência do Positivismo e do Darwinismo. Segundo Hermann (1997)
os escritores Euclides da Cunha, Nina Rodrigues e Silvio Romero são nomes que se
destacaram nesse período, a autora destaca também os autores Riolando Azzi e Eduardo
Hoonaert que produziram importantes histórias da Igreja no Brasil.
O escritor Gilberto Freyre também se debruça sobre a temática religiosa, no clássico
Casa Grande e senzala ele faz uma análise da religiosidade do Brasil colonial, privilegiando
os aspectos e simbologias da religião católica, por isso, para muitos estudiosos o seu trabalho
não reflete a diversidade religiosa existente naquele período. Ao contrário, o trabalho de
Roger Bastide pode ser considerado a maior contribuição teórica para a compreensão de nossa
realidade cultural e religiosa múltipla (HERMANN, 1997, p. 347) esse autor escreveu sobre
as religiões afro-brasileiras, entre suas obras mais importantes podemos destacar: O
Candomblé da Bahia e As Américas negras: as civilizações africanas no novo mundo.
Na década de 1960, alguns escritores brasileiros produziram trabalhos sobre os
movimentos messiânicos, Rui Facó ao escrever Cangaceiros e fanáticos, procurou explicar
esses movimentos, segundo Facó apud Hermann (1997) os movimentos brasileiros
messiânicos estruturaram-se contra o latifúndio, tendo proposta revolucionária e a religião
como forma de expressão. Seguindo essa perspectiva Maurício Vinhas de Queiroz publicou
um importante trabalho, o mesmo fez Maria Isaura Pereira de Queiroz e Ralph Della Cava.
Influenciada pela História das Mentalidades, Laura de Mello e Souza, realizou aqui no
Brasil o primeiro trabalho com enfoque na religiosidade popular,
Na produção historiográfica brasileira a autora se destaca com a obra O
diabo e a Terra de Santa Cruz, responsável por uma pioneira e notável
incursão de nossa historiografia no campo das mentalidades (...) tendo por
19
CAPITULO II -
No século XIX, o Brasil assume a condição de Império e o estado brasileiro passa a ter
o Catolicismo como religião oficial, a união entre Estado e Igreja é firmada na Constituição
de 1824, nesse contexto o ensino religioso na educação brasileira se afirma através da lei de
15 de outubro de 1827 que estabelecia em seu artigo 6° que os professores deveriam ensinar a
ler e escrever, as operações aritméticas, as noções de geometria, a gramática e os princípios de
moral cristã e da fé católica (CURY, 1993).
Mas no final do Império, muitas mudanças ocorreram, os alunos não católicos foram
excluídos da obrigatoriedade de assistir as aulas de ensino religioso de orientação católica e o
ensino religioso passa a ser substituído pela disciplina de educação moral e cívica, que visava
transmitir e incutir nas novas gerações, os valores republicanos e seculares (op cit). Essa
disciplina ganhou força após a proclamação da república em 1889, pois nesse momento se
21
Entre 1986 e 1987, as discussões em torno do ensino religioso ressurgem e com uma
dimensão maior. Os grupos defensores dessa disciplina se mobilizaram para garantir a
inclusão do ensino religioso na Constituição de 1988, várias organizações ligadas a Igreja
Católica, apresentaram uma emenda com cerca de setenta mil assinaturas, a segunda emenda
com maior número de assinaturas na história brasileira (FIGUEIREDO, 1993).
Reagindo fortemente contra essa medida, a ANDE (Associação Nacional de
Educação), a AMPED (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa) e professores
universitários organizaram-se em defesa de um ensino laico, afirmando que a escola pública
deveria se libertar dos encargos do ensino religioso. Essas idéias foram apresentadas num
grande manifesto, realizado durante a IV Conferência brasileira de educação em Goiânia.
Essa conferência contou com a participação de seis mil educadores. A V conferência
brasileira de educação realizada dois anos depois em Brasília, reiterou a posição assumida,
contra o ensino religioso nas escolas públicas (op cit).
Apesar de toda essa oposição, foi incluído um dispositivo constitucional sobre o
ensino religioso na Constituição Federal de 1988 que assim se refere a essa disciplina: “o
ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das
escolas públicas de ensino médio”. Como se percebe, o referido artigo não define que o
ensino religioso deve ser confessional, este pressuposto serviu de base para a criação em
1995, do FONAPER (Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso) Esse fórum foi
criado com o objetivo de acompanhar, organizar e subsidiar o esforço de professores,
associações e pesquisadores que lutam pela promoção do ensino religioso no âmbito escolar.
24
De acordo com Junqueira (2002) o FONAPER tem sido um fórum privilegiado de debate,
reflexão e coordenação do ensino religioso no Brasil,
(...) é uma sociedade civil sem vínculo político-partidário, confessional e
sindical, sem fins lucrativos, sem prazo determinado de duração, que
congrega, pessoas jurídicas e pessoas físicas identificadas com o ensino
religioso escolar (...) se constitui em um organismo que trata questões
pertinentes ao ensino religioso (...) o FONAPER estabeleceu uma série de
objetivos iniciais (...) garantir a presença do ensino religioso na LDB de
1996 (...) produzir e publicar um Parâmetro Curricular Nacional para o
ensino religioso. Por último, pretendia formular uma proposta para a
formação de um profissional em ensino religioso e de uma graduação nessa
disciplina (op cit, p. 49).
Também citado por Candido (2005) Hélio Schwartsman argumenta que assim como as
igrejas não ensinam física e aritmética em seus cultos, a escola pública não deveria ensinar
religião, o autor declara que não tem nada contra a religião, desde que essa seja ensinada e
não imposta, pelas igrejas e nas igrejas. Schwartsman considera uma coerção tolerável, uma
mãe levar o filho a uma missa ou culto. Mas em relação ao Estado ele é categórico: seu papel
na vida espiritual dos cidadãos deve ser o de garantir a liberdade de culto. Nem mais, nem
menos.
Observa-se que por haver uma reação histórica entre religião e estado, esta tem sido
vista como uma constante ameaça ao estado laico, muitos entendem a religião como o poder e
os religiosos como aqueles que pretendem uma hegemonia religiosa ideológica. Albuquerque
apud Ranquetat (2007) aponta que a questão do ensino religioso nas escolas públicas tem
como fio condutor na história do Brasil o projeto de hegemonia simbólica do catolicismo, que
procura convencer o Estado de aceitar um ensino religioso nas escolas públicas. Para este
autor o ensino religioso nas escolas públicas seria uma forma do grupo religioso dominante
estabelecer sua hegemonia no seio do universo simbólico brasileiro.
Na verdade é possível constatarmos que a Igreja Católica tem demonstrado um grande
interesse pelo o ensino religioso nas escolas públicas. O novo modelo de ensino religioso
proposto pela Lei federal 9.475/97, que assumiu um aspecto pluralista e não confessional
adaptado ao atual pluralismo do campo religioso brasileiro, foi garantido na Constituição
Federal de 1988 e na LDD de 1996, devido às pressões exercidas pela Igreja Católica, este
grupo religioso lutou para que o novo modelo de ensino religioso fosse implantado em todo
Brasil, é de seu interesse que a escola pública contemple a dimensão religiosa do ser humano
através de uma disciplina específica.
procedimentos para a definição dos conteúdos e as normas para habilitação e admissão dos
professores.
Essa resolução está em consonância com o novo modelo de ensino religioso proposto
na lei 9.475/97 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação que estabelece a inclusão do ensino
religioso nas escolas públicas) e define como objetivo da disciplina a compreensão do
fenômeno religioso presente historicamente nas civilizações e culturas, expresso em
manifestações religiosas. Também de acordo com essa lei o ensino religioso em Pernambuco
é facultativo e não-confessional devendo expressar a diversidade cultural - religiosa da
sociedade brasileira. Diz o seu artigo 4°: Os conteúdos de ER definidos pela escola de acordo
com seu projeto político-pedagógico, observando-se as Diretrizes Curriculares Nacionais para
o Ensino Fundamental, subordinam-se aos seguintes pressupostos:
a) da concepção de conhecimento humano em suas diferentes formas, das relações entre ciência e fé,
da interdisciplinaridade e da contextualização como princípio estruturadores da organização curricular;
b) da compreensão da experiência religiosa do ser humano, manifesta nas diversas culturas em todos
os tempos, reconhecendo o transcendente e o sagrado, através de fontes escritas e orais, ritos, símbolos
e outras formas de expressão, identificadas e organizadas pelas tradições religiosas;
c) do reconhecimento dos principais valores éticos e morais presentes nas tradições religiosas e sua
importância para a defesa e a garantia da dignidade do ser humano, a promoção da justiça e da
solidariedade entre as pessoas e os povos, a convivência harmoniosa com a natureza e a criação de
cultura de paz;
atual gestor da escola analisada ainda não tem conhecimento da resolução que trata da questão
do ensino religioso em seu estado. Questionado a respeito da escolha dos conteúdos ele
afirmou que ela é feita de forma aleatória e sem muito planejamento, disse também que a
escola não dispõe de recursos didáticos específicos para a disciplina.
Em relação à escolha dos docentes, o diretor da referida unidade de ensino declarou
não existir critérios pré-estabelecidos, embora se tenha constatado que professores das
diversas disciplinas lecionem uma ou duas aulas de ensino religioso por semana, como forma
de complementar a sua carga horária. Sobre a formação dos professores para o ensino
religioso, o artigo 5° da lei que regulamenta a disciplina em Pernambuco estabelece que a
formação dos docentes para o magistério de ER dar-se-á em curso superior de licenciatura em
Ciências da Religião. Na falta de professor com essa habilitação parágrafo 1° dessa lei define
como critério mínimo o curso de licenciatura em ciências humanas.
É importante destacar que os únicos professores que afirmaram ter conhecimento das
religiões não católicas são professores de história, os demais se declararam católicos ou
evangélicos e conhecedores apenas de sua religião. A maioria dos professores disse utilizar
apenas a bíblia e textos bíblicos como recursos didáticos. Um deles declarou: (...) essa
disciplina faz o aluno conhecer mais a palavra de Deus, procurando colocar em prática. Porém
vale destacar que;
A catequese subentende a prática religiosa. É uma preparação doutrinária
específica que tem seu lugar nas igrejas e nos grupos religiosos. A formação
religiosa, primeiramente escolha da família e função desta (...) As diversas
igrejas também têm esta função e a de garantir a seus membros um
aprofundamento na doutrina e as orientações básicas para os jovens. É
responsabilidade das igrejas e grupos religiosos perpetuar sua doutrina pela
transmissão de seus textos sagrados e de sua moral. A catequese tem seu
lugar nas igrejas e nas organizações religiosas, até mesmo para que se dê
continuidade à prática após o período de vida escolar (Ferraz, 2004).
resolver os problemas de violência, criminalidade e desrespeito, pois se sabe que esses são
determinados também por fatores sócio - econômicos.
Esse também é o pensamento da minoria dos professores na escola pesquisada, bem
como do gestor da instituição que afirmou: “O estado assim como a escola pública deve ser
laico.’’Os docentes contrários ao ensino religioso consideram a questão complicada devido a
grande diversidade religiosa existente na sociedade o que segundo eles dificulta a escolha dos
conteúdos. Eles apontaram também o problema da falta de formação profissional nessa área e
o desinteresse pela disciplina por boa parte do alunado.
Houve comprovação desse último dado após os alunos serem questionados sobre o
assunto, mesmo não sendo quantitativa a pesquisa demonstrou que quase um terço dos que
opinaram assiste as aulas de ensino religioso porque precisa das notas. “O ensino religioso
deve ser ensinado no catecismo ou nas igrejas,’’disse um aluno. Afirmou-se também que
durante as aulas alguns temas abordados geram polêmicas e causam constrangimentos: “ ano
passado a professora só falava da religião católica (...) uma vez ela disse que o pastor era
doido e eu não gostei ” informou uma aluna, demonstrando - se favorável ao ensino
religioso, desde que nele se contemple várias religiões e não apenas o catolicismo.
A maioria dos alunos e pais que participaram da pesquisa são favoráveis ao ensino
religioso e apontam a religião como um assunto importante que deve está presente na sala de
aula, entre os pais mencionou-se algumas vezes algo curioso: a necessidade da escola ensinar
sobre religião já que os adolescentes não costumam freqüentar as igrejas. No entanto o que
mais chamou atenção foi o total desconhecimento de que o ensino religioso é uma disciplina
de caráter facultativo. Tanto os pais como os alunos da escola analisada não receberam essa
informação da direção da escola. De acordo com o gestor escolar isso não ocorreu por falta de
iniciativas.
31
CONSIDERAÇÕES FINAIS
também facultativo. Os defensores desta disciplina entendiam que dessa forma o ensino
religioso não feria a laicidade do estado, visto que não mais ensinava uma única religião. No
entanto sabemos que na prática, o cristianismo católico tem sido o tema principal das aulas de
ensino religioso devido a predominância dessa crença no âmbito escolar e a dificuldade de se
contemplar na sala de aula a diversidade religiosa existente na sociedade brasileira.
O modelo de ensino religioso estabelecido na Constituição Federal de 1988 e na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação de 1996 assumiu um caráter pluralista, não confessional,
enfatizando os aspectos antropológicos das religiões e, portanto teoricamente desvinculado da
Igreja católica. Contudo, percebemos que esse modelo de ensino religioso tem recebido
críticas e que passados uma década de sua criação ainda não foi implantado em nível nacional
como demonstrou nossa pesquisa realizada numa escola pública do interior pernambucano,
onde verificamos desde a falta de informação sobre o assunto até fortes resquícios de ensino
catequético.
Sendo assim, ao término desse trabalho chegamos a conclusão de que em muitos
casos, a diversidade religiosa não tem sido considerada dentro da sala de aula e que há
grandes dificuldades em se concretizar o diálogo inter-religioso, muitos educadores
desconhecem os elementos que compõem o fenômeno religioso e o papel das tradições
religiosas nas sociedades, portanto é evidente a falta de compreensão do ensino religioso
como disciplina. Entendemos que essa realidade torna o debate em torno do ensino religioso
ainda mais complexo, pois além de abarcar questões que dizem respeito as definições sobre
estado, religião e espaço público ele gera também discussões sobre as condições em que o
ensino vem sendo ministrado nas escolas.(GIUMBELLI E CARNEIRO, 2004).
As discussões em torno do ensino religioso na escola pública ainda estão em curso e
são absolutamente necessárias. Algumas considerações foram apresentadas sobre essa
temática e esperamos que esse trabalho venha a contribuir para que ela não fique despercebida
dentro da escola e possa suscitar novos estudos e pesquisas capazes de gerar as reflexões
necessárias para a definição dessa problemática.
33
REFERÊNCIAS
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Online.
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Educação em Revista, Belo Horizonte, n.17, p.20-37, jun.1993.
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Disponível em: www.csonline.ufjf.br/artigos/arquivos/religiao.pdf . Capturado em: 10 mar.
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Disponível em: www.antropos.com.br. Capturado em: 12 mar. 2008. Online.
WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Martim Claret,
2004.
WOLLF, Elias. Humanismo e Religião. In: BENTO, Fábio Régio. Cristianismo, Humanismo
e Democracia. São Paulo: Paulus, 2005. cap.7, p.215-248.
36
APÊNDICE
37
2- O senhor tem conhecimento da resolução que dispõe sobre a oferta do ensino religioso nas
escolas públicas do estado de Pernambuco?
( ) Sim ( ) Não
3- Que critérios tem sido adotados em sua escola para escolha desses docentes?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
( ) Sim ( ) Não
6- De acordo com artigo 33 da lei 9475/97 o ensino religioso é uma disciplina de matrícula
facultativa. A escola tem repassado essa informação para os pais e alunos?(Em caso negativo
informe o porquê)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
( ) sim ( ) Não
8-Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
38
( ) Sim ( ) Não
5- Quais são os conteúdos ou temas mais trabalhados em suas aulas ensino religioso?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
6- Como é sua metodologia de ensino e quais são os recursos didáticos que costumas utilizar?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9- Seus alunos têm demonstrado interesse pelas aulas de ensino religioso? Porque isso ocorre?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
10- A disciplina de ensino religioso deve está inclusa no currículo escolar? Por quê?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
39
( ) Sim ( )Não
( ) gosta da disciplina
( ) precisa das notas e da freqüência
( ) outros
( ) Sim ( ) Não
4-Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
6-Já se sentiu constrangido ou incomodado com algum assunto abordado nessas aulas?
( ) Sim ( ) Não
7- Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
3-O senhor (a) tem conhecimento dos temas que são estudados nas aulas de ensino religioso?
( ) Sim ( ) Não
5- Ele (s) já se sentiu incomodado com algum tema abordado nas aulas de ensino religioso:
( ) Sim ( ) Não
6- Registre o fato:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
7-A disciplina de ensino religioso é facultativa, isto é o aluno pode optar em assistir ou não as
aulas. O senhor (a) recebeu essa informação da escola?
( ) Sim ( ) Não
9- Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________