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RELATÓRIO SETORIAL: SIDERURGIA

24 de maio de 2006

PERFIL SETORIAL

O aço é uma liga metálica de ferro e carbono que, por sua ductibilidade, é facilmente deformável por forja,
laminação e extrusão. Suas características conferem à indústria siderúrgica posição como fornecedora de bens
intermediários à maior parte dos setores econômicos. Embora venha experimentando concorrência com materiais
alternativos (plástico, alumínio), o aço ainda constitui a principal fonte de material básico da indústria, especialmente
aquela ligada a bens de consumo duráveis e bens de capital.
A produção mundial de aço bruto totalizou 1,13 bilhão de toneladas em 2005, um crescimento de 6% frente a
2004, sendo a China responsável por 31% deste montante,a qual incrementou seu volume em 25%. Desconsiderando
o crescimento chinês, a produção global decresceu 0,8%. A Índia também destacou-se, evoluindo sua produção de aço
bruto em 17%. O Brasil produziu 31,6 milhões de toneladas, decresceu 3,9% e caiu uma posição no ranking mundial,
ficando na 9ª colocação. Este desaquecimento justifica-se pelo cenário de elevadas taxas de juros, reduzidos
investimentos governamentais e elevados estoques. O baixo nível de atividade na construção civil e nos demais
setores consumidores de aço influenciaram na queda de 8% no consumo interno do produto. Os maiores produtores
mundiais são: China, Japão, EUA, Rússia, Coréia do Sul, Alemanha, Ucrânia, Índia e Brasil.
Entre os principais fatores de competitividade pode-se citar: escala de produção, diversificação e verticalização,
custos reduzidos de mão-de-obra, materiais e transporte, inovações de produtos, carga tributária e capacitação
pessoal. Destaca-se que a siderurgia é uma indústria madura em termos tecnológicos.
A siderurgia é uma atividade historicamente marcada pelo protecionismo. As tarifas alfandegárias praticadas nas
importações pelos países desenvolvidos são relativamente baixas, entretanto, as restrições mais importantes impostas
são de cunho não-tarifário, como antidumping, direitos compensatórios, salvaguardas.

CADEIA PRODUTIVA

Segundo o IBGE, o setor siderúrgico encontra-se representado da seguinte forma:

- Metalurgia básica
Siderúrgicas Integradas:
- Laminados planos de aço (Aços Planos)
- Laminados não-planos de aço (Aços Longos)
Demais produtos siderúrgicos:
- Ferro, aço e ferro-ligas (primários e semi-acabados)
- Relaminados, trefilados, retrefilados de aço

- Produtos em Metal
Forjaria, estamparia, metalurgia do pó e tratamento de metais
- Forjas de aço
As usinas integradas transformam o minério de ferro em produtos siderúrgicos laminados ou semi-acabados. O
processo produtivo integrado compreende 3 fases distintas. A primeira fase é a redução, onde o minério de ferro é
transformado em ferro-gusa. Na segunda fase, o ferro-gusa é refinado, e o aço é processado, incluindo a solidificação
do mesmo (lingotamento). Nesta fase são ajustados os padrões de carbono em relação a outros elementos da liga. Em
seu processo de solidificação, o aço é deformado mecanicamente e transformado em produtos siderúrgicos utilizados
pela indústria de transformação. A última fase é a laminação, que transforma produtos semi-acabados (placas, blocos
e tarugos) em produtos acabados. As usinas integradas respondem por, aproximadamente, 64% da produção de aço
bruto em todo o mundo.

O processo produtivo das usinas semi-integradas (mini-usinas) compreende apenas o refino e a laminação, e
utiliza a sucata ferrosa como insumo básico.
A utilização de elementos mais nobres confere aos aços especiais propriedades dentre as quais estão a
resistência, dureza e proteção contra oxidação, corrosão e altas temperaturas. Devido a estas características, seus
preços são superiores a outros tipos de aço. O aço inoxidável é um aço com teores de Cromo e Níquel em altas doses.
Os laminados planos são utilizados numa enorme variedade de aplicações, destacando-se como consumidores as
indústrias produtoras de material de transporte (automobilística, ferroviária e naval), de máquinas e equipamentos, de
eletrodomésticos, de tubos, de embalagens (latas, containers). Os laminados longos também encontram emprego na
indústria metal-mecânica, sendo a construção civil (vergalhões, barras, perfis e trilhos) seu mais importante setor
consumidor.
Os principais insumos empregados na fabricação do aço são o minério de ferro, o carvão, a sucata e a energia
elétrica. Nas usinas integradas prevalecem o carvão mineral e o minério de ferro, enquanto nas semi-integradas o
destaque cabe à sucata.

PARECER

As perspectivas para o setor siderúrgico são positivas para 2006, devido ao crescimento da economia global,
menores estoques e ações do governo chinês restringindo as exportações do país. A produção global de aço bruto
deve crescer cerca de 5% em 2006. Após o fraco desempenho do setor siderúrgico brasileiro em 2005, quando
apresentou redução de 3,9%, estima-se uma evolução de 4% na produção de aço e de 9% no consumo de aço em
2006.
No Brasil, a produção de aço bruto foi de 2,4 milhões de toneladas no mês de abril de 2006, 12,4% menor na
comparação com o mesmo mês em 2005. Como em março, o motivo foi a parada de alto-forno de grande porte da
CSN. Desconsiderado este efeito, o setor manteve o mesmo ritmo de produção do ano passado.
Em relação às vendas internas de laminados longos, o crescimento de 7,9% confirma o maior nível de atividade
da construção civil, embora concentrada no segmento habitacional. Quanto às vendas internas de laminados planos, a
queda de 1,3% não reflete a retomada dos setores de bens de capital e construção civil assim como o bom
desempenho do setor automotivo. Isso porque o ano de 2005 começou aquecido para os aços planos e com estoques
elevados de aços longos, ou seja, a base de comparação é distorcida.
Quanto às vendas para o mercado externo, registrou-se queda de 38,5% em produtos longos (laminados e
tarugos), devido à prioridade de atendimento ao mercado interno, e crescimento de 21,9% em produtos planos
(laminados e placas). As melhores perspectivas apontam o segmento de aços planos em detrimento ao de longos. A
expectativa é de que o preço médio do primeiro no mercado doméstico avance 10%, enquanto os do segundo apenas
5%.
Quanto ao aumento do preço do minério de ferro, deverá abrir nova temporada de queda de braço comercial
entre siderúrgicas e fabricantes de produtos siderúrgicos, de forma que a alta do minério deverá, na medida do
possível, ser repassada ao aço. Outro fator que pode impactar negativamente, no caso das empresas brasileiras, é a
desvalorização do dólar norte-americano frente ao real, reduzindo as receitas provenientes de exportações.
É importante mencionar a expectativa de continuidade de alianças, consolidação e maior integração no setor
siderúrgico a nível mundial, com destaque à oferta de compra da Arcelor pela Mittal Steel.

Maiores Informações:
Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) : www.ibs.org.br
International Iron and Steel Institute (IISI) : www.worldsteel.org

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