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Relações Equador-Estados Unidos e seus impactos.

Da colonização espanhola até a grande marcha de Simon Bolivar para libertar os povos
as margens do oceano pacífico e banhado pela corrente de Humboldt lhe garante papel de
destaque na pesca de peixes cartilaginosos - principal produto de exportação, sendo essa sua
principal fonte de economia, além da grande importância das reservas de petróleo localizadas
no país.

Uma república presidencialista, o Equador conquistou sua independência apenas em


1822, e desde então já foi governado em regime conservador, liberal, militar, e desde 1979
em uma efetiva democracia, com tendência esquerdista. Marcado em sua história por
instabilidades políticas, golpes militares, guerras e acordos que acabaram por consolidar
grande perda do território, não se definiram o setor político de forma propriamente dita, visto
que as últimas décadas foram marcadas por crises e balanços desfavoráveis na economia, a
qual tem a maioria de suas importações trazidas dos EUA e também subsiste da exportação
de petróleo e produtos agrícolas, além de extração mineral e a pesca.

O país abriu definitivamente as portas para o comércio internacional quando, em 1998,


a moeda corrente até então (sucre indígena) foi substituída pelo dólar norte-americano pelo
então presidente Jamil Mahuad, que, por um golpe de estado foi obrigado a fugir e endossar
como sucessor o seu vice-presidente. Em 2007 o atual presidente, Rafael Corrêa elegeu-se e
assumiu o cargo já iniciando efetivas mudanças, como a alteração da constituição em 2008,
que encaminham o país para uma possível estabilidade política e econômica.

Em 24 de junho de 2009, o país adere-se membro da ALBA, antiga Alternativa


Bolivariana para as Américas e atual Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América.
Efetivando e evidenciando ainda mais o distanciamento do governo esquerdista de Rafael
Correa com a posição de alinhamento imediato nas políticas exteriores e econômicas-liberal
dos EUA e se aliando ao anti-norte-americanismo dos governos venezuelano e boliviano com
argumento de aliança entre os povos periféricos e explorados pelo sistema liberal econômico
das grandes potências, em benefício de uma integração visando o bem estar social e
desenvolvimento econômico igualitário.

Sendo presidido por um governante de esquerda, esperava-se que o Equador fosse,


aos poucos, estatizando suas indústrias e estreitando as ligações econômicas existentes,
como por exemplo, o apoio do FMI e a dívida externa, criando assim uma nação independente
economicamente e fechada ao mercado e a relações externas. No entanto, ao contrário dessa
preleção, desde o início do mandato o presidente Rafael Correa vem aumentando as relações
com países do Oriente Médio, procurando se desvincular levemente do círculo EUA-Europa, o
que deve ser visto como uma forma de procura pela independência dos grandes polos
econômicos, mas ainda assim mantendo relações significativas com os EUA.

Na atualidade menos de 50% de sua população está abaixo da linha da pobreza,


resultado de políticas de ajuda externa e do constante crescimento da importância de sua
economia principalmente quando se diz respeito aos Estados Unidos, com o qual mantém
uma política da extinção do tráfico de drogas ilícitas como a cocaína, um dos maiores
problemas que o país enfrenta atualmente. O Equador mantém relações exteriores com a
OEA, MERCOSUL, OPEP, OMC, Comunidade Andina, FMI, ONU e ALBA.

Os Estados Unidos da América estão localizados na América do Norte,são o quarto


maior país do mundo, e terceiro em maior população, maior economia nacional do mundo,
esta proveniente da agricultura e pecuária, de produtos manufaturados, e da extração de
recursos naturais e turismo. Uma república constitucional e democracia representativa,
tornou-se independente em 1776, possui elevado poder bélico, industrial e econômico,
atualmente mantém relações com os principais órgãos mundiais e com 99% dos países,
participa ativamente de guerras, investindo em poder e financiando guerras em busca da “paz
mundial”, embolsando com isso um grande fluxo de petróleo e recursos naturais.

Teve sua relação econômica com o país sul americano maior dimensionada em 2008,
quando metade das exportações provindas do Equador tinham os EUA como destino final, e
vice-versa.

A abertura de comercio entre os dois países se iniciou com a criação do programa SGP
(Sistema Generalizado de Preferencias) o qual estabelecia isenção de impostos em 4200
produtos agrícolas, manufaturados e semimanufaturados.O SGP foi assim idealizado para
que mercadorias de países em desenvolvimento pudessem ter um acesso privilegiado aos
mercados dos países desenvolvidos, em bases não recíprocas, superando-se, dessa forma, o
problema da deterioração dos termos de troca e facilitando o avanço dos países beneficiados
nas etapas no processo de desenvolvimento. O mercado agrícola se tornou mais atrativo com
o estabelecimento da ATPA (Andrean Trade Preference Act). Em 2001 esse tratado foi
modificado e passou a ajudar na luta contra a produção e tráfico de drogas ilícitas, estabilizar
as economias dos países andinos, e servir os interesses de segurança nacional dos Estados
Unidos e Equador.

A Lei de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de Drogas (ATPDEA),


promulgada em 06 de agosto de 2002, renovando e alterando o ATPA, garantiu a isenção de
impostos para determinados produtos que eram excluídos até então, e acabou resultando em
aproximadamente 6000 produtos isentos de impostos, melhorando o desenvolvimento dos
quatro países andinos e favorecendo a economia equatoriana. A modificação desse tratado foi
primordial na luta contra a produção e tráfico de drogas ilícitas, para estabilizar as economias
dos países andinos, e servir os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos e
Equador.

Juntos, estes tratados foram importantes ferramentas na geração de emprego, como


exemplo há o comercio de flores exportadas pelo Equador, que sozinho gerou 225.000
empregos diretos e indiretos; controle do fluxo migratório devido à melhoria nas condições de
vida, redução da pobreza e ajuda no combate ao narcotráfico.
Relações Equador-EUA no mês de abril.

Desde que Rafael Correa assumiu o poder, em janeiro de 2007, a relação entre os dois
países passou por alguns momentos de tensão. Correa chegou a suspeitar do envolvimento
dos Estados Unidos em um ataque colombiano cometido em março de 2008 contra uma
região do território equatoriano. Neste mesmo ano foi estabelecido um Diálogo Bilateral entre
os dois países, o qual consistia em melhorar as relações bilaterais por meio da abordagem
dos temas de interesse mútuo, como comércio, investimentos e migrações.

Em 2009 o presidente expulsou dois diplomatas americanos os acusando de se


intrometer em assuntos internos. Um deles era responsável pela missão sobre a segurança
interna, imigração e alfândegas equatorianas, outro motivo que o levou a ser expulso foi à
suspensão da ajuda anual de 340 mil dólares para a polícia anticontrabandista local.

No último ano foi dada a devida importância à organização WikiLeaks, organização


existente desde 2006 e com propósito único de divulgar informações confidenciais e de
caráter importante para a sociedade mundial: Vazamentos sobre corrupção governamental,
correspondência diplomática, documentos confidenciais da inteligência norte-americana, no
todo, informações comprometedoras que vem causando grandes embaraços e problemas
entre os envolvidos, que anseiam por tomar medidas mais drásticas com relação ao
funcionamento da organização, mas que não conseguiram fazer nada efetivo até o momento.

Desde o início desse mês (abril/2011), viemos acompanhando um significativo impasse


nas relações Equador-EUA. Em reação a um telegrama datado de 2009, divulgado pelo
WikiLeaks em 2010 em um grupo com mais de 250 mil telegramas de diplomatas americanos
em vários países, o governo equatoriano decidiu pela expulsão da embaixadora americana no
país, Heather Hodges. A embaixadora já havia sido declarada “persona non grata” também
em reação aos telegramas divulgados, que acusavam corrupção generalizada na Polícia do
Equador e a afirmação de alguns funcionários da embaixada de que o presidente, Rafael
Correa, tinha encarregado como chefe deste órgão, Jaime Hurtado Vaca, comandante e já
com envolvimento em extorsões e corrupção, por ser facilmente manipulável.

Os EUA expulsaram o embaixador equatoriano no país, Luis Gallegos em represália a


retirada de sua representante do Equador, "A ação injustificada do governo equatoriano de
declarar a embaixadora Hodges persona non grata não nos deixou outra opção a não ser esta
ação de reciprocidade", disse o porta-voz do Departamento de Estado Charles Luoma-
Overstreet. Também foram suspensas por tempo indeterminado as relações bilaterais entre
os países, que tinham renovação prevista para junho. O presidente equatoriano, não satisfeito
apenas com a retirada dos embaixadores dos dois países, denunciou que o governo
americano teria gente “infiltrada” na Polícia e nas Forças Armadas do Equador, o que resultou
em mais declarações da então ex-embaixadora de que os documentos haviam sido roubados
e que não havia provas. "A gravidade é que o WikiLeaks disse que eles (a embaixada dos
EUA) têm informantes na polícia e nas Forças Armadas... Isso é espionagem", disse Correa
em entrevista a uma rádio.

Sem previsão de solução para este impasse, o país andino sofreria consequências
ainda mais significativas no setor sócio econômico:

 Na economia, se tais medidas forem mantidas, a instabilidade econômica


se acentuaria, visto que o principal destino das exportações dos país (em
torno de 50%) tem como destino os Estados Unidos, e o déficit gerado na
balança comercial seria extremamente desfavorável, acabaria por
diminuir também as importações do país, já que não haveria demanda de
mercado pelas commodities e artigos que atualmente são providos pelos
EUA, e o Equador não estabeleceu relações concretas e estruturadas o
suficiente com outras nações também providas dos bens de consumo
necessários ao país. Embora a mobilidade dos capitais internacionais
pudesse representar uma abertura para a melhoria dos paradigmas
econômicos.
 No campo social, com a diminuição de exportações, haveria crescente
taxa de desemprego, além de prejudicar o combate e a possível
erradicação do narcotráfico, sendo que as melhorias realizadas nessa
área só foram possíveis devido ao tratado ATPDEA (Lei de Preferências
Tarifárias Andinas e Erradicação de Drogas) o qual visava o benefício de
ambos os países, pois além de atuar no âmbito social, também cobria
interesses econômicos com a isenção de taxas alfandegárias de
aproximadamente 6000 produtos de interesse americano.

Porém, Ricardo Patiño, chanceler equatoriano, afirmou que é possível que as relações
se mantenham a níveis comerciais:

Es posible mantener el nivel de las relaciones cordiales como hasta ahora ha


ocurrido, esperamos que en unas semanas podamos retomar los diálogos con
Estados Unidos y pasar este momento. Se mantendrán los Encargados de
Negocios de ambos países y continuará el normal funcionamiento de los
consulados. Por ahora no hay ninguna otra decisión

(“É possível manter o nível das relações cordiais como até agora vem ocorrendo, esperamos
que em algumas semanas possamos retomar os diálogos com os Estados Unidos e deixar de
lado esse momento. Serão mantidos os encarregados de negócios de ambos os países e
continuará o funcionamento normal dos consulados. Por hora, não há nenhuma outra
decisão.”).
Bibliografia indicada para acompanhamento do tema citado.

http://operamundi.uol.com.br/blog/operaleaks/embaixada-norte-americana-acusa-policia-do-equador-de-
corrupcao-generalizada/ - Telegrama diplomático enviado pela embaixadora americana, acusando a
policia de corrupção generalizada..
http://www.mmrree.gob.ec/ - Ministério de Relações Exteriores, Comércio e Integração do Equador.
http://www.mmrree.gob.ec/2011/bol363.asp – Entrevista publicada no Ministério de Relações Exteriores,
Comércio e Integração do Equador.
http://www.mmrree.gob.ec/2011/bol353.asp- Entrevista publicada no Ministério de Relações Exteriores,
Comércio e Integração do Equador.
http://ecuador.usembassy.gov/ - Embaixada americana no Equador.
http://operamundi.uol.com.br/blog/operaleaks/?s=equador- Cobertura especial do Opera Mundi dos
vazamentos do WikiLeaks
http://www.ustr.gov/trade-topics/trade-development/preference-programs/andean-trade-preference-act-
atpa – Introdução ao ATPA
http://pt.scribd.com/doc/18348478/Relaciones-Comerciales-Ecuador-Estados-Unidos-de-America-
ATPDEA - Aprofundamento no tema, base para compreensão da questão
http://www.pstu.org.br/internacional_materia.asp?id=6690&ida=0 –Artigo sobre o modo de governo do
atual presidente equatoriano, Rafael Correa.
http://www.vermelho.org.br/busca.php?keyword=equador.
http://jorgemagalhaes.blogspot.com/2011/04/equador-x-eua-relacoes-rompidas.html
http://asorumi.over-blog.org/article-26509477.html
http://www.politicaexterna.com/19193/eua-e-equador-expulsam-embaixadores-apos-revelacoes-da-
wikileaks
http://www.estadao.com.br/busca/equador;;Equador
http://www.dn.pt/Inicio/Tag.aspx?tag=Equador
http://portalimprensa.uol.com.br/portal/ultimas_noticias/2011/04/06/imprensa41336.shtml
Grupo – “Relações Equador-EUA”

Gustavo Rocha
Natalia Gabriela Boni
Nathalia Izabel Klein Pussinelli Paiva dos Santos
Rebeca Rocha
Stefanie Z. Monteiro

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