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RESUMO - O envolvimento de pais com a educação das crianças, hoje no Brasil, é muito pouco investigado, seja na educação
infantil ou nos outros níveis de educação. No entanto a literatura estrangeira nos aponta vários caminhos dependendo do foco
da pesquisa. Neste estudo, a literatura usada foi a tipologia de Epstein (in Brandt, 1989), as esferas sobrepostas (Epstein,
1987), ambas baseadas na teoria ecológica de Bronfenbrenner (1979, 1996), e o modelo das pirâmides invertidas de Hornby
(1990). O objetivo deste estudo consistiu em identificar os aspectos da relação entre a creche e os pais no que se refere à
comunicação, expectativas e dificuldades de relacionamento, contribuições e as estratégias utilizadas para o envolvimento
dentro da perspectiva dos pais, professoras e atendentes. Este estudo usa dados qualitativos coletados em entrevistas (questi-
onário semi-estruturado) com 33 pais de crianças de 0 a 6 anos, 7 professores e 8 atendentes de uma creche de iniciativa
voluntária. Os resultados, depois de análise feita através de categorias, mostram que a comunicação existente impossibilita a
proximidade e trocas de informações. A atitude da creche para os pais é calcada numa postura de oferecimento da assistência
à criança e a atitude dos pais na receptividade limitada calcada numa postura de favorecimento por estes serviços. O desconhe-
cimento sobre as possibilidades de envolvimento exclui os pais, e delega à creche o poder de decisão sem a participação ativa
da família.
Alguns estudos dentro da área da Psicologia do Desen- integral infantil leva em conta os diversos contextos onde a
volvimento nos indicam que os primeiros anos de vida são criança se insere. Baseado na perspectiva ecológica de de-
aqueles em que o indivíduo aprende todas as habilidades senvolvimento de Bronfenbrenner (1996) sobre os diferen-
básicas que determinarão as aprendizagens específicas ao tes contextos que o indivíduo freqüenta, Epstein (1987) apon-
longo de sua vida (Sylva & Lunt, 1982). Pensando nisso, as ta que a família é um dos contextos mais importantes do
instituições que lidam com a infância estão ampliando seus mundo ecológico da criança, pois é através dela que a crian-
serviços para além do suprimento das necessidades básicas ça é apresentada ao mundo ao seu redor. Sendo a creche um
da criança, rumo a uma função educacional e pedagógica, e dos contextos onde um número bastante expressivo de cri-
não só assistencialista. Este olhar sobre o desenvolvimento anças pequenas no Brasil passa grande parte do seu tempo, a
qualidade de seus serviços e o atendimento às comunidades
carentes são, cada vez mais, tópico para discussão.
1 Programa Institucional de Bolsas para Iniciação Científica – PIBIC/ A importância do envolvimento de pais nesta fase é en-
CNPq tão auto-explicativa: família e escola/creche, juntas, podem
2 Endereço: Rua Uruguai 458, Núcleo de Pesquisa em Psicologia, Bl.
25b, Sl 401, Itajaí, 88.302-202, Santa Catarina.
promover situações complementares e significativas de
E-mail: ebhering@ccs.univali.br, t.denez@zipmail.com.br aprendizagem e convivência que realmente vão de encon-
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E. Bhering e T. B. De Nez
tro às necessidades e demandas das crianças e de ambas ins- seu devido lugar no processo educacional (formal) de seus
tituições. Apesar de haver diferenças distintas entre as obri- filhos desde os seus primeiros dias na creche. Epstein (1987)
gações da família e da escola, há também responsabilidades e Mortimore, Sammons, Stoll, e Ecob (1988) incluem os
e objetivos comuns entre elas (Epstein, 1987; Haddad, 1987). pais como um dos elementos-chave para uma educação de
Criar condições, ambientes e atividades favoráveis para o qualidade, juntamente com outras variáveis organizacionais
desenvolvimento da criança é um dos objetivos (e desejos) tais como o ensino, o currículo e as instalações. A relação
comuns de ambas as instituições. A família e a escola divi- família/escola passa a ser compreendida como um universo
dem e partilham suas responsabilidades no que diz respeito a ser explorado e aplicado de acordo com as necessidades
à educação e a socialização das crianças (Epstein, 1987). específicas de cada instituição e grupos de pais.
Desta forma, o envolvimento de pais na escola/creche é, atu- No diagrama elaborado por Epstein (conforme citado por
almente, considerado um componente importante e neces- Bhering & Siraj-Blatchford, 1999, p.194), a relação escola-
sário para o sucesso das crianças. Becker (conforme citado família é retratada por duas “esferas sobrepostas” onde ambas
por Cavalcante, 1998) afirma que pais que estão envolvidos atuam em favor da criança, criando um modelo dinâmico de
na escolaridade dos filhos desenvolvem uma atitude mais relacionamento entre pais e professores, que tanto pode se
positiva com relação à escola e com relação a si mesmos, dar num processo contínuo, quanto com o surgimento de
tornando-se mais ativos na sua comunidade e melhorando novas necessidades e, portanto, novas maneiras de partici-
seu relacionamento com os filhos. A noção de parceria entre pação e envolvimento. Qualquer mudança drástica ou um
pais e creche constitui o cerne de qualquer programa de par- abandono das práticas e do contato entre a escola e a família
ticipação dos pais na vida diária da instituição e tem sido significará uma quebra no sistema das esferas sobrepostas.
identificada por muitos autores (Bronfenbrenner, 1979; O sistema das esferas sobrepostas ajuda-nos a compreender
Davies, 1989; Epstein, 1989, citado em Marques, 1993; não só as possibilidades de envolvimento, como também
Seeley, 1985;) como um componente essencial da reforma instiga a utilização de maneiras e momentos variados para
educativa, visando a melhoria da qualidade da escola e a traçar planos e ações que envolvem os pais.
igualdade de oportunidades para todos, incluindo os mais Estudos sobre envolvimento de pais foram realizados com
desfavorecidos. A iniciativa, porém, parece ser delegada à o objetivo de pontuar as mais diversas maneiras que creches
instituição, oportunizando o surgimento de laços de amiza- e escolas desenvolvem práticas para incluir os pais na suas
de, confiança, troca, ajuda e segurança até a cisão do envol- agendas. Jowett e Baginsky (1988), Jowett, Baginsky e
vimento com os pais (Marques, 1993). Muitas vezes, a ini- MacNeil (1991), Cyster, Clift e Battle (1979), Wolfendale
ciativa para o envolvimento dos pais com a creche é de- (1983), Epstein (1986), Smith (1980) apontaram as muitas
senvolvida sem levar em consideração que ambos podem maneiras que os pais podem se envolver com a educação de
traçar metas semelhantes e que o que uma parte faz pode seus filhos, desde ajudas práticas até o envolvimento em ati-
compensar o que a outra não consegue fazer. vidades curriculares (ensino e aprendizagem) feitas na es-
Tizard e Hughes (1984) concluíram que as interações cola, em casa ou ainda em outros ambientes que complemen-
das crianças em casa com os pais são consistentemente mais tam a formação da criança. Estudos brasileiros na área
ricas e desafiadoras para elas do que com as professoras na (Ferraz, 1986; Falcão, 1989; Pinto, 1985; Smolka, 1989;
pré-escola/creche. Contudo, eles não parecem concluir que Zanella & cols, 1997) enfatizam que os pais brasileiros tam-
as crianças estarão mais bem cuidadas em casa com seus bém gostariam de saber mais sobre a rotina nas creches/es-
pais do que na educação infantil, pois estas são duas situa- colas que seus filhos freqüentam e de receber ajuda da esco-
ções distintas (mesmo que ainda complementares) com va- la para compreenderem melhor sobre o desenvolvimento
lores distintos (e necessários).Também não se trata dizer que infantil não só a nível acadêmico, mas também a nível social
as crianças aprendem mais em casa do que nas creches, por- (e da educação informal).
que não podemos garantir que todos os pais (brasileiros) têm Estes estudos ressaltam também o movimento das cama-
a possibilidade de orientar as interações com os filhos de das populares pela luta pelo direito à escolaridade - de ter
maneira desafiadora e desejável como indicado pela pesqui- um número suficiente de escolas e creches para atender seus
sa de Tizard e Hughes. Um programa que abrange todas as filhos e maior acesso e melhoria da qualidade do ensino pú-
áreas do desenvolvimento infantil dá a oportunidade à cri- blico (Carvalho, 1989; Vianna, 1993). Haddad (1987) dis-
ança de se expressar e experimentar situações desafiadoras corre sobre a relação entre a creche e a família dentro da
e propícias ao desenvolvimento integral delas (Hohmann & mesma perspectiva. A luta dos pais geralmente passa por
Weikart, 1995). Portanto, diante dos resultados de impor- níveis estruturais representados por Associações de Pais e
tantes pesquisas e novas abordagens de encarar a infância, a Professores, Colegiados e Conselho da escola com o objetivo
resposta para tal procedimento só levará a uma rua de mão de garantir aos seus filhos o mínimo necessário para a conti-
única: o envolvimento de pais. “O envolvimento de pais com nuidade de escolarização, e não tanto com o processo educa-
a escola passou a ser considerado nos últimos anos como tivo em si como Epstein e outros sugerem. Zanella e cols
uma preocupação necessária e legítima e não mais como uma (1997) defendem que “a participação dos pais significa visua-
“opção extra” que as escolas poderiam ou não ter (Bastiani, lizar a escola como um espaço democrático em que as pes-
1993, conforme citado por Bhering & Siraj-Blatchford, soas possam exercer sua cidadania” (p.145). Apesar da par-
1999). Diante disso, os pais poderão ter a chance de tomar o ticipação dos pais nestes movimentos incluir um número
grande de adeptos, ela reduz o seu número de pais que real- mero menor deles tem uma necessidade intensa de orienta-
mente se envolvem com as questões da creche/escola. Desta ção, ou, por um outro lado, a capacidade de contribuir ex-
forma, é de direito dos pais ter a possibilidade de se envol- tensamente e em muitas coisas diferentes” (p. 248).
verem também com o processo ensino-aprendizagem, além A plasticidade deste modelo possibilita que ele seja cons-
de terem o direito de voto e a um espaço para expressarem tantemente revisto e renovado para atender as necessidades
suas opiniões, demandas. Existem outras maneiras e níveis de todos envolvidos no processo. O reconhecimento de que
eficazes de envolver os pais com a instituição. nem todos os pais querem ou podem contribuir com a esco-
A tipologia desenvolvida por Epstein (citado em Brandt, la/creche ou com o processo educativo da mesma forma ou
1989) inclui seis tipos de envolvimento de pais. Epstein e que nem todos precisam de orientação é uma das caracterís-
Dauber (1991) salientam, no entanto, que “os cinco tipos ticas do modelo de Hornby. Para isso ser reconhecido pela
não são puros, mas envolvem aspectos comuns a todos os instituição é preciso que a comunicação flua constantemen-
tipos e que a maioria das maneiras até então encontradas se te oportunizando as trocas de informação em prol de uma
encaixa em um dos cinco tipos” (p.291, quando as autoras parceria. Criar parcerias, segundo Pugach e Johnson (citado
fizeram esta afirmação, Epstein ainda não tinha incluído o em Gettinger & Guetschow, 1998), significa unir indivíduos
sexto tipo na tipologia). Epstein e Dauber (1991) ressaltam que estão interessados em trabalhar juntos para atingir obje-
que esta tipologia é muito útil para todos os profissionais tivos comuns. Além disso, uma parceria bem sucedida é, por
ligados a educação a qualquer nível de ensino e acrescentam natureza, colaborativa, pois é baseada no que é justo para
que “aquelas escolas (creches) que incluem os cinco tipos ambas as partes e no respeito mútuo entre os indivíduos.
de envolvimento ajudam os pais a criarem um ambiente mais Flexibilidade e diversidade são características importantes
propício e convidativo à aprendizagem e para a prática de do envolvimento de pais que pretende atingir o máximo de
estudo; a compreenderem melhor as mensagens vindas da pais possível (e em diferentes aspectos da escola/creche).
escola (creche); a se tornarem parceiros da escola de uma Na perspectiva de Spodek e Saracho (1998), as mudan-
maneira mais produtiva; de compartilharem as responsabili- ças nos níveis e tipos de envolvimento parental se devem à
dades com a escola (creche) criando oportunidades em casa flexibilidade. O contato pessoal, a interação, a troca e o com-
que auxiliem a aprendizagem escolar com atividades relaci- partilhamento de informações, o apoio emocional, social e
onadas com o currículo que não sejam somente as tarefas de pessoal, a coordenação, a assistência, a educação e treina-
casa, levando em consideração as opiniões dos pais em pro- mento compõem os principais objetivos quando pensamos
cessos de decisões que afetam o bom funcionamento da es- em planejamento de atividades para os pais. O estudo de
cola e as crianças” (p.291-292).
Ainda de acordo com Epstein (citado em Brandt, 1989),
os cinco (e mais recentemente ela acrescenta o sexto tipo Necessidades dos Pais
envolvimento de pais. Long (1992) apresenta três estágios Maioria Ligações entre instituições e
Reuniões de pais/professores
do processo de envolvimento de pais: a) um envolvimento
periférico (por exemplo, ajudar a escola a levantar fundos Todos Comunicação e Manual/Guia de
Informações sobre direitos/responsabilidades
para suas necessidades extras); b) um período de colabora-
Todos Informação sobre interesses e
ção (por exemplo, pais ajudando em casa com as tarefas) e o Habilidades das crianças
mais avançado de todos, c) a parceria quando a comunidade
Maioria Colaboração e Apoio
passa a significar uma fonte de recursos para a escola (cre- na lição em casa
che) e vice-versa. Muitos Recursos e Ajudas
Já o modelo de Hornby (1990) apresentado em forma de em sala de aula
duas pirâmides que se juntam pelas suas bases, explica o Alguns Política – parte legal e
Associação de Pais
envolvimento de pais dentro da perspectiva dos pais e pro- e Mestres
fessores (ou educadores). “O modelo consiste de duas pirâ-
Tempo dos Pais Habilidades dos Pais
mides, uma representando a hierarquia das necessidades dos
pais, a outra, a hierarquia de suas habilidades e possíveis Potencial dos Pais
contribuições. Ambas as pirâmides demonstram visualmen- Figura I: Modelo de envolvimento de pais - Hornby, G. (1990)
te os diferentes níveis das necessidades e habilidades dos
pais. O modelo mostra que enquanto todos os pais têm algu- Fonte: Hornby, G. (1990). The Organization of Parent Involvement. School
mas necessidades e habilidades que podem ser utilizadas, Organization, 2 & 3 (10), p. 247-252.
outros podem se envolver em atividades que demandam mais
tempo e mais expertise da parte dos profissionais; um nú- Figura 1. O Modelo de Hornby
Bhering e Siraj-Blatchford (1999) também revela palavras- dos, de uma compreensão maior sobre os procedimentos
chaves para o envolvimento entre pais e escola: comunica- adequados para promover o desenvolvimento saudável das
ção, envolvimento e ajuda. A partir disso, Bhering e Siraj- crianças. Rossetti-Ferreira (1994) ao falarem sobre o perío-
Blatchford criaram um sistema de transportes, onde ilustra- do de transição entre o lar e a creche, defendem que as rea-
ram metaforicamente através de ilhas e navios, a dinâmica ções da criança pequena a indivíduos e situações novas são
de trocas e negociações entre pais e escola. A comunicação muito influenciadas pela relação que a mãe, pai e outros fa-
dentro deste sistema é visto como um “instrumento” que miliares estabelecem com a novidade, ressaltando assim a
viabiliza a relação escola-família, agindo como um facilitador importância deste relacionamento. Neta mesma linha,
e promotor desta relação. Formosinho (1996) diz que ambas as partes influenciam o
Gettinger e Guestschow (1998), em sua pesquisa sobre a curso da vida das crianças, razão pela qual a relação entre a
percepção dos pais e professores sobre seus respectivos pa- creche e os pais deve ser vista e compreendida como com-
péis, sugerem que a eficácia das atividades de envolvimento plementares, e não como forças distintas e separadas. Se-
de pais, e as oportunidades em se tratando de envolvimento gundo Ormezzano (1993), mais autenticidade e menos
de pais em pré-escolas, ensino fundamental e médio, encon- formalismo são aspectos que podem auxiliar num relacio-
traram (através de análise fatorial) dois grupos de tipos de namento recíproco e compromissado entre pais e creche.
envolvimento de pais: envolvimento indireto e envolvimento Davies e cols (1993) apontam que as crianças cujos pais
direto. O fator “envolvimento direto” apresenta atividades são presentes na sua vida escolar e mantêm contatos com a
tais como os pais ajudando seus filhos em tarefas escolares, escola alcançam melhores resultados que outras aptidões em
comunicações diretas com os professores, e participando de meio familiar idêntico, mas sem envolvimento parental: “e,
eventos na escola. O fator “envolvimento indireto” inclui também evidente que as crianças de famílias de baixos ren-
atividades que envolvem os pais como a escola em geral. dimentos são as que mais poderão se beneficiar com o
Ao investigar a posição dos pais em outros contextos foi envolvimento de pais. É igualmente claro que os pais destas
concluído que a maioria dos pais ajuda (e quer ajudar) os crianças podem se envolvidas e podem ajudar seus filhos”
filhos, direta e indiretamente, e quando não fazem isto se (p. 38). A condição sócio-econômica da criança não é o fa-
deve a situações de extrema carência ou algum desequilíbrio tor determinante do sucesso do envolvimento mais forte, mas,
sério (físico, mental ou social). Os resultados também apon- por um outro lado, a compreensão mútua sobre a possibili-
tam que todos os pais querem ver seus filhos bem sucedidos dade, isto é, dentro da escola e da escola para os pais, pode
academicamente; não querem que eles abandonem a escola- determinar o sucesso do envolvimento de pais.
ridade antes do tempo previsto e vêem a escola como uma A literatura internacional aponta resultados positivos
única oportunidade de ascensão social e um futuro melhor quanto ao envolvimento de pais em instituições educacio-
(Zanella & cols, 1997). Epstein e Dauber (1991) concluíram nais que atendem a classe mais baixa da população (Epstein
que quando os professores incluem os pais na sua rotina de & Dauber, 1991). Iniciativas brasileiras de envolver comu-
trabalho (informando-os sobre todos os aspectos da vida nidades carentes em projetos para a melhoria de vida dos
escolar), os mesmos sentem-se mais confiantes em ajudar e nossos jovens também mostram que o nível social e econô-
orientar seus filhos em casa, aumentando a interação entre mico não é a única influência que determina o fracasso es-
pais e filhos. Isto melhora o relacionamento com os profes- colar, social e econômico (Freire & cols, 1988). O envol-
sores (e atendentes) e as crianças demonstram uma melhora vimento de pais pode auxiliar na luta para vencer o fracasso
no comportamento e rendimento escolar. Outros estudos tam- escolar e comportamentos desviantes, uma vez que o mes-
bém mostram que o envolvimento de pais influencia a auto- mo já é considerado como um dos fatores mais importantes
imagem da criança, o senso de otimismo e a orientação produ- do processo escolar, educativo e social (Rutter & cols, 1979).
tiva para as relações sociais (Swick, citado em em Spodek & No entanto, não se pode negar que a condição sócio-eco-
Saracho, 1998) e ganhos na linguagem, habilidades motoras, nômica influencia os valores dos pais e por sua vez, as aspi-
conceitos e solução de problemas (Spodek & Saracho, 1998). rações educacionais dos filhos (Lareau, 1989). Ele também
Bastiani (1993) acrescenta que, por estas razões, tem-se que influenciará no programa de envolvimento de pais, na sua
apoiar essa relação (pais-criança-creche) e, sobretudo, admitir complexidade e atividades. Por isso, o conhecimento sobre
que ela é imprescindível. as tipologias e modelos de envolvimento de pais pode am-
Deste modo, o trabalho de envolvimento de pais nas cre- pliar as aspirações da família, creches, e escolas tornando
ches brasileiras é de extrema importância e urgência (Bhering possível uma parceria adequada. É importante que mais pes-
& Siraj-Blatchford, 1999; Haddad, 1987). A situação de ca- quisas sobre o interesse, demanda e desejo dos pais e das
rência das nossas creches é agravada pela distância mantida creches sejam feitas para o avanço de práticas e medidas
com os pais. A maneira tradicional (reuniões, bilhetes, reca- sociais pertinentes às instituições educativas no nosso país.
dos, circulares) parece ser insuficiente para manter um con- O envolvimento de pais pretende ser acessível, utilizando
tato freqüente com os pais. Sob o ponto de vista e interesses aspectos positivos da instituição educacional e de uma po-
da criança, compartilhar as responsabilidades (Epstein, 1987) pulação que também possui qualidades e possibilidades de
pelo bem estar, saúde e desenvolvimento/crescimento das ação frente à responsabilidade de criar seus filhos para se-
crianças significa criar oportunidades, para todos envolvi- rem bem sucedidos na vida.
nhamento de seus filhos para um futuro melhor e diferente INICIATIVA – COMUNICAÇÃO – ATITUDE
cuidar daquilo que julgam ser capazes: cuidar da casa, dos dos serviços oferecidos pela creche postura defensiva
seus filhos ou sua vida particular. Este retraimento faz com famílias aprendem posturas de reivindicação, compreendem
que eles não a informem, de maneira aberta, sobre o estado melhor a sua tarefa enquanto pais e aprendem sobre o de-
real da criança (principalmente no que toca a saúde e situa- senvolvimento infantil. O acesso a informações a respeito
ção social). Isto é percebido pela creche através de uma con- das facilidades e serviços encontradas no seu bairro (enquanto
duta defensiva perante qualquer contato mais formal que a pais e cidadãos), retomam a possibilidade de treinamento
creche venha a estabelecer ou propiciar. A creche, ao perce- profissional e educacional contribuindo para o desenvolvi-
ber esta atitude, que ela interpreta como de omissão dos pais, mento de iniciativas que os ajudarão durante sua vida
os exclui, agindo por eles em relação à criança, ao invés de, (Bhering, Oudenhoven & Wazir, 2000).
juntos (creche e família), buscarem possíveis soluções para Apesar da crescente preocupação dos pais em relação ao
os problemas. que acontece na creche, e da creche em relação à vida diária
A falta de confiança mútua entre creche e família difi- dos pais, esta preocupação ainda não chega a despertar o
culta a aproximação de ambos e a criança direta e indireta- interesse e iniciativa dos mesmos de maneira a efetivar um
mente recebe influências desta situação. Bailey, Whalley e envolvimento duradouro. Quando algo é despertado duran-
cols. (1997) descrevem que pais (adultos responsáveis) con- te o processo, muitos pais demonstram não ter idéia do que
fiantes ajudam as crianças a se sentirem mais confiantes em gostariam de saber e/ou fazer (o mesmo acontece com pro-
si construindo auto-estima mais positiva. Os pais, devido às fessoras e atendentes).
situações de extrema carência a que estão expostos, se sen- Apesar da literatura enfatizar que a iniciativa deve partir
tem mais úteis e capazes dentro de suas possibilidades de da instituição para o envolvimento de pais (Bastiani, 1993)
ação para lidar com seus filhos quando a creche lhe dá opor- principalmente em se tratando de educação de crianças en-
tunidades concretas de participação dentro daquilo que eles tre 0 a 10 anos, verifica-se que nas creches e escolas brasi-
podem oferecer (vide modelo Hornby). As creches, hoje em leiras isto não ocorre com freqüência (Bhering & Garcia,
dia, têm um papel fundamental de informação e até mesmo 2001; Bhering & Siraj-Blatchford, 1999). Apesar do conta-
de instrumentalização destes pais. No entanto, a realização to superficial e restrito entre pais e creche, percebe-se que as
deste papel depende de uma série de variáveis que tendem a opiniões dos pais centram-se em três categorias: iniciativa,
transformar a relação creche e família num modelo dinâmi- comunicação e atitude, as quais sustentariam a dinâmica de
co de envolvimento. A informação sobre como aproveitar envolvimento. Uma iniciativa bem sucedida criará uma di-
situações que enfatizam a relação entre pais e filhos é essen- nâmica circular entre creche e família, que emitirá determi-
cial para o envolvimento de pais bem sucedido. nadas respostas (atitudes) conforme o nível de comunicação
A percepção da creche sobre sua relação com os pais é (restrita, moderada ou aberta) estabelecida. Qualquer ruptu-
de confronto. Afirmam que muitos pais abusam da abertura ra nas linhas de comunicação afetará a resposta às iniciati-
propiciada pela creche, não cumprindo as regras e normas vas advindas tanto da creche quanto dos pais.
estabelecidas pela mesma, comprometendo assim, uma atu- Este estudo mostra que a forma como as informações a
ação que fomenta o envolvimento de pais, como por exem- respeito da criança chegam até os pais e professores, influ-
plo, os atrasos dos pais na hora de entrada e saída da criança, encia diretamente na resposta (atitude) de ambos. A posição
omissão de informações sobre as mesmas, e disputa pela de professores e atendentes em relação ao envolvimento entre
sua atenção. No entanto, a creche não consegue reconhecer pais e creche traz a responsabilidade, o comprometimento e
sua postura ofensiva aos pais, a qual causa efeitos como os a troca como atitudes necessárias para um envolvimento efe-
citados acima. A atitude da creche de oferecimento dos ser- tivo e duradouro.
viços à criança coloca os pais numa posição de espera (inér-
cia), impossibilitando a promoção de oportunidades e atitu-
des positivas dos pais para com seus filhos e a creche. A RESPONSABILIDADE – COMPROMETIMENTO – TROCA
falta de confiança nos pais (no que podem dar ou poderiam
dar se fossem orientados) automaticamente excluiu a possi- Iniciativa institucional para CRECHE PAIS Presentes quando solicitados
de o envolvimento de pais: sem
bilidade dos pais serem incluídos na vida diária da institui- planejamento efetivo Delegam a responsabilidade dos
ção. dos cuidados e educação
A criança parece ser o único elo de ligação entre creche Receptividade limitada da criança à creche
e família. É através da criança que os pais ficam sabendo o Falta de tempo, contatos Se isentam de interação com a
que acontece na creche; e que as professoras conhecem o restritos, comunicações criança em casa (estimulação)
que acontece dentro de casa das crianças. Isto possibilidade rotineiras e superficiais
O comprometimento por um “fazer juntos” (creche e fa- escolaridade) dependendo totalmente de outros para sua so-
mília) para a criação das atividades para as crianças e para o brevivência e seus dependentes. Desta forma, espera-se que
envolvimento de pais parece ficar além das possibilidades e instituições que trabalhem com a infância, comecem a de-
disponibilidades de ambas as instituições. A creche não in- senvolver práticas de envolvimento de pais que informem,
dica estar familiarizada com as maneiras de como esta apro- apóiem e recebam colaboração da comunidade em geral.
ximação poderia ser efetivada para uma parceria duradoura Segundo a creche, os pais se posicionam de diferentes
e produtiva. A relação se dá de forma unilateral: os pais sus- formas de acordo com suas experiências diárias e depen-
peitam algo a respeito da creche, mas não se dirigem à insti- dendo do que acontece com a criança, mostrando-se ora com-
tuição para esclarecimentos ou suas dúvidas e idéias, ado- preensíveis, ora inseguros, ora distantes, dependendo da si-
tando uma postura de como estivessem recebendo um “fa- tuação. Estas manifestações exigem uma certa flexibilidade
vor” da creche. O mesmo acontece com a creche, que sus- e plasticidade ao pensar o envolvimento (Hornby, 1990). Na
peita de certos comportamentos e reações dos pais, mas não maioria das vezes, os pais são surpreendidos com reclama-
se coloca na posição de alguém que poderia tomar a inicia- ções a respeito da criança e cobranças sobre aspectos que
tiva de aproximação e esclarecimento para resolução de pro- dizem respeito ao seu papel de pai. Bailey e cols. (1997)
blemas, preferindo (mesmo que inconsciente) manter uma advertem que quando trabalhamos a auto-estima dos pais
postura ativa de oferecimento, se colocando como se esti- através de atitudes que os encorajam a interagir com seus
vesse prestando um “favor” a comunidade. A receptividade filhos de maneira positiva e mais freqüentemente, os pais se
limitada da creche para um atendimento individualizado à tornam mais respeitosos e compreensivos com a criança e
criança (expectativas dos pais) é fruto desta dinâmica. conseqüentemente a criança se sente mais apoiada, mais con-
Segundo a creche, os pais têm medo de se compromete- fiante em si e nos outros, e desenvolvendo atitudes positivas
rem com a instituição, por isso preferem delegar a ela a res- para o contato social em vários contextos.
ponsabilidade dos cuidados e educação da criança. Desta A atitude desta creche, revelada pelos professores e
forma, o envolvimento dos pais com a instituição só aconte- atendentes, parece intimidar os pais abordados para discutir
ce quando são solicitados ou de acordo com as necessidades sobre a criança, colocando-os numa posição de ameaça, ge-
da criança. A creche, por sua vez, assume esta responsabili- rando uma reação de defesa dos pais. Esta ameaça parece
dade de forma enfática, excluindo os pais das decisões e estar relacionada com inúmeras situações: medo de perder a
comunicando-os sobre o que acontece com a criança somente vaga na creche, medo e receio de possíveis ações advindas
quando é estritamente necessário, ou quando a creche, não da creche (denúncias, cobranças) etc. As omissões, princi-
consegue, sozinha, resolver problemas relacionados à crian- palmente no que toca a saúde da criança parecem ser usadas
ça (geralmente problemas de saúde e comportamento). pelos pais como forma de defesa a possíveis atitudes da cre-
Um dos problemas enfrentados por 27% das professoras che que eles entendem como uma forma de prejudica-los.
e atendentes, repousa na insegurança dos pais diante do pe- Isso não significa dizer que todos os pais têm algo a escon-
ríodo de adaptação da criança à creche. Daí a importância der, omitem informações importantes, agem defensivamen-
do apoio emocional, social e pessoal (Spodek & Saracho, te e que carregam problemas graves na família.
1998) oferecido pela instituição ao pensar em planejamento De um modo geral, percebe-se que os pais têm interesse
de atividades para os pais. na educação dos filhos, mas precisam ser orientados. O fato
A literatura nos indica (Bastiani, 1993) que a base do de sentirem que precisam ser orientados os fazem sentir-se
envolvimento de pais é o compromisso de toda a instituição intimidados ou tímidos para tomar a iniciativa inicial, não
e da equipe que trabalha direta e indiretamente com a crian- querendo revelar suas fraquezas e necessidades para aque-
ça em trabalhar na mesma direção: a iniciativa tem o seu les que não conhecem ou julgam não confiáveis. Pesquisas
ponto de partida comum e cada turma de crianças, com suas indicam que a falta de informação para os pais sobre a insti-
necessidades específicas, definiria as peculiaridades do tuição em geral, os leva a sentir cépticos, desconfiados e
envolvimento de pais, para atender a diversidade encontra- distantes, gerando julgamentos superficiais de ambas as par-
da em cada turma. Não se procura aqui, deixar o grupo de tes ou até mesmo falsos.
professores completamente sem direção, mas, viabilizar ca- Em suma, as creches brasileiras, principalmente as de
nais de comunicação entre toda a equipe da instituição para iniciativa voluntária, de uma certa forma precisam continu-
que todos compartilhem suas experiências tanto positivas ar servindo a comunidade tanto na perspectiva assistencialista
como problemáticas. Esta estratégia, além de valorizar o tra- quanto na educativa. O assistencialismo se auto-justifica, pois
balho da professora, estimula o interesse pelo envolvimento não há maneiras de pensar em educação infantil sem consi-
de pais e reforça uma atitude a favor da parceria. derar os aspectos básicos do bem-estar da criança de 0 a 6
Com a partir da partilha de experiências, a creche pode anos. Desta forma, as creches, sejam elas de qualquer natu-
tomar distância de sua postura ativa-ofensiva de oferecimento reza, devem planejar parcerias para garantir também o aten-
e tentar analisar e compreender em que contexto estes pais dimento básico de crianças provenientes de famílias de bai-
vivem. No caso dos pais desta amostra, o contexto é muito xa renda (e muitas delas são crianças em situação de risco e
problemático, a maioria dos pais vive em condições não fa- vulnerabilidade) e que precisam de auxílio para desempe-
voráveis (de moradia, alimentação, higiene e informação – nhar o papel de pais no mais amplo sentido. O assistencia-
lismo não necessariamente inclui o fazer pelos pais, mas Creche e Família não chegam a criar um modelo dinâ-
promove a instrumentalização destes pais com estratégias mico de relacionamento. Os pais se colocam numa posição
de enfrentamento para diversas situações de dificuldade. passiva de favorecimento e gratidão frente ao que a creche
lhes oferece (e à sua criança), se vendo de uma forma não-
Conclusão participativa frente ao que acontece com as crianças na cre-
che. Os pais acreditam que não tem nada a contribuir para
A comunicação entre creche e família, assim como reve- com a instituição em relação à criança e acham o serviço
lada na análise dos dados, parece comprometer uma possí- oferecido pela creche “necessário e suficiente”. O posiciona-
vel parceria entre eles. Fica claro que a creche não é infor- mento da creche em relação aos pais e à criança caracteriza-
mada sobre comportamentos e situações vividas pela crian- se por uma postura tradicional e conservadora, de uma edu-
ça em seu contexto e vice-versa. Desta forma, a relação en- cação centrada no adulto, onde o professor é visto como o
tre creche e família é entrelaçada por posturas e atitudes que guia exclusivo do processo educativo (PCN, MEC, 1997).
podem trazer prejuízos tanto para a criança com para o fun- Diante deste modelo, percebe-se que os pais se auto-intimi-
cionamento da creche. Percebe-se que a atitude dos pais em dam diante das ações da creche, permitindo que ela desem-
omitir informações sobre a criança não se reduz, apenas, penhe a sua função de maneira independente, isentando-se e
numa simples defesa dos pais ao que a creche poderá pensar à creche de qualquer questionamento.
deles, mas como a creche parece não saber lidar com estas Percebe-se que a comunidade não se encontra suficien-
situações encara a atitude dos pais como defensiva e/ou temente informada sobre como e o que reivindicar para a
omissa, tomando decisões, excluindo e não informando aos educação dos filhos. Não estão também devidamente equi-
pais sobre o que acontece na creche em todos os sentidos pados para lutar por uma educação infantil de qualidade e
(administrativo, pedagógico, social, relacionamentos, desen- que faça a diferença social que eles almejam para os filhos.
volvimento infantil). O despreparo e a falta de treinamento da equipe da creche
As exigências, expectativas e responsabilidades tanto dos em lidar com situações que exijam a presença dos pais pare-
pais em relação à creche e vice-versa se desencontram. En- ce dificultar o envolvimento de pais. Os pais, por sua vez,
quanto os pais exigem que a creche aceite sua condição (e a também parecem concordar que estão despreparados quan-
da criança) e atenda, acolha e cuide da sua criança; a creche to a sua participação e contribuição para com a creche, por
exige a presença e o comprometimento dos pais para com a não saberem se posicionar e responder às demandas da ins-
creche e à criança, cumprindo as regras, sugestões e dinâmi- tituição.
cas estabelecidas pela instituição. Enquanto os pais esperam Não há qualquer familiaridade com as diversas formas
um atendimento integral e individualizado à sua criança, a de envolvimento de pais que Epstein (citado em Brandt,
professora toma o seu trabalho (às vezes não cobrindo até a 1989), Hornby (1990), Gettinger e Guetschow (1998), e ou-
suas próprias expectativas) como sendo o possível e ade- tros descrevem. A forma tradicional (reuniões e eventos)
quado naquele momento. Esta postura pode nos levar a con- continua sendo a forma mais utilizada nas escolas e creches
cluir que a creche não se abre para um diálogo aberto com brasileiras. Diante disto, é preciso refletir sobre a flexibili-
os pais, pois se afirma para os pais que eles já fazem o pos- dade sugerida por Hornby (1990), pois o modelo esclarece e
sível e adequado, não se percebe uma disposição para tro- pontua que haverá sempre uma diversidade de necessidades
cas. As diferenças de percepção e postura comprometem o e potenciais dentro de um grupo de pais de uma instituição
envolvimento entre pais e creche. Apesar de reconhecer que de Educação infantil. O modelo nos impulsionar a reconhe-
a iniciativa deva partir da instituição, não indica de modo cer que todas as ajudas, habilidades e necessidades apresen-
efetivo, maneiras de como os pais podem compartilhar as tadas por creche e família, ambas de modo espontâneo e em
suas responsabilidades. intensidades diferentes podem ser integradas na política de
envolvimento de pais das instituições. Segundo Hoover-
Dempsey e Sandler (citado em Gettinger & Guetschow,
CRECHE
1998), a percepção dos pais tem um efeito muito forte sobre
DESATENÇÃO
D as suas decisões de se envolverem com a instituição, e dife-
E Postura Ativa de Oferecimento D
S E rentemente do status da família e das características da cri-
P S
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E
Comunicação Restrita P
R
ança, a sua percepção pode ser influenciada pela escola ou
P
A Ação Independente
E
P
creche.
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O CRIANÇA R
Deste modo, o envolvimento de pais em creches passa a
O
ser também, para nós brasileiros, uma medida social, psico-
O Auto-Intimidação T
M É lógica e educativa que informa, articula e estimula a partici-
I C
S
S
Comunicação Restrita N
I
pação (consciente e proposital) integrada das esferas cre-
Ã
O Postura Passiva de Favorecimento
C
O
che-família. Segundo Bhering, von Oudenhoven e Wazir
ASSISTÊNCIA (2000), o envolvimento de pais e até mesmo da comunidade
PAIS
em geral, junto a uma equipe multidisciplinar é considerado
como um componente essencial de uma escola que desem-
Figura 4. Dinâmica de envolvimento entre pais e creche penha seu trabalho com sucesso. Uma instituição de educa-
ção bem sucedida põe em mesmo grau de importância o Cavalcante, R.C. (1998). Colaboração entre Pais e Escola: educa-
envolvimento de pais, o currículo, os processos de instrução ção abrangente. Psicologia Escolar e Educacional, 2 (2), 153-
e aquisição de conhecimento, avaliação e aspectos sociais 159. SP: ABRAPEE.
(Epstein, 1987; Mortimore & cols, 1988). Além disso, a co- Cyster, R.; Clift, P.; Battle, S. (1979). Parental Involvement in Pri-
municação e um relacionamento freqüente entre as pessoas mary Schools. Windsor: NFER Publishing Company.
envolvidas também influenciam o sucesso da escola, que está Davies, D.; Marques, R.; Silva, P. (1993) Os Professores e as Fa-
conseqüentemente, refletido no sucesso das crianças que ela mílias: a colaboração possível. Lisboa: Livros Horizontes.
atende. Nossas pesquisas aqui no Brasil têm nos apontado Davies, D. (1988). Low income parents e schools: A research report
que o envolvimento de pais em escolas e creches ainda é and a plan for action. Equity and choise. 4(3), 51-59.
básico e inconsistente, mas principalmente, a falta de litera- Epstein, J. (1986). Parents’ Reactions to Teacher Practices of Paren-
tura brasileira na área nos chama a atenção. tal Involvement. The Elementary School. Journal, 86, 277-294.
Precisamos avançar nas pesquisas sobre este tema tanto Epstein, J. (1987). Toward a theory of family-school connections:
do ponto de vista da Educação, como da Psicologia e ainda teacher practices and parent involvement. In K. Hurrelmann, F.
áreas afins, para que possamos entender como esta relação kaufmann, & F. Losel (eds.), Social Intervention: Potential and
se processa nas diversas instituições escolares, nos diversos Constraints. New York/Berlin: Aldin/ de Gruyter.
níveis de escolaridade, para que possamos criar e implemen- Epstein, J.; Dauber, S. (1991). School Programs and Teachers Prac-
tar estratégias que venham auxiliar não só o relacionamento tices of Parent Involvement in Inner-City Elementary and
entre pais e equipe escolar, mas principalmente sejamos ca- Middle Schools. The Elementary School Journal, 3, 289-305.
pazes de criar ambientes (dentro dos microssistemas das cri- Epstein, J.; Salinas, K. (1993). School and family partnerships –
anças) que sejam estimuladores, desafiadores para as nossas Survey of teachers in elementary and middle grades. Teachers’
crianças. Além disso, criar um ambiente que as crianças se questionnaire. Section I – Johns Hopkins University, Center
sintam bem pessoalmente e bem inseridas na sua realidade on Families, Communities, Schools and Children’s Learning:
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escolar, um messosistema que realmente retrate um movi-
mento recíproco entre os microssistemas, conforme aponta Falcão, F. (1989). Participação dos Pais no Processo Educacional:
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Recebido em 13.11.2000
Primeira decisão editorial em 04.03.2002
Versão final em 07.05.2002
Aceito em 14.05.2002 n