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NARRAÇÃO

NOMES: Maria Luiza Andrade Aquino e Mariana Gabriela de Oliveira

TURMA: Química 2A

DISCIPLINA: Redação

BELO HORIZONTE

10 e 17 de agosto de 2010
1. Conceito e características da narrativa

Narrativa é a mudança de situação operada por uma personagem. Essa mudança, ao longo
do texto narrativo, não acontece apenas uma vez. Uma narrativa apresenta, implícita ou
explicitamente, quatro tipos de mudanças de situações, sendo elas: o querer ou o dever de
fazer algo; a aquisição de um saber ou um poder; a realização daquilo que se quer ou se
deve fazer, sendo essa a principal mudança de uma narrativa e, a última, as conseqüências
das três primeiras, onde o personagem é premiado ou castigado.

2. Diferença entre narrativa, narração e narratividade

Narrativa é alguma mudança operada por um personagem implícito ou explícito durante o


texto. Essa mudança pode ser de dois tipos: a de aquisição (em que alguém passa a ter
algo que não tinha) e a de perda (em que alguém deixa de ter algo que tinha). Já a narração
é um tipo de narrativa onde há transformações de situações concretas, figuratividade,
relações de posterioridade, concomitância e anterioridade entre os episódios relatados e a
utilização preferencial do subsistema temporal do passado. Um texto, para ser uma
narração, precisa ter todas essas características. Caso contrário, não é considerado uma
narrativa. Assim, narratividade é a transformação de situações e é um componente de
diversos textos, não apenas narrações.

3. Conceito de narrador e autor

Narrador: O narrador é aquele que conta os fatos e seu desenvolvimento. Atua como
intermediário entre o autor e o leitor. Ele assume uma posição em relação ao fato narrado e,
assim, o seu ponto de vista constitui a perspectiva a partir da qual o leitor verá a história.

Autor: pode ser um contista, novelista, romancista e é uma pessoa de carne e osso, que
utiliza uma voz, ou seja, um personagem fictício (o narrador) para contar aquilo que ele cria,
imagina, inventa. O autor pode, então, ser entendido como a pessoa que se oculta atrás
dos narradores para relatar de uma determinada maneira, determinados fatos. Desta forma,
cada autor cria um narrador diferente para cada obra.
4. Realidade e Representação

A representação consiste na materialização de uma ausência, ou seja, é a substituição de


algo. Assim, a representação é sempre uma atividade que envolve a imaginação criadora.

Observando a estratégia narrativa, percebe-se o processo de representação claramente


revelado: o discurso literário ou ficcional apresenta, pela representação, uma seqüência
encadeada de ações que se refere a uma realidade simulada ou criada pelo autor e que, por
sua vez, é também reconstruída pela leitura.

O discurso literário enquanto narrativa e, portanto, representação, cria uma coerência de


sentido e fornece uma versão coerente com o real. Em geral, o leitor aceita determinadas
representações quando essas se dão por encadeamentos plausíveis e correspondências
entre a narrativa e as lógicas de sentido que levam em conta a sensibilidade e experiência
do leitor em cada época.

“Os conceitos e imagens vão sendo aceitos, naturalizados, considerados verdadeiros,


embora sejam apenas representações” (MENDES, José Tadeu Neris. )

As fotografias são exemplos de representação da realidade, pois apesar de demonstrarem


por meio de imagens determinadas situações, essas podem não ser completamente
verdadeiras por não serem capazes de transmitir fielmente os sentimentos envolvidos na
cena, por exemplo. Isso pode levar o interlocutor a tirar conclusões equivocadas do que vê.

O texto jornalístico é um exemplo de gênero textual que, apesar de ter compromisso com a
realidade, utiliza do recurso da representação para apresentar determinadas notícias quer
seja para induzir o leitor a determinados pontos de vista, quer seja por falta de informações
suficientes.

Essa problemática é debatida por Nanami Sato (2002, p. 31), no artigo "Jornalismo,
Literatura e representação":

"Mesmo que se postule que a representação revela alguma coisa do real, é


preciso ter em mente as condições em que ela emerge. Basta lembrar que o
autor já carrega em si certos implícitos de representação; o resultado, a
representação, constitui, portanto, uma criação destinada a um ou mais
receptores." (SATO, in CASTRO e GALENO – org. , 2002, p. 31)
5. Função do narrador:

O narrador possui várias funções. A principal delas é a de relatar a história. Além dessa, o
narrador precisa organizar os fatos do texto, interligar e fazer articulação entre eles; atestar
a veracidade dos fatos relatados, suas memórias e precisão a respeito deles e a função
ideológica onde o narrador avalia a ação de acordo com uma visão geral, a “visão do
mundo”.

6. Ponto de vista narrativo

O ponto de vista narrativo é estabelecido pelo narrador, pois ele relatará os fatos,
vivenciando-os (narrador-observador) ou não (narrador-personagem ou narrador-
onisciente). A posição do narrador com relação ao que está sendo relatado influencia
diretamente a opinião do leitor, que é construída ao longo da leitura, pois o narrador focaliza
o que está sendo narrado de uma determinada maneira. O ponto de vista é a maneira como
são vistos os acontecimentos contados, a compreensão dos mesmos e o que se sabe ou se
conhece desses fatos num determinado momento. O ponto de vista narrativo costuma ser
chamado de foco narrativo. Existem três formas básicas de focalização:

• Focalização parcial interna: O narrador tem total conhecimento da trama, porém


conta somente aquilo que o personagem conhece, sob o ponto de vista desse
personagem. O narrador, geralmente, utiliza o discurso indireto livre.

• Focalização parcial externa: Há apresentação apenas das ações das personagens,


não sendo explicitados seus pensamentos e sentimentos. Esse recurso confere à
narrativa um caráter mais neutro e objetivo.

• Focalização total: Nessa forma de focalização, o leitor é onisciente, ou seja, sabe de


todos os acontecimentos, sentimentos e pensamentos de cada uma das
personagens.

7. Narrador em 3ª pessoa

Nas narrativas em que a fala do narrador é registrada em 3ª pessoa, predomina-se a função


referencial. Ela visa a apresentação dos fatos, somente. Os narradores em 3ª pessoa
podem ser divididos em modalidades, como: o narrador onisciente neutro, o narrador
onisciente intruso e o narrador câmera. Na onisciência neutra, o narrador tem poder de
onipresença, detêm total conhecimento do que ocorre na história (passado, presente, futuro
e o íntimo de cada personagem). Sua neutralidade é aparente, visto que todo discurso é
ideológico, manifesta um ponto de vista a respeito dos fatos. O narrador onisciente intruso,
além de deter, também, total conhecimento sobre a trama e cada personagem, apresenta
considerações sobre o fato que narra. Por vezes, estabelece um diálogo direto com o leitor.
O narrador câmera narra os fatos tais como acontecem, sem avançar no passado ou
penetrar na intimidade das personagens.

8. Narrador em 1ª pessoa

O narrador em primeira pessoa é classificado como narrador-personagem, ou seja, ele


participa dos acontecimentos e as análises dos mesmos ficam impregnadas de
subjetividade, pois é por meio do ponto de vista do narrador-personagem que se toma
conhecimento dos fatos narrados. O que ele disser será como participante e não alcançará
a objetividade exigida por alguns relatos. O narrador-personagem pode ser classificado em:
narrador-protagonista, narrador-personagem secundário, narrador-testemunha. O narrador-
protagonista é aquele que se configura como personagem principal. O narrador-personagem
secundário é aquele que conta a história de um personagem principal. Por outro lado, o
narrador-testemunha conta fatos vistos, ouvidos ou lidos por ele. Está presente no texto
apenas para relatar a história, não se confundindo nem com o protagonista nem com os
outros personagens da história.

9. A imagem do leitor configurada no texto

Os textos, de maneira geral, apresentam de maneira explícita ou implícita a imagem do seu


interlocutor ou leitor. A linguagem utilizada e os assuntos abordados são direcionados o
público-alvo de determinado texto selecionando seus leitores. Num texto escrito, por
exemplo, o narrador pode instalar explicitamente um leitor, estabelecendo, muitas vezes, um
diálogo direto com ele.
Referências Bibliográficas:

- FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação. São
Paulo, Ática,2008.

- PESAVENTO, Sandra Jatahy. A Representação Ficcional do Rio Grande do Sul na obra de


Cyro Martins. Disponível em:
http://www.celpcyro.org.br/v4/Fronteiras_Culturais/represFiccional_RS.htm. Acessado em:
24 de agosto de 2010.

- PIEKAS, Adriano. Imaginário x realidade: a representação ficcional. Disponível em:


http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp. Acessado em: 24 de agosto de
2010.

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