You are on page 1of 3

O MANUSCRITO DO PURGATÓRIO

da Irmã Maria da Cruz

SUA AUTENTICIDADE

O manuscrito que temos em mãos contem ensinamentos interessantes


sobre a vida do além, notável mente sobre o Purgatório, acompanhados de
numerosos conselhos de direcção espiritual.

Não há dúvida sobre a sua autenticidade. Sabe-se por testemunhos certos e


concordantes, de factos devidamente controlados, que uma religiosa de um
convento de Valognes, Irmã Maria da Cruz, falecida em Cherbourg a 11 de
Maio de 1917, ouviu subitamente, junto dela, em Novembro de 1873
gemidos prolongados... Espantada, exclamou: “Oh! Quem é...? Faz-me
medo.. Por favor, não se mostre! Mas diga-me quem é”.

Não obteve resposta mas as queixas continuaram... aproximando-se dela


cada vez mais. Em vão a pobre irmã multiplicava as preces, comunhões,
vias-sacras e rosários; os gemidos não cessavam e permanecia o mistério.

Finalmente, no domingo 15 de Fevereiro de 1874, ouviu uma voz bem


conhecida: “Não tenha medo! Não me vera’ em sofrimento! Sou a Irmã
Maria Gabriela - (A Irmã Maria Gabriela era uma jovem religiosa, de 36 anos,
falecida em Valognes a 22 de Fevereiro de 1871) - E a alma sofredora disse
à antiga companheira, cujos conselhos tantas vezes desprezara, que
multiplicaria as visitas para a ajudar a santificar-se, pois entrava no plano
Divino que a Irmã Maria da Cruz, pela santidade da sua vida, aliviasse e,
finalmente, libertasse aquela que outrora tanto exercitara a sua paciência.

Estava dada a resposta... Acalmou quem a recebeu? De modo algum...


Aconteceu precisamente o contrário. A Irmã Maria da Cruz suplicou-lhe que
desaparecesse e nunca mais voltasse... Mas foi tempo perdido. Foi-lhe
respondido que deveria suportar, todo o tempo que Deus quisesse, o que
ela mais temia.

E foi assim que durante vários anos, se estabeleceram entre a alma da Irmã
Maria Gabriela e a Irmã Maria da Cruz, misteriosas relações, que esta
registou de 1874 a 1890, no precioso manuscrito que publicamos.

O seu valor ressalta:

1. Da própria pessoa da Irmã Maria da Cruz.

a) Sem nenhuma nota discordante, todos os que a conheceram atestam que


nunca deixou de praticar - até ao heroísmo - todas as virtudes cristãs e
religiosas. Directora de um colégio, exerceu sobre as alunas uma tal
influência sobrenatural que todas a consideravam “Santa”, afirmando
candidamente que pelas suas palavras e actos as impressionava mais que
qualquer padre.

b) Todos os que testemunharam a sua vida são unânimes em reconhecer,


apoiados em sérias provas, que era dotada de recto juízo e nela se reflectia
a mais viva e cultivada inteligência, o equilíbrio mais perfeito o mais
absoluto bom senso!... Na realidade, ela nunca desejou as vias
extraordinárias: pelo contrário, fez tudo para as evitar. Até ao fim - o
manuscrito prova-o - pôs em dúvida que era obrigada a ouvir, alegando que
era diabólico. que estava “contrariada por sair do comum”..., ela que tanto
desejava “ser como os outros” e passa despercebida.

c) Enfim, mesmo protestando contra as visitas que recebia, a Irmã Maria da


Cruz beneficiou delas para o seu avanço espiritual: dão-nos a garantia disso
a suas memórias e sobretudo, o testemunho unânime de quantos a viram
viver e agir.

2. Da autoridade dos testemunhos.

Em primeiro lugar devemos declarar que Irmã Maria da Cruz, sabemo-lo de


fonte segura, relatava fielmente tudo o que lhe dizia respeito a seu director
espiritual Rev. Padre Prével, dos Padres de Pontigny, mais tarde Superior
Geral da sua Congregação.

Os cadernos da Irmã revelam-nos que ela beneficiava muito com a direcção


do Rev. Padre e uma carta que ele lhe escreveu de Hitchin (Inglaterra)
datada de 4 de Novembro de 1912, após uma longa separação, confirmam-
nos que era expressamente informado sobre as comunicações da Irmã
Maria da Cruz com a sua antiga companheira: “Fale-me, diz-lhe ele, da sua
querida alma sofredora, que deve estar há muito imersa na glória do seu
Bem Amado!... Já a abandonou?... Ou consola-a nas suas tristezas?
Continuou a escreveras suas comunicações? Eu conservei preciosamente as
antigas e releio-as muitas vezes”.

É evidente que o Rev. Pe. Prével considerava sérias as comunicações


recebidas e é de presumir que não o faria sem provas muito boas.

À grande autoridade do director espiritual, temos a sorte de poder


acrescentar o testemunho de teólogos reputados, de que todos conhecem a
indiscutível competência: Monsenhor Dubosq, ex-superior do Seminário
Maior de Bayeux e promotor da fé nos processos canónicos para a
beatificação e a canonização de Santa Teresa do Menino Jesus; Monsenhor
Gontier, censor oficial de livros na diocese de Bayeux e autor de reputadas
obras: Explicação do pontificado, Regulamento da Vida Sacerdotal, etc.;

Um eminente mestre de Teologia mística, D. Lehodey, cujas obras


belíssimas mereceram de Pio X este elogio: “Os homens esclarecidos
prestam justa homenagem à sua ciência e experiência” (carta de 13 de
Dezembro de 1908).

Após cuidado estudo do manuscrito, estes teólogos não hesitaram em


declarar que não continha nada contrário aos ensinamentos da fé ou que
não estivesse em perfeito acordo com os princípios da vida espiritual e não
fosse edificante para as almas.

Consideraram que a Irmã Maria da Cruz, provida de justo juízo e dotada de


grande bom senso estava, por esse motivo, protegida contra os desvios de
um imaginação demasiado viva e perigosa. Consideraram também que: a
Irmã Maria da Cruz fez tudo para se libertar das visitas que a
importunavam; protestou, interrogando-se se não seria uma punição que o
Céu lhe infligia; achava os acontecimentos tão surpreendentes que não
sabia em que acreditar; enfim pôs tantas objecções à aparição, que de
modo nenhum se lhe pode imputar ter imaginado ou inventado as
manifestações de que foi objecto.

Finalmente causou-lhes forte impressão:

a) Pela grande lição de caridade cristã que ressalta de todo o processo da


aparição: como a Irmã Maria Gabriela, no convento de Valognes, pela sua
atitude pouco religiosa, tinha feito sofrer bastante a Irmã Maria da Cruz
encarregada de a corrigir, era a esta que, por ordem de Deus, ela teria de
se dirigir depois da morte para sair do Purgatório;

b) Pelo facto de as luzes fornecidas à Irmã Maria da Cruz se tornarem tanto


mais vivas e precisas quanto mais a Irmã Maria Gabriela se purificava.

c) Pelos progressos realizados pela Irmã Maria da Cruz na sua Santificação,


progressos tão sensíveis que Monsenhor Dubosq comentava: “Publicando o
manuscrito da Irmã Maria da Cruz - e eu desejo que o façais - tomais a
dianteira num processo beatificação”.

Em suma os eminentes teólogos consultados concluíram unanimemente que


o manuscrito que Irmã Maria da Cruz trazia em si mesmo o selo da
autenticidade e portanto tinha grande valor quanto ao conteúdo e quanto à
origem.

CONCLUSÃO

O manuscrito da Irmã Maria da Cruz, a que chamaremos Manuscrito do


Purgatório, apresenta-se-nos, por testemunho dos mais exigentes, do ponto
de vista histórico e humano, com todas as garantias de crédito que é
possível desejar.

A Direcção do Boletim de Nossa Senhora da Boa Morte sente-se feliz por


publicar o seu edificante e impressionante conteúdo: a voz de além túmulo
que ouviremos revelando-nos as justiças e misericórdias do Purgatório,
dando-nos os conselhos de piedade e santificação de que o manuscrito está
cheio, será para nós uma luz viva para a orientação da nossa vida no
caminho da eternidade.

E não duvidamos que esta luz para os vivos pela experiência dos mortos
seria para muitos uma eloquente escola de vida santa e, portanto, uma
salutar e eficaz preparação para uma boa morte.

N.B. Para respeitar fielmente o texto do manuscrito, não poremos à parte as


passagens respeitantes especialmente aos fins derradeiros. O leitor poderá
acrescentar, se julgar necessário, como poderá também fazê-lo nas
perguntas que a Irmã Maria da cruz fazia à Aparição, mas que não registava
no manuscrito.

You might also like