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Adordagens Interdisciplinares
Reitora
Ana Angélica Gonçalves Leão Coelho
Pró-Reitora Acadêmica
Fabíola Alves dos Reis
Pró-Reitor Administrativo
Marle José Ferrari Júnior
ISBN 978-85-89046-28-2
CDD 307.76098151
Projeto gráfico
Editora Univale
Editoração eletrônica e capa
Brian Lopes Honório
Revisão
A revisão dos textos são de responsabilidade dos autores
Impressão
Gráfica O Lutador
Ficha catalográfica
Biblioteca Dr. Geraldo Viana Cruz (Univale)
2010
EDITORA UNIVALE
Rua Israel Pinheiro, 2000 - Universitário
Cep.: 35020-220
Governador Valadares - MG
Telefone: (33) 3279-5512
Site: www.editora.univale.br
E-mail: editora@univale.br
Esse livro é o resultado do projeto de pesquisa
“Ocupação e Modernidade: Processos de Territorialização no Vale do Rio Doce”
Edital: 004/07 - Grupos Emergentes de Pesquisa
Sumário
Apresentação.............................................................................................................11
Controle social e identidade: os casos do Clube Atlético Pastoril e o Esporte Clube Democrata
Eliazar João da Silva, Julieta Soares Alemão Silva................................................. 155
Referencias bibliográficas:
N
a década de 1930 se instalou no Brasil um processo de in-
dustrialização que responderá pela transição da sociedade
agrária para a sociedade de base urbano-industrial. Esse
processo foi marcado pela intensa concentração urbana das cida-
des do Rio de Janeiro e São Paulo. A industrialização brasileira, in-
dutora e, ao mesmo tempo, favorecida pela integração do mercado
nacional (crescentes interligações rodoviárias), produziu mudanças
no padrão de acumulação capitalista e, consequentemente, isso
repercutiu negativamente na posição ocupada por Minas Gerais,
numa crescente secundarização frente a São Paulo.
Em Minas Gerais o fenômeno da industrialização ficou restrito à
expansão do setor de mineração e metalurgia. O sentido da atuação
dos governos mineiros foi de reforçar a tendência já existente desde os
governos de Artur Bernardes, quando presidente do Estado de Minas
Gerais (1918-1922) e do Brasil (1822-1926), de aproveitar os recur-
sos naturais de Minas, conforme afirmou Claude-Henry Gorceix (1842-
1919), ao se referir à disseminação da metalurgia em Minas, onde havia
água, minério e matas surgiam fundições de ferro (GORCEIX, 1880).
3 Entrevista com Dr. Ladislau Sales, realizada em Belo Horizonte, 14/12/2001. Acervo do
NEHT/Univale.
4 Waibel classifica de estágio “post-pioneiro” quando a terra já foi ocupada e a mata pratica-
mente desapareceu. Nessa fase ainda os sinais da ocupação recente aparecem nos troncos
carbonizados e árvores derrubadas nos pastos, além da presença de serrarias e da produção
agrícola (WAIBEL, 1955: 408)
5 VILARINO, Maria Terezinha B. Entre lagoas e florestas. Atuação do Serviço Especial de Saúde
Pública (SESP) no saneamento do Médio Rio Doce: 1942-1960. Belo Horizonte, UFMG, 2008.
(Dissertação de Mestrado).
6 Com financiamento dos EUA e do governo brasileiro o Serviço Especial de Saúde Pública –
SESP atuou no saneamento e na criação dos Serviços Autônomos de Água e Esgoto – SAAE.
15 A informação encontra-se no site da Câmara dos Deputados. Projetos de Lei e Outras Proposi-
ções. Disponível em http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=235391. Acessado
em 18 de junho de 2009.
17 Para uma análise da legislação sesmarial e da Lei de Terras, consultar: (LIMA, 1935; GARCIA,
1958)
18 Art. 3º - São terras devolutas:
§ 1° - As que não se acharem aplicadas a algum uso publico nacional, provincial, ou municipal.
§ 2° - As que não se acharem no domínio particular por qualquer título legítimo, nem forem
havidas por sesmarias e outras concessões do Governo Geral ou Provincial, não incursas em
comisso por falta do cumprimento das condições de medição, confirmação e cultura.
§ 3° - As que não se acharem dadas por sesmarias, ou outras concessões do Governo, que, apezar
de incursas em comisso, forem revalidadas por esta Lei.
§ 4° - As que não se acharem ocupadas por posses, que, apezar de não se fundarem em título legal,
forem legitimadas por esta Lei. (Lei de Terras de 1850 apud GARCIA, 1958. p.209-210).
19 Os registros das terras possuídas ou Registros Paroquiais de terras como também eram conhe-
cidos serviam como mecanismo de identificação das terras devolutas. Pela lógica da lei, ao
identificar as terras ocupadas ter-se-ia em contra partida, identificado as terras devolutas.
20 Dez mil sulistas deixaram os EUA. Da parte que se estabeleceu no Brasil, quatrocentos foram
para o rio Doce. Judith Jones transcreve a carta do coronel Gunter para um amigo nos EUA,
na qual fala das terras do rio Doce: “Venha para cá e compre terras (...) que custarão 22 cents
o acre e você poderá pagar em quatro anos, melhor que qualquer uma nos Estados Unidos,
mesmo nas zonas mais férteis do Alabama.” A maioria dos americanos deixou o rio Doce,
dirigindo-se para São Paulo, onde a colonização prosperou. A terra que havia despertado tan-
ta esperança acabou expulsando-os: nuvens de pernilongos e outras pragas, o isolamento, a
irregularidade das chuvas, as secas prolongadas e a malária, que não deixava sobrar ninguém.
O coronel Gunter faleceu em 1883, mas deixou o filho Basil Manley, que foi nomeado repre-
sentante consular em Vitória, em 1889, tornou-se acionista de ferrovia e fez fortuna, vivendo
no Brasil até morte. JONES, Judith. Soldado descansa! São Paulo, Jarde, 1967.
21 Relatório do Ministro e Secretório da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, apresentado
a Assembléia Geral Legislativa, 1870, p. 16-18. Disponível em http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/
u1956/000023.html. Acessado em 18 de junho de 2009.
22 Para uma maior apreciação dos resultados da Lei de Terras durante o Império ver: A política de
terras: o veto dos barões. In: CARVALHO, 2003.
23 Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 24 de fevereiro de 1891, Artigo 64.
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao91.htm.
Acessado em 17 de setembro de 2009.
24 Relatório do Ministro e Secretório da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Op. Cit., p. 18.
25 Entendido aqui como quem desbrava e ocupa terras devolutas com o intuito de habitá-las e
cultivá-las.
26 BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 18 de setembro de 1946, Artigo 156.
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constitui%C3%A7ao46.htm.
Acessado em 19 de novembro de 2009.
27 Processo N°. 2276. Requerente: Manoel Rocha e Antonio Avelino Rocha. Arquivo Geral do
Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais – ITER.
28 De acordo com o memorial do agrimensor as terras eram ocupadas por Manoel Rocha e An-
tonio Avelino Rocha.
29 O Registro Torrens é uma matrícula de imóvel incontestável após sua efetivação e depende de
se verificar antes inexistência de contestação.
30 Durval Alexandre dos Santos comprou as terras mesmo não sendo o posseiro ocupante.
31 Processo Nº 14376. Requerente: Helena Coelho Cipriano. Arquivo Geral do Instituto de Terras
do Estado de Minas Gerais – ITER.
32 Art. 1º da Lei n. 1.144 de 5 de setembro de 1930 (lei que institui a taxa de ocupação) – Os
ocupantes de terras públicas que houverem pago durante dez anos o imposto de ocupação,
legitimarão as suas posses mediante o pagamento do custo da medição, desde que sejam titu-
lares de direitos preferenciais, nos termos do regulamento atual.
33 Processo N° 5390. Requerente: Amadeu Meloto Neto. Arquivo Geral do Instituto de Terras
do Estado de Minas Gerais – ITER.
35 Processo Nº. 159, em nome de Friedrich Luz. Arquivo Geral do Instituto de Terras do Estado
de Minas Gerais – ITER
36 Esta zona foi onde ocorreu o episódio conhecido como “Demônio de Catulé”, em
1955,estudado por Castaldi.
37 250 ha era o limite permitido para a compra de terras devolutas sem autorização da Assem-
bléia Legislativa.
Após essa carta o processo volta a ter andamento, mas foi exigida
nova medição e avaliação do lote, por parte da Secretaria de Estado da
Agricultura. Em 1956, Álvaro Marcílio solicita relatório sobre a veracidade
das reclamações acerca de invasões e medições de terras devolutas, situ-
adas na região de Itambacuri. Apesar de não haver referência a Friedrich
Luz, consta no aludido relatório conflito envolvendo Horácio Luz. Assim, o
Chefe do 2º Distrito de Terras opinou pela localização precisa do lote de
Friedrich Luz, para que se pudesse ter um conhecimento exato se de fato as
terras pleiteadas pelos reclamantes estavam ou não incluídas nessa área.
Entendemos que no processo de Friedrich Luz a garantia de com-
pra preferencial foi utilizada contra a presença de posseiros, tais como
Sebastião Gonçalves, Onofre Batista, entre outros. Sebastião Gonçalves
não era posseiro primitivo, mas teria comprado o direito de posse de
Joaquim Assis. Essas terras foram englobadas na medição solicitada pelo
pai do requerente Friedrich Luz, irmão de Honório Luz. Esse fato gerou
disputa judicial pela defesa do direito de posses. O término da disputa
foi favorável ao filho de Tiago Luz, porque os juízes consideraram “que
seus atos possessórios não foram interrompidos”, que as taxas de ocu-
pação haviam sido pagas regularmente e, portanto, lhe cabia o direito a
compra preferencial. Independente de terem moradia habitual no lote,
o juiz aceitou como prova da ocupação a existência de benfeitorias e
os testemunhos favoráveis arrolados pela defesa. Esses testemunhos nos
permitem verificar a valorização monetária da terra e sua mercantiliza-
ção. Segundo Sebastião de Almeida Fonseca:
Qualquer pessoa que venha dizer que tivesse posse ou que tenha
posse neste lugar não é verdadeiro, pois foi a primeira pessoa
que entrou na zona e lá comprou 105 posses e fez toda estrada
e caminhos nos terrenos e Joaquim de Souza apenas quis tentar
entrar numa posse que estava ocupada pelos réus ...
41 O depoimento Agenor Querubim da Silva também comprova que a frente pioneira derrubava
a mata para formar pastos para a pecuária bovina, saltando o estágio da ocupação agrícola.
Bibliografia
É
muito provável que um morador da cidade de Toledo, no
Oeste do Paraná, jamais tenha ouvido falar de Chonim
de Cima. É com alguma probabilidade, ainda que remo-
ta, que um morador de Chonim de Cima, no Sertão do Rio
Doce de Minas Gerais, tenha ouvido falar de Toledo. Mas por
que deveriam ser mutuamente familiares? Haveria um ponto
em comum entre estas duas localidades? Haveria motivos para
isto? Talvez possamos dizer que sim, apenas como estratégia,
como um desafio à compreensão de fenômenos sócio-culturais
e como um exercício instigante para se pensar o processo de
territorialização de ambas.
Tanto a vila de Toledo como a de Chonim de Cima foram es-
tudadas pelo antropólogo Kalervo Oberg (1901-1973) na primeira
metade dos anos 1950; ambas eram então vilas no sertão e se apre-
sentavam mais ou menos nas mesmas condições. Os seus estudos
que temos em mente aqui, para o presente ensaio, referem-se à vila
de Toledo nas matas do oeste do Paraná e ao patrimônio de Cho-
nim de Cima, um vilarejo com seus arredores no sertão mineiro do
rio Doce, hoje distrito de Governador Valadares. (OBERG, 1958.
OBERG; JABINE, 1960) 3
4 Entretanto, Toledo já fora elevado à categoria de município em 1951; Chonim de Cima é ainda
hoje Distrito de Governador Valadares. Segundo o site Portaltoledo, não se deve desconsiderar
que Toledo estava imerso num programa federal de ocupação das áreas de fronteira, das déca-
das de 1940 e 1950. Apesar da passagem de europeus desde 1554, a região de Toledo passa
a constar no mapa somente com a compra daquelas terras por ingleses radicados em Buenos
Aires, em 1905, para fins de exploração de madeira.
5 Reconheça-se aqui a presença de certa retórica de contraste da parte dos autores. Na reali-
dade já em 1946, em Toledo, esteve o padre italiano Antônio Patui junto com os primeiros
trabalhadores. Este membro da Congregação do Verbo Divino, entidade da Igreja Católica, que
derrubou ele mesmo com um trator, parte da floresta para a construção da igreja do Imaculado
Coração de Maria, fundou a sede da atual imponente Catedral de Cristo Rei. Este padre, por
sinal, tem uma estátua em sua homenagem numa das principais praças cidade e uma rua com
o seu nome em frente ao Estádio de Futebol.
6 Reconheça-se aqui a presença de certa retórica de contraste da parte dos autores. Na reali-
dade já em 1946, em Toledo, esteve o padre italiano Antônio Patui junto com os primeiros
trabalhadores. Este membro da Congregação do Verbo Divino, entidade da Igreja Católica, que
derrubou ele mesmo com um trator, parte da floresta para a construção da igreja do Imaculado
Coração de Maria, fundou a sede da atual imponente Catedral de Cristo Rei. Este padre, por
sinal, tem uma estátua em sua homenagem numa das principais praças cidade e uma rua com
o seu nome em frente ao Estádio de Futebol.
7 Em sua obra Morse chama atenção para as matrizes ideológicas européias que influenciaram
a formação do pensamento e da cultura nas Américas. Neste esforço o autor busca as origens
medievais sobre cultura, homem e sociedade das formulações ideológicas anglo-saxã e ibérica
e analisa tanto seu comportamento nas pátrias de origem como sua posterior atuação em solo
americano. A matriz ideológica inglesa (americanista) tem sua origem nas quatros revoluções
que anunciaram o mundo moderno (religiosa, comercial, científica e política), por outro lado,
a vertente ibérica origina-se de forma mais conservadora e interpretaria os valores da moder-
nidade a partir do seu apego às tradições medievais, onde o tomismo se projetaria acima das
formulações renascentistas. Com a expansão ultramarina, Morse diria que: “no momento críti-
co da expansão ultramarina as sociedades progenitoras adotaram, deixaram-se levar ou foram
arrastadas por dois conjuntos de premissas políticas que seguem orientando a lógica da ação e
do pensamento político até hoje” (p.56)
8 Quanto aos limites e possibilidades dos estudos de comunidades, foram feitas várias críticas que
não vem ao caso comentar aqui. Quanto ao próprio conceito de comunidade, Raposo Fontanelle
concorda que nem sempre ele dá conta da complexidade e da variedade dos grupos humanos.
9 Graças à formação geológica da Fazenda Britânia, a Maripá S.A. pensara em usar a parte norte
da mesma para a produção de café, chegando-se a um plantio de mais de um milhão de pés
do mesmo. Não se tem informações do futuro destas plantações devido às condições climáti-
cas. Em 1975, as plantações de café de Londrina foram praticamente dizimadas pela geada.
12 Oberg estava vinculado à Escola de Sociologia e Política da USP. Com isto, os estudos de Cho-
nim de Cima foram levados adiante com a colaboração de estudantes desta universidade em
1951 e 1952; já em Toledo, entre agosto e outubro de 1956, ele contou com a ajuda entre-
vistadores fornecidos pelo Departamento de Fronteiras do Estado do Paraná e da Divisão de
Desenvolvimento de Comunidades.
13 Tradução dos autores.
15 Ao que parece ele mesmo construiu a estrada, como se depreende do texto mais adiante [NT].
Mas, é possível que Marcelino tenha aproveitado antigas trilhas indígenas.
16 Seria mais razoável pensar-se na Câmara de Peçanha, que era vila desde 1881 e não de Go-
vernador Valadares que seria município somente 16 anos mais tarde [NT].
17 As terras em Toledo foram divididas em lotes nas cidades com quadras de 100 metros de lado;
ao redor das vilas ou projetos de cidades, pequenas chácaras de até 2,5 hectares e as colônias
eram espaços maiores com até 25 hectares. Na obra referente a Toledo, Oberg chama de
fazendas a estas subdivisões, provavelmente a partir do termo inglês farm, mas o mais correto
seria mesmo sítios, quintas, pequenas propriedades rurais.
18 As estradas foram construídas e mantidas pela MARIPÁ S.A., a educação, em grande parte,
estava nas mãos de entidades privadas, etc.
Bibliografia
Introdução
O
advento da República trouxe mudanças importantes no
campo da saúde pública no Brasil. Em reação à insufici-
ência da estrutura sanitária herdada do Império, capaz de
fazer frente às enfermidades, políticos, médicos e higienistas en-
fatizavam a necessidade de reformas e maior presença do Estado
nessa área. Além da unificação e ampliação dos serviços de higie-
ne federais, com a criação do Departamento Nacional de Saúde
(1920) as discussões pelo aprofundamento das ações nesse campo
tomaram corpo com o movimento pelo saneamento dos sertões
(FARIA e CASTRO SANTOS, 2003:21-29, HOCMAN, 1998).
O movimento pelo saneamento no Brasil procurou reunir esfor-
ços de médicos e intelectuais em uma cruzada contra as doenças que
atingiam o país, visto como um “imenso hospital”. De acordo com as
diretrizes nacionais de saúde pública, em vários estados ocorreram re-
formas com o intuito de combater endemias, que pelo seu impacto
econômico e social eram consideradas responsáveis pelo atraso do país,
como o impaludismo e ancilostomíase (LIMA e HOCHMAN: 1996).
Conforme se pretende mostrar neste trabalho, em Minas Gerais
houve significativos esforços para a constituição de uma organização
sanitária com o objetivo de combater as enfermidades e problemas de
saneamento em vários municípios mineiros. A partir dos relatórios de
saúde produzidos por médicos sanitaristas, procura-se discutir como a
construção da saúde pública foi inseparável da questão territorial e, ao
1 Este texto é produto das pesquisas realizadas no Arquivo Público Mineiro e faz parte do pro-
jeto: Saúde, higiene e sociedade: o sanitarismo em Minas Gerais (1889-1930) e do projeto
“Ocupação e Modernidade: Processos de Territorialização no Vale do Rio Doce”, financiados
pela FAPEMIG.
2 Doutor em História pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor da Universidade
Federal de Uberlândia/MG.
Outros documentos
PENNA, Belisário. Minas e Rio Grande do Sul: estado da doença e esta-
do de saúde. Rio de Janeiro, Revista dos Tribunais; 1918.
Divulgação Sanitária (palestras na Rádio Inconfidência). Secretaria de
Saúde e Assistência do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, 1952
(série de divulgação).
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(1942 e 1960). Belo Horizonte, UFMG, 2008 (Dissertação de Mestrado).
Introdução
D
e uma zona de floresta e vazio demográfico, no início do
século XX, a região do Médio Vale do Rio Doce se torna a
mais populosa de Minas Gerais, em 1960. Esse processo
de territorialização foi o resultado da construção de uma ferrovia,
da abertura de estradas de rodagem, da introdução da extração e
exportação do minério de ferro, da expansão da indústria da ma-
deira, da mica e da siderurgia a carvão vegetal. A aceleração do
processo de ocupação e modernização da região do Rio Doce está
associada à atuação do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) no
Programa de Saneamento do Vale do Rio Doce, com os Projetos
Rio Doce e Mica, na década de 40, e o Programa Minas Gerais, na
década de 1950, que resultaram dos Acordos de Washington entre
o Brasil e os Estados Unidos (1942). A ação de promoção preven-
tiva da saúde visava a melhoria da habitabilidade humana naquelas
condições e a manutenção da saúde. Neste sentido, foi essencial
para a permanência e mesmo a sobrevivência das pessoas na região
ensejando a indústria e as demais atividades que requeriam a urba-
nização e a sedentarização de grandes grupos humanos.
Este ensaio propõe abordar esse processo de territorialização da
saúde e do saneamento, ocorrido no Médio Rio Doce, a partir da me-
mória. Neste sentido, lançamos mão do pensamento de Saquet (2006, p.
81) que, a partir das discussões de Raffestin, Dematteis e Turri, entende
“o território e a territorialização como resultado e condição de um pro-
3 Colatina torna-se pólo regional do Baixo rio Doce, posição antes ocupada por Linhares.
6 A siderurgia a carvão vegetal é uma atividade muito importante para a economia mineira e
brasileira, gerando um faturamento anual da ordem de US$ 4 bilhões. A história do carvão
vegetal no Brasil teve início em meados do Século XIX, no leste de Minas Gerais, quando as pri-
meiras sementes da Revolução Industrial influenciaram o surgimento da indústria siderúrgica
naquela região. Nela encontravam-se dois ingredientes fundamentais para o desenvolvimento
da tecnologia de produção de ferro-gusa a carvão vegetal: a presença da Mata Atlântica e de
grandes jazidas de minério de ferro.
7 As zonas de povoamento mais antigo como Ponte Nova e Guanhães, não sendo atendidas pela
EFVM nem pela Rio-Bahia e não dispondo de riquezas minerais economicamente exploráveis, não
progrediram ou tenderam a um processo de regressão. Cf. Companhia Vale do Rio Doce, 1963.
8 Cf. Recomendação citada pelo engenheiro é do clínico da estrada Dr. João dos Santos Neves.
9 Minério bastante utilizado na indústria elétrica e eletrônica dos países desenvolvidos, a mica
ou malacacheta é a designação comum dos minerais do grupo dos silicatos de alumínio e de
metais alcalinos aos quais freqüentemente se associam magnésio e ferro.
10 Os “Acordos de Washington” selaram a aproximação entre os governos do Brasil e dos EUA,
bem como a adesão brasileira ao “esforço de guerra” dos Aliados contra os países do Eixo,
durante a II Guerra Mundial.
11 Idem.
12 A região estipulada foi dividida em duas áreas: Linha Acima, entre Governador Valadares e
Nova Era (antiga São José da Lagoa) e Linha Abaixo, entre Governador Valadares e Colatina (no
estado do Espírito Santo).
13 “Em 1942, a lado e um pouco à margem dos serviços federais de saúde de rotina, iniciou-se
um profundo trabalho de modificação da mentalidade brasileira que iria refletir-se nas ativida-
des de Educação para a Saúde. Esse processo começou com a criação do SESP”.
14 “A absoluta liderança exercida pelos Estados Unidos da América na preferência dos emigrantes
valadarenses remete a intensas ligações mantidas pelo município de Governador Valadares
com esse país: durante a II Grande Guerra, a economia valadarense foi impulsionada pelo co-
mércio da mica, que, sendo importante para a indústria bélica, trouxe firmas americanas para
a cidade [...]. Nesse mesmo período, as modificações no traçado da Estrada de Ferro Vitória-
Minas [...] eram realizadas também por intermédio de uma companhia americana. A presença
dos Estados Unidos em Valadares manifesta-se ainda na construção do Serviço Especial de
Saúde Pública – SESP [...]. Esses três fatos colocaram os valadarenses em contato com os ameri-
canos e sua cultura. Portanto, foram os vínculos estabelecidos historicamente com os EUA que
permitiram a construção, em Valadares, de laços sociais norteadores da opção migratória”.
Fontes
Fontes orais
Relatórios
Fontes impressas
Bibliografia
D
entre os diferentes fenômenos circunscritos ao limiar do
século XX, um deles está relacionado à emergência de
alguns centros urbanos nas diferentes regiões do país, e
ao surgimento de indústrias e fábricas. O movimento crescente
da urbanização (e diretamente ligado ao processo de industria-
lização) deve ser pensado também como um fenômeno social.
Nesse sentido, tais processos além de reorganizar o espaço físi-
co ocupado pela população, compreenderam uma reordenação
em termos de valores e costumes que contribuíram para que
surgissem novas relações sociais.
As cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo configuraram-se
como dois exemplos de centros urbanos que incorporaram a pers-
pectiva de mudanças em suas ruas e bairros. Certamente a condição
de migração das áreas rurais para as áreas urbanas, se explica pela
instalação e expansão de fábricas e indústrias localizadas nessas ci-
dades. Houve também outros surtos de urbanização - mesmo que
em escala menor - nas diversas regiões do país, e a cidade de Go-
vernador Valadares acompanhou este processo. Na primeira metade
do século XX, houve um significativo aumento do contingente popu-
lacional nessa cidade. Segundo dados do IBGE, no ano de 1930 a
população que era de 2.130 habitantes, passou para 5.374 em 1940,
e para 20.357 em 1950. Desta forma, pessoas vinham de diferentes
regiões, incluindo trabalhadores rurais, em busca de trabalho nas
empresas existentes na urbe em questão.
1 Este texto é resultado da pesquisa desenvolvida na Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE
entre 2006 e 2007, e contou com o apoio financeiro da FAPEMIG.
2 Professor dos Cursos de Graduação e do Programa de Mestrado em História da Universidade
Federal da Grande Dourados – UFGD.
3 Aluna do Programa de Mestrado em História pela Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD.
4 Cf. Edição Comemorativa dos 60 anos do Esporte Clube Democrata. Jornal Diário do Rio Doce, 13-
12-1992. Segundo nos informa o jornal, inicialmente o time se chamou São Domingos da Figueira.
5 Este aspecto pode ser verificado em vários clubes espalhados pelo país como o “The Bangu
Athletic Clube”, da cidade do Rio de Janeiro. Muitas vezes, a partir dos bons resultados do
time de futebol residia a justificativa de que a fábrica teria ficado mais conhecida justamente
em função do time do futebol, o que conferia a este esporte um importante instrumento de
propaganda da própria fábrica. (ANTUNESb, 1992)
6 A expressão “clássicos no futebol”, diz respeito aos jogos entre duas equipes, nos quais o resul-
tado é sempre imprevisível, além de contar com presença de muitos torcedores e com bastante
equilíbrio no histórico dos confrontos. Em nível internacional, podemos dar o exemplo dos
confrontos entre a seleção brasileira de futebol e a seleção argentina de futebol.
7 Depoimento do radialista Sr. Luiz Alberto Coelho Teixeira, colhido no dia 10/12/2007.
8 Depoimento do Sr. Rosenberg Petersen colhido em 14/08/2007. O músico nos informa que o
Hino do Democrata foi escrito no ano de 1978 e gravado em 1980.
9 Depoimento do Sr. Jorge Carvalho (ex atleta do Esporte Clube Democrata), colhido 15/08/2007.
10 Cf. Edição Comemorativa dos 60 anos do Esporte Clube Democrata. Jornal Diário do Rio
Doce. 12-02-1992. p.5.
15 Cf. Edição Comemorativa dos 60 anos do Esporte Clube democrata. Jornal Diário do Rio Doce.
13-02-95.p-3.
16 Depoimento do Sr. Rosenberg Petersen colhido em 14/08/2007.
17 Depoimento do Sr. Darcy Menezes colhido em 11/12/2007.
Depoimentos orais
1 - Sr. Almyr Vargas, Presidente do Esporte Clube Democrata entre os
anos de 1980 e 1991.
2 - Sr. Darcy Menezes, ex-atleta de vários clubes profissionais de futebol,
dentre eles o Cruzeiro Esporte Clube e o Esporte Clube Democrata
3 - Sr. Gilmar Estevão, ex-atleta de vários clubes profissionais de futebol,
dentre eles o São Paulo Futebol Clube e o Esporte Clube Democrata.
Fontes impressas
Instituições pesquisadas
Referências bibliográficas
G
overnador Valadares é uma cidade de Minas Gerais, lo-
calizada na porção leste do estado, especificamente no
Vale do Rio Doce. Margeada pelo rio Doce, sua história
e desenvolvimento é devedora desta condição (Figura 1). Como,
em menor grau, de sua posição geográfica no entroncamento tri-
plo conformado pelas Rodovias Rio-Bahia , BR 116 e a BR 381
com a Ferrovia Vitória-Minas.
3 Este texto trata apenas do Distrito-sede do município de Governador Valadares. Além deste,
compõem o município os distritos de Alto de Santa Helena, Baguari, Brejaubinha, Chonim,
Chonim de Baixo, Derribadinha, Floresta, Goiabal, Penha do Cassiano, Santo Antônio do Pon-
tal, São José do Itapinoa, São Vítor, Vila Nova.
7 Os outros bairros afetados pela citada determinação da Lei de Uso e Ocupação do Solo são: Vila
Bretas, Lourdes, Vila Mariana, Morada do Acampamento. São bairros (com exceção para o Morada
do Acampamento ou Acampamento da Vale) de ocupação também tradicional, assim como o
Esplanada, mas diferente desse, caracterizada por classes mais populares, classes média baixa e
baixa. As determinações trazem também para essas áreas, um aumento da possibilidade construti-
va. Sabe-se que além da localização, como anteriormente exposto, o potencial construtivo é um
dos fatores mais influentes na conta do valor de cada porção do solo urbano. Em sentido oposto ao
nosso alerta anterior, aumentar o potencial construtivo de áreas menos valorizadas aparece como
um caminho para a melhoria da distribuição dos preços dos terrenos no mapa citadino.
8 Esse é o nome pelo qual ficou conhecida a lei federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001.
9 Sabemos da existência de medidas de proteção isoladas tanto para o Pico da Ibituruna como
para o rio Doce, às vezes, de modo até duplicado. Essas estão relacionadas principalmente a
proteção ambiental. Interessa aqui apontarmos como o conjunto cidade- rio Doce – Ibituruna
não recebe o mesmo tratamento.
Referências Bibliográficas
Introdução
N
o início dos anos de 1980 vários brasileiros voaram para
a “América”. Este novo movimento da população que na
década de 1990 consolidou uma migração para os EUA,
Europa e Japão, marca uma inversão da auto-imagem do país como
uma nação de imigrantes. Conforme demonstraram vários estudos
Sales (1998), Bógus e Bassanezi (1998), Reis e Sales (1999), Martes
(2000), Siqueira (2009), este fluxo de brasileiros para o exterior tor-
nou-se uma questão relevante quando, o que era um movimento
esporádico para o estrangeiro nos anos 1960, transformou-se num
fluxo migratório demograficamente significativo.
As pesquisas começaram seguindo o percurso dos próprios fluxos
migratórios. Quando as notícias de brasileiros barrados no exterior come-
çaram a aparecer na imprensa, algumas questões instigavam os pesquisa-
dores: quem são os brasileiros emigrantes? Por que deixaram o país? Por
que alguns lugares se tornam ponto de partida e chegada para os migran-
tes? Assim as primeiras pesquisas (MARGOLIS, 1994; SALES, 1999; AS-
SIS, 1999) traçaram um perfil dessa população e apontaram para a cidade
de Governador Valadares (MG) como ponto de partida de emigrantes
para os EUA indicando que entre essa cidade e algumas cidades nos EUA,
havia uma conexão, uma rede de relações que ligava os dois lugares.
1 Doutora em Sociologia e Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professo-
ra titular da Universidade Vale do Rio Doce.
2 Doutora em Antropologia pela Universidade de Campinas. Professora titular da Universidade
do Estado de Santa Catarina.
3 Doutor em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor titular da Universi-
dade do Estado de Santa Catarina.
4 Mais detalhes sobre a emigração para o Japão ver Sasaki (1999) e Oliveira (1999).
5 Sobre Conexão Governador Valadares – Estados Unidos, ver Assis (1999), Soares (1995) e Scu-
deler (1999), Sales (1999). Além desses estudos, Goza (2003) analisa as redes estabelecidas
entre Valadares e outras cidades no Canadá.
7 “Isto quer dizer que à medida que as redes se constituem e estabelecem elos entre a sociedade
de emigração e a sociedade de destino, a migração torna-se uma atividade de menor risco.
Assim, mais pessoas se conectam ao fluxo migratório, pois há um conjunto de informações e
estratégias disponíveis que facilitam o empreendimento migratório e, portanto, estimula novas
migrações”. (MASSEY, 1987 p.17).
8 Foto cedida pela família, na ocasião da realização da entrevista, com consentimento de publi-
cação.
9 Lojas de brasileiros, cuja principal atividade é o envio de remessas para o Brasil, mas também
vendem outras coisas como jornais, revistas brasileiras.
10 Folha de São Paulo, 25 de dezembro de 2005, Caderno B p.7.
14 Teixeira (1996) refere-se à comparação com a região siderúrgica do ABC, no estado de São
Paulo, que se caracterizou no final da década de 1970 e início da década de 1980 por um forte
movimento sindical.
16 Como se trata de uma migração indocumentada, para preservar a identidade das entrevista-
das, todos os nomes que aparecem nas entrevistas são fictícios.
6 - Conclusão
Bibliografia
Introdução
A
comunicação é um elemento essencial para os processos
de sociabilidade humana, dentre os quais é importante
destacar a construção da memória e da identidade. O pas-
sado pode ser observado, compreendido e, conseqüentemente,
narrado de formas diversas. Os jornalistas retratam este passado e
os jornais servem de fonte quando precisamos resgatar ou estudar
um determinado assunto, como é o caso da imigração de valada-
renses para os Estados Unidos.
A comunicação também é agente ativo no processo de constru-
ção histórica, deixando marcas ao longo de toda a trajetória da huma-
nidade. Desta forma, se comporta como um elemento potencial da me-
mória, que pode ser recuperada como traço distintivo de identidades
coletivas e individuais acerca do passado instituído. Em uma realidade
midiatizada, a comunicação é cada dia mais relevante no eterno jogo
entre memória e esquecimento, que marca a existência humana.
Os últimos séculos acompanharam uma evolução tecnológica de-
senfreada com a criação dos telégrafos, do cinema, do rádio, da tele-
visão e, mais recentemente, da internet, capaz de conectar, em tempo
real, pessoas espalhadas nos mais diversos rincões do mundo. Haesbaert
(2004) destaca a fragilização das fronteiras e a mobilidade constante,
seja ela concreta ou simbólica, em que se transformou a nossa vida.
Neste contexto, a comunicação de massa emerge como um território
simbólico, ou seja, produto da apropriação simbólica de um grupo em
relação ao seu espaço vivido.
1 Jornalista, graduada pela Universidade Vale do Rio Doce, mestranda do Programa de Mestrado
em Gestão Integrada do Território da UNIVALE.
2 Doutora em Sociologia e Ciência Política, professora do Programa de Mestrado em Gestão
Integrada do Território da UNIVALE.
3 O espaço é anterior ao território. O território se apóia no espaço, mas não é o espaço. É uma
produção, a partir do espaço.
4 Ator que a realiza um programa.
7 Neste período era necessário fazer um depósito de mil dólares no consulado americano para
receber o visto de trabalho.
8 De acordo com os dados apresentados por SALES (1999, p.18), 49% dos brasileiros que che-
garam à região de Boston entre 1967 e 1995, desembarcam entre 1985 e 1989; entre 1990
e 1995 foram 28,6%. Já entre 1967 e 1984, um período de 17 anos, chegaram 22,4%, uma
quantidade bem menor dada a proporção de tempo. Estes dados evidenciam o boom migra-
tório compreendido entre 1985 e 1995.
Figura 01
Fonte: Diário do Rio Doce, publicada em 11/07/1990
9 Sua atividade profissional e condições de trabalho será revelada nas tira número 2.
10 A mesma reivindicação de status de emigrante o personagem reafirmará na tira número 7 e 9.
11 Favela mais central da cidade de Governador Valadares.
12 De acordo com dados disponíveis no Almanaque Virtual do Jornal Folha de São Paulo, a infla-
ção acumulada do ano de 1990 foi de 1.476,56%
13 Valor da cotação do Dólar referente ao dia 25 de janeiro de 1991, em matéria publicada no
jornal no dia 31 de janeiro do mesmo ano.
Figura 02
Fonte: Diário do Rio Doce, publicada em13 de julho de 1990.
Figura 03
Fonte: Diário do Rio Doce, publicada em 18 de agosto de 1990
Figura 05
Fonte: Diário do Rio Doce, publicado em 19 de julho de 1990.
Figura 06
Fonte: Diário do Rio Doce, publicado em 22 de julho de 1990.
14 Margolis (1994) comenta sobre a dificuldade encontrada pelos brasileiros na hora de conse-
guir um visto. De acordo com a pesquisadora, os brasileiros não tinham problemas na hora
de conseguir visto, pois eram considerados autênticos turistas, mas ao longo dos anos 1980 a
situação começa a mudar. Devido ao crescente número de brasileiros overstayers (pessoas que
excedem o tempo de permanência do visto de turismo) eles são vistos como qualquer outro
imigrante transgressor.
15 Esse artigo utiliza o banco de dados referente as tirinhas, contudo a pesquisa possui um banco de
dados com todas as crônicas, notícias e reportagens sobre a emigração no período de 1960 a 2007.
Figura 07
Fonte: Diário do Rio Doce, publicada no dia 24 de julho de 1990.
Figura 08
Fonte: Diário do Rio Doce, publicada no dia 26 de julho de 1990.
Figura 10
Fonte: Diário do Rio Doce, publicada em 22 de agosto de 1990.
Figura 12
Fonte: Diário do Rio Doce, publicada em 1 de agosto de 1990.
Figura 13
Fonte: Diário do Rio Doce, publicada em 17 de agosto de 2010.
16 Como destaca Almeida (2003) Os primeiros imigrantes que saíram de Governador Valadares
tinham como o objetivo de “fazer a América” – expressão usada para identificar todos os que
buscam nos EUA a oportunidade de ganhar dinheiro, fazer um capital em pouco tempo e
voltar para o Brasil, onde o dinheiro será investido.
Figura 15
Fonte: Diário do Rio Doce, publicado em 08 de agosto de 1990.
Figura 16
Fonte: Diário do Rio Doce, publicado em 27 de julho de 1990.
5 - Considerações finais
Introdução
A
cidade de Governador Valadares tem como traço marcan-
te em sua cultura a emigração internacional que a torna
conhecida nacional e internacionalmente. As famílias re-
sidentes na cidade frequentemente possuem um parente no ex-
terior na condição de emigrado. Essa curiosa cultura inspirou o
estudo sobre emigração na região envolvendo todo tipo de in-
formação. Informações estas que nos ajudam a entender melhor
o que fez e ainda faz com que tantos valadarenses migrem em
grande quantidade para o exterior.
Este fenômeno faz parte da história de Governador Valadares, ini-
ciado desde a década de 1960, tendo seu ápice na década de 1980.
Segundo Assis (1999), a cidade foi ampliando suas redes envolvendo
1 Trabalho apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG
2 Psicóloga, Pós-graduada em Dependência Química e Outros Transtornos Compulsivos e em
Gestão de Território e do Patrimônio Cultural pela Universidade Vale do Rio Doce.
3 Doutor em Psicologia Clínica pela Universidade de Picardie Jules Verne/França, professor adjunto
da Universidade Vale do Rio Doce.
4 Graduanda em Psicologia pela Universidade Vale do Rio Doce, bolsista de Iniciação Cientí-
fica da FAPEMIG.
5 Psicólogo, Mestrando em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
bolsista da Capes.
6 Terminologia usada pelos imigrantes, que significa trabalhar muito, economizar o máximo,
para depois voltar.
Metodologia
Este estudo tem por objetivo conduzir uma reflexão sobre a vi-
vência de mulheres que possuem ou possuíram parceiros residentes no
exterior como emigrantes enfocando suas expectativas e impactos do
isolamento conjugal e social em seu cotidiano.
Os dados aqui apresentados foram coletados através da realiza-
ção da pesquisa intitulada “Impactos do processo emigratório sobre a
Coleta de dados
Aspectos éticos
Resultados
Tabela 2
Rede de apoio das entrevistadas – 2007
Tabela 3
Sentimentos diante de outros casais e autopercepção atual – 2007
Tabela 4
Frequência e atitude diante da ocorrência do desejo sexual – 2007
Tabela 5
Desejo de emigrar, prioridade conjugal e sentimentos gerados pelo distanciamento - 2007
Conclusão
Bibliografia
Introdução
O
s eventos históricos caracterizam a formação do Portu-
guês Brasileiro, refletindo na consolidação do idioma
ressignificado no Brasil. Como parte de um conjunto
de elementos na formação de uma nação, a língua, no território
brasileiro, orienta-se a partir de uma memória que se reinventa,
distinguindo-se do olhar, dos valores e das práticas do coloniza-
dor. Um dos aspectos significativos dessa reinvenção se relaciona
à política linguística do país em seu aporte histórico.
Entendo Política Linguística como um conjunto de acontecimen-
tos, de atitudes e de práticas oficiais e não oficiais emanadas do Estado
e do povo, o que indica uma jurisprudência provocada ou não sobre o
idioma. Além disso, constitui e interpela o povo e os governantes sobre
a língua, nesse caso, o Português do Brasil. A ideia é que o idioma se
configura a partir de definições – algumas provenientes de uma relação
cotidiana entre os falantes, na interação; outras concentradas em práti-
cas originadas do governo local ou pelo mando do colonizador no terri-
tório brasileiro, seja no início da colonização, no império ou na repúbli-
ca. Dessa forma, percebe-se um mosaico de valores, crenças e práticas
o qual cerca o idioma, influenciando a forma como ele se consolida ao
longo do movimento sócio-histórico desse lado do Atlântico.
Nessa perspectiva, existem representações sobre o dizer, a regra e
o fato (uso), e outros elementos de gramatização, os quais indicam cami-
nhos para que a língua portuguesa se “redesenhe” no Brasil e constitua-
se por um conjunto de valores que, até certo ponto, seriam incompatí-
veis entre si. Em um estudo teórico-discursivo sobre o idioma brasileiro,
baseado na História das Ideias Linguísticas e na Historiografia Linguística
no país, destacam-se, a seguir, eventos que refletem a preocupação, no
Considerações teórico-metodológicas
2 Entendo território como conjunto de valores que, a partir das relações de poder,consolidam a
construção simbólica da nação em seu próprio aporte, ainda que sob as influências dos meca-
nismos de colonização, com a entrada da língua, da cultura, de valores e práticas de Portugal
e em menor influência elementos de outros países.
6 Grifos da autora.
7 Grifos do autor.
Considerações Finais
Referências
Introdução
A
constituição territorial da Microrregião de Governador Va-
ladares (MGV)3 forjou-se ao longo das décadas amparadas
em ciclos extrativistas não sustentáveis. Foram lutas pelo po-
der onde oligarquias exerceram uma dominação em detrimento do
refugo populacional que se estacionava nas periferias. Dominação
constituída de estratégias que contribuíram para a criação de um
povo sem o sentimento de pertencimento a este território.
Os ciclos econômicos que se destacaram foram o da Madeira,
da Extração Mineral e da Pecuária. Estes constituíram-se em movimen-
tos não-sustentáveis que arrasaram a terra e fizeram brotar o desespero
entre aqueles que se amparavam neles como única fonte de sustento.
Finalizados tais ciclos, não havendo mais nenhum recurso a ser explo-
rado, a MGV vê evadir, através do processo emigratório, um dos bens
mais preciosos que aqui existe, o grande número de sujeitos em idade
socialmente produtiva.
4 Cônsules são agenciadores que auxiliam o emigrante a entrar ilegalmente nos EUA, eles pro-
movem meios que vão desde a produção de documentos falsos à contatos com coiotes.
5 Coiotes são os responsáveis por realizar a travessia ilegal das fronteiras com os emigrantes.
6 No fim de 2008, foi realizado um ensaio preliminar com 4 turmas de cursos de graduação
(duas turmas de Design Gráfico, uma de Produção Audiovisual e outra de Jornalismo), em que
foram levantadas questões, através de um questionário, com o objetivo de analisar as perspec-
tivas de mercado destes futuros profissionais.
7 “Thinking and learning make sense only within particular situations. All thinking, learning, and
cognition is situated within particular contexts. There is no such thing as nonsituated learning. Con-
sequently, an approach situated instructional design should be more sensitive to local conditions
and adapt to circumstances localized to specific situations” (WILSON & MYERS, 1999:71).
8 “Constructivist conceptions of learning, on the other hand, assume that knowledge is individually
constructed and socially coconstructed by learners based on theis interpretations of experiences
in the world. Since knowledge cannot be transmitted, instruction should consist of experiences
that facilitate knowledge construction” (JONASSEN, 1999:217).
Considerações finais
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N
este início de século XXI, a violência compõe uma das
questões sociais que adquire grande importância no
imaginário dos cidadãos e agencia um montante consi-
derável dos investimentos governamentais no Brasil e em grande
parte do mundo. Entendida como “[...] um dispositivo de poder,
em que se exerce uma relação específica com o outro mediante
o uso da força ou da coerção [...]” (SANTOS, 2002, p. 23), não
há como negar o dano social causado por ela, seja o seu alvo o
sujeito particular, as instituições sociais ou uma massa indiscrimi-
nada de cidadãos.
Para entender a maneira como a violência é socialmente perce-
bida nos dias atuais, faz-se necessária uma análise do processo histórico
que conduziu a essa compreensão e uma reflexão do impacto dela na
organização social. O primeiro movimento nesta direção deve buscar
o significado do termo “violência” e, aí, tem-se a primeira elucidação a
respeito deste fenômeno, comum às sociedades humanas.
A definição do que é violência subordina-se a alguns princípios
inerentes à manifestação desse fenômeno: a noção de coerção ou força,
que pode alcançar as dimensões material, física e/ou simbólica; a sua
configuração em contextos histórico-culturais específicos; a racionalida-
de embutida em sua prática; a dimensão de desigualdade em que se
instaura, estabelecendo uma relação fundada no binômio dominação-
1 Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atua na área de violência
e criminalidade, tendo trabalhos de análise da distribuição de crimes violentos na cidade de
Governador Valadares. É professora de Sociologia e Metodologia da Pesquisa Científica na
Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE e é responsável pela linha de Pesquisa “Violência
e Criminalidade” do Núcleo Multidisciplinar de Estudos Regionais – NEDER/UNIVALE.
3 Não se pretende, com esta discussão, desconsiderar o fato de que vários estudos demonstram
o crescimento das taxas de violência no Brasil, nas três últimas décadas.
4 Neste caso deve-se considerar o impacto que o registro de casos de violência tem, por exem-
plo, em Estados e cidades brasileiros com alto potencial turístico.
5 Aqui não se pode negar o caráter internacional de muitos crimes, especialmente aqueles liga-
dos ao tráfico de drogas, armas, etc. Porém, também não se pode cair no erro de se acreditar
que todos os crimes têm vinculação direta com eles e podem ser explicados a partir deles.
6 Segundo a mesma fonte em 2000 a população da região de Planejamento Rio Doce era de
1.534.268 habitantes.
7 Dados referentes ao Censo de 2000.
10 Os dados de referência para a construção do IHA são oriundos do SIM e do IBGE e correspon-
dem, de maneira predominante, às informações do ano de 2006.
Considerações finais
Referências
Introdução
P
obreza, vulnerabilidade, desigualdades sociais, direitos, ci-
dadania – questões de inquietação de tantos que se de-
bruçam sobre a realidade social brasileira, dentro das mais
diversas esferas políticas dos âmbitos federal, estadual ou muni-
cipal, na tentativa de obter respostas “para além do que os indi-
cadores mostram e por trás da soberana objetividade dos dados
estatísticos” (TELLES, 1999, p. 10).
Entretanto, como compreender a natureza dos problemas sociais
que hoje nos cercam, e também às nações avançadas? Como compre-
ender a natureza da “Nova Questão Social?” O que significa a expressão
“Nova Questão Social”? Como se caracteriza a “Nova Questão Social”?
Segundo Rosanvallon (1998), a expressão foi criada ao fim do sécu-
lo XIX, em referência às disfunções da sociedade industrial emergente. A
condição do proletariado, portanto, sofreu nessa época profundas trans-
formações a partir das conquistas das lutas sociais. O desenvolvimento do
Estado-Providência não chegou, contudo, a vencer a antiga insegurança
social e a eliminar o medo do futuro. Assim,
Ao fim dos Trente Glorieuses, terminada a década de 1970, a
utopia de uma sociedade livre das necessidades, de um indivíduo
protegido contra os principais riscos de existência, parecia estar
ao nosso alcance. No entanto, já no início da década seguinte, o
crescimento do desemprego e o surgimento de novas formas de
pobreza pareciam, ao contrário, afastar-nos desse ideal (p. 23).
1 Psicóloga (UFRJ), Mestre em Educação (PUC-RIO), Doutora em Saúde Coletiva (IMS/UERJ). Pro-
fessora Adjunta e pesquisadora da Universidade do Vale do Rio Doce – UNIVALE – FHS - Progra-
ma de Mestrado em Gestão Integrada do Território. E-mail: ritacris.prof@yahoo.com.br
2 Arendt (2000) frisa que a Era Moderna não coincide com o mundo moderno. A primeira come-
çou cientificamente no século XVII e terminou no limiar do século XX, ao passo que o mundo
em que vivemos, o mundo moderno, surgiu com as primeiras explosões atômicas.
3 Intensidade da Pobreza é a distância que separa a renda domiciliar média per capita dos in-
divíduos pobres (com renda domiciliar per capita inferior à linha de pobreza – R$ 75,50) do
valor da linha de pobreza – medida em termos de seu percentual do valor. (PNUD – Atlas do
Desenvolvimento Humano no Brasil).
4 Intensidade da Indigência é a distância que separa a renda domiciliar média per capita dos in-
divíduos indigentes (renda familiar per capita inferior a R$ 37,75) do valor da linha de indigên-
cia. O indicador aponta o quanto falta para um indivíduo deixar de ser considerado indigente.
(PNUD / Atlas do desenvolvimento Humano no Brasil).
5 A pobreza se encontra diretamente relacionada tanto aos níveis e padrões de emprego, quanto
às desigualdades e aos processos de discriminação existentes na sociedade. Por sua vez, as di-
ferentes formas adotadas pela discriminação estão estreitamente associadas aos fenômenos de
exclusão social causadores da pobreza. São, ademais, responsáveis pela superposição de dis-
tintos tipos de vulnerabilidade, assim como pela criação de poderosas barreiras adicionais que
impedem que pessoas e grupos determinados superem sua situação de pobreza. Os setores
discriminados são mais vulneráveis do que outros diante da pobreza, e suas carências sociais e
econômicas são também mais severas. (tradução nossa)
7 A agricultura é o setor da economia com maior proporção de emprego precário. Entre os assala-
riados agrícolas encontram-se as taxas mais elevadas de trabalhadores sem contrato nem previ-
dência social. Junto com isso, expande-se cada vez mais a subcontratação. (Tradução nossa).
8 Os serviços de esgotamento sanitário, abastecimento de água, coleta de lixo, entre outros não citados
aqui, continuaram a ampliar sua cobertura no país, segundo dados da PNADs-2003. O mesmo ocor-
reu em Governador Valadares, de acordo com os dois Censos Demográficos de 1991 e 2000.
9 Média de anos de estudos de pessoas de 10 anos ou mais de idade total que se encontravam
ocupadas durante a semana de referência, levantada na PNADs - 2003 – IBGE no Brasil >
1993(5,0 anos), 2003 (6,4 anos).
10 Vale a pena ressaltar que o nível de abrangência do programa de saúde da família no municí-
pio de Governador Valadares, assim como em outros municípios brasileiros, ainda é pequeno.
Governador Valadares conta com 35 unidades de Estratégia de Saúde da Família, as quais
atendem 46,04% da população total; 22 Equipes de Saúde Bucal- modalidade I e 8 Equipes
de Saúde Bucal – modalidade II. Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE / SAS/ DEPARTAMENTO DE
ATENÇÃO BÁSICA Sistemas de Informação em Saúde. 2010.
PRINCIPAIS CONTEÚDOS
EIXO DE MUDANÇA
DAS ALTERAÇÕES
Direito social como fundamen-
Na concepção: no fundamento to da política. Combinação de
da política; nos critérios de justi- programas universais com pro-
ça; no estilo de política/gestão. gramas focalizados. Redução do
clientelismo.
11 “Por direitos sociais, entende-se o conjunto das pretensões ou exigências das quais derivam ex-
pectativas legítimas que os cidadãos têm, não como indivíduos isolados, uns independentes dos
outros, mas como indivíduos sociais que vivem, e não podem deixar de viver, em sociedade com
outros indivíduos. O fundamento da forma de governo democrática, em oposição às várias formas
de governo autocráticas que dominaram grande parte da história do mundo, é o reconhecimento
da pessoa. Ora, o homem é ao mesmo tempo pessoa moral, em si mesmo considerado, e pessoa
social (recordemos o celebérrimo animal político de Aristóteles), já que vive, desde o nascimento
até a morte, em vários círculos, que vão da família à nação, da nação à sociedade universal, através
dos quais sua personalidade se desenvolve, se enriquece e assume aspectos diversos, de acordo
com os diferentes círculos em que vive. À pessoa moral referem-se especificamente os direitos
de liberdade, à pessoa social, os direitos sociais, que recentemente foram também chamados por
Gustavo Zagrebelsky de direitos de justiça.”(Bobbio, 2000, p. 501, 502).
12 Segundo Castel (2001) o social não deve ser entendido na discussão sobre social-assistencial
como “o conjunto das relações que caracterizam a humanidade enquanto espécie que se
define por viver em sociedade. Realmente ‘o homem é um animal social’, e a abelha também.
Entretanto, para evitar o embaraço de mera questão de vocabulário, estabelecer-se-á chamar
de ‘societal’ a qualificação geral das relações humanas enquanto se refere a todas as formas de
existência coletiva. O ‘social’, ao contrário, é uma configuração específica de práticas que não
se encontram em todas as coletividades humanas”(p. 48).