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Como Investir na Bolsa de Valores

MÓDULO 1

A BOLSA DE VALORES NO CONTEXTO ECONÔMICO

1.1-Introdução
1.2 - O que levar em consideração quando se for investir?
1.3 - Em que Investir: em Renda Fixa ou em Renda Variável?
1.4 - A Dinâmica dos Investimentos em uma Empresa
1.5 - O Mercado de Capitais
1.6 - As Bolsas de Valores
1.7 - As Sociedades Corretoras
1.8 - O Banco de Títulos (CBLC) – A Clearing da Bovespa
1.9 - O que é uma Ação?
1.10 - Os Tipos de Ação
1.11 - As Conceituações das Ações no Mercado Acionário
1.12 - Como surgem as Ações no Mercado
1.13 - O Mercado Primário de Ações
1.14 - Blocktrade de Ações
1.15 - Bookbuilding de Ações (Definição de Preços)
1.16 - O Mercado Secundário de Ações
1.17 - O Índice Bovespa
1.18 - A Carteira Teórica do Ibovespa
1.19 - As Debêntures e os Commercial Papers
1.20 - Resumo
1.1 – INTRODUÇÃO

No contexto social e econômico em que vivemos, desde muito cedo


começamos a cultivar a idéia da necessidade de irmos formando ao longo de
nossas vidas o que comumente chamamos de “poupança” ou a acumulação de
riqueza, que pode ser oriunda da parcela que irá sobrar dos ganhos obtidos
com o trabalho, de heranças, prêmios, etc.

Ao mesmo tempo em que vamos formando e acumulando nossa “poupança”,


também buscamos otimizar estes recursos, ou seja, procuramos investir e
obter resultados positivos com este investimento. Queremos ser remunerados
pelos valores aplicados.

Desta forma, quando vamos investir os recursos objeto de nossa “poupança”,


encontramos inúmeras alternativas de aplicação e, neste momento, buscamos
levar em consideração algumas variáveis que são intrínsecas a esta decisão,
tais como:

• Qual a remuneração que eu quero obter?

• Que riscos estou disposto a correr?

• Por qual prazo pretendo deixar meus recursos aplicados?

• Que liquidez quero ter nos recursos aplicados?

E somente após responder a todas estas questões é que iremos direcionar


nossa “poupança” para a aplicação que melhor atender às nossas
necessidades e expectativas de retorno.
1.2 – O QUE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO NA HORA DE INVESTIR

Antes de decidirmos para onde vamos direcionar nossa “poupança”, é


importante e necessário analisarmos as características básicas das aplicações
disponíveis no mercado financeiro, levando em consideração os seguintes
pontos:

• Renda: A remuneração que eu quero ter será fixa ou variável?

• Prazo: O prazo que eu quero deixar os meus recursos aplicados será


fixo ou variável?

• Emissor: O emissor do título em que eu for investir será público ou


privado?

Para respondermos a estes questionamentos precisamos fazer algumas


considerações no que diz respeito a esses pontos.

A Renda, que pode ser fixa ou variável.

A renda é fixa quando se conhece antecipadamente o rendimento que será


obtido na aplicação que fazemos, e que pode ser previamente estabelecida
(pré-fixada) ou depender de algum indicador econômico com divulgação futura
(pós-fixada).

Exemplo de Renda Fixa

Quando aplicamos em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) podemos


escolher a alternativa na qual já ficaremos sabendo o valor a ser resgatado
quando do seu vencimento, sendo, portanto, um investimento com renda “pré-
fixada” ou então, um outro tipo, em que somente quando efetuarmos o seu
resgate é que saberemos quanto nosso investimento rendeu, ou seja, um
investimento com renda “pós-fixada”, pois o rendimento desta aplicação vai
depender do resultado de indicadores financeiros que serão apurados e
divulgados em datas futuras. Veja:

Aplicação em um CDB com renda “pré-fixada”:

- Valor da aplicação: R$ 100.000,00


- Prazo: 360 dias
- Taxa de remuneração para o período: 12%
- Valor a ser resgatado no vencimento: R$ 112.000,00 (R$ 100.000,00 + 12%)

Observe que ao efetuar a aplicação já é possível saber qual será o seu


rendimento.

Aplicação em um CDB com renda “pós-fixada”:

- Valor da aplicação: R$ 100.000,00


- Prazo: 360 dias
- Remuneração para o período: IGP-M
- Valor a ser resgatado no vencimento: Só será conhecido no vencimento.

Como o IGP-M (Índice Geral dos Preços do Mercado), é um índice de inflação


apurado e divulgado somente no final de cada mês, a remuneração desta
aplicação só será conhecida na data do seu vencimento, quando teremos
disponível o IGP-M referente ao período de 360 dias.

A renda é variável quando depender dos resultados (lucros) obtidos pela


empresa ou instituição que emitiu o título em que fizermos a aplicação.

Exemplo de Renda Variável

Compramos ações da Petrobrás por acreditarmos que devido à empresa


possuir o monopólio na produção de petróleo do país e tendo em vista a alta da
cotação do barril no mercado internacional, o seu lucro com a venda de
derivados deverá aumentar, devido ao repasse de preços ao consumidor final.
Logo, quando a Petrobrás encerrar o seu balanço anual, provavelmente irá
apurar resultados vultosos e, conseqüentemente, aumentará o valor dos
dividendos pagos aos seus acionistas.

Compare os resultados obtidos pela Petrobrás nos últimos anos e o que os


analistas de investimento estimam para 2007.

Como a empresa historicamente distribui cerca de 30% de seu Lucro Líquido


como dividendo, o montante a ser pago para os acionistas irá aumentar em
relação aos anos anteriores e, desta forma, se o objetivo de minha aplicação é
o recebimento de dividendos, estarei no investimento certo.

Resultados obtidos pela Petrobrás nos últimos anos.

Ano Lucro Líquido (*) Total de Dividendos Pagos aos Acionistas


(Em R$ milhões)
2004 17.860,7 5.062,2
2005 23.724,7 7.165,9
2006 25.918,9 7.896,7
2007 (*) 31.638,0 9.491,4

(*) Valores Estimados.

Existem títulos com prazo fixo e títulos com prazo de vencimento variável ou
indeterminado.

O título com prazo fixo tem uma data estabelecida para o seu vencimento ou
resgate, que será quando o investidor receberá o valor correspondente à sua
aplicação, acrescido dos rendimentos.
Exemplo de Prazo Fixo
Um investidor pode comprar um CDB em um banco com vencimento em 30,
180 ou 360 dias, dependendo do prazo que o interessar, bem como existem
títulos emitidos pelo Tesouro Nacional (Governo Federal) com diferentes datas
de vencimento, podendo chegar até a 2045. Na escolha do prazo de
vencimento de uma aplicação, o investidor sempre deve levar em consideração
quando efetivamente vai precisar ter disponíveis os recursos investidos para
utilização e o seu rendimento, uma vez que os investimentos com prazos
maiores devem proporcionar benefícios melhores ao aplicador.

Já os títulos com prazo de vencimento variável ou indeterminado, não têm data


definida para resgate ou vencimento, podendo sua conversão em dinheiro ser
feita a qualquer momento.

Exemplo de Prazo de Vencimento Variável ou Indeterminado

Um investidor pode comprar uma debênture com prazo de vencimento para


daqui a cinco anos e que permite ao investidor, a cada semestre, optar pelo
resgate total do valor aplicado ou também pela sua manutenção, ou seja, a
permanência do investimento, ocasião em que poderá ser feita a renegociação
da taxa de remuneração e do prazo de vencimento desta aplicação.

Se preferir, também pode comprar ações de uma empresa em que não existe
um prazo para o seu vencimento. Caso queira “resgatar” os recursos
investidos, basta que efetue a sua venda, independentemente da existência de
uma data estabelecida previamente para isso.

Os títulos podem ser de emissores particulares (também chamados de


privados) ou públicos.

O emissor particular são as Sociedades Anônimas (S. A.) ou as instituições


financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil ou pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), respectivamente.

Exemplo de Título Emissor Particular

Um investidor pode comprar um commercial paper emitido pela Usiminas ou


um CDB emitido pelo Bradesco (banco privado) ou pelo Banco do Brasil (banco
público), ou também uma Letra de Câmbio (LC) emitida pela Aymoré
Financeira, etc.

Já o emissor público podem ser os governos federal, estadual e municipal. De


maneira geral, estas emissões públicas têm como objetivo a cobertura de
déficits orçamentários, o financiamento de investimentos públicos e a execução
da política monetária.

Exemplo de Título Emissor Público


Os títulos de emissão pública mais comuns disponíveis no mercado financeiro
são as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), As Notas do Tesouro Nacional
(NTN), as Letras do Tesouro Nacional (LTN), todos com prazos de vencimento
relativamente longos.
1.3 – EM QUE INVESTIR: EM RENDA FIXA OU RENDA VARIÁVEL?

No Brasil, tendo em vista os muitos anos de índices de inflação elevados,


diferentes planos econômicos e um histórico desequilíbrio nas contas públicas
(despesas maiores que as receitas), o Governo Federal, para captar recursos
para o financiamento de seus déficits, possui uma tradição no pagamento de
taxas elevadas de remuneração para seus títulos, a fim de atrair investidores.

O Copom (Comitê de Política Econômica do Banco Central do Brasil) se reúne


a cada 45 dias para analisar a conjuntura econômica e decidir sobre suas
diretrizes, é quem determina qual será a taxa básica de juros do país, a
chamada “Taxa Selic”, que servirá de referência para todas as aplicações do
mercado financeiro brasileiro.

Desta forma, tendo em vista a “segurança” proporcionada por um título público


(que tem a garantia do governo) e o elevado ganho real obtido nas aplicações
de renda fixa, esses títulos tornaram-se a principal destinação da “poupança”
de um grande número de investidores, tanto pessoas físicas como jurídicas.

Cabe esclarecer que o ganho real de um investimento se refere à diferença


positiva existente entre a taxa de remuneração de uma aplicação e a inflação
observada em igual período.

Com certeza, você já ouviu falar que o Brasil é o país que possui a mais
elevada taxa de juros do mundo. Quando você faz estes cálculos, ou seja,
apura o ganho real do investimento em renda fixa, entende o porquê da
preferência por grande parte dos investidores brasileiros neste tipo de
aplicação.

Sugestão

Procure em um jornal, revista ou site de economia qual é a atual “Taxa Selic” e


também qual é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado no
período de doze meses. De posse destas informações, de uma maneira
simples e rápida, subtraia um pelo outro. A diferença é o que chamamos de
ganho real de uma aplicação, ou seja, o rendimento livre da inflação.

Depois faça uma outra comparação: procure saber qual é a atual taxa básica
de juros dos EUA e o CPI (índice americano de inflação no varejo) acumulado
no período de doze meses. Apure a diferença entre um e outro e compare com
o resultado observado no Brasil. Com certeza você vai entender a razão da
preferência de um grande número de investidores (locais e estrangeiros) em
concentrar suas aplicações financeiras em renda fixa no Brasil.

Com o processo de estabilização da economia iniciado em 1994, nos últimos


anos temos observado uma gradual queda no ganho real das aplicações em
renda fixa, o que tem feito com que os investidores passem a procurar e a
analisar outras opções de investimento, principalmente aquelas pertencentes
ao mercado de renda variável, e mais especificamente em ações.
Porém, não se deve perder de vista que o investimento em ações é de risco,
não tem em momento algum qualquer tipo de retorno garantido, deve ser visto
como um investimento de médio e longo prazo e devido a estas variáveis
espera-se remuneração superior às encontradas nas aplicações tradicionais.

Comparativamente, em 2006, o retorno médio obtido pelo investimento feito em


renda variável (ações) foi de 32,9% enquanto a média das aplicações em renda
fixa (CDB, Letra de Câmbio, etc.) ficou em torno de 15,1%.

Os percentuais de retorno citados, no que diz respeito à renda variável, se


referem ao Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) que é o
parâmetro que deve ser utilizado pelo investidor como benchmark (índice de
referência) para o investimento em ações, para saber se sua aplicação teve ou
não um bom resultado.

No caso da renda fixa, ao CDI (Certificados de Depósito Interbancário) que


são os títulos emitidos pelas instituições financeiras para servir de lastro
(garantia) nas operações interbancárias (ou seja, aquelas feitas entre os
bancos) e que é utilizado como parâmetro para comparar o rendimento das
aplicações de renda fixa.

No entanto, na hora de escolher em que investir é necessário definir e


estabelecer o grau de risco que estamos dispostos a correr e a expor nossa
“poupança”, o prazo que os recursos poderão ficar aplicados e se nossa
expectativa de ganhos é superior ao das aplicações em renda fixa.

O que é necessário saber caso a escolha seja pela renda variável.

Primeiramente é necessário conhecer o funcionamento do mercado em que se


está aplicando, suas características, as alternativas disponíveis e os critérios
necessários para a seleção das melhores opções de investimento, o que é
resultado de uma análise conjuntural da economia local e externa, do contexto
setorial no qual as empresas que possuem ações atuam, a qualidade de sua
gestão administrativa, o seu grau de Governança Corporativa e, finalmente,
comparar e analisar seus indicadores econômico-financeiros com os de outras
empresas do mesmo setor, no Brasil e, se possível, no exterior.

De posse destas informações e sem a pretensão de rapidamente fazermos


“fortuna” com ações, estaremos aptos a investir em renda variável e obtermos
bons retornos no médio e longo prazo.
1.4 – A DINÂMICA DE INVESTIMENTOS EM UMA EMPRESA

Embora as aplicações em renda fixa concentrem a preferência dos brasileiros,


é importante lembrar que este tipo de investimento não gera “riqueza” para o
país, porque é incapaz de estimular o surgimento de novas fábricas, que
conseqüentemente irão gerar novos empregos, aumentar o número de novos
consumidores no mercado, trazer novas divisas com a venda dos seus
produtos no exterior e assim por diante.

Isso não acontece porque para se construir uma nova indústria, por exemplo, o
prazo necessário entre o seu projeto, a sua construção e o início de sua
atividade é longo e demanda um significativo volume inicial de investimentos, o
que se torna inviável e extremamente caro quando se depende exclusivamente
do financiamento bancário, que pratica taxas de juros bastante elevadas.

À medida que cresce o nível de “poupança” de um país, maior é a


disponibilidade de recursos para se investir. A “poupança individual” e a
“poupança das empresas”, ou seja, as suas economias e os seus lucros
constituem a principal fonte de financiamento dos investimentos de um país.

São esses investimentos que viabilizam o seu crescimento econômico, que por
sua vez, irão gerar o aumento de renda de sua população, com o conseqüente
aumento da “poupança” e do investimento, e assim por diante.

Essa é a dinâmica da circulação de capital presente no processo de


desenvolvimento econômico. As empresas, à medida que se expandem,
carecem de mais e mais recursos, que podem ser obtidos por meio de algumas
fontes, tais como:

• Empréstimos de terceiros;
• Reinvestimento de lucros;
• Participação de acionistas.

As duas primeiras fontes de recursos apresentam limitações de ordem técnica.


Geralmente, as empresas as utilizam para manter sua atividade operacional
(como capital de giro, por exemplo). Mas, é através da participação de novos
sócios, ou seja, novos acionistas, que uma empresa ganha condição de obter
novos recursos não exigíveis no curto prazo, como contrapartida à
possibilidade de participação no seu capital.

Com os recursos obtidos através do ingresso de novos sócios, as empresas


têm condições de investir em mais equipamentos ou no desenvolvimento de
novas pesquisas, melhorando assim, o seu processo produtivo e tornando-o
mais eficiente e competitivo.

Logo, quando investimos em ações estamos contribuindo para a produção de


bens, dos quais também seremos consumidores. Como acionista, somos
sócios da empresa e iremos nos beneficiar da distribuição de dividendos toda
vez que a empresa obtiver lucros. Este é o processo da democratização do
capital de uma empresa e da participação em seus lucros.
Para viabilizar empreendimentos que demandam volumes elevados de
recursos e com prazos relativamente longos para a obtenção de seu retorno é
que existe o Mercado de Capitais, seus produtos e seus agentes.
Neste contexto, as bolsas de valores, juntamente com as sociedades
corretoras, as distribuidoras de valores e os bancos de investimento são os
principais agentes econômicos do Mercado de Capitais, que é o sistema de
distribuição de valores mobiliários que tem como propósito dar liquidez aos
títulos emitidos por empresas, e também viabilizar seu processo de
capitalização.

Assim, podemos afirmar que quando uma empresa precisa expandir suas
atividades, fazer novas aquisições, equacionar seu endividamento ou obter
capital de giro para o dia-a-dia de sua atividade, a alternativa mais interessante
e adequada é através da emissão de novas ações.
1.5 – O MERCADO DE CAPITAIS

O Mercado de Capitais é onde ocorre a negociação de valores mobiliários,


tais como: ações, debêntures, commercial paper, etc., com a finalidade de
financiar o capital de giro e os investimentos das empresas e destinar recursos
para as construções habitacionais.

Logo, o Mercado de Capitais é um sistema de negociação de valores


mobiliários que tem como objetivo proporcionar liquidez aos títulos de emissão
das empresas (ações, commercial papers e debêntures) e conseqüentemente
viabilizar seu processo de capitalização.

O Mercado de Capitais é constituído pelas bolsas de valores, sociedades


corretoras e outras instituições financeiras autorizadas.

No Mercado de Capitais, os principais títulos negociados são aqueles


representativos do capital das empresas, ou seja, as ações ou aqueles
oriundos de empréstimos tomados através do mercado financeiro pelas
empresas (debêntures e commercial paper), que permitem a circulação de
capital para custear o desenvolvimento econômico.

Quanto mais desenvolvida é uma economia, mais ativo é o seu Mercado de


Capitais, o que se traduz em mais oportunidades para as pessoas, empresas e
instituições aplicarem suas “poupanças”.

Ao abrir seu capital para novos acionistas (sócios), uma empresa encontra uma
fonte de captação de recursos financeiros permanente. A plena abertura de
capital acontece quando a empresa lança suas ações ao público, ou seja,
emite ações e passa a negociá-las nas bolsas de valores.

Logo, é através do Mercado de Capitais que as empresas conseguem obter


novos recursos, vendendo suas ações ao público interessado neste tipo de
investimento e é também neste mercado que ocorre a negociação das ações já
disponíveis para a compra ou venda entre diferentes interessados.
1.6 – AS BOLSAS DE VALORES

As bolsas de valores são sociedades civis que têm como objetivo básico
proporcionar condições tecnológicas adequadas para que seus membros (as
sociedades corretoras) possam efetuar as transações de compra e venda de
títulos e valores mobiliários a partir de ordens emitidas por seus clientes, de
forma organizada e transparente.

As bolsas de valores operam sob a supervisão da CVM (Comissão de Valores


Mobiliários), de quem são órgãos auxiliares, com a incumbência de fiscalizar
seus respectivos membros (as sociedades corretoras) e suas negociações.

CVM (Comissão de Valores Mobiliários) é uma autarquia vinculada ao


Ministério da Fazenda, que atua em regime especial, sendo responsável pela
fiscalização e disciplina do Mercado de Capitais brasileiro.

É por meio das bolsas de valores que se pode viabilizar um importante objetivo
do capitalismo moderno: o estímulo à “poupança” do grande público e o
investimento em empresas em expansão, que, diante deste apoio, poderão
assegurar as condições para seu desenvolvimento.

A principal função das bolsas de valores é econômica, e tem como objetivo


proporcionar liquidez ao mercado de ações através da realização de uma
grande quantidade de negociações, onde as empresas podem oferecer seus
papéis para financiar seus projetos sem a necessidade do capital de terceiros
(empréstimos).

O termo liquidez se refere às possibilidades de uma ação poder ser comprada


ou vendida, em questão de minutos, a um preço justo de mercado,
determinado pelo exercício natural das leis de oferta e da procura.

É nas bolsas de valores onde ocorrem as negociações das ações, por meio
das sessões diárias conhecidas como pregão, com a utilização de meios
eletrônicos próprios e com a participação de seus membros, ou seja, as
sociedades corretoras.

Além de seu papel básico de oferecer um mercado para a negociação das


ações registradas, as bolsas de valores também têm como função orientar e
fiscalizar os serviços prestados por seus membros, facilitar a divulgação de
informações sobre as empresas e sobre os negócios que se realizam sob seu
controle e propiciar liquidez às aplicações de curto e longo prazos, por
intermédio de um mercado contínuo, representado por pregões diários.

No Brasil, a principal bolsa de valores é a Bovespa (Bolsa de Valores de São


Paulo), referência para a negociação de ações do país, que oferece os mais
variados mecanismos de negociação de títulos e valores mobiliários de
empresas criteriosamente selecionadas e um sofisticado sistema de
teleprocessamento para difusão de informações.
Em defesa do interesse público, a Bovespa exerce um rigoroso
acompanhamento de todos os aspectos envolvidos nas negociações com
ações, o que proporciona ao investidor a certeza da prática de elevados
padrões éticos e o cumprimento dos negócios realizados.

A liquidação de todas as operações com ações realizadas na Bovespa é feita


pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), que é a sua
clearing.

A título de curiosidade, desde 30 de setembro de 2005 todas as operações


realizadas na Bovespa foram centralizadas no Sistema Eletrônico de
Negociação, que é composto por terminais de computadores interligados entre
as sociedades corretoras, acabando-se assim com o chamado “pregão à viva
voz”, em que os operadores que representavam as sociedades corretoras
efetuavam as compras e as vendas de ações no recinto de negociação do
prédio da Bolsa de Valores de São Paulo, conhecido como “pregão”.
1.7 – AS SOCIEDADES CORRETORAS

No Brasil, as sociedades corretoras são instituições financeiras membros da


Bovespa, devidamente credenciadas pelo Banco Central do Brasil e pela CVM
(Comissão de Valores Mobiliários) e que estão habilitadas a negociar valores
mobiliários em pregão.

As sociedades corretoras podem ser definidas como intermediárias


especializadas na execução de ordens e operações por conta própria e
determinadas por seus clientes, além da prestação de uma série de serviços a
investidores e empresas, tais como:

- Operar e intermediar no mercado aberto:


Podem participar na compra e na venda de títulos públicos (federais, estaduais
e municipais), negociar ações, commercial papers, debêntures, etc.;

- Administrar carteiras de valores mobiliários:


Clientes com grandes volumes investidos em ações podem contar com a
assessoria de uma sociedade corretora para sua administração e
gerenciamento;

- Operar e intermediar exclusivamente nas bolsas de valores:


Somente comprar e vender ações na Bovespa;

- Orientar investidores na seleção de investimentos:


Assessorar e orientar seus clientes (investidores) sobre quais as melhores
alternativas de investimento, seja de renda fixa ou renda variável;

- Intermediação de operações de câmbio:


Compra e venda de moeda estrangeira para empresas e investidores pessoas
físicas;

- Assessoria a empresas na abertura de capital, emissão de debêntures e


commercial paper, renovação do registro de capital, etc.:
Prestação de serviços junto a CVM (Comissão de Valores Mobiliários),
Bovespa, bancos de investimento e outras sociedades corretoras para
empresas que têm interesse em emitir ações, debêntures e commercial papers
e negociá-las no mercado.

Com o objetivo de evitar problemas financeiros e de credibilidade no mercado


acionário, as sociedades corretoras contribuem para um fundo garantidor, que
tem como objetivo dar liquidez financeira ao mercado.

Um exemplo é o caso de inadimplência na liquidação por parte de algum de


seus membros, e que é mantido e administrado pela Bovespa, com o propósito
de assegurar a seus clientes eventual reposição de títulos e valores
negociados em pregão, e também atender a outros casos previstos pela
legislação.
1.8 – O BANCO DE TÍTULOS (CBLC) – A CLEARING DA BOVESPA

Uma das condições necessárias para o perfeito funcionamento dos mercados


financeiro e de capital é a crença de seus participantes de que seus ganhos
serão recebidos e de que suas operações de compra e venda serão liquidadas
nas condições e nos prazos estabelecidos.

Isso é proporcionado pelas câmaras de registro, compensação e liquidação, as


clearings, mediante um sistema de compensação que chama para si a
responsabilidade pela liquidação dos negócios, transformando-se no
comprador para o vendedor e no vendedor para o comprador, com estruturas
adequadas para o gerenciamento de risco de todos os participantes.

É através de uma clearing que são realizados diariamente o registro, a


compensação e a liquidação eletrônica das operações com derivativos,
moedas, títulos, ações e transferências unilaterais, sob a proteção de rigorosos
mecanismos de garantia tomadas dos membros participantes, conferindo assim
mais segurança e confiabilidade às operações do sistema financeiro.

Derivativos

São instrumentos financeiros cujo valor se baseia em outro título.

Exemplo: uma opção é um instrumento derivativo porque seu valor deriva de


uma ação-objeto, de um índice de ação ou de um índice futuro.

A clearing da Bovespa é a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia


(CBLC), empresa responsável pela compensação, liquidação e controle de
risco das operações realizadas diariamente nos mercados à vista e de
liquidação futura, e também pelo registro e controle das operações de
empréstimo de títulos, por meio do seu banco de títulos.

A CBLC assumiu o serviço de custódia fungível que era anteriormente


executado pela Bovespa, tornando-se responsável pela prestação de serviços
aos participantes do mercado.

A criação da CBLC representou uma resposta à necessidade de dotar o


Mercado de Capitais brasileiro de uma estrutura moderna e eficiente para a
realização das atividades de compensação, liquidação, custódia e controle de
risco.
1.9 – O QUE É UMA AÇÃO

Ação é um título de renda variável, emitido por sociedades anônimas, e


representa a menor fração do capital da empresa emitente. Podem ser
escriturais ou representadas por cautelas ou certificados.

As ações representadas por cautelas (uma espécie de certificado de posse),


têm de ser obrigatoriamente nominativas, ou seja, emitidas em nome do seu
proprietário.

As ações escriturais não são disponibilizadas a seus proprietários na forma de


um “titulo” ou “certificado de posse”, mas sim através de um extrato de custódia
(de guarda de valores), que é atualizado e disponibilizado a qualquer tempo
pela Bovespa, para informação e controle do acionista.

As ações podem ser emitidas com e sem valor nominal, ou seja, com um valor
de referência, estabelecido de acordo com o que está no estatuto social da
empresa. Na hipótese de emissão com valor nominal, todas as ações terão
idêntico valor, não podendo ser emitida nenhuma nova ação com valor
diferente.

Exemplo:

O capital social de uma empresa representa a soma de todos os recursos


aportados pelos acionistas. Se uma empresa demonstra ter um capital social
de R$ 1 milhão e informa que este montante é representado por 1 milhão de
ações, logo, cada uma de todas as ações terá um valor nominal de R$ 1,00.

O investidor em ações é um co-proprietário da empresa da qual é acionista,


participando dos seus investimentos e resultados. As ações são conversíveis
em dinheiro a qualquer tempo, mediante a negociação em bolsas de valores.
1.10 – OS TIPOS DE AÇÕES

Existem dois tipos de Ações: Ordinárias e Preferenciais.

- Ordinárias: São as ações que dão aos seus possuidores o direito de voto nas
assembléias de acionistas, ocasião em que são aprovadas as decisões
estratégicas da empresa. Cada ação ordinária representa um voto. Os
detentores de ações ordinárias somente receberão qualquer remuneração
(dividendos) depois de satisfeitos os direitos dos acionistas detentores das
ações preferenciais.

- Preferenciais: São as ações que têm preferência na distribuição de lucros e


no reembolso do capital investido, no caso de liquidação da sociedade. Os
acionistas detentores deste tipo de ação, normalmente recebem um percentual
superior de remuneração (dividendos) em relação às ações ordinárias, mas
não têm direto a voto. Pela legislação vigente, caso a empresa, durante três
anos consecutivos não distribuir dividendos por qualquer motivo, as ações
preferenciais também passam a ter direito de voto.

No mercado acionário, a diferenciação entre os tipos de ações de uma


empresa pode ser identificada pela simbologia utilizada. Se após o nome da
empresa aparecer as letras “ON” isto significa que a ação é do tipo “Ordinária”
e se aparecer “PN” significa que é do tipo “Preferencial”.

As ações também podem ser diferenciadas por classes: A, B, C ou alguma


outra letra que apareça após o “ON” ou o “PN”. As características de cada
classe são estabelecidas pela empresa emissora da ação, em seu estatuto
social. Essas diferenças variam de empresa para empresa, não sendo
possível, portanto, fazer uma definição geral das classes de ações.

Para facilitar a negociação nos pregões, cada ação possui um código (ticker
symbol), representado por quatro letras, que é estabelecido pela Bovespa e é
diferente para cada empresa que tem ações negociadas no mercado acionário,
tendo como particularidade apenas a identificação do “tipo” ou “classe” de
ação, que é informado por um número. Veja:

Tipo / Classe: N° de Identificação:


Ordinária 3
Preferencial 4
Preferencial – Classe “A” 5
Preferencial – Classe “B” 6

Exemplos:

- As ações Ordinárias do BANCO DO BRASIL são identificadas pelo código


“BBAS3”;

- As ações Preferenciais da PETROBRÁS são identificadas pelo código


“PETR4”;
- As ações Preferenciais – Classe “A” da USIMINAS são identificadas pelo
código “USIM5”;

- As ações Preferenciais – Classe “B” da CESP são identificadas pelo código


“CESP6”.

Observação:

Vale salientar que a atribuição de direitos constante nas ações ordinárias e


preferenciais acima descritos é uma característica particular do Mercado de
Capitais brasileiro.

Em outros países que também possuem um mercado de ações bastante ativo


e desenvolvido, não existem ações preferenciais nos moldes observados no
Brasil.

Nesses países as ações emitidas e negociadas nas bolsas de valores são


exclusivamente do tipo ordinária, com direitos iguais para todos os seus
possuidores (sejam eles acionistas controladores ou acionistas minoritários).
As eventuais e esporádicas emissões de ações preferenciais são precificadas
de maneira próxima a de um título de renda fixa (bond).

Nos últimos anos, vem se observando um esforço considerável para se


adequar o mercado de ações brasileiro ao padrão internacional. Atualmente, a
maior parte das novas emissões de ações têm sido quase que exclusivamente
através de ações do tipo ordinária.

Paralelamente, muitas empresas também vêm empreendendo a conversão de


suas ações preferenciais em ações ordinárias, buscando assim se ajustar ao
padrão internacional. Como exemplo, podemos citar grandes empresas tais
como o Banco do Brasil, a Embraer e a Perdigão.
1.11 – OS TIPOS DE AÇÕES

No mercado acionário, existem também algumas conceituações que dizem


respeito à liquidez das ações. Veja:

Ações de “Primeira Linha” ou as “Blue Chip”:

Refere-se às ações que possuem grande liquidez nos pregões, ou seja,


elevados volumes de negócios, e são também as mais procuradas pelos
investidores. Normalmente representam as ações de empresas tradicionais, de
grande porte, de presença nacional e que têm excelente reputação no
mercado.

Exemplos: Petrobrás, Vale do Rio Doce, Bradesco, Itaú, Telemar, etc.

Ações de “Segunda Linha”

Dizem respeito às ações menos líquidas, mas de empresas também


tradicionais, e que podem ser de grande e de médio porte.

Exemplos: Gerdau, Lojas Americanas, Natura, Weg, etc.

Ações de “Terceira Linha”

São ações com pouca liquidez, em geral de companhias de médio e de


pequeno porte (porém, não necessariamente de menor qualidade), cuja
negociação caracteriza-se pela descontinuidade de sua presença nos pregões
diários.

Exemplos: Ferbasa, Magnesita, Alpargatas, Randon, etc.


1.12 – COMO SURGEM AS AÇÕES NO MERCADO

Quando uma empresa quer captar recursos no mercado acionário, isto se dá


pelo processo conhecido como lançamento de ações, também chamado de
“operação de underwriting”.

Para isso é contratado um banco de investimento (ou uma sociedade corretora)


que será o coordenador da primeira oferta de ações ao mercado.

No entanto, o lançamento é precedido pela adequação da empresa à


legislação pertinente e por um estudo de viabilidade de mercado, quando é
definido o preço de venda das novas ações a serem oferecidas bem como
também é providenciada a obtenção de aprovação do órgão fiscalizador do
mercado, que é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A obtenção de aprovação pela CVM para a realização de oferta pública de


distribuição de valores mobiliários (ações, commercial paper e debêntures),
deve observar o disposto na Instrução CVM n° 400, de 29 de dezembro de
2003, que estabelece os procedimentos, as formalidades e o que é necessário
ser enviado a essa autarquia para análise e aprovação.

Veja a seguir as principais informações do conjunto de documentos que irão


detalhar os procedimentos e as características da oferta pública de distribuição
de valores mobiliários.

• Contrato de distribuição de valores mobiliários firmado entre a empresa


vendedora das ações e as instituições coordenadoras da operação
(bancos de investimento e sociedades corretoras);
• Modelo de boletim de subscrição ou recibo de aquisição, a ser
preenchido e assinado pelos compradores das ações (novos acionistas);
• Exemplares da minuta do Prospecto Definitivo da colocação pública de
ações, que será disponibilizado aos interessados na compra das novas
ações;
• Cópia da ata da assembléia de acionistas da empresa que deliberou e
aprovou o aumento de capital através da venda de novas ações;
• Minuta do Anúncio de Início de Distribuição Pública de Ações, a ser
publicado na imprensa, contendo todas as características da operação;
• Minuta do Anúncio de Encerramento de Distribuição Pública de Ações, a
ser publicado na imprensa, contendo também todas as características
da operação e o seu resultado final.

Após o recebimento de todos os documentos solicitados pela Instrução CVM n°


400, dentro de um prazo pré-estabelecido, a CVM irá analisar e aprovar a
operação ou então solicitar ajustes e informações complementares.

Cumprida todas as exigências, normalmente é formado um “pool” de bancos de


investimento e, sociedades corretoras que darão início à oferta inicial das
ações para o público em geral, com a divulgação em jornais, revistas e até
mesmo no rádio e na televisão, se for considerado conveniente e adequado.
No processo de venda das novas ações ao mercado, é estabelecido um
cronograma de datas para os interessados subscreverem (comprar) as ações,
efetuarem sua liquidação financeira, bem como também é fixada uma data para
o início da negociação das novas ações no mercado acionário.

Vale ressaltar que as primeiras negociações das ações objeto de uma oferta
primária de venda, necessariamente serão feitas através de uma sociedade
corretora que possua registro para operar com a compra ou a venda de ações
na Bovespa, a exemplo do que acontece com as ações já existentes no
mercado.

Caso exista a expectativa de uma elevada demanda pelas ações que estarão
sendo ofertadas ao mercado, a empresa emissora das novas ações, em
conjunto com o “pool” de colocação contratado pode estabelecer que o preço
de venda das novas ações seja feito através do sistema conhecido como
bookbuilding.

Ou seja, os interessados na compra estabelecem o lote e o preço que têm


interesse em comprar, sendo o preço definido somente após o encerramento
da oferta pública, com a venda sendo feita para os compradores que
ofereceram o melhor preço.

As negociações com ações que acontecerem após a venda das ações da


empresa aos novos acionistas na bolsa de valores, e que, portanto, já não mais
se refere à venda feita pela empresa emissora, irão ocorrer no chamado
mercado secundário de ações.
1.13 – O MERCADO PRIMÁRIO DE AÇÕES

O mercado primário diz respeito à primeira oferta de qualquer tipo de valor


mobiliário (ações, debêntures e commercial paper) ao mercado, ocasião em
que a empresa oferece suas ações, por exemplo, diretamente aos investidores
com a finalidade de captar novos recursos para a sua atividade e,
conseqüentemente, ampliar o número de sócios (acionistas).

Este procedimento é também conhecido como Initial Public Offering (IPO) ou


Oferta Pública Inicial.

A lei das Sociedades Anônimas (S. A.) prevê que o preço da emissão de uma
nova ação seja fixado levando-se em conta o preço da ação já cotada no
mercado (no caso de a empresa já ter ações negociadas em bolsa de valores),
o patrimônio líquido da empresa e as perspectivas de rentabilidade, de forma a
não prejudicar os investidores já detentores das ações da empresa.

Isso porque, caso uma ação seja lançada no mercado a um preço


substancialmente inferior ao praticado no mercado, haverá uma diluição
injustificada da participação acionária daqueles investidores que já são
acionistas da empresa.

O Mercado de Capitais brasileiro tem viabilizado um considerável número de


novos lançamentos de ações (IPO), com novas empresas se credenciando
para serem negociadas na bolsa de valores. Fazem parte deste processo
empresas como a Natura, a Cosan, a Gol, a Cyrela, a Totvs, a Lupatech, a
Gafisa, a Nossa Caixa, entre tantas outras.

Dica:

Caso tenha oportunidade, procure ler o “Anúncio de início de distribuição de


ações” que constantemente se encontra publicado nos principais jornais
econômicos. Nele estão todas as condições e etapas do processo de
colocação pública de ações. Veja um exemplo de cronograma de colocação de
ações de um recente IPO:

São Martinho S. A. (Açúcar e Álcool): Cronograma Indicativo.

Ordem dos Eventos Data Prevista


Eventos (1)
Publicação do Aviso ao Mercado (sem logotipo dos 19/01/2007
Participantes Especiais)
Disponibilização do Prospecto Preliminar 19/01/2007

1. Início do Road Show 19/01/2007

Republicação do Aviso ao Mercado (com logotipo 26/01/2007


dos Participantes Especiais)
Início do Procedimento de Coleta de Intenções de 26/01/2007
Investimento ou “Bookbuilding”
2. Início do Período de Reserva (inclusive Pessoas 26/01/2007
Vinculadas)
3. Encerramento do Período de Reserva para 29/01/2007
Investidores Não Institucionais que sejam Pessoas
Vinculadas
Encerramento do Período de Reserva 05/02/2007

Encerramento do Road Show 08/02/2007

4. Encerramento do Procedimento de Coleta de 08/02/2007


Intenções de Investimento ou “Bookbuilding”
Fixação do Preço por Ação 08/02/2007

Reunião do Conselho de Administração – aprovação 08/02/2007


do Preço por Ação
Assinaturas do Contrato de Colocação, do 08/02/2007
Placement Agreement e dos demais documentos da
Oferta
5. Registro da Oferta 08/02/2007

Publicação do Anúncio de Início 09/02/2007

Disponibilização do Prospecto Definitivo 09/02/2007

6. Início do Prazo de Exercício da Opção do Lote 09/02/2007


Suplementar
Início de Negociação das Ações na Bovespa 12/02/2007
7.
Data de Liquidação da Oferta 14/02/2007
8.
Encerramento do prazo de exercício da Opção de 12/03/2007
9. Ações do Lote Suplementar
Data máxima de Liquidação das Ações do Lote 15/03/2007
10. Suplementar
Data máxima de Publicação do Anúncio de 20/03/2007
11. Encerramento

(1) Todas as datas previstas são meramente indicativas e estão sujeitas a alterações,
suspensões ou adiamentos a critério da Companhia, dos Acionistas Vendedores e do
Coordenador Líder.

Cumprido todos estes procedimentos e etapas, as novas ações vendidas pela


empresa emissora começam a ser negociadas na bolsa de valores, sendo
compradas ou vendidas entre diferentes investidores.

A empresa passa a ter a obrigação de divulgar qualquer tipo de “Fato


Relevante” que possa afetar o comportamento de suas ações no mercado (por
exemplo: venda de seu controle acionário, uma nova aquisição, etc.), publicar
seus resultados (balanço) em jornais, atender e orientar seus acionistas, pagar
dividendos, etc.
1.14 – BLOCKTRADE DE AÇÕES

Blocktrade refere-se à negociação de um bloco de ações de uma empresa,


realizado em bolsa de valores, e que é precedido de solicitação de autorização
junto a CVM, comunicado à respectiva bolsa de valores onde irá ocorrer a
negociação, publicação de “Fato Relevante” em jornais informando as
condições da operação, tais como o lote de ações que será negociado, o
proprietário que estará efetuando a oferta e o preço mínimo de venda.

Normalmente, a negociação de um bloco de ações já tem previamente definido


quem será o comprador das ações que estão sendo ofertadas.

No entanto, como toda e qualquer negociação de ações na Bovespa pode ter


interferência de compra ou de venda, na data da realização da operação, a
oferta de um blocktrade poderá ser acrescida de novas ações para a venda,
bem como também poderá haver interferência por parte de outros compradores
interessados em adquirir o lote das ações ofertadas, o que provavelmente irá
alterar o preço de negociação previamente definido, tanto para cima como para
baixo.

Exemplo:

Imagine uma empresa que tem em seu controle acionário três grupos distintos
de acionistas. Num determinado momento, um dos sócios decide sair da
sociedade e oferece sua parte aos demais sócios, que não se interessam por
ampliar sua participação na empresa, mas gostariam de ver a sua
pulverização, ou seja, o aumento no número de sócios. O acionista que quer
sair da sociedade contrata um banco ou um “pool” de bancos de investimento e
sociedades corretoras, que a exemplo de um lançamento primário, preparam
uma operação de underwriting, ou seja, de venda de ações.

No entanto, neste caso, a oferta necessariamente será feita através da bolsa


de valores, em data e horário previamente estabelecidos e divulgados na
imprensa. No dia e horário determinado, o lote que está à venda será colocado
na oferta e os interessados irão executar a sua compra. Caso a demanda seja
superior ao montante ofertado, a tendência é de que os preços subam
buscando-se assim cada um garantir a compra do lote ou de parte das ações
que estão sendo negociadas. Também é possível acontecer o aumento na
quantidade de venda de ações e isso interferir negativamente no preço
inicialmente definido.

1.15 – BOOKBUILDING DE AÇÕES (DEFINICÃO DE PREÇOS)


Tem sido bastante comum no Brasil que os novos IPO (Ofertas Públicas
Iniciais), tanto de ações como de debêntures, sejam feitos pelo sistema de
bookbuilding.

Este procedimento de venda e de definição de preço tem acontecido devido à


demanda elevada pelas ações que vêm sendo ofertadas ao mercado.

No bookbuilding o emissor das ações normalmente estabelece como referência


um preço mínimo e um preço máximo de venda, e os interessados na compra,
durante o período de oferta, fazem as suas reservas para adquirir as ações
registrando a quantidade e o preço que têm interesse em pagar.

Após o encerramento da oferta pública é apurado e definido as melhores


propostas de compra, com o atendimento da venda para estes compradores.

Também devido à elevada procura por estas ofertas iniciais de novas ações,
tem havido expressivos rateios nestas colocações, de tal modo que o maior
número de interessados seja atendido bem como se pulverize ao máximo o
capital da empresa.

1.16 – O MERCADO SECUNDÁRIO DE AÇÕES


O mercado secundário não representa um fluxo de novos recursos para as
empresas, e sim a negociação de títulos já existentes entre investidores, o que
caracteriza a liquidez de um mercado e que permite também a circulação dos
valores mobiliários (ações, debêntures, commercial paper, etc.).

Logo, o mercado secundário representa a negociação de valores mobiliários já


existentes, entre, por exemplo, o detentor da ação e um terceiro, através de um
pregão de bolsa de valores.

Para operar no mercado secundário de ações, é necessário que o investidor se


dirija a uma sociedade corretora membro de uma bolsa de valores, onde será
possível obter os esclarecimentos e orientações necessárias para a seleção de
alternativas de investimento, de acordo com os objetivos e interesses definidos
pelo aplicador.

Diariamente, a Bovespa negocia em média, cerca de R$ 3 bilhões entre


compras e vendas de ações. Essas negociações representam o mercado
secundário de ações, quando os mais diferentes investidores, tais como
pessoas físicas e jurídicas, investidores estrangeiros, investidores institucionais
(fundos de investimento, fundos de previdência complementar, seguradoras,
etc.), compram e vendem ações, tendo em vista seus interesses e
necessidades.

O mercado secundário é o principal mercado de uma bolsa de valores e


representa a liquidez e a capacidade de solvência de um mercado de ações.

Um mercado secundário de ações ativo, líquido e com representatividade, atrai


a confiança dos mais diferentes tipos de aplicadores e das empresas
interessadas em lançar e ter suas ações negociadas em bolsa de valores, bem
como dá visibilidade internacional ao país, ao seu mercado acionário e a suas
empresas.

Exemplo:

Um investidor tem ações da Petrobrás que comprou a cerca de um ano e quer


vendê-las, pois acredita que estão bastante valorizadas.

Ele efetua uma ordem de venda à sociedade corretora, estabelecendo o preço


e informando a quantidade que quer vender, e a sociedade corretora
providencia o registro de sua oferta na Bovespa. Dependendo das condições
do mercado e do valor que estabeleceu, esta operação poderá ser prontamente
executada, com um outro investidor efetuando a compra de suas ações.

1.17 – O INDÍCE BOVESPA (IBOVESPA)


Todo mercado acionário possui indicadores que refletem o comportamento dos
negócios realizados em suas bolsas de valores. Nos Estados Unidos, os mais
conhecidos são os índices Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq, índice da bolsa
eletrônica. No Japão é o Nikkei, em Londres é o FTSE e, no Brasil é o
Ibovespa.

O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) é o mais importante


indicador do desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro.
Sua relevância deve-se ao fato de retratar o comportamento dos principais
papéis negociados na Bovespa e também de sua tradição, uma vez que este
índice manteve a integridade de sua série histórica e não sofreu modificações
metodológicas desde sua implementação em 1968.

O Ibovespa é o valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de


ações constituída em 02/01/1968 (valor-base: 100 pontos), a partir de uma
aplicação hipotética e que ao longo de sua existência teve apenas algumas
adequações. Sua metodologia de cálculo supõe não ter sido efetuado nenhum
investimento adicional desde então e considera somente os ajustes efetuados
em decorrência da distribuição de proventos (dividendos, bonificações, etc.)
pelas empresas emissoras de ações que compõem o índice (tais como
reinversão de dividendos recebidos e do valor apurado com a venda de direitos
de subscrição, e manutenção em carteira das ações recebidas em bonificação).
Dessa forma, o índice reflete não apenas as variações dos preços das ações,
mas também o impacto da distribuição dos proventos, sendo assim
considerado um indicador que avalia o retorno total de suas ações
componentes.

Extremamente confiável e com uma metodologia de fácil acompanhamento


pelo mercado, o Ibovespa representa fielmente o comportamento médio das
principais ações transacionadas, e o perfil das negociações do mercado à vista,
observadas nos pregões da Bovespa.

A finalidade básica do Ibovespa é servir como indicador médio do


comportamento do mercado. Para tanto, sua composição procura aproximar-se
o mais possível da real configuração das negociações realizadas no mercado à
vista com lotes-padrão, ou seja, somente lotes inteiros, na Bovespa.

A composição do índice é revista de quatro em quatro meses (janeiro, maio e


setembro) quando é verificado se todas as ações deverão continuar a fazer
parte do índice, se novas ações deverão entrar em sua composição e se as
quantidades teóricas de cada uma das ações consideradas deverão ser
alteradas.

A representatividade do Ibovespa no que diz respeito à composição de sua


carteira teórica, leva em consideração alguns parâmetros, que são:
- Liquidez: As ações integrantes da carteira teórica do Índice Bovespa
respondem por mais de 80% do número de negócios e do volume financeiro
verificado no mercado à vista (lote-padrão) da Bovespa.

- Capitalização: As empresas emissoras das ações integrantes da carteira


teórica do Índice Bovespa são responsáveis, em média, por aproximadamente
70% do somatório da capitalização bursátil de todas as empresas com ações
negociáveis na Bovespa.

O Ibovespa é calculado em tempo real, considerando os preços dos últimos


negócios efetuados no mercado à vista (lote-padrão) com as ações
componentes de sua carteira teórica.

Sua divulgação é feita pela rede de difusão da Bovespa e também


retransmitida por uma série de “vendors” de informações (Agência Estado –
Broadcast, Enfoque Cotações, Reuters, Bloomberg, etc.), sendo possível,
dessa forma, acompanhar on line seu comportamento em qualquer parte do
Brasil ou do mundo.

A metodologia de cálculo simples, com todos os seus dados à disposição do


público investidor, assegura uma grande confiabilidade ao Ibovespa. Isso pode
ser constatado pelo reconhecimento do mercado acionário, que fez do
Ibovespa o único dos indicadores de performance de ações brasileiras a ter um
mercado futuro líquido (um dos maiores mercados de contrato de índice do
mundo).

Logo, a variação diária do índice é dada pela variação de preços das ações,
uma vez que ele é composto pela multiplicação do preço pela quantidade.
Deve-se ressaltar que ele é dividido por mil até que fique apenas com cinco
algarismos, pois essa é a forma como ele é cotado e divulgado, em pontos.
1.18 – A CARTEIRA TÉORICA DO IBOVESPA

A carteira teórica do Ibovespa é atualizada a cada quatro meses e, como já foi


citado, leva em consideração a liquidez e o grau de capitalização das ações no
mercado acionário, sendo que a carteira teórica para o período de janeiro a
fevereiro de 2007 tem a composição a seguir:

Composição da Carteira Teórica para o Período de Janeiro a Fevereiro de 2007.

Código Ação Tipo Qtde. Teórica (1) Part. (%) (2)

ACES4 ACESITA PN EJ 2,144323832 0,26


83 1
ALLL11 ALL AMERICA LATINA UNIT 23,043416807 1,14
LOGÍSTICA 92 9
AMBV4 AMBEV PN *EJ 0,552262365 1,30
88 9
ARCZ6 ARACRUZ PNB EJ 30,226331284 0,89
32 2
ARCE3 ARCELOR BRASIL ON EJ 17,176077472 1,62
12 2
BBDC4 BRADESCO PN 23,328199962 4,53
79 7
BRAP4 BRADESPAR PN EJ 6,204675049 1,40
76 9
BBAS3 BRASIL ON EJ 11,099912428 1,59
59 7
BRTP3 BRASIL TELECOM PAR ON *EJ 6,008235807 0,47
95 3
BRTP4 BRASIL TELECOM PAR PN *EJ 16,376762949 0,67
83 4
BRTO4 BRASIL TELECOM PN *EJ 44,984754054 1,10
36 8
BRKM5 BRASKEM PNA 54,747302772 1,84
06 7
CCRO3 CCR RODOVIAS ON 17,431442013 1,13
78 1
CLSC6 CELESC PNB 6,590119729 0,50
25 7
CMIG4 CEMIG PN * 8,932783569 2,10
74 9
CESP6 CESP PNB* 11,123691230 0,62
89 5
CGAS5 COMGAS PNA* 0,378704381 0,30
93 1
CPLE6 COPEL PNB* 22,643172874 1,27
56 3
CSAN3 COSAN ON 17,407093581 1,75
30 0
CYRE3 CYRELA REALTY ON 15,818834541 0,72
05 5
ELET3 ELETROBRAS ON * 12,215144878 1,40
62 3
ELET6 ELETROBRAS PNB* 17,309101739 1,86
32 4
ELPL6 ELETROPAULO PNB* 2,104634403 0,51
54 6
EMBR3 EMBRAER ON EJ 22,641644262 1,12
86 3
GGBR4 GERDAU PN 33,803359389 2,65
86 3
GOAU4 GERDAU METALURGICA PN 10,947673944 1,08
72 2
GOLL4 GOL PN EJ 7,361288268 1,05
22 0
PTIP4 IPIRANGA PETRÓLEO PN 9,924164109 0,42
04 4
ITAU4 ITAUBANCO PN EJ 19,038432693 3,31
10 2
ITSA4 ITAUSA PN EJ 71,786995506 1,76
13 3
KLBN4 KLABIN PN 46,479472697 0,55
41 9
LIGT3 LIGHT ON * 13,957497773 0,72
90 2
NATU3 NATURA ON 15,135372737 1,02
71 6
NETC4 NET PN 34,918896173 1,90
60 6
PCAR4 PÃO DE ACUCAR - CBD PN * 4,860151702 0,81
53 9
PRGA3 PERDIGAO ON EJ 15,519788177 1,04
58 0
PETR3 PETROBRAS ON EJ 20,352304539 2,47
43 3
PETR4 PETROBRAS PN EJ 124,350516473 13,79
50 8
SBSP3 SABESP ON *EJ 1,140517611 0,75
54 1
SDIA4 SADIA PN EJ 70,029520624 1,11
85 1
CSNA3 SIDERURGICA NACIONAL ON 17,396870520 2,52
43 3
CRUZ3 SOUZA CRUZ ON EJ 6,346802322 0,54
49 3
SUBA3 SUBMARINO ON 5,739090773 0,90
45 3
TAMM4 TAM PN 8,778098243 1,31
27 3
TNLP3 TELEMAR ON EJ 13,308682081 1,64
99 3
TNLP4 TELEMAR PN EJ 51,019323377 3,58
95 1
TMAR5 TELEMAR NORTE LESTE PNA 6,143996558 0,67
07 1
TMCP4 TELEMIG PARTICIPAÇÕES PN * 51,260999138 0,46
15 7
TLPP4 TELESP PN EJ 2,949594948 0,36
79 3
TCSL3 TIM PARTICIPAÇÕES ON * 17,345916596 0,49
16 0
TCSL4 TIM PARTICIPAÇÕES PN * 70,923145101 1,18
34 6
TRPL4 TRANSMISSÃO PAULISTA PN * 6,216161079 0,42
79 1
UBBR11 UNIBANCO UNIT EJ 42,337148654 1,92
21 3
USIM5 USIMINAS PNA EJ 23,181431670 4,12
98 1
VCPA4 VCP PN EJ 9,204843272 0,86
37 0
VALE3 VALE R DOCE ON 17,083413068 2,44
97 7
VALE5 VALE R DOCE PNA 81,836219137 9,95
29 5
VIVO4 VIVO PN 96,352389281 1,89
72 4

Quantidade Teórica 1.417,518700245 100,00


Total 79 0

(*) Cotação por lote de mil ações;

(1) Quantidade teórica válida para o período de vigência da carteira, sujeita a alterações
somente no caso de distribuição de proventos (dividendo, bonificação e subscrição) pelas
empresas;

(2) Participação relativa das ações da carteira, divulgada para a abertura dos negócios do dia
02/01/2007, sujeita a alterações em função das evoluções dos preços desses papéis.

Fonte: Bovespa
1.19 – AS DEBÊNTURES E OS COMMERCIAL PAPERS

As debêntures e os Commercial papers também são valores mobiliários


negociados no Mercado de Capitais e ofertados por empresas de capital aberto
(as Sociedades Anônimas).

As debêntures são valores mobiliários emitidos exclusivamente por empresas


que sejam classificadas como Sociedades Anônimas (S. A.), e representam um
“empréstimo” contraído junto ao mercado, por um período de prazo médio ou
longo, com garantias representadas por ativos da empresa, e que quando do
seu vencimento, poderá ou não ser convertido em ações da empresa,
dependendo do que foi contratado e convencionando quando da sua colocação
(venda).

No caso de debêntures não conversíveis, o “empréstimo” é liquidado


normalmente no prazo previsto. Já no que se refere às debêntures conversíveis
em ações, o investidor poderá, em prazos determinados e sob condições
previamente definidas, optar pela conversão de seu “empréstimo” em ações,
que será incorporado ao capital da empresa através da emissão de novas
ações.

Todas as condições relativas à emissão de debêntures de uma empresa, tais


como prazos, resgates, rendimentos, conversão em ações e vencimento de
debêntures são obrigatoriamente discutidas e fixadas em assembléia geral de
acionistas.

Já os Commercial papers ou notas promissórias comerciais são títulos de


curto prazo, emitidos por uma empresa que seja Sociedade Anônima (S. A.)
com a finalidade de captação de recursos para o seu capital de giro.

Os commercial papers são uma alternativa aos empréstimos bancários


convencionais, com a vantagem de proporcionar uma taxa de juros menor,
devido a não intermediação bancária.

Estes papéis podem ser colocados diretamente junto aos investidores (pessoas
físicas, empresas, fundos de pensão, etc.), não necessitando, portanto de um
intermediário. São títulos muito utilizados para servir como “empréstimos-
ponte”, ou seja, um recurso para ter disponível enquanto um empréstimo de
longo prazo não é liberado.

Observações:

A compra de debêntures e commercial papers não é uma modalidade de


investimento acessível ao pequeno investidor. Os valores mínimos de
aplicação são elevados, os prazos são longos (no caso das debêntures) e as
taxas nem sempre são atrativas, o que conseqüentemente limita o acesso de
um grande número de investidores.
Para as empresas, a emissão de debêntures e commercial papers implica no
aumento de seu endividamento, tendo em vista serem registradas como dívida
no balanço.

No entanto, debêntures e commercial papers são alternativas à emissão de


novas ações pelas empresas e normalmente são destinadas ao financiamento
do seu fluxo de caixa. Em algumas circunstâncias, quando o mercado acionário
se mostra inoportuno para o lançamento de novas ações, tendo em vista a
conjuntura econômico-financeira, a emissão de debêntures e commercial
papers acabam se tornando as únicas alternativas para a capitalização das
empresas.

Logo, o mercado acionário é uma importante alternativa de investimento para o


investidor, capaz de proporcionar rendimentos significativos e, para as
empresas, uma excelente fonte de capitação de recursos.
MÓDULO 2

INVESTIMENTO EM AÇÕES

2.1 - Por que Investir em Ações


2.2 - Por que Comprar ou Vender Ações
2.3 - Como Participar do Mercado de Ações
2.4 - Como Comprar ou Vender Ações
2.5 - Tipos de Ordem de Compra ou de Venda de Ações
2.6 – O que é uma Operação Day-Trade
2.7 - Home Broker
2.8 - Os Mercados da Bovespa
2.9 - Os Custos de Transação
2.10 - Tributação
2.1 – POR QUE INVESTIR EM AÇÕES

A parcela dos recursos de nossa “poupança” que deve ser direcionada para o
investimento em ações deve ser aquela que tem como expectativa de retorno o
médio e o longo prazo.

Isso porque, em determinados momentos, as condições de mercado podem


não ser as mais adequadas para se entrar ou sair deste tipo de investimento,
principalmente por questões políticas ou econômicas locais e externas.

Acontecimentos recentes, tais como o escândalo envolvendo membros do


Governo e deputados federais, e que ficou conhecido como “Valerioduto”, o
“caso Valdomiro”, o temor de uma recessão acentuada na economia
americana, fizeram com que o mercado acionário brasileiro se ressentisse e as
ações, conseqüentemente sofressem forte desvalorização.

No entanto, existem vantagens que compensam o investimento em ações, e


que dizem respeito às expectativas relacionadas principalmente à sua
remuneração e que podem ser assim enumeradas da seguinte forma:

1. Valorização das ações: os subscritores de ações esperam se beneficiar


com a valorização de suas ações no mercado, ganho este que dependerá do
preço de sua compra, da conjuntura de mercado e do desempenho econômico-
financeiro da empresa;

2. Recebimento de dividendos das ações possuídas: que se refere à


parcela do lucro das empresas de cada exercício social e que é distribuído aos
acionistas na forma de dinheiro;

3. Bonificações das ações possuídas: emissão e distribuição gratuita aos


acionistas, em quantidade proporcional à participação no capital social da
empresa, de novas ações, emitidas em função de aumento do capital efetuado
por meio de incorporação de reservas;

4. Direito de preferência para subscrever novas ações emitidas: como os


atuais acionistas possuem o direito de ser previamente consultados em todo
novo aumento de capital, podem subscrever novas ações a preços inferiores
aos praticados pelo mercado e obterem lucro com esta diferença.

Logo, a principal razão para se investir em ações é a possibilidade de ganhos


superiores aos investimentos tradicionais disponíveis no mercado.

E isso vai acontecer na medida em que ocorra a valorização das ações na


bolsa de valores, através do recebimento periódico de dividendos e com a
possibilidade de participação em novas ofertas de ações, tendo em vista o
direito de preferência que todo acionista tem em novas colocações públicas de
ações.
2.2 – POR QUE COMPRAR OU VENDER AÇÕES

Um investidor adquire ações com o objetivo de obter ganhos, ter lucratividade.


Esse retorno será proveniente do recebimento de proventos (dividendos e
bonificações), distribuídos aos acionistas pela empresa, e também através da
valorização do preço das ações, que se espera acontecer no mercado
acionário.

Esses fatores, por sua vez, dependerão das condições econômica, local e
externa, do desempenho da empresa e de suas perspectivas futuras.

Uma ação normalmente é vendida quando o investidor avalia que suas


perspectivas são relativamente menos favoráveis em relação a outras ações
analisadas, e que no seu entender, possuem maiores chances de valorização,
quando existem outras alternativas de investimento com melhores retornos ou
então para se fazer “caixa”, tendo em vista a sua necessidade de recursos.

Desta forma, um investidor somente irá comprar ações quando vislumbrar


chances e perspectivas de valorização nas ações adquiridas no mercado,
tendo em vista os resultados que são esperados para a empresa, as condições
econômicas locais e externas e a expectativa de que se trata de uma aplicação
com retorno promissor.

Já no que se refere à venda de ações, isto se dá quando o investidor conclui


que suas perspectivas de ganho, tendo em vista sua valorização no mercado,
passam a ser reduzidas ou que as condições do mercado deixaram de ser
favoráveis, sendo mais interessante, portanto, sua venda.

Exemplo de justificativa para comprar ações

O robusto crescimento econômico da China (cerca de 10% ao ano) tem


demandado a compra de significativos volumes de insumos básicos para a
indústria local, como o minério de ferro, por exemplo. Como a Cia. Vale do Rio
Doce é a maior produtora e exportadora desta matéria-prima, existe a
expectativa da manutenção no aumento do seu volume de venda, novos
reajustes de preço do minério de ferro e lucros crescentes para a empresa,
devendo suas ações também se valorizar no mercado acionário, tendo em vista
estas perspectivas favoráveis para o setor de mineração e para as empresas
que atuam neste segmento.

Dica:
Procure descobrir quanto às ações da Cia. Vale do Rio Doce, ordinárias
(VALE3) e as preferenciais (VALE5), se valorizaram apenas nos primeiros dois
meses de 2007 e compare com o benchmark do mercado acionário, ou seja, o
Ibovespa.

Exemplo de justificativa para vender ações


O surgimento de novos focos de gripe aviária em diferentes pontos do planeta
e o risco de uma pandemia faz com que os consumidores fiquem mais
sensíveis e atentos ao noticiário envolvendo este tipo de assunto. Logo, as
ações de empresas que atuam com o abate e comercialização de carne de
aves se ressentem toda vez que um novo foco é divulgado ou são anunciadas
novas mortes por conta deste tipo de contaminação, pois as pessoas passam a
consumir menos os seus produtos, o que irá conseqüentemente reduzir suas
vendas, seus lucros e comprometer a performance de suas ações na bolsa de
valores.

Dica:
Procure descobrir quanto as ações ordinárias da Perdigão (PRGA3) e as
preferenciais da Sadia (SDIA4) se desvalorizaram apenas nos primeiros dois
meses de 2007 e compare com o benchmark do mercado acionário, ou seja, o
Ibovespa.
2.3 – COMO PARTICIPAR DO MERCADO DE AÇÕES

O investidor pode participar do mercado, basicamente, de duas formas:


Individualmente ou Coletivamente.

Individualmente

O interessado manifesta sua intenção de comprar ou de vender ações a uma


sociedade corretora, que será a sua intermediária nas negociações e na qual
irá ter que fazer e manter atualizado um cadastro, e onde passará a ter
também um código para negociação. A relação das sociedades corretoras
membros autorizadas a atuarem na Bolsa de Valores de São Paulo pode ser
obtida no site da Bovespa: www.bovespa.com.br .

Coletivamente

Além da possibilidade do investimento individual em bolsa de valores, através


da compra ou venda de ações por intermédio de uma sociedade corretora,
também é possível se investir em ações, juntamente com outras pessoas, isto
é, forma coletiva.
Isto é possível através da participação em um Clube de Investimento ou por
intermédio da compra de cotas de um Fundo de Investimento em Ações.

Um Clube de Investimento é uma alternativa coletiva para se investir em


ações e tem que ser formado exclusivamente por pessoas físicas, com perfil de
pequeno e médio investidor do mercado de ações, e deve ser administrado por
uma sociedade corretora ou banco de investimento.

A participação é feita pela aquisição de cotas, que representam uma parcela do


patrimônio do clube, e sua rentabilidade vai depender do desempenho dos
títulos que irão compor a sua carteira.

A diferença entre um Clube de Investimento e um Fundo de Investimento em


Ações está principalmente na limitação do número de participantes, que no
primeiro não pode ultrapassar de 150, sendo assegurado a cada membro o
direito de aumentar o número de suas cotas através do aporte de novos
recursos até o limite máximo de 40% das cotas existentes e também pela
possibilidade de participação na gestão dos recursos da carteira do Clube.

Um Clube de Investimento, para funcionar, precisa obter aprovação e registro


junto a Bovespa, o que é providenciado pela sociedade corretora ou banco de
investimento escolhido para ser o administrador, e terá a incidência de algumas
despesas, tais como, taxa de administração, por exemplo, a ser cobrada pelo
administrador e que será deduzida de seu patrimônio.

Um Fundo de Investimento em Ações é uma espécie de condomínio de


investidores, sem limitação no número de participantes, e destinado à
aplicação dos recursos acumulados em uma carteira diversificada de títulos e
valores mobiliários.

Os Fundos de Investimento em Ações são administrados por sociedades


corretoras ou bancos de investimento, necessitam de aprovação pela CVM
para funcionar e em seu regulamento deve ser informado quais os títulos e
valores mobiliários poderão fazer parte de sua carteira.

Ao efetuar uma aplicação em um Fundo de Investimento em ações, o montante


investido é transformado em cotas, que correspondem a frações ideais do seu
patrimônio e são apuradas diariamente a partir da valorização ou
desvalorização de sua carteira de títulos que compõem o fundo.

Um Fundo de Investimento em Ações deve manter, diariamente, no mínimo


67% do seu patrimônio aplicado em ações e opções sobre índices de ações.

Diferentemente da aplicação individual em ações, em que toda vez que se faz


uma venda de ações com lucro é necessário o recolhimento do imposto de
renda, no investimento coletivo, o recolhimento do imposto de renda só
acontece quando houver o resgate do valor investido (e desde que isto
aconteça com lucro).

Exemplo:

Após analisar o desempenho histórico de um Fundo de Investimento em Ações


específico e concluir que sua performance tem sido constantemente superior
ao Ibovespa, um investidor decide efetuar uma aplicação.

Antes, toma o cuidado de ler atentamente seu prospecto e regulamento, saber


quais os ativos e os limites de alocação que o fundo pode ter, quais os riscos
que ele pode correr e qual é a sua taxa de administração.

No dia em que realiza a aplicação, a cota do fundo está valendo R$ 11,1111.


Como ele está investindo R$ 50.000,00, conseqüentemente passa a ser o
possuidor de 4.500 cotas deste fundo (R$ 50.000,00 ÷ R$ 11,1111).

A partir de agora, para saber quanto está valendo sua aplicação, basta que ele
passe a multiplicar a quantidade de cotas possuídas pelo valor atualizado da
cota diária do fundo, que pode ser obtida junto ao banco que o administra ou
através de jornais de grande circulação.
2.4 – COMO COMPRAR OU VENDER AÇÕES

A negociação de ações, como já foi dito, requer a intermediação de uma


sociedade corretora, que é quem poderá executar a ordem de compra ou
venda de seu cliente através de um de seus operadores, ou ainda autorizar seu
cliente a registrar diretamente suas ordens no Sistema Eletrônico de
Negociação da Bovespa, utilizando para isso o seu Home Broker (acesso
eletrônico que permite ao investidor comprar e vender ações pela internet).

Vale salientar que antes de se cadastrar junto a uma sociedade corretora é


interessante conhecer os profissionais com quem o investidor passará a se
relacionar, saber quais as informações de mercado e de empresas poderão ser
disponibilizadas e os custos que serão cobrados na intermediação das ordens
de compra e venda de ações.

Além disso, também é possível verificar as informações relevantes sobre os


negócios com ações no site: www.bovespa.com.br e, após o encerramento dos
pregões, no Boletim Diário de Informações (BDI) divulgado pela Bovespa e nos
jornais de grande circulação.
2.5 – TIPOS DE ORDENS DE COMPRA E DE VENDA DE AÇÕES

A partir de agora, para facilitar os exemplos que serão utilizados, iremos


chamar as sociedades corretoras simplesmente de “Corretora”.

Os Tipos de Ordem de Compra ou de Venda mais comuns praticados no


mercado acionários. São seis: Ordem a Mercado, Ordem Administrativa,
Ordem Discricionária, Ordem Limitada, Ordem Casada e Ordem On-Stop.

Ordem a Mercado

O investidor especifica somente a quantidade e as características das ações


que deseja comprar ou vender. A Corretora na qual sou cadastrado irá
executar a ordem a partir do momento que recebê-la, considerando as ofertas
de compra e de venda disponíveis para negociação.

Exemplo:
Um investidor passa uma ordem de compra de 100 ações preferências do
Bradesco (BBDC4) “a mercado”. No momento em que passa a sua ordem, a
ação está cotada a R$ 87,00 e as ofertas disponíveis no mercado são:
Preço Quantidade

- Para Compra: R$ 86,50 R$ 1.500


- Para Venda: R$ 87,20 R$ 2.000

Como sua ordem de compra é “a mercado” e existe oferta de venda da ação, a


Corretora irá executar a compra de 100 ações do Bradesco a R$ 87,20.

Ordem Administrada

O investidor especifica somente a quantidade e as características das ações


que deseja comprar ou vender. A execução da ordem ficará a critério da
Corretora que irá procurar o melhor momento para sua execução.

Exemplo:

Um investidor passa uma ordem de compra de 500 ações ordinárias da


Copesul (CPSL3) especificando à Corretora para “administrar” a sua compra,
ou seja, procurar fazer isto quando achar ser o melhor momento do dia. Como
a ação está cotada a R$ 39,50 e tem uma valorização de 5% em relação à sua
cotação do dia anterior, sem qualquer motivo que seja de domínio público e
que justifique esta alta, e o mercado acionário, no mesmo momento apresenta
valorização de apenas 1,2%, a Corretora decide acompanhar o comportamento
dos negócios com esta ação, pois acredita que está exageradamente
valorizada, devendo ao longo do dia se ajustar aos parâmetros de valorização
do mercado no dia, quando espera então poder executar a sua compra, a um
preço abaixo da cotação atual.
Ordem Discricionária

A pessoa física ou jurídica que administra uma carteira de títulos e valores


mobiliários, de ações, por exemplo, ou um representante de mais de um cliente
estabelecem as condições de execução da ordem. Após sua execução, quem
deu a ordem para a negociação irá indicar:

- o nome do investidor (ou investidores);


- a quantidade de títulos e/ou valores mobiliários a ser atribuída a cada um
deles;
- o preço.

Exemplo:

Uma pessoa administra a carteira de ações de três investidores diferentes, que


têm uma disponibilidade de recursos para ser aplicado em ações de R$ 1
milhão. Após a análise de alternativas de investimento, ela decide dar uma
ordem à Corretora com que faço os negócios para compra de três ações,
descrevendo as condições para sua execução:

• R$ 400 mil em ações preferências da Weg (WEGE4), que está cotada a


R$ 17,05 (alta de 0,50% no dia) e que pode ser comprada no intervalo
de R$ 17,00 a R$ 17, 10, no máximo;

• R$ 300 mil em ações ordinárias da Light (LIGT3) que está cotada a R$


25,80 (alta de 0,80% no dia) e que pode se comprada no intervalo de R$
25,50 a R$ 25, 70, no máximo; e

• R$ 300 mil em ações preferenciais classe A da Cia. Vale do Rio Doce


(VALE5) que está cotada a R$ 60,00 (alta de 2% no dia) e que pode se
comprada somente a no máximo R$ 59,80.

Levando em conta que a Corretora executou ao longo do dia todas as suas


ordens nos parâmetros previamente estabelecidos, será necessário fazer agora
a distribuição das compras entre os três diferentes investidores, quando se
levará em consideração a disponibilidade de recursos de cada um.
Feito isso, ela tem que informar à Corretora o nome (código) de cada cliente, a
quantidade de cada ação que cada um irá comprar e os respectivos preços.
No que se refere a preços, como a ordem de compra foi emitida ao mesmo
tempo para todos os investidores, e as compras foram feitas com diferentes
preços, dentro dos intervalos/limites estabelecidos, o correto é a utilização do
preço médio de compra de cada ação para todos os investidores, não
privilegiando e nem prejudicando nenhum dos três.

Ordem Limitada

A operação será executada por um preço igual, ou melhor, que o indicado pelo
investidor.

Exemplo:
Um investidor passa uma ordem de venda de 1.000 ações ordinárias das Lojas
Renner (LREN3) “limitada” a R$ 128,00. Como a cotação atual da ação está a
R$ 127,50 e as ofertas disponíveis no mercado são:

Preço Quantidade

- Para Compra: R$ 127,00 1.800


- Para Venda: R$ 127,99 2.100

A Corretora irá registrar sua oferta de venda no parâmetro estabelecido, ou


seja, a R$ 128, 00, e sua execução irão depender do interesse dos
compradores de fechar negócios até este nível de preço, não sendo, portanto,
assegurada a realização da venda das suas ações na oferta “limitada”.

Ordem Casada

É aquela constituída por uma ordem de venda de determinado ativo e uma


ordem simultânea de compra de outro, que só pode ser efetivada se ambas as
transações puderem ser executadas, podendo o interessado na execução da
negociação especificar qual das operações deseja ver executada em primeiro
lugar.

Exemplo:

Um investidor tem 500 ações preferenciais do Banco Itaú (ITAU4) que estão
cotadas a R$ 81,00 e que quer vender para, em seguida, comprar 600 ações
ordinárias do Banco do Brasil (BBAS3) que estão cotadas a R$ 67,50. Ele
informa à Corretora suas intenções (de comprar e de vender), mas especifico
que é necessário primeiro realizar a venda para depois efetuar a compra, tendo
em vista seu interesse de realizar uma negociação “casada”. Logo, caberá à
Corretora primeiramente efetuar a venda das ações do Banco Itaú para em
seguida realizar a compra das ações do Banco do Brasil.

Ordem On-Stop

É aquela em que é especificado o nível de preço a partir do qual a ordem deve


ser executada. Uma ordem on-stop de compra deve ser executada a partir do
momento em que, no caso de alta de preço, ocorra um negócio a preço igual
ou superior ao preço especificado. Uma ordem on-stop de venda deve ser
executada a partir do momento em que, no caso de baixa de preço, ocorra um
negócio a preço igual ou inferior ao preço especificado.

Exemplo 1:

Ordem de Compra on-stop:

As ações preferenciais – Classe “B” da Unipar (UNIP6), neste momento, estão


cotadas a R$ 1,82 e um investidor quer comprar 400.000 ações neste preço.
Ele passa esta orientação para a Corretora e deixa estabelecido que se a
cotação ultrapassar R$ 1, 82, a compra deverá ser executada imediatamente, a
preços de mercado, ou seja, nos preços disponíveis para a venda, a partir
daquele momento.

Exemplo 2:

Ordem de Venda on-stop:

As ações ordinárias da Sabesp (SBSP3), neste momento, estão cotadas a R$


299, 00, mas um determinado investidor quer vender a R$ 300,00. Ele passa
esta ordem de venda para a Corretora e deixa estabelecido que se a cotação
cair e vier atingir R$ 298, 00, não sendo possível vender neste preço (por falta
de comprador), a venda deverá ser feita para a melhor oferta de compra que
existir, independentemente do preço da oferta de compra.
2.6 – O QUE É UMA OPERAÇÃO DAY TRADE

Operação Day-trade é a operação iniciada e terminada no mesmo dia,


envolvendo uma mesma ação, um mesmo investidor, e realizada na mesma
Corretora.

Exemplo 1:

No começo do dia um investidor deu uma ordem de compra de uma


determinada ação para a Corretora com a qual negocia que a executou
prontamente. Algumas horas depois, por questões específicas, a ação se
encontrava com sua cotação bastante elevada. Como o investidor considerou a
valorização observada no dia, expressiva e acima de suas expectativas iniciais
de ganho, resolveu vender a ação comprada pela manhã, no mesmo dia,
realizando assim uma operação de day-trade, ou seja, de compra e venda no
mesmo dia.

Exemplo 2:

Os jornais e a mídia eletrônica noticiaram a descoberta de grandes jazidas de


petróleo na Bacia de Santos pela Petrobrás. As ações, na abertura dos
negócios, apresentam forte valorização.

No entanto, como não foram informadas as condições de prospecção, os


investimentos necessários para sua operacionalização e o prazo necessário
para a viabilização comercial desta descoberta, o que fez um grande investidor
acreditar que a cotação da ação deverá se ajustar, ou seja, se desvalorizar tão
logo estas informações venham ao mercado.

Ele resolve então vender uma determinada quantidade de ações da Petrobrás


que possui e que neste momento estão bastante valorizadas.

No decorrer do dia, na medida em que novos dados a respeito da recente


descoberta vêm ao conhecimento do mercado, as ações se ajustam, ou seja,
se desvalorizam, e ao alcançarem um nível de preço que ele considere
rentável, mando executar a compra da mesma quantidade de ações
anteriormente vendida, encerrando a operação.

Observação: Nos dois exemplos citados, o resultado foi positivo. No entanto,


cabe salientar que poderiam não ter dado certo, resultando em perdas.
2.7 – HOME BROKER

Home Broker é um canal de relacionamento entre os investidores e as


Corretoras que torna mais ágil e simples as negociações no mercado acionário,
permitindo ao investidor a execução direta de ordens de compra e venda de
ações pela Internet, e possibilitando também seu acesso às cotações de
mercado, o acompanhamento da performance de sua carteira de ações, entre
vários outros recursos.

No entanto, a disponibilização deste instrumento eletrônico de negociação


necessita da aprovação prévia das Corretoras, tendo em vista envolverem a
liberação de limites financeiros para serem operacionalizados, uma vez que é o
investidor, sem a intermediação do profissional de uma Corretora que é quem
estará diretamente comprando e vendendo ações diretamente, através da
Internet.

Isso equivale a aprovação de um limite de crédito ao investidor, que estará


utilizando e realizando negociações com ações pelo seu Home Broker,
procurando assim a Corretora se resguardar de todos os riscos de uma
eventual falta de recursos para a liquidação financeira das operações
realizadas pelo investidor.
2.8 – OS MERCADOS DA BOVESPA

Os mercados disponíveis para negociação na Bovespa são: À Vista; A Termo;


e De opções. Cada um destes mercados possui características próprias em
relação a funcionamento, liquidação financeira e risco.

O Mercado à Vista

Mercado à Vista é aquele no qual a liquidação física (entrega das ações


compradas/vendidas) entre as Corretoras se processa no 2º dia útil após a
realização do negócio na Bovespa e a liquidação financeira (pagamento e
recebimento do valor da operação) se dá no 3º dia útil posterior à negociação,
e somente após a efetiva liquidação física das ações entre as Corretoras. Logo,
quem comprou ou vendeu ações, somente no 3º dia útil após a negociação é
que irá dispor das ações ou do valor resultado da venda de ações.
A liquidação física e financeira é processada pela Companhia Brasileira de
Liquidação e Custódia (CBLC).

Exemplo:

No dia 19 de fevereiro de 2007, uma segunda-feira, um investidor efetuou a


compra de 1.000 ações preferenciais do Bradesco (BBDC4) e pagou por cada
ação R$ 87, 00, o que totalizou R$ 87.000,00. Como a liquidação financeira
ocorre daqui a três dias úteis (D + 3), somente na próxima quinta-feira, ou seja,
dia 22 de fevereiro de 2007, é que ele vai precisar disponibilizar o valor total da
compra na sua conta corrente bancária indicada para a liquidação financeira de
minhas negociações com ações.

O Mercado a Termo

Mercado a Termo são operações com prazos de liquidação futura, em geral, de


30, 60 ou 90 dias, podendo atingir no máximo 180 dias. Para aplicações no
mercado a termo são requeridos, além do registro na CBLC, um limite mínimo
para a transação e depósito de valores na CBLC — tanto pelo vendedor como
pelo comprador —, utilizados como margem de garantia da operação. O
contrato de uma compra a termo permite que sua liquidação aconteça antes de
seu vencimento.

Exemplo:

Após uma análise detalhada das perspectivas de resultado das Lojas


Americanas, que nos próximos dias irá divulgar seu balanço anual, e um
significativo lucro líquido no período, e tendo em vista não dispor de recursos
suficientes para a compra de um bom volume de suas ações, um investidor
resolve fazer uma “compra a termo” de suas ações por um prazo de 30 dias.
Isto significa que através da Corretora com a qual negocio, ele pretende
comprar 500 ações preferenciais, das Lojas Americanas (LAME4), que estão
sendo cotadas a R$ 127, 00, e que, portanto, irá totalizar R$ 63.500,00, valor
este, que deverá ser acrescido de uma taxa de juros (financiamento) e ser
liquidado daqui a 30 dias.

A Corretora irá informar a taxa de financiamento disponível, que normalmente


se refere ao percentual equivalente à variação do CDI (Certificado de Depósito
Interbancário) no período, e o respectivo valor de liquidação da sua compra a
termo. Vejamos:

- Cotação atual da ação das Lojas Americanas (LAME4): R$ 127,00


- Quantidade a ser comprada “a termo”: 500 ações
- Prazo da minha negociação “a termo”: 30 dias
- Taxa de financiamento para o período: 1,50%
- Total a ser liquidado no vencimento (daqui a 30 dias): R$ 64.452,50, ou R$
128,91 por ação.

Algumas considerações sobre as negociações no mercado a termo:

- O vendedor tem que disponibilizar à Bovespa as ações objeto da negociação;


- A Bovespa exige um depósito previamente definido (em valores mobiliários ou
dinheiro), chamado margem de garantia, por parte do comprador.

Observação: CDI é um título criado pela autoridade monetária para lastrear as


trocas de reservas financeiras entre as instituições bancárias.

O Mercado de Opções

As Opções são uma das modalidades operacionais que compõem o mercado


de derivativos, que são instrumentos financeiros que permitem a transferência
do risco entre os participantes, e que não será objeto de aprofundamento no
presente curso.

Uma opção é o direito que seu possuidor tem de comprar ou vender uma
quantidade específica de ações, a um preço previamente determinado e em
uma data pré-estabelecida ou a qualquer tempo até a data de seu vencimento.

Como o nome afirma, o comprador de uma opção tem a escolha ou a


oportunidade de comprar ou vender o ativo objeto da negociação, ou seja, a
ação. Já o vendedor de uma opção é quem proporciona ao comprador esta
oportunidade.

Alguns termos importantes utilizados no mercado de opções:

• Ativo Objeto: é o ativo que se está negociando, que neste caso são as
ações;
• Titular de uma opção: é o detentor da opção, o comprador, aquele que
possui o direito de comprar ou vender o ativo objeto;
• Lançador de uma opção: é o vendedor da opção, aquele que possui
obrigações junto ao titular;
• Prêmio de uma opção: é o valor da opção que é negociado entre as
partes (titular e lançador). É o valor pago pelo titular para ter direito de
compra (Call) ou de venda (Put) e o valor recebido pelo vendedor. Este
terá, portanto, uma obrigação com o titular;
• Preço de Exercício: preço pelo qual o titular poderá exercer o seu
direito de:

- Comprar o ativo objeto se for uma opção de compra; ou


- Vender o ativo objeto se for uma opção de venda.

• Data de Exercício: último dia no qual a opção poderá ser exercida.

Assim podemos concluir que o Comprador de uma Opção de Compra é o


titular que tem o direito de comprar o ativo objeto por um preço de exercício
até ou na data de exercício da opção.

O Vendedor de uma Opção de Compra é o lançador, aquele que possui a


obrigação de vender o ativo objeto por um preço de exercício até ou na data
de exercício, se o titular assim o quiser.

Já o Comprador de uma Opção de Venda é o titular que tem o direito de


vender o ativo objeto por um preço de exercício até ou na data de exercício.

E o Vendedor de uma Opção de Venda é o lançador, aquele que possui a


obrigação de comprar o ativo objeto por um preço de exercício até ou na data
de exercício, se o titular assim o desejar.

As Opções de Compra

A Opção de Compra, também chamada de Call no mercado, é um tipo de


opção que dá o direito ao seu titular de comprar o ativo objeto e,
conseqüentemente, confere ao lançador a obrigação de vender o ativo objeto
ao titular, caso este assim desejar.

O comprador de uma Call (Opção de Compra) aposta na alta do preço do ativo


objeto. Caso isso ocorra, o lançador será exercido e o comprador venderá o
ativo objeto (neste caso a ação), por um preço maior encerrando assim sua
posição e auferindo um lucro, que é a diferença entre o preço do contrato
exercido e vendido, menos o prêmio pago.

Exemplo:

Comprando uma Opção de Compra de ações (Call):


Após a análise da conjuntura econômica local e externa, um investidor conclui
que o mercado acionário terá forte valorização nos próximos meses. Como ele
não dispõem de recursos suficientes para comprar ações preferenciais da
Petrobrás no Mercado à Vista, decide negociar no Mercado de Opções.
Ele verifica que:

- O ativo objeto, ou seja, a ação preferencial da Petrobrás está cotada a R$


46,50;
- O próximo vencimento de Opções será daqui a 25 dias;
- As séries de Opções da Petrobrás e os respectivos Prêmios são:

Série Preço de Exercício Prêmio


PETR46 R$ 46,00 R$ 1,50
PETR48 R$ 48,00 R$ 0,80
PETR50 R$ 50,00 R$ 0,30
PETR46 R$ 52,00 R$ 0,10

Como eu acredito que as ações da Petrobrás têm grandes chances de superar


a cotação de R$ 48,80 (Preço de Exercício de R$ 48,00 + Prêmio pela compra
da titularidade de Opção: R$ 0,80), resolvo comprar 2.000 Opções da série
PETR48 pagando por isso R$ 1.600,00 (R$ 0,80 x 2.000).

Hipótese 1:
Daqui a 25 dias, quando do vencimento das Opções, as ações preferenciais da
Petrobrás estão cotadas a R$ 50,00 e ele exerce seu direito de comprar as
ações, tendo em vista sua titularidade da Opção de Compra e simultaneamente
efetui a venda destas ações no Mercado à Vista, tendo assim um lucro de R$
2.400,00.

Venda no Mercado à Vista: R$ 50,00 x 2.000 = R$ 100.000,00


Exercício da Opção de Compra: R$ 48,00 x 2.000 = R$ 96.000,00
Gasto com a Compra do Prêmio de Opção: R$ 0,80 x 2.000 = R$ 1.600,00

Resultado Líquido: R$ 100.000,00 – R$ 96.000,00 – R$ 1.600,00 = R$


2.400,00

Hipótese 2:
Daqui a 25 dias, quando do Vencimento das Opções, as ações preferenciais da
Petrobrás estão cotadas a R$ 47,10 e ele não exerce seu direito de comprar as
ações e perde o valor gasto com as Opções de Compra, ou seja, R$ 1.600,00.

Ele não exerce o seu direito de comprar a ação, que é garantido pela Opção de
Compra que tem, porque será mais barato comprar a ação no mercado, uma
vez que sua cotação é R$ 47, 10, pois se ele exercesse sua Opção de Compra
teria que pagar R$ 48, 00, não se justificando, portanto o exercício de seu
direito.
No que se refere ao vendedor de uma Call (Opção de Compra), este, por sua
vez, aposta em um movimento de queda de preço do ativo objeto. Em termos
de risco, caso o comprador não exerça seu direito, perde o prêmio pago, e o
lançador ganha todo o valor do prêmio.

Entretanto, se o preço do ativo objeto corresponder à expectativa do titular da


Call, o lançador será exercido pelo preço de exercício da opção e encerrará
sua posição em aberto, registrando um prejuízo, ou seja, o preço de compra do
ativo menos o prêmio recebido. O risco do lançador, caso seja exercido,
corresponde à diferença entre o preço da compra do ativo objeto e o valor do
prêmio recebido. Podemos dizer que o risco ou o prejuízo do lançador de uma
Call é indeterminado e potencialmente ilimitado e que o do comprador de uma
Call é limitado ao prêmio pago ao lançador.

As Opções de Venda

A Opção de Venda, também chamada de Put no mercado, é um tipo de opção


que dá o direito ao seu titular de vender o ativo objeto e, ao lançador da opção,
a obrigação de comprar o ativo objeto do titular, caso este assim desejar.

O comprador de uma Put aposta na queda do preço do ativo objeto. Caso isso
ocorra, o lançador da Put será exercido e o comprador encerrará sua posição,
vendendo o ativo objeto (neste caso a ação), por um preço maior que o de
mercado, obtendo assim um lucro. Neste caso, o lançador, que acreditava na
possibilidade de alta de preço, ao ser exercido, encerra sua posição no
mercado.

Numa posição de Put, o lucro do comprador, bem como o prejuízo do lançador,


é limitado à diferença entre o preço de exercício e o preço de mercado do ativo,
menos o prêmio pago, cujo menor valor é zero, o que faz com que o maior
lucro possível seja o próprio preço de exercício.
2.9 – OS CUSTOS DE TRANSAÇÃO

Até agora nossos exemplos não contemplaram a incidência de qualquer tipo de


encargo sobre as transações nos Mercados à Vista, a Termo ou de Opções. No
entanto, toda e qualquer negociação realizada nestes mercados tem a
incidência de encargos tanto da Corretora como da Bovespa.

Sobre as operações realizadas no mercado à vista incide a taxa de


corretagem que é cobrada pela Corretora sobre o total de compras e vendas
realizadas no dia e as taxas de negociação (também conhecida como
emolumentos) cobrada pela Bovespa.

Exemplo:

Hoje, um investidor efetuou uma compra de ações ordinárias da CCR


(CCRO3) no total de R$ 20.000,00 e uma venda de ações preferenciais do
Bradesco (BBDC4) no total de R$ 18.000,00.

A operação de compra e venda totalizou R$ 38.000,00 no dia e o cálculo dos


Custos de Transação são assim calculados:

- Corretagem: 0,50% sobre o total da negociação + R$ 25,21 (*)


- Emolumentos: 0,035% sobre o total da negociação

Cálculo:

- Corretagem: (R$ 38.000,00 x 0,500%) + R$ 25,21) = R$ 215,21


- Emolumentos: (R$ 38.000,00 x 0,035%) = R$ 13,30

Total dos Custos de Transação: R$ 228,51 (R$ 215,21 + R$ 13,30)

(*) Para negociações superiores a R$ 3.000,00;


2.10 – A TRIBUTAÇÃO

O lucro líquido obtido pelo investidor no mercado à vista é tributado à alíquota


de imposto de renda vigente, como ganho de renda variável.
O ganho de renda variável é calculado da seguinte forma:

Preço de venda da ação –> preço de compra –> custos de transação


(corretagem e emolumentos)

Prejuízos obtidos nesse e em outros mercados (mercado de opções, por


exemplo) podem ser compensados, exceto quando se referirem a operações
iniciadas e encerradas no mesmo dia (Day-trade), que somente poderão ser
compensados com ganhos em operações da mesma espécie, ou seja, em
outro Day-trade.

Alíquotas Vigentes

- 15% para ganhos obtidos em negociações nos Mercados à Vista, a Termo e


de Opções;

- 20% para ganhos obtidos em negociações que se caracterizem como sendo


de Day-trade.

A legislação tributária (Lei 11.044, de 21 de dezembro de 2004) isentou de


Imposto de Renda os ganhos obtidos com a venda de ações cujo volume
mensal seja igual ou inferir a R$ 20.000,00.

Os ganhos obtidos com a venda de ações em operações de venda superior a


R$ 20.000,00, devem, portanto, serem tributados em 15% (incidente somente
sobre o lucro) e ter o seu recolhimento efetuado através de DARF (formulário
destinado ao recolhimento de tributos) até o último dia do mês seguinte ao da
realização da operação.
MÓDULO 3

AS VANTAGENS DO INVESTIMENTO EM AÇÕES

3.1 - Os Dividendos
3.2 - Os Juros sobre o Capital Próprio
3.3 - A Bonificação em Ações (Split)
3.4 - Os Direitos de Subscrição
3.5 - A Governança Corporativa
3.1 – OS DIVIDENDOS

Quando compramos ações, um dos primeiros propósitos deste investimento é o


de que as ações se valorizem, aumentem de preço e, conseqüentemente, nos
proporcionem ganhos quando formos vendê-las.

Uma outra expectativa é de que no período em que formos acionistas da


empresa da qual possuímos ações, a mesma tenha lucros crescentes e que
distribua parte destes lucros em dinheiro, na forma de proventos (dividendos ou
juros sobre o capital), aos que possuem suas ações.

O investidor em ações também espera fazer jus a todos os benefícios


concedidos pela empresa da qual possui ações e que são de seu interesse,
tais como o direito de preferência de compra de novas ações que a empresa
resolver vender a mercado e eventuais bonificações (prêmios) em ações ou em
dinheiro que a empresa resolver distribuir.

Logo, investir em ações não é só lucrar com a sua valorização no mercado,


mas também ter direito a receber e a participar de todos os benefícios
concedidos pela empresa da qual temos ações.

A participação nos resultados de uma empresa é feita sob a forma de


distribuição de dividendos em dinheiro, em percentual a ser definido pela
empresa, de acordo com os seus resultados, referentes ao período
correspondente ao direito. Quando uma empresa obtém lucro, em geral é feito
um rateio, que destina parte deste lucro para reinvestimentos, parte para
reservas e parte para pagamento de dividendos.

A legislação brasileira obriga as empresas de capital aberto a pagarem no


mínimo 25% do seu lucro líquido sob a forma de dividendos aos portadores de
ações ordinárias (ON) e 27,5% aos detentores de ações preferenciais (PN). No
entanto, boa parte das empresas distribui aos seus acionistas valores bastante
acima dos percentuais mínimos estabelecidos por lei.

Nos casos em que o percentual é omisso nos estatutos, a legislação prevê a


distribuição mínima de 50% do lucro líquido ajustado.

O pagamento dos dividendos é feito em dinheiro, na conta em que o acionista


custodia suas ações, e não há incidência de imposto de renda.
3.2 – OS JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO

A partir de 1999, foi permitido às empresas deduzirem, para efeitos de


apuração do lucro real, os juros que remuneram o capital investido pelos
acionistas. O parâmetro de cálculo desta remuneração é a TJLP (Taxa de
Juros de Longo Prazo).

As empresas, quando da distribuição de resultados aos seus acionistas, podem


optar por remunerá-los por meio do pagamento de juros sobre o capital próprio,
em vez de distribuir dividendos, desde que sejam atendidas determinadas
condições estabelecidas em regulamentação específica. Veja:

Critérios para distribuição: O valor dos juros a serem pagos tem como base o
montante do Patrimônio Líquido, subtraída a Reserva de Reavaliação, e é
limitado a 50% do total dos Lucros Acumulados, ou a 50% do Lucro Líquido do
exercício, dos dois o maior, desde que haja lucro no exercício. No entanto, nem
todas as empresas optam pela distribuição destes juros, o que torna difícil a
comparação entre empresas do mesmo setor.

A tributação: O valor destinado ao pagamento dos juros sobre o capital próprio


é dedutível do imposto de renda da empresa, mas o acionista é tributado com
15% de imposto de renda, sendo o recolhimento feito pela fonte pagadora, ou
seja, a empresa que o está distribuindo.
3.3 – A BONIFICAÇÃO EM AÇÕES (SPLIT)

A bonificação de ações advém do aumento de capital de uma sociedade,


mediante a incorporação de reservas e lucros, quando são distribuídas
gratuitamente novas ações a seus acionistas, em número proporcional às já
possuídas.

As empresas podem decidir por dar maior ou menor liquidez às suas ações no
mercado acionário. Para tanto, utilizam os mecanismos de bonificação
(também conhecido como desdobro ou “split” em inglês), ou agrupamento
(“inplit”).

O “split” é a substituição das ações já em circulação por uma nova emissão de


ações com valor nominal menor do que as anteriores. Para que haja
equivalência do valor, é emitida uma quantidade maior de ações. Este
mecanismo torna as ações mais líquidas, pois permite o acesso a uma
quantidade maior de investidores.

Já o “inplit” de ações se refere à substituição dos papéis já em circulação por


uma nova emissão de ações com valor nominal maior do que as anteriores.
Para que haja equivalência do valor, é emitida uma quantidade menor de
ações.

Veja um exemplo com a parte de um comunicado feito por uma empresa com
ações negociadas na Bovespa sobre bonificação em ações.

Exemplo:

Aumento do Capital Social de R$ 3.471.312.349,01 para R$ 5.206.968.523,52,


mediante a capitalização de Reservas para Investimentos e Capital de Giro,
com emissão de novas ações e o crédito de 50 (cinqüenta) ações bonificadas
para cada grupo de 100 ações possuídas no próximo dia 11/04/2005, data da
capitalização das reservas, observadas as espécies. Desta forma, a base
acionária será ampliada em 148.354.011 novas ações, passando de
296.708.022 para 445.062.033 ações. O custo unitário atribuído às ações
bonificadas, em conformidade com o que dispõe o parágrafo 1º do Art.25 da
IN/SRF nº. 25/2001, é de R$ 11,70.

Observe que:

- A empresa aumentou o seu Capital Social incorporando reservas de lucros


passados e que estavam descritos em seu balanço como “Reservas para
Investimentos em Capital de Giro”;

- O Capital Social é aumentando em R$ 1.735.656174,51, ou seja, 50% em


relação ao atual;

- Este aumento no Capital Social é acompanhado da emissão de novas ações:


50 novas ações para cada 100 ações possuídas;
- A base acionária da empresa, conseqüentemente, será ampliada em 50%,
saltando de 296.708.022 ações para 445.062.033 ações;

- Com isso, o acionista que tem uma ação da empresa passa a ter 1,5 ação,
recebendo “meia” ação, gratuitamente, como bonificação;

- Na bolsa de valores, a ação que é cotada a R$ 43, 00, após a bonificação,


terá seu preço ajustado à nova base acionária. Logo, sua cotação passará a
ser de R$ 28,67 (43,00/1,5);

- Para o acionista desta ação, esta “redução” no preço da cotação não significa
perda, uma vez que a partir de agora, ele passa a ter 1,5 ação.

Veja: eu tinha 1.000 ações que considerando a cotação anterior à bonificação


(R$ 43,00) totalizava R$ 43.000,00. Agora eu tenho 1.500 ações que
multiplicadas pela cotação após a bonificação (R$ 28,67) também totaliza R$
43.000,00;

- O principal benefício de uma bonificação é que suas ações ficam acessíveis a


um maior número de investidores, tendo em vista sua cotação ficar mais
“barata” para a compra.

Excepcionalmente, além dos dividendos, uma empresa poderá conceder a


seus acionistas uma participação adicional nos lucros, por meio de uma
bonificação em dinheiro.
3.4 – OS DIREITOS DE SUBSCRIÇÃO

Quando uma empresa que já possui ações negociadas na bolsa de valores


decide aumentar o seu capital social, ou seja, ampliar o volume de recursos
próprios, utilizando para isso a venda de novas ações no mercado, estas novas
ações, primeiramente tem que ser oferecidas a todos os atuais acionistas da
empresa. Isto é o direito de subscrição de uma ação.

Normalmente, após a aprovação do aumento do capital social pela empresa, é


estipulado um prazo para que os atuais acionistas exerçam ou não o seu direito
de subscrição para as novas ações que estão sendo colocadas a venda, e
continue mantendo o percentual de participação que possui na empresa ou
não.

Passado o prazo para o exercício deste direito (em média 30 dias), as ações
que não foram subscritas, ou seja, compradas pelos atuais acionistas, serão
ofertadas ao mercado.

Para que um acionista exerça ou não o seu direito de preferência, o fator


determinante será o preço de venda das novas ações. Se for muito acima do
valor que está sendo negociada no mercado, muito provavelmente não haverá
atrativo para a sua compra.

Outro fator a ser considerado diz respeito à diluição da participação que os


acionistas atuais terão na empresa após este novo aumento de capital social.
Caso a empresa esteja dobrando o seu capital e o acionista não exerça o seu
direito de preferência, conseqüentemente estará reduzindo sua participação
acionária na empresa e reduzindo o percentual de benefícios futuros que
receberá.

Exemplo:

A atual situação de uma pessoa como acionista em uma determinada empresa


é a seguinte:

Capital Social atual: R$ 1.000.000,00


Quantidade de Ações: 1.000.000
Quantidade de Ações que possuo: 100.000

Logo, ele te 10% de participação nas ações da empresa.

É aprovado um aumento no capital social de R$ 2.000.000,00, mediante a


venda de 1.000.000 de novas ações, ao preço de subscrição de R$ 2,00 cada.
Por questões pessoais o acionista não se interessa em comprar novas ações
da empresa, uma vez que teria que desembolsar R$ 200.000,00, ou seja, o
equivalente aos 10% em ações que já possuo na empresa, e deixa de exercer
o seu direito de subscrição no novo aumento do capital social da empresa.
Sua situação após o aumento do capital social, não tendo exercido o seu direito
de subscrição:

Capital Social atual: R$ 3.000.000,00


Quantidade de Ações: 2.000.000
Quantidade de Ações que possuo: 100.000

Com isso, passa a ter apenas 5% de participação nas ações da empresa e,


conseqüentemente, quando houver a distribuição de dividendos, por exemplo,
ao invés de receber o equivalente a 10% do que vier a ser pago, como
acontecia antes do recente aumento do capital social, passará a receber
somente 5%, tendo em vista não ter exercido seu direito de subscrição.
3.5 – A GOVERNANÇA CORPORATIVA

Governança Corporativa é um conceito relativamente recente no Mercado de


Capitais do Brasil, e que pode ser definido como sendo um esforço em alinhar
os objetivos da administração de uma empresa com os interesses dos seus
acionistas. Este esforço envolve práticas e relacionamentos entre os acionistas,
o Conselho de Administração da empresa, sua Diretoria, a Auditoria
Independente (obrigatória em uma empresa com ações no mercado) e o
Conselho Fiscal.

O exercício de boas práticas de Governança Corporativa permite às empresas


uma administração e um direcionamento uniforme, muito próximo dos
interesses dos acionistas, com a participação de todos os envolvidos, podendo
isto se refletir de forma muito positiva no valor das ações da empresa no
mercado acionário.

Para as empresas que já têm ações negociadas na bolsa de valores e para


aquelas que estão em processo de abertura de seu capital para novos
acionistas, a Bovespa organizou três níveis de Governança Corporativa,
chamados de Nível I, Nível II e Novo Mercado, com diferentes graus de
exigência em relação às práticas de governança.

A adesão das empresas a esses níveis de governança tem sido gradual,


obedecendo aos interesses de cada uma em relação ao mercado e à
disposição em disponibilizar mais informações ao mercado e a dar mais direito
aos acionistas como um todo. Os Níveis I e II, acessíveis a todas as empresas,
têm as seguintes exigências:

Nível I

Para as empresas que aderem a práticas diferenciadas de Governança


Corporativa e que contemplam basicamente as regras de transparência e
dispersão de controle acionário.

• Realização de ofertas públicas de ações que permitam a adesão do


maior número possível de novos acionistas;
• Manutenção de um free float (percentual de ações disponível para
negociação em bolsa de valores) de pelo menos 25% do capital da
empresa;
• Melhoria constante na qualidade das informações prestadas
trimestralmente aos acionistas e ao mercado;
• Cumprimento de regras de disclosure (transparência na política de
divulgação de informações sobre a empresa), em negociações
envolvendo ativos de emissão da sociedade por parte de acionistas
controladores ou administradores da empresa;
• Divulgação de acordos de acionistas e programas de stock options
(prêmios de ações);
• Disponibilizar ao mercado acionário um calendário anual de eventos
corporativos da empresa.
Nível II

Para as empresas que além das regras existentes no Nível I, também adotam
regras de equilíbrio de direitos entre os acionistas controladores e os acionistas
minoritários.

• Mandato unificado de um ano para todo o Conselho de Administração da


empresa;
• Disponibilizar balanço anual de acordo com as normas contábeis
internacionais;
• Em caso de venda do controle acionário da empresa, extensão das
mesmas condições obtidas pelos controladores para todos os acionistas
detentores de ações ordinárias, e de, no mínimo, 70% deste valor para
os detentores de ações preferenciais. Este tipo de prática é também
conhecido por tag along;
• Direito de voto às ações preferenciais em alguns assuntos, tais como
transformação, incorporação, cisão e fusão da empresa, além de
aprovação de contratos entre empresas do mesmo grupo;
• Obrigatoriedade de realização de uma oferta de compra de todas as
ações disponíveis no mercado, pelo valor em que estão sendo cotadas
na bolsa de valores, na hipótese de fechamento do capital ou de
cancelamento do registro de negociação neste nível;
• Adesão à Câmara de Arbitragem para a solução de conflitos societários.

Novo Mercado

Destinado às empresas que só emitem ou possuem ações ordinárias, ficando


proibida a emissão de ações preferenciais, e que tenham o compromisso de
manter um free-float (ações disponíveis para negociação) mínimo de 25% do
total das ações e busquem as melhores práticas de governança possíveis, a
saber:

• Realização de ofertas públicas de ações que permitam a adesão do


maior número possível de novos acionistas;
• Manutenção de um free float (percentual de ações disponível para
negociação em bolsa de valores) de pelo menos 25% do capital da
empresa;
• Em caso de venda do controle acionário da empresa, extensão das
mesmas condições obtidas pelos controladores, para todos os
acionistas;
• Estabelecimento de um mandato unificado de um ano para todo o
Conselho de Administração da empresa;
• Disponibilizar balanço anual de acordo com as normas contábeis
internacionais;
• Melhoria constante na qualidade das informações prestadas
trimestralmente aos acionistas e ao mercado;
• Cumprimento de regras de disclosure (transparência na política de
divulgação de informações sobre a empresa), em negociações
envolvendo ativos de emissão da sociedade por parte de acionistas
controladores ou administradores da empresa;
• Obrigatoriedade de realização de uma oferta de compra de todas as
ações disponíveis no mercado, pelo valor em que estão sendo cotadas
na bolsa de valores, na hipótese de fechamento do capital ou de
cancelamento do registro de negociação no Novo Mercado.

Veja abaixo um comunicado de uma empresa que atualmente está no Nível I e


governança e está migrando para o Novo Mercado.

Comunicado da Empresa Nível I e Governança


MÓDULO 4

COBRANÇA JUDICIAL

4.1 - Análise Gráfica


4.2 - Análise Fundamentalista
4.3 - Principais Indicadores Econômico-Financeiros de uma Empresa
4.4 - A Análise de Múltiplos
4.5 - Indicadores a serem levados em consideração
4.6 - Conclusão
4.1 – ANÁLISE GRÁFICA

É importante saber que a decisão de investir na bolsa de valores, ou seja, de


comprar ações, somente deve ser feita após conhecer as características do
mercado em que esse tipo de investimento está inserido, suas condições e
modalidades operacionais.

Após isso, devemos estabelecer os critérios que serão utilizados na seleção


das ações que serão compradas para investimento. As ferramentas mais
comuns para este processo decisório são as chamadas “Análise Gráfica”
(também conhecida como Análise Técnica) ou “Análise Fundamentalista”.

A Análise Gráfica avalia os movimentos ocorridos com uma determinada


ação, no que se refere aos seus preços e volumes passados. Estes
componentes geram gráficos que são interpretados pelos profissionais que
analisam o comportamento da ação no mercado, e suas tendências de alta ou
baixa nos pregões.

Na Análise Gráfica, são levados em conta dois conceitos muito importantes: os


pontos de suporte e resistência. O suporte é o nível de cotação de uma ação
onde muitos investidores estariam dispostos a comprar, de forma a evitar uma
queda de preço. Resistência é o nível de cotação de uma ação onde muitos
investidores estariam dispostos a vender, de forma a evitar uma alta no preço.

A Análise Gráfica não leva em consideração a performance da empresa


(vendas, lucros, crescimento, setor de atividade, etc.), seu passado, suas
perspectivas futuras e nem tampouco sua política de dividendos.

Podemos dizer que a Análise Gráfica é mais indicada para os investidores que
pretendem aplicar em ações buscando retorno no curto prazo, e a análise
fundamentalista para aqueles que têm como objetivo investir em ações para
obter retorno no médio / longo prazo.

Exemplo de Análise Gráfica


4.2 – A ANÁLISE FUNDAMENTALISTA

A Análise Fundamentalista avalia a empresa levando em consideração o seu


ramo de atividade, a conjuntura econômica local e externa, os demonstrativos
financeiros, os seus índices financeiros, a evolução observada nas vendas e no
lucro, e principalmente as projeções futuras de desempenho.

Com base nessas análises, é feita uma avaliação da tendência da empresa e


do preço de suas ações. Também são utilizados e comparados os chamados
múltiplos de mercado apurados, ou seja, alguns indicadores de comparação.

O processo de avaliação de empresas compreende a análise de aspectos


internos e externos das empresas. No âmbito externo, deve-se estudar o
comportamento da economia e, particularmente do setor em que a empresa
que se está analisando está inserida, a fim de se identificar as condições e
oportunidades que deverão refletir em seus resultados.

A partir daí, pode-se efetuar a construção de cenários indicativos, juntamente


com a probabilidade de sua ocorrência, que permitam a formação de uma base
para as projeções relativas à empresa em questão.

No contexto interno, a análise considera os níveis operacional, econômico-


financeiro e mercadológico da empresa em análise.

• A Análise Operacional aborda o nível de produção da empresa, pontos


de equilíbrio para a sua atual capacidade instalada, custos operacionais,
programas de investimento, tecnologia empregada, etc.

• A Análise Mercadológica é direcionada para o estudo do


comportamento das vendas da empresa, sua política comercial (que
envolve os canais de distribuição), margens praticadas, lançamentos de
novos produtos, concorrência, exportações, etc.

• A Análise Econômico-Financeira tem como enfoque a conjugação dos


fatores relacionados a analise operacional e mercadológica refletida nos
números oficiais divulgados pelas empresas, ou seja, em seu balanço
patrimonial e demonstrativo de resultados.

Ao se analisar a estrutura patrimonial de uma empresa, ao longo de uma série


de anos (exercícios sociais), é possível avaliar a sua capacidade de agregar
valor em suas operações.
4.3 – OS PRINCIPAIS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS DE UMA
EMPRESA

Os principais Indicadores Econômico-Financeiros de uma Empresa são:

• Liquidez: refletem a situação da empresa em relação a sua base de


recursos, isto é, a capacidade de se administrar os passivos através dos
investimentos em ativos. Através dos índices de liquidez é possível
saber a capacidade da empresa em saldar suas dívidas;
• Endividamento: demonstram a estratégia de administração do passivo
da empresa, ou seja, qual o perfil das origens de recursos para os
investimentos da empresa. Entre as formas de investimentos, considera-
se desde o investimento em imobilizado até os investimentos em
estoques e insumos que irão prover os fluxos, a fim de se remunerar a
estrutura de capital;
• Rentabilidade do Patrimônio Líquido: informa a relação entre o
resultado da empresa e o total do capital investido. No entanto, esta
relação se mostra bastante frágil na análise da rentabilidade de
empresas, pois mudanças na estrutura de capital, sem reflexo em seus
custos atribuídos, podem ocasionar em alterações neste indicador.
• Margem Líquida: Reflete o quanto a empresa obtém de lucro líquido,
em relação às venda líquidas, permitindo uma análise dos prováveis
efeitos de alterações nas vendas, obviamente inseridas em limites de
controle em que se observam indicadores constantes, no lucro líquido da
empresa.
4.4 – A ANÁLISE DOS MÚLTIPLOS

Uma outra ferramenta da análise fundamentalista é a avaliação por múltiplos,


que refletem o desempenho da empresa, através da apuração de indicadores
históricos e prospectivos, originados por projeções financeiras.

Tais indicadores visam adequar critérios de comparação com relação ao preço


da ação, dos retornos esperados e da sua eficiência operacional. Na seleção
de empresas para se investir, é importante se deter na análise dos múltiplos da
Ação, de Eficiência e de Retorno. Veja a definição de cada um:

Os Múltiplos da Ação

Os múltiplos de ação têm como objetivo facilitar a identificação de um


investimento, considerando a divisão do preço (cotação) da ação no mercado
acionário em relação ao potencial de lucros, sobre a estrutura de geração de
caixa da empresa, sobre seu faturamento e sobre o seu valor de livro (valor
contábil da empresa), sempre se buscando visualizar o desempenho por um
período em evidência e também perante outras ações de empresas correlatas
negociadas em bolsas de valores.

• Índice Preço – Lucro (P/L) ou “Índice P/L”

A sua interpretação está relacionada ao retorno de um investimento no tempo,


considerando-se que não ocorram mudanças nas variáveis indicadas, por
exemplo, um P/L de 7 vezes representa o tempo para o retorno do capital
investido.

A utilização inversa de Preço da ação / Lucro por ação, considerando também


a estabilidade das variáveis, indica a taxa anual de retorno deste investimento.

Como o raciocínio deste índice é utilizado para o valor atual da ação; pode-se
calcular o índice P/L normalizado, que se origina da condição de um preço
target (preço alvo) para a ação, projetado para o final de um período “n” e de
um lucro igualmente projetado para este mesmo período.

O comportamento do índice P/L, entre empresas correlatas, pode indicar


alguns aspectos que merecem ser interpretados mais profundamente, como
por exemplo: um indicador de uma empresa mais elevado que o de uma
concorrente pode significar uma baixa expectativa de crescimento de
resultados ou a sobrevalorização da ação no período apontando. Desta forma,
visualizamos que este indicador tem seus fundamentos atrelados a algumas
condições:

- Payout: que se refere à política de remuneração do acionista, em parte


decorrente de disposições estatutárias, e também da política de financiamento
(proporção de capital de terceiros e capital próprio e, quanto a este último,
dependendo das possibilidades e dos custos de lançamento de novas ações);
- Taxa de Crescimento dos Lucros: que são as perspectivas de crescimento
da economia, do setor em que opera a empresa, e dentro do setor, da
competitividade relativa da empresa; e

- Taxa de Desconto: que diz respeito ao risco sistemático da ação e condições


de mercado.

• Índice Preço – Fluxo de Caixa

Relaciona o preço praticado no mercado em proporção aos valores


provenientes de sua geração de caixa, ou seja, quanto o mercado paga para a
ação em relação à criação de valor pela empresa considerando a origem e
aplicações de recursos relacionados com suas operações próprias, financeiras,
aportes de capital e desembolsos com projetos de expansão.

A comparação deste indicador deve observar a metodologia utilizada, que pode


abranger diferentes critérios de indicação para fluxo de caixa, ou seja, pelo
fluxo bruto, o operacional ou o líquido. Da mesma forma que o índice P/L, este
indicador pode refletir, ou não, a sobrevalorização da ação.

• Índice Preço – Valor Patrimonial

Demonstra a proporção entre o preço que os investidores pagam pela ação no


mercado acionário e o valor de livro da empresa, ou seja, o seu valor
escriturado de Patrimônio Líquido dividido pela base acionária em um período
determinado.

Da mesma forma, considerando a base acionária atual podemos apurar o Valor


de Mercado da empresa, o que, comparado ao seu Patrimônio Líquido,
demonstra o ágio (o Valor de Mercado está superior ao seu Patrimônio Líquido)
ou o deságio (o Valor de Mercado está inferior ao seu Patrimônio Líquido) que
é praticado na bolsa de valores em que suas ações estão sendo negociadas.

Observação: Valor de Mercado é igual o valor da cotação da ação na bolsa de


valores multiplicado pela quantidade total de ações da empresa.

No mercado acionário brasileiro, inúmeras ações são cotadas em proporção


superior ao seu valor patrimonial, o que pode significar: uma perspectiva
crescente de resultados e/ou no caso de empresas com prejuízos no passado,
forte redução do seu Patrimônio Líquido, mas que se encontram em
recuperação.

A interpretação correta deste indicador se posiciona como mais uma


ferramenta para o investidor visualizar o comportamento da ação,
possibilitando verificar se ela está “cara” ou “barata” naquele momento de
análise.
Neste caso, conforme a tendência do mercado acionário e a posição dos
múltiplos da ação poderá ser concretizado um movimento de realização ou de
valorização para a ação em um período de curto / médio prazo.

Os Múltiplos de Eficiência Operacional

Refletem a eficiência da política de investimentos da empresa na busca de um


melhor desempenho, através de crescimento de receita e ganhos com redução
de custos e despesas operacionais.

Diversas são as formas de apresentação destes indicadores, devendo retratar


condições específicas do setor e principalmente permitir a comparação com
empresas congêneres, e assim identificar o nível de eficiência da empresa que
se está analisando.

Alguns indicadores usualmente utilizados em avaliações de empresas de


diferentes áreas de atuação e também em relatórios de análise setorial:

• Consumidor / Km2;
• MWh / Vendas Líquidas;
• MWh / Empregado;
• Consumidor / Empregado;
• Linhas em Serviço / Empregado;
• Valor de Mercado / Terminal;
• Valor Patrimonial / Terminal;
• Passageiros / Km;
• Ocupação média das aeronaves / Mês;
• Etc.

A demonstração de eficiência operacional, não esbarra apenas na comparação


de duas variáveis, podendo apenas indicar se a empresa tem apresentado
melhora ao longo de sua existência.

Por exemplo: o grau de digitalização da planta em serviço no setor de


telecomunicações. Quanto mais próximo a 100% mais eficiente é a empresa, e
quando comparado com empresas do mesmo setor, é possível verificar qual
tem praticado um programa de adequação tecnológica mais condizente.

Os Múltiplos de Retorno

Dentre a comparação dos múltiplos, destacam-se os utilizados para indicação


de retorno ou crescimento de valor, através da estrutura patrimonial e
operacional da empresa, o qual despreza os acréscimos provenientes de itens
não relacionados a sua atividade básica e/ou contábeis. Estes podem gerar
uma interpretação não correta da desenvoltura da empresa estudada, ou até
pela particularidade de diferentes taxas de tributação entre países.
A utilização do Lucro Operacional ajustado individualmente ou sobreposto a
outro indicador de estrutura da empresa, possibilita observar se há ocorrência
de ganhos através da melhora de atividade, de redução de custos e das
despesas operacionais. Desta forma, é recomendável reclassificar as
informações pelos seguintes critérios:

• EV: sigla em inglês do termo Enterprise Value e que significa o valor da


empresa no mercado e é apurado através da multiplicação da cotação
atual da ação com a quantidade de ações que estão no mercado, mais o
seu endividamento líquido;

• EBIT: sigla em inglês do termo Earnings Before Interests and Taxes e


que significa o Lucro Operacional antes dos Juros e dos Impostos. A sua
interpretação busca adequar os resultados das empresas em função das
práticas contábeis e da carga tributária, que são diferenciadas entre
países;

• EBITDA: sigla em inglês, também bastante utilizada no mercado


financeiro e que significa Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation
and Amortization. Em português é conhecida como LAJIDA (Lucro Antes
dos Juros, dos Impostos, da Depreciação e das Amortizações) e
significa o Lucro Operacional antes dos Juros e dos Impostos, mas
considerando o efeito da depreciação dos ativos da empresa e das
amortizações ocorridas. Genericamente também é conhecido como
“geração de caixa” da empresa.

• EV – Market Value plus Debt less Cash: Valor de Mercado, com a


adição do total das dívidas, deduzido o saldo de caixa, ou aplicações
financeiras. Permite visualizar o valor da empresa para o acionista,
considerando a estrutura de capitais.

• Índices LPA / VPA / FCA / DPA: Considerando o montante de lucros,


do patrimônio, dos fluxos de caixa e dividendos historicamente
distribuídos e divididos pela base acionária, pode-se visualizar o
comportamento da empresa e, principalmente, se esta apresenta
variações positivas período a período, indicando a geração ou não de
valor para o acionista.

A interpretação destes indicadores individualmente ou sobrepostos pode


evidenciar o comportamento da empresa e relacionar taxas de crescimento,
como por exemplo:

• EV / EBITDA: indica o valor da empresa em relação à sua perspectiva


de geração de resultado em um determinado ano. Costuma-se dizer que
o valor da empresa é “tantas vezes” a sua geração de caixa. Logo,
quanto menor este número, isto significa que a empresa está mais
“barata” em relação à sua capacidade de dar resultado operacional.

• DPA / LPA (Dividendo por Ação / Lucro por Ação): proporção entre os
dividendos distribuídos pelo lucro apresentado;
• DPA / VPA (Dividendo por Ação / Valor Patrimonial da Ação): proporção
entre os dividendos distribuídos pelo valor de livro;

• DPA / Vendas (Dividendo por Ação / Receita Operacional Líquida):


Proporção entre os dividendos e o faturamento da empresa;

• EBIT / Revenues: Proporção entre a geração operacional e o


faturamento.

Enfim, diversas podem ser as comparações entre os índices, sendo que a


soma da apresentação de uma amostragem de múltiplos da ação, de eficiência
e de retorno de uma empresa permite a avaliação de ativos, condição
fundamental ao investidor para a tomada de decisão.
4.5 – INDICADORES A SEREM LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO

Antes de decidir pela compra de uma ou mais ações, é interessante obter


informações e relatórios de análise de investimento em empresas, junto à
Corretora com a qual se tem relacionamento, e são elaborados pela sua área
de Research (análise), onde é possível encontrar um grande número de
indicadores e múltiplos das empresas acompanhadas.

Uma análise de investimento bem feita irá contemplar todas as etapas citadas
e disponibilizará ao investidor a conclusão apurada pelo analista em relação
aos múltiplos da ação, operacional e de retorno, e a sua indicação em relação
ao posicionamento por parte do investidor, recomendando a sua “Compra”,
“Manutenção” ou “Venda”, bem como informações relativas ao target price
(preço alvo que a cotação da ação pode atingir na bolsa de valores).

Exemplo de Análise de Investimento


Agora observe algumas das conclusões de uma recente análise feita pela
equipe de Research de uma Corretora, cujos múltiplos já foram demonstrados,
sobre uma empresa do setor de varejo (Lojas Renner) em relação às ações
das empresas:

• A recomendação do analista de investimento é de “Compra” da ação;

• Foi estabelecido um Preço Alvo (Target Price) de R$ 39, 50, para ser
atingido no prazo de um ano (período de um exercício social) de 33,9%,
considerando a cotação informada (R$ 29,50);

• O “Índice P/L” da ação é de 21,9 anos, abaixo do observado no ano


anterior (37,4 anos);

• O “Payout” (percentual do Lucro Líquido pago como proventos) é


expressivo e constante: 70,2% previsto para 2007.
4.6 – CONCLUSÃO

Antes decisão de investir em ações, ou seja, na bolsa de valores, devemos


observar alguns pontos. Tais como:

• Os recursos que estarei destinando a este tipo de investimento não


terão necessidade de uso no curto/médio prazo;

• Tenho pleno conhecimento de que se trata de um investimento de risco,


e que, portanto, posso a qualquer momento ter aplicado um montante
menor do que o inicialmente investido;

• Antes de decidir comprar ações, é interessante analisar as condições do


mercado acionário: Ele não está muito valorizado? Não teve nos últimos
dias, semanas, meses alguma valorização exagerada? Como está o
fluxo de recursos (externo e interno)? Está mais comprador ou
vendedor?

• Como está a conjuntura política e econômica do país? Existe algum


problema eminente ou sendo explorado pela mídia capaz de “azedar” o
humor do mercado acionário?

• Como somos uma economia globalizada, devemos analisar como está a


conjuntura política econômica dos outros países (EUA, Europa e
principais países emergentes)? Existe algum fato ou acontecimento
capaz de afetar o mercado acionário brasileiro? Exemplo: Valorização
exagerada do petróleo; conflito bélico em região de importância mundial
(Oriente Médio); algum escândalo político capaz de mudar o humor da
economia mundial (envolvimento do presidente Clinton com uma
estagiária na Casa Branca), etc.;

• Existe algum risco mundial para algum setor específico? Exemplo: O


surto de gripe aviária na Ásia e na Europa que afetaram o consumo de
frango e o resultado de empresas como a Perdigão e a Sadia e,
conseqüentemente, o desempenho de suas ações na bolsa de valores;

• As ações que selecionei para compra atuam em setores que possuem


perspectivas favoráveis no médio / longo prazo? Exemplo: a cotações do
petróleo em alta favorece o desempenho comercial das empresas que
produzem e comercializam o etanol;

• A análise dos múltiplos das ações de que tenho interesse são


condizentes ou se destacam em relação às empresas concorrentes que
também possuem ações na bolsa de valores?

• Minha decisão de compra de determinada ação coincide com a


recomendação de um significativo número de analistas de investimento?
A análise destes questionamentos e o uso do bom senso, com certeza o
levarão a uma decisão correta sobre o investimento em bolsa de valores.

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