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O que são os transgênicos?

Os organismos geneticamente modificados (OGMs), ou transgênicos, são aqueles que


tiveram genes estranhos, de qualquer outro ser vivo, inseridos em seu código genético.
O processo consiste na transferência de um ou mais genes responsáveis por determinada
característica num organismo para outro organismo ao qual se pretende incorporar esta
característica.
Pode-se, com essa tecnologia, inserir genes de porcos em seres humanos, de vírus ou
bactérias em milho e assim por diante.
Quase todos os países da Europa têm rejeitado os produtos transgênicos. Devido à
pressão de grupos ambientalistas e da população, os governos europeus proibiram sua
comercialização e seu cultivo (quase 80% dos europeus não querem consumir
transgênicos).
As sementes transgênicas são patenteadas pelas empresas que as desenvolveram.
Quando o agricultor compra essas sementes, ele assina um contrato que o proíbe de
replantá-las no ano seguinte (prática de guardar sementes, tradicional da agricultura),
comercializá-las, trocá-las ou passá-las adiante.
Os EUA, o Brasil e a Argentina concentram 80% da produção mundial de soja, na sua
maioria exportada para a Europa e para o Japão. Estes mercados consumidores têm
visto no Brasil a única opção para a compra de grãos não transgênicos.
São enormes as pressões que vêm sendo feitas sobre o governo brasileiro pelo lobby das
indústrias e dos governos americano e argentino e sobre os agricultores brasileiros,
através de intensa propaganda da indústria, para que os transgênicos sejam liberados e
cultivados.
Ainda não existem normas apropriadas para avaliar os efeitos dos transgênicos na saúde
do consumidor e no meio ambiente e há sérios indícios de que eles sejam prejudiciais.
Os próprios médicos e cientistas ainda têm muitas dúvidas e divergências quanto aos
riscos dessas espécies. Não existe um só estudo, no mundo inteiro, que prove que eles
sejam seguros.
Os produtos contendo transgênicos que estão nas prateleiras de alguns supermercados
não são rotulados para que o consumidor possa exercer o seu direito de escolha.

Aplicações
A aplicação mais imediata dos organismos transgênicos (e dos organismos
geneticamente modificados em geral) é a sua utilização em investigação científica. A
expressão de um determinado gene de um organismo num outro pode facilitar a
compreensão da função desse mesmo gene.
No caso das plantas, por exemplo, espécies com um reduzido ciclo de vida podem ser
utilizadas como "hospedeiras" para a inserção de um gene de uma planta com um ciclo
de vida mais longo. Estas plantas transgênicas poderão depois ser utilizadas para estudar
a função do gene de interesse, mas num espaço de tempo muito mais curto. Este tipo de
abordagem é também usado no caso de animais, sendo a mosca da fruta um dos
principais organismos modelos.
Em outros casos, a utilização de transgênicos é uma abordagem para a produção de
determinados compostos de interesse comercial, medicinal ou agronômico, por
exemplo. O primeiro caso público foi à utilização da bactéria E. coli, que foi modificada
de modo a produzir insulina humana em finais da década de 1970. Um exemplo recente,
já em 2007, foi o fato de uma equipe de cientistas conseguir desenvolver mosquitos
bobucha resistentes ao parasita da malária, através da inserção de um gene que previne a
infecção destes insetos pelo parasita portador da doença.
TRANSGÊNICOS - A controversa interferência na genética da natureza
Poucos assuntos geram tanta controvérsia como os transgênicos. Organismos
transgênicos, ou organismos geneticamente modificados (OGMs), são animais e plantas
que sofrem modificações geradas pela transferência de características (genes) de uma
espécie para a outra. A discussão sobre as vantagens e desvantagens desta “interferência
biotecnologia” do homem na natureza fica mais complexa quando falamos na produção,
comercialização e consumo de alimentos transgênicos.
Os alimentos transgênicos são produzidos através da engenharia genética. Obtem-se
assim, dentre as muitas possibilidades, feijão com proteína da castanha-do-pará, trigo
com genes de peixe, tomates que não apodrecem, milho com genes de bactérias que
matam insetos e soja resistente a herbicidas.
O objetivo, segundo a corrente de cientistas que defende a sua comercialização, é
equacionar problemas na agricultura criando espécies mais resistentes, aumentando a
produtividade e minimizando, por consequência, a incidência da fome em países do
Terceiro Mundo.
Do outro lado estão os ambientalistas e a corrente de cientistas que não concordam com
esses argumentos e ainda acusam a indústria patrocinadora dos transgênicos de não ter
providenciado testes suficientes para comprovar, ou não, os possíveis perigos causados
pela manipulação genética dos alimentos na saúde das pessoas e no meio ambiente (veja
o quadro “Os 10 maiores perigos”) e de não orientar os consumidores sobre os cuidados
a serem tomados.
Um dos avanços em relação aos acordos sobre OGMs foi alcançado somente no final do
ano passado, quando a Organização Mundial do Comércio assinou o Protocolo de
Biossegurança em Montreal, Canadá. Esse documento define a disciplina do comércio
internacional de produtos transgênicos, exigindo de alguns países provas suficientes
sobre a segurança para o meio ambiente e para a saúde humana. Até então, a produção
de transgênicos não seguia essas regras.

Como funciona a modificação genética dos alimentos


A modificação por transferência de genes pode ser feita por algumas técnicas. De um
modo geral, a engenharia genética permite que se retire o gene de um organismo e se
transfira para outro. Esses genes entram na sequência de DNA (onde estão às
características de um ser vivo) do organismo receptor, gerando uma reprogramação. A
partir daí, chega-se a novas substâncias e aos organismos transgênicos.
Entre as técnicas mais utilizadas para manipulação genética estão à micro-injeção (uso
de micro-agulhas), micro-encapsulação (transferência de genes através de cápsulas),
eletroporação (por corrente elétrica), fusão celular e técnicas de hibridização.

Polinização cruzada
Uma das preocupações manifestadas em relação à utilização de plantas transgênicas
prende-se com a possível polinização cruzada entre estas espécies com as existentes na
natureza ou com culturas não modificadas. Vários estudos têm demonstrado que a
existência de polinização cruzada é real, mas que diminui drasticamente com a distância
à cultura transgênica. Abud et al. (2007), num estudo realizado no Brasil, demonstraram
que após 10 metros de distanciamento entre plantas de soja transgênica e soja
convencional, a polinização cruzada é negligenciável. No caso do milho, Ma et al.
(2004) referem que essa distância é de aproximadamente 30 metros. Tais dados levam a
que, para a plantação de uma cultura transgênica, tenha que ser respeitada uma
determinada distância de segurança em relação às culturas vizinhas. Os investigadores
defendem que esta distância deve ser avaliada caso a caso devido às diferenças no
tamanho, peso e meio de transporte dos diferentes grãos de pólen.
Uma outra controvérsia relacionada com a polinização cruzada foi à utilização da
chamada tecnologia Terminator (em português Exterminador). Esta tecnologia baseia-se
na adição, à planta em causa, de um gene que não permite a produção de pólen viável. A
utilização desta ferramenta permitiria então a não propagação do pólen transgênico,
evitando quaisquer cruzamentos com outras plantas. Esta ação das empresas de
produção de transgênicos foi largamente condenada por ser vista como uma tentativa de
evitar que os agricultores pudessem propagar as plantas por mais que um ano,
obrigando-os a comprar novas sementes todas às temporadas.

Polêmica
Atualmente existe um debate bastante intenso relacionado à inserção de alimentos
geneticamente modificados (AGM) no mercado. Alguns mercados mundiais, como o
Japão, rejeitam fortemente a entrada de alimentos com estas características, enquanto
que outros, como o Norte e Sul-Americanos e o Asiático têm aceitado estas variedades
agronômicas.
Desde 2004, após seis anos de proibição, a União Européia autorizou a importação de
produtos transgênicos. No dia 2 de março de 2010, a União Européia aprovou o plantio
de batata e milho transgênicos no continente, após solicitações dos Estados Unidos. A
batata transgênica será destinada para a fabricação de papel, adesivos e têxteis. O milho
atenderá a indústria alimentícia. Cada país da União Européia poderá ser responsável
pelo cultivo transgênico em suas fronteiras em votação marcada para o meio do ano.

Os transgênicos no Brasil
Uma vantagem disso tudo é que o Brasil passou hoje a ser o maior produtor de soja
OGM free do mundo, fazendo com que seja o país preferido pelo mercado europeu e
japonês na exportação dos grãos.
No entanto, uma denúncia veiculada no Jornal Nacional, da TV Globo, em 16/05/00,
alerta que alguns agricultores do Sul do país já utilizam as sementes de soja transgênica
importadas ilegalmente da vizinha Argentina.
Independente de produzir ou não os alimentos transgênicos, o fato é que uma boa parte
da população brasileira, em sua maioria sem saber, já consome e pode ter em suas
dispensas os alimentos modificados.
Diversos produtos importados, encontrados nas prateleiras da maioria dos
supermercados, podem já contêr em suas composições soja, tomate ou milho
transgênicos, como é o caso dos sorvetes, chocolates, molhos, coberturas para doces e
sobremesas, bebidas com soja, alimentos para bebê, biscoitos, catchup, molho de
tomate, sucos, pipoca e muitos outros.
Se os alimentos transgênicos dizem respeito, antes de tudo, à alimentação e saúde das
pessoas, é fundamental e bastante aconselhável que todos conheçam o assunto para
poder participar dessa discussão em torno da aplicação da engenharia genética nos
alimentos que consumimos ou que iremos consumir em nosso dia-a-dia.

Como funciona a modificação genética dos alimentos


A modificação por transferência de genes pode ser feita por algumas técnicas. De um
modo geral, a engenharia genética permite que se retire o gene de um organismo e se
transfira para outro. Esses genes entram na sequência de DNA (onde estão as
características de um ser vivo) do organismo receptor, gerando uma reprogramação. A
partir daí, chega-se a novas substâncias e aos organismos transgênicos.
Entre as técnicas mais utilizadas para manipulação genética estão a micro-injeção (uso
de micro-agulhas), micro-encapsulação (transferência de genes através de cápsulas),
eletroporação (por corrente elétrica), fusão celular e técnicas de hibridização.

Os Estados Unidos são líderes na produção de OGMs


Tanta controvérsia não impediu que os alimentos transgênicos começassem a ser
produzidos em escala comercial nos Estados Unidos, líderes mundiais em OGMs, na
Europa e em outros países do primeiro mundo.
Os americanos cultivam plantas geneticamente modificadas desde 1994 e estima-se que,
nos próximos cinco anos, suas exportações sejam compostas de 100% de transgênicos
ou de produtos combinados a eles.
Na Europa o quadro é um pouco diferente. Segundo pesquisas realizadas por órgãos de
saúde em 1997, 80% dos consumidores europeus se mostravam temerosos em relação
aos alimentos transgênicos e exigiam que eles fossem rotulados, de forma a dar ao
comprador o direito de escolha entre um OGM e um produto normal. Hoje a União
Européia rotula os produtos transgênicos e patrocina constantes pesquisas e testes.
No Brasil, a discussão gira principalmente em torno da soja transgênica resistente ao
Roundup, um poderoso herbicida que mata qualquer planta. Tanto o Roundup como a
soja RR (Roundup Ready), que resiste ao veneno pela inserção de três genes
encontrados em algas e bactérias, são produzidas pela empresa multinacional Monsanto,
uma das detentoras da tecnologia no mundo, ao lado da Novartis, da Agrevo e outras.

Fatores Socioeconômicos

• Grande parte das polêmicas originadas com a questão dos transgênicos está
diretamente relacionada a seu efeito na economia mundial. Países atualmente
bem estabelecidos economicamente e que tiveram sua economia baseada nos
avanços da chamada genética clássica são contra as inovações tecnológicas dos
transgênicos. A Europa, por exemplo, possui uma agricultura familiar baseada
em cultivares desenvolvidos durante séculos e que não tem condições de
competir com países que além de possuir grandes extensões de terra, poderiam
agora cultivar os transgênicos. Para, além disso, localizam-se em espaço europeu
muitas das empresas produtoras de herbicidas/pesticidas, que são naturalmente
peças importantes na aceitação ou não de variedades agrícolas que possam
comprometer os seus negócios.

• É também utilizado o argumento de que o cultivo de transgênicos poderia


reduzir o problema da fome, visto que aumentaria a produtividade de variadas
culturas, nomeadamente cereais. Porém, muitos estudos, inclusive o do ganhador
do Prêmio Nobel de Economia, Amartya Sen, revelam que o problema da fome
no mundo hoje não é ligado à escassez de alimentos ou à baixa produção, mas à
injusta distribuição de alimentos em função da baixa renda das populações
pobres. Dessa forma questiona-se a alegação de que a biotecnologia poderia
provocar uma redução no problema da fome no mundo.
A Campanha "Por um Brasil Livre de Transgênicos"

Os transgênicos ainda estão proibidos no Brasil e o tema ganha dimensão nacional e


interesse popular graças às ações das ONGs.

A Campanha Por Um Brasil Livre de Transgênicos foi criada por um grupo de


organizações não governamentais (ONGs) preocupadas com as conseqüências que o uso
dos transgênicos pode trazer para nossa saúde, para o meio-ambiente e para a economia
do País.
Queremos que antes que se tome uma decisão sobre o cultivo, a comercialização e o
consumo de transgênicos no Brasil, sejam feitas pesquisas por instituições científicas de
comprovada competência e independência, que assegurem que os transgênicos não são
prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
Ao mesmo tempo, queremos que sejam realizadas pesquisas e que haja incentivos para
desenvolver a agroecologia - uma agricultura que respeite o meio ambiente e leve em
consideração as condições sociais do setor.
Sua ação é orientada por uma coordenação nacional, formada pelas seguintes
instituições: ACTION AID - AS-PTA - ESPLAR - GREENPEACE - IDEC - INESC -
FASE Nacional.

Impasse jurídico no Brasil


A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, órgão vinculado ao Ministério da
Ciência e Tecnologia, deu, em 1998, parecer favorável à produção e comercialização da
soja RR. Além disso, a Embrapa (Empresa Brasileira de Agropecuária) apóia o uso dos
OGMs e investe em pesquisas de alimentos modificados. No entanto, a resolução da
comissão esbarra em muitos protestos por parte dos ambientalistas, de alguns governos
locais e de instituições, o que gera um impasse jurídico em torno da questão dos
transgênicos.
O Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), o Greenpeace e a Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência, por exemplo, defendem a aprovação de um projeto no
Senado Federal que institui a rotulagem e a proibição de alimentos geneticamente
modificados por cinco anos, período em que seriam efetuados testes e experiências
sobre os reais impactos dos OGMs.
Já os estados do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso do Sul lideram a corrente contra
os transgênicos e estabeleceram leis internas que os mantêm como áreas livres de
transgênicos (OGM free).
O impasse jurídico continua e o Ministério da Saúde ainda não teve condições de dar à
Monsanto o registro para que comece a produzir a soja transgênica.
As pressões já fizeram com que o Ministério da Justiça instituisse uma regulamentação
que determina a necessidade de discriminação no rótulo dos transgênicos. Ao mesmo
tempo, campanhas de esclarecimento para a população estão sendo empreendidas por
ambientalistas e ONGs.

Alergenicidade
Algumas das críticas que os transgênicos têm recebido têm a ver com o potencial reação
alérgica dos animais/humanos a estes alimentos. O caso mais conhecido foi à utilização
de um gene de uma noz brasileira com vista ao melhoramento nutricional da soja para
alimentação animal. A noz em causa era já conhecida como causadora de alergia em
determinados indivíduos. O gene utilizado para modificação da soja tinha como função
aumentar os níveis de metionina, um aminoácido essencial. Estudos realizados
verificaram que a capacidade alergênica da noz tinha sido transmitida à soja, o que
levou a que a empresa responsável terminasse o desenvolvimento desta variedade.
Mais recentemente, investigadores portugueses do Instituto de Tecnologia Química e
Biológica, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, e do Instituto Superior
de Agronomia, entre outros, testaram a resposta alérgica de diversos pacientes à
alimentação com milho e soja transgênica. Este estudo não detectou qualquer diferença
na reação às plantas transgênica, quando comparada com as plantas originais.

Os números dos transgênicos


2,5 bilhões é o número de pessoas que consomem, direta ou indiretamente, alimentos
transgênicos no mundo.
283 mil quilômetros quadrados são hoje ocupados no planeta por plantações de
transgênicos, uma área equivalente ao Estado do Rio Grande do Sul.
Quatro são as principais culturas transgênicas: soja, milho, canola e batata.
60 por cento dos alimentos industrializados produzidos nos Estados Unidos contêm
algum tipo de transgênico em sua composição.
Seis são os países que mais produzem transgênicos no mundo: Estados Unidos, Canadá,
México, Argentina, China e Austrália.
1983 foi o ano em que foi criada a primeira planta transgênica: um tabaco resistente a
antibiótico.
22,3 milhões de hectares é a área no mundo onde estão sendo plantadas as sementes
genéticas da Monsanto.

Argumentos contra os transgênicos

Transgênicos, ou organismos geneticamente modificados (em inglês, OMG), são


produzidos em laboratório a partir da introdução de genes de outras espécies, com a
finalidade de atribuir a eles características que não poderiam ser incorporadas de forma
natural, ou por seleção artificial. Um exemplo é uma nova variedade de algodão,
desenvolvida a partir de um gene da bactéria Bacillus thuringensis, que produz uma
proteína extremamente tóxica a certos insetos e vermes. Outros, mais ousados, incluem
feijão de corda resistente à seca, soja com anticorpos contra o câncer, alface e tomate
com proteína antidiarreica e animais transgênicos com leite enriquecido.

A utilização destes organismos, e de produtos que os contém, é um tema de bastante


destaque e controvérsias. Os defensores - como as empresas Monsanto, Dupont,
Syngenta, Groupe Limagrain, Land OLakes, KWS AG, Bayer Crop, Takii, Sakata e
DLF-Trifolium - afirmam que estes alimentos são mais produtivos e resistentes,
reduzem o uso de pesticidas e podem acabar com o problema da fome no mundo.
Assim, segundo eles, os OMG se utilizam de menos recursos naturais, e melhoram a
vida dos agricultores.

Já a vertente contrária frisa primeiramente as questões éticas, questionando até onde vai
o direito humano de alterar a natureza; e aponta que, desde Malthus, sabe-se que o
problema da fome não é em razão da falta de alimentos, mas sim à má distribuição
destes – o que contraria o argumento dado por aqueles que defendem os OMG.

Além disso, algumas evidências já foram identificadas, como o fato de que o material
genético transgênico suplanta o perímetro de 20 metros (definidos como "seguros" pela
CTNBio) entre as culturas, contaminando lavouras convencionais, como no Paraná,
pelo milho MON 810; intoxicação de espécies animais e vegetais por componentes de
transgênicos, como anfíbios, pelo glifosato; a resistência dos OMG (e das pragas
agrícolas, como a lagarta-do-cartucho) aos pesticidas, fazendo com que a utilização
destes produtos, após alguns anos, supere de forma assustadora os valores utilizados em
culturas convencionais (segundo o Ibama, 85% a mais), causando impactos ambientais
ainda maiores; a ocorrência de alergias, intolerâncias alimentares e outros problemas
fisiológicos (o jornal britânico The Independent divulgou que a Monsanto havia
realizado uma pesquisa que apontava que ratos alimentados com uma dieta rica em
milho geneticamente modificado desenvolveram rins menores e alterações em seu
sangue); eliminação ou afastamento de polinizadores; e a possível monopolização da
agricultura nas mãos de grandes empresas, prejudicando a agricultura familiar (esta que
responde pela maior parte dos produtos alimentares consumidos no Brasil). Quanto a
este último fator, é interessante pontuar o caso das plantas transgênicas estéreis
classificadas como sendo do tipo “terminator”: por não se reproduzirem, fazem com que
o agricultor tenha a constante necessidade de comprar novas sementes, além do
agrotóxico específico desta cultura, chamado Round-up, produzido pela mesma
empresa.

Existe também a possibilidade destes alimentos diminuírem ou anularem o efeito de


antibióticos no organismo (lembrando que em muitos deles são utilizados genes
bacterianos); e a de se perder o controle sobre os indivíduos originais e os transgênicos,
podendo causar impactos inestimáveis em toda a biodiversidade, como adição de novos
genótipos, eliminação de espécies, exposição de indivíduos a novas doenças, redução da
diversidade genética e interrupção da reciclagem de nutrientes e energia. Vale ressaltar
a pesquisa feita por pesquisadores do Instituto Central de Animais Experimentais do
Japão, publicado na revista científica Nature, que demonstrou que macacos transgênicos
podem passar o gene implantado para os filhotes - significando que são reais tais
possibilidades citadas.

Assim, percebe-se que, pelo menos até que mais estudos sejam feitos, até que melhorias
na fiscalização sejam adotadas, e até que argumentos e resultados consistentes relativos
à segurança deste tipo de produto sejam fornecidos, deveria ser considerado o princípio
da precaução. A falta de créditos a esta prática foi que permitiu com que o mal da vaca
louca pudesse também causar contaminações humanas, e que inúmeros bebês
nascessem com deformidades pelo uso da talidomida por suas mães, durante a gestação.
Fatores Socioeconômicos
Grande parte das polêmicas originadas com a questão dos transgênicos está diretamente
relacionada a seu efeito na economia mundial. Países atualmente bem estabelecidos
economicamente e que tiveram sua economia baseada nos avanços da chamada genética
clássica são contra as inovações tecnológicas dos transgênicos. A Europa, por exemplo,
possui uma agricultura familiar baseada em cultivares desenvolvidos durante séculos e
que não tem condições de competir com países que além de possuir grandes extensões
de terra, poderiam agora cultivar os transgênicos. Para, além disso, localizam-se em
espaço europeu muitas das empresas produtoras de herbicidas/pesticidas, que são
naturalmente peças importantes na aceitação ou não de variedades agrícolas que possam
comprometer os seus negócios.
É também utilizado o argumento de que o cultivo de transgênicos poderia reduzir o
problema da fome, visto que aumentaria a produtividade de variadas culturas,
nomeadamente cereais. Porém, muitos estudos, inclusive o do ganhador do Prêmio
Nobel de Economia, Amartya Sen, revelam que o problema da fome no mundo hoje não
é ligado à escassez de alimentos ou à baixa produção, mas à injusta distribuição de
alimentos em função da baixa renda das populações pobres. Dessa forma questiona-se a
alegação de que a biotecnologia poderia provocar uma redução no problema da fome no
mundo.
Utilização de compostos químicos
Argumentos a favor dos transgênicos incluem a redução do uso de compostos como
herbicidas, pesticidas, fungicidas e certos adubos, cuja acumulação pode causar sérios
danos aos ecossistemas a eles expostos. As organizações ambientalistas questionam se
os benefícios da utilização destas plantas poderiam compensar os possíveis potenciais
malefícios por elas causados, como foi atrás referido.
Um exemplo interessante são as culturas baseadas na tecnologia Bt, resultante de um
melhoramento por transgenia (incorporando genes da bactéria Bacillus thuringiensis)
que confere à planta uma proteção natural a larvas de certos insetos, tornando
praticamente desnecessário o controle destes por meio de pesticidas normalmente
neurotóxicos, de alta agressividade ambiental, que em culturas não transgênicas são
utilizados em larga escala. Tem sido posta em causa recentemente se esta tecnologia
afetaria também insetos não-alvo, como abelhas e borboletas. No entanto, têm sido
publicados alguns artigos científicos demonstrando que os insetos não-alvo são mais
abundantes nos campos de plantas transgênicas do que nos campos convencionais
sujeitos a pesticidas. Mas recentemente, um estudo de uma equipe de investigadores da
Universidade de Indiana descobriu que o pólen e outras partes da planta de milho
transgênico Bt são lixiviadas para os cursos de água perto de campos de milho até
distâncias de 2 km, apresentando efeitos de toxicidade na mosca-da-água, que é um
alimento importante para organismos superiores dos ecossistemas aquáticos, tais como
os peixes e anfíbios.

Os 10 maiores perigos dos alimentos transgênicos para a saúde e para o meio


ambiente
1. A qualidade nutricional dos alimentos que passam por manipulações genéticas pode
ser diminuída. Essa alteração na quantidade de nutrientes também pode interferir na sua
absorção pelo metabolismo do homem.
2. A transferência de genes entre alimentos causa, em alguns casos, modificações na
estrutura e função dos mesmos, alterando significativamente sua composição. Isso pode
provocar efeitos inesperados.
3. A resistência ao efeito dos agrotóxicos por parte de alguns transgênicos tem a
possibilidade de gerar um aumento de resíduos dos venenos, uma vez que permite uma
aplicação maior na plantação. Os resíduos resultantes dessa grande quantidade
permanecerão nos alimentos e ainda poluirão solos e rios.
4. Com a interferência da engenharia genética, muitas plantas correm o risco de passar a
produzir compostos como neurotoxinas e inibidores de enzimas em níveis acima do
normal, tornando-as tóxicas.
5. Proteínas transferidas de um alimento para outro podem passar a ter propriedade
alergênica, ou seja, podem vir a causar sérias reações alérgicas em algumas pessoas
mais sensíveis.
6. Genes antibiótico-resistentes contidos nos alimentos transgênicos podem passar sua
característica de resistência para as pessoas e animais, o que poderia gerar a anulação da
efetividade de antibióticos nos mesmos.
7. A manipulação genética traz riscos à saúde dos animais porque podem aumentar os
níveis de toxina nas rações e alterar a composição e qualidade dos nutrientes.
8. Alguns cientistas alertam que o uso da técnica de resistência a vírus na agricultura
pode fazer surgir novos tipos de vírus e, consequentemente, novas e complexas doenças.
Tudo porque o vírus híbrido passa a ter aspectos diferentes do vírus original ao qual a
planta tem resistência.
9. Alguns cientistas prevêem o empobrecimento da biodiversidade com o uso de
engenharia genética, uma vez que a mistura (hibridação) das plantas modificadas com
outras variedades pode criar “super pragas” e plantas “mais selvagens”, provocando a
eliminação de espécies e insetos benéficos ao equilíbrio ecológico do solo. O
conseqüente uso mais intensivo de agrotóxicos pode ainda causar o desenvolvimento de
plantas e animais resistentes a uma ampla gama de antibióticos e agrotóxicos.
10. Os efeitos negativos da engenharia genética na natureza são impossíveis de serem
previstos ou mesmo controlados, uma vez que os OGMs são formas vivas e, por isso,
suscetíveis a sofrer mutações, multiplicar-se e se disseminar. Ou seja, uma vez
introduzidos nos ecossistemas, os transgênicos não poderão ser removidos.

Vocabulário útil para entender os transgênicos


Alimentos geneticamente modificados: são alimentos compostos contendo organismos
geneticamente modificados ou derivados destes. São criados em laboratórios com a
utilização de genes de espécies diferentes de animais, vegetais ou micróbios.
Biotecnologia: controle de funções biológicas com a finalidade de interferir nos
processos vitais dos seres vivos com o objetivo de melhorar, modificar ou desenvolver
certos produtos.
Cultivares: são as sementes melhoradas criadas em laboratórios que podem ser
patenteadas e se tornarem propriedades de empresas petroquímicas-biotecnológicas.
DNA/RNA recombinante: são moléculas de material genético manipuladas fora das
células vivas mediante modificação de segmentos de DNA/RNA, naturais ou sintéticos,
que possam se multiplicar em uma célula viva. Ou ainda, as moléculas de DNA/RNA
resultantes desta manipulação.
Engenharia genética: atividade de manipulação de moléculas DNA/RNA recombinante.
Gene inseticida: gene introduzido na planta para que ela passe a produzir substâncias de
resistência a seus insetos predadores.
Modificação genética: técnicas de DNA recombinante. Consiste na introdução direta de
material hereditário de uma espécie em um outro organismo de espécie diferente, tendo
como resultado a formação de novas células ou novas combinações genéticas, que, de
outra forma, não ocorreriam naturalmente.
Monsanto: multinacional que detém o direito de produção do herbicida Roundup e da
soja transgênica resistente a ele (soja RR). Objetiva entrar no mercado brasileiro
vendendo seus produtos para agricultores e encontra resistência de ambientalistas e
instituições de defesa do consumidor. É a maior produtora de herbicidas do mundo.
Organismos geneticamente modificados (OGMs): organismos que tenham sido
alterados geneticamente por métodos e meios que não ocorrem naturalmente.

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