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Utilidades – Sistema de Águas
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Utilidades – Sistema de Águas
Equipe Petrobras
Petrobras / Abastecimento
UN´s: Repar, Regap, Replan, Refap, RPBC, Recap, SIX, Revap
3
CURITIBA
2002
Utilidades – Sistema de Águas
Módulo
Utilidades – Sistema de Águas
Ficha Técnica
Apresentação
Nome:
Cidade:
Estado:
Unidade:
5
Utilidades – Sistema de Águas
Sumário
1 SISTEMA DE ÁGUAS ........................................................................................................................................7
1.1 A Importância da Água na Indústria .............................................................................................................7
1.1.1 Finalidades da Água em Refinarias de Petróleo ................................................................................7
1.2 Impurezas Presentes nas Águas ..................................................................................................................... 7
1.2.1 Sólidos em suspensão ........................................................................................................................7
1.2.2 Gases dissolvidos ...............................................................................................................................8
1.2.3 Sais dissolvidos ..................................................................................................................................8
1.2.4 Sílica ............................................................................................................................................... 10
1.2.5 Matéria orgânica ............................................................................................................................. 10
1.3 Captação, Adução, Recalque e Armazenamento de Água Bruta ............................................................... 10
1.4 Tratamento de Água .................................................................................................................................... 11
1.4.1 Clarificação ..................................................................................................................................... 12
1.4.2 Filtração .......................................................................................................................................... 14
1.4.3 Desinfecção ..................................................................................................................................... 15
1.4.4 Cloração .......................................................................................................................................... 15
1.4.5 Pré-cloração e Pós-cloração ............................................................................................................ 15
1.4.6 Neutralização (correção de pH) ...................................................................................................... 16
1.4.7 Descloração ..................................................................................................................................... 16
1.4.8 Processo de desmineralização ......................................................................................................... 17
1.4.9 Desmineralização por resinas de troca iônica ................................................................................. 17
1.4.10 Desmineralização por membranas de osmose reversa .................................................................... 18
1.4.11 Membranas de osmose reversa ....................................................................................................... 20
1.4.12 Módulos com elementos enrolados em espiral ............................................................................... 20
1.4.13 Sistemas de osmose reversa ............................................................................................................ 21
1.4.14 Pré-tratamento ................................................................................................................................. 22
1.4.15 Vantagens e limitações da osmose reversa ...................................................................................... 22
1.4.16 Limitações ....................................................................................................................................... 23
1.4.17 Aplicações ....................................................................................................................................... 23
1.5 Sistema de Resfriamento ............................................................................................................................ 24
1.5.1 Sistemas abertos .............................................................................................................................. 24
1.5.2 Sistemas semi-Abertos de recirculação ........................................................................................... 24
1.5.3 Sistemas Fechados .......................................................................................................................... 24
1.6 Torres de Resfriamento .............................................................................................................................. 25
1.6.1 Tipos de Torres de resfriamento ..................................................................................................... 25
1.6.2 Elementos da torre .......................................................................................................................... 25
1.6.2 Estudos Psicrométricos do Ar Atmosférico .................................................................................... 26
1.6.3 Conceitos & Considerações complementares ................................................................................. 27
1.6.4 Corrosão em sistemas de água de resfriamento ............................................................................. 27
1.6.5 Fatores que influenciam a corrosão pela água ................................................................................ 28
1.6.6 Inibidores de corrosão ..................................................................................................................... 29
1.6.7 Depósitos e incrustações ................................................................................................................. 29
1.6.7 Formação de depósitos em sistemas de resfriamento ..................................................................... 30
1.6.8 Formação de incrustações ............................................................................................................... 30
1.6.9 Controle de depósitos e incrustações .............................................................................................. 31
1.6.10 Tendência corrosiva ou incrustante da água ................................................................................... 31
1.6.11 Termos usuais em água de resfriamento ......................................................................................... 32
1.6.12 Interferência dos organismos vivos nos sistemas de tratamento de água ........................................ 32
1.6.13 Depósitos biológicos ....................................................................................................................... 33
1.6.14 Deterioração da madeira das torres ................................................................................................. 33
1.6.15 Ataque químico ............................................................................................................................... 33
1.6.16 Ataque físico ................................................................................................................................... 33
6 1.6.17 Ataque biológico ............................................................................................................................. 33
1.6.18 Biocidas .......................................................................................................................................... 34
1.6.19 Cloro ............................................................................................................................................... 34
1.6.20 Eficiência da cloração ..................................................................................................................... 34
1.6.21 Controle do tratamento microbiológico .......................................................................................... 34
Utilidades – Sistema de Águas
Sistema de Águas 1
ses normalmente encontrados na atmos-
1.1 A Importância da Água na Indústria
A água é a substância mais abundante e fera) em quantidades proporcionais às suas
também a mais importante na vida vegetal e pressões parciais. A água da chuva também
animal. Além disso, tem grande aplicação nos encontra poeira, fumaça e vapores, que, por
processos industriais e, por isso, a existência sua vez, são dissolvidos ou retidos em suspen-
de uma fonte de água abundante para supri- são. As bactérias, germes e microorganismos
mento do processo é um dos fatores básicos são também arrebatados por ela.
na seleção do local para instalação de uma in- Após contato com o solo, seja por percor-
dústria. rer a superfície terrestre, seja por percolar pe-
las camadas rochosoas, as impurezas contidas
1.1.1 Finalidades da Água em Refinarias de na água são aumentadas, devido ao grande
poder de dissolução que possui. Deste modo,
Petróleo pode ser dissolvida uma certa quantidade de
Em uma refinaria, a água passa por diver- matéria mineral do solo ou das pedras com as
sos processos de tratamento na Estação de Tra- quais entra em contato. A presença de argila e
tamento de Água (ETA) ou Unidade de Trata- outros sólidos em suspensão na água de rios e
mento de Água (UTRA), cujo objetivo é pro- córregos produz turbidez na mesma. Além dis-
duzir água tratada para atender às seguintes so, as águas de superfície ficam sujeitas à po-
demandas: luição pelos animais, seres humanos, esgotos
– combate a incêndio – utiliza-se a pró- das cidades e resíduos das indústrias.Daí a
pria água bruta; necessidade de purificação e condicionamen-
– reposição dos circuitos de resfria- to antes de seu uso como água potável ou para
mento (“make up”) – a água utilizada fins industriais.
é a água bruta submetida à cloração e Uma análise completa de uma água potá-
clarificação; vel poderia indicar a presença de mais de 50
– água industrial, para processos e ser- constituintes nela dissolvidos ou em suspen-
viços – é a água bruta submetida à pré- são. Estas impurezas podem ser enquadradas
cloração, clarificação, filtração e cor- nos seguintes grupos:
reção de pH; – Sólidos em suspensão;
– água potável – é a água bruta subme- – Gases dissolvidos;
tida à pré-cloração, clarificação, filtra- – Sais dissolvidos;
ção, pós-cloração e correção de pH; – Sílica;
– água desmineralizada, para reposi- – Matéria orgânica.
ção das caldeiras – é a água bruta sub-
metida à pré-cloração, clarificação, fil- 1.2.1 Sólidos em suspensão
tração, descloração e desmineralização. São as impurezas que não se dissolvem
na água, como areia, argila, sílica, algas, bac-
1.2 Impurezas Presentes nas Águas térias, resíduos industriais, vegetais e animais
A água em seu estado natural nunca é pura. de diversos tipos, etc. provocando turbidez. As
Mesmo quando proveniente de uma precipi- matérias em suspensão podem ser divididas 7
tação pluviométrica, só é considerada pura na em dois grupos: matérias decantáveis e maté-
condensação em grande altitude. À medida que rias coloidais.
desce através do ar, a água da chuva dissolve Matérias decantáveis ou sedimentos são
oxigênio, nitrogênio e dióxido de carbono (gases as partículas em suspensão que, quando a água
Utilidades – Sistema de Águas
mantida em repouso, depositam-se espontane- principal inconveniente é ser muito corrosiva
amente. Como exemplo, podem ser citados: para o cobre e suas ligas (latão, bronze), prin-
sólidos de dimensões relativamente grandes, cipalmente em presença de oxigênio. É remo-
areia, entre outros. vida na cloração da água.
Matérias coloidais são as partículas em O gás sulfídrico (H2S) aparece em algu-
suspensão que, ou não se depositam esponta- mas águas sulfurosas e em efluentes de refi-
neamente, ou exigem um longo tempo para se narias e indústrias petroquímicas. Mesmo em
depositar, quando a água é mantida em repou- concentração inferior a 1 ppm, é indesejável
so. Como exemplos podem ser citados a sílica, devido ao mau odor. Em presença de água, for-
cuja presença em água de refinaria provoca ma o ácido sulfídrico, um ácido fraco mas ca-
incrustações duras nos tubos das caldeiras, ar- paz de provocar corrosão no ferro e em ligas
gila, microorganismos, etc. Estas partículas de cobre. Sua remoção é feita por aeração ou
exigem um tratamento de floculação para que cloração.
possam depositar-se em condições viáveis eco- O metano (CH4), presente principalmen-
nomicamente. te em despejos sanitários devido à degradação
de matéria orgânica, também é removido por
1.2.2 Gases dissolvidos oxidação durante a aeração ou cloração da
Os gases que se encontram dissolvidos na água.
água em proporção maior são o oxigênio, o
anidrido carbônico (CO2) e, em menor escala, 1.2.3 Sais dissolvidos
a amônia (NH3), o gás sulfídrico (H2S) e o A água contém, em proporções variadas,
metano (CH4). diversos íons em solução. Entre os ânions mais
O oxigênio encontra-se dissolvido em to- comuns estão os carbonatos, bicarbonatos,
das as águas naturais. Provoca corrosão em sulfatos, cloretos e nitratos, enquanto os prin-
superfícies de ferro, latão, cobre, etc., com cipais cátions metálicos são sódio, cálcio,
velocidade diretamente proporcional ao teor magnésio, ferro e manganês.
dissolvido, daí a necessidade de sua remoção Os sólidos dissolvidos, quando em altas
da água utilizada na geração de vapor, de for- concentrações, causam espuma e arraste em
ma a evitar corrosão em tubulações, sistemas caldeiras. O teor de sólidos dissolvidos em uma
de condensado e demais superfícies metálicas amostra pode ser determinado por evaporação
das caldeiras. da água, ou indiretamente através da medida
A eliminação do oxigênio é feita mecani- da condutividade elétrica. Seu conhecimento
camente nos desaeradores e quimicamente pela é de grande utilidade para a determinação das
adição de substâncias redutoras como o sulfito razões de descarga de águas de caldeiras ou
de sódio ou a hidrazina. evaporadores, com o objetivo de manter um
O gás carbônico (CO2) está presente em teor máximo de sólidos totais na água.
pequena proporção (2 ppm) nas águas de su-
perfície devido à absorção do ar. Nas águas de
fontes e nascentes, o teor pode variar desde
valores insignificantes até valores tão altos que
o CO2 borbulha quando a pressão é aliviada.
O CO2 aparece também como produto da de-
composição térmica dos bicarbonatos.
Quando dissolvido na água, o CO2 é cor-
rosivo devido à formação do ácido carbônico,
que ataca as superfícies metálicas das caldei-
ras, evaporadores e sistemas de condensado.
A eliminação do CO2 é obtida por desgaseifi- Incrustação em base de cálcio, magnésio, silica e fosfato.
cação atmosférica ou térmica.
A amônia (NH3) aparece dissolvida, nas Cálcio e magnésio: São os responsáveis pela
8 águas brutas, pura ou combinada sob a for- dureza das águas. A importância da dureza no
ma de compostos orgânicos. Também apa- tratamento de águas para fins industriais de-
rece nas águas por ser utilizada como agen- corre do fato dos sais de cálcio e magnésio te-
te alcalinizante para proteção contra a cor- rem a tendência de formar incrustações em su-
rosão ou por decomposição da hidrazina. Seu perfícies onde há troca de calor, por exemplo,
Utilidades – Sistema de Águas
tubos de caldeira e de trocadores de calor de Ferro e manganês também são agentes de
sistemas de água de refrigeração. Estas incrus- dureza, mas, geralmente, estão em concentra-
tações provocam perda de eficiência na troca ções tão baixas que não influenciam signifi-
de calor e rupturas por superaquecimento lo- cativamente a dureza devido ao cálcio e mag-
calizado em tubos de caldeira. nésio.
Carbonatos e bicarbonatos: são indese- Pode-se proceder a remoção do ferro e do
jáveis na água porque, por aquecimento nas manganês presentes na água através de aeração
caldeiras, decompõem-se e liberam CO2, um em pH elevado e posterior decantação e filtra-
gás corrosivo que ataca as superfícies metáli- ção, com o objetivo de oxidar o Fe2+ a Fe3+,
cas das caldeiras e tubulações de retorno de insolúvel em meio alcalino.
condensado. Os carbonatos de cálcio e mag- Cloretos: São encontrados em todas as
nésio, por sua vez, têm tendência a formar in- águas naturais e ocorrem numa larga gama de
crustações nas superfícies de troca de calor. concentração, geralmente na forma de cloretos
Além disso, a presença de sais dissolvidos de sódio, cálcio e magnésio.
aumenta a tendência de formação de espuma
e arraste nas caldeiras. Os cloretos aumentam a condutividade da
A eliminação de bicarbonatos da água efe- água, acelerando assim a corrosão dos metais.
tua-se mediante a adição de ácido sulfúrico ou Além disso, cloretos em águas de caldeiras
contribuem para o aumento do teor de sólidos
clorídrico, com aeração para eliminar o CO2
dissolvidos, requerendo períodos de purga de
formado, ou ainda, mediante intercâmbio
fundo “blow-down” (purga de fundo) mais longos.
iônico e aeração posterior.
Ferro e manganês: Os íons ferro podem Sulfatos e Nitratos: Os sulfatos podem
estar presentes na água provenientes da pró- ser provenientes da lixiviação de gipsita,
pria fonte (rios, poços) ou devido à corrosão anidrita e depósitos de calcários. Em geral es-
de equipamentos em contato com água na pró- tão presentes como sulfatos de cálcio, sódio e
pria planta industrial. magnésio, variando grandemente sua concen-
A forma mais comum em que o ferro so- tração, conforme a região de onde a água é
lúvel é encontrado em águas é como bicarbo- originária.
nato ferroso – Fe(HCO3)2. Está presente, nes- O sulfato de cálcio tem solubilidade de-
ta forma, em águas subterrâneas profundas, crescente com a temperatura, e por isto forma
limpas e incolores que, em contato com o ar, crostas aderentes em superfícies de transferên-
turvam-se e sedimentam um depósito. cia de calor.
Para fins industriais, não é desejável a pre- Sódio e potássio formam sais solúveis pro-
sença do ferro, devido a diversos problemas, vocando aumento da corrosividade da água
tais como: pelo aumento da condutividade.
– envenenamento de resinas de troca Fosfatos: Formam resíduos insolúveis de
iônica, principalmente pelos íons Fe3+; fosfato tricálcico, Ca3(PO4)2, em águas com
– tendência de formar depósitos em tu- elevada dureza. podem também estar presen-
bos, que aumentam a perda de carga e tes na água com agentes alcalinos. Outro pro-
provocam corrosão nas superfícies me- blema causado pelos fosfatos deve-se ao fato
tálicas sob os depósitos; destes serem nutrientes para algas e outros
– crescimento de bactérias como Creno- microorganismos, favorecendo, assim, a pro-
trix, Gallionella, entre outras, capazes liferação de tais organismos.
de oxidar o Fe2+ a Fe3+, um íon menos Fluoretos: Podem provocar manchas nos
solúvel que se deposita nas tubulações. dentes e por isto seu teor na água potável é
O manganês é usualmente encontrado jun- limitado a 1,5 ppm.
to com o ferro em águas naturais e provoca Metais pesados: Pb, Cd, Cu, Hg e outros
problemas semelhantes de depósito, incrusta- metais pesados podem estar presentes na água
ção (mesmo em pequenas quantidades, como devido a despejos industriais. Como não são 9
0,2 a 0,3 ppm), cor e condições de desenvol- eliminados pelo organismo, provocam sérias
vimento de microorganismos como o Creno- doenças e por isto seu limite em águas para
trix. Daí o teor máximo ser fixado em 0,05 ppm fins potáveis é fixado em teores da ordem de
de Mn em águas potáveis. 0,05 ppm.
Utilidades – Sistema de Águas
1.2.4 Sílica Nas águas de caldeira, a matéria orgânica
Constituinte de todas as águas naturais, provoca espuma em tubulões, o que facilita o
a sílica pode estar presente em suspensão ou arraste de sólidos dissolvidos para o vapor. Em
dissolvida na água, em teores de 1 a mais de sistemas de desmineralização, a matéria orgâ-
100 ppm. nica provoca envenenamento das resinas tro-
cadoras, principalmente as aniônicas de base
forte, daí a necessidade de sua remoção, feita
por oxidação através do Cloro, sedimentação
e filtração.
– filtração;
– descloração;
– desmineralização.
Utilidades – Sistema de Águas
Esquema geral do tratamento d´água Neste tipo de clarificador, a água bruta
numa refinaria. entra pelo tubo central onde se mistura com
os produtos químicos e a água em circulação.
Um agitador promove a subida da água e sua
descarga para fora do tubo central.
O processo de clarificação tem duas etapas:
a) Floculação
b) Decantação
1.4.2 Filtração
A filtração consiste na passagem da água
através de um material poroso, freqüentemen-
te areia de granulometria pré-determinada, com
o objetivo de eliminar partículas em suspen-
são presentes na água, reduzindo sua turbidez.
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Utilidades – Sistema de Águas
Quando a perda de carga atinge um deter- A cloração pode ser realizada diretamen-
minado valor pré-fixado, a operação do filtro te por cloro gasoso (Cl2), ou através de deriva-
deve ser interrompida e feita a contra-lava- dos clorados, dentre os quais os principais são
gem (“backwash”) do filtro, que consiste na hipocloritos de sódio, NaClO, e de cálcio,
passagem do fluxo de água de baixo para cima, Ca(ClO)2. Geralmente, é mais econômico uti-
para remover as impurezas acumuladas no lizar cloro gasoso para vazões elevadas, e
meio filtrante e restaurar sua capacidade de hipoclorito para vazões baixas.
filtração. A demanda de cloro de uma água corres-
ponde a quantidade deste gás consumida na
1.4.3 Desinfecção reação com toda a matéria oxidável nela pre-
A maioria das águas, quer como se encon- sente.
tram na Natureza, quer clarificadas, mesmo Quando se faz a cloração da água bruta,
apresentando cor e turbidez desprezíveis, sem uma parte do cloro adicionado é consumida
qualquer cheiro, odor ou gosto indesejáveis, na combinação com diversos compostos, prin-
encontram-se contaminadas pela presença de cipalmente derivados nitrogenados.
microorganismos patogênicos. Compostos redutores orgânicos e inorgâ-
A desinfecção é o processo através do qual nicos também contribuem para consumir par-
os microorganismos patogênicos são elimina- te do cloro adicionado à água.
dos, não implicando necessariamente na com- Somente após todos esses produtos terem
pleta esterilização da água. sido oxidados, o cloro adicionado irá perma-
Existem diversos processos para se con- necer como Cloro residual livre, isto é, sob a
seguir a desinfecção de uma água, podendo ser forma de HClO + ClO–.
citados os seguintes: Geralmente, uma concentração de cloro
– filtração em porcelana porosa; livre da ordem de 0,3 a 0,5 ppm permite que a
– fervura; água mantenha-se isenta de microorganismos
– exposição a raios ultravioleta; patogênicos, mesmo longe do ponto de
– contato com prata; cloração, tornando-a potável com um índice
– ozonização; de coli/100 ml igual a zero.
– ação de agentes tensoativos;
– tratamento com cloro e outros oxidantes. 1.4.5 Pré-cloração e Pós-cloração
Dependendo da etapa do tratamento d'água
A eficiência da desinfecção depende de em que é feita a adição de cloro, pode-se ter
diversos fatores, tais como: pré ou pós-cloração.
– espécie e concentração dos microoga- Pré-cloração é a adição de cloro que se faz
nismos; à água bruta, antes de submetê-la à clarifica-
– tipo e concentração do agente desinfectante; ção e filtração. Seu principal objetivo é a des-
– tempo de contato; truição da matéria orgânica dissolvida por oxi-
– temperatura, pH, etc. dação, de forma a eliminar algas, bactérias e
outros microoganismos que podem prejudicar
1.4.4 Cloração a coagulação, floculação e filtração. Com isto,
O cloro é, sem dúvida, o principal agente consegue-se a eliminação de cor, odores e gos-
utilizado na desinfecção de água. tos indesejáveis, redução do teor de ferro, man-
A ação desinfectante do cloro deve-se à ganês e gás sulfídrico.
formação do ácido hipocloroso. Admite-se Pós-cloração é a cloração feita na saída
que ele age difundindo-se através da mem- da ETA, após clarificação.
brana celular e inibindo uma das reações es- A pós-cloração é realizada com fins de
senciais à vida dos microoganismos, a oxi- desinfecção e, portanto, indispensável quan-
dação da glicose dentro da célula. Estima-se do a água destina-se ao consumo humano. Sua
que o ácido hipocloroso seja 20 vezes mais aplicação é feita na tubulação de alimentação
poderoso como microbicida do que o íon do tanque de água potável.
hipoclorito. A dosagem de cloro a ser utilizada na pós- 15
O processo de desinfecção depende de fa- cloração deve ser suficiente para garantir a exis-
tores como pH, temperatura, concentração de tência de 1 ppm de Cl2 após 2 horas de contato.
substâncias reativas como cloro, concentração Deste modo, consegue-se garantir a desinfec-
e tipo de microorganismo presente, etc. ção ao longo de toda a rede de distribuição.
Utilidades – Sistema de Águas
Quando a rede de distribuição de água A suspensão é recalcada dos tanques pe-
potável é longa, como ocorre nas cidades, las bombas dosadoras e aplicada na tubulação
pode-se fazer a recloração da água em deter- de saída do reservatório de água potável ou no
minados pontos, como estações e elevatórias. recalque das bombas de água industrial, con-
forme o caso.
Sistema de cloração Em ambos os casos, a vazão de suspensão
Compõe-se, basicamente, dos seguintes de cal enviada pelas bombas dosadoras é au-
elementos: mentada ou diminuída, automaticamente, em
– balança; função do valor do pH medido a jusante dos
– cilindro de cloro; pontos de aplicação.
– tubulações flexíveis para cloro líquido;
– evaporados de cloro; 1.4.7 Descloração
– válvula redutora de pressão; É o processo de tratamento d'água que visa
– cloradores; a eliminação do cloro dissolvido, adicionado
– ejetor. previamente à água.
O cloro líquido, mantido sob pressão nos São dois os casos principais em que a água
cilindros, sobe pela tubulação e entra no eva- não pode apresentar cloro dissolvido:
porador, onde se aquece e vaporiza numa câ- – águas com muita matéria orgânica ou
mara. Obtém-se assim uma alta vazão de clo- contaminadas por despejos domésticos,
ro gasoso a partir de cloro líquido. que são supercloradas para fins de ge-
Na tubulação de saída do cloro gasoso, há ração de água potável. Essas águas ne-
uma válvula redutora-reguladora de pressão, cessitam ser descloradas e recloradas
que mantém baixa pressão na tubulação para em níveis mais baixos para envio aos
evitar a formação de cloro líquido. consumidores.
Os cloradores são equipamentos cujo ob- – águas que serão enviadas a unidades de
jetivo é regular, medir e controlar uma vazão desmineralização. Nesse caso, a elimi-
determinada de cloro gasoso, e misturá-lo com nação de cloro é essencial, por atacar
água filtrada para fornecer uma solução de clo- tanto as resinas catiônicas quanto as
ro que será injetada à água bruta. aniônicas, provocando sua deterioração
A dissolução do cloro na água é normal- ou diminuindo sua atividade.
mente feita com a utilização de um ejetor, um Entre os processos de descloração, podem
dispositivo que succiona o gás quando atra- ser citados:
vessado por uma corrente de água pressurizada – processos químicos;
e permite obter solução de concentração até – filtração através de leito de carvão ativo.
1000 ppm.
Os processos químicos baseiam-se na in-
1.4.6 Neutralização (correção de pH) trodução de produtos que reagem com o cloro
A neutralização de ácidos ou bases pode dissolvido na água. O processo mais utilizado
ser necessária para que determinada água es- é, porém, a filtração sobre uma camada de car-
teja em condições de uso. Isto ocorre com a vão ativo.
água potável e com a industrial, que devem A reação química global pode ser, assim,
ter os valores de pH compreendidos entre li- escrita:
mites bem definidos.
Após a clarificação e filtração, o pH da 2 Cl2 + C + 2 H2O → 4 HCl + CO2
água filtrada é aproximadamente o pH ótimo
de floculação (determinado em laboratório O ácido clorídrico reage imediatamente
pelo “jar-test”), geralmente compreendido en- com os sais de cálcio presentes na água, origi-
tre 6,5 e 7. Torna-se necessária a correção de nando cloreto de cálcio, que fica dissolvido
pH através da adição de um produto alcalino, na água desclorada.
como cal, soda, carbonato de sódio. Além disso, como o poder de absorção
16 O sistema de correção de pH compreen- do carvão ativo também é elevado, boa par-
de, basicamente, os seguinte equipamentos: te das matérias orgânicas presentes na água
– tanques de preparação da suspensão de cal; pode ser absorvida, isto é, fixada às partícu-
– bombas dosadoras; las de carvão por fenômenos físicos-químicos
– registrador-controlador de pH. de superfície.
Utilidades – Sistema de Águas
1.4.8 Processo de desmineralização retém os cátions dissolvidos, trocando-os por
Os processos de clarificação, filtração e íons H+) e uma camada de resina aniônica (que
desinfecção adequam a água ao consumo hu- retém os ânions, trocando-os por íons OH–),
mano e a alguns processos industriais básicos, ou então uma só coluna que contenha esses
tais como: reposição dos circuitos de resfria- dois tipos de resinas (leito-misto). No primei-
mento e água industrial para uso geral em pro- ro caso, deve-se passar a água primeiramente
cessos e serviços. pelas resinas catiônicas, pois estas são mais
Para o fluxo da água de alimentação das resistentes que as aniônicas, tanto química
caldeiras de alta pressão, ainda precisam ser como fisicamente. Deste modo, as resinas ca-
removidos os sais minerais e os gases dissol- tiônicas podem proteger as aniônicas, funcio-
vidos, pois devido às condições severas de nando como um filtro e aparando certos cons-
pressão e temperatura, a presença de tais subs- tituintes danosos a resinas aniônicas.
tâncias provoca sérios danos ocasionados por Representando por Rc – H a molécula de
incrustrações e corrosão nos tubos internos. uma resina catiônica, e por RA OH a de uma
Assim sendo, uma parte do fluxo e do sis- resina aniônica, pode-se visualizar o processo
tema de águas passa pelos processos de desmi- de desmineralização de uma água através de
neralização e desgaseificação (desaeração). duas reações de troca iônica:
Nesta etapa, estarão sendo estudados os a) Na primeira reação, a água a ser trata-
processos de desmineralização. Para atender da passa através de uma resina troca-
a forte demanda da área industrial, os proces- dora catiônica, onde os cátions presen-
sos de desmineralização mais utilizados são: tes (Na +, Ca2+) são adsorvidos pela
– resinas de troca iônica; substância sólida da resina, liberando
– osmose reversa. quantidade equivalente de íon H+:
Teoricamente, o processo de destilação
seria outra opção, porém o alto custo energéti-
co necessário à mudança de fase da água no
volume e vazão necessários torna-o absoluta-
mente inviável.
1.4.9 Desmineralização por resinas de troca b) Na segunda reação, a água ácida (cha-
iônica mada decationizada) passa pela resina
trocadora aniônica, onde os ânions pre-
sentes (Cl–, SO42–) são adsorvidos e per-
mutados por íons OH–:
Pressão osmótica
Pressão osmótica é a pressão mecânica que
se deve exercer sobre a solução, para impedir
a passagem do solvente puro para a solução,
através de uma membrana semi-permeável.
Caso seja aplicado sobre a superfície da
solução aquosa de sais inorgânicos, que está
contida no recipiente A, uma pressão mecâni-
ca, bem acima da pressão osmótica da solu-
ção em questão, nota-se que haverá uma in-
versão do fluxo de solvente (água pura) e este
migrará da solução que contém o soluto (sais
inorgânicos), para o recipiente B, que contém
água pura (solvente), conforme pode ser ob-
servado na Figura abaixo:
Espaçador Fluxo de
Alimentação
Produto
Produto contido
entre membranas
Poliamida
Camada de
barreira ultrafina
Polissufona
0,2 µm Microporosa
Polissulfona
40 µm Microporosa
120 µm
Tecido de reforço
23
Utilidades – Sistema de Águas
Por exemplo, na água de alimentação de Devido ao grande consumo de água, este
caldeiras de alta pressão, o sistema tradicio- sistema somente é utilizado quando existe su-
nal de troca iônica é substituído com vanta- ficientemente disponibilidade da mesma. Re-
gens pelo sistema de osmose reversa, seguido finarias, indústrias químicas, usinas termoelé-
de um leito misto para polimento. O custo des- tricas, etc., quando localizadas no litoral, mui-
sa alternativa é reduzido drasticamente pela tas vezes utilizam água do mar como meio de
redução no consumo de produtos químicos na resfriamento.
regeneração e neutralização dos efluentes. Todavia, apresenta a desvantagem da im-
Também para caldeiras de baixa pressão praticabilidade do tratamento químico da água
o sistema combinado com abrandamento apre- para a prevenção de problemas de corrosão e
senta custo operacional atraente. incrustação devido ao custo excessivo do tra-
Além dessas aplicações, o sistema tem se tamento e do lançamento de produtos quími-
mostrado útil para a preparação de água de cos poluentes no local de despejo. Além dis-
processo, na indústria química.Típico uso in- so, a poluição térmica resultante da descarga
clui a produção de água com alta pureza para de grandes volumes de água quente pode tor-
laboratórios, para lavagem de filtros, de me- nar-se problemática em muitas regiões.
tais e em reações de polimerização.
A osmose reversa também tem sucesso na 1.5.2 Sistemas semi-Abertos de recirculação
reciclagem e recuperação de rejeitos industri- São aqueles em que a água circula pelos
ais e no tratamento de efluentes. equipamentos, é refrigerada em uma torre de
resfriamento ou outro sistema aberto ao ar e
1.5 Sistema de Resfriamento retorna para posterior uso já a uma temperatu-
Na maioria dos processos industriais, há a ra adequada.
necessidade de resfriamento de equipamentos Este sistema consiste na reutilização da
e maquinarias em geral que geram uma certa água de resfriamento, após resfriada na torre
quantidade de calor durante sua operação. de resfriamento, seguindo um círculo fecha-
O fluido, geralmente utilizado para dis- do, ao qual se adiciona apenas uma pequena
sipar esse calor gerado, é a água, devido ao quantidade de água de reposição (“make-up”)
seu baixo custo e boas características físicas, destinada a cobrir as perdas que se verificam
por exemplo alto calor específico e baixa vis- durante o ciclo.
cosidade. Este tipo de sistema é utilizado quando a
Após sua utilização, pode-se eliminar a água vazão de água requerida é grande e a disponi-
do sistema ou então resfriá-la e reaproveitá-la bilidade de água limitada. Suas principais van-
no sistema de resfriamento. tagens são:
Os sistemas podem, portanto, ser classifi- – segurança no fornecimento de água fria;
cados em três categorias: – pequena reposição de água em cada ci-
– sistema aberto; clo, apenas para substituir a que se perde
– sistema semi-aberto de recirculação; por respingo, drenagem e vazamentos;
– sistema fechado. – possibilidade de emprego econômico e
A escolha deles depende de vários fatores: eficaz de tratamento para água.
– quantidade de água disponível;
– qualidade da água;
– temperatura da água;
– tipo de operação;
– tamanho do equipamento;
– limitações da qualidade do efluente in-
dustrial, etc.
1.6.2 Elementos da torre Cada célula, por sua vez, possui, ao lon-
Uma torre de resfriamento de água é com- go do eixo longitudinal da torre, uma
posta, basicamente, pelos seguintes elementos: parede com a finalidade de garantir
a) Tubulação e tanques de distribuição uniformidade de funcionamento dos
e redistribuição dois lados da torre, mesmo com ventos
A água a ser resfriada chega na parte predominantes.
superior da torre através de duas tubu- b) Plenum
lações que correm ao longo do eixo lon- Espaço vazio por onde passa o ar após
gitudinal da torre. caminhar pelo enchimento, antes de ser
Cada célula possui dois tanques supe- expulso da torre.
riores (um de cada lado), que distribu-
em a água por meio de tubos de porce- c) Equipamento mecânico
lana, por cima do enchimento. A água Conjunto composto por ventilador, re-
cai por gotejamento até o tanque infe- dutor de velocidade ou polias, eixo de
rior, atravessando o enchimento. Na transmissão ou correia, motor de acio- 25
parte intermediária, existe um tanque namento e chassi suporte. Este conjun-
de redistribuição, de cada lado, que per- to é responsável pela circulação do ar
mite uma distribuição mais uniforme quando a torre é do tipo tiragem mecâ-
da água. nica.
Utilidades – Sistema de Águas
d) Venezianas de entrada de ar – a altura do enchimento de contato é pra-
São telhas especiais de cimento-ami- ticamente a altura da torre.
anto, com finalidade de guiar o ar uni- Por outro lado, neste tipo de torre, há
formemente para dentro da torre e evi- maior tendência à formação de algas no sis-
tar eventuais respingos. tema de distribuição, devido à sua exposição
e) Enchimento na atmosfera.
É um arranjo de superfícies de troca de
calor entre o ar e a água. Sua função é Perdas
aumentar a área de contato entre o ar e Numa torre de refrigeração, as perdas de
a água e manter uma distribuição ade- água ocorrem de duas maneiras:
quada dos mesmos. – Perdas por evaporação
A troca de calor na torre é decorrente da
Consta de: evaporação de parte de água que nela circula.
– Sarrafos distanciadores Esta perda é da ordem de 1% para cada 5,5°C
Feitos de maçaranduba aplainada. Têm da queda de temperatura através da torre.
a finalidade de sustentar as ripas de con-
tato, garantindo espaçamento entre elas, – Perdas por arraste
além de formar canais de ar no sentido São perdas de água em forma de gotas,
transversal ao eixo longitudinal da torre. arrastadas pelos ventiladores ou por ação late-
– Ripa de contato ral do vento, em função do projeto da torre.
Feitas de maçaranduba serrada, em en- Um valor médio é de 0,25% da água em
talhes. São colocadas nos sarrafos e circulação.
constituem a superfície de contato en-
tre o ar e a água. Purga
– Ripas de amarração É a eliminação intermitente ou contínua
São ripas de comprimento três vezes de parte da água em circulação para manter o
maior que as ripas de contato. Têm a teor de sólidos nela dissolvidos.
finalidade de amarrar três pilhas gran- Os vazamentos no sistema de resfriamento
des vizinhas (duas ripas por grade). e as perdas por arraste implicam em menor
quantidade de purga necessária.
f) Eliminador de gotas A purga é, normalmente, expressa em por-
É um sistema de aletas usado com a fi- centagem da água em circulação.
nalidade de reduzir ao mínimo as per-
das das partículas de água no ar de des- 1.6.3 Estudos Psicrométricos do Ar Atmosférico
carga (saturado). O campo da Física que estuda as proprie-
Nestes equipamentos, o ventilador cria um dades do ar atmosférico (ar + vapor d'água)
fluxo de ar horizontal, enquanto a água cai atra- chama-se “Psicrometria”. Este estudo é muito
vés da corrente de ar. Para isto, o sistema de importante na operação da torre de resfriamen-
veneziana é disposto ao lado do enchimento e to, onde ocorre troca de calor por contato di-
em toda sua altura. Os eliminadores de res- reto ar/água.
pingos são colocados na parte interna da tor- Serão vistos alguns conceitos importan-
re, paralela ao enchimento. O distribuidor de tes no estudo psicrométrico do ar:
água é colocado na parte superior e externa da a) Umidade Absoluta (U.A.)
estrutura e a água cai no enchimento por gra- É o número de gramas de água exis-
vidade. Este fato faz o sistema de distribuição
tente em 1 kg de ar seco.
de água de fácil limpeza e desobstrução. Estes
sistemas admitem uma ou duas células
b) Umidade Relativa (U.R.)
acopladas a cada ventilador. No último caso,
tem-se uma maior área de evaporação operan- É a relação entre a quantidade de água
do ao mesmo custo. existente no ar (umidade absoluta) e a
26 quantidade de água que existiria no ar
Suas principais vantagens são:
– baixa perda de carga do ar, portanto me- se o mesmo estivesse saturado à mes-
nos potência dos ventiladores; ma temperatura.
– fácil acesso ao sistema de distribuição, Quando a umidade relativa é 100%,
mesmo com a torre em operação; diz-se que o ar está saturado.
Utilidades – Sistema de Águas
c) Calor total ou Entalpia (H) 1.6.4 Conceitos & Considerações complementares
É a quantidade de calor contida no ar e Aproximação (“Approach”)
no vapor d'água presente no mesmo. É É a diferença entre a temperatura da água
medida em kcal/kg de ar seco. fria na saída da torre e a temperatura de bulbo
úmido doar ao entrar na torre. Este valor é mui-
d) Temperatura de Bulso Seco (TBS) to importante porque representa teoricamente
a menor temperatura que pode ser conseguida
É a temperatura de ar medida em um
na água resfriada.
termômetro, cujo bulbo esteja envolvi-
do pelo próprio ar ambiente. Normal-
mente, quando se diz “temperatura Balanço material
ambiente” ao “ar”, refere-se à sua tem- Taxa de evaporação (E)
peratura de bulbo seco. É a quantidade de água perdida por eva-
poração a fim de resfriar a água circulante. Este
calor é fornecido pela própria água que em con-
e) Temperatura de Bulbo Úmido (TBU) seqüência se resfria.
É a temperatura de equilíbrio obtida na
superfície da água quando exposta ao Perdas por arraste (A)
ar, de tal forma que o calor transferido É a quantidade de água perdida na torre, devi-
pelo ar à água seja igual ao calor laten- do ao vento lateral ou ao arraste pelos ventiladores.
te necessário à vaporização da água. A Normalmente, é expressa em porcentagem
temperatura de bulbo úmido é obtida da taxa de circulação. Um valor médio para
revestindo-se o bulbo do termômetro torres de tiragem mecânica é de 0,1% a 0,3%
com um algodão úmido. da água em circulação.
Quando o ar não está saturado, há evapo-
ração da água contida no algodão, retirando Purga (“Blow-Down”) (B)
calor do bulbo do termômetro, havendo abai- É a eliminação intermitente ou contínua
xamento da coluna de mercúrio. Por isso, quan- de parte da água em circulação para manter o
do o ar não está saturado, a temperatura de teor de sólidos dissolvidos na água. Vazamen-
bulbo úmido é menor que a temperatura de tos no sistema de resfriamento e as perdas por
bulbo seco. arraste implicam em menor quantidade de pur-
À medida que o ar satura-se, a temperatu- ga necessária. É expressa, geralmente, em por-
ra de bulbo úmido vai ficando mais próxima centagem da água em circulação.
da temperatura de bulbo seco, até que se igua- A água de reposição ou “make-up” (R)
lam para um ar 100% saturado. deve ser adicionada para substituir a água per-
A diferença entre a temperatura de bulbo dida por evaporação, purga e arraste:
seco e de bulbo úmido mede, portanto, o grau
de saturação do ar. R=E+B+A
Determinando-se as temperaturas de bul-
bo úmido e bulbo seco, pode-se obter as de- Nesta expressão, os parâmetros R, E, B e
mais propriedades do ar através da Carta Psi- A são muitas vezes expressos como porcenta-
crométrica do ar. gem da água circulante.
Métodos mecânicos
Incluem a filtração “side-stream” e o con- 31
trole dos ciclos de concentração.
A filtração é efetuada sobre uma pequena
fração (1 a 5%) da água circulante, suficiente
para manter uma concentração de sólidos
Utilidades – Sistema de Águas
Porém, são utilizados os chamados inibido-
res de corrosão, dentre os quais os mais freqüen-
tes o Polifosfato de sódio e o Bicromato de sódio.
A eficiência de inibidores com estes produtos
ocorre a um pH de água entre 6,5 a 7,5.
A ação do inibidor consiste na formação
de uma película protetora muito fina, de gran-
de resistência e flexibilidade, não havendo in-
terferência alguma nas trocas de calor. Esta
Controle da qualidade da água em circulação película impede a reação de corrosão anódica:
Inibição de corrosão Fe° Fe++ = 2.e
A água utilizada nos sistemas de refrige- Além da aplicação dos inibidores, deve-se
ração do tipo aberto com recirculação poderá manter uma velocidade razoável da água dos
apresentar tendência à incrustação ou corosão equipamentos, a fim de evitar depósitos, com
nas superfícies dos equipamentos (tubulações, conseqüente formação de “pites” profundos.
tubos dos trocadores de calor, etc.) Além dos aspectos relativos a corrosão
A tendência à incrustação ou corrosão da metálica, a água não deverá atacar a madeira
água em circulação pode ser conhecida atra- dos elementos de contato. O ataque à madeira
vés da determinação do “Índice de Saturação poderá ser: químico, físico ou biológico.
do Cálcio” (pH-pHS), cujo cálculo foi desen- Para preservar a madeira é prevista a inje-
volvido pelo professor W.F. Langelier da Uni- ção de um biocida, a fim de prevenir o ataque
versidade da Califórnia, nos Estado Unidos. biológico. A injeção prévia de cloro na água
O valor de pHS (pH de saturação do car- bruta, na estação de tratamento de água, pre-
bonato de cálcio) é determinado pela seguinte vine também o ataque biológico.
expressão:
pHS = (9,3 + A + B) – (C + D), onde: 1.6.13 Termos usuais em água de resfriamento
A = f (sólidos dissolvidos totais); Faixa de tratamento
B = f (temperatura); É o quantum em °C ou °F de queda da
C = f (dureza em cálcio); temperatura da água da torre.
D = f (alcalinidade total). É a diferença entre a temperatura da água
Os valores A, B, C, D são encontrados em na entrada e na saída da torre.
tabelas.
“Approach”
Calculando-se Valor IS = pH – pHS, em É a diferença entre a temperatura da água
que o valor pH refere-se à água em circulação, fria na saída da torre e a temperatura de bulbo
pode-se ter três condições: úmido do ar junto à torre. Este valor é muito
IS < 0 : A água em circulação tem caracte- importante, porque representa teoricamente a
rísticas corrosivas. menor temperatura que pode ser obtida na água
IS = 0 : A água está estabilizada (não cor- resfriada.
rói nem incrusta).
IS > 0 : A água em circulação tem caracte- 1.6.14 Interferência dos organismos vivos nos
rísticas incrustantes. sistemas de tratamento de água
Os organismos vivos que habitam a água
Exemplo de aplicação interferem nos sistemas de água das seguintes
Dados: maneiras:
pH da água circulante : 7,2 a) Formação de limo nos trocadores de
Sólidos totais : 300 ppm calor, tubulações, paredes de tanques,
Dureza de cálcio : 56 ppm CaCO3 bacia da torre e enchimento das torres.
Alcalinidade total : 45 ppm CaCO3 Estas colônias agem tanto como isola-
Temperatura máxima da água quente: :52°C dores de troca térmica, provocam cor-
32 Verificar se a água tem tendência incrus- rosão sob depósitos, formação de pi-
tante ou corrosiva. lhas de aeração diferencial e absorção
Na prática, procura-se manter IS negativo, de sólidos suspensos para produzir os
indicando uma tendência corrosiva da água em “biofouling”, que restringirão os fluxos
circulação. de água nos sistemas;
Utilidades – Sistema de Águas
b) Reduzindo a eficiência das torres de Na água do mar, além dos problemas aci-
refrigeração pelas algas, cujo cresci- ma relacionados, há presença adicional de
mento pode bloquear tubos distribui- protozoários, mexilhões e serrípedes, que po-
dores de água nos tipos de fluxo cruza- derão formar depósitos extremamente duros e
do e impedir um boa circulação de ar, aderentes.
pela formação de cortinas nas chicanas
laterais; 1.6.16 Deterioração da madeira das torres
c) Formação de limo bacteriano nos fil- A madeira é constituída essencialmente de
tros de areia, impedindo uma boa fil- celulose, lignina e extratos naturais, sendo a ce-
tração e reduzindo a eficiência da con- lulose a parte fibrosa que confere resistência, a
tra-lavagem; lignina aglutinante que segue a estas fibras e os
d) Interferência nas unidades de abranda- extratos naturais, substâncias orgânicas que im-
mento ou desmineralização, por envol- pedem o apodrecimento prematuro da madeira.
vimento das resinas pela massa gelati- O enchimento e a estrutura de madeira das
nosa do limo, tendo como conseqüên- torres de refrigeração estão sujeitas a três ti-
cia uma troca iônica prejudicada; pos de ataque: químico, físico e biológico.
e) Ataque à celulose da madeira pelos fun-
gos, provocando um apodrecimento da 1.6.17 Ataque químico
estrutura e do enchimento das torres; O ataque químico à madeira é dirigido di-
f) Corroção do metal e concreto pelo cres- retamente à lignina, sendo os agentes causa-
cimento de bactérias redutoras de sulfa- dores do ataque as lixívias alcalinas e os agen-
to, enxofre, ferro, nitrificantes e desnitri- tes oxidantes fortes.
ficantes, dando como resultado corrosão A lignina solubiliza-se e resta à madeira a
localizada, corrosão generalizada, celulose, apresentando seu aspecto fibroso. O ata-
tuberculação e deterioração do concreto. que poderá ser superficial ou profundo, conforme
o tempo de exposição, os valores de pH utiliza-
1.6.15 Depósitos biológicos dos e as concentrações dos agentes oxidantes.
A proliferação de algas, fungos, bactérias
formadoras de limo e bactérias modificadoras 1.6.18 Ataque físico
do meio ambiente podem causar problemas de O ataque físico poderá ser decorrente de
deposição nos trocadores, chegando em cer- elevadas temperaturas ou de erosão por partí-
tos casos à obstrução. culas em suspensão.
Além da diminuição na transferência de As temperaturas altas são responsáveis
calor e no fluxo de água, eles podem propiciar pela remoção dos extratos naturais e facilitam
a formação de pilhas de aeração diferencial, o ataque biológico.
com intensa corrosão sob depósito.
A matéria biológica atrai outros tipos de 1.6.19 Ataque biológico
depósitos em virtude de sua natureza adesiva Como os hidratos de carbono constituem
(pegajosa), tais como, silt, lama, produtos de fonte de nutrição para os fungos, explica-se, en-
corrosão e outros precipitados inorgânicos, tão, o ataque biológico à madeira das torres de
como os de polifosfatos hidrolisados. refrigeração. Os basidiomicetos e fungos imper-
O problema poderá ser agravado com o feitos são os microorganismo mais diretamente
relacionados a este problema. A deterioração bi-
aparecimento de bactérias anaeróbicas, como
ológica pode acontecer tanto na parte externa
as redutoras de sulfato, que geram H2S e ata-
como na interna da madeira. Neste último caso,
cam os metais dando os sulfetos corresponde-
o apodrecimento é mais difícil de ser tratado,
tes onforme as reações seguintes:
justamente pelo fato de se dar internamente.
SO4= bactérias S= Os fungos filamentosos da família dos
S= + 2 H2O → H2S + 2 OH Aspergillus, Penicillium, Mucor, Fusarium e
H2S + Fe → FeS + H2 Alternaria são responsáveis pela destruição
superficial da madeira. As leveduras da famí-
Águas ferruginosas, isto é, contendo ele- lia dos Torulas e Saccharomyces são respon- 33
vadas concentrações de ferro divalente (Fe++), sáveis pelo descoramento da madeira.
poderão formar elevada tuberculação de ferro Os basidiomicetos da família dos Porio e
trivalente (Fe+++), pela ação das bactérias fer- Lenzitos ocasionam o apodrecimento interno
ro-oxidantes. da madeira.
Utilidades – Sistema de Águas
1.6.20 Biocidas o valor de pH indicado para a cloração deverá
Os biocidas e biostáticos são compostos ser situado entre 6 e 7, cujas concentrações de
químicos tóxicos, utilizados em águas de re- ácido hipocloroso são elevadas e o valor de pH
frigeração, com o propósito de eliminar os não interfere em diferentes tipos de tratamento.
microorganismos indesejáveis, ou inibir o cres- A velocidade de esterilização aumenta com
cimento dos mesmo, de tal forma que não cau- a temperatura, entretanto, como o cloro tem sua
sem danos ao processo de troca térmica. volatilização elevada nestes casos, seu consu-
Existem algumas considerações relacio- mo será extremamente alto e antieconômico.
nadas com o uso de biocidas que devem ser Doses de 3 a 5 ppm, normalmente, são sufi-
observadas, tais como: cientes para destruir a matéria orgânica nos siste-
– custo operacional baixo, nas concen- mas e manter um residual de cloro livre de 1 ppm,
trações efetivas; necessário para eliminar algas bactérias e fungos.
– conhecimento de suas características A aplicação do cloro deverá ser feita du-
tóxicas; rante a madrugada ou ao anoitecer, com o pro-
– não ser volátil; pósito de evitar que a ação da luz consuma
– ausência de inflamabilidade e caráter cloro além do necessário.
explosivo são desejáveis, a fim de pro- Dosagens de até 30 minutos deverão ser
piciar um seguro manuseio; feitas em um período e, em casos críticos, em
– possuir um largo espectro de ação: com dois períodos, mantendo-se, no retorno de água
a finalidade de atuar com eficiência para a torre, um residual de cloro livre de 1
sobre diferentes tipos de microorganis- ppm, pelo tempo de uma (1) hora.
mo, entretanto, inócuo ao homem e
outros animais; 1.6.23 Controle do tratamento microbiológico
– alto grau de degradabilidade é desejá- Com a finalidade de se obter resultados
vel e necessário, para evitar problemas satisfatórios no controle do crescimento das
com os efluentes. águas de refrigeração, uma série de medidas
deverão ser tomadas, tais como:
Os biocidas utilizados em refrigeração são – escolha dos biocidas mais eficazes para
dois tipos básicos, os oxidantes e os não-oxi- a água utilizada, fazendo em laborató-
dantes. Os oxidantes mais utilizados são o clo- rio, teste de sensibilidade;
ro gasoso, os hipocloritos de sódio e cálcio, e – dosagem de dois biocidas de mecanis-
o dióxido de cloro. mo de atividade diferente, com a fina-
Os tipos não-oxidantes são agentes de su- lidade de evitar a criação de microor-
perfície ativa como os sais quaternários de ganismo resistentes;
amônia e sais de fenol clorado, os organo- – dosar concentrações corretas e tempo
sulfurosos, como o metileno bis-tiocianato e certo, observando-se o tempo e descon-
o dimetil ditio-carbonato, além dos compos- centração do biocida;
tos organoestanosos. – controlar o crescimento de microorga-
nismo, por um dos seguintes processos.
1.6.21 Cloro – Detectar a presença de material limoso
O cloro e seus compostos são biocidas do nas superfícies de enchimento da torre
tipo oxidante, sendo os mais utilizados no con- e nas paredes de suas bacias. Uma su-
trole do crescimento microbiológico da água. perfície áspera indica ausência ou pou-
Se a taxa de aplicação de cloro é aumen- co desenvolvimento microbiano, e uma
tada até tornar-se suficiente para a oxidação superfície limosa (ou suja) indica pre-
das cloroaminas, haverá um repentino decrés- sença de microorganismos em concen-
cimo no cloro residual livre, até um ponto onde trações elevadas.
ele voltará a crescer. Este ponto é chamado de – Inocular em placas de Petri, a água cor-
“break-point”. retamente coletada na bacia da torre, a
fim de se efetuar a contagem de
1.6.22 Eficiência da cloração aeróbios totais por mL, desenvolvidos
34
A temperatura, o valor do pH e a matéria na placa, após incubada por 48 horas, à
orgânica exercem grande influência na eficiên- temperatura de 37°C.
cia bactericida das soluções de cloro ou – Dosar um agente dispersante de qualida-
hipoclorito. Como a ação esterilizante do cloro de comprovada, durante a cloração, com
deve-se, principalmente, ao ácido hipocloroso, a finalidade de aumentar sua eficiência.
Utilidades – Sistema de Águas
36