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Utilidades – Sistema de Águas

CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA


UTILIDADES – SISTEMA DE ÁGUAS

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Utilidades – Sistema de Águas

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Utilidades – Sistema de Águas

UTILIDADES – SISTEMA DE ÁGUAS


TEXTOS DE ENG. RAUL ELKIND – RH/ UNIVERSIDADE CORPORATIVA

ORGANIZAÇÃO: UZIAS ALVES

Equipe Petrobras
Petrobras / Abastecimento
UN´s: Repar, Regap, Replan, Refap, RPBC, Recap, SIX, Revap
3

CURITIBA
2002
Utilidades – Sistema de Águas
Módulo
Utilidades – Sistema de Águas

Ficha Técnica

Contatos com a Equipe da Repar: Antonio Razera Neto


Refinaria Presidente Getúlio Vargas – Repar (Coordenador do Curso de Desenho Industrial)
Rodovia do Xisto (BR 476) – Km16 Maurício Dziedzic
83700-970 Araucária – Paraná (Coordenador do Curso de Engenharia Civil)
Mario Newton Coelho Reis Júlio César Nitsch
(Coordenador Geral) (Coordenador do Curso de Eletrônica)
Tel.: (41) 641 2846 – Fax: (41) 643 2717 Marcos Roberto Rodacoscki
e-mail: marioreis@petrobras.com.br (Coordenador do Curso de Engenharia
Uzias Alves Mecânica)
(Coordenador Técnico) Textos de Eng. Raul Elkind – RH/ Universidade
Tel.: (41) 641 2301
Corporativa
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Uzias Alves
Décio Luiz Rogal (Organização)
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Fani Schiffer Durães (Coordenação de Revisão Técnica e Gramatical)
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Apresentação

É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você.


Para continuarmos buscando excelência em resultados, dife-
renciação em serviços e competência tecnológica, precisamos de
você e de seu perfil empreendedor.
Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre o
Centro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representada
pela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicos
que auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria.
Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planos
de aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc-
nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po-
dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como um
processo contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizado
pela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades da
Petrobras.
Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outras
fontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundar
seu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão na
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Utilidades – Sistema de Águas

Sumário
1 SISTEMA DE ÁGUAS ........................................................................................................................................7
1.1 A Importância da Água na Indústria .............................................................................................................7
1.1.1 Finalidades da Água em Refinarias de Petróleo ................................................................................7
1.2 Impurezas Presentes nas Águas ..................................................................................................................... 7
1.2.1 Sólidos em suspensão ........................................................................................................................7
1.2.2 Gases dissolvidos ...............................................................................................................................8
1.2.3 Sais dissolvidos ..................................................................................................................................8
1.2.4 Sílica ............................................................................................................................................... 10
1.2.5 Matéria orgânica ............................................................................................................................. 10
1.3 Captação, Adução, Recalque e Armazenamento de Água Bruta ............................................................... 10
1.4 Tratamento de Água .................................................................................................................................... 11
1.4.1 Clarificação ..................................................................................................................................... 12
1.4.2 Filtração .......................................................................................................................................... 14
1.4.3 Desinfecção ..................................................................................................................................... 15
1.4.4 Cloração .......................................................................................................................................... 15
1.4.5 Pré-cloração e Pós-cloração ............................................................................................................ 15
1.4.6 Neutralização (correção de pH) ...................................................................................................... 16
1.4.7 Descloração ..................................................................................................................................... 16
1.4.8 Processo de desmineralização ......................................................................................................... 17
1.4.9 Desmineralização por resinas de troca iônica ................................................................................. 17
1.4.10 Desmineralização por membranas de osmose reversa .................................................................... 18
1.4.11 Membranas de osmose reversa ....................................................................................................... 20
1.4.12 Módulos com elementos enrolados em espiral ............................................................................... 20
1.4.13 Sistemas de osmose reversa ............................................................................................................ 21
1.4.14 Pré-tratamento ................................................................................................................................. 22
1.4.15 Vantagens e limitações da osmose reversa ...................................................................................... 22
1.4.16 Limitações ....................................................................................................................................... 23
1.4.17 Aplicações ....................................................................................................................................... 23
1.5 Sistema de Resfriamento ............................................................................................................................ 24
1.5.1 Sistemas abertos .............................................................................................................................. 24
1.5.2 Sistemas semi-Abertos de recirculação ........................................................................................... 24
1.5.3 Sistemas Fechados .......................................................................................................................... 24
1.6 Torres de Resfriamento .............................................................................................................................. 25
1.6.1 Tipos de Torres de resfriamento ..................................................................................................... 25
1.6.2 Elementos da torre .......................................................................................................................... 25
1.6.2 Estudos Psicrométricos do Ar Atmosférico .................................................................................... 26
1.6.3 Conceitos & Considerações complementares ................................................................................. 27
1.6.4 Corrosão em sistemas de água de resfriamento ............................................................................. 27
1.6.5 Fatores que influenciam a corrosão pela água ................................................................................ 28
1.6.6 Inibidores de corrosão ..................................................................................................................... 29
1.6.7 Depósitos e incrustações ................................................................................................................. 29
1.6.7 Formação de depósitos em sistemas de resfriamento ..................................................................... 30
1.6.8 Formação de incrustações ............................................................................................................... 30
1.6.9 Controle de depósitos e incrustações .............................................................................................. 31
1.6.10 Tendência corrosiva ou incrustante da água ................................................................................... 31
1.6.11 Termos usuais em água de resfriamento ......................................................................................... 32
1.6.12 Interferência dos organismos vivos nos sistemas de tratamento de água ........................................ 32
1.6.13 Depósitos biológicos ....................................................................................................................... 33
1.6.14 Deterioração da madeira das torres ................................................................................................. 33
1.6.15 Ataque químico ............................................................................................................................... 33
1.6.16 Ataque físico ................................................................................................................................... 33
6 1.6.17 Ataque biológico ............................................................................................................................. 33
1.6.18 Biocidas .......................................................................................................................................... 34
1.6.19 Cloro ............................................................................................................................................... 34
1.6.20 Eficiência da cloração ..................................................................................................................... 34
1.6.21 Controle do tratamento microbiológico .......................................................................................... 34
Utilidades – Sistema de Águas

Sistema de Águas 1
ses normalmente encontrados na atmos-
1.1 A Importância da Água na Indústria
A água é a substância mais abundante e fera) em quantidades proporcionais às suas
também a mais importante na vida vegetal e pressões parciais. A água da chuva também
animal. Além disso, tem grande aplicação nos encontra poeira, fumaça e vapores, que, por
processos industriais e, por isso, a existência sua vez, são dissolvidos ou retidos em suspen-
de uma fonte de água abundante para supri- são. As bactérias, germes e microorganismos
mento do processo é um dos fatores básicos são também arrebatados por ela.
na seleção do local para instalação de uma in- Após contato com o solo, seja por percor-
dústria. rer a superfície terrestre, seja por percolar pe-
las camadas rochosoas, as impurezas contidas
1.1.1 Finalidades da Água em Refinarias de na água são aumentadas, devido ao grande
poder de dissolução que possui. Deste modo,
Petróleo pode ser dissolvida uma certa quantidade de
Em uma refinaria, a água passa por diver- matéria mineral do solo ou das pedras com as
sos processos de tratamento na Estação de Tra- quais entra em contato. A presença de argila e
tamento de Água (ETA) ou Unidade de Trata- outros sólidos em suspensão na água de rios e
mento de Água (UTRA), cujo objetivo é pro- córregos produz turbidez na mesma. Além dis-
duzir água tratada para atender às seguintes so, as águas de superfície ficam sujeitas à po-
demandas: luição pelos animais, seres humanos, esgotos
– combate a incêndio – utiliza-se a pró- das cidades e resíduos das indústrias.Daí a
pria água bruta; necessidade de purificação e condicionamen-
– reposição dos circuitos de resfria- to antes de seu uso como água potável ou para
mento (“make up”) – a água utilizada fins industriais.
é a água bruta submetida à cloração e Uma análise completa de uma água potá-
clarificação; vel poderia indicar a presença de mais de 50
– água industrial, para processos e ser- constituintes nela dissolvidos ou em suspen-
viços – é a água bruta submetida à pré- são. Estas impurezas podem ser enquadradas
cloração, clarificação, filtração e cor- nos seguintes grupos:
reção de pH; – Sólidos em suspensão;
– água potável – é a água bruta subme- – Gases dissolvidos;
tida à pré-cloração, clarificação, filtra- – Sais dissolvidos;
ção, pós-cloração e correção de pH; – Sílica;
– água desmineralizada, para reposi- – Matéria orgânica.
ção das caldeiras – é a água bruta sub-
metida à pré-cloração, clarificação, fil- 1.2.1 Sólidos em suspensão
tração, descloração e desmineralização. São as impurezas que não se dissolvem
na água, como areia, argila, sílica, algas, bac-
1.2 Impurezas Presentes nas Águas térias, resíduos industriais, vegetais e animais
A água em seu estado natural nunca é pura. de diversos tipos, etc. provocando turbidez. As
Mesmo quando proveniente de uma precipi- matérias em suspensão podem ser divididas 7
tação pluviométrica, só é considerada pura na em dois grupos: matérias decantáveis e maté-
condensação em grande altitude. À medida que rias coloidais.
desce através do ar, a água da chuva dissolve Matérias decantáveis ou sedimentos são
oxigênio, nitrogênio e dióxido de carbono (gases as partículas em suspensão que, quando a água
Utilidades – Sistema de Águas
mantida em repouso, depositam-se espontane- principal inconveniente é ser muito corrosiva
amente. Como exemplo, podem ser citados: para o cobre e suas ligas (latão, bronze), prin-
sólidos de dimensões relativamente grandes, cipalmente em presença de oxigênio. É remo-
areia, entre outros. vida na cloração da água.
Matérias coloidais são as partículas em O gás sulfídrico (H2S) aparece em algu-
suspensão que, ou não se depositam esponta- mas águas sulfurosas e em efluentes de refi-
neamente, ou exigem um longo tempo para se narias e indústrias petroquímicas. Mesmo em
depositar, quando a água é mantida em repou- concentração inferior a 1 ppm, é indesejável
so. Como exemplos podem ser citados a sílica, devido ao mau odor. Em presença de água, for-
cuja presença em água de refinaria provoca ma o ácido sulfídrico, um ácido fraco mas ca-
incrustações duras nos tubos das caldeiras, ar- paz de provocar corrosão no ferro e em ligas
gila, microorganismos, etc. Estas partículas de cobre. Sua remoção é feita por aeração ou
exigem um tratamento de floculação para que cloração.
possam depositar-se em condições viáveis eco- O metano (CH4), presente principalmen-
nomicamente. te em despejos sanitários devido à degradação
de matéria orgânica, também é removido por
1.2.2 Gases dissolvidos oxidação durante a aeração ou cloração da
Os gases que se encontram dissolvidos na água.
água em proporção maior são o oxigênio, o
anidrido carbônico (CO2) e, em menor escala, 1.2.3 Sais dissolvidos
a amônia (NH3), o gás sulfídrico (H2S) e o A água contém, em proporções variadas,
metano (CH4). diversos íons em solução. Entre os ânions mais
O oxigênio encontra-se dissolvido em to- comuns estão os carbonatos, bicarbonatos,
das as águas naturais. Provoca corrosão em sulfatos, cloretos e nitratos, enquanto os prin-
superfícies de ferro, latão, cobre, etc., com cipais cátions metálicos são sódio, cálcio,
velocidade diretamente proporcional ao teor magnésio, ferro e manganês.
dissolvido, daí a necessidade de sua remoção Os sólidos dissolvidos, quando em altas
da água utilizada na geração de vapor, de for- concentrações, causam espuma e arraste em
ma a evitar corrosão em tubulações, sistemas caldeiras. O teor de sólidos dissolvidos em uma
de condensado e demais superfícies metálicas amostra pode ser determinado por evaporação
das caldeiras. da água, ou indiretamente através da medida
A eliminação do oxigênio é feita mecani- da condutividade elétrica. Seu conhecimento
camente nos desaeradores e quimicamente pela é de grande utilidade para a determinação das
adição de substâncias redutoras como o sulfito razões de descarga de águas de caldeiras ou
de sódio ou a hidrazina. evaporadores, com o objetivo de manter um
O gás carbônico (CO2) está presente em teor máximo de sólidos totais na água.
pequena proporção (2 ppm) nas águas de su-
perfície devido à absorção do ar. Nas águas de
fontes e nascentes, o teor pode variar desde
valores insignificantes até valores tão altos que
o CO2 borbulha quando a pressão é aliviada.
O CO2 aparece também como produto da de-
composição térmica dos bicarbonatos.
Quando dissolvido na água, o CO2 é cor-
rosivo devido à formação do ácido carbônico,
que ataca as superfícies metálicas das caldei-
ras, evaporadores e sistemas de condensado.
A eliminação do CO2 é obtida por desgaseifi- Incrustação em base de cálcio, magnésio, silica e fosfato.
cação atmosférica ou térmica.
A amônia (NH3) aparece dissolvida, nas Cálcio e magnésio: São os responsáveis pela
8 águas brutas, pura ou combinada sob a for- dureza das águas. A importância da dureza no
ma de compostos orgânicos. Também apa- tratamento de águas para fins industriais de-
rece nas águas por ser utilizada como agen- corre do fato dos sais de cálcio e magnésio te-
te alcalinizante para proteção contra a cor- rem a tendência de formar incrustações em su-
rosão ou por decomposição da hidrazina. Seu perfícies onde há troca de calor, por exemplo,
Utilidades – Sistema de Águas
tubos de caldeira e de trocadores de calor de Ferro e manganês também são agentes de
sistemas de água de refrigeração. Estas incrus- dureza, mas, geralmente, estão em concentra-
tações provocam perda de eficiência na troca ções tão baixas que não influenciam signifi-
de calor e rupturas por superaquecimento lo- cativamente a dureza devido ao cálcio e mag-
calizado em tubos de caldeira. nésio.
Carbonatos e bicarbonatos: são indese- Pode-se proceder a remoção do ferro e do
jáveis na água porque, por aquecimento nas manganês presentes na água através de aeração
caldeiras, decompõem-se e liberam CO2, um em pH elevado e posterior decantação e filtra-
gás corrosivo que ataca as superfícies metáli- ção, com o objetivo de oxidar o Fe2+ a Fe3+,
cas das caldeiras e tubulações de retorno de insolúvel em meio alcalino.
condensado. Os carbonatos de cálcio e mag- Cloretos: São encontrados em todas as
nésio, por sua vez, têm tendência a formar in- águas naturais e ocorrem numa larga gama de
crustações nas superfícies de troca de calor. concentração, geralmente na forma de cloretos
Além disso, a presença de sais dissolvidos de sódio, cálcio e magnésio.
aumenta a tendência de formação de espuma
e arraste nas caldeiras. Os cloretos aumentam a condutividade da
A eliminação de bicarbonatos da água efe- água, acelerando assim a corrosão dos metais.
tua-se mediante a adição de ácido sulfúrico ou Além disso, cloretos em águas de caldeiras
contribuem para o aumento do teor de sólidos
clorídrico, com aeração para eliminar o CO2
dissolvidos, requerendo períodos de purga de
formado, ou ainda, mediante intercâmbio
fundo “blow-down” (purga de fundo) mais longos.
iônico e aeração posterior.
Ferro e manganês: Os íons ferro podem Sulfatos e Nitratos: Os sulfatos podem
estar presentes na água provenientes da pró- ser provenientes da lixiviação de gipsita,
pria fonte (rios, poços) ou devido à corrosão anidrita e depósitos de calcários. Em geral es-
de equipamentos em contato com água na pró- tão presentes como sulfatos de cálcio, sódio e
pria planta industrial. magnésio, variando grandemente sua concen-
A forma mais comum em que o ferro so- tração, conforme a região de onde a água é
lúvel é encontrado em águas é como bicarbo- originária.
nato ferroso – Fe(HCO3)2. Está presente, nes- O sulfato de cálcio tem solubilidade de-
ta forma, em águas subterrâneas profundas, crescente com a temperatura, e por isto forma
limpas e incolores que, em contato com o ar, crostas aderentes em superfícies de transferên-
turvam-se e sedimentam um depósito. cia de calor.
Para fins industriais, não é desejável a pre- Sódio e potássio formam sais solúveis pro-
sença do ferro, devido a diversos problemas, vocando aumento da corrosividade da água
tais como: pelo aumento da condutividade.
– envenenamento de resinas de troca Fosfatos: Formam resíduos insolúveis de
iônica, principalmente pelos íons Fe3+; fosfato tricálcico, Ca3(PO4)2, em águas com
– tendência de formar depósitos em tu- elevada dureza. podem também estar presen-
bos, que aumentam a perda de carga e tes na água com agentes alcalinos. Outro pro-
provocam corrosão nas superfícies me- blema causado pelos fosfatos deve-se ao fato
tálicas sob os depósitos; destes serem nutrientes para algas e outros
– crescimento de bactérias como Creno- microorganismos, favorecendo, assim, a pro-
trix, Gallionella, entre outras, capazes liferação de tais organismos.
de oxidar o Fe2+ a Fe3+, um íon menos Fluoretos: Podem provocar manchas nos
solúvel que se deposita nas tubulações. dentes e por isto seu teor na água potável é
O manganês é usualmente encontrado jun- limitado a 1,5 ppm.
to com o ferro em águas naturais e provoca Metais pesados: Pb, Cd, Cu, Hg e outros
problemas semelhantes de depósito, incrusta- metais pesados podem estar presentes na água
ção (mesmo em pequenas quantidades, como devido a despejos industriais. Como não são 9
0,2 a 0,3 ppm), cor e condições de desenvol- eliminados pelo organismo, provocam sérias
vimento de microorganismos como o Creno- doenças e por isto seu limite em águas para
trix. Daí o teor máximo ser fixado em 0,05 ppm fins potáveis é fixado em teores da ordem de
de Mn em águas potáveis. 0,05 ppm.
Utilidades – Sistema de Águas
1.2.4 Sílica Nas águas de caldeira, a matéria orgânica
Constituinte de todas as águas naturais, provoca espuma em tubulões, o que facilita o
a sílica pode estar presente em suspensão ou arraste de sólidos dissolvidos para o vapor. Em
dissolvida na água, em teores de 1 a mais de sistemas de desmineralização, a matéria orgâ-
100 ppm. nica provoca envenenamento das resinas tro-
cadoras, principalmente as aniônicas de base
forte, daí a necessidade de sua remoção, feita
por oxidação através do Cloro, sedimentação
e filtração.

1.3 Captação, Adução, Recalque e


Armazenamento de Água Bruta
As refinarias captam água diretamente de
rios ou através de barragens, portanto é de
grande importância a localização da captação
para facilitar e ajudar no tratamento da água,
de forma a evitar, com seu posicionamento,
Rompimento do Tubo de Caldeira devido a presença de
incrustações. despejos industriais, turbidez excessiva, alte-
ração de vazão, resíduos sólidos, assoreamen-
A sílica, em combinação com a dureza, to, inundações, etc.
produz incrustações duríssimas e de difícil re- Do ponto de captação, o fluxo é bombea-
moção em superfícies de troca de calor, como do através de uma estação elevatória (Subes-
as de uma caldeira ou trocador de calor. tação e Casa de Bombas) até uma torre de
Em caldeiras de pressões superiores a 400 recalque, que cumpre a finalidade de propor-
psi, a sílica presente na água é arrastada pelo cionar pressão de coluna adequada na descar-
vapor, provocando a formação de incrustações ga das bombas e assegura um regime de bom-
duras de silicatos nos tubos do superaquece- beio estável e nível suficiente para o desloca-
dor. Além disso, devido à solubilidade da sílica mento gravitacional do fluxo até a refinaria,
no vapor de alta pressão, esta o acompanha através de uma adutora.
até os estágios de baixa pressão das turbinas, No percurso, há a necessidade de uma tor-
quando sua solubilidade diminui. A sílica desta re de equilíbrio, construída em concreto, que
forma precipita, provocando incrustações nas se mostra como pulmão da adutora, uma vez
palhetas das turbinas e daí o desbalanceamento que absorve golpes de aríete e entradas de ar
das mesmas. decorrentes das variações e interrupções de fluxo.
A remoção da sílica em suspensão pode Nos pontos altos, há a necessidade de vál-
ser feita pelos processos de clarificação e fil- vulas ventosas, que controlam a entrada e sa-
tração, porém a sílica dissolvida só consegue ída de ar na tubulação: permanecem abertas
enquanto existir ar no interior da tubulação e
ser removida por resinas aniônicas de base
fecham com a chegada de água, após expul-
forte.
são do ar. Se ocorrer drenagem da água do in-
terior da tubulação, das válvulas ventosas?
1.2.5 Matéria orgânica evitam a formação de vácuo, permitindo a en-
Aparece na água devido à decomposição trada de ar.
de animais e vegetais, microorganismos, des- Os efeitos de dilatação da adutora são ab-
pejos industriais ou domésticos, etc. sorvidos pela instalação de juntas “dresser” ou
O crescimento de algas e microorganismos sanfonadas. As juntas “dresser” consistem,
em sistemas de resfriamento pode provocar basicamente, de um tubo encaixado dentro de
depósitos, que causam entupimentos em li- outro, devidamente vedados através de gaxetas
nhas, válvulas e equipamentos de troca térmi- especiais.
ca, corrosão por aeração diferencial, deterio- Na estação elevatória, as paradas das bom-
10 ração da madeira em torres de refrigeração, etc. bas exigem cuidados especiais, pois a inter-
A presença de matéria orgânica na água rupção abrupta do bombeio, decorrente de
também é indesejável do ponto de vista estéti- queda de energia ou outras eventualidades,
co e de potabilidade, pois provoca o apareci- geraria um retorno de fluxo de várias tonela-
mento de cor, sabor e odor desagradáveis. das, em função do peso da coluna d´água entre
Utilidades – Sistema de Águas
a descaga das bombas e a cota da torre de equi- mente para dreno e fecham lentamente
líbrio. A fim de absorver este impacto há três até que o refluxo seja absorvido.
níveis de proteção:
1. Fechamento lento e gradativo das vál- 3. Na eventualidade de falha na atuação
vulas de descarga, de modo a não gerar das válvulas antigolpe, são acionadas
variação abrupta de fluxo de retorno. as válvulas de segurança, denominadas
As bombas podem apenas ser desliga- PSV´s, projetadas para abrir para dre-
das após fechamento total destas vál- no quando a pressão limite de calibra-
vulas. ção for atingida. Estas válvulas, nor-
malmente, são projetadas para abertu-
2. Ao ocorrer parada abrupta do bombeio, ra em três níveis diferentes de pressão,
o retorno do fluxo é absorvido por vál- de forma a garantir a confiabilidade do
vulas antigolpe, que abrem imediata- sistema.

1.4 Tratamento de Água


Tratamento de água é o nome genérico dado a um conjunto de processos que visa à obtenção
de água com as características físicas, químicas e biológicas necessárias, quer ao consumo hu-
mano, quer ao consumo industrial.
Dentre os processos de tratamento d'água mais comuns, podem ser citados:
– sedimentação;

– clarificação (floculação e decantação);

– filtração;

– desinfecção (pré- e pós-cloração);

– neutralização (correção de pH); 11

– descloração;

– desmineralização.
Utilidades – Sistema de Águas
Esquema geral do tratamento d´água Neste tipo de clarificador, a água bruta
numa refinaria. entra pelo tubo central onde se mistura com
os produtos químicos e a água em circulação.
Um agitador promove a subida da água e sua
descarga para fora do tubo central.
O processo de clarificação tem duas etapas:
a) Floculação
b) Decantação

Floculação: tem por objetivo transformar


as partículas coloidais em partículas decantá-
veis e, deste modo, permitir a eliminação da
maior parte das matérias em suspensão, por
posterior decantação.
Caso as partículas coloidais chocassem
umas contra as outras poderiam aglutinar-se,
aumentar de tamanho e, conseqüentemente,
decantar. O que impede este choque entre as
partículas coloidais é a repulsão entre as car-
gas elétricas nelas presentes, graças à ação das
forças eletrostáticas.
Estas cargas elétricas em geral são grupos
ionizáveis de carga negativa (particularmente
OH– da água) absorvidos na superfície das
partículas coloidais.
O que se deseja na clarificação é, essenci-
almente, a desestabilização do colóide, ou seja,
1.4.1 Clarificação sua coagulação, e o crescimento das partícu-
A clarificação pode ser definida como a las formadas (floculação) de maneira que seja
remoção da matéria finamente dividida e em fácil separá-las da água por sedimentação ou
suspensão em água. Geralmente, é a primeira filtração.
etapa em qualquer tipo de tratamento d’água, A coagulação é alcançada adicionando-se
pois a maioria das aplicações da água exige à água eletrólitos contendo íons de carga ele-
que esta seja clara e sem cor. vada. Estes neutralizam as cargas elétricas pro-
Devido às limitações de espaço, a maioria tetoras da partícula coloidal, pois anulam as
das indústrias instala clarificadores compac- forças de repulsão eletrostática, de maneira a
tos, também chamados acelerados. Esses permitir a aproximação e contato entre as par-
clarificadores tem geralmente o formato de um tículas.
tanque trono-cônico, tendo a base maior para Decantação: Os produtos químicos mais
cima. usados em coagulação são sais de alumínio ou
de ferro, tais como sulfato de alumínio, alu-
Alimentação
minato de sódio, sulfato férrico, cloreto férrico
Motor do raspador
de produtos e sulfato ferroso. Estes sais, em presença da
Calha coletora químicos alcalinidade natural da água ou da alcalinidade
Saída de
a ela adicionada, dão origem a hidróxidos
água metálicos trivalentes, que precipitam sob a
clarificada forma de flocos volumosos e pesados, com
Alimentação enorme área superficial por unidade de volu-
me, e aprisionam facilmente sólidos em sus-
pensão.
12
Raspador Preparo das soluções
de lodo
Os produtos químicos utilizados na flocu-
Saída de lação são preparados em concentrações deter-
lama minadas, em tanques de preparação providos
Utilidades – Sistema de Águas
de agitadores e dosados através de bombas béqueres e diversas dosagens do agen-
dosadoras de membrana, ajustadas manual- te alcalizante (cal);
mente, para serem aplicadas na caixa de che- – a dosagem do adjuvante de floculação –
gada de água bruta. utilizam-se as dosagens ótimas de sul-
fato e cal, e diversas dosagens do adju-
Auxiliares de coagulação vante;
São produtos adicionados para melhorar – a velocidade de sedimentação dos flo-
a coagulação e floculação, que produzem flo- cos, um parâmetro importante para o
cos maiores e mais pesados, em faixas mais cálculo de decantadores.
amplas de pH.
Teste de sulfato (Com solução de sulfato
Polieletrólitos de alumínio a 1% p/v)
São polímeros denominados polieletróli- 1. Adicionar por meio de uma pipeta:
tos, que quando dissolvidos em água, ionizam- – 1 mL de solução a 1% no 1° béquer
se (adquirem carga positiva ou negativa). – 2 mL de solução a 1% no 2° béquer
A figura abaixo ilustra, esquematicamen- – 3 mL de solução a 1% no 3° béquer
te, a atuação dos polieletrólitos catiônicos, – 4 mL de solução a 1% no 4° béquer
neutralizando as cargas negativas das partícu- – 5 mL de solução a 1% no 5° béquer
las coloidais. – 6 mL de solução a 1% no 6° béquer,
de maneira que sejam preparadas so-
luções com 10, 20, 30, 40, 50 e 60 ppm
de sulfato de alumínio, respectiva-
mente.
2. Deixar os agitadores ligados por 10
segundos.
3. Observar a formação dos flocos em
cada béquer quanto:
Teste de Jarro ("Jar-Test") – ao tamanho de floco e
É o teste usado para se estimar as concen- – à quantidade de flocos.
trações e os tipos de produtos químicos ne-
cessários para obtenção de uma clarificação
ótima de uma água, em determinadas condi-
ções de tempo, temperatura e velocidade de
agitação. A determinação deve ser feita por
tentativas e por comparação de resultados, ra-
zão pela qual utiliza-se um aparelho que pos-
sibilita a execução de diversos testes simultâ-
neos.
Em cada teste, após a colocação de 1 litro
de água em análise em cada béquer, adicio- 4. Preparar os agitadores, levantar as pás
nam-se diferentes quantidades dos produtos e deixar decantar por 20 minutos com
químicos (coagulação, adjuvante e alcalinizan- a luz apagada.
te). Submete-se o conjunto à agitação rápida 5. Observar, de tempos em tempos (acen-
durante 10 segundos e à agitação lenta duran- dendo a luz):
te mais 20 minutos. – a rapidez de decantação e
Cessa-se a agitação e os flocos são deixa- – a quantidade decantada.
dos decantar por algum tempo. Comparam-se,
visualmente, os resultados em cada béquer, es- Aplicação dos Produtos Químicos
colhendo como dosagem ótima a empregada no Após adição e mistura dos produtos quími-
béquer que apresentou melhor floculação. cos à água, a floculação processa-se espontane-
Este ensaio permite determinar: amente, no entanto exige um tempo relativa- 13
– a dosagem ótima do agente coagulante mente longo. Submetendo-se, porém, a água à
(sulfato de alumínio); agitação durante 15 a 30 minutos, verifica-se
– o pH ótimo de floculação – utiliza-se a sensível redução de tempo e razoável melhoria
dosagem ótima do sulfato em todos os nas características dos flocos. O fenômeno é
Utilidades – Sistema de Águas
explicado através da melhor distribuição do velocidade da água vai diminuindo e garante,
coagulante e do aumento do número de coli- assim, a formação de um manto de lama na
sões entre ele e as partículas em suspensão. base do clarificador. A floculação é acelerada
A aplicação dos coagulantes pode ser feita pelo próprio contato com o precipitado já for-
em calha Parshall, como ilustrado na Figura: mado previamente.

1.4.2 Filtração
A filtração consiste na passagem da água
através de um material poroso, freqüentemen-
te areia de granulometria pré-determinada, com
o objetivo de eliminar partículas em suspen-
são presentes na água, reduzindo sua turbidez.

A água bruta entra pelo tubo central onde


se mistura com os produtos químicos e a água
em circulação. Um agitador promove a subida
da água e sua descarga para fora do tubo cen-
tral. Passa, então, a fluir em sentido descen-
dente na câmara de floculação, onde os flocos
se formam. Como a seção vai aumentando, a
Como muitas partículas finalmente divididas e coloidais não são retidas nos filtros, a filtra-
ção é, normalmente, precedida pela coagulação, que aumenta o tamanho das partículas e facilita
sua sedimentação. A filtração age, assim, como uma complementação à decantação, insuficiente
na maioria dos casos, de modo a produzir uma água totalmente clarificada. Durante o processo
de filtração, as partículas em suspensão depositam-se nos espaços livres entre os grãos de areia.
Verifica-se, com o passar do tempo, diminuição gradual das seções livres de passagem de água,
provocando em conseqüência um aumento gradativo da perda de carga causada pelo leito filtrante.
A ação da areia não é apenas criar poros menores do que a matéria retida. Na prática, duran-
te a filtração, são também retidas partículas coloidais e bactérias. Explica-se este fenômeno pelo
fato dessas partículas serem absorvidas pelos grãos de areia face à existência de cargas elétricas.

14
Utilidades – Sistema de Águas
Quando a perda de carga atinge um deter- A cloração pode ser realizada diretamen-
minado valor pré-fixado, a operação do filtro te por cloro gasoso (Cl2), ou através de deriva-
deve ser interrompida e feita a contra-lava- dos clorados, dentre os quais os principais são
gem (“backwash”) do filtro, que consiste na hipocloritos de sódio, NaClO, e de cálcio,
passagem do fluxo de água de baixo para cima, Ca(ClO)2. Geralmente, é mais econômico uti-
para remover as impurezas acumuladas no lizar cloro gasoso para vazões elevadas, e
meio filtrante e restaurar sua capacidade de hipoclorito para vazões baixas.
filtração. A demanda de cloro de uma água corres-
ponde a quantidade deste gás consumida na
1.4.3 Desinfecção reação com toda a matéria oxidável nela pre-
A maioria das águas, quer como se encon- sente.
tram na Natureza, quer clarificadas, mesmo Quando se faz a cloração da água bruta,
apresentando cor e turbidez desprezíveis, sem uma parte do cloro adicionado é consumida
qualquer cheiro, odor ou gosto indesejáveis, na combinação com diversos compostos, prin-
encontram-se contaminadas pela presença de cipalmente derivados nitrogenados.
microorganismos patogênicos. Compostos redutores orgânicos e inorgâ-
A desinfecção é o processo através do qual nicos também contribuem para consumir par-
os microorganismos patogênicos são elimina- te do cloro adicionado à água.
dos, não implicando necessariamente na com- Somente após todos esses produtos terem
pleta esterilização da água. sido oxidados, o cloro adicionado irá perma-
Existem diversos processos para se con- necer como Cloro residual livre, isto é, sob a
seguir a desinfecção de uma água, podendo ser forma de HClO + ClO–.
citados os seguintes: Geralmente, uma concentração de cloro
– filtração em porcelana porosa; livre da ordem de 0,3 a 0,5 ppm permite que a
– fervura; água mantenha-se isenta de microorganismos
– exposição a raios ultravioleta; patogênicos, mesmo longe do ponto de
– contato com prata; cloração, tornando-a potável com um índice
– ozonização; de coli/100 ml igual a zero.
– ação de agentes tensoativos;
– tratamento com cloro e outros oxidantes. 1.4.5 Pré-cloração e Pós-cloração
Dependendo da etapa do tratamento d'água
A eficiência da desinfecção depende de em que é feita a adição de cloro, pode-se ter
diversos fatores, tais como: pré ou pós-cloração.
– espécie e concentração dos microoga- Pré-cloração é a adição de cloro que se faz
nismos; à água bruta, antes de submetê-la à clarifica-
– tipo e concentração do agente desinfectante; ção e filtração. Seu principal objetivo é a des-
– tempo de contato; truição da matéria orgânica dissolvida por oxi-
– temperatura, pH, etc. dação, de forma a eliminar algas, bactérias e
outros microoganismos que podem prejudicar
1.4.4 Cloração a coagulação, floculação e filtração. Com isto,
O cloro é, sem dúvida, o principal agente consegue-se a eliminação de cor, odores e gos-
utilizado na desinfecção de água. tos indesejáveis, redução do teor de ferro, man-
A ação desinfectante do cloro deve-se à ganês e gás sulfídrico.
formação do ácido hipocloroso. Admite-se Pós-cloração é a cloração feita na saída
que ele age difundindo-se através da mem- da ETA, após clarificação.
brana celular e inibindo uma das reações es- A pós-cloração é realizada com fins de
senciais à vida dos microoganismos, a oxi- desinfecção e, portanto, indispensável quan-
dação da glicose dentro da célula. Estima-se do a água destina-se ao consumo humano. Sua
que o ácido hipocloroso seja 20 vezes mais aplicação é feita na tubulação de alimentação
poderoso como microbicida do que o íon do tanque de água potável.
hipoclorito. A dosagem de cloro a ser utilizada na pós- 15
O processo de desinfecção depende de fa- cloração deve ser suficiente para garantir a exis-
tores como pH, temperatura, concentração de tência de 1 ppm de Cl2 após 2 horas de contato.
substâncias reativas como cloro, concentração Deste modo, consegue-se garantir a desinfec-
e tipo de microorganismo presente, etc. ção ao longo de toda a rede de distribuição.
Utilidades – Sistema de Águas
Quando a rede de distribuição de água A suspensão é recalcada dos tanques pe-
potável é longa, como ocorre nas cidades, las bombas dosadoras e aplicada na tubulação
pode-se fazer a recloração da água em deter- de saída do reservatório de água potável ou no
minados pontos, como estações e elevatórias. recalque das bombas de água industrial, con-
forme o caso.
Sistema de cloração Em ambos os casos, a vazão de suspensão
Compõe-se, basicamente, dos seguintes de cal enviada pelas bombas dosadoras é au-
elementos: mentada ou diminuída, automaticamente, em
– balança; função do valor do pH medido a jusante dos
– cilindro de cloro; pontos de aplicação.
– tubulações flexíveis para cloro líquido;
– evaporados de cloro; 1.4.7 Descloração
– válvula redutora de pressão; É o processo de tratamento d'água que visa
– cloradores; a eliminação do cloro dissolvido, adicionado
– ejetor. previamente à água.
O cloro líquido, mantido sob pressão nos São dois os casos principais em que a água
cilindros, sobe pela tubulação e entra no eva- não pode apresentar cloro dissolvido:
porador, onde se aquece e vaporiza numa câ- – águas com muita matéria orgânica ou
mara. Obtém-se assim uma alta vazão de clo- contaminadas por despejos domésticos,
ro gasoso a partir de cloro líquido. que são supercloradas para fins de ge-
Na tubulação de saída do cloro gasoso, há ração de água potável. Essas águas ne-
uma válvula redutora-reguladora de pressão, cessitam ser descloradas e recloradas
que mantém baixa pressão na tubulação para em níveis mais baixos para envio aos
evitar a formação de cloro líquido. consumidores.
Os cloradores são equipamentos cujo ob- – águas que serão enviadas a unidades de
jetivo é regular, medir e controlar uma vazão desmineralização. Nesse caso, a elimi-
determinada de cloro gasoso, e misturá-lo com nação de cloro é essencial, por atacar
água filtrada para fornecer uma solução de clo- tanto as resinas catiônicas quanto as
ro que será injetada à água bruta. aniônicas, provocando sua deterioração
A dissolução do cloro na água é normal- ou diminuindo sua atividade.
mente feita com a utilização de um ejetor, um Entre os processos de descloração, podem
dispositivo que succiona o gás quando atra- ser citados:
vessado por uma corrente de água pressurizada – processos químicos;
e permite obter solução de concentração até – filtração através de leito de carvão ativo.
1000 ppm.
Os processos químicos baseiam-se na in-
1.4.6 Neutralização (correção de pH) trodução de produtos que reagem com o cloro
A neutralização de ácidos ou bases pode dissolvido na água. O processo mais utilizado
ser necessária para que determinada água es- é, porém, a filtração sobre uma camada de car-
teja em condições de uso. Isto ocorre com a vão ativo.
água potável e com a industrial, que devem A reação química global pode ser, assim,
ter os valores de pH compreendidos entre li- escrita:
mites bem definidos.
Após a clarificação e filtração, o pH da 2 Cl2 + C + 2 H2O → 4 HCl + CO2
água filtrada é aproximadamente o pH ótimo
de floculação (determinado em laboratório O ácido clorídrico reage imediatamente
pelo “jar-test”), geralmente compreendido en- com os sais de cálcio presentes na água, origi-
tre 6,5 e 7. Torna-se necessária a correção de nando cloreto de cálcio, que fica dissolvido
pH através da adição de um produto alcalino, na água desclorada.
como cal, soda, carbonato de sódio. Além disso, como o poder de absorção
16 O sistema de correção de pH compreen- do carvão ativo também é elevado, boa par-
de, basicamente, os seguinte equipamentos: te das matérias orgânicas presentes na água
– tanques de preparação da suspensão de cal; pode ser absorvida, isto é, fixada às partícu-
– bombas dosadoras; las de carvão por fenômenos físicos-químicos
– registrador-controlador de pH. de superfície.
Utilidades – Sistema de Águas
1.4.8 Processo de desmineralização retém os cátions dissolvidos, trocando-os por
Os processos de clarificação, filtração e íons H+) e uma camada de resina aniônica (que
desinfecção adequam a água ao consumo hu- retém os ânions, trocando-os por íons OH–),
mano e a alguns processos industriais básicos, ou então uma só coluna que contenha esses
tais como: reposição dos circuitos de resfria- dois tipos de resinas (leito-misto). No primei-
mento e água industrial para uso geral em pro- ro caso, deve-se passar a água primeiramente
cessos e serviços. pelas resinas catiônicas, pois estas são mais
Para o fluxo da água de alimentação das resistentes que as aniônicas, tanto química
caldeiras de alta pressão, ainda precisam ser como fisicamente. Deste modo, as resinas ca-
removidos os sais minerais e os gases dissol- tiônicas podem proteger as aniônicas, funcio-
vidos, pois devido às condições severas de nando como um filtro e aparando certos cons-
pressão e temperatura, a presença de tais subs- tituintes danosos a resinas aniônicas.
tâncias provoca sérios danos ocasionados por Representando por Rc – H a molécula de
incrustrações e corrosão nos tubos internos. uma resina catiônica, e por RA OH a de uma
Assim sendo, uma parte do fluxo e do sis- resina aniônica, pode-se visualizar o processo
tema de águas passa pelos processos de desmi- de desmineralização de uma água através de
neralização e desgaseificação (desaeração). duas reações de troca iônica:
Nesta etapa, estarão sendo estudados os a) Na primeira reação, a água a ser trata-
processos de desmineralização. Para atender da passa através de uma resina troca-
a forte demanda da área industrial, os proces- dora catiônica, onde os cátions presen-
sos de desmineralização mais utilizados são: tes (Na +, Ca2+) são adsorvidos pela
– resinas de troca iônica; substância sólida da resina, liberando
– osmose reversa. quantidade equivalente de íon H+:
Teoricamente, o processo de destilação
seria outra opção, porém o alto custo energéti-
co necessário à mudança de fase da água no
volume e vazão necessários torna-o absoluta-
mente inviável.

1.4.9 Desmineralização por resinas de troca b) Na segunda reação, a água ácida (cha-
iônica mada decationizada) passa pela resina
trocadora aniônica, onde os ânions pre-
sentes (Cl–, SO42–) são adsorvidos e per-
mutados por íons OH–:

Como se pode ver, o processo de desmi-


A desmineralização da água é o processo neralização substitui os sais minerais presen-
que permite a remoção total dos sais dissolvi- tes na água por moléculas de água, tornando-a
dos, através da passagem da água por produ- desmineralizada.
tos que substituem os íons dos sais presentes
por íons de hidrogênio (H+) e hidroxila (OH–). Regeneração de trocadores iônicos
Consegue-se a desmineralização da água fa- A fase de operação de um trocador iônico
zendo-a atravessar, sucessivamente, uma ca- consiste, como foi visto na passagem de água
mada de resina catiônica1 de tipo R–H (que a ser tratada através do leito de resina. Nesta
1 Materiais trocadores de íons são substâncias (resinas) sólidas e insolúveis fase, os íons existentes na água são retirados 17
que têm propriedade de, quando em contato com soluções de eletrólitos,
permutar íons de sua própria estrutura por íons da solução, sem que haja
pela resina que, por sua vez, vai esgotando a
mudança de suas propriedades estruturais. A troca só se verifica entre íons sua capacidade de troca. Quando a resina es-
cujas cargas elétricas tenham o mesmo sinal. Quando a troca é verificada
entre cátions, as substâncias recebem o nome de trocadores ou resinas gota-se, os íons não mais serão retidos e a re-
catiônicas e, no caso de ânions, são designados trocadores ou resinas sina deve ser regenerada.
aniônicas.
Utilidades – Sistema de Águas
A regeneração consiste na passagem de Os leitos mistos servem, portanto, como
solução regenerante pelo leito de resina com elementos de polimento final e de segurança,
finalidade de restabelecer a sua capacidade de absorvendo qualquer escape anormal de sais das
reter íons. unidades de intercâmbio catiônico e aniônico.
Como as reações de troca iônica são re-
versíveis, a renegeração da resina é feita pas- Controle da qualidade da água desmineralizada
sando através dela uma solução contendo íons O controle de qualidade da água desmi-
H+ ou OH– em excesso, devolvendo assim sua neralizada pode ser efetuado através de três
capacidade de troca. análises:
Então: – pH;
a) A regeneração das resinas catiônicas é – teor de sílica;
feita com solução de um ácido forte, – condutividade.
como sulfúrico (o mais usado) ou clo- PH: Na saída de um leito aniônico seria de
rídrico. As reações que ocorrem são: se esperar um pH neutro, isto é, próximo a 7.
Como sempre existe uma fuga de sódio nos lei-
tos catiônicos, o pH efluente de leitos aniônicos
será sempre alcalino em torno de pH 8.
Sílica: Toda resina trocadora de íons sem-
pre deixa passar pequena quantidade dos íons
pelos quais tem menor afinidade. No caso de
resinas aniônicas, o íon menos afim é o silicato.
O ácido sulfúrico é mais usado pela maior O ensaio do teor de sílica á importante
facilidade de manuseio, pois não é corrosivo porque uma parte dela geralmente não se en-
quando concentrado. Tanto a água descationi- contra sob forma eletrolítica (ion silicato,
zada como a solução regenerante são ácidas e, SiO32–) e assim não influencia a condutividade.
por isto, o vaso é revestido com borracha, ou Condutividade: Ao sair do leito aniôni-
feito de aço inoxidável ou plástico. As mes- co, a condutividade da água deveria ser muito
mas precauções valem para bombas, linhas, baixa, já que a água, teoricamente, encontra-
válvulas, etc. se desmineralizada.
b) A regeneração das resinas aniônicas é Entretanto, como a reação de troca iônica
feita com solução de soda cáustica, de não se processa totalmente, sempre existe uma
acordo com as reações: fuga de íons, tanto na resina catiônica (sódio)
quanto na aniônica (sílica), e esta fuga man-
tém uma determinada condutividade na água.

1.4.10. Desmineralização por membranas de


osmose reversa
A tecnologia de osmose reversa, já utiliza-
Leito misto da desde a década de 60, teve seu mecanismo
O princípio operacional do leito misto integrado para a produção de água ultrapura,
consiste na passagem da água a ser tratada atra- utilizada na indústria a partir de 1976. Esta pri-
vés de um leito, contendo resinas catiônicas e meira geração de membranas demonstrou sua
aniônicas fortes, intimamente misturadas. utilidade reduzindo a necessidade de regene-
Assim, o ácido formado pelo contato ini- ração dos leitos de troca iônica e de consumo
cial de um sal com uma partícula trocadora e resina, além de significativas reduções de des-
catiônica será imediatamente neutralizado pela pesas na operação e manutenção destes leitos.
vizinhança do trocador aniônico. A alcalini-
dade formada pelo contato inicial do sal com
o trocador aniônico será removida imediata-
Osmose natural ou direta
Conceito de difusão
mente pela resina trocadora catiônica.
18 Difusão é o movimento espontâneo de dis-
Por este motivo, um leito misto é equiva-
seminação de uma substância no interior de
lente a um número quase infinito de unidades
outra. A difusão é um fenômeno muito fre-
desmineralizadoras de dois estágios em série,
qüente na natureza. Verifica-se sempre que
eliminando praticamente todas as impurezas
dois fluidos são colocados em contato.
da água.
Utilidades – Sistema de Águas
Conceito de osmose Na figura 2, o compartimento A contém
Osmose é um caso particular de difusão, uma solução aquosa de sais inorgânicos e o
que se processa através de membrana. compartimento B, água pura, separados por
A difusão por osmose somente acontecerá uma membrana semi-permeável. Através da
caso se tenha um solvente, uma membrana osmose natural, a água contida no recipiente
semi-permeável e, do outro lado da membrana, B, migrará através da membrana em direção à
um soluto dissolvido no solvente considerado. solução que contém o soluto até que haja o
Na osmose, o mecanismo pelo qual o sol- equilíbrio osmótico, conforme pode ser obser-
vente passa através da membrana pode variar vado na figura abaixo:
conforme o tipo de membrana. Pode-se, ima-
ginar que a membrana seja como uma penei-
ra, que permite a passagem de moléculas pe-
quenas como as do solvente, por exemplo a água,
enquanto retém as moléculas maiores como as
do soluto, por exemplo sais inorgânicos.

Pressão osmótica
Pressão osmótica é a pressão mecânica que
se deve exercer sobre a solução, para impedir
a passagem do solvente puro para a solução,
através de uma membrana semi-permeável.
Caso seja aplicado sobre a superfície da
solução aquosa de sais inorgânicos, que está
contida no recipiente A, uma pressão mecâni-
ca, bem acima da pressão osmótica da solu-
ção em questão, nota-se que haverá uma in-
versão do fluxo de solvente (água pura) e este
migrará da solução que contém o soluto (sais
inorgânicos), para o recipiente B, que contém
água pura (solvente), conforme pode ser ob-
servado na Figura abaixo:

Osmose reversa ou inversa


A osmose reversa, como já foi visto ante- 19
riormente, deriva do fato de que a osmose na-
tural ou direta é um processo reversível, atra-
vés da aplicação de pressão mecânica no sen-
tido inverso da osmose natural.
Utilidades – Sistema de Águas
Portanto, no recipiente A, haverá uma con- 1. Alimentação de água a ser tratada.
centração de sais, pois o solvente (água pura) 2. Água permeada.
3. Rejeito.
está agora migrando do recipiente que contém 4. Bomba de alta pressão.
o soluto para o recipiente que contém a água 5. Módulo de osmose reversa.
pura. Os sais ficam retidos na membrana. Este 6. Membrana semipermeável.
é o princípio da utilização da osmose reversa 7. Válvula de descarga de rejeito.
na indústria para a purificação da água.
A razão entre o fluxo de água permeada e
1.4.11 Membranas de osmose reversa o fluxo de água de alimentação é denominada
Existem, atualmente, dois tipos de mem- de taxa de conversão deste sistema, expressa
branas de osmose reversa no mercado: em percentagem.
– membranas de acetato de celulose, uma As pressões a que devem ser submetidas
mistura de mono, di e tri-acetato de as plantas de osmose reversa variam de 25 a
celulose, e 80 kg/cm2 e dependem de diversos fatores
– membrana de poliamida aromática. como taxas de conversão, qualidade da água a
As diferenças entre as mesmas podem ser ser tratada, concentração dos solutos, etc.
observadas na Tabela 1. Na Tabela 2, podem ser observados alguns
valores típicos de pressão osmótica de alguns
Aplicação em tratamento de água com salinidade < sais em solução aquosa.
Membranas 15 g/L (15.000 ppm)
1. Material B-9 poliamida aromática Acetato de celulose Sal Concentração (mg/L) Pressão osmótica (kg/cm2)
2. Forma Fibra oca Elemento em espiral NaCl 35.000 28,42
3. Dados físicos: NaCl 1000 0,81
Pressão normal de operação 28,6 kg/cm2 30,6 a 42,8 kg/cm2
Temp. de operação (máx.) 35ºC
Na2SO4 1000 0,43
30ºC
Temp. de estocagem (máx.) 40ºC 30ºC MgSO4 1000 0,26
4. Características químicas 4 a 11 4,5 a 6,5 Cal2 1000 0,59
pH aceitável ataque não afeta alta sensibilidade
bacteriológico cloro livre pH < 8 = 0,1 ppm 0,5 a 1,0ppm
NaHCO3 1000 0,91
(dose contínua máxima pH > 8 = 0,25 ppm MgCl2 1000 0,68
aceitável)

As membranas são montadas em elemen-


O sistema de osmose reversa tem utiliza- tos chamados módulos. O esquema mais sim-
do membranas semipermeáveis que retêm cer- ples de utilização consiste em colocar em sé-
ca de 90 a 99% das substâncias inorgânicas; rie uma bomba de alta pressão e um módulo: a
cerca de 95 a 99% de substâncias orgânicas e água pura atravessa a membrana, sob o efeito
100% de matéria coloidal e finos (batérias, da pressão enquanto que um rejeito concen-
vírus, sílica coloidal, etc.). trado é evacuado continuamente.
As membranas são colocadas em tubos
modulares (módulos), que podem posterior- ALIMENTAÇÃO PERMEADO
mente sofrer ampliações, tanto no sentido ho-
Água Água
rizontal como no sentido vertical o que torna + +
este sistema muito flexível. Material dissolvido Material dissolvido
A água passa através das membranas sob (concentração C0) Água (concentração C)
+ C <<< C0
a ação da pressão, enquanto o rejeito concen- REJEITO
Material dissolvido
trado é extraído continuamente do sistema atra- (concentração C1)
vés de válvula de controle de vazão, confor- C1 >>> C0
me o seguinte esquema:
1.4.12 Módulos com elementos enrolados em
espiral
20 Neste arranjo, pares de membranas são
enrolados circularmente a um tubo central que
coleta o permeado. O fluxo de água a ser tra-
tado entra paralelamente ao tubo central, atra-
vés de lacunas produzidas por espaçadores que
Utilidades – Sistema de Águas
ficam entre as duas faces ativas da membrana. O permeado é coletado em um material poroso,
através do qual, flui ao tubo central de onde é coletado, como pode ser visto na figura abaixo.
Revestimento de Fiberglass ou Resina
Rejeito
Produto
Alimentação
Rejeito

Espaçador Fluxo de
Alimentação

Produto

Fluxo de Produto Membrana


(após passagem
pela membrana)

Produto contido
entre membranas

Poliamida

Camada de
barreira ultrafina
Polissufona
0,2 µm Microporosa
Polissulfona
40 µm Microporosa

120 µm
Tecido de reforço

1.4.13 Sistemas de osmose reversa

Um sistema de Osmose Reversa consiste,


basicamente, de uma bomba de alimentação,
um permeador e uma válvula na saída do re-
jeito para controlar a conversão do sistema.
De uma maneira mais completa, a Figura a
seguir mostra um fluxograma básico para um
sistema com um único permeador.
21
Utilidades – Sistema de Águas

1.4.14 Pré-tratamento 1.4.15 Vantagens e limitações da osmose


Para manter uma ótima performace, a água reversa
de alimentação do sistema de osmose reversa – A separação na osmose reversa é obti-
deve ser tratada de modo a evitar a formação da sem mudança de fase, assim a ener-
de incrustações, depósito de partículas insolú- gia requerida é baixa. Para água salo-
veis e crescimento de bactérias na membrana. bra é da ordem de 1,6 a 21 kwh/m3. Re-
duções no consumo podem ser obtidas
As operações utilizadas no pré-tratamen- pela utilização de turbinas e recupera-
to são basicamente determinadas pela nature- ção de pressão instaladas no fluxo de
za química das membranas e pela configura- saída do rejeito.
ção dos permeadores. Anti-incrustantes são
requeridos por todos os tipos de membranas e – A osmose reversa é usada basicamente
permeadores. Para membranas de acetato de para reduzir a salinidade, porém tam-
celulose, o pH é ajustado geralmente pela adi- bém reduz a sílica e material orgânico
ção de ácido para retardar a hidrólise, enquan- coloidal com alto peso molecular. As-
to que para membranas de película composta sim, quando complementado por um
e aramida são utilizados tanto o ácido como o sistema de troca iônica convencional,
abrandamento por troca iônica. é utilizado para água de alimentação
para fabricação de componentes.
O grau de pré-tratamento para evitar
“fouling” pela presença de matéria coloidal é – A água produzida pela osmose reversa
diferente para cada configuração de permeador, tem qualidade constante. O processo é
sendo maior a exigência do permeador de fi- contínuo, não necessita de regenerações
bra ôca, seguido pelo espiral e pelo tubular. O periódicas, o que reduz o consumo de
“fouling” biológico pode ser evitado pela adi- produtos químicos e não gera efluentes.
ção de cloro, porém filtros descloradores de
carvão ativado devem ser utilizados para as – Os sistemas são compactos, ou seja, re-
membranas de película composta e aramida. querem áreas menores que outros.
Para as membranas de aramida, periodicamen-
te, pode ser feito um tratamento biológico de – Os componentes desses sistemas são fa-
choque usando bissulfito de sódio, iodo ou miliares, consistindo basicamente de
22 peróxido de hidrogênio, caso o “fouling” bio- filtros e bombas, facilitando a opera-
lógico venha a ocorrer após a descloração. ção e manutenção.
Utilidades – Sistema de Águas
São projetados sistemas automáticos de das de produtividade são excessivas devido à
proteção e controle de modo a evitar erros de compactação da membrana.
operação. Muitos desses sistemas são projeta- Como o sistema é sensível a incrustações,
dos para operar automaticamente através de geralmente, é requerido um pré-tratamento.
intertravamento dos motores das bombas e Todos os tipos de permeadores são severamen-
chaves de nível no tanque de produto. Dessa te afetados pela presença de óleos ou graxas e
forma, a interferência do operador é mínima, portanto, é necessária sua prévia remoção.
requerendo pouca manutenção. Para atingir uma vida útil desejada, as so-
A disponibilidade de uma planta de osmo- luções devem ser compatíveis com as mem-
se reversa é muito alta ficando entre 85 e 95%. branas e os componentes utilizados. Muitas
Como essas plantas são modulares, a manu- vezes, a natureza de um efluente ou solução a
tenção pode ser feita sem a parada total da plan-
ser tratada não é totalmente conhecida, exi-
ta. Essa característica modular permite tam-
gindo testes pilotos para medir sua eficiência
bém facilidade para eventuais expansões.
e compatibilidade.
Dependendo do tipo de membrana utili-
zada e do grau de pré-tratamento, estas plan-
tas podem operar com sucesso por muitos anos. 1.4.17 Aplicações
Sistemas de osmose reversa produzem
1.4.16 Limitações água potável para as mais diferentes aplica-
Apesar das inúmeras vantagens da osmo- ções, servindo cidades, indústrias, comércio,
se reversa, o processo tem suas limitações. Na bem como pequenos sistemas para platafor-
prática a pressão aplicada excede a pressão mas de petróleo, condomínios, fazendas, hos-
osmótica em 14 kg/cm2 ou mais; dessa forma, pitais, hotéis, motéis, laboratórios e outras
normalmente, é evitado para soluções com alta indústrias. A capacidade dessas plantas varia
concentração de sais. de alguns litros por hora até plantas para
Os limites superiores de temperatura para 95.000 m3/dia.
o acetato de celulose, aramida e película com- A Figura a seguir mostra a faixa de apli-
posta são de 30 a 40°C, 35 a 45°C e 45 a 50°C, cação da osmose reversa comparada com ou-
respectivamente. Acima desses limites, as per- tras tecnologias.

23
Utilidades – Sistema de Águas
Por exemplo, na água de alimentação de Devido ao grande consumo de água, este
caldeiras de alta pressão, o sistema tradicio- sistema somente é utilizado quando existe su-
nal de troca iônica é substituído com vanta- ficientemente disponibilidade da mesma. Re-
gens pelo sistema de osmose reversa, seguido finarias, indústrias químicas, usinas termoelé-
de um leito misto para polimento. O custo des- tricas, etc., quando localizadas no litoral, mui-
sa alternativa é reduzido drasticamente pela tas vezes utilizam água do mar como meio de
redução no consumo de produtos químicos na resfriamento.
regeneração e neutralização dos efluentes. Todavia, apresenta a desvantagem da im-
Também para caldeiras de baixa pressão praticabilidade do tratamento químico da água
o sistema combinado com abrandamento apre- para a prevenção de problemas de corrosão e
senta custo operacional atraente. incrustação devido ao custo excessivo do tra-
Além dessas aplicações, o sistema tem se tamento e do lançamento de produtos quími-
mostrado útil para a preparação de água de cos poluentes no local de despejo. Além dis-
processo, na indústria química.Típico uso in- so, a poluição térmica resultante da descarga
clui a produção de água com alta pureza para de grandes volumes de água quente pode tor-
laboratórios, para lavagem de filtros, de me- nar-se problemática em muitas regiões.
tais e em reações de polimerização.
A osmose reversa também tem sucesso na 1.5.2 Sistemas semi-Abertos de recirculação
reciclagem e recuperação de rejeitos industri- São aqueles em que a água circula pelos
ais e no tratamento de efluentes. equipamentos, é refrigerada em uma torre de
resfriamento ou outro sistema aberto ao ar e
1.5 Sistema de Resfriamento retorna para posterior uso já a uma temperatu-
Na maioria dos processos industriais, há a ra adequada.
necessidade de resfriamento de equipamentos Este sistema consiste na reutilização da
e maquinarias em geral que geram uma certa água de resfriamento, após resfriada na torre
quantidade de calor durante sua operação. de resfriamento, seguindo um círculo fecha-
O fluido, geralmente utilizado para dis- do, ao qual se adiciona apenas uma pequena
sipar esse calor gerado, é a água, devido ao quantidade de água de reposição (“make-up”)
seu baixo custo e boas características físicas, destinada a cobrir as perdas que se verificam
por exemplo alto calor específico e baixa vis- durante o ciclo.
cosidade. Este tipo de sistema é utilizado quando a
Após sua utilização, pode-se eliminar a água vazão de água requerida é grande e a disponi-
do sistema ou então resfriá-la e reaproveitá-la bilidade de água limitada. Suas principais van-
no sistema de resfriamento. tagens são:
Os sistemas podem, portanto, ser classifi- – segurança no fornecimento de água fria;
cados em três categorias: – pequena reposição de água em cada ci-
– sistema aberto; clo, apenas para substituir a que se perde
– sistema semi-aberto de recirculação; por respingo, drenagem e vazamentos;
– sistema fechado. – possibilidade de emprego econômico e
A escolha deles depende de vários fatores: eficaz de tratamento para água.
– quantidade de água disponível;
– qualidade da água;
– temperatura da água;
– tipo de operação;
– tamanho do equipamento;
– limitações da qualidade do efluente in-
dustrial, etc.

1.5.1 Sistemas abertos 1.5.3 Sistemas Fechados


Sistemas abertos ou de passagem única São aqueles em que a água circulante pe-
24 (“once-through”) são aqueles cuja água de re- los trocadores de calor é refrigerada por meio
frigeração, após passar pelos equipamentos de um outro fluido, que não entra em contato
que geram calor, não mais retorna a eles, sen- com a água. Este sistema permite manter a
do descarregada no local de origem ou em água de refrigeração em temperaturas mais
outra parte. baixas ou mais altas que os anteriores.
Utilidades – Sistema de Águas

1.6 Torres de Resfriamento – torres de tiragem natural;


– tiragem forçada.
1.6.1 Tipos de Torres de esfriamento A seleção do tipo a ser usado é função de
O ar necessário para garantir a troca de diversos fatores, tais como: custo da torre, cus-
calor pode provir da convecção por diferenças tos de manutenção, carga calorífica, condições
de temperatura (e, conseqüentemente, diferen- climáticas, etc.
ças de densidade) ou por movimentação me-
cânica, com auxílio de ventiladores. Torre de Fluxo cruzado (“Cross-Flow”)
A partir disto, as torres são classificadas O tipo de torre de resfriamento mais utili-
de acordo com os seguintes tipos principais: zado nas refinarias é do tipo de tiragem mecâ-
– torres de ventilação ou atmosféricas; nica induzida de fluxo cruzado “cross-flow”.

1.6.2 Elementos da torre Cada célula, por sua vez, possui, ao lon-
Uma torre de resfriamento de água é com- go do eixo longitudinal da torre, uma
posta, basicamente, pelos seguintes elementos: parede com a finalidade de garantir
a) Tubulação e tanques de distribuição uniformidade de funcionamento dos
e redistribuição dois lados da torre, mesmo com ventos
A água a ser resfriada chega na parte predominantes.
superior da torre através de duas tubu- b) Plenum
lações que correm ao longo do eixo lon- Espaço vazio por onde passa o ar após
gitudinal da torre. caminhar pelo enchimento, antes de ser
Cada célula possui dois tanques supe- expulso da torre.
riores (um de cada lado), que distribu-
em a água por meio de tubos de porce- c) Equipamento mecânico
lana, por cima do enchimento. A água Conjunto composto por ventilador, re-
cai por gotejamento até o tanque infe- dutor de velocidade ou polias, eixo de
rior, atravessando o enchimento. Na transmissão ou correia, motor de acio- 25
parte intermediária, existe um tanque namento e chassi suporte. Este conjun-
de redistribuição, de cada lado, que per- to é responsável pela circulação do ar
mite uma distribuição mais uniforme quando a torre é do tipo tiragem mecâ-
da água. nica.
Utilidades – Sistema de Águas
d) Venezianas de entrada de ar – a altura do enchimento de contato é pra-
São telhas especiais de cimento-ami- ticamente a altura da torre.
anto, com finalidade de guiar o ar uni- Por outro lado, neste tipo de torre, há
formemente para dentro da torre e evi- maior tendência à formação de algas no sis-
tar eventuais respingos. tema de distribuição, devido à sua exposição
e) Enchimento na atmosfera.
É um arranjo de superfícies de troca de
calor entre o ar e a água. Sua função é Perdas
aumentar a área de contato entre o ar e Numa torre de refrigeração, as perdas de
a água e manter uma distribuição ade- água ocorrem de duas maneiras:
quada dos mesmos. – Perdas por evaporação
A troca de calor na torre é decorrente da
Consta de: evaporação de parte de água que nela circula.
– Sarrafos distanciadores Esta perda é da ordem de 1% para cada 5,5°C
Feitos de maçaranduba aplainada. Têm da queda de temperatura através da torre.
a finalidade de sustentar as ripas de con-
tato, garantindo espaçamento entre elas, – Perdas por arraste
além de formar canais de ar no sentido São perdas de água em forma de gotas,
transversal ao eixo longitudinal da torre. arrastadas pelos ventiladores ou por ação late-
– Ripa de contato ral do vento, em função do projeto da torre.
Feitas de maçaranduba serrada, em en- Um valor médio é de 0,25% da água em
talhes. São colocadas nos sarrafos e circulação.
constituem a superfície de contato en-
tre o ar e a água. Purga
– Ripas de amarração É a eliminação intermitente ou contínua
São ripas de comprimento três vezes de parte da água em circulação para manter o
maior que as ripas de contato. Têm a teor de sólidos nela dissolvidos.
finalidade de amarrar três pilhas gran- Os vazamentos no sistema de resfriamento
des vizinhas (duas ripas por grade). e as perdas por arraste implicam em menor
quantidade de purga necessária.
f) Eliminador de gotas A purga é, normalmente, expressa em por-
É um sistema de aletas usado com a fi- centagem da água em circulação.
nalidade de reduzir ao mínimo as per-
das das partículas de água no ar de des- 1.6.3 Estudos Psicrométricos do Ar Atmosférico
carga (saturado). O campo da Física que estuda as proprie-
Nestes equipamentos, o ventilador cria um dades do ar atmosférico (ar + vapor d'água)
fluxo de ar horizontal, enquanto a água cai atra- chama-se “Psicrometria”. Este estudo é muito
vés da corrente de ar. Para isto, o sistema de importante na operação da torre de resfriamen-
veneziana é disposto ao lado do enchimento e to, onde ocorre troca de calor por contato di-
em toda sua altura. Os eliminadores de res- reto ar/água.
pingos são colocados na parte interna da tor- Serão vistos alguns conceitos importan-
re, paralela ao enchimento. O distribuidor de tes no estudo psicrométrico do ar:
água é colocado na parte superior e externa da a) Umidade Absoluta (U.A.)
estrutura e a água cai no enchimento por gra- É o número de gramas de água exis-
vidade. Este fato faz o sistema de distribuição
tente em 1 kg de ar seco.
de água de fácil limpeza e desobstrução. Estes
sistemas admitem uma ou duas células
b) Umidade Relativa (U.R.)
acopladas a cada ventilador. No último caso,
tem-se uma maior área de evaporação operan- É a relação entre a quantidade de água
do ao mesmo custo. existente no ar (umidade absoluta) e a
26 quantidade de água que existiria no ar
Suas principais vantagens são:
– baixa perda de carga do ar, portanto me- se o mesmo estivesse saturado à mes-
nos potência dos ventiladores; ma temperatura.
– fácil acesso ao sistema de distribuição, Quando a umidade relativa é 100%,
mesmo com a torre em operação; diz-se que o ar está saturado.
Utilidades – Sistema de Águas
c) Calor total ou Entalpia (H) 1.6.4 Conceitos & Considerações complementares
É a quantidade de calor contida no ar e Aproximação (“Approach”)
no vapor d'água presente no mesmo. É É a diferença entre a temperatura da água
medida em kcal/kg de ar seco. fria na saída da torre e a temperatura de bulbo
úmido doar ao entrar na torre. Este valor é mui-
d) Temperatura de Bulso Seco (TBS) to importante porque representa teoricamente
a menor temperatura que pode ser conseguida
É a temperatura de ar medida em um
na água resfriada.
termômetro, cujo bulbo esteja envolvi-
do pelo próprio ar ambiente. Normal-
mente, quando se diz “temperatura Balanço material
ambiente” ao “ar”, refere-se à sua tem- Taxa de evaporação (E)
peratura de bulbo seco. É a quantidade de água perdida por eva-
poração a fim de resfriar a água circulante. Este
calor é fornecido pela própria água que em con-
e) Temperatura de Bulbo Úmido (TBU) seqüência se resfria.
É a temperatura de equilíbrio obtida na
superfície da água quando exposta ao Perdas por arraste (A)
ar, de tal forma que o calor transferido É a quantidade de água perdida na torre, devi-
pelo ar à água seja igual ao calor laten- do ao vento lateral ou ao arraste pelos ventiladores.
te necessário à vaporização da água. A Normalmente, é expressa em porcentagem
temperatura de bulbo úmido é obtida da taxa de circulação. Um valor médio para
revestindo-se o bulbo do termômetro torres de tiragem mecânica é de 0,1% a 0,3%
com um algodão úmido. da água em circulação.
Quando o ar não está saturado, há evapo-
ração da água contida no algodão, retirando Purga (“Blow-Down”) (B)
calor do bulbo do termômetro, havendo abai- É a eliminação intermitente ou contínua
xamento da coluna de mercúrio. Por isso, quan- de parte da água em circulação para manter o
do o ar não está saturado, a temperatura de teor de sólidos dissolvidos na água. Vazamen-
bulbo úmido é menor que a temperatura de tos no sistema de resfriamento e as perdas por
bulbo seco. arraste implicam em menor quantidade de pur-
À medida que o ar satura-se, a temperatu- ga necessária. É expressa, geralmente, em por-
ra de bulbo úmido vai ficando mais próxima centagem da água em circulação.
da temperatura de bulbo seco, até que se igua- A água de reposição ou “make-up” (R)
lam para um ar 100% saturado. deve ser adicionada para substituir a água per-
A diferença entre a temperatura de bulbo dida por evaporação, purga e arraste:
seco e de bulbo úmido mede, portanto, o grau
de saturação do ar. R=E+B+A
Determinando-se as temperaturas de bul-
bo úmido e bulbo seco, pode-se obter as de- Nesta expressão, os parâmetros R, E, B e
mais propriedades do ar através da Carta Psi- A são muitas vezes expressos como porcenta-
crométrica do ar. gem da água circulante.

1.6.5 Corrosão em sistemas de água de


Exemplo:
resfriamento
– Determine a umidade absoluta do ar O ferro se corrói em água pura contendo
com 60% de umidade relativa e uma oxigênio dissolvido formando hidróxido
temperatura de 30°C, para uma pres- ferroso (escuro) e óxido férrico hidratado (fer-
são barométrica padrão de 101,3 kPa. rugem), de acordo com as equações:
Considerando → U.A = 0,0160 kg va-
por/ kg ar seco Fe + H2O + 1/2 O2 → Fe(OH)2
2 Fe(OH)2 + H2O + 1/2 O2 → Fe2O3 . 3 H2O 27
O tamanho da torre está diretamente liga-
do à típica da região TBU típica da região, As principais características da água que
portanto o valor usado para projeto deve base- afetam sua corrosividade são a quantidade de
ar-se em dados locais médios. oxigênio dissolvido, o pH e o teor de sólidos
Utilidades – Sistema de Águas
dissolvidos e em suspensão. Também a pre- Sólidos em suspensão
sença de CO2 e outros gases dissolvidos, bac- A água de refrigeração é, muitas vezes,
térias e outros microorganismos exercem in- uma fonte de sólidos em suspensão, em forma
fluência. Quanto aos fatores operacionais, os de areias, matérias orgânicas, produtos de cor-
principais são a temperatura e a velocidade da rosão, contaminação pelo processo, algas e
água. lamas coloidais.
Os sólidos ao se depositarem no sistema
1.6.6 Fatores que influenciam a corrosão pela aumentam muito a possibilidade de desenvol-
água vimento de corrosão localizada por aeração
diferencial. Além dos problemas de corrosão
Oxigênio dissolvido
que acarretam, os sólidos em suspensão dimi-
Assim como a água, oxigênio é geralmente nuem a eficiência da transferência dos tubos,
considerado um pré-requisito para haver cor- impedindo a unidade de continuar operando.
rosão. Isto se aplica principalmente a ferro,
cobre, zinco, ligas de cobre (latão, bronze) e à Velocidade – corrosão – erosão
maioria das ligas de níquel, que corroem mais Erosão
depressa na presença de oxigênio ou outros É o desgaste mecânico de um material
oxidantes. metálico produzido pela incidência direta de
um fluido sobre sua superfície.
Sólidos dissolvidos
De um modo geral, quanto maior a quan- Corosão-erosão
tidade de sais dissolvidos na água, maior sua É a combinação do desgaste mecânico
corrosividade, devido ao aumento da conduti- provocado pela erosão e ação química da cor-
vidade elétrica. rosão. O resultado final será um desgaste muito
O íon cloreto, em particular, exerce um maior do que se apenas o processo corrosivo
efeito acelerador da corrosão, interferindo na ou erosivo agisse isoladamente.
formação de filmes protetores e inibindo a atu- Este problema é comum em equipamen-
ação de cromatos. tos que operam sob condições de turbulência,
fluxo em duas fases, mudanças de direção ou
A água do mar é, por este motivo, um dos
quando há partículas sólidas no líquido.
mais energéticos agentes corrosivos naturais.
Como exemplos de equipamentos sujei-
tos à erosão, podem ser citados: válvulas, bo-
Temperatura cais de entrada e saída de vasos e permutado-
Como toda reação química, o aumento da res, tubos e quebra-jatos de permutadores,
temperatura provoca aumento na taxa de cor- impelidores, curvas de tubulações, bombas,
rosão do aço. centrífugas, agitadores, lâminas de turbinas,
Em sistemas abertos, ou seja, sistemas em linhas de vapor, chicanas, etc.
que o oxigênio dissolvido tem possibilidade de O fator mais importante para o desenvol-
escapar para a atmosfera, verifica-se que a taxa vimento da corrosão – erosão é a velocidade
de corrosão cresce continuamente até 70-80°C, de escoamento. A taxa de desgaste é, a gros-
quando passa a decrescer. A causa é que, aci- so modo, proporcional ao cubo da velocidade.
ma dessa temperatura, a solubilidade de O2 na Em alguns casos, a velocidade de escoa-
água diminui rapidamente e assim os teores mento pode até diminuir o ataque, permitin-
de O2 dissolvidos são cada vez menores. do, por exemplo, que um inibidor atinja de
forma mais eficaz a superfície metálica. As-
Devido a esse aumento na corrosividade
sim, menos NaNO2 é requerido para proteger o
da água com a temperatura, é prática usual li-
aço em água potável, quando a velocidade é au-
mitar a temperatura do Sistemas de resfriamen- mentada.
to em 50°C (120°F). Por outro lado, velocidades de escoamen-
to muito baixas também causam problemas,
Efeito do pH pois podem levar à formação de condições de
28 O pH é um importante fator no controle estagnação em curvas, sob depósitos e em fes-
da corrosão: muitos (mas não todos) metais tas, com acúmulo de sujeira e produtos de cor-
são resistentes em soluções alcalinas (pH su- rosão. Nestas condições, criam-se áreas
perior a 7) e são atacados em meio ácido (pH anódicas devido à aeração diferencial e, daí, a
inferior a 7). corrosão localizada sob os depósitos.
Utilidades – Sistema de Águas
Outros fatores que influenciam a corrosão- Inibidores catódicos
erosão são: dureza e angulosidade das partí- Inibidores catódicos atuam reprimindo
culas sólidas, características corrosivas dos reações catódicas, ou seja, evitando o contato
fluidos, pH da água, etc. do oxigênio com o metal que se quer proteger.
São classificados como inibidores catódi-
1.6.7 Inibidores de corrosão cos o zinco, os polifosfatos e os fosfonatos
O combate à corrosão em sistemas de res- orgânicos
friamento fechados e abertos com recirculação Os inibidores catódicos são considerados
é feito adicionando à água produtos químicos, mais seguros, pois atuam em qualquer que seja
denominados de inibidores, que reagem qui- sua concentração, porém são menos eficazes
micamente com o metal ou se adsorvem nas que os anódicos.
superfícies prevenindo o processo corrosivo. Por este motivo, é comum em sistemas de
Conforme os inibidores interfirem na rea- refrigeração, empregar-se uma associação de
ção catódica ou anódica, podem ser classifi- inibidores catódicos e anódicos.
cados em:
Combinações de inibidores
– anódicos;
Apesar dos inibidores individuais ofere-
– catódicos; cerem uma proteção metálica razoável, traba-
– mistos (associação de inibidores) lhos de pesquisa mostraram que algumas com-
binações de inibidores ultrapassam os resulta-
Inibidores anódicos dos esperados. O fenômeno em questão é cha-
Os inibidores anódicos atuam polarizan- mado efeito sinérgico.
do as regiões anódicas pela formação de fil- A mistura de inibidores tem como conse-
mes aderentes e insolúveis sobre a superfície qüência a obtenção de um tratamento com
do metal. maior proteção a baixas concentrações dos
Estes inibidores são, todavia, perigosos no inibidores utilizados, e com a sensível dimi-
aspecto em que precisam proteger completa- nuição da nucleação de “pites” (corrosão lo-
mente as áreas anódicas para serem eficien- calizada) nos metais.
tes. Isto requer que se use uma concentração Dentre as combinações mais empregadas
mínima de inibidores em todos os pontos do podem ser citadas as seguintes:
sistema, caso contrário, haverá corrosão loca- – Cromato – Polifosfato;
lizada nos pontos onde há proteção, com for- – Cromato – Zinco;
mação de pites, devido à grande relação área – Cromato – Polifosfato – Zinco;
catódica/ área anódica, provocando assim, fa- – Polifosfato – Zinco;
lhas e furos nos tubos com mais intensidade – Polifosfato – Fosfonato – Zinco.
do que se não houvesse inibidor presente.
Após contato inicial com solução concen- Polifosfato – Fosfonato – Zinco
trada de inibidor (que forma a película prote- Esta mistura de inibidores é bastante uti-
tora), pode-se reduzir a concentração, ou, en- lizada nos tratamentos não-cromatos de gran-
tão, adicionar o inibidor de tempos em tempos. des sistemas de refrigeração.
Os inibidores anódicos são basicamente A mistura, quando utilizada corretamente,
os seguintes: nitritos, silicatos e cromato. protege adequadamente aços, cobre e suas ligas.
O cromato é, provavelmente, o mais efici- As concentrações de polifostafos e polifosfonatos
ente inibidor de corrosão para sistemas de re- deverão estar em torno e 10 ppm como PO4– e
frigeração. A proteção é oferecida pela forma- a de zinco como 1 a 2 ppm em Zn++.
ção sobre o metal de um filme contendo 90%
óxido férrico e 10% óxido de cromo, com es- 1.6.8 Depósitos e incrustações
o
pessura da ordem de 50 A. Cromato é conside- Depósitos são constituídos de material fra-
rado o mais eficiente inibidor de corrosão para camente aderido à superfície metálica, enquan-
aço carbono, ferro fundido e aço inoxidável. to que as incrustações (“scale”) são formadas
Sua toxidez ao homem e aos peixes tem por material inorgânico duro aderente. 29
restringido sua utilização em sistemas abertos Ambos causam problemas ao sistema de
com recirculação onde há necessidade de pur- resfriamento:
gas, sendo mantido, apenas, nos sistemas fe- – obstrução da água circulante, com a
chados (resfriamento de máquinas). conseqüente diminuição da vazão
Utilidades – Sistema de Águas
(e aumento da temperatura do sistema) gerando precipitação sob a forma de cristais.
e aumento da queda de pressão (reque- Na fase de nucleação, aumentam os pontos de
rendo maior potência gasta para bom- crescimento dos cristais, e, somente após um
bear a água); certo tempo de contato são formadas as incrus-
– formação de pilhas de aeração diferencial, trações, que com o passar do tempo vão endu-
provocando corrosão sob depósitos; recendo e tornando-se aderentes, difíceis de
– redução da eficiência nas trocas térmi- remover.
cas, pelo fato de crostas e depósitos Uma incrustação com 0,25 mm de espes-
serem isolantes; sura é suficiente para reduzir o coeficiente de
– maior freqüência nas paradas para lim- transferência e calor no trocador em até 80-
peza do sistema, ocasionando perda de 90%, daí a importância de sua prevenção.
produção. Os principais fatores que influenciam a
formação de incrustrações são:
1.6.9 Formação de depósitos em sistemas de
resfriamento Aumento de temperatura
Depósitos são oriundos de uma ou mais Muitos sais diminuem sua solubilidade com
causas, abaixo relacionadas: o aumento da temperatura. O exemplo mais
importante é o sulfato de cálcio, que a 40°C é
Sólidos em suspensão muito mais solúvel que o carbonato de cálcio
Os sólidos suspensos na água tendem a se (2.000 ppm CaSO4 contra 40 ppm CaCO3), mas,
depositar em regiões de baixa velocidade (in- em temperaturas mais altas, tem sua solubili-
ferior a 1 m/s). dade reduzida para faixa 300–500 ppm.
Além disso, partículas coloidais coagulam
por aumento de temperatura, formando depó- Aumento da alcalinidade
sitos. Em condições alcalinas, a solubilidade do
CaCO3 diminui, aumentando sua tendência
Depósitos metálicos incrustante.
Ions Cu2+ na água de resfriamento depo- Por outro lado, em pH < 6, a crosta de
sitam cobre metálico sobre tubos de aço, de CaCO3 é dissolvida:
acordo com:
CaCO3 + H2SO4 → CaSO4 + CO2 + H2O
Cu + Fe → Cu + Fe
2+ 2+

Baixa velocidade de fluxo


O cobre metálico depositado forma, en- Permite maior tempo para nucleação e
tão, uma pilha galvânica com o ferro vizinho, crescimento dos cristais, propiciando, assim,
provocando pites. a formação de incrustação densa e aderente.
A origem da presença dos íons Cu2+na
água pode ser tanto a corrosão de tubos e vál- Outros fatores
vulas de latão (ligas de cobre e zinco), como a A corrosão da tubulação aumenta sua
adição de CuSO4 usado como algicida. rugosidade, permitindo o estabelecimento de
mais pontos de nucleação e crescimento dos
Produtos de corrosão cristais, o que favorece a formação de incrus-
Ions de Fe2+ introduzidos pela água de re- tações.
posição ou formados por corrosão, provo- Da mesma forma, a atividade microbioló-
cam depósitos volumosos de óxidos férricos gica permite a formação de depósitos, sob os
devido à oxidação pela água aerada ou clorada: quais ocorre corrosão por aeração diferencial,
de forma localizada, o que contribui para a
2 Fe2+ + 4OH– + H2O + 1/2 O2 → Fe2O3 . 3 H2O incrustação.
1.6.10 Formação de incrustações Principais agentes incrustantes
Incrustações ou crostas são depósitos ade- Carbonato de cálcio
30 rentes, precipitados ou cristalizados na super-
O carbonato de cálcio é o principal agente
fície de troca térmica. Mudanças físico-quí- causador de incrustações em sistemas de res-
micas na água fazem com que a concentração friamento. Quando a água é aquecida, ocorre
de um sal exceda sua solubilidade numa dada precipitação de CaCO3, que provoca incrusta-
temperatura, provocam sua supersaturação, ções nas tubulações.
Utilidades – Sistema de Águas
Sulfato de cálcio suspensos aceitável (máxima 100 ppm). Tes-
CaSO4 forma incrustações por aumento de tes mostraram que esta providência já permite
temperatura, uma vez que sua solubilidade cai uma boa redução na corrosividade da água.
rapidamente com a temperatura, tornando-o As purgas na água de resfriamento têm por
supersaturado, provocando, então, sua preci- objetivo reduzir a concentração de sais dissol-
pitação. vidos, controlando os ciclos de concentração
e evitando, assim, que ocorra supersaturação
Sílica de sais potencialmente incrustantes como o
Presença de sílica solúvel, junto a sais de CaSO4.
magnésio ou cálcio, forma incrustações vítreas:
1.6.12 Tendência corrosiva ou incrustante da
Na2SiO3 + Ca2+ → CaSiO3 + 2 Na+ água
Na2SiO3 + Mh2+ → MgSiO3 + 2 Na+ Equilíbrio na dissolução e deposição de CaCO3
O entendimento da estabilidade do carbo-
1.6.11 Controle de depósitos e incrustações nato de cálcio, constitui-se um recurso valio-
Tratamento ácido so para avaliar a agressividade da água.
Normalmente, usa-se ácido sulfúrico Como visto anteriormente, a dureza na
(10%) para manter o pH na faixa de 6 a 7, para água de recirculação deve-se ao bicarbonato
evitar incrustações, adicionando inibidores de Ca++ (e outros sais de Ca e Mg). Com a
para controlar a corrosão. elevação de temperatura ocorre a seguinte re-
ação:
Tratamentos alcalinos calor
Neste tipo de tratamento, ao contrário do Ca (HCO3)2 CaCO3 + CO2 + H2O
anterior, procura-se trabalhar na faixa de pH
onde a corrosividade da água é menor, consu-
mindo, assim, menor quantidade de inibidor Em água não estável, supersaturada, este
de corrosão. Por outro lado, nessa faixa a ten- CaCO3 pode vir a se depositar sobre a superfí-
dência à incrustação é maior, requerendo a cie do metal, formando uma camada fina que
adição de inibidores de incrustação. servirá como proteção contra a corrosão; po-
São produtos que atuam impedindo a pre- rém, com o aumento da espessura deste depó-
sito, haverá formação de incrustações que po-
cipitação de sais incrustantes de Ca (carbona-
derão acarretar problemas na troca térmica e
to, sulfato) e Mg (hidróxido), quando utiliza-
entupimento de tubos.
dos em quantidades muito menores que as
Por outro lado, caso não haja nenhum de-
estequiométricas, tornando-se, então, econo-
pósito, haverá tendência para corrosão, con-
micamente interessantes. Os principais são os forme é mostrado na seqüência a seguir:
polifosfatos e os fosfonatos.
O mecanismo de atuação como anti-
incrustante é semelhante para ambos: polifos-
fatos e fosfonatos adsorvem na superfície dos
cristais, distorcendo seu crescimento. Com
isto, a precipitação fica não-aderente, forman-
do uma “lama fosfática” facilmente removida
do sistema por meio de purgas.
O uso combinado de polifosfatos ou fos-
fonatos com polímeros (taninos, ligninas sul-
fonadas, entre outros) apresenta efeito sinér-
gico na ação anti-incrustante.

Métodos mecânicos
Incluem a filtração “side-stream” e o con- 31
trole dos ciclos de concentração.
A filtração é efetuada sobre uma pequena
fração (1 a 5%) da água circulante, suficiente
para manter uma concentração de sólidos
Utilidades – Sistema de Águas
Porém, são utilizados os chamados inibido-
res de corrosão, dentre os quais os mais freqüen-
tes o Polifosfato de sódio e o Bicromato de sódio.
A eficiência de inibidores com estes produtos
ocorre a um pH de água entre 6,5 a 7,5.
A ação do inibidor consiste na formação
de uma película protetora muito fina, de gran-
de resistência e flexibilidade, não havendo in-
terferência alguma nas trocas de calor. Esta
Controle da qualidade da água em circulação película impede a reação de corrosão anódica:
Inibição de corrosão Fe° Fe++ = 2.e
A água utilizada nos sistemas de refrige- Além da aplicação dos inibidores, deve-se
ração do tipo aberto com recirculação poderá manter uma velocidade razoável da água dos
apresentar tendência à incrustação ou corosão equipamentos, a fim de evitar depósitos, com
nas superfícies dos equipamentos (tubulações, conseqüente formação de “pites” profundos.
tubos dos trocadores de calor, etc.) Além dos aspectos relativos a corrosão
A tendência à incrustação ou corrosão da metálica, a água não deverá atacar a madeira
água em circulação pode ser conhecida atra- dos elementos de contato. O ataque à madeira
vés da determinação do “Índice de Saturação poderá ser: químico, físico ou biológico.
do Cálcio” (pH-pHS), cujo cálculo foi desen- Para preservar a madeira é prevista a inje-
volvido pelo professor W.F. Langelier da Uni- ção de um biocida, a fim de prevenir o ataque
versidade da Califórnia, nos Estado Unidos. biológico. A injeção prévia de cloro na água
O valor de pHS (pH de saturação do car- bruta, na estação de tratamento de água, pre-
bonato de cálcio) é determinado pela seguinte vine também o ataque biológico.
expressão:
pHS = (9,3 + A + B) – (C + D), onde: 1.6.13 Termos usuais em água de resfriamento
A = f (sólidos dissolvidos totais); Faixa de tratamento
B = f (temperatura); É o quantum em °C ou °F de queda da
C = f (dureza em cálcio); temperatura da água da torre.
D = f (alcalinidade total). É a diferença entre a temperatura da água
Os valores A, B, C, D são encontrados em na entrada e na saída da torre.
tabelas.
“Approach”
Calculando-se Valor IS = pH – pHS, em É a diferença entre a temperatura da água
que o valor pH refere-se à água em circulação, fria na saída da torre e a temperatura de bulbo
pode-se ter três condições: úmido do ar junto à torre. Este valor é muito
IS < 0 : A água em circulação tem caracte- importante, porque representa teoricamente a
rísticas corrosivas. menor temperatura que pode ser obtida na água
IS = 0 : A água está estabilizada (não cor- resfriada.
rói nem incrusta).
IS > 0 : A água em circulação tem caracte- 1.6.14 Interferência dos organismos vivos nos
rísticas incrustantes. sistemas de tratamento de água
Os organismos vivos que habitam a água
Exemplo de aplicação interferem nos sistemas de água das seguintes
Dados: maneiras:
pH da água circulante : 7,2 a) Formação de limo nos trocadores de
Sólidos totais : 300 ppm calor, tubulações, paredes de tanques,
Dureza de cálcio : 56 ppm CaCO3 bacia da torre e enchimento das torres.
Alcalinidade total : 45 ppm CaCO3 Estas colônias agem tanto como isola-
Temperatura máxima da água quente: :52°C dores de troca térmica, provocam cor-
32 Verificar se a água tem tendência incrus- rosão sob depósitos, formação de pi-
tante ou corrosiva. lhas de aeração diferencial e absorção
Na prática, procura-se manter IS negativo, de sólidos suspensos para produzir os
indicando uma tendência corrosiva da água em “biofouling”, que restringirão os fluxos
circulação. de água nos sistemas;
Utilidades – Sistema de Águas
b) Reduzindo a eficiência das torres de Na água do mar, além dos problemas aci-
refrigeração pelas algas, cujo cresci- ma relacionados, há presença adicional de
mento pode bloquear tubos distribui- protozoários, mexilhões e serrípedes, que po-
dores de água nos tipos de fluxo cruza- derão formar depósitos extremamente duros e
do e impedir um boa circulação de ar, aderentes.
pela formação de cortinas nas chicanas
laterais; 1.6.16 Deterioração da madeira das torres
c) Formação de limo bacteriano nos fil- A madeira é constituída essencialmente de
tros de areia, impedindo uma boa fil- celulose, lignina e extratos naturais, sendo a ce-
tração e reduzindo a eficiência da con- lulose a parte fibrosa que confere resistência, a
tra-lavagem; lignina aglutinante que segue a estas fibras e os
d) Interferência nas unidades de abranda- extratos naturais, substâncias orgânicas que im-
mento ou desmineralização, por envol- pedem o apodrecimento prematuro da madeira.
vimento das resinas pela massa gelati- O enchimento e a estrutura de madeira das
nosa do limo, tendo como conseqüên- torres de refrigeração estão sujeitas a três ti-
cia uma troca iônica prejudicada; pos de ataque: químico, físico e biológico.
e) Ataque à celulose da madeira pelos fun-
gos, provocando um apodrecimento da 1.6.17 Ataque químico
estrutura e do enchimento das torres; O ataque químico à madeira é dirigido di-
f) Corroção do metal e concreto pelo cres- retamente à lignina, sendo os agentes causa-
cimento de bactérias redutoras de sulfa- dores do ataque as lixívias alcalinas e os agen-
to, enxofre, ferro, nitrificantes e desnitri- tes oxidantes fortes.
ficantes, dando como resultado corrosão A lignina solubiliza-se e resta à madeira a
localizada, corrosão generalizada, celulose, apresentando seu aspecto fibroso. O ata-
tuberculação e deterioração do concreto. que poderá ser superficial ou profundo, conforme
o tempo de exposição, os valores de pH utiliza-
1.6.15 Depósitos biológicos dos e as concentrações dos agentes oxidantes.
A proliferação de algas, fungos, bactérias
formadoras de limo e bactérias modificadoras 1.6.18 Ataque físico
do meio ambiente podem causar problemas de O ataque físico poderá ser decorrente de
deposição nos trocadores, chegando em cer- elevadas temperaturas ou de erosão por partí-
tos casos à obstrução. culas em suspensão.
Além da diminuição na transferência de As temperaturas altas são responsáveis
calor e no fluxo de água, eles podem propiciar pela remoção dos extratos naturais e facilitam
a formação de pilhas de aeração diferencial, o ataque biológico.
com intensa corrosão sob depósito.
A matéria biológica atrai outros tipos de 1.6.19 Ataque biológico
depósitos em virtude de sua natureza adesiva Como os hidratos de carbono constituem
(pegajosa), tais como, silt, lama, produtos de fonte de nutrição para os fungos, explica-se, en-
corrosão e outros precipitados inorgânicos, tão, o ataque biológico à madeira das torres de
como os de polifosfatos hidrolisados. refrigeração. Os basidiomicetos e fungos imper-
O problema poderá ser agravado com o feitos são os microorganismo mais diretamente
relacionados a este problema. A deterioração bi-
aparecimento de bactérias anaeróbicas, como
ológica pode acontecer tanto na parte externa
as redutoras de sulfato, que geram H2S e ata-
como na interna da madeira. Neste último caso,
cam os metais dando os sulfetos corresponde-
o apodrecimento é mais difícil de ser tratado,
tes onforme as reações seguintes:
justamente pelo fato de se dar internamente.
SO4= bactérias S= Os fungos filamentosos da família dos
S= + 2 H2O → H2S + 2 OH Aspergillus, Penicillium, Mucor, Fusarium e
H2S + Fe → FeS + H2 Alternaria são responsáveis pela destruição
superficial da madeira. As leveduras da famí-
Águas ferruginosas, isto é, contendo ele- lia dos Torulas e Saccharomyces são respon- 33
vadas concentrações de ferro divalente (Fe++), sáveis pelo descoramento da madeira.
poderão formar elevada tuberculação de ferro Os basidiomicetos da família dos Porio e
trivalente (Fe+++), pela ação das bactérias fer- Lenzitos ocasionam o apodrecimento interno
ro-oxidantes. da madeira.
Utilidades – Sistema de Águas
1.6.20 Biocidas o valor de pH indicado para a cloração deverá
Os biocidas e biostáticos são compostos ser situado entre 6 e 7, cujas concentrações de
químicos tóxicos, utilizados em águas de re- ácido hipocloroso são elevadas e o valor de pH
frigeração, com o propósito de eliminar os não interfere em diferentes tipos de tratamento.
microorganismos indesejáveis, ou inibir o cres- A velocidade de esterilização aumenta com
cimento dos mesmo, de tal forma que não cau- a temperatura, entretanto, como o cloro tem sua
sem danos ao processo de troca térmica. volatilização elevada nestes casos, seu consu-
Existem algumas considerações relacio- mo será extremamente alto e antieconômico.
nadas com o uso de biocidas que devem ser Doses de 3 a 5 ppm, normalmente, são sufi-
observadas, tais como: cientes para destruir a matéria orgânica nos siste-
– custo operacional baixo, nas concen- mas e manter um residual de cloro livre de 1 ppm,
trações efetivas; necessário para eliminar algas bactérias e fungos.
– conhecimento de suas características A aplicação do cloro deverá ser feita du-
tóxicas; rante a madrugada ou ao anoitecer, com o pro-
– não ser volátil; pósito de evitar que a ação da luz consuma
– ausência de inflamabilidade e caráter cloro além do necessário.
explosivo são desejáveis, a fim de pro- Dosagens de até 30 minutos deverão ser
piciar um seguro manuseio; feitas em um período e, em casos críticos, em
– possuir um largo espectro de ação: com dois períodos, mantendo-se, no retorno de água
a finalidade de atuar com eficiência para a torre, um residual de cloro livre de 1
sobre diferentes tipos de microorganis- ppm, pelo tempo de uma (1) hora.
mo, entretanto, inócuo ao homem e
outros animais; 1.6.23 Controle do tratamento microbiológico
– alto grau de degradabilidade é desejá- Com a finalidade de se obter resultados
vel e necessário, para evitar problemas satisfatórios no controle do crescimento das
com os efluentes. águas de refrigeração, uma série de medidas
deverão ser tomadas, tais como:
Os biocidas utilizados em refrigeração são – escolha dos biocidas mais eficazes para
dois tipos básicos, os oxidantes e os não-oxi- a água utilizada, fazendo em laborató-
dantes. Os oxidantes mais utilizados são o clo- rio, teste de sensibilidade;
ro gasoso, os hipocloritos de sódio e cálcio, e – dosagem de dois biocidas de mecanis-
o dióxido de cloro. mo de atividade diferente, com a fina-
Os tipos não-oxidantes são agentes de su- lidade de evitar a criação de microor-
perfície ativa como os sais quaternários de ganismo resistentes;
amônia e sais de fenol clorado, os organo- – dosar concentrações corretas e tempo
sulfurosos, como o metileno bis-tiocianato e certo, observando-se o tempo e descon-
o dimetil ditio-carbonato, além dos compos- centração do biocida;
tos organoestanosos. – controlar o crescimento de microorga-
nismo, por um dos seguintes processos.
1.6.21 Cloro – Detectar a presença de material limoso
O cloro e seus compostos são biocidas do nas superfícies de enchimento da torre
tipo oxidante, sendo os mais utilizados no con- e nas paredes de suas bacias. Uma su-
trole do crescimento microbiológico da água. perfície áspera indica ausência ou pou-
Se a taxa de aplicação de cloro é aumen- co desenvolvimento microbiano, e uma
tada até tornar-se suficiente para a oxidação superfície limosa (ou suja) indica pre-
das cloroaminas, haverá um repentino decrés- sença de microorganismos em concen-
cimo no cloro residual livre, até um ponto onde trações elevadas.
ele voltará a crescer. Este ponto é chamado de – Inocular em placas de Petri, a água cor-
“break-point”. retamente coletada na bacia da torre, a
fim de se efetuar a contagem de
1.6.22 Eficiência da cloração aeróbios totais por mL, desenvolvidos
34
A temperatura, o valor do pH e a matéria na placa, após incubada por 48 horas, à
orgânica exercem grande influência na eficiên- temperatura de 37°C.
cia bactericida das soluções de cloro ou – Dosar um agente dispersante de qualida-
hipoclorito. Como a ação esterilizante do cloro de comprovada, durante a cloração, com
deve-se, principalmente, ao ácido hipocloroso, a finalidade de aumentar sua eficiência.
Utilidades – Sistema de Águas

No UnicenP, a preocupação com a construção e reconstrução do


conhecimento está em todas as ações que são desenvolvidas pelos pró-
reitores, diretores de Núcleos, coordenadores de Cursos e professores.
Uma equipe coesa e unida, em busca de um só objetivo: a formação do
cidadão e do profissional, que é capaz de atuar e modificar a sociedade
por meio de suas atitudes. Preparar este cidadão e este profissional é uma
responsabilidade que esta equipe assume em suas atividades no Centro
Universitário Positivo, que envolvem, principalmente, as atividades em
sala de aula e laboratórios, bem como a utilização contínua dos recursos
disponibilizados pela Instituição em seu câmpus universitário. Esta equipe
trabalha em três núcleos básicos da área de graduação – Núcleo de
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Núcleo de Ciências Biológicas e da
Saúde, Núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas – além das áreas de pós-
graduação e de extensão.
O UnicenP oferece em seus blocos pedagógicos 111 laboratórios, clínicas
de fisioterapia, nutrição, odontologia e psicologia, farmácia-escola,
biotério, central de estagio, centro esportivo e salas de aula, nos quais é
encontrada uma infra-estrutura tecnológica moderna que propicia a
integração com as mais avançadas técnicas utilizadas em cada área do
conhecimento.
35
Utilidades – Sistema de Águas

Principios Éticos da Petrobras


A honestidade, a dignidade, o respeito, a lealdade, o
decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios
éticos são os valores maiores que orientam a relação da
Petrobras com seus empregados, clientes, concorrentes,
parceiros, fornecedores, acionistas, Governo e demais
segmentos da sociedade.

A atuação da Companhia busca atingir níveis crescentes


de competitividade e lucratividade, sem descuidar da
busca do bem comum, que é traduzido pela valorização
de seus empregados enquanto seres humanos, pelo
respeito ao meio ambiente, pela observância às normas
de segurança e por sua contribuição ao desenvolvimento
nacional.

As informações veiculadas interna ou externamente pela


Companhia devem ser verdadeiras, visando a uma
relação de respeito e transparência com seus
empregados e a sociedade.

A Petrobras considera que a vida particular dos


empregados é um assunto pessoal, desde que as
atividades deles não prejudiquem a imagem ou os
interesses da Companhia.

Na Petrobras, as decisões são pautadas no resultado do


julgamento, considerando a justiça, legalidade,
competência e honestidade.

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