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Interação em Psicologia, 2002, 6(2), p.

233-242 1

Habilidades sociais: breve análise da teoria e da


prática à luz da análise do comportamento

Alessandra Turini Bolsoni-Silva


Universidade Estadual Paulista, Bauru

Resumo

O estudo do campo teórico-prático do THS é importante porque os seres humanos passam muito
tempo engajados em interações sociais, e ao serem socialmente habilidosos, são capazes de
promoverem interações sociais satisfatórias, as quais favorecem aumento de reforçadores e, portanto
podem auxiliar na prevenção e/ou redução de dificuldades psicológicas. A prática da psicoterapia tem
por objetivo garantir o bem-estar do cliente, não sendo diferente no caso da terapia comportamental
que busca ajudar na descrição de funções de seus comportamentos, bem como no desenvolvimento de
repertórios que lhe tragam reforçadores positivos e negativos. Parte destes repertórios a serem
promovidos envolvem relacionamentos interpessoais, e o campo teórico-prático do Treinamento em
Habilidades Sociais (THS) parece útil à Análise do Comportamento e à Terapia Comportamental, pois
descreve comportamentos sociais passíveis de serem avaliados, sugerindo estratégias de intervenção
efetivas. Diante destas considerações, este artigo pretende descrever e analisar alguns conceitos
envolvidos no campo teórico-prático do Treinamento em Habilidades Sociais (THS), tecendo algumas
considerações a partir da Análise do Comportamento.
Palavras-chave: habilidades sociais; análise do comportamento; terapia comportamental.

Abstract

Social skills: brief analysis of the theory and praxis


according to the behavioral analysis
The fact that the theoretical-practicum study of the SST (Social Skills Training) is considered of main
importance due to the fact that the human beings spend a great amount of time engaged in social
interactions. Therefore, if they are socially skilled, they are able to promote satisfactory social
interactions, which facilitate the increase of reinforcing situations and thus help to prevent and/or
decrease psychological difficulties. In this view, the objective of the practice of psychotherapy,
including the behavioral therapy, is to guarantee the client’s well-being. The frame of work of the
behavioral therapy is to provide a description of the client’s behavior goals, as well as to develop a
program that brings both positive and negative reinforcers. Part of this program involves interpersonal
relationships, making the theoretical-practicum study of the SST to be of great value to the Behavior
Analysis and to the Behavior Therapy. This is because it describes social behaviors that are possible to
be evaluated, suggesting effective intervention strategies. In face of these considerations, this article
attempts to describe and evaluate some concepts involved in the theoretical-practicum study of the
SST, pin-pointing some considerations from the evaluation of the behavioral analysis.
Keywords: social skills; behavior analysis; behavioral therapy.

O estudo do campo teórico-prático do THS é im- resse e de investigação no estudo de várias abordagens
portante, segundo Caballo (1997), porque os seres psicológicas, tais como a psicanálise, a gestalt e o
humanos passam a maior parte de seu tempo engaja- behaviorismo. Assim, relações sociais1 têm sido foco
dos em alguma forma de comunicação interpessoal e, de estudo há bastante tempo, justificando o interesse
ao serem socialmente habilidosos, são capazes de na descrição destes fenômenos.
promoverem interações sociais satisfatórias. Esta for- A prática da psicoterapia, conforme o Código de
ma de interagir favorece o aumento de reforçadores e Ética da Psicologia (1999), tem por objetivo garantir o
portanto, pode auxiliar na prevenção e/ou redução de bem estar do cliente, não sendo diferente no caso da
dificuldades psicológicas. terapia comportamental que busca ajudar a pessoa a
Conforme Del Prette e Del Prette (2001a), relacio- descrever as funções de seus comportamentos e de-
namentos interpessoais sempre foram objeto de inte- senvolver repertórios que lhe tragam reforçadores
2 Alessandra Turini Bolsoni-Silva

positivos e negativos. Parte destes repertórios, a serem os direitos dos outros. De fato, a pessoa, ao interagir,
promovidos, envolvem relacionamentos interpessoais, o faz conforme uma história prévia (antecedentes), e o
e o campo teórico-prático do Treinamento em Habili- seu comportamento tem um efeito no interlocutor
dades Sociais (THS) parece útil à Análise do Com- (conseqüências), o que fatalmente influenciará com-
portamento e à Terapia Comportamental, pois chama portamentos futuros, podendo aumentá-los de fre-
a atenção para comportamentos sociais passíveis de qüência ou suprimi-los, além disso, eventos privados2,
serem avaliados, sugerindo estratégias de intervenção enquanto sensações corporais verbalizadas como ansi-
efetivas, seja em atendimentos individuais, seja em edade, são subprodutos de contingências, no caso
grupos. aversivas (Tourinho, 1999).
Diante destas considerações, este artigo pretende Alberti e Emmons (1978) parecem ter revisado a
descrever e analisar alguns conceitos envolvidos no definição de 1970 atribuindo maior importância às
campo teórico-prático do Treinamento em Habilida- conseqüências obtidas diante de respostas sociais as-
des Sociais (THS), tecendo algumas considerações a sertivas, não-assertivas e agressivas. Assim, assertivi-
partir da Análise do Comportamento. dade seria o processo pelo qual o indivíduo (emissor)
O texto está organizado em dois tópicos: 1) habili- expressa sentimentos, pensamentos ao receptor de
dades sociais enquanto objeto de estudo, definindo forma adequada, ou seja, utiliza entonação, latência e
termos como habilidades sociais, competência social e fluência de fala apropriadas, ouve o receptor para
desempenho social, bem como modelos explicativos então responder, de forma a atingir seus objetivos sem
que o THS propõe para o estabelecimento e manuten- prejudicar as relações futuras com o mesmo (Alberti
ção de interações sociais; 2) alternativas de trabalho & Emmons, 1978; Caballo, 1987). Não-assertividade
com habilidades sociais, que pretende descrever, em ocorre quando o emissor não expressa seus sentimen-
linhas gerais, estrutura de THS, aplicações para inter- tos, seus pensamentos ao receptor emitindo, muitas
venção e pesquisa. vezes, comportamentos contra a própria vontade, ou
deixando de defender-se por medo de prejudicar sua
relação futura com o receptor, e por isso muitas vezes
1 HABILIDADES SOCIAIS ENQUANTO o emissor é explorado e prejudicado, sem contudo
OBJETO DE ESTUDO atingir seus objetivos. A não-assertividade nega e
Neste tópico são apresentadas definições de habili- inibe a expressão de sentimentos, levando a pessoa a
dades sociais e de competência social, seguidas de sentir-se ferida, ansiosa e autodesvalorizada, e por
descrições acerca de avaliação de desempenho social e conseqüência raramente atinge os objetivos desejados.
de modelos explicativos. Já a agressividade, às vezes, permite atingir os objeti-
vos desejados, mas no processo magoa os demais,
1.1 Habilidades sociais fazendo escolhas por eles, além de os desvalorizar
como pessoas, possibilitando represálias futuras. Por
A origem do movimento das habilidades sociais outro lado, o comportamento assertivo permite a auto-
(HS) é freqüentemente atribuída a Salter (1949), con- apreciação do emissor e uma expressão honesta de
siderado um dos pais da terapia comportamental, o seus sentimentos, geralmente atingindo os objetivos
qual promoveu técnicas para aumentar a expressivida- desejados, não prejudicando a si mesmo, nem o re-
de verbal e facial descritas em seu livro Conditioned ceptor.
Reflex Therapy. Em 1958, Wolpe utilizou pela primei-
Caballo (1991) apresenta uma definição que expli-
ra vez o termo “comportamento assertivo”, referindo-
cita um maior número de habilidades, quando compa-
se à expressão de sentimentos negativos e defesa dos
próprios direitos (Caballo, 1996). rada à de Alberti e Emmons (1978), pois afirma que
comportamento socialmente habilidoso ou mais ade-
Não há consenso quanto à definição de habilidades quado refere-se à expressão, pelo indivíduo, de atitu-
sociais (HS), porém, o termo HS geralmente é usado des, sentimentos, opiniões, desejos, respeitando a si
para designar um conjunto de capacidades comporta- próprio e aos outros, existindo, em geral, resolução
mentais aprendidas que envolvem interações sociais dos problemas imediatos da situação e diminuição da
(Caballo, 1995; Del Prette & Del Prette, 1999). Abai- probabilidade de problemas futuros. No entanto, deixa
xo são apresentadas algumas definições para análise. de enfatizar habilidades não-verbais, tais como ento-
MacKay (1988) critica a definição sobre HS de nação, latência e fluência de fala apropriadas.
Alberti e Emmons (1970), a qual enfocaria mais o Del Prette e Del Prette (1999) esclarecem que as
comportamento da pessoa que o sucesso da interação, HS incluem a assertividade (expressão apropriada de
pois coloca que a pessoa assertiva é aquela que age sentimentos negativos e defesa dos próprios direitos) e
em seu interesse, é responsável por si mesma sem também habilidades de comunicação, de resolução de
sentir ansiedade inadequada, expressa seus sentimen- problemas interpessoais, de cooperação, de desempe-
tos de forma honesta e exerce seus direitos sem negar nhos interpessoais nas atividades profissionais, além
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de expressão de sentimentos negativos e defesa dos aversivos e na maximização de reforçadores. O com-


próprios direitos. Porém, apesar desta distinção, os portamento socialmente adequado, descrito acima,
termos são comumente utilizados como sinônimos parece cumprir bem este papel, o que não é igualmente
(Del Prette & Del Prette, 1999; Falcone, 1998; Ca- sentido com a inassertividade e/ou agressividade.
ballo, 1996). É possível apontar taxonomias para o comporta-
Para maior detalhamento, vale apontar que Alberti mento socialmente adequado, sendo útil em processos
e Emmons (1978) definem comportamentos não- de avaliações e de intervenções terapêuticas.
assertivos e agressivos como situacionais ou gerais. A Para Caballo (1991), comportamento socialmente
não-assertividade, segundo Albert e Emmons (1978), habilidoso implicaria as seguintes capacidades: inicia-
divide-se em não-asserção situacional e geral. A não- ção e manutenção de conversações; falar em grupo;
asserção situacional ocorre quando as pessoas se expressar amor, afeto e agrado; defender os próprios
comportam de forma não-assertiva apenas em algu- direitos; solicitar favores; recusar pedidos; fazer e
mas situações que produzem ansiedade. A não- aceitar cumprimentos; expressar as próprias opiniões,
asserção geral inclui as pessoas em que os comporta- mesmo os desacordos; expressar justificadamente
mentos são tipicamente não-assertivos, sentindo-se quando se sentir molestado, enfadado, desagradado;
incapazes de afirmar seus direitos ou agir de acordo saber desculpar-se ou admitir falta de conhecimento;
com seus próprios sentimentos na maior parte ou em pedir mudança no comportamento do outro e saber
quase todas as situações; conseqüentemente possuem enfrentar as críticas recebidas. As situações onde estas
baixa auto-estima e muita ansiedade frente às situa- respostas podem ocorrer são muitas e variadas, como,
ções sociais. A pessoa não-assertiva situacional pode por exemplo, ambientes familiar, de trabalho, de con-
reconhecer seu problema e rapidamente iniciar, com sumo, de lazer, de transporte público, de formalidade
sucesso, a asserção, percebendo na sua vida diária etc.
maneiras de ser assertivo consigo mesmo e com os
Já Del Prette e Del Prette (2001b) apresentam uma
outros, sem ser instruído para isso. Já a pessoa não-
taxonomia mais completa, quando comparada com as
assertiva geral necessita de um tratamento terapêutico
de Caballo (1991), a qual é organizada em categorias
especializado para conseguir desenvolver a assertivi-
amplas e específicas: 1) habilidades sociais de comu-
dade necessária.
nicação: fazer e responder a perguntas; gratificar e
A agressão, segundo os autores, também pode ser elogiar; pedir e dar feedback nas relações sociais;
geral ou situacional, sendo que o indivíduo geralmente iniciar, manter e encerrar conversação; Del Prette e
agressivo o é em todas as situações, e o indivíduo Del Prette (1999) apontam também para a adequabili-
agressivo situacional o é em apenas algumas situações. dade de componentes verbais de forma na comunica-
A pessoa geralmente agressiva aparenta ter muita ção: duração, latência e regulação da fala; 2) habilida-
autoconfiança, mas pode ter atrito com a maioria das des sociais de civilidade: dizer por favor; agradecer;
pessoas de sua convivência, sendo extremamente sen- apresentar-se; cumprimentar; despedir-se; 3) habili-
sível à crítica, sentindo-se rejeitada boa parte do tem- dades sociais assertivas de enfrentamento: manifestar
po e ansiosa em quase todas as situações sociais. Já a opinião, concordar, discordar; fazer, aceitar e recusar
pessoa situacionalmente agressiva pode reconhecer pedidos; desculpar-se e admitir falhas; estabelecer
esta dificuldade e buscar voluntariamente assistência relacionamento afetivo/sexual; encerrar relaciona-
ou aceitar a sugestão de alguém de que deve mudar e mento; expressar raiva e pedir mudança de compor-
aprender respostas mais adaptativas que a agressão. tamento; interagir com autoridades; lidar com críticas;
Comportamentos agressivos geralmente são senti- 4) habilidades sociais empáticas: parafrasear, refletir
dos, pelo interlocutor, como punições, a qual, confor- sentimentos e expressar apoio; 5) habilidades sociais
me Skinner (1993a/1953), ao contrário do reforço de trabalho: coordenar grupo; falar em público; resol-
positivo, traz desvantagens tanto para o organismo ver problemas, tomar decisões e mediar conflitos;
punido como para a agência punidora, gerando emo- habilidades sociais educativas; e 6) habilidades soci-
ções negativas e predisposições para fugir ou contra- ais de expressão de sentimento positivo: fazer amiza-
controlar. de; expressar a solidariedade e cultivar o amor.
Sidman (1995) afirma que a natureza e também a Os autores acima apontam a importância do auto-
cultura pautam-se, muito freqüentemente, por práticas monitoramento, definido “...como uma habilidade
coercitivas. Nesta direção, valendo-se de Skinner metacognitiva e afetivo-comportamental pela qual a
(1993a/1953), a psicoterapia, enquanto audiência não pessoa observa, descreve, interpreta e regula seus
coercitiva, tem por objetivo reduzir aversivos criados pensamentos, sentimentos e comportamentos em situa-
por outras agências controladoras (por exemplo reli- ções sociais.” (p. 62).
gião, governo) e, portanto, cabe ao terapeuta ensinar Esta definição permite uma relação com a literatu-
formas de contracontrole mais eficazes na redução de ra da Análise do Comportamento, a qual define auto-

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conhecimento como a descrição das contingências das demorados e delicados, passos lentos e postura come-
quais o comportamento é função (Tourinho, 1995) e, dida parecem dizer mais do que palavras; d) comple-
portanto a pessoa teria consciência ou autoconheci- mentação da linguagem, quando a mensagem verbal é
mento quando soubesse realizar análises funcionais do complementada pela não-verbal, por exemplo, movi-
seu próprio comportamento, o que ocorre frente a uma mentos circulares do indicador indicando “você é
comunidade verbal. Nas palavras de Skinner (1992/ meio amalucado”; e) contradição da linguagem, onde
1957): o não-verbal é utilizado na indicação de não levar em
consideração a fala, tendo função de brincadeira ou de
ironia, por exemplo quando se diz “o salário está óti-
O autoconhecimento é de origem social. Só
mo”, ao mesmo tempo que se faz um gesto para baixo
quando o mundo privado de uma pessoa se tor-
com o polegar.
na importante para as demais é que ele se torna
importante para ela própria (...). Mas o autoco- Del Prette e Del Prette (1999), apesar de aponta-
nhecimento tem um valor especial para o pró- rem a adequabilidade do comportamento assertivo,
prio indivíduo. Uma pessoa que se tornou cons- chamam a atenção para algumas situação onde a as-
ciente de si mesma por meio de perguntas que sertividade não deveria ser exercitada, as palavras dos
lhe foram feitas está em melhor condição de autores:
prever e controlar seu próprio comportamento.
(p. 31) ...Em nossa experiência, idenficamos pelo me-
nos três classes de situações em que a assertivi-
O autoconhecimento pode ser insuficiente para o dade pode ter conseqüências desfavoráveis ao
comportar-se em situações sociais, já que pode haver emissor, ao receptor ou a ambos os pólos da
déficits de habilidades sociais que necessitem de in- interação: a) o caso de dificuldade do interlo-
tervenções, pois, conforme Skinner (1993a/1953), cutor em desempenho de tarefas profissionais
variáveis que controlam o comportamento podem não (por exemplo, queixar-se de alguém que está se
ser manipuladas pela pessoa, e portanto, só o autoco- iniciando num emprego); b) na relação com
nhecimento não superaria as dificuldades. No entanto, pessoas extremamente suscetíveis ou portadoras
o autoconhecimento é necessário para que pessoa seja de transtornos psicológicos, que podem se
capaz de automonitorar-se, e então possa observar, “descompensar” mais ainda; c) situações em
descrever e avaliar qual comportamento é adequado que a assertividade contrasta notavelmente com
para dada situação social, a fim de aumentar a proba- os valores subjacentes à prática social (por
bilidade de conseguir reforçadores positivos e negati- exemplo, reagir a um chefe destemperado ou a
vos. Nesta direção, a psicoterapia é uma contingência uma autoridade militar que podem entender a
especialmente treinada para “trazer à consciência” assertividade como desacato ou quebra de dis-
uma parcela daquilo que é inconsciente, ou seja, pos- ciplina) (p. 44).
sibilita a descrição, através de perguntas, do que a
pessoa faz e do por que ela faz (Skinner, 1995/1989). Nestes casos, a pessoa pode comportar-se com
Além dos componentes verbais das habilidades so- inassertividade e procurar outras formas de contra-
ciais (os expostos nas taxonomias previamente apre- controle, como, por exemplo, procurando novo em-
sentadas), há também, conforme Del Prette e Del Prette prego, aproximando-se de pessoas reforçadoras e
(1999), componentes não-verbais da comunicação: evitando o convívio com pessoas que trazem conse-
olhar e contato visual; sorriso; expressão facial; gestua- qüências aversivas.
lidade; postura corporal; movimentos com a cabeça; Estando definido o termo habilidades sociais, cabe
contato físico e distância/proximidade. Parafraseando então definir competência social.
os autores, a comunicação não-verbal ocorre quando a
pessoa utiliza recursos do próprio corpo, excluindo-se
a vocalização3, podendo assumir diferentes funções: a) 1.2 Competência social
substituição da linguagem, quando, por exemplo, Para avaliar certo repertório social, torna-se neces-
certo membro de um grupo dá uma piscadela rápida, a sário definir competência social. Para Del Prette e Del
qual tem o significado “você está de acordo?”; b) re- Prette (1999) os conceitos de Habilidades Sociais e de
gulação na comunicação, onde gestos são utilizados Competência Social (CS) são freqüentemente empre-
para sinalizar quem deve tomar a palavra, interrompê- gados como sinônimos, no entanto, possuem defini-
la ou iniciá-la; c) apoio à comunicação verbal, quan- ções distintas. O termo CS é utilizado em um sentido
do a mensagem verbal parece incapaz de expressar avaliativo, visando qualificar o nível de proficiência
totalmente os sentimentos, por exemplo, em velórios com que os comportamentos são ou deveriam ser
onde um forte aperto de mão, abraços razoavelmente emitidos, bem como sua congruência e adequação às

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dimensões pessoal e situacional (McFall, 1982; Del pretendidas por um dos pólos interativos (ator e in-
Prette & Del Prette, 1996). terlocutor): o de emissão (originadas no próprio autor)
Nas palavras de Del Prette e Del Prette (2001b): e o de reação (originadas no interlocutor), podendo ser
positiva e negativa (quando o emissor responde a um
comportamento prévio do interlocutor expressando
...defendemos a idéia de que as pessoas social- aceitação/aprovação ou rejeição/desaprovação de tal
mente competentes são as que contribuem na comportamento). Del Prette e Del Prette (1996) agru-
maximização de ganhos e na minimização de pam as classes moleculares em componentes não-
perdas para si e para aquelas com quem intera- verbais (como contato visual4, postura), paralinguísti-
gem (...) o desempenho socialmente competente é cos (características da fala, como volume e entona-
aquele que expressa uma leitura adequada do ção), verbais (características do conteúdo da fala,
ambiente social, que decodifica corretamente os como incidência de perguntas, uso do eu e prolixida-
desempenhos esperados, valorizados e efetivos de), mistos (como afetividade e atenção) e caracterís-
para o indivíduo em sua relação com os demais” ticas autonômicas e fisiológicas (por exemplo, res-
(p. 33). posta galvânica da pele e alterações respiratórias). Os
indivíduos socialmente competentes geralmente apre-
McFall (1982) considera CS como uma avaliação sentam melhor expressão verbal e não verbal, como
geral refletindo um julgamento, com base em certo variações de postura, maior tempo de fala e maior
critério, acerca da adequabilidade do desempenho de freqüência de perguntas (Del Prette, Del Prette, Torres
uma pessoa diante de alguma tarefa. O autor coloca & Pontes, 1998).
que o componente mais importante do termo CS é o A dimensão pessoal inclui também os processos
conceito de tarefa, visto como um programa compor- encobertos como expectativas, crenças e cognições
tamental. Programa comportamental implica uma (comportamentos privados), que acompanham os de-
seqüência identificável de padrão de comportamentos sempenhos interpessoais e que podem interferir de
provável de ocorrer. Isto significa que para compreen- forma positiva ou negativa sobre esses desempenhos.
der e predizer o comportamento de uma pessoa é ne- Por último, a dimensão situacional caracteriza as de-
cessário conhecer qual a tarefa está sendo realizada, mandas imediatas, os diferentes interlocutores (rela-
bem como as regras sociais que a governam. Em sín- ção diádica ou grupal) e o contexto cultural mais am-
tese, o indivíduo socialmente competente possui HS plo.
específicas, referentes aos seus componentes cogniti- A dimensão situacional do comportamento sugere
vo, motor e psicológico, favorecendo-lhe a obtenção que as pessoas podem se comportar de forma social-
de um desempenho adequado frente a determinada mente adequada em um contexto e não em outro; por
tarefa (McFall, 1982). exemplo, elas podem ser habilidosas em ambientes de
Desta forma, indivíduos socialmente competentes trabalho com colegas, autoridades e, no entanto, não
são, em geral, aqueles com tendência a apresentar seus generalizarem estas habilidades para o contexto de
sentimentos utilizando melhor a expressão corporal, educação de filhos. Frente a isto, pode-se perguntar:
com variação na postura e gestos e maior freqüência por que esta generalização não ocorre? Uma explica-
de perguntas. O oposto ocorre com os de menor com- ção possível, à luz da análise do comportamento, seria
petência social. (Del Prette & Del Prette, 1996). que, como as pessoas são sensíveis às conseqüências
de seus próprios comportamentos, neste caso, é possí-
vel que o comportamento socialmente adequado é
2.3 Desempenho social
mantido no ambiente de trabalho por ser reforçado, o
O desempenho social, para Del Prette e Del Prette que pode não estar acontecendo no ambiente familiar.
(1999, 1996), implica as dimensões pessoal, situacio-
Desta forma, é preciso, para uma avaliação da
nal e cultural.
competência social, considerar cada ambiente social
A dimensão pessoal pode ser examinada em suas como passível de análise funcional. Torós (1997)
classes molares e moleculares de comportamentos. As aponta para a necessidade de analisar funcionalmente
classes molares são aquelas funcionalmente descritas, a queixa apresentada (relações estímulo discriminati-
ou seja, “que se distinguem entre si em termos de seu vo – resposta – conseqüência), bem como analisar
efeito provável ou provavelmente pretendido no com- mútuas interdependências comportamentais do caso
portamento do outro” (Del Prette, 1985, p. 48), ser- (relações resposta – resposta, além de relações entre
vindo na avaliação de necessidades e na definição de estímulos, quando um altera a função do outro). Stur-
objetivos aos programas de desenvolvimento de HS. mey (1996) cita Goldiamond (1974) para dizer que o
Elas podem ser organizadas (Del Prette & Del Prette, terapeuta precisa entender o propósito do comporta-
1996) em pelo menos dois conjuntos, de acordo com a mento para a pessoa, o que necessariamente implica
natureza e origem das conseqüências prováveis ou análises funcionais mais amplas que tentem relacionar
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funcionalmente todo o repertório do cliente. Este racio- a inabilidade social seria uma conseqüência da deficiên-
cínio é interessante na avaliação do repertório social cia de controle de estímulos no encadeamento de res-
do cliente, considerando sua história prévia e atual de postas sociais ou a problemas específicos na aprendi-
aprendizagem. zagem de interações sociais, sendo enfatizado o refor-
Finalmente, a dimensão cultural refere-se às se- ço na aquisição, manutenção e fortalecimento dessas
melhanças e diferenças entre culturas e entre mo- respostas. O modelo da aprendizagem social afirma
mentos históricos que interferem no repertório social que as habilidades sociais são aprendidas através de
dos indivíduos. experiências interpessoais vicariantes, em que a ob-
servação do desempenho do outro (modelo) é vista
Segundo Del Prette e Del Prette (1996), as três di-
como básica no surgimento do repertório social; o
mensões mencionadas devem ser consideradas simul-
reforço é mais considerado como fator de desempenho
taneamente, pois a caracterização das HS inclui os
de comportamentos já aprendidos do que de aprendi-
comportamentos encobertos, abertos, culturais e histó-
zagem. Finalmente, o modelo da percepção social
ricos das relações interpessoais. Na caracterização das
focaliza a habilidade de leitura (perceber e decodifi-
HS é necessário também considerar fatores relaciona-
car) do ambiente social, a qual é um dos aspectos do
dos ao contexto histórico-cultural, indicando a im-
processamento cognitivo, permitindo ao indivíduo
portância de estudos na identificação dos padrões
discriminar formas adequadas de se comportar frente
transculturais e na análise da influência de variáveis
aos diferentes padrões sociais.
como sexo, idade, nível socioeconômico e habilidade
comportamental das pessoas. Estes conceitos apre- Del Prette e Del Prette (1996) afirmam que os mo-
sentados pelo campo teórico-prático do THS parecem delos acima mencionados não são totalmente exclu-
congruentes com pressupostos da análise do compor- dentes, sendo possível verificar a predominância das
tamento, que descrevem qualquer comportamento tendências behaviorista e sociocognitivista. Conse-
como produto de três níveis de seleção, o filogenético qüentemente, os ensinamentos de cada um dos mode-
(história da espécie), o ontogenético (história particu- los são incorporados nos THS.
lar do indivíduo) e o cultural (história das práticas As conclusões de Del Prette e Del Prette (1996),
culturais (Skinner, 1984). acima mencionadas, são pertinentes, pois cada modelo
parece recortar unidades de análises funcionais5, e
portanto, podem ser utilizados no entendimento de
1.4 Modelos explicativos
interações sociais, por exemplo: a) é possível ler o
Para um melhor entendimento do campo teórico- modelo cognitivo e o de percepção social enquanto
prático do THS, Del Prette e Del Prette (1999 e 2000) teorias que chamam a atenção para a importância de
e Hidalgo e Abarca (1992) destacam cinco modelos eventos privados, que na linguagem da análise do
que permitiram sua estruturação: o cognitivo, o da comportamento, seriam considerados enquanto estí-
teoria de papéis, o da assertividade, o da aprendiza- mulos discriminativos e/ou conseqüentes de dada
gem social e o da percepção social. contingência; b) a teoria dos papéis, ao apontar para
O modelo cognitivo parte do pressuposto de que o flexibilidade em assumir diferentes papéis sociais,
desempenho interpessoal está relacionado com o pro- aponta para variabilidade do repertório social adquiri-
cessamento dos estímulos ambientais, dos fenômenos da no decorrer de contingências de reforçamento
do ambiente social, em que o indivíduo organiza cog- (história ontogenética); c) os modelos da assertivida-
nições e comportamentos frente a objetivos sociais ou de, tanto respondente como operante, também podem
interpessoais culturalmente aceitos, sendo que essas ser vistos enquanto recortes funcionais, pois respon-
cognições causam comportamentos. Já o modelo da dentes incondicionados surgem diante de certos estí-
teoria dos papéis é derivado da Psicologia Social e mulos selecionados pela história da espécie e os res-
está interessado no desenvolvimento da compreensão pondentes condicionados são pareados diante da histó-
dos papéis sociais do indivíduo e das outras pessoas, ria ontogenética (operante); e d) Catania (1999/1998)
bem como dos elementos simbólicos, verbais ou não, concorda com a existência de aprendizagem por ob-
a eles associados, ou seja, analisa a flexibilidade do servação, afirmando que deve haver um componente
indivíduo em assumir diferentes papéis sociais. O filogenético; no entanto, alerta que
modelo da assertividade apresenta duas vertentes; a
primeira elaborada por Wolpe (1976) e Lazarus
...a aprendizagem por observação deve incluir
(1977) é referente ao paradigma do condicionamento
discriminações sutis das ações de um outro or-
respondente, onde a dificuldade no desempenho social
ganismo e de seus efeitos de ações relacionadas
dos indivíduos é vista como resultante da ansiedade
por parte do observador... [portanto] devemos
interpessoal, buscando a sua superação através de
determinar seus componentes, em vez de usá-la
técnicas de descondicionamento; por outro lado, a
outra vertente situa-se no paradigma operante, em que

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para explicar outros tipos mais complexos de Os autores acima tecem algumas consideração
comportamento. (p. 239). quanto ao formato grupal. A partir de uma meta-
análise da literatura, Del Prette e Del Prette (1999)
apontam para uma tendência de escolha de grupos
O próximo tópico apresenta alternativas de traba-
homogêneos, sem desconsiderar dificuldades indivi-
lho com habilidades sociais, bem como estrutura e
duais dos membros; o tamanho do grupo pode variar,
técnicas comumente usadas.
no entanto, há uma preferência para um número que
varie de oito a doze pessoas; cada sessão tem objeti-
2 ALTERNATIVAS DE TRABALHO COM vos específicos e possui três partes, sendo a primeira
HABILIDADES SOCIAIS de sondagem sobre interesses, problemas, tarefas de
O THS busca superar déficits no desempenho social casa; a segunda refere-se à proposta de algum treina-
e promover interações sociais mais satisfatórias, atra- mento; e a terceira diz respeito à avaliação da sessão e
vés de procedimentos clínicos e educativos. Queixas atribuição de tarefas para casa.
individuais do cliente e sua adaptação devem ser Há vantagens na escolha de intervenções individual
compreendidas no contexto social imediato, perce- e grupal.
bendo o indivíduo como agente ativo na busca de Algumas vantagens do treinamento individual se-
relações sociais e interpessoais mais adequadas. gundo Bulkeley e Cramer (1994) (Em Del Prette &
Segundo Del Prette e Del Prette (1996), a partir da Del Prette, 1999) são: avaliação contínua do desem-
década de 80, programas de THS passaram a se desti- penho na sessão, possibilidade de ensaios extensos e
nar mais freqüentemente a uma clientela não clínica repetição dos mesmos, maior disponibilidade do tera-
na busca de padrões mais satisfatórios de vida comu- peuta para modelar habilidades sociais específicas e
nitária, como família, pré-escola, escola, pré-adoles- modificação imediata de procedimentos que não este-
centes e adolescentes. Esses programas (ver Del Prette jam sendo efetivos.
& Del Prette, 1997) vêm se direcionando de settings O THS pode ser utilizado como parte de um pro-
individuais para intervenções em grupo, onde o tra- cesso terapêutico ou como o próprio processo. No
balho se mostrou mais efetivo, já que os conheci- caso de ser utilizado como parte de um programa in-
mentos de dado membro podem ser compartilhados dividual mais amplo, em que o cliente possui diversas
com os demais, favorecendo trocas de experiências, dificuldades, além das interpessoais, o atendimento
opiniões, sentimentos etc. individual pode ser um facilitador na discriminação de
Com relação à população não-clínica o THS pode diferentes classes comportamentais problemáticas,
assumir caráter educativo e preventivo (Del Prette, bem como das interdependências funcionais entre
1982), sendo viável, por exemplo, a pais que apre- elas.
sentam, ou não, queixas de comportamentos dos filhos Hidalgo e Abarca (1992) e Falcone (1998) afir-
e que queiram maximizar a qualidade de suas intera- mam que o treinamento quando estabelecido em gru-
ções com os mesmos, como aconteceu no estudo de po apresenta algumas vantagens:
Silva, Del Prette e Del Prette (2000).
- Favorece um ambiente social mais complexo e
Del Prette e Del Prette (1996) afirmam que os pro- uma maior variedade de modelos, pois ocorre na
gramas de THS têm sido realizados em dois formatos: presença de homens e mulheres com formas de
individual e grupo. Para Caballo (1996) o procedi- vida distintas e experiências diversas.
mento básico consiste em: a) identificar dificuldades
- A experiência em grupo permite a aquisição de
quanto à inadequação social, ou seja, quais as queixas
certas habilidades pois fornece oportunidades ao
e problemas; b) realizar análise funcional a fim de
vivo.
identificar quais déficits impedem o comportar-se de
forma socialmente adequada; c) informar o cliente - A atividade em grupo proporciona um meio pro-
sobre a terapia; d) iniciar o treinamento de habilidades tegido, o qual atua como intermediário entre a
deficitárias. aprendizagem de certa habilidade e sua execução
na prática real.
Del Prette e Del Prette (1999) afirmam que a es-
trutura de programas individuais e grupais, segue as - Permite a reprodução similar de muitos encontros
seguintes etapas: a) informação sobre o método de interpessoais favorendo a consolidação e generali-
tratamento; b) comunicação sobre as dificuldades zação das condutas treinadas em situação de grupo.
interpessoais avaliadas; c) informação sobre a grande - Proporciona feedback imediato à conduta treina-
incidência de tais dificuldades, como forma de aliviar da, tanto dos facilitadores quanto do grupo.
apreensões; d) exposição sobre o planejamento geral - Oferece possibilidades de soluções às questões
do programa; e) implementação do programa. propostas, e assim o indivíduo pode decidir entre
diferentes tipos de respostas sem ter que recorrer

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8 Alessandra Turini Bolsoni-Silva

unicamente à que propõe o terapeuta, ou seja, maior habilidades sociais (THS), tecendo considerações à
número de modelos comportamentais. luz da Análise do Comportamento, de forma a apontar
- Maior número de situações-problema e mais su- algumas semelhanças e diferenças entre estes dois
porte para as suas soluções. campos de conhecimento.
- O consenso do grupo sobre a eficácia de certa ha- De forma geral, conclui-se que o THS é bastante
bilidade pode ajudar o terapeuta frente aos mem- útil para a Análise do Comportamento e para a Tera-
bros resistentes e/ou desqualificadores do trata- pia Comportamental, tanto no atendimento a popula-
mento. ções clínicas, como às não clínicas, visando à supera-
ção e/ou redução de déficits interpessoais, pois cum-
- A atividade em grupo permite que a intencionali-
pre, pelo menos, dois papéis: a) descreve repertórios
dade do vínculo com o terapeuta fique minimizada
comportamentais sociais, bem como possíveis funções
- O treinamento em grupo permite a maximização para dificuldades específicas, contribuindo para o
dos recursos humanos e materiais. processo de avaliação diagnóstica de casos clínicos; b)
apresenta diversos procedimentos de intervenção para
No Treinamento em Habilidades Sociais são utili- objetivos específicos, especialmente para atendimen-
zadas técnicas de vários modelos conceituais, em es- tos em grupos no estabelecimento de tais habilidades7.
pecial da Análise Experimental do Comportamento ou
da Terapia Comportamental (tais como ensaio com- REFERÊNCIAS
portamental, reforçamento, modelagem, modelação, Abib, J. A. D. (1997). Teorias do comportamento e subjeti-
feedback, relaxamento, tarefas de casa, dessensibiliza- vidade na psicologia. São Carlos: Edufscar.
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pode ser utilizado na clínica (transtornos afetivos e de Arbytes Editora.
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problemas conjugais e familiares; transtornos de per- habilidades sociais e de seus filhos? Argumento (7), ano
sonalidade anti-social) e na educação (ensino especial 4, 71-86.
e regular). Enfim, qualquer demanda, seja familiar, Caballo, V. E. (1987). Teoría, evaluación e entrenamiento
escolar, de trabalho etc., em que pessoas possuam de las habilidades sociales. Valência: Promolivros.
déficits de relacionamento interpessoal, pode ser be- Caballo, V. E. (1991). El entrenamiento en habilidades
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Além da utilização em intervenções individuais e Caballo, V. E. (1995). Una aportación española a los as-
grupais, o campo teórico-prático do THS tem sido útil pectos moleculares, a la evaluación y al entrenamiento
de las habilidades sociales. Revista Mexicana de Psico-
na realização de pesquisas: a) de levantamento, por logia, 12(2), 121-131.
exemplo, nos estudos de Bolsoni-Silva (2002) e Silva Caballo, V. E. (1996). O treinamento em habilidades sociais.
(2000), que procuraram avaliar relações entre habili- Em V. E. Caballo (Org.), Manual de técnicas de terapia
dades sociais de pais e repertório adequado e “inade- e modificação do comportamento (p. 361-398). São
quado” de filhos; b) de intervenção (por exemplo, Paulo: Santos Livraria Editora.
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Summus.
pesquisas têm levantado questões de pesquisa perti- Del Prette, A. (1982). Treinamento comportamental em
nentes à educação, clínica e organizações, além de grupo junto à população não-clínica de baixa renda:
apontarem caminhos para futuros estudos na área6. uma análise descritiva de procedimento. Dissertação de
Mestrado. Pontifícia Universidade Católica de Campi-
nas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Del Prette, A. (1985). Treinamento comportamental: Uma
Este texto teve por objetivo discutir alguns con- alternativa de atendimento à população não clínica. Re-
vista de Psicologia, 3(1), 67-81.
ceitos do campo teórico-prático do treinamento em
Interação em Psicologia, jul./dez. 2002, (6)2, p. 233-242
Habilidades sociais e análise do comportamento 9

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Revisado: 22.11.2002
Aceito: 10.12.2002

Notas:
1
Relações sociais são consideradas por Hinde (1981, Em Del Prette & Del Prette, 1999) como um fenômeno amplo que inclui a análise
da qualidade, conteúdo, forma e freqüência das interações interpessoais, bem como afetam e são afetados por variáveis contextuais.
2 Para saber mais sobre eventos privados, vide, por exemplo, Skinner (1995/1989; 1993a/1953; 1993b/1974); Tourinho (1999), Delitti e
Meyer (1998) e Abib (1997).
3
A definição de Skinner (1992/1957) para comportamento verbal e não-verbal difere desta apresentada. Para este autor o comportamento
verbal é um operante cujas conseqüências são mediadas por ouvinte treinado, e o comportamento não-verbal ocorre quando o organismo
atua diretamente no ambiente físico, modificando-o e sendo modificado, sem mediação verbal.
4
Para mais detalhamento, vide Davis (1975).
5
Para saber mais sobre análise funcional, vide, por exemplo, Skinner (1993/1953), Sturmey (1996), Meyer (1997) e Andery, Micheletto
e Sério (2001).
6
Para conhecer mais sobre os trabalhos de pesquisa desenvolvidos na área, vide revisão de Del Prette e Del Prette (2000).
7
Del Prette e Del Prette (2001b) descrevem diversas vivências para grupos.

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10 Alessandra Turini Bolsoni-Silva

Sobre a autora
Alessandra Turini Bolsoni-Silva: Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia, da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras (FFCL) da Universidade de São Paulo (USP – Campus Ribeirão Preto). Professora Assistente do Departamento de Psicologia da
Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP – Campus Bauru). Endereço para correspondência: Eng. Luiz Edmun-
do C. Coube, s/n – CEP 17.033.360 – Bauru, SP – E-mail.: bolsoni@fc.unesp.br – Fone/Fax: (0xx14) 221.6087

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Habilidades sociais e análise do comportamento 11

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