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INTEGRAÇÃO REGIONAL E POLÍTICAS PARA AS MULHERES RURAIS NO


MERCOSUL1

Karla Hora. Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento.


Professora na Faculdades Alto Iguaçu (FAI).
karlaemmanuela@gmail.com

Andrea Butto. Mestre em Antropologia.


Professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Assessora Especial de
Gênero, Raça e Etnia (AEGRE) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
andrea.zarzar@mda.gov.br

1. Introdução

A Reunião Especializada da Agricultura Familiar (REAF) é uma instância


formal consultiva do Mercosul que congrega representantes de órgãos federais
vinculados ao desenvolvimento rural e representações da sociedade civil dos
países que conformam o bloco. Criada em 2004 constituiu-se rapidamente em
um espaço de discussão, definição e coordenação de políticas de caráter
regional em temas relacionados às formas de reprodução social e material da
agricultura familiar. Por intermédio de recomendações às instâncias superiores
do Mercosul, da coordenação de programas e da promoção de iniciativas de
intercâmbio e cooperação sobre políticas diferenciadas e específicas para o
segmento da agricultura familiar, a REAF contribui para a superação das
assimetrias entre os países, condição esta, para uma efetiva integração
solidária.
Visando analisar os avanços obtidos nesta agenda este artigo destaca
aspectos da recente formulação e implementação de políticas para as mulheres
rurais em âmbito regional. Revela que as ações em curso na Agenda de Gênero
da REAF avançam para além dos compromissos assumidos em conferências
internacionais do sistema da Organização das Nações Unidas sobre os direitos

1
Ponencia presentada al VIII Congreso Latinoamericano de Sociología Rural, Porto de Galinhas, 2010.
2

das mulheres e dialogam com novos temas impulsionados por fóruns


internacionais da sociedade civil e dos movimentos de mulheres em defesa da
soberania alimentar.
Mesmo tratando-se de uma experiência recente, desde seu início, a
REAF incorporou como uma de suas prioridades a promoção dos direitos das
mulheres, expressa na Agenda de Gênero cujo principal objetivo é edificar um
novo desenho institucional e implantar políticas de promoção da igualdade e de
autonomia das mulheres rurais na região.
Embora existam processos anteriores de integração regional na América
Latina e Caribe – como a Comunidade Andina de Nações e a Comunidade e
Mercado Comum do Caribe – o foco na experiência da REAF decorre das
possibilidades abertas para o Mercosul a partir de um novo ambiente
institucional na região. Possibilidades decorrentes do bloqueio ao projeto da
Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), impulsionado pela Aliança
Continental; das mudanças de perfil de vários governos e; de novas iniciativas
em curso na região, como a criação da União das Nações da América do Sul
(UNASUL) e da Aliança Bolivariana das Américas (ALBA). Como assinalam
Faria e Moreno (2007), são importantes reposicionamentos que produzem novas
configurações no debate e na ação em torno da integração sul americana. Para
além de uma integração meramente comercial cresce a necessidade e o
interesse na harmonização e interiorização de políticas públicas e ampliam-se os
investimentos públicos para superar assimetrias e promover o desenvolvimento
da região.
Para analisar a experiência recente da REAF na promoção de políticas
para as mulheres rurais, além de pesquisa bibliográfica, recorreu-se aos textos,
documentos e informes produzidos no âmbito da REAF e à própria experiência
das autoras na coordenação do Grupo de Trabalho de Gênero da Seção
Nacional brasileira, nas Sessões Regionais da REAF e nas atividades da
Reunião Especializada da Mulher – (REM/Mercosul).
O artigo, então, está estruturado em dois momentos, além da introdução
e considerações finais. O primeiro aborda aspectos conceituais e institucionais
3

das referências internacionais sobre políticas para as mulheres rurais,


destacando resoluções de conferências internacionais do sistema ONU e das
propostas da sociedade civil. O segundo, descreve a experiência da REAF
propriamente dita, abordando a institucionalização de políticas públicas de
gênero na agricultura familiar e nos assuntos fundiários, em âmbito regional e
dos países.

2. Referências internacionais de direitos e políticas para as mulheres


rurais
2.1. Resoluções e compromissos internacionais

Somente no final da década de 70 é que se inicia o processo de


reconhecimento dos direitos das mulheres no sistema das Nações Unidas, com
a CEDAW 2. Em relação às mulheres rurais, apenas dois artigos desta
Convenção trataram diretamente dos seus direitos. O artigo 14 indicou que os
Estados-partes adotassem todas as ações necessárias para eliminar a
discriminação contra as mulheres rurais visando que elas participassem e se
beneficiassem do desenvolvimento rural em igualdade de condições com os
homens, inclusive no acesso à terra nos projetos de reforma agrária3. Enquanto
o artigo 16 estabeleceu direitos iguais de ambos os cônjuges em matéria de
propriedade, aquisição, gestão, administração, gozo e disposição dos bens.
No marco das recomendações da CEDAW, a I Conferência Mundial da
Reforma Agrária da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura (FAO), realizado em 1979, aprovou a “Carta do Campesino” 4, na

2
Aprovada em 1979 pela Assembléia Geral da ONU, a Convenção sobre a Eliminação de todas as formas e
Discriminação contra a Mulher (CEDAW) passou a vigorar apenas a partir de 1981. No Brasil, entrou em
vigor em 1984 com reservas e a partir de 1994 na sua integralidade. (FUNAG/IPRI/Ministério das Relações
Exteriores: 2003).
3
O artigo 14 da CEDAW estabelece o compromisso dos países em garantir a participação das mulheres na
elaboração e execução dos planos de desenvolvimento, assegurando educação e assistência técnica, e em
apoiar cooperativas como forma de obter a igualdade de acesso às oportunidades econômicas, acesso ao
crédito, aos instrumentos de comercialização e à tecnologia apropriada. (ONU, CEDAW, 1975).
4
A Carta do Campesino prevê o compromisso com a igualdade das mulheres nos “processos sociais,
econômicos e políticos de desenvolvimento rural” e nos “benefícios da melhoria das condições de vida das
zonas rurais”. Cf. www.fao.org.
4

qual os países presentes se comprometiam com uma plataforma de ação em


prol da igualdade das trabalhadoras rurais no desenvolvimento rural. Pode-se
dizer que na Carta do Campesino os direitos das mulheres à terra ganham
destaque, com uma referência explícita ao direito real das mulheres à
propriedade da terra na forma familiar ou coletiva, e a necessidade de realizar
mudanças legislativas para garantir sua efetividade. Os direitos relativos às
condições para a produção, especialmente a capacitação e assistência técnica,
também são apresentados. Incluiu-se, ainda, a recomendação para que o
trabalho doméstico seja assumido de forma compartilhada.
A grande contribuição da CEDAW e da “Carta do Campesino” foi o
reconhecimento explícito do papel das mulheres no desenvolvimento rural e da
necessidade de promover condições de maior igualdade no acesso aos recursos
econômicos e na tomada de decisões. Entretanto, apesar do avanço, tais
propostas apresentaram lacunas quanto às medidas necessárias para garantir a
efetivação dos compromissos firmados, quando muito, citaram a necessidade de
mudanças legislativas, mas de forma genérica, como se vê na “Carta do
Campesino”.
Com ênfase nos direitos das mulheres à terra, Deere (2002) afirma que
esta agenda está mediada pelo debate sobre as relações de gênero e sobre o
desenvolvimento de uma maneira mais ampla. Na década de 70 prevalecia um
esforço de feministas para incluir as mulheres na economia sem nenhum
questionamento do modelo hegemônico, resultando numa limitada apropriação
dos direitos das mulheres por parte de organismos internacionais vinculados à
ONU. Com isso, os direitos das mulheres eram parte dos argumentos de
eficiência das políticas de desenvolvimento e o direito à propriedade da terra se
constituía como elemento da estratégia para aumentar a produtividade do
trabalho das mulheres.
A permanência da situação de subordinação imposta às mulheres rurais
indicou que poucos avanços ocorreram na aplicação dos compromissos
internacionais. Na agenda dos anos 90, reafirmam-se resoluções anteriormente
adotadas, como ilustra a IV Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada em
5

Beijing, em 1995. A Plataforma de Ação adotou medidas a serem tomadas pelos


governos para que as políticas macroeconômicas e as estratégias de
desenvolvimento nacional considerassem as necessidades das mulheres e
apóie seus esforços para superar a pobreza, dentre elas a revisão de leis e
práticas administrativas para assegurar a igualdade sobre os recursos
econômicos.
A Conferência restringiu-se a reafirmar compromissos anteriores voltados
para as mulheres rurais, como a melhoria do acesso ao credito, à assistência
técnica e extensão rural e à comercialização. Pode-se registrar, como um
pequeno avanço, a ampliação da recomendação de revisões do marco legal e
administrativo para a garantia do acesso igualitário ao crédito, aos recursos
naturais e às tecnologias, e não apenas à terra como constava de conferências
internacionais anteriores.
Menciona-se o estímulo às cooperativas de forma restrita aos seus
vínculos com a economia de mercado, sem reconhecer nestas formas de
organização a presença da economia solidária. O tema do crédito ganha mais
relevância e passa a incluir a necessidade de apoiar ações inovadoras para
facilitar o acesso a mecanismos e instituições de poupança e crédito, mas sem
abordar as medidas a serem adotadas para que as mulheres rurais possam, de
fato, acessar estes recursos (FUNAG/IPRI/Ministério das Relações Exteriores,
2003).
Segundo DEERE (2002) nas conferências da ONU da década de 90,
incluindo as sobre a mulher e a da FAO sobre alimentação, os direitos das
mulheres à terra passam a ser tratados em termos da autonomia econômica e
empoderamento e não apenas como simples inclusão das mulheres na
economia. A autora apresenta uma interessante abordagem sobre a forma de
apropriação pelas conferências da análise de gênero de várias feministas nos
anos 80 e início dos anos 90. Sob o argumento de eficiência e da equidade no
contexto do paradigma neoliberal a ONU incorporou a mulher como
administradora de empresas, valorizou a sua participação no trabalho
comunitário e a elasticidade do serviço doméstico. Como resultado da
6

incorporação da linguagem de gênero teria havido uma neutralização do


potencial transformador dessa agenda.
Ao abordar o movimento de mulheres DEERE considera que a partir da
década de 80 já se observa uma percepção critica da incorporação da dimensão
de gênero por parte da ONU, no bojo de um debate mais amplo sobre o
capitalismo, incluindo nele a discussão das relações de produção e reprodução.
As organizações não governamentais, que mantinham diálogo com a ONU,
focavam o debate no impacto da dívida externa e os efeitos do ajuste estrutural
sobre os pobres e ao fazê-lo demandavam igualdade legal e acesso aos
recursos para as mulheres.
Segundo DEERE (2002), a Plataforma de Ação de Beijing comprometeu
os estados nacionais a desenvolver planos de ação para promover a igualdade
de gênero. Mas os instrumentos nacionais criados, como os escritórios
nacionais, ganharam um viés urbano, o que resultou em menor importância
dada aos direitos das mulheres rurais ou em uma postergação de sua
incorporação pelos planos nacionais de promoção de oportunidades para as
mulheres. Na década de 80, poucos foram os casos de criação dos chamados
“escritórios de mulheres” no interior dos ministérios da agricultura.

2.2. Contribuições recentes para os direitos das mulheres rurais

As análises sobre os compromissos internacionais firmados em distintas


instâncias do sistema ONU revelam que pouco se avançou na sua concretização
pelos Estados nacionais (DEERE, 2001; FAO, 2006).
Este balanço estimulou uma reflexão crítica sobre os efeitos da
participação e da integração dos movimentos sociais de mulheres na agenda da
ONU e sobre a eficácia da ação dos estados nacionais. Falquet (2002)
caracteriza o processo de participação nestas instâncias como uma tentativa de
neutralização da ação política das mulheres. Neste sentido, feministas latino-
americanas analisaram criticamente as mudanças na agenda de setores dos
movimentos sociais de mulheres, que partindo de um balanço positivo da ação
7

da ONU, passaram a agir, principalmente, no monitoramento das ações dos


governos. Isso teria gerado perda de radicalidade de suas iniciativas, com o
abandono de lutas por mudanças estruturais na vida das mulheres, e restrição
de sua atuação a proposições de políticas públicas para as mulheres (FARIA,
2005).
Setores da sociedade civil têm inovado ao incorporar na agenda mais
geral temas relativos à situação específica das mulheres rurais. Isto tem
implicado, em alguns casos, em avanços no reconhecimento da agenda
feminista e do sujeito político que dele resulta e em conquistas.
No âmbito de movimentos sociais antiglobalização, como a Via
Campesina e a Marcha Mundial de Mulheres, o debate sobre a economia é
alargado e a proposição de uma economia soberana, solidária e feminista vai se
firmando como um campo alternativo ao modelo hegemônico, até então não
questionado pelas conferências internacionais das Nações Unidas.
Nos últimos anos essa renovação da agenda internacional desdobra-se
em uma ampliação das iniciativas internacionais da sociedade civil nos temas da
agricultura, da reforma agrária e da segurança e soberania alimentar, com
repercussões sobre a agenda das políticas públicas para as mulheres rurais.
Campanhas internacionais, congressos, encontros e mobilizações promovidos
pela Aliança Social Continental, Marcha Mundial das Mulheres, Via Campesina e
por articulações regionais sindicais, como a Confederação das Organizações
dos Produtores Familiares do Mercosul (Coprofam), buscam pressionar os
governos dos países a adotarem uma agricultura baseada na sustentabilidade
ambiental, a garantirem o direito humano à alimentação, a orientarem suas
ações para promover mudanças nas políticas econômicas nacionais e na própria
ordem internacional, no sentido de um mundo justo e igualitário, renovando
horizontes para as lutas das mulheres.
A Marcha Mundial das Mulheres, em parceria com outras organizações,
tem atuado para internalizar o feminismo na luta pela soberania alimentar, para
colocar o trabalho das mulheres no centro da economia e da organização social,
8

para que o direito à alimentação considere o trabalho invisível das mulheres na


preparação e distribuição dos alimentos.
As novas contribuições ao debate e às lutas das mulheres são
destacadas, aqui, em iniciativas recentes que contribuíram para redefinir o
padrão de relação com organismos internacionais e para renovar a agenda das
políticas para as mulheres. Representam isto: a Conferência Regional sobre a
Mulher na América Latina e Caribe da Comissão Econômica para a América
Latina e o Caribe (CEPAL), de 2004 e 2007; a Conferência Internacional de
Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural da FAO – CIRAD (2006); a 33ª
Conferência Regional da América Latina e Caribe da FAO (2008) – incluindo
atividades específicas da sociedade civil dirigidas a incidir nestes fóruns oficiais;
e, o Fórum Nyéléni de Soberania Alimentar, organizado pela Via Campesina,
Marcha Mundial das Mulheres e Amigos da Terra Internacional (2007).
Uma análise das iniciativas governamentais e da sociedade civil nos
permite concluir que, a sociedade civil, de um lado, avançou na legitimidade
desta agenda nos movimentos sociais mistos, como fruto de alianças e da
articulação da agenda feminista com a construção de alternativas políticas e
econômicas para superação da ordem hegemônica, o que inclui o
reconhecimento do papel das mulheres na agricultura, pesca e gestão dos
recursos naturais, e na afirmação da defesa dos direitos igualitários. No
conteúdo da agenda referida, constata-se a inclusão de novos temas: o
reconhecimento do trabalho reprodutivo das mulheres, do papel na produção e
da importância de sua participação nas instâncias de decisão e da defesa da
soberania alimentar como projeto também de superação das relações de
opressão e desigualdade existente entre mulheres e homens, da
internacionalização de valores patriarcais, a partir do reconhecimento do seu
papel no conhecimento da agricultura, na produção de alimentos, e do respeito
aos direitos das mulheres.
No ambiente governamental propiciado pela FAO são assumidos
compromissos para a revisão e formulação de leis que assegurem os direitos
iguais à reforma agrária e a outros recursos, bem como reformas administrativas
9

para garantir o acesso às políticas públicas e pela primeira vez no cenário


internacional o direitos à documentação civil aparece no rol das políticas em
questão. No contexto regional a FAO e a CEPAL, a democratização do acesso à
terra e a necessidade de garantir ocupação e renda às mulheres rurais por meio
de políticas públicas de financiamento, assistência técnica e comercialização,
são firmados como compromissos. Mais tardiamente se promove também o
reconhecimento da necessidade de remunerar o trabalho das mulheres, ampliar
o acesso à documentação e garantir os direitos das mulheres indígenas e
afrodescendentes. No caso da FAO o compromisso também de implementar
medidas no interior da instituição visando equilibrar a composição sexual da sua
estrutura foram assumidos.
Os compromissos assumidos contam com participação da sociedade civil,
especialmente em âmbito regional devido à renovação progressista dos
governos nacionais.
O grau de internalização desta agenda e destas novas dinâmicas sociais
nos estados nacionais pode ser analisada por intermédio das estruturas criadas
para implementar as políticas, dos instrumentos internos para dar materialidade
à agenda dos direitos das mulheres do campo, e do conteúdo das políticas e
programas existentes. Isso permite avaliar a efetivação dos compromissos
internacionais assumidos e os desafios presentes no processo de integração
regional, que é o que se passa a tratar, tendo como referência o Mercosul.

3. O Mercosul e as políticas para as mulheres rurais

As políticas para as mulheres da agricultura familiar são tratadas pelos


países do Mercosul em um ambiente institucional mais geral das políticas de
gênero, com forte influência do modelo europeu, inserindo-as em Planos de
Promoção da Igualdade de Oportunidades, como assinala Rigat-Pfun (2008).
Uma influência reforçada pela Cepal e pelas agências de cooperação dos países
europeus, em particular da Espanha.
10

Em geral, a coordenação das políticas para as mulheres é feita por


autarquias vinculadas a ministérios da chamada área social, com exceção do
Brasil e do Paraguai, onde existem secretarias vinculadas diretamente à
Presidência da República. Os Planos, apesar de instituídos por lei, vinculam-se
aos mandatos dos governos, à exceção do caso Venezuelano, que é o único
país a contar com uma lei de igualdade de oportunidades para as mulheres. No
entanto, este último não conta com um plano de ação, como os demais países.
Apesar das diferenças, todos os países da região contam com
organismos governamentais responsáveis pelas políticas de promoção da
igualdade de gênero, com variadas interfaces com as demais áreas de governo.
Há, na maioria dos países, mecanismos de diálogo com os movimentos sociais e
organizações de mulheres rurais. Entretanto, poucos são os programas e
políticas dirigidas às mulheres rurais e os que existem são, em geral,
insuficientes e raras são as estruturas governamentais específicas.
No âmbito sub-internacional do Mercosul há, desde 1998, uma estrutura
específica voltada para a análise da situação da mulher, das legislações e das
políticas públicas dos Estados-Partes sob o ponto de vista da igualdade, a
Reunião Especializada da Mulher (REM). Esta concentrava, até recentemente,
sua atenção nos temas da violência contra a mulher e do fortalecimento de uma
institucionalidade de gênero na região. Temas relativos à economia apareciam
vinculados a um debate mais geral, como por exemplo, na avaliação da forma de
inserção das mulheres no mercado de trabalho, na qualificação do trabalho não
remunerado e, de forma residual, no debate sobre o livre comércio e sobre o
empoderamento econômico das mulheres (RODRIGUES e TAVARES, 2006).
A pauta das mulheres rurais entra na REM, com potencial para ampliar o
seu próprio protagonismo, a partir de propostas da REAF de iniciativas conjuntas
para fortalecer a harmonização e interiorização de políticas especificas.
Este cenário, de ausência e fragilidade de referências institucionais
previamente consolidadas nos países e na estrutura de integração regional,
evidencia a dimensão dos desafios para a constituição de uma agenda de
11

gênero dirigida à promoção da igualdade e a autonomia econômica das


mulheres rurais.

3.1 Uma agenda necessária

Apesar das dificuldades institucionais há o reconhecimento de que o


debate sobre ‘Gênero’ além de necessário é urgente, em decorrência das
próprias condições de vida e trabalho das mulheres rurais da região, que
compartilham um contexto histórico similar e, que mais recentemente foram
impactadas pelas reformas neoliberais5.
No contexto político-econômico, agravou-se a situação, já frágil, dos
estabelecimentos familiares e das mulheres rurais, que destituídas de uma série
de direitos sociais básicos são as principais vítimas do processo (i)migratório,
gerando um processo de masculinização do campo. A saída das mulheres
jovens das zonas rurais é explicada, em grande medida, pela sua inserção
desfavorável na agricultura familiar, relacionada à sua restrita autonomia
econômica na gestão e acesso aos recursos produtivos, na ausência de políticas
públicas direcionadas, na desvalorização atribuída ao seu trabalho e à falta de
perspectiva no acesso e herança da terra.
Identificou-se, apesar, das particularidades inerentes a cada país
observam-se elementos comuns da situação das mulheres rurais, entre os
quais, o não reconhecimento do trabalho produtivo desempenhado pelas
mulheres rurais, o predomínio em atividades produtivas não remuneradas da
agricultura familiar, como o cultivo para o autoconsumo e as atividades
reprodutivas.
A invisibilidade do trabalho realizado pelas mulheres nas atividades de
produção na unidade familiar evidenciava-se na ausência de informações sobre
isso nas estatísticas oficiais nos países do Mercosul. Isto se refletia no caráter

5
Para um quadro da situação das mulheres rurais e das políticas públicas dirigidas a elas nos países do
Mercosul ver “Gênero, Agricultura Familiar e Reforma Agrária no Mercosul”, Brasília, NEAD Debate 9,
Ministério do Desenvolvimento Agrário, Brasília, 2006. Para uma visão geral sobre a agricultura familiar
nos países da região ver Brady (2008).
12

das políticas públicas em curso que enxergavam a unidade familiar como um


todo homogêneo, sem distinguir as relações de hierarquia e desigualdade de
gênero e geração existentes no seu interior.

3.2 O Grupo de Trabalho de Gênero na REAF

É neste cenário que a busca pela igualdade entre homens e mulheres na


área rural integrou-se à agenda da REAF como tema transversal. Esta agenda
conta com a participação de representantes dos governos e de organizações da
sociedade civil, dentre elas movimentos de mulheres autônomos, instâncias de
mulheres de movimentos sociais mistos e de representação de articulação
regional sindical, a Coprofam.
Coube ao Grupo de Trabalho de Gênero (GT Gênero) elaborar um plano
de ação sustentado por um diagnóstico sobre a situação das mulheres rurais e
das institucionalidades de gênero pré-existentes e de suas interfaces com as
políticas de desenvolvimento rural.
Um dos primeiros resultados da atuação do GT Gênero, e da própria
REAF, foi a aprovação pelo Grupo Mercado Comum (GMC) – a segunda
instância deliberativa do Mercosul –, a partir de uma resolução da REAF, de
uma recomendação para que os Estados-membros promovam o acesso
igualitário das mulheres à terra, atuem para diminuir a ausência de
documentação civil e trabalhista e implementem uma política especial de crédito
para as mulheres na agricultura familiar e na reforma agrária.
A estruturação da Agenda de Gênero da REAF buscou assentar-se num
mútuo aprendizado sobre as diferenças existentes entre os países, resultantes
de suas formações sociais e econômicas e de diferentes trajetórias políticas e
institucionais. Além do intercâmbio possibilitado pelo funcionamento regular dos
espaços da REAF, o GT Gênero buscou sistematizar informações sobre a
situação e os direitos das mulheres rurais nos casos nacionais, priorizando
alguns temas, entre eles, o marco jurídico e normativo e as políticas públicas
13

voltadas para a promoção da igualdade, bem como os instrumentos para sua


efetivação.
A análise construída6 revelou a importância dos temas do acesso à terra,
financiamento, assistência técnica, comércio e participação social para a
superação das desigualdades impostas às mulheres rurais. Outra frente de
atuação priorizada foi a incorporação do recorte de gênero no tema da
facilitação do comércio, com a realização de estudos sobre a participação da
agricultura familiar nas cadeias produtivas7 e na discussão sobre a
implementação e harmonização dos registros da agricultura familiar8.

3.2.1 Acesso à terra

Uma das primeiras iniciativas do GT foi a proposição de instrumentos


legais e administrativos que facilitassem o acesso à terra e a integração deste
tema na pauta do GT sobre “Políticas Fundiárias, Acesso à Terra e Reforma
Agrária”, associando-se a outros, como a estrangeirização das terras,
concentração e uso da terra e a função social da propriedade.
Estudo feito pelo GT de Gênero da REAF constatou uma situação
bastante diversa9. Alguns países incluíram o direito igualitário, ou a melhoria das
condições de acesso das mulheres à propriedade da terra, nos planos de
igualdade ou em suas legislações, mas não contam com instrumentos para
efetivar o ordenamento jurídico e não contam com informações suficientes sobre
a condição das mulheres de proprietária da terra. Outros países contam com
programas de reforma agrária, de regularização fundiária e de financiamento
para a compra da terra com legislações específicas que tratam do direito da

6
Cf. MDA/NEAD, 2006.
7
Estudos iniciados nas cadeias produtivas do tomate e da carne suína que analisam a inserção das
mulheres, a organização do trabalho reprodutivo e a participação das mulheres na produção e na
comercialização.
8
Aprovada em 2007, resolução do GMC recomenda que os registros a serem adotados ou que estão em
fase de elaboração em cada país considerem a titularidade conjunta obrigatória para homens e mulheres em
situação de casamento ou união estável.
9
Para uma análise detalhada do marco legal e dos instrumentos de acesso igualitário à terra nos países do
Mercosul ver REAF/SN Brasileira, 2008 e HORA, 2008.
14

mulher a terra, entretanto, apenas um deles o direito está reconhecido em lei


conta com os instrumentos necessários e está sendo efetivamente aplicado
(BUTTO e HORA, 2008)10. Por fim um dos países não atua no tema do acesso a
terra, pois são as províncias que implementam as políticas fundiárias por esse
motivo são escassas as informações (FERRO, 2008).

3.2.2 Acesso ao crédito

No tema do acesso das mulheres ao crédito para o financiamento da


produção há, também, um quadro bem diferenciado e com poucas ações
concretas. As situações existentes podem ser assim ilustradas: compromissos
de ampliação do acesso assumido, mas com nada implementado; medidas
restritas à difusão de informações e à capacitação para acessar o crédito geral
dirigido à agricultura familiar, consideradas de caráter neutro; existência de linha
especial de crédito acompanhada de mecanismos de superação dos obstáculos
e de difusão e ampliação do acesso, mas que ainda não resultaram em uma
grande escala de beneficiárias.

3.2.3 Assistência Técnica

Nos países do Mercosul os sistemas de assistência técnica contam com


instrumentos legais e normativos de órgãos especializados ou com projetos
especiais de extensão rural voltados para promover a igualdade. Entretanto, a
cobertura destes serviços ainda é muito baixa, inclusive para o conjunto da
agricultura familiar. Há esforços recentes para alterar a orientação dos serviços
de assistência técnica e a formação dos profissionais de modo a perceberem e
compreenderem as relações de subordinação e as desigualdades, como

10
Um marco neste sentido é o II Plano Nacional de Reforma Agrária e o Plano de Políticas para as
Mulheres do Brasil que prevêem o direito igualitário à terra (titulação conjunta obrigatória, acesso
preferencial a mulheres chefes de família), ações de apoio à organização produtiva (crédito, capacitação e
assistência técnica) e à participação nos espaços de controle social das políticas públicas.
15

condição para democratizar o acesso às políticas e contribuir com a autonomia


econômica das mulheres rurais.
Em apenas dois países existem ações de promoção comercial e de
inclusão de mulheres em instrumentos de comercialização, como a criação de
espaços específicos para oferecer seus produtos, a realização de feiras e de
ações de capacitação.

3.2.4 O Programa Regional de Gênero da REAF

Além de coordenar a inserção das mulheres rurais nos diferentes


assuntos tratados pela REAF, o GT Gênero elaborou, a partir da experiência
acumulada nas sessões nacionais e regionais, o “Programa de Fortalecimento
Institucional de Políticas de Igualdade de Gênero na Agricultura Familiar do
Mercosul” que representa um esforço de articulação da REAF com a REM e de
coordenação de ações para a internalização de políticas públicas de gênero na
agricultura familiar e na reforma agrária e de organismos especializados de
promoção de políticas de gênero nos Ministérios da Agricultura e de
Desenvolvimento Agrário.
As ações conjuntas dos países abarcam a realização de estudos sobre a
realidade das mulheres, oficinas de análise das políticas públicas de apoio à
produção e comercialização, capacitação para agentes e gestores públicos e
representantes dos movimentos de mulheres, o intercâmbio entre as mulheres
da sociedade civil e de governos, a difusão sobre as políticas de gênero no
Mercosul e o monitoramento e avaliação da Agenda de Gênero da REAF.11

Considerações finais

Os direitos das mulheres rurais ganharam visibilidade e foram inscritos


em compromissos internacionais a partir do final da década de 70 e, na América
Latina, a partir de meados dos anos 80. Mas a inscrição destes direitos não

11
MERCOSUL/VI REAF/ DT No. 02/06, anexo VII.
16

implicou em sua efetivação. Isso fica evidenciado pela crítica dos movimentos
sociais e por manifestações dos próprios governos nacionais e dos fóruns
regionais do Mercosul.
As institucionalidades pré-existentes no Mercosul para efetivar
compromissos internacionais e responder às demandas sociais pouco tratavam
da agenda das mulheres rurais. Mesmo nos poucos casos em que estas
demandas eram incorporadas, a efetivação dos direito não contava com o
respaldo de estruturas internas aos ministérios e órgãos responsáveis por ações
finalísticas. Com exceção do Brasil, que já conta com a efetiva implementação
de políticas de igualdade para as mulheres rurais, o que se encontra na região
são organismos centralizados de coordenação de políticas gerais que dialogam,
em maior ou menor grau, com a agenda das mulheres rurais.
Nos anos recentes, diferentes iniciativas da sociedade civil têm
contribuído para renovar a agenda de gênero, alargando o campo de
reconhecimento dos direitos das mulheres previamente definido pelas
conferências internacionais, e os inserido na elaboração de alternativas sociais e
econômicas. A mudança na correlação de forças na região em prol de interesses
soberanos e da democratização, associada a um maior comprometimento dos
governos com a agricultura familiar e as relações de gênero impulsionado por
lutas sociais, e em particular pela ação política das mulheres rurais, resultaram
no reconhecimento da importância da agenda de gênero na REAF.
Pode-se constatar que a Reunião Especializada da Agricultura Familiar,
nos últimos cinco anos, promoveu um esforço integrado para diagnosticar estes
problemas e construiu medidas efetivas para avançar nesta agenda. Num
espaço orientado para a integração solidária, as fortalezas existentes em alguns
países estão sendo convertidas em insumos para construir uma agenda regional
voltada para superar os limites vivenciados pelos Estados membros. Fruto deste
esforço comum, foram elaboradas e estão sendo implementadas ações
concretas capazes de promover a autonomia econômica e garantir os direitos
das mulheres rurais, como indicam o Programa Regional de Fortalecimento
Institucional de Políticas de Igualdade de Gênero na Agricultura Familiar.
17

As iniciativas da REAF demonstram a sua capacidade de desdobrar


debates sobre a integração regional em ações concretas e as prioridades eleitas
pela Agenda de Gênero dirigem-se a inclusão econômica das mulheres,
inserindo-as nas políticas gerais de apoio à produção e à comercialização e a
construção de políticas específicas. A estratégia adotada revela importante
potencial para constituir os ambientes e as institucionalidades necessárias que
podem transformar na região a relação das mulheres com o Estado e a
economia.

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