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Introdução ao Urbanismo

Professores : José Augusto e Rafael

BREVE HISTÓRIA DO URBANISMO

Sarah Marques dos Reis

A análise da cidade é um feito complexo já que o tema é tido como amplo e


sugestivo e podem-se tomar como ponto de partida diversos ângulos, como a
história, economia, arquitetura, arte, política entre outros. Esse carater, apesar
de desnortear a princípio, leva, portanto à compreensão do caráter universal da
cidade, isto é, a cidade engloba uma série de fatores que afetam e influenciam
o homem e sua existência.

A começar pela definição da cidade que é igualmente confusa, já que já foram


dadas diversas definições, que se divergem e convergem entre sim, pois se
referem a conceitos diferentes, pois fazem alusão a cidades que foram
construídas historicamente de maneiras diferente e singular. Filósofos e
pensadores definiram diferentes conceitos para o termo. Aristóteles por
exemplo, define a cidade como um conjunto de cidadãos, e este é aquele que
consegue intervir no local de maneira deliberativa e judicial. Ao analisar o
conceito proposto por Aristóteles compreende-se o conceito da cidade como
política, assim como a Cidade-Estado da Grécia. De maneira semelhante,
pensadores diversos realizaram definições baseadas em modelos diferentes de
cidades, como Afonso o Sábio, que se baseia na cidade medieval e
Cantillon,que se baseia na cidade barroca.

Ortega y Gasset,por sua vez,vêem a cidade como uma maneira encontrada


pelo homem de viver fora e frente do Cosmos,baseando esse conceito numa
diferenciação entre cidade e natureza,em que a cidade é uma criação artificial
do homem.Assim,a cidade é a cidade clássica que possui como elemento
fundamental a praça,a Ágora da Grécia antiga,um local destinado a
encontros,discussões e debates entre os cidadãos,feiras e mercados.Assim,a
urbe clássica não deveria possuir casas,e sim fachadas necessárias para
delimitar a praça.Portanto a cidade clássica possui um sentido oposto ao
doméstico ,a casa é edificada para se estar nela e a cidade é fundada com o
objetivo de sair de casa para reunião,relação e encontro com os demais
cidadãos que também saem de casa com o mesmo objetivo.

Dessa maneira,percebe-se que Ortega baseia-se no conceito da cidade


clássica e política,onde se conversa e os contatos primários são predominantes
sobre os contatos secundários.A Ágora exerce o papel de uma grande sala de
reunião.Essa cidade é então caracterizada pela conversa,com o
desenvolvimento da vida urbana e com o exercício da cidadania.

A partir daí, pode-se estabelecer uma distinção entre cidade doméstica e


cidade pública. A primeira é a cidade interior, calada e reservada em que se
predomina a vida doméstica. A segunda, por sua vez é a cidade das fachadas,
muito mais urbana, com uma identidade oposta ao campo. Assim, para o
cidadão pertencente à esta cidade ,uma aglomeração urbana sem um núcleo
de significado semelhante a Ágora,não representa uma cidade.

Entre a cidade doméstica e a cidade civil, encontra-se a cidade islâmica. O


mulçumano defende sua vida privada, mas por outro lado não permanece
muito tempo no cárcere. Assim, sua vida reparte-se entre a vida de harém e
ávida de relações e não é possível enquadrá-lo numa vida plenamente
doméstica ou numa vida plenamente pública, esse fato dá a cidade um caráter
especial.

Ao analisar as ruas árabes, percebe-se que há uma confusão e revolvido


numa camuflagem perfeita. Na cidade islâmica também não há a existência da
praça representando um elemento da relação pública. O pátio da mesquita, que
é o local destinado as orações, exerce a função da praça.Porém essa função é
exercida de maneira diferente da que havia na Grécia antiga,que era política.A
função desse local na cidade islâmica é a religião.O local não é utilizado para a
realização de discussões e dialéticas políticas,mas sim um espaço reservado
para meditação religiosa.Assim,apesar de se reunirem nesse determinado
local,os mulçumanos voltam a se encontrar fechados e voltados para si
mesmos num momento de reflexão.Os mercados e bazares adquirem vida e
estão dominados pelo tumulto humano,porém obedecem a uma necessidade
diferente pois é apenas funcional.

Portanto, conclui-se que a cidade mulçumana está basicamente


fundamentada na vida privada e voltada para a prática religiosa e que não se
encontra nos conceitos de cidade pública ou cidade doméstica, estando entre
os dois.

Para Ernst Egli a cidade é formada por elementos estruturais, são eles a casa,
a rua, a praça, os edifícios públicos e os limites responsáveis por defini-la.
Assim, o conjunto desses elementos é responsável por obedecer as
necessidades da comunidade e do cidadão.Sendo parte de um conjunto,os
elementos estruturais de determinado lugar tem características
comuns,obedecendo uma concepção unitária que foi formada ao longo da
história,obedecendo ao processo de criação de determinado
espaço.Assim,cada estrutura formada por esses elementos é também
essencialmente unitária.
Segundo Egli,a idéia fundamental de uma cidade é a idéia da casa individual
nessa cidade.Porém,a cidade não é apenas um aglomerado de casas e sim
uma determinada organização funcional destas.A casa portanto,significa a
necessidade individualizada e a rua representa uma ordem geral submetida ao
capricho ou a vontade individual.

Tomando como exemplo a cidade Espanhola, em que há a intenção de


conciliar a cidade latina dialética com a cidade islâmica. O espanhol vive então
de maneira dividida, a mulher permanece em casa, com uma reduzida vida de
relação enquanto o homem vai para a rua e para a praça, participando de uma
vida pública e intensa.

Nas civilizações mais próximas, por sua vez, percebe-se a constituição de três
tipos de cidades: A pública do mundo clássico (romana), a doméstica nórdica e
a privada religiosa do Islão. Assim, percebe-se que é extremamente complexo
resumir de maneira sucinta, um termo tão abrangente e, portanto há a
predominância da contradição e para cada definição há a predominância de
uma determinada perspectiva.

A partir dessa análise, conclui-se que o caráter da vida pública não é capaz
de definir uma cidade, já que alguma não o tem. Para Spengler,as cidades são
distinguidas pela existência de uma alma.Essa alma é o conjugados de casas
individuais que na forma coletiva assume uma forma e uma história
próprias,capaz de viver e crescer. Essa alma, pode então pode substituir a
dialética da cidade clássica. Algumas aglomerações ainda, não constituem uma
cidade, pois não existe nela nenhuma essência ou alma representando-as.

Essas cidades sem alma constituem então em complexos urbanos


aglomerados ou amontoados de pessoas num determinado local.Essas
aglomerações podem

Assim, a cidade moderna é uma junção aglomerada de velhas e novas


estruturas e formas de vida, sendo que em cada cidade diferentes aspectos
são mais ou menos relevantes em sua formação e evolução peculiar.A cidade
é então caracterizada pela desintegração,isto é ela é fragmentada e
desintegrada em diversas partes que a tornam caótica,dispersa e sem uma
figura própria.As relações então,ocorrem exatamente nesse meio disperso e o
homem vive sua vida diária confrontando estímulos contraditórios,assim como
ele próprio.

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