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No último dia 15 de abril, a equipe da Globo News e quatro autores do livro “Meio Ambiente e
Saúde: o Desafio das Metrópoles” se reuniram em São Paulo para filmar um episódio do
programa “Cidades e Soluções” que trará à tona um importante alerta: a cidade afeta de
maneira direta a saúde de seus moradores.
Trata-se do mesmo alerta esmiuçado no livro “Meio Ambiente e Saúde: o Desafio das
Metrópoles”, lançado pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade em novembro de 2010 e que
inspirou todo o movimento para a filmagem do programa.
Para esta ação de divulgação do programa, o Instituto Saúde e Sustentabilidade, contou com o
apoio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e do Laboratório de
Poluição Atmosférica Experimental (LPAE), cedendo sua expertise e os aparelhos de medição
ambiental e de saúde. A abordagem para o programa foi focada nos efeitos da poluição
atmosférica para a saúde humana e três autores do livro, especialistas no assunto, foram
convidados para conduzirem as explicações científicas durante o programa. O presente
relatório diz respeito aos resultados em saúde vivenciados pelo apresentador (a cobaia) deste
programa durante a filmagem na cidade de São Paulo.
Evitar este conjunto de situações é um dever e o momento de fazê-lo é agora, enquanto nos
resta tempo. Este não somente é um compromisso do Instituto Saúde e Sustentabilidade, mas
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de todos os autores do livro e, dos quatro autores que participaram deste processo em
particular. Ao veicular essas informações científicas na televisão, torna-se também um
compromisso do programa “Cidades e Soluções”, somando forças para a transformação.
Participantes
Dr.Paulo Afonso de André Engenheiro pela Escola Politécnica da USP, mestre, doutor e
pesquisador pela Faculdade de Medicina da USP, onde
participa do Instituto Nacional de Avaliação Integrada de
Risco Ambiental (INAIRA).
Apesar dos limites de interpretação de resultados inerentes a esta pesquisa realizada em único
indivíduo (hígido), os dados encontrados são coerentes e compatíveis com dados relatados na
literatura.
O ambiente urbano nas grandes cidades impõe a sua população uma carga de poluição e
desconforto muitas vezes superior àquela estimada tendo por base apenas os indicadores de
poluição atmosférica monitorados pelas agências ambientais, notadamente quando se
considera a situação outdoor.
Equipado com um monitor contínuo de material particulado inalável fino, denotado por MP2,5,
um voluntário percorreu percursos junto ou próximo às vias de trânsito intenso, para avaliar a
real magnitude da exposição durante os deslocamentos urbanos, considerando diversos modais
de transporte.
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Percurso
O percurso cumprido pelo voluntário na cidade de São Paulo e os modais utilizados, estão
descritos na tabela abaixo:
Os resultados estatísticos do monitoramento de MP2,5 para cada um dos trechos acima são
apresentados na tabela abaixo, além de notas de esclarecimento.
Para se ter uma idéia da carga de material particulado recebida em cada um dos trechos, foi
calculado o tempo para acumular a mesma carga caso o voluntário tivesse sido submetido a um
ambiente que respeitasse a concentração máxima diária recomendada pela OMS –
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Organização Mundial da S . O resultado é apresentado na tabela a seguir,
para cada um dos trechos percorridos.
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Comentários
4. Para relativizar os resultados aqui obtidos, vamos fazer uma equivalência considerando a
mesma carga acumulada de material particulado no pulmão do voluntário no percurso real,
caso ele estivesse em um ambiente cuja concentração de MP2,5 respeitasse o limite
máximo recomendado pela OMS. Assim, a carga acumulada nas 6 horas no percurso real
só seriam acumuladas na concentração máxima da OMS após 24 horas de exposição. Este
resultado é bastante preocupante não só pela sua magnitude, mas também ao lembrar que
a carga cumulativa no organismo de exposições continuadas a valores acima do limite da
OMS trarão inúmeros efeitos em saúde de longa duração, com comprometimento da
qualidade de vida e inclusive com a redução da expectativa de vida.
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7. O valor máximo de concentração de MP2,5 obtida foi de 752 mg/m3, chegando a atingir 30
vezes o limite diário preconizado pela OMS- valor este considerado EMERGENCIAL –
requer INTERVENÇÃO ENÉRGICA - tomada de medidas urgentes e imediatas para a
proteção da população - pessoas que trabalham, residem ao redor da região (diminuir o
tráfego de caminhões, parar as obras de construção, diminuir o número de carros na rua).
Para se ter uma idéia, o Conselho de Ética em pesquisa não permite a exposição de seres
humanos a valores superiores a 200 mg/m3 de MP2,5.
Outros Parâmetros
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A Pressão arterial apresentou valores superiores aos observados no RJ (nível do mar) e elevou-
se do início para ao longo da caminhada, conforme foi aumentando a carga de poluentes
inalados. Resultado concordante com estudos que mostram efeitos da poluição no aumento da
pressão arterial.
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Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC): Desde o início houve a queda da VFC. A redução
da VFC predispõe (é um fator de risco) para arritmia e morte súbita (infarto) observados em
estudos após a exposição ao material particulado. Os parâmetros usados SDNN e rMSSD
diminuíram durante o período de exposição, até o almoço, Por esta razão o aumento de infarto
do miocárdio em idosos e/ou doentes cardíacos após alteração das concentrações de PM 2,5.
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COexalado e Saturação de O2
• COexalado
• Saturação de O2
O CO exalado dobrou com relação valor inicial, compatível com exposição a monóxido de
carbono - caminhada e corredores de tráfico.
Resumindo, as alterações encontradas são compatíveis com vários estudos que mostram
aumento da pressão e redução da variabilidade da frequência cardíaca associados à poluição.