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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS


DISCIPLINA DE DIREITO ADMINISTRATIVO
PROFESSOR: JOSÉ EVERTON DA SILVA

ACADÊMICOS:
DAMARI ANDRÉA R. BORDIN
LIA SCHWEMLEIN MUSSI
PAULO RENATO DE MELLO
RUTH PIMENTA DE CASTRO
SUÉLLEN ALMEIDA BATISTA
TATIANA NEUHAUS DOS SANTOS

LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL


(LEI COMPLEMENTAR Nº 101/2000)

ITAJAÍ
24 - 03 – 2008
SUMÁRIO:

1. – Introdução.
2- O que é a Lei da Responsabilidade Fiscal.
3- Objetivos.
4- Principais aspectos.
4.1- Servidor público.
4.2- Entes federados.
5- Jurisprudências.
6- Conclusão.
7- Bibliografias.
1. – Introdução

A Lei Complementar nº. 101, de 4 de maio de 2000, chamada Lei de


Responsabilidade Fiscal (LRF), com amparo no capitulo II do título VI da CF,
apresenta-se estruturada em nove capítulos formados por setenta e cinco
artigos, divididos em seções e subseções, conforme Lei anexa.
A LRF é um dispositivo do governo Brasileiro que tenta evitar com que
prefeitos e governadores endividam as cidades e estados mais do que
conseguem arrecadar através de impostos. Tal medida é necessária já que
diversos políticos costumam no final de seus mandatos iniciarem diversas
obras de grande porte, procurando se reelegerem.
Tal Lei obriga que as finanças sejam apresentadas detalhadamente ao
TC (da União, do Estado, do DF, dos municípios ou no caso das capitais de
São Paulo e Rio de Janeiro de seus próprios tribunais). Tais órgãos podem
aprovar os gastos ou não. Em caso das contas serem rejeitadas, será
instaurado investigação em relação ao Poder Executivo em questão, podendo
resultar em multas ou mesmo na proibição de tentar disputar novas eleições.
A Lei inova a Contabilidade Publica e a execução do Orçamento Publico
à medida que introduz diversos limites de gastos(procedimento conhecido
como de Gestão Administrativa), seja para as despesas do
exercício(contingenciamento, limitação de empenhos), seja para o grau de
endividamento.
“A LRF provocou uma mudança substancial na maneira como é
conduzida a gestão financeira dos três níveis de governo”. (RESTON, 2000).
“Tornou-se preciso saber planejar o que deverá ser executado, pois
além da execução devem-se controlar os custos envolvidos, cumprindo o
programa dentro do custo previsto”. (FURTADO, 2002).
Além da implantação de uma nova cultura gerencial na gestão dos
recursos públicos, incentiva o exercício pleno da cidadania, especialmente no
que se refere à participação do contribuinte no processo de acompanhamento
da aplicação dos recursos públicos e da avaliação dos seus resultados.
A LRF veio estabelecendo novos padrões. Não só impondo regras, que são
importantes, é verdade, mas sim, determinando compromissos e padrões de
conduta que devem ser seguidos.

2- O que é a Lei da Responsabilidade Fiscal

É uma Lei Complementar, intitulada Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, que


estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na
gestão fiscal, mediante ações em que se previnam riscos e corrijam desvios
capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, destacando-se o
planejamento, o controle, a transparência e a responsabilização como
premissas básicas.

3- Objetivos

O principal objetivo da Lei de Responsabilidade Fiscal, de acordo com o


caput do art. 1º, consiste em estabelecer “normas de finanças públicas voltadas
para a responsabilidade na gestão fiscal”.
Por sua vez, o parágrafo primeiro desse mesmo artigo procura definir o
que se entende como “responsabilidade na gestão fiscal”, estabelecendo os
seguintes postulados:
1 - ação planejada e transparente;
2 - p
 revenção de riscos e correção de desvios que afetem o
equilíbrio das contas públicas;
3 -g
 arantia de equilíbrio nas contas, via cumprimento de metas de
resultados entre receitas e despesas, com limites e condições para a
renúncia de receita e a geração de despesas com pessoal, seguridade,
dívida, operações de crédito, concessão de garantia e inscrição em restos a
pagar;
Diversos pontos da LRF enfatizam a ação planejada e transparente na
administração pública. Ação planejada nada mais é do que aquela baseada em
planos previamente traçados e, no caso do serviço público, sujeitos à
apreciação e aprovação da instância legislativa, garantindo-lhes a necessária
legitimidade, característica do regime democrático de governo.
O que a LRF busca, na verdade, é reforçar o papel da atividade de
planejamento e, mais especificamente, a vinculação entre as atividades de
planejamento e de execução do gasto público.
Em termos práticos, se a despesa de pessoal em determinado período
exceder os limites previstos na lei, medidas serão tomadas para que esse item
de gasto volte a situar-se nos respectivos parâmetros, através da extinção de
gratificações e cargos comissionados, além da demissão de servidores
públicos, nos termos já previstos na Constituição Federal.

4-Principais aspectos

4.1- Servidor Público

Dois fatores contribuem substancialmente para implantação de tão


inovadora lei:

a) Aumentos significativos com gastos como o funcionalismo público,


caracterizado pela concessão indiscriminada de reajustes salariais;
b) Peso crescente dos gastos com inativos nas folhas de
pagamento, alavancado pelas regras “perversas” da aposentadoria por tempo
de serviço e as aposentadorias especiais.
A LRF introduziu grande mudança na lógica da geração da
despesa pública.
No Capítulo da Despesa Pública, aquela relativa à pessoal mereceu
tratamento específico
Diz o artigo 18, caput da LRF:
“Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa
total com pessoal o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos,
os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou
empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies
remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis,
subsídios proventos de aposentadoria, reformas e pensões, inclusive
adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer
natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às
entidades de previdência”.
A LRF determina obediência a limites e prazos de enquadramento e
conforme seus princípios estabelecem regras para prevenir riscos e corrigir
desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas.
Dessa forma, a lei impõe uma série de restrições para a criação de uma
nova despesa de pessoal. A “racionalização fiscal” implantada por medidas
para manter o equilíbrio entre receitas e despesas.
Assim, a criação ou aumento de gastos com pessoal deverá ser
precedida da observância dos seguintes requisitos entre outros:

• Art. 17, § 1º - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no


exercício a ser executado e demonstração das origens dos recursos e custeios.
§ 2º comprovar despesa criada a qual não deve afetar as metas
dos resultados fiscais e a compensação das despesas com aumento de
receita.

• Art. 21, c/c art. 37, XIII da CF - Obediência à vedação a


vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias.
§ Único - Não ser realizada nos 180 dias anteriores ao final do
mandado.

• Art. 21, II - Cumprir o limite legal comprometido às despesas com


pessoal inativo.
• Art. 22,…§ Único – Estabelece, que se a despesa total com
pessoal exceder a 95% do limite são vedados ao Poder ou órgão que houver
incorrido em excesso, elencados nos incisos de I ao V, como por exemplo:
concessão de aumento; criação de cargo, emprego ou função; contratação de
hora extra.

• Art. 23, se a despesa total com pessoal ultrapassar os limites


definidos o percentual excedente terá que ser eliminado, adotando o seguinte:
§ I. Extinção de cargos e funções ou redução dos valores a eles
atribuídos,
§ II. Redução temporária da jornada de trabalho com adequação
dos vencimentos com a nova carga horária.

• Art. 19, c/c art. 169 da CF - A despesa total com pessoal, em cada
período de apuração, não poderá exceder os percentuais da receita, assim
discriminados:
I - União 50%
II e III - Estados e Municípios 60%

§ I - não fazem parte do limite as seguintes despesas de:


I - indenização por demissão;
II – incentivo à demissão voluntária;
III – pagamento de reuniões extraordinárias do Congresso;
IV – decisão judicial;
V - despesas com pessoal do DF e dos Estados do Amapá e
Roraima, custeada com recursos da União;
VI – com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico
4.2 - Entes da Federação

A Lei de Responsabilidade Fiscal lista em seu art. 1º os


responsáveis pela observância aos seus comandos legais, quais sejam, a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sendo também
denominados de entes da Federação. Nas referências destes entes, estão
compreendidos o Poder Executivo, o Poder Legislativo (incluindo os Tribunais
de Contas), o Poder Judiciário, o Ministério Público, as administrações diretas,
fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes.
A obrigatoriedade do cumprimento desta lei atinge toda a
sociedade, tendo em vista que se trata de lei complementar nacional.
A sociedade sofria com os desmandos dos governantes
e, agora, com essa legislação altamente feroz os governos federal, estadual e
municipal, inclusive, os entes criados e a eles ligados por cordões umbilicais
previstos na Constituição Federal, estão preocupados em bem administrar as
finanças públicas "mediante o cumprimento de metas de resultados entre
receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a
renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e
outras, dívidas consolidada e imobiliária, operações de crédito, inclusive por
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição de Restos a Pagar".
As leis que estabelecem o plano plurianual, as diretrizes
orçamentárias e os orçamentos anuais encontram seus roteiros traçados em
consonância com o rigor da norma, permitindo ao legislador impor tais rigores a
fim de que os objetivos da lei sejam cumpridos e a sociedade satisfeita no seu
clamor de moralidade.
No que se refere à arrecadação, os entes da Federação
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) terão de instituir e arrecadar
todos os tributos de sua respectiva competência constitucional, sob pena de
ficarem impedidos de receber transferências voluntárias. É norma que obriga
os entes da federação a exercer plenamente sua competência tributária,
evitando assim que o desajuste das contas públicas ocorra por falta de
arrecadação decorrente do não exercício do poder de obter recursos com suas
próprias fontes. É importante também para lhes conferir maior autonomia, pois
passam a ter menor dependência das transferências obrigatórias ou voluntárias
dos outros entes da Federação.
A limitação da ação do administrador público no que se
refere à geração e aumento das despesas é objeto de rigorosa regulamentação
pela LRF, sendo estas, efetivamente, as normas de maior relevância deste
diploma legal.
Uma das regras fundamentais para a gestão fiscal
responsável é a da limitação dos gastos especialmente no que tange aos
gastos com pessoal.
O art. 19 fixa estes limites em 50% da receita corrente
líquida para a União e 60% da receita corrente líquida para os Estados e
Municípios.
O art. 20 especifica os percentuais, em cada unidade da
Federação, para os respectivos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
Os limites são os seguintes:
a) na esfera federal, 50% da receita corrente líquida,
sendo 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo,
incluído o Tribunal de Contas da União, 6% (seis por cento) para o Judiciário,
40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo, e 0,6%
(seis décimos por cento) para o Ministério Público da União.
b) na esfera estadual, 60% da receita corrente líquida,
sendo 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do
Estado, 6% (seis por cento) para o Judiciário, 49% (quarenta e nove por cento)
para o Executivo, e 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados.
c) na esfera municipal, 60% da receita corrente líquida,
sendo 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do
Município, quando houver, e 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o
Executivo.
O ponto crucial da Lei de Responsabilidade Fiscal é a
limitação do endividamento público excessivo, verdadeira viga mestra da
gestão fiscal responsável.
Estes limites estão fixados na Resolução do Senado
Federal n. 43, de 21 de dezembro de 2001.
A regra fundamental é a que está prevista no art. 167,
inciso III, da Constituição, que veda “a realização de operações de créditos que
excedam o montante das despesas de capital”. Esta restrição vem reproduzida
no art. 12, parágrafo 2o, da LRF (“O montante previsto para as receitas de
operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital
constantes do projeto de lei orçamentária”). É a chamada “regra de ouro” da
gestão fiscal responsável. Isto porque a violação deste dispositivo indica
estarem sendo contraídos empréstimos destinados a financiar despesas
correntes, indício claro de descontrole das contas públicas.
Como já mencionado, a gestão fiscal responsável tem,
como um de seus pilares, a transparência fiscal, instrumento fundamental para
a manutenção da disciplina nos gastos públicos. O Princípio da Transparência
Fiscal é diretriz que assegura o acesso público à informação sobre as
atividades fiscais, que deve ser observada na gestão dos recursos públicos,
estando em consonância com as mais modernas técnicas da Administração
Pública. O "Código de Boas Práticas para a Transparência Fiscal", do Fundo
Monetário Internacional, estabelece, como um de seus princípios, que o público
deve ser plenamente informado sobre as atividades fiscais passadas,
presentes e programadas do governo. A LRF consagra este princípio
expressamente no art. 1o, par. 1o, e dedica todo o capítulo IX a este tópico (Da
Transparência, Controle e Fiscalização - arts. 48 a 59).
São instrumentos de transparência da gestão fiscal as leis
orçamentárias (plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei
orçamentária anual), as prestações de contas e respectivo parecer prévio, o
relatório resumido da execução orçamentária e o relatório de gestão fiscal.
A LRF, como já mencionado, vem cumprir determinação
do art. 163 da Constituição. O art. 163 exige lei complementar para dispor
sobre finanças públicas, dívida pública, concessão de garantias, emissão e
resgate de títulos da dívida pública, fiscalização de instituições financeiras,
câmbio e instituições oficiais de crédito.
A LRF veio regular estes assuntos, bem como estabelecer
algumas normas de gestão financeira e patrimonial, nos termos previstos pelo
inciso II do art. 165, § 9o, além de fixar os limites das despesas com pessoal,
como previsto no art. 169, ambos da Constituição.
A vedação que consta do art. 35 da LRF impede os entes
da federação de contraírem dívidas entre si. Visa a preservar a harmonia e o
equilíbrio na Federação, evitando que as dívidas recíprocas venham a provocar
predomínio de uns sobre outros.
A prestação anual de contas deve ser feita, conforme
previsto na Constituição, por todos os entes estatais, na forma estabelecida
pela respectiva Constituição Estadual ou Lei Orgânica Municipal, respeitadas
as diretrizes fixadas na Constituição Federal. Esta, por sua vez, não contém a
determinação do art. 51 da LRF, que, portanto, extrapolou os limites de seu
campo de atuação. O órgão responsável pela fiscalização e controle
orçamentário e financeiro de cada ente da Federação é o respectivo Poder
Legislativo, auxiliado pelo Tribunal de Contas, conforme organização própria de
cada unidade.
Antes da LRF, os limites para despesa de pessoal
estavam previstos na Lei Complementar no. 96 de 31 de maio de 1999,
denominada Lei Rita Camata II, aprovada pelo Congresso Nacional. Ocorre
que os Poderes Legislativo e Judiciário ficavam fora do alcance dessa lei.
Agora, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, isso mudou e os limites são
aplicados a todos os Poderes e às três esferas de governo.
Se o governante verificar que ultrapassou os limites para
despesa de pessoal, deverá tomar providências para se enquadrar, no prazo
de oito meses. Mas, se depois disso, continuarem a existir excessos, ele
sofrerá penalidades.
A partir da entrada em vigor da LRF, haverá uma regra de
transição, que permite que os excessos de despesa com pessoal sejam
eliminados nos dois exercícios seguintes, sendo - no mínimo, 50% do
excedente por ano.

DÍVIDA PÚBLICA

O Senado Federal estabelecerá limites para a dívida


pública, por proposta do Presidente da República. Tais limites serão definidos
também como percentuais das receitas da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
Isto significa que os governantes deverão respeitar a
relação entre a dívida e sua capacidade de pagamento. Ou seja, o governante
não poderá aumentar a dívida para o pagamento de despesas do dia-a-dia.
Lembrando sempre que: se o governante verificar que
ultrapassou os limites de endividamento, deverá tomar providências para se
enquadrar, dentro do prazo de doze meses, reduzindo o excesso em pelo
menos 25%, nos primeiros quatro meses. Mas, se depois disso, continuarem a
existir excessos, a administração pública ficará impedida de contratar novas
operações de crédito.

METAS FISCAIS

A LRF determina o estabelecimento de metas fiscais


trienais. Isso permite que o governante consiga planejar as receitas e as
despesas, podendo corrigir os problemas que possam surgir no meio do
caminho. É como conduzir um barco: quando tem um rumo é possível planejar
as manobras necessárias para se chegar até lá, mesmo que algumas sejam
difíceis e tenham que ser corrigidas ao longo do caminho.

Além disso, com as metas fiscais, fica mais fácil a


prestação de contas à sociedade, porque se sabe o que está sendo feito e
como está sendo feito para se atingir um objetivo - com isso a sociedade pode
manifestar suas opiniões e colaborar para melhorar a administração pública.

COMPENSAÇÕES

A Lei estabelece que nenhum governante poderá criar uma


nova despesa continuada - por prazo superior a dois anos - sem indicar sua
fonte de receita ou a redução de uma outra despesa. Essa é a lógica da
restrição orçamentária: se você quer comprar um carro a prestação, precisa ter
um dinheiro reservado para pagar as prestações todo mês, ou então, precisa
diminuir outros gastos. Isso funciona da mesma forma para o orçamento
público.
ANO DE ELEIÇÃO

A Lei de Responsabilidade Fiscal contém restrições


adicionais para controle das contas públicas em anos de eleição, com destaque
para o seguinte:

· fica impedida a contratação de operações de crédito por


antecipação de receita orçamentária (ARO);
· é proibido ao governante contrair despesa que não possa
ser paga no mesmo ano. A despesa só pode ser transferida para o ano
seguinte se houver disponibilidade de caixa; e é proibida qualquer ação que
provoque aumento da despesa de pessoal nos Poderes Legislativo e Executivo
nos 180 dias anteriores ao final da legislatura ou mandato dos chefes do Poder
Executivo.

Na medida em que os administradores de recursos


públicos respeitem a LRF, agindo com responsabilidade, o contribuinte deixa
de pagar a conta, seja por meio do aumento de impostos, redução nos
investimentos ou cortes nos programas que atendam à sociedade.

5 - Jurisprudências

AGRAVO DE INSTRUMENTO - LEILÃO - BENS PÚBLICOS ALIENADOS


PARA PAGAMENTO DE DÍVIDAS - PROIBIÇÃO - LEI DE
RESPONSABILIDADE FISCAL - DEFERIDA
LIMINAR EM ACTIO POPULARIS - ANÁLISE DOS REQUISITOS
ESSENCIAIS DA MEDIDA PELO JUIZ DE PRIMEIRO GRAU. "A Lei de
Responsabilidade Fiscal (LC n. 101/2000), em seu art. 44, veda a aplicação de
receita originada da alienação de bens públicos para se quitar despesas
correntes". (Agravo de Instrumento n. 01.000212-0, de Concórdia. Des.
Relator:
Volnei Carlin. Data da Decisão: 30/08/2001.
EXECUÇÃO FISCAL - CRÉDITO TRIBUTÁRIO MUNICIPAL INFERIOR A UM
SALÁRIO MÍNIMO - ARQUIVAMENTO ADMINISTRATIVO 0 INGERÊNCIA DO
PODER JUDICIÁRIO NÃO AUTORIZADA POR LEI. "O Poder Judiciário não
está autorizado a dizer quando é conveniente ou não ao Poder Público
Municipal cobrar dívida, especialmente porque a Lei de Responsabilidade
Fiscal (Lei Complementar n. 101/2000) estabeleceu sérias condições à
realização de medidas de renúncia de receita". (Apelação Cível n.
2006.007158-8, de Anita Garibaldi. Des. Relator: Volnei Carlin. Data da
Decisão: 29/06/2006.

MANDADO DE SEGURANÇA - SERVIDORES APOSENTADOS DA


ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA - LEI
ESTADUAL N. 13.669/05 QUE DEFINE ÍNDICES À FIXAÇÃO DA
REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES DA ALESC - INTEGRALIZAÇÃO
GRADUAL DOS REFERIDOS ÍNDICES PELO ATO DE MESA N. 258/06 -
POSSIBILIDADE - APLICABILIDADE DO ART. 40, XIX, ART. 48, VIII, DA
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL E DO ART. 32 DA RESOLUÇÃO N. 002/06 -
AFRONTA AOS ARTIGOS 40, §8º E 37, X DA LEX MOR NÃO
CONFIGURADA - SEGURANÇA DENEGADA. "A implantação de retribuição
financeira previstas nas tabelas de vencimentos dos cargos e funções de
confiança será feita gradualmente, por Ato de Mesa, em conformidade com as
disponibilidades financeiras e orçamentárias, preservando-se o equilíbrio entre
as receitas e as despesas e observado o limite do § único, do art. 22, da Lei
Complementar n. 101, de 04 de maio de 2000, para com a folha de pessoal, na
metodologia seguida pela Procuradoria de Finanças, Diretoria Financeira e
Controle Interno, mediante revisão anual, no mês de maio, observado o
Relatório de Gestão Fiscal". (Mandado de Segurança n. 2006.044444-4, da
Capital. Des. Relator: Orli de Ataíde Rodrigues. Data da Decisão: 28/03/2007.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA CAUTELAR. ARTS.


35 E 51 DA LEI COMPLEMENTAR N. 101/2000. OPERAÇÕES DE CRÉDITO
ENTRE ENTES FEDERADOS, POR MEIO DE FUNDOS. CONSOLIDAÇÃO
DAS CONTAS DA UNIÃO, DOS ESTADOS, DOS MUNICÍPIOS E DO
DISTRITO FEDERAL. ALEGADA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO FEDERATIVO.
"O art. 35 da Lei de Responsabilidade Fiscal, ao disciplinar as operações de
crédito efetuadas por fundos, está em consonância com o inciso II do §9º do
art. 165 da Constituição Federal, não atentando, assim, contra a federação. Já
a sanção imposta aos entes federados que não fornecerem dados para a
consolidação de que trata o art. 51 da LC 101/2000 igualmente não implica
ofensa ao princípio federativo, uma vez que as operações de crédito são
englobadas pela mencionada regra constitucional e que o texto impugnado faz
referência somente às transferências voluntárias. Medida Cautelar indeferida".
(Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade. Relator: Min. Ilmar
Galvão. Julgamento: 02/04/2003. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. Publicação
DJ 01/08/2003.

Ação Direta de Inconstitucionalidade. Medida Cautelar. Artigo 3º da Emenda


Constitucional nº. 37, do Estado do Espírito Santo. Nova redação conferida ao
art. 148 da Constituição Estadual, determinando que as disponibilidades de
caixa do Estado, bem como as dos órgãos ou entidades do Poder Público
Estadual e das empresas por ele controladas, sejam depositadas na instituição
financeira que vier a possuir a maioria do capital social do BANESTES.
Aparente ofensa ao disposto no art. 164, §3º da Constituição, segundo o qual
as disponibilidades financeiras de Estados, Distrito Federal e Municípios, bem
como as dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele
controladas, devem ser depositadas em instituições financeiras oficiais,
ressalvados os casos previstos em lei. Existência, na Lei Complementar
Federal n. 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), de previsão segundo a
qual as disponibilidades de caixa dos entes da Federação serão depositadas
conforme estabelece o §3º do art. 164 da Constituição (art. 43, caput). Medida
Cautelar deferida. (Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade.
Relatora: Min. Ellen Gracie. Julgamento: 24/04/2002. Órgão Julgador: Tribunal
Pleno. Publicação: DJ 25/10/2002.
6 – Conclusão

Este trabalho abordou de modo superficial os efeitos da LRF na


administração e na conduta de seus gestores.
Vimos que novos conceitos foram introduzidos em decorrência da LRF,
como podemos destacar o alcance de ação administrativa planejada, as
obrigações assumidas pelos Entes Federados, os limites de despesas, além de
vantagens como influência de um orçamento participativo, a cultura de uma
gestão transparente, o fenômeno da racionalização das despesas e
procedimentos adotados para fazer crescer a receita.
Por fim, mais que regular instrumento relativo à administração das
finanças do poder público, o “código” de boas condutas em finanças dita
princípios, em especial, os da responsabilidade e transparência fiscal.
São relevantes para o desenvolvimento da Nação todos os aspectos
regulados pela LRF. Ela vem impondo sérias mudanças no cenário nacional no
tocante à gestão de recursos públicos.
7- Bibliografias

DI PIETRO, Maria Sylvia Zapella. Direito Administrativo. 19.ed., São Paulo:


Atlas, 2006.

DELGADO, Jose Augusto. A Lei de Responsabilidade Fiscal e os Tribunais de


Contas. Revista Interesse Público, São Paulo, n.7, ex.1, p.11-43, 2000.

FURTADO, Luiz Roberto Fortes. Um novo conceito em análise de obras


públicas com relação à LRF. Palestra proferida na SEAERJ. Rio de Janeiro,
setembro de 2002.

RESTON, Jamil. O município para candidatos. 4 ed. Rio de Janeiro. IBAM,


2000.

NASCIMENTO, Carlos Valder do. Lei de Responsabilidade Fiscal – Teoria e


Prática. Rio de Janeiro. América Jurídica, 2002.

CARRASQUEIRA, Simone de Almeida. Investimentos das Empresas Estatais e


Endividamento Público. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.

Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade


Fiscal-LRF).

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