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ABR 1998 NBR 14063


Óleos e graxas - Processos de
tratamento em efluentes de mineração
ABNT-Associação
Brasileira de
Normas Técnicas

Sede:
Rio de Janeiro
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NORMATÉCNICA

Origem: Projeto 01:602.07-007:1997


CEET - Comissão de Estudo Especial Temporária de Meio Ambiente
CE-01:602.07 - Comissão de Estudo de Poluição das Águas na Mineração
NBR 14063 - Oil and grease - Processes of treatment in mining effluents
Descriptors: Oil and grease. Treatment of effluents. Mining environment
Copyright © 1998, Válida a partir de 01.06.1998
ABNT–Associação Brasileira
de Normas Técnicas
Printed in Brazil/ Palavras-chave: Óleo e graxas. Tratamento de efluentes. 10 páginas
Impresso no Brasil Mineração. Meio ambiente
Todos os direitos reservados

Sumário 1 Objetivo
Prefácio
1 Objetivo Esta Norma caracteriza processos de remoção de óleos
2 Definições e graxas, de origem mineral, visando fornecer subsídios
3 Requisitos à elaboração de projetos de tratamento de efluentes de
ANEXOS mineração, atendendo aos padrões legais vigentes
A Níveis de tratamento de óleos e graxas (máximo de 20 mg/L), às condições de saúde ocupacional
B Descrição dos níveis e técnicas do sistema de trata- e segurança, operacionalidade, economicidade, aban-
mento de oleos e graxas na mineração dono e minimização dos impactos ao meio ambiente.
C Seqüência de tratamento de óleos e graxas
D Tratamento dos resíduos sólidos impregnados de óleos 2 Definições
e graxas
E Bibliografia Para os efeitos desta Norma, aplicam-se as seguintes
definições.
Prefácio
2.1 afluente do sistema de tratamento: Fração líquida,
A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - é o sólida e gasosa que entra em um sistema.
Fórum Nacional de Normalização. As Normas Brasileiras,
cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Bra- 2.2 dispersões mecânicas: Distribuições de pequenas
sileiros (CB) e dos Organismos de Normalização Setorial gotículas de óleo, cujo diâmetro pode variar desde micras
(ONS), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE), até frações do milímetro, e que apresentam estabilidade
formadas por representantes dos setores envolvidos, devido a forças de interações elétricas e forças outras
delas fazendo parte: produtores, consumidores e neutros que as devidas à presença de materiais que modificam a
(universidades, laboratórios e outros). tensão superficial.

2.3 efluente do sistema de tratamento: Fração líquida,


Os Projetos de Norma Brasileira, elaborados no âmbito sólida e gasosa emergente do sistema.
dos CB e ONS, circulam para Votação Nacional entre os
associados da ABNT e demais interessados. 2.4 emulsão: Mistura líquida heterogênea de duas ou
mais fases, normalmente não miscíveis entre si, mas
Os anexos A, B, C, D e E desta Norma são de caráter in- mantidas em suspensão uma na outra, por forte agitação
formativo. ou por emulsionantes que modificam a tensão superficial.
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2.5 emulsões estabilizadas quimicamente: Distribui- 3.2 Condições específicas


ções de gotículas de óleo, semelhantemente às disper-
sões mecânicas, mas que apresentam uma estabilidade Esta seção trata das recomendações e condicionantes
adicional devido às interações químicas, tipicamente específicos de caráter orientativo, visando atender aos
causadas por agentes que modificam a tensão superficial, objetivos desta Norma.
presentes na interface óleo/água.
Na elaboração e implantação do projeto de remoção de
2.6 flotação: Arraste da matéria em suspensão no meio óleos e graxas, devem ser atendidos os padrões esta-
líquido até a superfície do mesmo. belecidos na legislação ambiental para lançamento de
efluentes e de qualidade de água. Devem ser observados
2.7 óleos e graxas: Grupos de substâncias, de origem os seguintes condicionantes:
mineral, que incluem gorduras, graxas, ácidos, graxas li-
vres, óleos minerais e outros materiais graxos, deter- a) controle dos produtos químicos empregados na
minados em ensaios padronizados. lavagem e limpeza de equipamentos e máquinas
contaminados com óleos e graxas, tais como os
2.8 óleo dissolvido: Gotículas de óleo verdadeiramente
detergentes, desingraxantes e surfatantes biodegra-
dissolvidas na água do ponto de vista químico, mais as
dáveis. Deve-se exigir do fornecedor um certifica-
gotículas dispersas de óleo (geralmente menores que
do de qualidade comprovado do produto, incluin-
5 µ), de tal modo que a remoção pelos processos físicos
do a listagem dos componentes químicos dos
normais (tais como filtração, coalescência, repouso gra-
mesmos e parâmetros técnicos necessários para
vimétrico) é impossível.
armazenamento e descarte final, que devem ser
2.9 óleo livre: Óleo com tamanho de gotículas na faixa compatíveis com os critérios de não agressividade à
de 10 µ a 2 000 µ, que ascende rapidamente à superfície saúde humana e meio ambiente;
da água, passado um pequeno tempo de repouso.
b) uso de um pré-sedimentador como parte do sis-
2.10 óleo emulsionado: Mistura de óleo e água, com ta- tema de tratamento para a redução dos sólidos
manho de gotículas menor ou igual a 10 µ, cuja separação sedimentáveis;
não se faz facilmente e é ajudada por processos químicos
e filtros de coalescência. c) desvio de águas pluviais para fora do sistema de
tratamento de óleos e graxas;
2.11 sedimentação: Processo de deposição, por gra-
vidade, dos sólidos suspensos nas águas residuárias. É d) o sistema de tratamento de óleos e graxas deve
obtido, normalmente, pela redução da velocidade do ser, preferencialmente, coberto;
líquido, abaixo do ponto a partir do qual pode transportar
o material suspenso. e) é importante que o esgotamento do afluente não
sofra movimento brusco e que seja garantido
2.12 separação de óleos e graxas: Retirada de óleos e movimento laminar;
graxas da superfície das águas residuárias por processos
físicos e químicos. f) o movimento turbulento deve ser evitado, tais como
os causados por bombas e desníveis;
2.13 separador API: Tanque separador de óleo mineral,
tipo “American Petroleum Institute”, projetado de tal forma
g) o sistema de tratamento deve ser monitorado;
que o material flutuante (de baixa densidade) ascenda e
permaneça na superfície para ser removido.
h) recomenda-se a implantação da pré-lavagem com
2.14 sistema de tratamento: Conjunto de estruturas, tratamento primário do efluente, em separado das
dispositivos, instalações, equipamentos e aparelhos di- demais unidades geradoras de óleos e graxas, tais
versos, de maior ou menor complexidade, para tratamento como as oficinas e postos de abastecimento;
de águas contendo óleos e graxas.
i) o óleo usado contém compostos contendo metais
2.15 virtualmente ausente: Geralmente se refere a limite solúveis e insolúveis e para se atender a padrões
de concentração de óleos e graxas menor que 1 mg/L. ambientais internacionais vigentes, tais como RCRA
Entretanto, cabe ao órgão competente, quando ne- (Resource Conservation and Recovery Act) do EPA
cessário, quantificá-los para cada caso. (Environmental Protection Agency), recomenda-se
a desmetalização do mesmo, antes de reciclá-lo.
3 Requisitos
3.3 Dificuldades metodológicas
3.1 Condições gerais
A principal dificuldade em estabelecer orientações para
Óleos e graxas lançados no meio ambiente podem projetos de norma em óleos e graxas reside na com-
apresentar odor questionável e aparência indesejável, o plexidade química e interações mecânicas da água e
perigo em potencial de se queimar na superfície dos eflu- substâncias contendo óleos e graxas. As cinco categorias
entes e com isto causar acidentes, além de consumir o abaixo descrevem os diferentes modos nos quais óleos
oxigênio necessário a muitas formas de vida na água, e graxas podem existir na água: óleo livre, dispersões
caso o efluente seja lançado em cursos d’água. Óleos e mecânicas, emulsões estabilizadas quimicamente, óleo
graxas, normalmente, contêm compostos metálicos solú- dissolvido e o óleo que adere à superfície de partículas
veis e insolúveis. Esta Norma não trata das respectivas sólidas e que é referido nesta Norma como “material sólido
extrações destes compostos. encharcado de óleo”.
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O grau de dificuldade de um problema de separação óleo/ Existe um nível terciário de tratamento, que consiste na
água é, então, uma função da distribuição granulométrica remoção de frações de óleo finamente dispersas e solú-
do óleo (distinguindo-se óleo livre de dispersões de óleo), veis. O tratamento terciário inclui a ultrafiltração e o trata-
da presença de agentes surfatantes, de óleos dissolvidos mento biológico.
e sólidos encharcados de óleo. A maior parte dos pro-
blemas envolve mais a parte química diferenciada do
A tabela A.1 do anexo A apresenta os níveis de tratamento
óleo, e eles têm uma gama de diferentes efeitos no trata-
mento necessário. mais utilizados na prática corrente, as técnicas envolvidas
por nível de tratamento, bem como uma descrição sucinta
3.4 Sistemas de tratamento de efluentes contendo da faixa de aplicabilidade das respectivas técnicas por
óleos e graxas nível de tratamento.
Os sistemas de tratamento de efluentes contendo óleos e
graxas podem envolver vários níveis de tratamento. No O anexo B apresenta uma descrição pormenorizada dos
nível primário, um tratamento inicial é usado para separar níveis e técnicas comumente usados no sistema de trata-
o óleo livre do óleo disperso, emulsificado e frações solú- mento dos óleos e graxas na mineração. O anexo C
veis. É também usado para remover os sólidos enchar- apresenta sugestão de seqüência de tratamento de óleos
cados de óleos/graxas. e graxas na mineração, objetivando-se a obtenção de
um efluente final com concentração de óleos e graxas
Os processos comuns de separação utilizam as técnicas
menores que 20 mg/L.
de sedimentação, flotação e técnicas relacionadas com
a centrifugação.
O anexo D apresenta técnicas de tratamento dos resíduos
No nível secundário de tratamento são usadas técnicas sólidos impregnados de óleos e graxas.
que visam a quebra das emulsões óleo/água e também
para remover o óleo disperso. As técnicas mais comuns
empregadas no nível secundário consistem no tratamento O anexo E apresenta a bibliografia sugerida a ser con-
químico e na coalescência. sultada ao longo do emprego desta Norma.

/ANEXO A
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Anexo A (informativo)
Níveis de tratamento de óleos e graxas

A.1 A tabela A.1 apresenta uma síntese dos diferentes


tipos de tratamento, técnicas e descrição dos sistemas
de tratamento de óleos e graxas na mineração.

Tabela A.1 - Níveis de tratamento, técnicas e descrição dos sistemas de tratamento de óleos/graxas
na mineração

Níveis de Técnicas Concentração


Tratamento esperada Descrição
(mg/L)

Primário Sedimentação 20-100 Separa óleo livre do óleo ·


Flotação 1-20 disperso e/ou emulsionado
Centrifugação 50-70

Secundário Métodos químicos 1-50 Quebra as emulsões e remove


Coalescência 1-30 o óleo disperso

Terciário Ultrafiltração 1-20 Remove frações finamente


Tratamento 1-20 dispersas e o óleo solúvel
biológico

/ANEXO B
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Anexo B (informativo)
Descrição dos níveis e técnicas do sistema de tratamento de óleos e graxas na mineração

B.1 Tratamento primário (separação por gravidade) B.1.2 Critérios dos separadores API

B.1.1 Separadores do tipo API De modo geral, os critérios de projeto do separador API
devem ser condicionados à:
Separadores por gravidade baseados no princípio de
sedimentação formam o tratamento mais utilizado. Baseia- a) velocidade horizontal através do separador deve
se no princípio da diferença de gravidade específica entre ser maior que 15 vezes a velocidade de ascensão
a água e as gotículas imiscíveis de óleo e este princípio é do glóbulo de óleo crítico, com limite superior de
usado para conduzir o óleo livre para a superfície da 1 m/min;
água, onde então é removido. O separador API (American
Petroleum Institute) foi especificado segundo critérios b) profundidade de fluxo no separador deve estar
baseados na remoção de glóbulos de óleo maiores que dentro dos limites de 1 m a 2,5 m. A largura do separa-
150 µ (0,015 cm) em diâmetro. Parte do óleo (apenas a dor deve estar compreendida entre 2 m e 6 m;
fração correspondente ao óleo livre) se acumula na su-
perfície da lâmina líquida por possuir gravidade específica c) razão profundidade-largura deve estar dentro da
menor que a da água, mas o óleo emulsionado e pe- faixa de 0,3 e 0,5.
quenas partículas de óleo com diâmetro inferior a 150 µ
não são separados. Os sólidos encharcados com o óleo Os separadores CPI (corrogated plate interceptor) e PPI
devem sedimentar no fundo do separador. (parallel plate interceptor) também se baseiam no princí-
pio da sedimentação.
A ascensão destes glóbulos se faz segundo a Lei de
Stokes: Controle cuidadoso de fluxo para estes separadores pode
permitir a separação de gotículas de óleo mais finas do
que aquelas do óleo livre. Literatura disponível no assunto
g D2
ν = (ρ - ρ )
18 µ w o
reporta que separadores de gravidade são eficientes na
remoção de óleos/graxas em efluentes, com uma média
do efluente final de 20 mg/L a 100 mg/L.
onde:
B.1.3 Equipamentos de flotação de ar
ν é a velocidade de ascensão;
Os equipamentos de flotação de ar utilizam o conceito de
separação por gravidade, mas tendem a ser mais efi-
g é a aceleração da gravidade; cientes que os equipamentos que usam o princípio da
sedimentação (separadores do tipo API) na remoção de
D é o diâmetro do glóbulo de óleo; óleo disperso, uma vez que a capacidade de flutuação é
aumentada pela anexação de pequenas bolhas de ar à
ρw é a massa específica da água; lenta ascensão dos glóbulos de óleo. Agentes coagu-
lantes são comumente usados para promover a aglo-
meração de matéria contendo óleo em flocos maiores,
ρo é a massa específica do óleo; que possam ser removidos facilmente. Em suma, os equi-
pamentos de flotação são precedidos de técnicas de
separação por gravidade já descritas acima e que
µ é a viscosidade do fluido.
removem a maior parte do óleo livre e as partículas sólidas
encharcadas de óleo, que sedimentaram no fundo do se-
A eficiência de um separador de gravidade depende parador. Isto reduz despesas com o volume de ar
fortemente de um projeto hidráulico eficiente e do tempo necessário e também com floculantes químicos usados
de residência para uma dada velocidade de ascensão e para promover a aglomeração de matéria contendo óleo,
da geometria do sistema. Longos tempos de residência em flocos maiores. No método, comercialmente mais
aumentam a eficiência do sistema de tratamento. Este usado, de se produzir bolhas, o ar é dissolvido no tanque
efeito é mostrado na figura B.1. separador à pressão de 2-4 atmosferas.

A remoção total de óleo dos afluentes jamais pode ser Dentro do tanque separador há um escape de pressão,
obtida apenas por meio de separadores de gravidade. resultando na formação de uma grande quantidade de
As partículas menores de óleo permanecem na água e bolhas de ar, que vão arrastar as partículas de óleo e ma-
os resíduos sólidos muito finos contaminados de óleo téria em suspensão para a superfície, de onde são retira-
devem ter densidade próxima à da água e devem passar das. Empregado junto com a floculação química, acelera
pelos separadores. o tratamento e melhora a aparência dos efluentes.

É importante que o esgotamento do afluente tenha fluxo O equipamento de flotação de ar é efetivo, segundo dados
laminar, evitando-se o movimento turbulento e a presença que a literatura disponível reporta, na produção de um
de agentes emulsificantes. efluente com 1 mg/L - 20 mg/L de óleo.
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B.1.4 Separadores centrifugadores equipamentos. Outros meios coalescentes incorporam o


uso de tecidos firmes, de folhas de fibras de vidro firme-
Os separadores centrifugadores também usam da mente colocadas, placas de amianto (colocadas hori-
vantagem da diferença de gravidade específica entre óleo zontal ou verticalmente), turfa e geotêxtil. Desde que os
e água. Nesta técnica, a fase aquosa mais densa é mo- meios coalescentes tendem a se colmatar com os mate-
vida para a região mais externa do fluido em rotação. Os riais particulados, materiais mais baratos do tipo papéis
materiais oleosos mais leves, próximos ao vortex, são em forma de pregas são usados como meio coalescente
subseqüentemente removidos. Se se deseja remover ou filtrante. Mais recentemente, espumas reticuladas de
emulsões, a geometria do sistema de tratamento requer poliuretano têm sido usadas como meio coaslescente.
mecanismos de coleta, a serem projetados, para remover Estas espumas são sorventes naturais, leves em peso e
uma pequena coluna de óleo na linha central. Para se relativamente baratas, e podem ser moldadas de maneira
tirar maior partido das forças centrífugas, o benefício má- a controlar efetiva e rapidamente o tamanho do poro.
ximo deste equipamento se localiza nas regiões mais ex- Alguns separadores incorporam dispositivos de retro-
ternas. Por esta razão, este equipamento tem uso limitado lavagem, possibilitando assim a remoção dos sólidos,
na remoção de emulsões de óleo em água. Entretanto, é que colmataram e qualquer outro agente surfactante ade-
bastante usado no tratamento de emulsões de água em rente ao meio coalescente. Para isto são prescritos vapor,
óleo. água quente e/ou solventes.

Os centrifugadores são bastante efetivos na remoção de A geometria e a orientação dos elementos coalescentes
sólidos encharcados de óleo. A qualidade do efluente variam de um projeto para outro.
tem sido reportada na média de 50 mg/L até 70 mg/L de
óleos e graxas. B.3 Tratamento terciário

B.2 Tratamento secundário (desemulsificação) B.3.1 Biotecnologia

B.2.1 Processos químicos O tratamento de óleos dissolvidos e emulsões estabili-


zadas, que não podem ser desestabilizadas por aditivos
Uma grande variedade de diferentes processos é usada químicos, apresentam um problema sério.
para quebrar as emulsões água-óleo. Estes processos
incluem métodos físicos, químicos e elétricos. Os métodos O tratamento biológico com micróbios é geralmente
químicos são, de longe, os mais usados. Os processos bastante efetivo na degradação deste material. Entretanto,
químicos de desemulsificação incluem, entre outros, o os sistemas só são efetivos se um pré-tratamento e uma
uso de processos de acidificação e coagulação. O alta taxa de diluição forem empregados.
processo de acidificação é mais efetivo que o de coa-
gulação, entretanto é muito mais caro e o efluente final Altas taxas de óleo são problemáticas do ponto de vista
deve ser neutralizado após a separação. A coagulação do emprego da biotecnologia, pois os microorganismos
feita com sais de alumínio e ou ferro é geralmente mais absorvem óleo em uma taxa maior que o metabolizam.
efetiva. Os coagulantes reagem como mostrado abaixo:
Efluentes tratados biologicamente contêm menos de
Fe2 (SO4)3 + 6 H2O ⇒ 2Fe(OH)3 + 3 H2SO4 (1) 10 mg/L de óleos e graxas.

Al2 (SO4)3 + 6 H2O ⇒ 2Al(OH)3 + 3 H2SO4 (2) B.3.2 Ultrafiltração

Dependendo do tipo de óleo, contéudo de substâncias É baseada na separação por ação de uma membrana de
surfactantes, etc., a qualidade do efluente final apresenta polímero (funciona como peneira) controlando o fluxo de
cerca de 1 mg/L - 50 mg/L de óleo. moléculas maiores que os poros da membrana. Aplica-
se pressão para aumentar o fluxo do líquido através da
B.2.2 Meios coalescentes membrana. As membranas tendem à colmatação devido
a presença de partículas suspensas e o fluxo tende, com
O uso de meios coalescentes varia dependendo do isto, a diminuir.
material usado e do tamanho efetivo do poro. Exemplos
de meios coalescentes são materiais fibrosos tais como A colmatação pode ser eliminada por retrolavagem ou
náilon ou propileno, os quais são dispostos de tal maneira por lavagem com detergentes. Este tratamento pode ser
a formar cartucho rígido. A firmeza do envelopamento e o utilizado para produzir um efluente essencialmente livre
diâmetro da fibra controla a porosidade efetiva destes de óleos/graxas.
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10
(%)

20 Temperatura média
de de
30o30°
óleo(%)

Temperatura média
Conteúdo inicial de óleo de 4545
Conteúdo inicial de óleo de ± ±4mg/l
4 mg/L
deÓleo

30
Remoçãode

40
Remoção

50

60

70

80
0 40 80 120 160 200

Tempo
Tem pode r
de residência
Residência

Figura B.1 - Efeito do tempo de residência na remoção do óleo nos separadores gravitacionais (Cheremisinoff,
Trattner and Tabakin, 1989)

/ANEXO C
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Anexo C (informativo)
Seqüência de tratamento de óleos e graxas

OFICINAS POSTOS DE
- Lubrificantes ............................................................................... ABASTECIMENTO

................................................................................
- Detergentes
- Água de - Combustível
lavagem - Água de Chuva
- Óleos e graxas (mínimo)
(equipamentos)
- Água de chuva
(mínimo)

PRÉ-LAVAGEM DE ....................................................................................... PRÉ-LAVAGEM DE


EQUIPAMENTOS EQUIPAMENTOS

t t
TRATAMENTO PRIMÁRIO ............................................................ TRATAMENTO PRIMÁRIO

t t t
t
Sólidos Água + óleo
Sólidos + óleo
Óleo livre encharcados Sólidos em suspensão
de óleo
....................................................................................................................
...............................................................

t t

TRATAMENTO SECUNDÁRIO

t t t
t
Sólidos Sólidos + óleo Água + óleo
encharcados Sólidos em suspensão
Óleo livre
de óleo
...................................

t t

conc. > 20 mg/L ?

TRATAMENTO TERCIÁRIO

(i) Reuso em (i) Biorremediação


indústrias (ii) Solidificação
cerâmicas (iii) Incineração
(ii) Refino
(iii) "Venda"

/ANEXO D
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Anexo D (informativo)
Tratamento dos resíduos sólidos impregnados de óleos e graxas
D.1 Os resíduos sólidos de granulometria mais aberta bono e água. Óleos e graxas são degradados pelos micro-
(arenosa) contaminados com óleos e graxas podem ser organismos através de três maneiras de metabolismo:
usados em misturas asfálticas quentes. Esta é uma respiração aeróbica, respiração anaeróbica e fermentação.
técnica universalmente aceita. Entretanto, argilas
De modo geral, os elementos químicos necessários para
contaminadas com óleos e graxas não podem ser usa-
uma biorremediação de sucesso incluem oxigênio, água,
das na confecção de asfaltos, devido ao fato de não pro-
nutrientes, temperatura moderada e pH controlado; o fator
duzirem concreto asfáltico de boa qualidade, e podem
primário que limita o crescimento microbiológico no solo é
até danificar o compartimento do equipamento de a falta ou escassez de uma fonte de energia apropriada e
produção asfáltica, que coleta finos ou partículas finas. disponível. Devem existir no mínimo 11 macro e micro-
Outra técnica de disposição é a colocação em aterros nutrientes em formas e quantidades apropriadas para o
industriais. crescimento microbiológico. Estes incluem: nitrogênio,
Os resíduos sólidos de granulometria mais fina (argi- potássio, sódio, enxofre, cálcio, magnésio, ferro, manganês,
losa) contaminados com óleos e graxas podem ser zinco e cobre. O pH apropriado é entre 6 e 8. Para a maioria
depositados em aterros e submetidos a tratamento das espécies, o pH ideal é ligeiramente maior que 7. A
biológico. Podem também ser colocados em aterros temperatura de 50oC representa um limite superior razoável
industriais, incinerados ou aproveitados na industria para a atividade microbiológica.
cerâmica. A seguir é descrito o tratamento biológico dos
D.2 A tabela D.1 apresenta os gêneros mais usados de
resíduos sólidos impregnados de óleos e graxas.
bactérias e fungos que degradam os hidrocarbonetos. É
Hidrocarbonetos são degradados diretamente pela afortunado que microorganismos de solo possuem a
bactéria ou indiretamente através de co-metabolismo. habilidade de transformar uma ampla gama de produtos
O co-metabolismo ocorre através de enzimas produ- químicos orgânicos derivados do petróleo contendo uma
zidas pela bactérias. O produto final é o dióxido de car- vasta gama de aditivos.
Tabela D.1 - Gêneros de bactérias e fungos isolados do solo, mais usados, com habilidade de degradar
hidrocarbonetos (Bossert and Bartha, 1984)

Bactéria Fungos

Achromobacter Acremonium
Acinetobacter Aspergillus
Alcaligenes Aureobasidium
Arthrobacter Beauveria
Bacillus Botrytis
Brevibacterium Candida
Chromobacterium Chrysosporium
Corynebacterium Cladosporium
Cytophaga Cochliobolus
Erwinia Cylindrocarpon
Flavobacterium Debaryomyces
Micrococcus Fusarium
Mycobacterium Geotrichum
Nocardia Gliocladium
Proteus Graphium
Pseudomonas Humicola
Sarcina Monilia
Serratia Mortierella
Spirillum Paecilomyces
Streptomyces Penicillium
Vibrio Phoma
Xanthomonas Rhodotorula
Saccharomyces
Scolecobasidium
Sporobolomyces
Sprotrichum
Spicaria
Tolypocladium
Torulopsis
Trichoderma
Verticillium

/ANEXO E
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Anexo E (informativo)
Bibliografia

Constituições: Federal, Estaduais e Leis Orgânicas Muni- Paul N. Cheremisinoff, p. 355-366. Gulf Publishing
cipais Company, Houston, 1989
Código de Mineração, Regulamento e Normas Regu- Bossert, I. and Bartha R., The Fate of Petroleum in Soil
lamentares de Mineração Ecosystems. In: Petroleum Microbiology, Atlas R. M. ( ed.),
Código das Águas Macmillan, NY

Resoluções e Portarias da Legislação Ambiental e de NBR 9896:1993 - Glossário de poluição das águas -
Recursos Hídricos, nos níveis Federal, Estadual e Terminologia
Municipal
NBR 10004:1987 - Resíduos sólidos - Classificação
Resoluções 001/86, 20/86 e 09/93 do CONAMA - Con-
selho Nacional do Meio Ambiente NBR 12649:1992 - Caracterização de cargas poluidoras
na mineração - Procedimento
Deliberação normativa COPAM nº 010/86
Resolução 09/93 do CONAMA - Conselho Nacional do NBR 13402:1995 - Caracterização de cargas poluidoras
Meio Ambiente em efluentes líquidos industriais e domésticos - Proce-
dimento
Legislação referente a saúde, segurança e saúde ocupa-
cional NBR 9897:1987 - Planejamento de amostragem de
efluentes líquidos e corpos receptores - Procedimento
Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater. Prepared and published by: American NBR 9898:1987 - Preservação e técnicas de amostra-
Public Health Association. American Water Works gem em efluentes líquidos e corpos receptores - Proce-
Association and Water Environment Federation. 1995. NY dimento

Cheremisinoff, P. N, Trattner R. B. and Tabakin, R. B. Oil/ NBR 13348:1995 - Banho residual e efluente líquido -
Water Separation Treatment technology. In Encyclopedia Determinação do teor de óleos e graxas - Método de
of Environmental Control Technology. Vol. 3. Edited by ensaio

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