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Ano VIII - N.º 74 | Janeiro/Fevereiro 2011 | DIRECTORA: Dina Trigo de Mira | Maputo - Moçambique
PÁGINAS CENTRAIS
entrevista homenagem
CLÁUDIA HUTTON Lições
do Mestre
Educação Musical Malangatana
favorece aos alunos
aprendizagens da EPM-CELP
p. 12 e 13 separata
2 | PL | Jan/Fev 2011
EPM-CELP
RECONHECIMENTO
VISITAS
FORMAÇÃO
COOPERAÇÃO
PREVENÇÃO
PROJECTOS
BIBLIOTECA DE RUA
EXPERIÊNCIA
VISITAS DE ESTUDO
SOLIDARIEDADE
ARTE
HIPISMO
ACTIVIDADES
EXPOSIÇÃO XADREZ
Pré-Escolar
envolveu-se em
projecto de
iniciação ao jogo
INICIATIVAS
MÚSICA
LEITURA
ZZT
(100 NOME)
Pintura
Desenho
Escultura
Música
Teatro
Dança
e imaginação
sem fim...
12 | PL | Jan/Fev 2011
ENTREVISTA
Educação Musical
desenvolve
competências
transversais
Cláudia Hutton Costa, professora de Educação Musical na EPM-CELP há vários anos, aponta os contributos da
música para as aprendizagens escolares, ao desenvolver competências transversais que conferem novas dinâ-
micas ao conhecimento, associando, por exemplo, a linguagem das notas musicais ao diálogo intercultural.
A actividade na sala de aula depende muito Como pode a música contribuir para a
da abordagem adoptada pelos professo- aprendizagem geral dos alunos?
Que lugar ocupa a música no Projecto res para motivar os alunos. De uma manei- A música é uma ferramenta facilitadora do
Educativo da EPM-CELP? ra geral, as aulas de Educação Musical processo de ensino-aprendizagem, por-
Na EPM-CELP a música ocupa um lugar registam muita adesão e sucesso dos alu- que integra competências gerais e trans-
de excelência. Trata-se de uma área cur- nos, despertando o interesse por activida- versais que os alunos devem adquirir,
ricular muito acarinhada pela Escola em des que, normalmente, se prolongam para designadamente a consciência rítmica e
termos, sobretudo, de equipamentos e além da sala. Desta forma, promove-se a auditiva, a socialização e o desenvolvi-
condições de trabalho proporcionados aos autonomia dos alunos através da partici- mento do raciocínio, entre outros. O estu-
professores e alunos para o desenvolvi- pação em actividades musicais indepen- do da música confere um conjunto de habi-
mento das actividades. Também é uma dentes, nas quais se desenvolve a criativi- lidades que se integram, transversalmen-
área importante para a Escola porque dade e o gosto pela música. Tudo isto te, nas outras disciplinas. É, por isso, uma
intervém activamente nos momentos de implica muito trabalho de equipa e inte- disciplina de carácter interdisciplinar, que
realização das actividades previstas no racção entre os alunos. Por outro lado, a promove a literacia dos cidadãos. Quando
Plano Anual de Actividades da EPM-CELP, componente teórica dos conteúdos a lec- se trabalha o ritmo, por exemplo, aplica-
como efemérides, visitas de personalida- cionar, domínio que não deve ser negli- se o raciocínio matemático, desde a divi-
des institucionais ou figuras públicas, fes- genciado, não beneficia da mesma recep- são do compasso ao reconhecimento da
tas e convívios. A comunidade educativa tividade da vertente prática de contacto pulsação. Promove-se, assim a autodisci-
revela-se sensível e receptiva à música, directo com os instrumentos musicais. plina através da prática do instrumento ou
que, assim, se torna um “condimento” e Idealmente, a parte teórica deve juntar-se da interpretação musical, contribuindo
pano de fundo indispensáveis nos progra- à prática para se obter os melhores resul- para a autonomia de estudo e o desenvol-
mas das actividades quase diárias da tados. Actualmente, a leitura da música vimento do sentido estético. Ademais, a
nossa Escola. está integrada em jogos dinâmicos de música é um escape para alunos com difi-
interpretação musical de obras seleccio- culdades de aprendizagens, que, através
Como avalias a aceitação do estudo da nadas, que contribuem para o seu reco- dela, revelam, não poucas vezes, o seu
música pelos alunos? nhecimento e compreensão. potencial de expressão artística. Muitos
Jan/Fev 2011 | PL | 13
ENTREVISTA
RECURSOS EDUCATIVOS
TIC
ARTE
EXPOSIÇÃO
MOMENTOS EPM-CELP
Foto Filipe Mabjaia
Pisar palavras
Soltá-las
Elevá-las
Dançá-las
Esquecê-las
Trazê-las ,
De novo,
Ao chão
texto
SANDRA MENDO
16 | PL | Jan/Fev 2011
AVALIAÇÃO
DESPORTO
NATAÇÃO CICLISMO
TEXTO
p a l av r a empurra p a l av r a
EDIÇÃO Teresa Noronha ...porque há sempre lugar para mais uma palavra!
leitura implica, indubi- tes, numa musicalidade que mestria vicentina. Um rei atarantado promete
A tavelmente,
entrega pessoal. Ler é,
uma permite, a cada criança, des-
cobrir o mistério que está
uma filha, que não tem, a um dragão furioso
através de um decreto que dava a mão da prin-
antes de mais, estar com… detrás dos rabiscos que cesa a quem o matasse. Ora, perante tal pro-
É comum ouvir dizer- povoam o seu mundo. messa (impossível de cumprir), tudo pode
se entre os mais jovens (ou, A aventura da leitura, do acontecer! Lido em família, em voz alta, num
às vezes, entre os mais gosto pela leitura, advém da cenário confortável, garante momentos ine-
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velhos): não consigo ler, ler relação que estabelecemos, quívocos de boa disposição. A semelhança com
é aborrecido, ler dá-me em pequenos, com os livros. a realidade, ainda que em tom metafórico, pode
sono… Enfim, são muitos Seja uma relação de distân- ser assustadora. Um olhar fugaz à contracapa
os argumentos dos que cia pelo desejo de alcançar o informa “O Reino das Cem Janelas vai conhe-
ainda não se encontraram livro, a história ouvida, uma cer dias agitados, povoados por ministros con-
com o prazer da palavra e outra vez num acaso feliz, selheiros que não sabem muito bem o que ali
lida e descoberta no uni- seja uma relação de proximi- estão a fazer, de conselheiros diplomados em
verso da criação literária. dade pelo prazer de sentir o escrever decretos que não servem para nada.”
Muito se tem dito sobre as vantagens da leitu- livro ao colo da mãe ou do pai, a ligação à lei- No reino das primeiras leituras há mode-
ra. Da enormíssima lista que se poderia aqui tura vai-se construindo. Neste caminho, pais e los clássicos: fadas deslumbrantes e boazinhas
deixar há, pelo menos, dois aspectos a reter: professores desempenham os papéis princi- e bruxas feiíssimas e más, príncipes corajosos,
ler é um acto de liberdade, ler é viajar sem pais. raposas espertas e desinibidas e lobos cruéis
sair do lugar. Impõe-se, porém, uma questão: o que ler? de apetite voraz.
Quando pegamos num livro, aceitamos o Inúmeras respostas são possíveis. Há, contu- A Ovelhinha que veio para o Jantar,
desafio de entrar numa outra dimensão, isto é, do, um princípio orientador (centremo-nos de Steve Smallman, com ilustrações de Joel-
no universo criado por um autor cujo talento nas primeiras leituras). Uma história que encan- le Dreidemy, é um petisco, um gourmet da lite-
e trabalho lhe permitiram reinventar mundos te crianças tem de seduzir o adulto. As gran- ratura infantil. Nesta história também impera
a partir do seu olhar e do seu viver. des narrativas infanto-juvenis não têm idade. o cómico de situação pelo encontro entre um
A leitura é um passaporte para a evasão, Algumas caem-me nas mãos como que por lobo e uma ovelhinha, à hora do jantar. Se, ini-
para o mundo onírico onde reconstruímos magia. Graças e desgraças da corte de El-Rei cialmente, o lobo antevia um banquete, logo
uma história que se projecta numa tela, uma Tadinho, Monarca Iluminado do Reino das mudou de
história da qual, em primeira e última instân- Cem Janelas, de Alice Vieira, é um livro a opinião ao
cias, somos os próprios realizadores. pegar: destino ser con-
A liberdade que temos ao visualizar e sen- certo será a rua da quistado
tir aquilo que lemos é, talvez, a magia maior da fantasia e a aveni- pela ter-
leitura. Ler implica, igualmente, um espírito de da do sonho, nura da
aventura acima da média. Os livros são como ladeadas por deliciosa e
as pessoas: têm aura. Há os que nos fascinam, doses de humor t e n r a
os que gostamos, os que nos são indiferentes que nos fazem presa.
e até os que nos irritam. A nossa disposição balançar entre o Absoluta-
para ler está, necessariamente, associada à tempo ido dos reis m e n t e
nossa curiosidade e capacidade de ver além e os nossos tem- recomendável para todas as idades.
do imediato. Tudo isto pode nascer connosco, pos. Numa escrita A experiência de ler para os mais novos é
mas será, certamente, em dose diminuta ou, límpida, descom- uma lufada de ar fresco para nós próprios.
então, seremos seres de excepção. O homem, prometida, esta Trata-se de uma experiência essencial para o
diz-se, é um animal de hábitos. Tudo se apren- autora dá-nos a alicerçar do gosto pela leitura que, sem dúvi-
de. Aprende-se a ler e aprende-se a gostar de conhecer as peripécias de um rei pouco da, se constrói!
ler. Juntam-se vogais e consoantes, consoantes comum, num jorrar de um cómico de situação ESTELA PINHEIRO
e vogais, vogais e vogais, ditongos e consoan- que, de algum modo, nos transporta para a Professora de Língua Portuguesa
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Jan/Fev 2011 | PL | 19
“PSICOLOGANDO”
REFLEXÃO
GALA JOVEM
Elegância
e charme
“Nem me falta na vida honesto estudo/Com longa experiência misturado” - Luís de Camões