You are on page 1of 20

ESCOLA PORTUGUESA DE MOÇAMBIQUE - CENTRO DE ENSINO E LÍNGUA PORTUGUESA

Ano VIII - N.º 74 | Janeiro/Fevereiro 2011 | DIRECTORA: Dina Trigo de Mira | Maputo - Moçambique

PÁGINAS CENTRAIS

entrevista homenagem
CLÁUDIA HUTTON Lições
do Mestre
Educação Musical Malangatana
favorece aos alunos
aprendizagens da EPM-CELP

p. 12 e 13 separata
2 | PL | Jan/Fev 2011

PÁTIO DAS LARANJEIRAS

EDITORIAL Para ler nesta edição

3 EPM-CELP | Governo de Portugal renovou mandato da Direcção e figu-


Inovação é instrumento ras públicas visitam a nossa Escola

4 FORMAÇÃO | EPM-CELP iniciou intervenção junto dos institutos


de capacitação moçambicanos de formação de professores e deu mais um passo na
constituição de equipa de socorristas
início de 2011 trouxe factos marcantes para o percurso e 5 PROJECTOS | Alunos do 12.º ano organizam Biblioteca de Rua no
O missão da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de
Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP). O Governo de Portugal
âmbito da Área de Projecto e disciplina de Inglês ensina língua atra-
vés da gastronomia e trajes típicos
decidiu renovar, prolongando por igual período de tempo, o
6 VISITAS DE ESTUDO | Escola Comunitária da Polana Caniço “A”, Museu
mandato da Direcção da nossa Escola. Por outro lado, custa-
nos muito dizê-lo, o nosso Mestre Malangatana, embaixador
Nacional de Arte e Centro Hípico de Maputo foram destinos de
cultural de Moçambique, deixou o convívio dos terrenos. aprendizagem de várias turmas de alunos da EPM-CELP
O reconhecimento da tutela institucional – ministérios dos ACTIVIDADES | Pequenos filósofos exaltam liberdade, alunos do Pré-
Negócios Estrangeiros, das Finanças e da Educação - da quali-
7
-Escolar unem-se aos do “Secundário” para defender o meio ambien-
dade do trabalho desenvolvido nos últimos anos, reconduzindo,
te e aprendem a jogar xadrez
nos mesmos cargos, todos os dirigentes, confere, naturalmen-
te, responsabilidades acrescidas à Direcção no esforço perma- 8 | Sala de ensaios musicais da EPM-CELP entrou em fun-
INICIATIVAS
nente de cumprimento da missão da EPM-CELP. Mas também cionamento e alunos do primeiro ano do ensino básico partilham
nos enche de orgulho e, sobretudo, de motivação para fazermos contos com pais e encarregados de educação
mais e melhor neste interminável empreendimento que é a Edu-
cação, não isento de dificuldades. Prometemos dedicação, diá- 9 MÚSICA| Jovens estudantes da EPM-CELP formam bandas de vários
logo, responsabilidade, rigor e exigência na interpretação e géneros musicais. Conheça a individualidade de cada uma
desempenho das nossas obrigações, numa perspectiva de con- REPORTAGEM | O “estado da arte” faz o retrato da actualidade da
vergência e confluência dos interesses da comunidade educati- 10
expressão artística na EPM-CELP, apontando as oportunidades de
va em torno do Projecto Educativo da EPM-CELP.
aprendizagem
A partida de Malangatana, nos primeiros dias de 2011, a
todos entristece. A EPM-CELP estava, desde há muito, habitua- 12 ENTREVISTA | Cláudia Costa, professora de Educação Musical da
da à presença física do Mestre, artífice-mor, em variadíssimas EPM-CELP, esclarece como a música favorece a aprendizagem de
ocasiões, de muitas aprendizagens oferecidas aos nossos alu- outros conteúdos curriculares
nos. À tristeza pelo seu desaparecimento corresponde, no entan-
to, mais uma oportunidade para continuarmos a aprender com 14 RECURSOS EDUCATIVOS | O percurso traçado pela EPM-CELP no domí-
Malangatana, cuja figura, obra e mensagens permanecem nio das TIC e os desafios emergentes para o futuro
actuantes nas nossas memórias individuais e colectiva, nas ARTE| Consulado português em Maputo expõe trabalhos de alunos
actividades diárias e nas paredes da EPM-CELP.
15
da EMP-CELP sobre calçada portuguesa
As ocorrências apontadas vão provocando, em sentidos,
ritmos e medidas diversos, alterações na realidade, mais impos- 16 EXAMES | O calendário 2011 dos exames nacionais
tas do que procuradas, como é habitual suceder. A sua leitura
atenta apela, de modo natural, à inovação da percepção, atitu- DESPORTO| Gustavo Silva, aluno da EPM-CELP, é campeão de
des, orientação, processos e procedimentos com os quais
17
Moçambique de ciclismo
desenvolvemos a nossa tarefa educativa. Não por mero modis-
mo retórico ou intelectual, mas para envolver, de forma cada 18 TEXTO | Abraçar a Leitura em “Palavra Empurra Palavra”
vez mais significativa, alunos e professores no processo de ensi-
no e aprendizagem dos conteúdos curriculares capazes de con-
tribuir, efectivamente, para o bem-estar social e económico, em 19 “PSICOLOGANDO” | A pessoa por detrás do professor merece a refle-
suma, para a construção de um Mundo que exige novas respos- xão de Alexandra Melo
tas para problemas velhos ou emergentes. A crise do petróleo,
as revoltas no mundo árabe, os desequilíbrios ambientais pro- 20 FINALISTAS | A Gala Jovem 2011 teve muito charme e elegância
vocados por uma economia cega pelo lucro, a incerteza no futu-
ro e a necessidade de preservar a dignidade humana são, entre
outras, mudanças que a Escola deve integrar criticamente no
actual mundo globalizado e profundamente interactivo. PÁTIO DAS LARANJEIRAS | Revista mensal da EPM-CELP | Ano VIII - N.º 74 | Edição Jan/Fev 2011
A inovação, por si só, encerra força motriz para o pensa- Directora Dina Trigo de Mira | Editor António Faria Lopes | Editor-Executivo Fulgêncio Samo |
mento e acção. É, por isso, ferramenta cuja utilização deve ser Redacção António Faria Lopes, Teresa Noronha e Fulgêncio Samo | Colaboradores redactoriais
sistematicamente fomentada entre alunos e professores, atra- nesta edição Alexandra Melo, Estela Pinheiro, Judite Santos (Recursos Educativos), Ana Catari-
vés do desenvolvimento do pensamento crítico na análise e da na Carvalho, Cláudia Pereira (Artes), Vitor Albasini e alunos do 8.º A | Grafismo e Pré-Impressão
criatividade e imaginação na procura de soluções, sob pena de António Faria Lopes, Fulgêncio Samo, Bárbara Marques e Luís Cardoso (1.ª página) | Fotografia
estarmos a formar jovens para um mundo que já não existe. Filipe Mabjaia, Firmino Mahumane e Ilton Ngoca | Revisão Graça Pinto, Ana Paula Relvas, Tere-
A Direcção da EPM-CELP deseja a todos os alunos, profes- sa Noronha | Impressão e Produção Centro de Formação e Difusão da Língua Portuguesa/Cen-
sores, encarregados de educação, funcionários e colaborado- tro de Recursos Educativos da EPM-CELP | Distribuição Fulgêncio Samo (Coordenador)
PROPRIEDADE Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa,
res um feliz 2011 pleno de realizações. Av.ª do Palmar, 562 - Caixa Postal 2940 - Maputo - Moçambique. Telefone + 258 21 481 300 - Fax
+ 258 21 481 343
A DIRECÇÃO Sítio oficial na Internet: www.epmcelp.edu.mz | E-mail: patiodaslaranjeiras@epmcelp.edu.mz
Jan/Fev 2011 | PL | 3

EPM-CELP

RECONHECIMENTO

Tutela renovou mandato da Direcção


directora Dina Trigo de Mira e os subdirectores Miguel
A Costa e Alice Feliciano foram reconduzidos nos respecti-
vos cargos para novo mandato na liderança da Escola Portu-
guesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portu-
guesa (EPM-CELP).
Em despachos conjuntos, mas separados para cada um
dos dirigentes atrás referidos, datados de Janeiro e Feverei-
ro últimos, os ministros dos Negócios Estrangeiros, das Finan-
ças e da Educação do Governo de Portugal, que constituem
a tutela institucional da EPM-CELP, procederam às novas
nomeações de Dina Trigo de Mira, Miguel Costa e Alice Feli-
ciano para os cargos que já exerciam, em regime de comis-
são de serviço.
Todas as nomeações começaram a produzir efeitos em
16 de Janeiro e justificam-se, de acordo com os despachos
citados, não só pela necessidade de proceder ao provimento
dos referidos cargos, mas também pela competência técnica,
aptidão e experiência profissional e formação adequadas,
Dina Trigo de Mira (esq.ª), Miguel Costa e Alice Feliciano
evidenciadas pelos actuais dirigentes da EPM-CELP.

VISITAS

EPM-CELP cativa interesse de figuras públicas


aria de Lurdes Rodrigues, ministra da projectos de promoção da leitura que estão mento económico, social e cultural de Por-
M Educação do 17.º Governo Constitu-
cional de Portugal (2005-2009) e actual
enquadrados na Rede de Bibliotecas
Escolares.
tugal e Maria de Lurdes Rodrigues foi
nomeada presidente em 1 de Maio de 2010
presidente do conselho executivo da Fun- A Fundação Luso-Americana para o pelo primeiro-ministro José Sócrates.
dação Luso-Americana para o Desenvol- Desenvolvimento foi criada, em 1985, pelo Maria Barroso Soares deslocou-se a
vimento, e Maria Barroso Soares, esposa Estado português para promover relações Moçambique para proceder ao lançamen-
do antigo Presidente da República Portu- entre si e os EUA, visando o desenvolvi- to do seu livro “Viagem a Moçambique”.
guesa, Mário Soares, visitaram a EPM-
CELP em 28 de Fevereiro. A visita da anti-
ga governante foi de carácter oficial e de
trabalho e a de Maria Barroso foi a título
particular.
A visita de Maria de Lurdes Rodrigues,
que esteve acompanhada pela embaixa-
triz dos EUA em Portugal, Nancy Cohn,
integrou-se na sua estadia oficial em
Moçambique, onde, junto da EPM-CELP,
tomou conhecimento detalhado das inicia-
tivas em curso e dos projectos no âmbito
da cooperação e difusão da língua portu-
guesa, objectivo perfilhado pela Funda-
ção Luso-Americana para o Desenvolvi-
mento a que preside.
No âmbito dos trabalhos, Dina Trigo
de Mira, directora da EPM-CELP, acom-
panhou Maria de Lurdes Rodrigues às
escolas primárias da Polana Caniço “A” e
“B”, nas quais a nossa Escola dinamiza Maria Barroso Soares e Maria de Lurdes Rodrigues em visita à EPM-CELP
4 | PL | Jan/Fev 2011

FORMAÇÃO

COOPERAÇÃO

Aprender bem para ensinar melhor


onstruir o modelo de formação para
C implementar e desenvolver junto das
entidades formadoras de professores de
Moçambique foi o objectivo central da Ofi-
cina de Formação de Formadores, promo-
vida, entre 7 e 18 de Fevereiro, pelo Cen-
tro de Formação e Difusão da Língua Por-
tuguesa (CFDLP) da EPM-CELP.
Enquadrada nos novos moldes de coo-
peração desenhados entre a EPM-CELP
e o Ministério de Educação de Moçambi-
que, através dos seus institutos de forma-
ção de professores, a acção de formação
foi orientada por Fátima Guimarães, for-
madora que coopera habitualmente com
o CFDLP.
Incidindo nas áreas curriculares do
Português, Matemática, Ciências Naturais,
Técnicas de Expressão e Educação Moral
e Cívica, a acção dirigiu-se a 12 formado- cação pedagógica, selecção de conteú- dirigido aos formadores dos já referidos
res do CFDLP que, a seguir, ministrarão dos científicos, elaboração e selecção de institutos de formação de professores de
formação a professores-formadores dos materiais didácticos, observação e refle- Moçambique, acção que se prolongará até
institutos moçambicanos da Matola, xão sobre aulas, recorrendo a apresenta- 27 de Março. Primeira oportunidade,
Namaacha, Chibututuíne, Munhuana e ções e discussões de trabalhos práticos. então, para os formadores da EPM-CELP
EPF-ADPP de Maputo. Na sequência e em directa articulação aplicarem novas técnicas de ensino e a
Os conteúdos leccionados incidiram com esta Oficina de Formação de Profes- nossa Escola iniciar a implementação, no
na realização de tarefas de natureza prá- sores, arrancou, em 27 de Fevereiro, o pri- terreno, do novo formato de cooperação
tica, incidindo, nomeadamente, na planifi- meiro módulo de formação, de 25 horas, na área de formação de professores.

PREVENÇÃO

Alunos e funcionários aprendem primeiros socorros


romovido conjuntamente pelo Gabine- já frequentaram, anteriormente, cursos
P te Médico e Grupo Disciplinar de Ciên-
cias Naturais da EPM-CELP, realizou-se,
desta natureza, dando continuidade,
assim, ao investimento realizado, procu-
entre 7 e 12 de Fevereiro, o Curso de Pri- rando-se, ao mesmo tempo, sensibilizar
meiros Socorros dirigido a alunos do ter- alunos para a área das ciências da saúde.
ceiro ciclo e do ensino secundário, docen- O curso incidiu nos princípios gerais
tes e, ainda, assistentes operacionais (lim- do socorrismo, no plano de acção do
peza e vigilância). socorrista e em temáticas relacionadas
O curso visou ensinar aos formandos com os tratamentos a efectuar a vítimas
as técnicas básicas de primeiros socor- de várias lesões, ferimentos, queimadu-
ros, de modo a constituir uma equipa de ras, traumatismos, alterações cardio-res-
prestação de cuidados urgentes de saúde piratórias, alterações do estado de cons-
na EPM-CELP, que trabalhe, em coopera- ciência, picadas e mordeduras, bem como
ção com o Gabinete Médico, no apoio às no manuseamento e transporte de feridos.
várias manifestações culturais e desporti- Ministrado pela Cruz Vermelha de Moçam-
vas que a nossa Escola regularmente pro- bique, o curso, de 15 horas, teve uma com-
move, garantindo respostas a eventuais ponente teórica e uma simulação prática.
situações ou incidentes que careçam de A resposta da comunidade educativa
uma intervenção urgente. à iniciativa superou as expectativas, pelo
A iniciativa permitiu, também, a actua- que está prevista a reabertura do curso a
lização da capacitação dos formandos que novos interessados.
Jan/Fev 2011 | PL | 5

PROJECTOS

BIBLIOTECA DE RUA

Os meninos e as meninas que brin-


cam nas imediações da EPM-CELP
começam a habituar-se às brinca-
deiras da leitura, da escrita e da
audição de contos que os alunos do
12.º B animam às quartas-feiras de
tarde, quando o parque de estacio-
namento exterior se transforma,
momentaneamente, em espaço de
descoberta da magia das palavras
lidas, ditas ou escritas nos livros.

Encontros com a magia dos livros


omos um grupo de alunos do 12.º B mente, inúmeras actividades lúdicas, tais 15 crianças, que jogavam futebol ali perto,
S da EPM-CELP, composto por Daniela
Kean, Denise Kean, Jéssica Miguel, Kajal
como dramatizações, pinturas e leitura de
contos, com o objectivo de promover o
juntaram-se a nós. Apresentámo-nos e
cada criança também o fez, escrevendo o
Navinchandre, Muhamad Omarji, Nabila gosto pela leitura e conhecimento. seu nome no quadro. Aos poucos que não
Sidi e Tiago Oliveira, que coloca, quase Temos enfrentado alguns obstáculos, sabiam escrever, ensinámo-los. Fizemos
semanalmente, uma verdadeira biblioteca como, por exemplo, a chuva constante, também a leitura do conto “A Boneca”,
na rua, dando corpo à ideia desenvolvida exactamente, nos dias das actividades, a fazendo emergir a mensagem da história.
na disciplina de Área de Projecto, com o falta de financiamento para aquisição de Depois, organizámos grupos e, enquanto
apoio da coordenadora da Biblioteca Esco- material escolar e o desaparecimento dos uns preenchiam fichas de Matemática,
lar José Craveirinha. cartazes afixados ao redor da escola para outros pintavam e ouviam mais contos.
O projecto é uma mais-valia para a anunciar a iniciativa. A actividade correu muito bem, com
população vizinha da EPM-CELP, que Numa típica sessão do nosso projec- boa adesão do público e com a promessa
carece de actividades formativas. O local to, levamos para o parque de estaciona- da “Biblioteca de Rua”, às quartas-feiras,
da actividade é público, imediatamente mento, à hora marcada, todo o material tornar-se uma rotina.
contíguo à nossa Escola e de livre acesso necessário. Por exemplo, numa jornada
aos transeuntes. Realizamos, habitual- realizada em Fevereiro último, cerca de GRUPO DE ALUNOS DO 12.º B

EXPERIÊNCIA

Com iguarias e trajes típicos aprende-se a linguajar


nspirados na multiculturalidade, tema A experiência pedagógica lançou aos
I incluído no currículo do 11.º ano da dis-
ciplina de Inglês, alunos das turmas B e C
alunos daquelas turmas do 11.º ano o
desafio do desenvolvimento de activida-
da EPM-CELP desenvolveram actividades des de aprendizagem e divulgação de
de aprendizagem da língua e dos valores aspectos culturais relevantes em vários
culturais da tradição dos países anglo- países anglo-saxónicos, com a finalidade
saxónicos. Os trajes e iguarias típicos de exercitar a língua inglesa. Do inteiro
foram as “vedetas”, bem como a boa dis- agrado dos alunos, a iniciativa traduz,
posição. assim, uma estratégia pedagógica que
A gastronomia, “servida” com trajes visa o aumento do domínio sobre a língua,
típicos, condimentou a actividade, propor- desenvolvendo, transversalmente, com-
cionando um ambiente de descoberta e petências linguísticas e aprendizagem de
partilha de conhecimentos da língua e cul- conteúdos e valores associados à diversi-
tura inglesas. Vivenciar experiências sig- dade cultural, considerada um bem edu-
nificativas sobre a cultura anglo-saxónica cativo na comunidade da EPM-CELP, pela
foi a estratégia de aprendizagem dinami- presença de alunos pertencentes a mais
zada pelo professor Abubacar Ibraimo. de uma vintena de nacionalidades.
6 | PL | Jan/Fev 2011

VISITAS DE ESTUDO

SOLIDARIEDADE
ARTE

Visita à “Polana Caniço B” Alunos exercitaram


a fruição estética
para conhecer a diferença no Museu
Nacional de Arte
temática “Dimensões da Acção
A Humana e os Valores”, abordada
na disciplina de Filosofia, levou os alu-
nos do 10.º A2 da EPM-CELP a visita-
rem, em 4 de Fevereiro último, o Museu
Nacional de Arte, em Maputo.
Orientada pelas docentes Karina
Bastos e Sandra Macedo, a visita cons-
tituiu uma oportunidade de contacto
directo com obras de arte para promo-
ver hábitos de fruição estética e valori-
zação do património artístico nacional.
Uma experiência enriquecedora para
ntegrados nas actividades da Área de estabelecimento de ensino para, poste-
I Projecto, os alunos da 5.º B da EPM-
-CELP visitaram a Escola Comunitária da
riormente, integrarem nos seus projectos
iniciativas que promovam a melhoria das
os alunos porque, desta forma, confron-
taram os conteúdos teóricos da temáti-
ca com a observação directa das obras
Polana Caniço “B”, localizada no bairro suas condições físicas, bem como o ape- artísticas, tornando a aprendizagem
suburbano de Maputo com o mesmo trechamento da mesma com materiais mais significativa.
nome, nas imediações da nossa Escola. escolares. Os projectos criados pelos alu-
Como resultado da parceria entre a nos do quinto ano da EPM-CELP poderão
Área de Projecto do quinto ano do ensino vir a envolver os respectivos pais e encar-
básico e a Rede de Bibliotecas Escolares, regados de educação de forma a consti-
a iniciativa visa dar a conhecer aos alunos tuir-se uma bolsa de materiais escolares
da EPM-CELP ambientes escolares dife- para distribuição às crianças carenciadas
rentes, nos quais os alunos dispõem de da Polana Caniço “B”.
condições precárias e os professores são Espera-se que a sensibilidade comum
remunerados através de gratificações sim- e a comunhão de esforços entre alunos,
bólicas proporcionadas pela comunidade professores e encarregados de educação
dos pais e encarregados de educação. da EPM-CELP promovam a aprendizagem
Os nossos alunos tiveram oportunida- da solidariedade, valor fundamental da for-
de de verificar, em contacto directo com mação cívica, e, em consequência, bene-
as crianças e professores da Polana Cani- ficiem a Escola Comunitária da Polana
ço “B”, as reais necessidades daquele Caniço “B”.

HIPISMO

Pré-Escolar foi aprender a alimentação dos cavalos


s pequenotes do Pré-Escolar visitaram, em Fevereiro último, o Centro Hípico de
O Maputo, no contexto do projecto pedagógico de descoberta e conhecimento das
modalidades desportivas que irão integrar o programa da edição 2011 dos Jogos Afri-
canos, agendados para Setembro próximo, em Maputo.
Muita curiosidade e animação caracterizaram a jornada que levou os petizes ao
encontro com a rotina diária dos magestosos cavalos. Para além de cavalgarem, os
meninos alimentaram os animais e familiarizaram-se com os demais aspectos associa-
dos aos cuidados diários dispensados aos cavalos. Eles próprios contaram a experiên-
cia de viva voz: “Ajudámos a preparar a ração para os cavalos, misturando-a com água,
vimos o hospital com remédios e também as ferraduras para as patas. A cama dos
cavalos é fofinha e não podemos andar atrás deles porque é perigoso”.
Jan/Fev 2011 | PL | 7

ACTIVIDADES

EXPOSIÇÃO XADREZ

Pré-Escolar
envolveu-se em
projecto de
iniciação ao jogo

oi lançado, em 26 de Janeiro, o pro-


F jecto de iniciação ao xadrez dirigido
ao sector do Pré-Escolar da EPM-CELP.
Sob orientação dos professores Cus-
tódio e Guimarães, no Auditório Carlos
Paredes, os petizes foram, na sessão
inaugural, sensibilizados para a modali-
dade, identificando e conhecendo as
peças. Na sequência desta actividade, o

Pequenos filósofos exaltam grupo dos meninos de cinco anos tem


interagido com os alunos dos quinto e
sexto anos em encontros semanais,

democracia e liberdade dedicados ao exercício de pequenas


jogadas para compreensão dos movi-
mentos legais de cada peça no tabuleiro
que desafiam o raciocínio lógico.
om o objectivo de despertar a cons-
C ciência das crianças para os valores
universais, a EPM-CELP assinalou o Dia
A liberdade é ser,
fazer e dizer o que nós
quisermos, desde que a
ENCONTRO
Mundial da Liberdade em articulação com
nossa liberdade não
as comemorações do Centenário da Repú-
faça mal aos outros. A
blica Portuguesa. liberdade também é “Secundário” e
Liberdade e democracia foram os eixos paz e sossego. Desde o
temáticos que inspiraram as sessões filo- 25 de Abril de 1974, o cravo é o Pré-Escolar unem-se
sóficas com os alunos dos terceiro e quar- símbolo da liberdade em Portugal.
to anos do ensino básico, proporcionando Mariana Mendes (4º.B) para defender o
uma partilha de opiniões que culminou
com a publicação dos respectivos traba- meio ambiente
lhos no jornal de parede “Desvio Filosófi-
co”, do Grupo Disciplinar de Filosofia e deveres, individuais e colectivos, harmo-
Psicologia. nizando-as com os valores imanentes à ma parceria pedagógica entre os alu-
Genuinamente, os pequenos pensa-
dores manifestaram opiniões sobre o con-
celebração do primeiro centenário da
República Portuguesa, como a justiça, soli-
U nos da Área de Projecto do 12.º ano
e do Pré-Escolar está a desenvolver
ceito de liberdade, confrontando direitos e dariedade e cidadania responsável. acções de defesa do ambiente, através
do projecto “Animais”.
No Auditório Carlo Paredes, os alu-
JOGOS nos do “Secundário” começaram por
apresentar aos colegas mais novos o
filme “Era uma vez na Natureza”, alertan-
Como prevenir acidentes rodoviários do-os para os perigos da Natureza. De
então para cá, os estudantes mais velhos
têm feito visitas semanais às salas do
o âmbito da Área de Projecto, cujo tema é “Educação Rodoviária”, os alunos da
N turma E do 7.º ano da EPM-CELP prepararam jogos de informação e avaliação dos
conhecimentos da comunidade educativa sobre a matéria.
Pré-Escolar, desenvolvendo actividades
relacionadas com as espécies animais,
como a diversidade de classes, habitat e
No Auditório Carlos Paredes, os alunos daquela turma deram a conhecer aos cole- tipo de alimentação.
gas mais novos, do segundo ano do ensino básico, algumas regras cujo cumprimento A iniciativa visa ensinar os segredos
contribui para a segurança rodoviária. Fizeram-no através de jogos associados, por do mundo animal aos alunos mais novos,
exemplo, aos cuidados a serem observados na travessia de peões, bem como à visua- sensibilizando-os para a ideia de preser-
lização de alguns sinais durante a noite. Na actividade foram também explorados vação do ambiente, o que tem suscitado
desenhos criados pelos próprios alunos do 7.º E, que ajudaram a identificar maus hábi- muito interesse e entusiasmo pelo
tos dos condutores, como falar ao telemóvel, transportar crianças sem cinto de segu- conhecimento de alguns detalhes e ris-
rança, ao colo do condutor ou, ainda, em carrinhas de caixa aberta. cos associados à vida animal.
8 | PL | Jan/Fev 2011

INICIATIVAS

MÚSICA

Sala de ensaios desafia talentos


sala de ensaios, recentemente implan-
A tada, tem constituído um desafio per-
manente aos talentos musicais dos alu-
nos da EPM-CELP. Passou a ser, também,
um espaço alternativo de ocupação dos
tempos livres à disposição da população
escolar.
Por impulso do Grupo Disciplinar (GD)
de Educação Musical, um armazém do últi-
mo piso do edifício central da EPM-CELP
foi convertido em sala de ensaios, onde
também já estão em funcionamento as
aulas extra-curriculares de bateria. O
espaço está apetrechado com instrumen-
tos musicais, como bateria, viola baixo,
guitarra eléctrica, os dois últimos adquiri-
dos para o efeito em Novembro de 2010,
e órgão eléctrico, bem com um sistema de
amplificação de som. A sala foi, igualmen-
te, tratada acusticamente, ou seja, proce-
deu-se ao isolamento do som com recur-
so a materiais adequados, como sejam
esponjas, tecidos e capulanas, nomeada-
mente, para evitar desperdícios de ener-
gia e perturbações sonoras nos espaços so à sala de ensaios, os alunos que, em pelas estruturas educativas e Direcção da
e pisos contíguos. Um empreendimento grupo, manifestem interesse em formar EPM-CELP. Uma sensibilização e prática
realizado pela Área de Manutenção do bandas musicais, bem como os que já as que tende a integrar, de forma mais signi-
Espaço Físico e pelo Economato da EPM- têm constituídas. Há notícia da existência ficativa e influente, a música na cultura da
CELP, sob a supervisão do GD de Educa- de três grupos de música genuinamente nossa Escola.
ção Musical. constituídos na EPM-CELP. Por último, o novo espaço passa a
A iniciativa é um desafio ao talento A valorização da actividade musical, constituir, também, uma oferta de qualida-
musical juvenil, constituindo, por isso, uma como meio importante de formação pes- de vocacionada para a promoção de acti-
oportunidade acrescida para os alunos da soal e social e promoção da criatividade e vidades saudáveis e criativas de ocupa-
EPM-CELP aprenderem, autonomamen- descoberta de talentos musicais, é um dos ção dos tempos livres dos nossos estu-
te, os segredos da arte musical. Têm aces- principais objectivos do esforço realizado dantes, professores e funcionários.

LEITURA

Hora do Conto estimula imaginário de pais e filhos


s turmas do primeiro ano do ensino salas de aula pelos alunos com a ajuda
A básico têm estado envolvidas, sema-
nalmente, na Hora do Conto, uma iniciati-
dos respectivos professores. Uma interac-
ção que promove a partilha de responsa-
va integrada no plano de actividades da bilidades no esforço conjunto de educa-
Biblioteca Escolar José Craveirinha da ção das nossas crianças.
EPM-CELP. A Hora do Conto, para além de atrair a
A Hora do Conto é uma actividade que presença de pais e encarregados de edu-
promove o gosto pela leitura e estimula o cação, revela-se um verdadeiro incentivo
imaginário infantil dos alunos, para a qual à leitura e à frequência regular da bibliote-
são convidados a participar os pais e ca escolar, suportes fundamentais do
encarregados de educação. Surgem, esforço de auto-formaçãom que propor-
assim, histórias fantásticas que, posterior- ciona aprendizagens significativas e multi-
mente, são recordadas e interpretadas nas facetadas.
Jan/Fev 2011 | PL | 9

bandas musicais da epm-celp


NTL

o Time Left (NTL) é uma banda composta por


“N Bruno Pepe (guitarra), Denil Tribovane (gui-
tarra), António Costa (bateria) e Shazia Mussa (voz)
que começou a sua actividade no início do ano lec-
tivo em curso. Virados para o género rock, os mem-
bros do NTL começaram por se reunir apenas para
se divertirem e conviverem, mas rapidamente pen-
saram converter os encontros num projecto que
fosse mais além. Ambicionam, agora, participar em
actividades e eventos da nossa Escola, mas tam-
bém em projectos musicais mais “longínquos”.

ZZT

oi o Telmo Barotte, da bateria, que teve a ideia,


F no decorrer de uma aula da Geometria, de for-
mar uma banda. Contagiou o Richard Ferreira, que
já tocava guitarra, e rapidamente Michael Elvis, que
era amigo de ambos, não quis ficar para trás e foi
aprender a tocar viola baixo. Assim nasceu a banda
ZZT. Mais tarde juntaram-se a eles a Raquel Lou-
renço, para as vozes, e a Beatriz Pinto, para o piano.
Gostam mais do género rock, mas também fazem
incursões no punk-rock e no metal.

(100 NOME)

s ainda “100 nome” começaram a tocar nos


O Encontros com a Arte, há cerca de ano e meio
atrás, quando testavam as aprendizagens e evolu-
ções das aulas de guitarra. Eram, no princípio, ape-
nas três membros - Manuel Brazuna (guitarra),
Danilo Domingues (voz) e Tiago Galrito (guitarra) -,
formação original que teve o ponto alto em 9 de
Junho de 2010, quando actuaram no Dia das Lín-
guas da EPM-CELP. Já neste ano lectivo a banda foi
reforçada com o baterista Francisco Tourigo e com
ele tenta permanecer fiel ao rock.
10 | PL | Jan/Fev 2011

O ESTADO DA ARTE NA EPM - CELP


REPORTAGEM DE CLÁUDIA JEROMITO Recentemente, foi enriquecido com obras Cabo Delgado, e do Tufo, da região de
do fotógrafo Kok Nam. Nampula.
A EPM-CELP coloca preocupações Na música a oferta é vasta e extensiva
ducar com a arte e educar pela arte
E são expressões que reflectem algu-
mas actividades dirigidas aos alunos da
estéticas na organização dos seus even-
tos, através da intervenção sistemática do
Grupo Disciplinar de Educação Visual e
a todos os níveis de ensino: piano, violino,
guitarra clássica, flauta transversal, bate-
ria, saxofone, coro, tuninha e tuna, entre
Escola Portuguesa de Moçambique - Cen- Tecnológica (EVT) que, assim, contribui outros, com oportunidade de os alunos
tro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM- para a criação de um ambiente físico con- exprimirem as suas conquistas nos Encon-
-CELP), onde também Educar com Arte é fortável e acolhedor, sem perder a sua fun- tros com a Arte, o palco artístico da EPM-
um desafio permanente. cionalidade. -CELP. Ponto alto do programa de ensino
É fácil Educar com a Arte na EPM- da música na nossa Escola é, também, a
CELP, uma vez que as manifestações Oferta educativa rica e variada MasterClass, a “oficina” de violino e,
artísticas são, espontaneamente, obser- depois, o respectivo espectáculo público
vadas, escutadas e fruídas por quem cir- Os alunos da EPM-CELP usufruem, que a EPM-CELP oferece, anualmente, à
cula na nossa Escola. Por sua vez, a Edu- para além da oferta curricular de expres- cidade. Professores categorizados de vio-
cação pela Arte, sob a responsabilidade são artística, de actividades de comple- lino são convidados para reforçarem o
de uma equipa de professores, usa lingua- mento curricular e extracurricular explora- ensino do violino aos nossos alunos,
gens próprias que é preciso descobrir, doras das diversas expressões de arte. durante uma semana, finda a qual se rea-
conhecer, partilhar e integrar para comu- Por exemplo, o Departamento de Expres- liza o referido espectáculo.
nicar e fazer crescer a expressão livre dos sões e Motricidade é responsável por gran-
nossos alunos. de parte das acções desenvolvidas no A “janela” dos Encontros com a Arte
Na EPM-CELP a educação estética e âmbito artístico, sendo constituído pelos
artística está patente na organização dos grupos disciplinares de EVT, Educação Os Encontros com a Arte são um even-
seus espaços, do requintado património Musical e Educação Física, todos eles inte- to semanal que, inicialmente, surgiu com
artístico exposto, dos eventos e, princi- grando professores portadores de habili- o objectivo de divulgar as diferentes cultu-
palmente, na oferta educativa aos alunos. tação própria para o exercício de funções ras musicais, nomeadamente a tradicional
No interior e exterior do edifício encontra- docentes nas respectivas áreas. moçambicana. Hoje tem um forte impacto
mos pátios e recantos limpos e embeleza- O desenvolvimento de competências na vida cultural da EPM-CELP ao fazer
dos, com plantas bem cuidadas e obras no domínio artístico inicia-se no Pré-Esco- apresentações autonomizadas de talen-
de azulejaria, pintura e escultura, no meio lar e no 1.º Ciclo do ensino básico, cujos tos musicais e dos trabalhos desenvolvi-
dos quais escutamos sons de flautas, gui- docentes possuem formação adequada dos nas aulas de expressões artísticas
tarras, batuques, violinos, pianos e timbi- para o efeito, a par da oferta de escola nas musicais e motoras, por exemplo. Cláudia
las, entre outros instrumentos musicais. O áreas da dança e música, por exemplo. Costa, professora de Educação Musical e
património artístico da EPM-CELP integra Na dança, dinamizada pelo professor “mãe” do projecto, afirma, de olhos bri-
obras de conceituados mestres da cultura Kim Salip, reina a alegria entre a peque- lhantes, que o objectivo inicial foi larga-
moçambicana, como Malangatana, Rei- nada, que vibra ao som da marrabenta, mente ultrapassado. Lamenta, porém, não
nata, Mankew, Sitoe, Vitor Sousa, Ídasse, dança tradicional do sul de Moçambique, poder ir mais longe, trazendo mais artis-
Luís Cardoso, Gemuce, Naguib e Shikani. do Mapico, característica da província de tas à Escola e, por consequência, mais
Jan/Fev 2011 | PL | 11

referenciais enriquecedores da cultura igualmente livre para professores, funcio-


artística da EPM-CELP. nários e encarregados de educação da
EPM-CELP.
Das artes plásticas às dramáticas As exposições temporárias no Átrio
Principal são uma constante e constituem
O Grupo Disciplinar de EVT desenvol- a mostra viva da valorização da cultura
ve, desde 2005/2006, ateliês criativos de artística que inspira a filosofia educativa
artes plásticas. O último, de carácter expe- da EPM-CELP. Naquele espaço já expu-
rimental, foi dinamizado pelo nosso queri- seram as suas obras artistas de prestígio
do amigo e artista plástico Ídasse, que tra- nacional e internacional, mas permanece
balhou com um grupo de 20 crianças do também aberto aos novos talentos das
1.º Ciclo. No ano lectivo seguinte, estes artes plásticas de Moçambique.
ateliês já tiveram a participação semanal Com a South African Association for
de, aproximadamente, 100 alunos do the Visual Arts (SANAVA) está estabeleci-
mesmo ciclo de ensino, com dinamização do um protocolo que fomenta a troca de privilegiada e lugar motivador para a práti-
dos docentes de EVT. experiências e de formação entre os seus ca de uma educação estética e artística,
Actualmente, os ateliês de expressão membros, entre os quais se conta a EPM- emergindo espaços e projectos que per-
plástica são de frequência livre, em três -CELP. mitem a presença e inclusão das várias
vezes por semana, e destinam-se a todos Finalmente, as artes dramáticas são a expressões da arte. Estaremos todos
os que se queiram aventurar na activida- novidade do corrente ano lectivo na oferta conscientes desta vantagem? Valorizara-
de. Todos os docentes são livres de, de actividades de complemento curricular. mos todos o papel preponderante da arte
mediante contacto prévio com os profes- O grupo de teatro é dinamizado por Tânia na educação das crianças e jovens?
sores responsáveis - Calisto Namburete, Silva, docente do Departamento de Lín- Entenderão os nossos alunos a arte como
Egídia Coelho e Peter Atanassov -, levar guas e líder do Grupo Maningue Teatro, forma de conhecimento? São desafios de
os seus alunos ao ateliê para desenvolver com o qual a EPM-CELP estabeleceu um reflexão lançados à própria Escola, mas
projectos ou simplesmente explorar técni- acordo de cooperação. também aos encarregados de educação,
cas de expressão plástica. O acesso é A EPM-CELP é, de facto, uma escola professores e alunos.

ARTES DIALOGAM NA EPM-CELP

Pintura
Desenho
Escultura
Música
Teatro
Dança

e imaginação
sem fim...
12 | PL | Jan/Fev 2011

ENTREVISTA

Educação Musical
desenvolve
competências
transversais

ENTREVISTA CONDUZIDA POR FULGÊNCIO SAMO

Cláudia Hutton Costa, professora de Educação Musical na EPM-CELP há vários anos, aponta os contributos da
música para as aprendizagens escolares, ao desenvolver competências transversais que conferem novas dinâ-
micas ao conhecimento, associando, por exemplo, a linguagem das notas musicais ao diálogo intercultural.

A actividade na sala de aula depende muito Como pode a música contribuir para a
da abordagem adoptada pelos professo- aprendizagem geral dos alunos?
Que lugar ocupa a música no Projecto res para motivar os alunos. De uma manei- A música é uma ferramenta facilitadora do
Educativo da EPM-CELP? ra geral, as aulas de Educação Musical processo de ensino-aprendizagem, por-
Na EPM-CELP a música ocupa um lugar registam muita adesão e sucesso dos alu- que integra competências gerais e trans-
de excelência. Trata-se de uma área cur- nos, despertando o interesse por activida- versais que os alunos devem adquirir,
ricular muito acarinhada pela Escola em des que, normalmente, se prolongam para designadamente a consciência rítmica e
termos, sobretudo, de equipamentos e além da sala. Desta forma, promove-se a auditiva, a socialização e o desenvolvi-
condições de trabalho proporcionados aos autonomia dos alunos através da partici- mento do raciocínio, entre outros. O estu-
professores e alunos para o desenvolvi- pação em actividades musicais indepen- do da música confere um conjunto de habi-
mento das actividades. Também é uma dentes, nas quais se desenvolve a criativi- lidades que se integram, transversalmen-
área importante para a Escola porque dade e o gosto pela música. Tudo isto te, nas outras disciplinas. É, por isso, uma
intervém activamente nos momentos de implica muito trabalho de equipa e inte- disciplina de carácter interdisciplinar, que
realização das actividades previstas no racção entre os alunos. Por outro lado, a promove a literacia dos cidadãos. Quando
Plano Anual de Actividades da EPM-CELP, componente teórica dos conteúdos a lec- se trabalha o ritmo, por exemplo, aplica-
como efemérides, visitas de personalida- cionar, domínio que não deve ser negli- se o raciocínio matemático, desde a divi-
des institucionais ou figuras públicas, fes- genciado, não beneficia da mesma recep- são do compasso ao reconhecimento da
tas e convívios. A comunidade educativa tividade da vertente prática de contacto pulsação. Promove-se, assim a autodisci-
revela-se sensível e receptiva à música, directo com os instrumentos musicais. plina através da prática do instrumento ou
que, assim, se torna um “condimento” e Idealmente, a parte teórica deve juntar-se da interpretação musical, contribuindo
pano de fundo indispensáveis nos progra- à prática para se obter os melhores resul- para a autonomia de estudo e o desenvol-
mas das actividades quase diárias da tados. Actualmente, a leitura da música vimento do sentido estético. Ademais, a
nossa Escola. está integrada em jogos dinâmicos de música é um escape para alunos com difi-
interpretação musical de obras seleccio- culdades de aprendizagens, que, através
Como avalias a aceitação do estudo da nadas, que contribuem para o seu reco- dela, revelam, não poucas vezes, o seu
música pelos alunos? nhecimento e compreensão. potencial de expressão artística. Muitos
Jan/Fev 2011 | PL | 13

ENTREVISTA

revelam-se na inteligência artística, que,


por vezes, não é valorizada no ensino, pre-
dominando a sobrevalorização das áreas
cognitivas.

Qual o objectivo dos “Encontros com a


Arte”?
Os “Encontros com a Arte” contam, cada
vez mais, com a adesão e participação
dos alunos. É uma actividade que preten-
de promover talentos existentes na Esco-
la no domínio da expressão musical, a par
de outras áreas artísticas. As sessões,
com periodicidade semanal, constituem o
prolongamento da sala de aula. Para além
de dar a conhecer as competências desen- Cláudia Costa promove e incentiva o interesse e esforço dos alunos na descoberta da música
volvidas nos alunos, os “Encontros com a
Arte” enaltecem o trabalho de grupo,
sendo, ao mesmo tempo, uma forma de musical locais. Estou a falar das músicas Como avalias a sensibilidade dos alu-
interagir com a comunidade educativa do Mundo, pertencentes a vários continen- nos em relação à música clássica, tendo
mais alargada. tes, que são associadas, posteriormente, em conta a forte presença da música
à dança e ao movimento. Quando é opor- electrónica?
Existem sinais de potenciais músicos tuno ou existem condições, também con- A receptividade perante a música erudita
na EPM-CELP? vidamos artistas para os “Encontros com pode estar associada a várias condicio-
Existem, na nossa Escola, alunos que já a Arte” para dar a conhecer a arte musical nantes. A aquisição da sensibilidade para
transportam estímulos exteriores, mode- moçambicana, valorizando o seu tributo este género musical é influenciada pela
los musicais de bandas, cantores e outras cultural. Em algumas ocasiões também escola e pelos pais, de acordo com o con-
fontes de motivação para a prática. Por organizamos workshops de experimenta- texto cultural e familiar em que as pessoas
sua vez, a EPM-CELP procura incentivar ção e construção de instrumentos locais. são educadas. É preciso transmitir infor-
e desenvolver nos alunos a participação mações que facilitem a sensibilidade pela
em actividades musicais. Existem talentos Que formas de expressão há no domí- música e disponibilizar conhecimentos
a vários níveis, como a vocalização e a nio da formação musical na EPM-CELP anteriores que partem de casa e do meio
prática instrumental. e quais os seus graus de relevância? envolvente. Contudo, é preciso também
Desenvolvemos, ao longo de cada ano valorizar as apetências modernas para os
Enquanto arte, linguagem ou conheci- lectivo, várias actividades que se manifes- novos estilos, pois a música relaciona-se
mento, como dialoga a Educação Musi- tam nas vertentes vocal e instrumental do com os valores dos ambientes e grupos
cal com a cultura e o contexto social ensino da Educação Musical. Na primeira, frequentados. Pode haver um diálogo
onde se insere a EPM-CELP? temos o Coro do 2.º Ciclo e a Tuna do 1.º entre músicas de várias épocas. Actual-
O trabalho começa na sala de aula atra- Ciclo e a nível instrumental disponibiliza- mente, as pessoas deixam-se absorver
vés da sensibilização e integração de mos práticas do violino, guitarra, bateria, demasiado pela música moderna. Se a
aspectos ligados à cultura e expressão piano e flauta transversal . música do passado fosse adoptada para o
presente, em termos de orquestração,
podia ser mais apelativa. A música clássi-
PERFIL ca é ouvida, mas, muitas vezes, mal con-
textualizada, já que é apenas relacionada
com filmes e bonecos animados, mas pou-
Cláudia Costa cas vezes associada ao autor, à época,
Professora de Educação Musical ao contexto histórico e à corrente de
expressão artística. Por seu turno, os
média desempenham um papel bastante
Data de nascimento influente na transmissão de sensibilida-
1 de Outubro de 1967 des musicais, sobretudo na adolescência.
Habilitações e percurso académico
Conservatório Nacional de Música de Lisboa e curso técnico- Qual o contributo da música para a for-
profissional em Educação Social. Formação em Educação mação pessoal dos alunos?
pela Universidade Aberta de Lisboa Há aspectos técnicos que promovem a
auto-estima, embora não para todos os
Experiência profissional alunos, mas é raro alguém não gostar de
Professora de Educação Musical em escolas portuguesas música, pois há sempre algo que encanta.
durante cinco anos; Técnica de Educação na Câmara Munici- Desenvolve-se a aptidão e sensibilidade
pal Sintra (seis anos); Professora de Educação Musical na EPM-CELP há seis anos
para a contemplação estética, ganham-se
Lemas habilidades a nível motor e auditivo e asso-
“Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje” e “Corpo são em mente sã” cia-se competências que atravessam os
domínios da coordenação motora, da ima-
Interesses ginação e da criatividade, através de acti-
Leitura, prática instrumental, passear, desporto e exercitar o corpo vidades de criação e experimentação.
14 | PL | Jan/Fev 2011

RECURSOS EDUCATIVOS

TIC

Caixa de Pandora ou livro aberto?


EPM-CELP acaba de adquirir e insta-
A lar 13 novos computadores no Labo-
ratório de Matemática do 1.º Ciclo do ensi-
no básico, com características específicas
mais adequadas aos utilizadores e às fun-
ções. A melhoria das condições técnicas
permitem desenvolver, adequadamente,
actividades no âmbito das Tecnologias da
Informação e da Comunicação (TIC).
O reapetrechamento daquele espaço
enquadra-se no esforço sistemático,
desde há alguns anos desenvolvido pela cionada com a melhoria da aprendizagem - a utilização das TIC promove a auto-
EPM-CELP, para se destacar como esco- e dos seus resultados. nomia dos alunos, favorecendo formas
la virada para o futuro, oferecendo recur- De acordo com um relatório elabora- próprias e mais ajustadas de aprendiza-
sos tecnologicamente avançados no domí- do, em 2006, pela “European SchoolNet”, gem individual e cooperativa.
nio das TIC, que se constituem como um consórcio formado por 31 ministérios Segundo o mesmo relatório, a grande
suportes ao desenvolvimento de compe- da Educação, apenas uma pequena per- maioria dos docentes já utilizava, de forma
tências cognitivas e comportamentais nos centagem de escolas da Europa conse- sistemática e integrada, as TIC, obtendo
alunos e de uma prática pedagógica ade- guira, nos anos precedentes, alcançar um vantagens importantes quando adaptam a
quados aos desafios do século XXI. elevado padrão de integração das TIC no sua utilização às práticas tradicionais e
Este esforço tem implicado um investi- currículo escolar, atingindo um nível de quando cooperam com os outros docen-
mento substancial na aquisição e actuali- utilização alargado e efectivo, traduzido tes na partilha de materiais, de estratégias
zação de hardware, software e de siste- no ensino e na aprendizagem de várias e das novas abordagens do ensino virtual.
mas de gestão, controlo e segurança, bem disciplinas. O relatório revela que a maio- Contudo, refere ainda o relatório, os
como de infraestruturas de redes de infor- ria das instituições educativas se encon- docentes não têm obtido o melhor provei-
mação progressivamente mais amplos, travam, então, num estágio inicial de adop- to do potencial criativo das TIC, nem têm
que são geridos e mantidos localmente. ção das TIC, caracterizada por dotação contribuído, eficazmente, para a constru-
Após 11 anos, dos quais oito dedica- irregular de recursos e pela sua desigual ção do conhecimento. Será necessário
dos à dotação destes recursos - generali- e descoordenada utilização, tendo pro- explorar a criação de novos ambientes de
zação do acesso à Internet, moderniza- movido apenas um escasso enriquecimen- aprendizagem que favoreçam a geração
ção das salas de informática, alargamen- to do processo de aprendizagem e insig- de conhecimento nos estudantes. São
to das redes estruturada e wireless a todo nificantes melhorias dos resultados das também indicados como factores negati-
o campus escolar, instalação de projecto- aprendizagens dos alunos. vos a baixa motivação e a falta de compe-
res de vídeo e de computadores para regis- O referido relatório analisa vários estu- tência no uso das TIC, associados a um
to de sumário electrónico nas salas de dos que estabeleceram uma correlação factor mais complexo e gravoso que é a
aulas, investimento muito substancial em entre a aplicação das TIC ao ensino e o desconsideração das TIC como recurso
software genérico, técnico e pedagógico, aproveitamento dos alunos. De uma forma pedagógico integrador e promotor de
generalização do acesso à produção e geral, esses estudos indicam que: conhecimento nos projectos educativos.
reprodução gráfica e multimédia, apetre- - as TIC têm um impacto positivo no Perante os desafios da Educação,
chamento da biblioteca escolar com apli- desempenho escolar dos alunos, com numa época de viragem, que reptos assu-
cações multimédia didácticas e interacti- mais ênfase no primeiro ciclo de ensino; mir na EPM-CELP? Que estratégias para
vas, aquisição e promoção do uso dos - as escolas com bons recursos TIC o futuro? Que caminhos traçar?
quadros interactivos, entre outros -, chega alcançam melhores resultados; As respostas poderão provir da refle-
o momento de avaliar o impacto da TIC - os estudantes, os docentes e os pais xão crítica orientada, centrada nas práti-
na aquisição de competências pelos nos- e encarregados de educação consideram cas e nos resultados, e no levantamento
sos professores e alunos. que as TIC têm um impacto positivo na objectivo do estágio de desenvolvimento
Urge reflectir sobre a eficiência na uti- aprendizagem dos primeiros; da aplicação das TIC na EPM-CELP. Este
lização dos recursos, analisando em que - os professores consideram que as trabalho poderá ser desenvolvido por uma
medida o generalizado acesso à informa- competências de cálculo, leitura e escrita equipa pedagógica TIC, que deverá deli-
ção produz conhecimento, até que ponto melhoram com as TIC; near as estratégias de investimento huma-
os docentes promovem a autonomia dos - os melhores alunos beneficiam mais no e material e promover a implementa-
discentes, integrando, de forma efectiva, com o uso das TIC; os alunos com dificul- ção e acompanhamento sistemático de
as linguagens tecnológica e científica, que dades também progridem, embora mais estratégias pedagógicas concretas que
novas metodologias exploram para con- timidamente; visem o melhor aproveitamento dos recur-
duzir os alunos ao conhecimento, como - ao utilizar as TIC os alunos adquirem sos para o incremento das aprendizagens.
desenvolvem o sentido crítico e a ética, mais motivação para aprender, com efei-
JUDITE SANTOS
que competências científicas exploram e tos positivos no comportamento e nos pro-
Coordenadora do Centro
em que grau a aplicação das TIC está rela- cessos de aprendizagem; de Recursos Educativos
Jan/Fev 2011 | PL | 15

ARTE

EXPOSIÇÃO

Brincar com a calçada portuguesa


s trabalhos de calçada portuguesa,
O feitos por alunos da Escola Portugue-
sa de Moçambique – Centro de Ensino e
Língua Portuguesa (EPM-CELP), estavam
ainda expostos no Átrio Principal da nossa
Escola à hora do fecho desta edição. A
exposição, patente entre 18 de Fevereiro
e 4 de Março, foi uma iniciativa do Consu-
lado Geral de Portugal em Maputo, que
recebeu o apoio da EPM-CELP.
A dezena de trabalhos expostos foi
produzida pelos alunos da EPM-CELP no
decorrer da última edição da festa do Dia
de Portugal, de Camões e das Comunida-
des Portuguesas, que teve lugar em 12 de
Junho de 2010, nas instalações da nossa
Escola. Submetidas a concurso, promovi-
do pelo consulado português, as obras são trabalhos puderam ser levantados, no final “ouriversaria” do chão, como a própria côn-
da autoria dos alunos Nayma Melo, a ven- da exposição, pelos encarregados de edu- sul de Portugal em Maputo apelida esta
cedora, Tomás Teixeira, Hermínia Infante cação dos alunos-autores. típica arte de Portugal, observável em
e Marisa Galrito, todos merecedores de Para além das obras originais e res- vários locais do território português.
menções honrosas, e ainda de Ana Cata- pectivas fotografias, constaram da exposi- Aos visitantes da exposição foi facul-
rina Barbosa, Mariana Ascenso, Mariana ção três painéis, que explicavam o próprio tada a oportunidade de adquirirem colec-
Pratas, Gonçalo Rosado, Paulo Ivan, evento e falavam das virtualidades da cal- ções de postais ou unidades individuais
César Tomás e Carolina Quaresma. Estes çada portuguesa, e 11 fotografias da real destes alusivas à calçada portuguesa.

MOMENTOS EPM-CELP
Foto Filipe Mabjaia

Pisar palavras
Soltá-las
Elevá-las
Dançá-las
Esquecê-las
Trazê-las ,
De novo,
Ao chão

texto
SANDRA MENDO
16 | PL | Jan/Fev 2011

AVALIAÇÃO

EXAMES NACIONAIS Calendário 2011


ENSINO BÁSICO (3.º CICLO - 9.º ANO)
1.ª Chamada 2.ª Chamada

Língua Portuguesa (cód 22) 20 de Junho 27 de Junho

Português Língua Não Materna


Nível de iniciação (cód 28) 20 de Junho 22 de Julho

Nível intermédio (cód 29) 20 de Junho 22 de Julho

Matemática (cód 23) 22 de Junho 30 de Junho

ENSINO SECUNDÁRIO (11.º E 12.º ANOS)

Informações mais detalhadas em www.epmcelp.edu.mz/Exames/


Jan/Fev 2011 | PL | 17

DESPORTO

NATAÇÃO CICLISMO

Gustavo Silva é campeão


moçambicano de sub-23
ustavo Silva, 18 anos, aluno do 12.º
G ano da EPM-CELP, sagrou-se cam-
peão nacional de Moçambique de ciclis-
mo de sub-23 e está convocado para inte-
grar a selecção moçambicana que, em
EPM-CELP arrecadou 2011, vai competir nos Jogos Africanos,
em Maputo, e no Campeonato Africano,
mais de 30 medalhas agendado para Novembro, na Costa do
Marfim.
na Gala “Americana” Natural de Joanesburgo, na África do
Sul, Gustavo Silva iniciou a prática do
equipa da EPM-CELP que, em 18 de ciclismo em 2009, por conta própria, e atin-
A Fevereiro, participou na Gala de Nata-
ção da Escola Americana, realizada na
ge agora o topo da modalidade desportiva
em Moçambique, após concluir a prova do
piscina da Associação de Natação da Cida- campeonato nacional de estrada, realiza-
de de Maputo, arrecadou mais de 30 da em 3 de Fevereiro último, no primeiro
medalhas, 13 das quais correspondentes lugar entre os pares do seu escalão etá-
a primeiros lugares nas provas de diver- rio, ou seja, menos de 23 anos. Numa dis-
sos estilos. tância de 167 quilómetros, com partida e
Os alunos participantes e respectivas chegada a Marracuene, a prova reuniu
classificações foram os seguintes: mais de duas dezenas de ciclistas, tendo
Gustavo Silva cortado a meta em quarto
GABRIELA: 2.º lugar (50 metros bruços) e lugar. Para tanto o nosso aluno ainda teve
3.º (50 m mariposa) de recuperar de um atraso considerável
SHANICE: 1.º lugar (50 m bruços, 50 m provocado pela quebra de dois raios de
livres, 50 m costas e 50 m mariposa) uma das rodas da sua bicicleta.
ULI: 3.º lugar (50 m costas) O “Pátio das Laranjeiras” felicita Gus-
ANA JERÓNIMO: 1.º lugar (50 m bruços; 50 tavo Silva pelo êxito desportivo alcançado
m livres; 50 m costas; 50 m mariposa e deseja as maiores felicidades e sucesso
EDUARDA: 2.º lugar (50 m bruços; 50 m para as próximas competições.
livres; 50 m costas; 50 m mariposa
ALBERTINA: 2.º lugar (50 m bruços; 50 m
livres; 50 m costas; 50 m mariposa
JOÃO: 3.º Lugar (50 m costas; 50 m mari- HERÓIS MOÇAMBICANOS
posa
HUGO: 2.º lugar (50 m bruços); 3.º lugar
(50 m livres); 1.º lugar (50 m costas e 50
m mariposa)
Tributo a Eduardo Mondlane
NUNO: 1.º Lugar (50 m livres e 50 m cos- Evocação dos alunos do 8.º ano da EPM-CELP da vida e obra de Eduar-
tas)
PEDRO: 2.º Lugar (50 m livres e 50 m do Mondlane, por ocasião das comemorações do 3 de Fevereiro, Dia
mariposa dos Heróis Moçambicanos.
IVAN MARTINS: 1.º lugar (50 m bruços e 50
m mariposa duardo Mondlane nasceu em 20 de Junho de 1920 e faleceu em 3 de Fevereiro
SHAKIL: 3.º lugar (50 m bruços) E de 1969. Foi um dos fundadores e primeiro presidente da Frente de Libertação
de Moçambique (FRELIMO), a organização que lutou pela independência de Moçam-
A todos os membros da equipa de nata- bique durante o período colonial português. Em 1950, Mondlane especializou-se em
ção da EPM-CELP o “Pátio das Laranjei- Sociologia nos Estados Unidos. Em 1961, visitou Moçambique onde contactou vários
ras” endereça os parabéns pela meritória políticos e convenceu-se que havia condições para a fundação de um movimento de
participação na Gala de Natação da Esco- libertação nacional, que, poucos anos depois, iniciou a luta armada. Eduardo Mon-
la Americana de Maputo e pelos brilhan- dlane deixou viúva Janet Mondlane e três filhos órfãos. Foi autor do livro “Lutar por
tes resultados desportivos alcançados. Moçambique”, sobre o sistema colonial português em Moçambique e as tarefas
Uma presença que prestigia os atletas, os necessárias para a sua libertação.
professores e, naturalmente, a própria ins-
tituição. ALUNOS DO 8.º A
18 | PL | Jan/Fev 2011

TEXTO

p a l av r a empurra p a l av r a
EDIÇÃO Teresa Noronha ...porque há sempre lugar para mais uma palavra!

LITERATURA Abraçar a leitura

leitura implica, indubi- tes, numa musicalidade que mestria vicentina. Um rei atarantado promete
A tavelmente,
entrega pessoal. Ler é,
uma permite, a cada criança, des-
cobrir o mistério que está
uma filha, que não tem, a um dragão furioso
através de um decreto que dava a mão da prin-
antes de mais, estar com… detrás dos rabiscos que cesa a quem o matasse. Ora, perante tal pro-
É comum ouvir dizer- povoam o seu mundo. messa (impossível de cumprir), tudo pode
se entre os mais jovens (ou, A aventura da leitura, do acontecer! Lido em família, em voz alta, num
às vezes, entre os mais gosto pela leitura, advém da cenário confortável, garante momentos ine-
In www.bp.blogspot.com

velhos): não consigo ler, ler relação que estabelecemos, quívocos de boa disposição. A semelhança com
é aborrecido, ler dá-me em pequenos, com os livros. a realidade, ainda que em tom metafórico, pode
sono… Enfim, são muitos Seja uma relação de distân- ser assustadora. Um olhar fugaz à contracapa
os argumentos dos que cia pelo desejo de alcançar o informa “O Reino das Cem Janelas vai conhe-
ainda não se encontraram livro, a história ouvida, uma cer dias agitados, povoados por ministros con-
com o prazer da palavra e outra vez num acaso feliz, selheiros que não sabem muito bem o que ali
lida e descoberta no uni- seja uma relação de proximi- estão a fazer, de conselheiros diplomados em
verso da criação literária. dade pelo prazer de sentir o escrever decretos que não servem para nada.”
Muito se tem dito sobre as vantagens da leitu- livro ao colo da mãe ou do pai, a ligação à lei- No reino das primeiras leituras há mode-
ra. Da enormíssima lista que se poderia aqui tura vai-se construindo. Neste caminho, pais e los clássicos: fadas deslumbrantes e boazinhas
deixar há, pelo menos, dois aspectos a reter: professores desempenham os papéis princi- e bruxas feiíssimas e más, príncipes corajosos,
ler é um acto de liberdade, ler é viajar sem pais. raposas espertas e desinibidas e lobos cruéis
sair do lugar. Impõe-se, porém, uma questão: o que ler? de apetite voraz.
Quando pegamos num livro, aceitamos o Inúmeras respostas são possíveis. Há, contu- A Ovelhinha que veio para o Jantar,
desafio de entrar numa outra dimensão, isto é, do, um princípio orientador (centremo-nos de Steve Smallman, com ilustrações de Joel-
no universo criado por um autor cujo talento nas primeiras leituras). Uma história que encan- le Dreidemy, é um petisco, um gourmet da lite-
e trabalho lhe permitiram reinventar mundos te crianças tem de seduzir o adulto. As gran- ratura infantil. Nesta história também impera
a partir do seu olhar e do seu viver. des narrativas infanto-juvenis não têm idade. o cómico de situação pelo encontro entre um
A leitura é um passaporte para a evasão, Algumas caem-me nas mãos como que por lobo e uma ovelhinha, à hora do jantar. Se, ini-
para o mundo onírico onde reconstruímos magia. Graças e desgraças da corte de El-Rei cialmente, o lobo antevia um banquete, logo
uma história que se projecta numa tela, uma Tadinho, Monarca Iluminado do Reino das mudou de
história da qual, em primeira e última instân- Cem Janelas, de Alice Vieira, é um livro a opinião ao
cias, somos os próprios realizadores. pegar: destino ser con-
A liberdade que temos ao visualizar e sen- certo será a rua da quistado
tir aquilo que lemos é, talvez, a magia maior da fantasia e a aveni- pela ter-
leitura. Ler implica, igualmente, um espírito de da do sonho, nura da
aventura acima da média. Os livros são como ladeadas por deliciosa e
as pessoas: têm aura. Há os que nos fascinam, doses de humor t e n r a
os que gostamos, os que nos são indiferentes que nos fazem presa.
e até os que nos irritam. A nossa disposição balançar entre o Absoluta-
para ler está, necessariamente, associada à tempo ido dos reis m e n t e
nossa curiosidade e capacidade de ver além e os nossos tem- recomendável para todas as idades.
do imediato. Tudo isto pode nascer connosco, pos. Numa escrita A experiência de ler para os mais novos é
mas será, certamente, em dose diminuta ou, límpida, descom- uma lufada de ar fresco para nós próprios.
então, seremos seres de excepção. O homem, prometida, esta Trata-se de uma experiência essencial para o
diz-se, é um animal de hábitos. Tudo se apren- autora dá-nos a alicerçar do gosto pela leitura que, sem dúvi-
de. Aprende-se a ler e aprende-se a gostar de conhecer as peripécias de um rei pouco da, se constrói!
ler. Juntam-se vogais e consoantes, consoantes comum, num jorrar de um cómico de situação ESTELA PINHEIRO
e vogais, vogais e vogais, ditongos e consoan- que, de algum modo, nos transporta para a Professora de Língua Portuguesa

PALAVRA EMPURRA PALAVRA é uma página de referências culturais aberta à participação de todos os que se entusiasmam com as palavras dos outros, quer sejam faladas, cantadas, declama-
das, desenhadas ou pintadas. Não hesite em enviar a sua apreciação crítica sobre um livro de prosa ou poesia, e-book, citação, jornal ou revista, cd ou vinil, cinema, museus, cartaz ou pos-
ter, caricatura, desenho, e-book, teatro, blogue, sítio da Internet ou qualquer outro suporte informativo cujo conteúdo e forma mereça a sua atenção. Partilhe os seus gostos e descobertas!
Escreva palavras a propósito e envie para: patiodaslaranjeiras@epmcelp.edu.mz ou entregue no Centro de Recursos Educativos da EPM-CELP
Jan/Fev 2011 | PL | 19

“PSICOLOGANDO”

REFLEXÃO

A pessoa por detrás do professor


“O professor e a pessoa não são separáveis”
JOAQUIM PINTASSILGO (2006)

uitas são as ocasiões em sala de aula


M onde o professor se depara com situa-
ções que implicam a resolução de proble-
mas de disciplina ou de envolvimento
sócio-afectivo. A maneira como os resolve
parece não ser sempre tão linear como o
seu comportamento pode aparentar.
Nas situações problemáticas quem
resolve o problema? O profissional equi-
pado com algumas técnicas que lhe são
sugeridas pela psicologia ou prescritas na
formação inicial? Ou a pessoa que vive
dentro do professor, que reage em função
dos seus afectos e emoções, sem tempo,
por vezes, para avaliar a técnica que
melhor responderia ao problema?
Por melhor que seja a sua formação e
independentemente da experiência pos-
suída, mais tarde ou mais cedo acabará
por ser dominante na sua prática a pes-
soa do professor, que se sobrepõe aos
conhecimentos adquiridos durante a sua qualidades pessoais que fazem sobres- seu lado, defendem a tese de que “os pro-
preparação académica e profissional. sair alguns profissionais, em qualquer pro- fessores terão uma maior competência
Neste período, ao futuro professor são fissão”, não fugindo a de professor, de cer- pedagógica (...) quanto mais elevado for o
ensinadas técnicas para uma intervenção teza, a esta máxima. desenvolvimento do eu do professor”.
qualificada na resolução de problemas na Ainda neste âmbito, Dias Agudo, por As emoções dos professores, a sua
sala de aula, as quais constituem instru- seu turno, afirma que o “perfil humano de estabilidade e controlo emocionais, aca-
mentos de grande utilidade para a prática alguém pode ou não recomendá-lo para o bam por trazer a pessoa do professor ao
docente, sobretudo do jovem professor. exercício desta função, em particular por palco do seu ser na sala de aula, sobre-
Formar a pessoa do professor corres- via da dignidade de que ela se deve reves- pondo-se à técnica proveniente da sua for-
ponde, por outro lado, a contribuir para a tir”. No que toca à relação existente entre mação.
estruturação da sua personalidade, adap- o desenvolvimento pessoal e a competên-
tando-a ao contexto de sala de aula e pre- cia pedagógica do professor, que deverá ALEXANDRA MELO
parando-a para as relações interpessoais, ser desenvolvida e “educada” na forma- Psicóloga do Serviço de Psicologia
no meio das quais os traços da personali- ção de professores, Simões & Simões, por e Orientação da EPM-CELP
dade são fundamentais para uma interac-
ção social estável e saudável entre a pes-
soa do professor e a pessoa do aluno.
Será, então, que a personalidade se
sobrepõe à técnica? A verdade é que o
Formação e desenvolvimento pessoal
professor, antes de o ser, é pessoa, que,
motivação para escrever sobre a pessoa que está
em grande medida, parece “comandar” o
professor que foi submetido a cursos de
formação profissional, mas não de forma-
A presente na figura do professor partiu da vivência
profissional de Alexandra Melo enquanto psicóloga na
ção pessoal, como é mais usual. EPM-CELP, onde centra a sua observação no desempe-
“Mais do que funcionário do saber, um nho da tarefa docente de educação e orientação dos alu-
professor é profissional do ser”, afirma, a nos, bem como no modo como os professores solucio-
propósito, Reis Monteiro, acrescentando nam os problemas ligados à gestão do comportamento
que o professor “mais do que instruir, exer- dentro da sala de aula.
ce, sobre as crianças, adolescentes, O texto acima publicado integra a dissertação de
jovens ou adultos com quem trabalha, uma mestrado em Ciências da Educação, variante de Forma-
influência geral” e “é, com os pais, uma ção Pessoal e Social, apresentada por Alexandra Melo na
referência privilegiada na formação da sua Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em
personalidade.” Para este autor “são as Dezembro de 2008, sob orientação de Cecília Galvão.
20 | PL | Jan/Fev 2011

GALA JOVEM

Elegância
e charme

A edição 2011 da Gala Jovem atraiu muito público à


EPM-CELP. Mais uma iniciativa da Comissão de Fina-
listas da nossa Escola que, na noite de sábado de 26
de Fevereiro, fascinou o público com modas e ten-
dências em desfile e muita animação musical. Um
espectáculo de luz, cor, elegência e sensualidade.

Alunos finalistas da EPM-CELP

“Nem me falta na vida honesto estudo/Com longa experiência misturado” - Luís de Camões

You might also like