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Índice
Introdução 4
Parte I
1. Fundação e Expansão da União Europeia 7
2. União Europeia e a Cultura 10
3. Breve Retrato dos Programas de Apoio 15
4. Mobilidade e Redes 21
Parte II
5. Estudo de caso: IRIS 23
6. Discussão 29
Conclusões 30
Fontes de documentação 33
Anexos 34
2
Para a realização deste Projecto foi essencial poder ter contado com a experiência de
professores, de profissionais da área e com a colaboração de amigos, que se
disponibilizaram desde o primeiro momento a darem a sua contribuição. Queria aqui
dar conta do meu sincero reconhecimento e de lhes dedicar este trabalho que agora
apresento e com o qual termino a minha licenciatura em Teatro - Produção.
3
Introdução
Este trabalho é um passo essencial para a conclusão da licenciatura em Teatro, ramo
de Produção, da Escola Superior de Teatro e Cinema. Pretende-se uma abordagem,
simultaneamente conceptual e pragmática, a este sector de actividade profissional –
Produção de Teatro.
Contudo, cedo percebi que, em cidades desta dimensão, tinha os problemas da gestão
das “características comuns”, excesso de informação e de concorrência e, por último,
dificuldade em envolver a população em iniciativas políticas e artísticas.
4
através deste caso, bastante mediático, que fiquei sensibilizado para as diferenças que
existem no acesso à justiça nas várias cidades da União Europeia (UE).
Quando Zuzana Cingelova, com quem tive o privilégio de privar, politizou a sua
causa, partidarizando-a, afastei-me, mantendo o meu interesse no conceito de rede e
na promoção da europalization através da intervenção artística.
Durante esse ano, integrei o grupo que organizou a conferência anual da rede
ENCATC (European Network of Cultural Administration Training Centres)1, em
Bratislava.
Através destas experiências, tomei contacto com a realidade das redes, apercebendo-
me da enorme importância que estas podem desempenhar no esbatimento de
contrastes entre os vários Estados-Membros, pois, ao dar uma dimensão europeia a
um problema local de desrespeito pelos valores da UE, a pressão para a sua resolução
aumenta exponencialmente. Tudo isto com vista à construção e harmonização do
espaço europeu.
Foi este o ponto de partida para a minha primeira abordagem “organizada” ao sector
no qual espero vir a profissionalizar-me. O trabalho pretende debruçar-se sobre as
redes culturais (networking) no panorama cultural europeu.
1
http://www.encatc.org/about_encatc/index.lasso
5
das suas políticas culturais, através da análise dos programas de apoio à
mobilidade. Aqui, também se tenta discutir se a estrutura de rede é a melhor
preparada para dar resposta à mobilidade e à cooperação transnacional, tendo
em conta a própria história da UE, o conceito de cultura (ou culturas).
A escolha da IRIS teve como base o facto de ser uma estrutura vocacionada para a
arte contemporânea, com uma dimensão multidisciplinar no sentido em que integra
companhias de teatro e dança. O generoso acesso à rede oferecido pelo seu
Presidente, o programador Miguel Honrado, possibilitou um retrato que espero
interessante.
Para a realização deste trabalho, para além da bibliografia que tive de ler, assisti a
diversas conferências sobre o tema, promovidas tanto pelo centro Jacques
Delors/CultDigest como pela Comissão Europeia (CE).
Finalizando, julgo que este trabalho resultou, ao nível pessoal, como uma excelente
conclusão da licenciatura, obrigando a relacionar ideias e opiniões a conceitos e a
bibliografia. Também permitiu construir e testar uma ferramenta de trabalho na
análise de uma realidade concreta, com problemas e acessos muito específicos.
Parte I
2
GHIGLIONE, Rodolphe. O inquérito. Oeiras: Celta, 1999.
6
1. Fundação e expansão da União Europeia
O motor da história da União Europeia, tal como indica a sua primeira denominação,
é a economia e a livre circulação de pessoas e de bens. Pode-se discutir desde já, os
seus efeitos numa ideia partilhada de “Europa Cultural”, ao apresentar o lema da
União: Unida na diversidade.
7
organizado do mundo, que começará rapidamente a discutir as vantagens e
desvantagens da moeda única.
Entre 1981 e 1986, três novos membros juntam-se: Grécia, Portugal e Espanha
estabilizando a “Europa dos Doze” até 1995. Durante este período são lançados
importantes programas de intercâmbio e de apoio à mobilidade como o programa
Esprit.
Ainda em 1986, é criado o Acto Único Europeu, assinado em 1986, prevê eliminar
obstáculos aduaneiros, aumentar a influência do Parlamento e reforçar os poderes da
CEE em matéria de ambiente.
8
um período máximo de um ano. Mais de dois milhões de jovens beneficiaram já do
programa Erasmus ou de programas similares.
Com o 1.º de Janeiro de 1993, dá-se a criação do mercado único, preconizada sob as
suas quatro liberdades: a livre circulação das mercadorias, dos serviços, das pessoas e
dos capitais. Não obstante certos serviços não serem abrangidos, é o culminar de
vários actos legislativos que já haviam sendo implementados desde 1986.
Com o Euro a 1 de Janeiro de 2002, encontra-se mais eco do lema da UE: “Unida na
diversidade”. Mais de 80 mil milhões de moedas e de notas são colocadas em
circulação e, apesar das notas serem iguais em todos os países, as moedas mantêm
uma face com um símbolo nacional.
9
também, constituindo os 27. A Croácia, a Turquia e a República da Macedónia são
também países candidatos à adesão.
Cultura ou civilização, no sentido etimológico mais lato do termo, é esse todo complexo que
compreende o conhecimento, a crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e as outras
capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade.3
Um sistema de valores que influência tanto o que rege a nossa vida como o fim para o qual
vivemos: a memória, fazer parte da História, os relacionamentos, os laços familiares, o local, a
comunidade, a satisfação emocional, o gozo intelectual, a liberdade de expressão e o derradeiro
sentido da existência.4
3
CUCHE, Denys. A Noção de Cultura nas Ciências Sociais. Lisboa: Fim De Século, 1999, p.40
4
ARKIO T. et al. Towards a New Cultural Framework Programme oh the European Union. 2003
5
SANTOS, Maria de Lourdes Lima dos,. «As Políticas Culturais». Análise Social, vol. XXVI (114),
1991 (5.º), 991-1009, p.991
6
Projecto de Tratado que altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que Institui a Comunidade
Europeia, 2007
10
No século XVIII a cultura foi utilizada pelos meios intelectuais burgueses alemães
para promover a unidade dos diferentes principados alemães.
Manifesta-se cada vez mais a vontade de reabilitar a língua alemã (a vanguarda intelectual
exprime-se exclusivamente nesta língua) e de precisar, no domínio do espírito, aquilo que é
especificamente alemão. Não estando a unidade nacional alemã realizada, e não parecendo
realizável ao tempo no plano político, a intelligentsia, que tem uma ideia cada vez mais
elevada da sua missão “nacional”, vai procurar a unidade no domínio da cultura.7
Extrapolando este exemplo para a UE, podemos arriscar trocar “aquilo que é
especificamente alemão” pelo que é especificamente europeu:
7
COUCHE. Op. Cit. p.35.
8
Projecto de Tratado que altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que Institui a Comunidade
Europeia, 2007.
11
apoio a eventos culturais e artísticos que envolvessem pelo menos 3 Estados-
Membros. Este programa foi chamado: Caleidoscópio -será descrito adiante.
Artigo 128.º
1. A Comunidade contribuirá para o desenvolvimento das culturas dos Estados-
Membros, respeitando a sua diversidade nacional e regional, e pondo
simultaneamente em evidência o património cultural comum.
2. A acção da Comunidade tem por objectivo incentivar a cooperação entre Estados-
Membros e, se necessário, apoiar e completar a sua acção nos seguintes domínios:
- Melhoria do conhecimento e da divulgação da cultura e da história dos povos
europeus,
- Conservação e salvaguarda do património cultural de importância europeia,
- Intercâmbios culturais não comerciais,
- Criação artística e literária, incluindo o sector audiovisual.
3. A Comunidade e os Estados-Membros incentivarão a cooperação com os países
terceiros e as organizações internacionais competentes no domínio da cultura, em
especial com o Conselho da Europa.
4. A Comunidade terá em conta os aspectos culturais na sua acção ao abrigo de outras
disposições do presente Tratado.
12
Com o novo Tratado de Amesterdão de 1997, este artigo foi incluído integralmente,
com uma alteração no parágrafo 4º:9
9
Com a futura entrada em vigor do Tratado que altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que
Institui a Comunidade Europeia (anteriormente denominado por Constituição Europeia) a
correspondência dos artigos será outra. No entanto, a partir do projecto do novo Tratado -que está
sujeito a alterações, lê-se: “É inserido um Capítulo 2, "A CULTURA", que retoma a denominação do
Título XII.” e “É inserido um artigo 176.º-D, com a redacção do artigo 151.º”. Apenas o n.º 5, relativo
aos procedimentos técnicos a adoptar para a realização dos objectivos, seria alterado.
10
Adaptado do Centro de Documentação:
http://www.eurocid.pt/pls/wsd/wsdwcot0.detalhe?p_cot_id=1451&p_est_id=4153
13
Em 1994, o programa foi reestruturado para financiar eventos culturais de maior
eficácia e fomentar a criação e cooperação de artistas e de agentes culturais, através
de uma rede que os unisse, permitindo desta forma uma melhoria no acesso público
ao Património Europeu. Entre 1990 e 1995 a Comissão apoiou mais de 500 projectos
culturais.
x Complementaridade
x Subsidiariedade
Por outras palavras, pode-se dizer que a Comissão intervirá apenas em projectos que
promovam a aproximação dos Estados-Membros, cuja acção se traduza num valor
acrescentado europeu e depois do recurso à intervenção nacional, regional ou local.
11
Retirado do Centro de Documentação:
http://www.eurocid.pt/pls/wsd/wsdwcot0.detalhe?p_cot_id=1451&p_est_id=4153.
12
Retirado da Nota Informativa, Outubro de 2006, Programa Cultura (2007-2013), Ponto Contacto
Cultural.
14
capaz de criar um resultado final qualitativamente diferente da soma das várias
acções;
15
3.1. Caleidoscópio
16
3.2. Ariane
No seu conjunto, Ariane apoiou 767 traduções de literatura, peças de teatro, bem
como outras obras de referência.
3.3. Rafael
17
3.4. Cultura 2000
Cultura 2000 foi um programa da Comunidade estabelecido para sete anos (2000-
2006), com um orçamento total de 236,5 milhões de euros. Ao contrário dos projectos
anteriores, o Cultura 2000 subsidiou projectos de todas as áreas artísticas e culturais
(artes de espectáculo, artes plásticas e visuais, literatura, património cultural e
histórico).
Tratou-se do passo mais ambicioso dado até ao momento, uma vez que o objectivo do
Cultura 2000 era promover uma área cultural comum caracterizada pela sua
diversidade e pela partilha do património cultural. A selecção dos projectos apoiados
pela Comissão, foi feito por um júri constituído por especialistas das várias áreas.
Tendo sido criado para promover a cooperação artística e cultural na Europa e para o
desenvolvimento de uma área cultural comum, o programa Cultura 2000 apoiou
projectos artísticos e culturais a uma dimensão europeia, ao nível da criação,
organização e implementação de festivais, workshops, novas produções, visitas
guiadas, traduções e conferências. Todas estas actividades destinam-se, não só a
artistas e agentes culturais, mas também a uma audiência mais vasta incluindo jovens
e pessoas desfavorecidas social ou economicamente. Grande parte dos projectos
possuiu uma vertente de multimédia através da criação de websites e de fóruns de
discussão.
18
As principais categorias de admissão eram as seguintes:
13
Decisão n.º 1855/2006/CE do Parlamento Europeu e do Conselho.
14
Programa Cultura 2007.
19
Em relação aos objectivos específicos deste programa, podem ser apontados três:
Tal como se entende pela leitura dos objectivos do Cultura 2007, este não é um
programa de apoio à cultura per se. Aqui pretende ser, e assume esse papel, um
promotor da construção do espaço cultural europeu e da cidadania europeia, através
da cooperação dos sectores da cultura.
20
atravessem sectores culturais.
Por outro lado e ainda que continue a ser possível aos agentes culturais proporem
“livremente” os seus projectos, sejam eles sectoriais ou transectoriais, com a
transdisciplinariedade vem um problema de composição do próprio júri que se torna
muito complexo perante a crescente especialização das diferentes áreas artísticas.
Cada aposta levanta problemas específicos a áreas culturais diferentes, que se tornam
mais complexos com a interacção de estruturas muito diferentes – por exemplo,
quando um projecto pretende integrar museus e teatros.
Aqui as redes ganham uma nova dimensão no contexto das políticas culturais da UE.
Ganham o potencial de canais de comunicação e de parceria entre agentes de vários
países, levando mais longe os conceitos de identidade e de tradição.
4. Mobilidade e Redes
15
CASTELEIRO, João Malaca (org.). Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. Lisboa:
Academia de Ciências de Lisboa, 2001
16 Dr. Jorge Cerveira Pinto numa sessão de esclarecimento sobre o “Cultura 2007” no centro Jacques
Delors.
21
As redes organizam-se em torno de profissionais ou de estruturas que exercem a
mesma função, desenvolvem trabalho na mesma área ou têm os mesmos objectivos. O
grau de formalidade e de confiança entre os membros de uma rede pode variar
bastante, o que geralmente está relacionado com a sua dimensão e características dos
membros associados.
Na definição de uma rede, vários pressupostos têm que ser assegurados. Antes de
mais, a rede é uma estrutura que se organiza horizontalmente e serve os interesses dos
seus membros. Pretende-se um espaço que privilegia a confiança e a comunicação
entre os seus membros e que promove a partilha de experiências, de boas práticas e de
conhecimentos no geral.
Nas palavras do programador Miguel Honrado, presidente da Rede IRIS, “a chave do
sucesso de uma rede é esta nunca se permitir distanciar do seu terreno de actividade.
É necessário haver uma relação directa entre o nível directivo da rede e os seus
membros estimulando uma estrutura dinâmica e não burocrática.”
Podemos enumerar, deste modo, vantagens genéricas dos membros das redes que
estão, muitas vezes, subjacentes à sua adesão e à manutenção da mesma:
17
Gil Mendo, Programador de Dança da Culturgest, membro da IRIS.
22
No enquadramento programático referido anteriormente, no ponto 3, tem sido feito
um investimento cada vez maior no desenvolvimento das redes, apostando em três
conceitos estratégicos: mobilidade, transnacionalidade e, mais recentemente,
transdisciplinariedade.
Parte II
A IRIS é uma rede cultural cuja totalidade dos membros fazem parte da UE. Foi
constituída por se considerar necessário divulgar e aproximar os projectos de criação
contemporânea da Europa do Sul, em particular, nos quatro países que constituem
esta rede: Espanha, França, Itália e Portugal.
18
http://www.iris-eu.com/por/apresent.htm
23
Para integrar a IRIS, a nova estrutura deve apresentar uma candidatura ao Conselho
de Administração, que procede ao rastreio, apresentando-as depois em Assembleia
Geral, onde terão de ser ratificadas. Os critérios são: trabalharem num dos quatro
países membros e desenvolverem um projecto de criação contemporânea. A IRIS
conta actualmente com 58 membros (12 em Espanha, 19 em França, 17 em Itália, 10
em Portugal).19
O festival MIRA é uma mostra de artes de palco (teatro, dança, música), realizado
com a ajuda de fundos europeus, através do programa INTERREGIII21, que pretende
dinamizar o intercâmbio europeu nas artes performativas contemporâneas. Nasceu em
2001 como resultado de uma parceria transnacional ao serviço da cooperação artística
e cultural entre França, Espanha e, posteriormente, Portugal.
19
Instituto das Artes | Ministério da Cultura, Relatório de Actividades, 2005
20
vide: http://www.mira-toulouse.com.
21
http://www.interregiii.org.uk.
24
Analise-se a envolvente imediata. Efectivamente, com a excepção da França, tanto em
Itália, como em Espanha e em Portugal, o apoio à criação contemporânea é algo
muito recente. “As políticas culturais nestes estados estão mais voltadas para a cultura
enquanto património do que para a cultura enquanto criação contemporânea”,
explicou o presidente da IRIS, Miguel Honrado.
22
vide: http://www.onda-international.com/onda.php.
25
figura de membro associado. Esta figura permite uma relação simbiótica entre os
organismos oficiais do estado para a promoção da cultura e os agentes culturais que
desenvolvem trabalho de campo. Por um lado a IRIS influencia e sensibiliza os
poderes políticos e por outro os organismos estatais estão mais próximos do terreno
profissional do seu país e dos outros países e podem decidir de uma maneira mais
profunda sobre os destinos das políticas culturais.
Finalmente, também se pretende que estes países do sul europeu possam, a médio
prazo, servir de ponte entre a Europa e os países do Norte de África, através da
produção contemporânea. A criação de uma plataforma de diálogo com a margem sul
do Mediterrâneo e com os seus agentes culturais proporcionaria uma relação de
proximidade e possibilitaria a partilha de conhecimentos e a sensibilização para a
criação contemporânea junto das autoridades locais.
x Assembleias Gerais (AG) – Num dos quatro países da rede, reúnem-se todos
os membros, duas vezes por ano, durante dois dias, durante os quais se
procede a uma consulta às bases. Estes encontros são sempre complementados
26
com uma agenda de espectáculos para promover o trabalho de artistas
nacionais.
27
x A presença no núcleo duro da proposta de criação da rede de algumas
organizações institucionais gerou algumas desconfianças.
x A rede nasceu com várias dezenas de membros fundadores, muitos dos quais
não se conheciam antes, o que dificultou a clareza inicial de propósitos.
x Ao mesmo tempo, uma rede que funciona apenas das quotizações dos seus
associados só pode desenvolver os seus serviços mínimos: AG e proporcionar
a comunicação entre os seus membros.
28
6. Discussão
Existe uma política cultural para a Europa? Se considerarmos a política cultural como
o entendimento que a Comissão Europeia faz sobre o que deveria ser o espaço
cultural europeu, estabelecendo objectivos e implementando as respectivas medidas
para os alcançar, então há que reconhecer que existe uma política cultural na Europa.
29
7. Conclusão
Desde o Tratado de Roma que a cultura foi considerada “elemento unificador dos
povos” e agora, no início do século XXI, a concretização do sonho de uma Europa
Unida é viável, tendo as redes culturais um papel fundamental no processo. Para a
sustentabilidade da União Europeia não chega a viabilidade económica, é também
essencial consolidar o “espaço cultural europeu”, que desencoraja a proliferação de
movimentos etnocentristas e nacionalistas, promotores da intolerância e da divisão.
De há uns anos a esta parte, as redes europeias tornaram-se também pontes de ligação
com outros continentes e outras realidades culturais como por exemplo o
Mediterrâneo, África, Extremo Oriente e América Latina, alargando esta visão à
escala mundial e contribuindo para diminuir um certo sentido paternalista
tradicionalmente europeu.
A fantasia de uma Europa que se volte a sonhar a si própria, não mais, como outrora, partindo
de uma qualquer eurocêntrica concepção de homem ou de um ingénuo e bem intencionado
humanismo, mas que seja capaz de se re-sonhar, reinvestindo na sua especificidade de uma
forma mítico-poética, quer dizer, utópica.24
23
Conf. Bourdet, Claude, A Farsa da Europa, Forja Editora, 1978, p. 14
24
Sobre Eduardo Lourenço e a Europa. Apud BAPTISTA, Maria Manuel. «A Utopia Europa em
Eduardo Lourenço». Comunicação apresentada à Conferência Internacional «A Europa: Realidade e
Fantasia», promovido pelo Centro de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, Aveiro, 8 e 9 de
Fevereiro de 2001.
30
As redes culturais promovem o diálogo intercultural e esta é a melhor forma de
aproximar culturas e pessoas. O desconhecido torna-se conhecido, a desconfiança dá
lugar à curiosidade e a confiança substitui o medo. Há esperança!
A Europa Cultural tem de ser um espaço que traduza o respeito pelos valores
democráticos da União:
25
Resolução do Council and Ministers of Culture em November de 1991.
26
Adaptado do Centro de Documentação:
http://www.eurocid.pt/pls/wsd/wsdwcot0.detalhe?p_cot_id=1451&p_est_id=4153
31
Assumindo o lema europeu: “Unida na diversidade” garantimos a riqueza que há na
diferença e banimos as vontades homogeneizadoras tanto do entendimento como da
expressão.
“A rede encara, no fundo, o espírito de transposição que é o espírito da UE. Transpor as barreiras,
transpor os limites que existem, tanto psicológicos como físicos ou políticos. O conceito de
transposição que existe na rede está de acordo com o espírito da UE.” Miguel Honrado
32
8. Fontes documentais
8.1. Bibliografia
Projecto de Tratado que altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que Institui a
Comunidade Europeia, 2007
Nota Informativa, Outubro de 2006, Programa Cultura (2007-2013), Ponto Contacto
Cultural.
ARKIO T. et al. Towards a New Cultural Framework Programme oh the European
Union. 2003
University of Arts in Belgrade, Cultural Networks. Cultural Mobility. Cultural Co-
operation, On The Move Training Session 2003, Belgrado, 2003
Programa Cultura 2007.
Centro de Documentação - www.eurocid.pt
33
Anexos
Número de contactos 83
Número de contactos com erro de envio 16
Número de respostas 7
34
Messieurs, Mesdames,
Mon nom est Miguel Robin de Andrade et je suis élève de derniére année en
Production Théâtrale à Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa.
Je suis en train de rediger mon mémoire de fin d'études sur le théme des Réseaux
Culturels Européens, et j'ai choisi le réseau IRIS pour conduire une étude de cas.
Jusqu'á ce jour, j'ai déjà réuni un bon nombre d'information diversifiée, dont la plupart
me fut donnée par Mr. Miguel Honrado, que j'ai eut le plaisir d'interviewer.
Mr. Miguel Honrado m'a promis de vous faire parvenir ce petit questionnaire, et je
vou sremercie d'ors-et-déjà le temps que vous y consacrerez. Vos réponses sont de
grande importance pour le developpement de ce travail. Des réponses directes et
bréves sont bienvenues, tout comme des réponses plus elaborées, si cela vous est plus
convenable.
Je vous remercie pour votre attention et attends votre réponse avec grand intêret.
Je vous prie d'agréer, Messieurs et Mesdames, mes sincères salutations.
Questionnaire:
x Nature de la structure:
x Nationalité:
x Depuis quand êtes-vous membre de la IRIS ?
x Pour quelle raison êtes-vous devenu membre ?
x Quels avantages trouvez-vous au fait d´être membre de l'IRIS.
x Avez-vous trouvé quelque desavantage Lequel ?
x Si vous avez des avantages en étant inscrits, nommez les outils que vous avez
ganhé depuis votre inscription
x Quel est le reflet, dans votre structure, d´^etre membre du réseau ?
x Bref commentaire personnel sur le rôle des réseaux dans le contxte culturel de
l'Europe.
35
Caros Senhores,
O meu nome é Miguel Robin de Andrade e sou aluno do último ano do curso de
Produção de Teatro da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa.
Estou a realizar o meu trabalho final de curso sobre o tema: Redes Culturais
Europeias e optei pela rede IRIS para fazer um estudo de caso.
Neste momento já reuni diversa informação sobre a IRIS e muita desta foi-me
facultada pelo Dr. Miguel Honrado, que também tive o prazer de entrevistar.
O Miguel Honrado prometeu-me fazer chegar a vós este breve questionário, ao qual
agradeço sinceramente o tempo dispendido. As vossas respostas são de uma
importância muito grande para este trabalho. Respostas directas e breves são muito
bem vindas, assim como outras formas de exposição.
Melhores Cumprimentos,
Questionário:
x Natureza da estrutura:
x Nacionalidade:
x Há quanto tempo é membro da IRIS?
x Porque razão tornou-se membro?
x Encontrou algumas vantagens ao estar inscrito na rede IRIS?
x Pelo contrário, o que encontrou foram desvantagens? Quais?
x Caso tenha tido vantagem em estar ali inscrito, nomeie as ferramentas que
ganhou desde a sua inscrição na rede?
x Qual o reflexo, na sua estrutura, da participação na rede?
x Breve consideração pessoal sobre o papel das redes no contexto cultural da
Europa.
36