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Miguel Robin de Andrade

Das Redes Culturais à ‘‘União’’ Europeia

Projecto realizado no âmbito da integração curricular no Processo de Bolonha

Escola Superior de Teatro e Cinema


Politécnico de Lisboa
Setembro 2007

1
Índice

Introdução 4
Parte I
1. Fundação e Expansão da União Europeia 7
2. União Europeia e a Cultura 10
3. Breve Retrato dos Programas de Apoio 15
4. Mobilidade e Redes 21
Parte II
5. Estudo de caso: IRIS 23
6. Discussão 29
Conclusões 30
Fontes de documentação 33
Anexos 34

2
Para a realização deste Projecto foi essencial poder ter contado com a experiência de
professores, de profissionais da área e com a colaboração de amigos, que se
disponibilizaram desde o primeiro momento a darem a sua contribuição. Queria aqui
dar conta do meu sincero reconhecimento e de lhes dedicar este trabalho que agora
apresento e com o qual termino a minha licenciatura em Teatro - Produção.

À Professora Conceição Mendes que aceitou ser a Tutora deste projecto.


Ao Orientador, Miguel Abreu, com quem discuti as linhas fundadoras e os conceitos-
chave que desenvolvi no projecto.
À Inês Bettencourt da Câmara que tão generosamente me ofereceu a sua experiência e
o seu escritório para o bom termo deste projecto.
Ao Miguel Honrado, presidente da rede IRIS, que me facultou um retrato bastante
actualizado e profundo da realidade das redes culturais, acedendo a responder a todas
as perguntas que lhe fiz sobre o tema.
A todos os membros da rede IRIS que aceitaram responder ao inquérito que lhes
coloquei.

São Marcos, Setembro de 2007

Miguel Robin de Andrade

3
Introdução
Este trabalho é um passo essencial para a conclusão da licenciatura em Teatro, ramo
de Produção, da Escola Superior de Teatro e Cinema. Pretende-se uma abordagem,
simultaneamente conceptual e pragmática, a este sector de actividade profissional ––
Produção de Teatro.

Tendo tido o privilégio de frequentar a Vysoká Skola Múzicky Umení (VSMU), em


Bratislava, Eslováquia, no âmbito do programa europeu Erasmus, desenvolvi um
projecto que assentava no princípio das cidades geminadas (twin cities). Aqui
procurava ultrapassar o limite numérico de ““duas cidades””, unindo quatro cidades
com características comuns, o que, na prática, levava à criação de uma ‘‘rede’’ ou
plataforma de redes no contexto europeu.

Do ponto de vista processual e conceptual, o projecto viveu mudanças significativas


que fizeram com que as redes se tornassem centrais na minha perspectiva
profissional:

No início, o objectivo consistia em ligar quatro Cidades capitais. O primeiro critério


de selecção dependia da minha própria rede social, procurando cidades com pessoas
““conhecidas””.

Contudo, cedo percebi que, em cidades desta dimensão, tinha os problemas da gestão
das ““características comuns””, excesso de informação e de concorrência e, por último,
dificuldade em envolver a população em iniciativas políticas e artísticas.

Finalmente, a título de esclarecimento, devo frisar que se tratava de um projecto


muito politizado. Um dos objectivos passava por ““europeizar”” um problema nacional
(europalization), a partir das cidades da rede e através de acções de intervenção
artística concertadas, aproximando culturas, nacionalidades e cidadãos. Naquele
projecto, por exemplo, o objectivo era tornar objecto de discussão o debate sobre o
desrespeito pelos trabalhadores fabris e a corrupção existente ao nível do patronato e
dos sindicatos da US Steel em Kosice, no leste da Eslováquia.

Zuzana Cingelova, antiga operária da US Steel, denunciou o não cumprimento de


normas de segurança com a cumplicidade do sindicato, tendo sido, por isso,
ilegalmente despedida e, posteriormente, agredida, ameaçada e perseguida. Foi

4
através deste caso, bastante mediático, que fiquei sensibilizado para as diferenças que
existem no acesso à justiça nas várias cidades da União Europeia (UE).

Quando Zuzana Cingelova, com quem tive o privilégio de privar, politizou a sua
causa, partidarizando-a, afastei-me, mantendo o meu interesse no conceito de rede e
na promoção da europalization através da intervenção artística.

Durante esse ano, integrei o grupo que organizou a conferência anual da rede
ENCATC (European Network of Cultural Administration Training Centres)1, em
Bratislava.

Através destas experiências, tomei contacto com a realidade das redes, apercebendo-
me da enorme importância que estas podem desempenhar no esbatimento de
contrastes entre os vários Estados-Membros, pois, ao dar uma dimensão europeia a
um problema local de desrespeito pelos valores da UE, a pressão para a sua resolução
aumenta exponencialmente. Tudo isto com vista à construção e harmonização do
espaço europeu.

Em simultâneo, também temos vivido um momento de mudança e de discussão no


sector da cultura e do património, quer nas abordagens mais conservadoras, quer nas
contemporâneas, que põe em causa conceitos que, noutro contexto, me pareceriam
inquestionáveis: cultura, património, identidade, estado. As questões dos públicos,
dos efeitos e do próprio financiamento tornaram-se problemas prementes que
poderiam encontrar caminho nas redes europeias.

Foi este o ponto de partida para a minha primeira abordagem ““organizada”” ao sector
no qual espero vir a profissionalizar-me. O trabalho pretende debruçar-se sobre as
redes culturais (networking) no panorama cultural europeu.

A apresentação estrutura-se de uma forma muito simples e directa. A sua principal


mais-valia consiste na organização de informação e de perspectivas sobre a realidade
das redes culturais na União Europeia. Está dividido em duas partes distintas:

x Primeiro, faz-se um breve enquadramento ao contexto do estudo. Apresenta-


se uma história sintética da União Europeia e, mais em particular, a evolução

1
http://www.encatc.org/about_encatc/index.lasso

5
das suas políticas culturais, através da análise dos programas de apoio à
mobilidade. Aqui, também se tenta discutir se a estrutura de rede é a melhor
preparada para dar resposta à mobilidade e à cooperação transnacional, tendo
em conta a própria história da UE, o conceito de cultura (ou culturas).

x Na segunda parte privilegiou-se a componente pragmática do projecto através


do estudo de caso da rede IRIS. Através da auscultação de membros desta
rede, estuda-se a pertinência do conceito de rede e as vantagens deste modelo.

A escolha da IRIS teve como base o facto de ser uma estrutura vocacionada para a
arte contemporânea, com uma dimensão multidisciplinar no sentido em que integra
companhias de teatro e dança. O generoso acesso à rede oferecido pelo seu
Presidente, o programador Miguel Honrado, possibilitou um retrato que espero
interessante.

O estudo de caso foi feito através do recurso a duas metodologias diferentes.


Realizou-se uma entrevista em profundidade ao Presidente da IRIS, na qual se
procurava conhecer a história e os seus objectivos, identificando resultados inerentes
a este processo de trabalho em rede. Depois deste momento, foi aplicado um inquérito
muito curto, em francês (porque é a língua de trabalho oficial da rede), a todos os
parceiros. Todo este trabalho teve um carácter exploratório que exigiu o estudo deste
tipo de técnicas de investigação (entrevista e inquérito), com o objectivo de evitar
erros sistemáticos.2

Para a realização deste trabalho, para além da bibliografia que tive de ler, assisti a
diversas conferências sobre o tema, promovidas tanto pelo centro Jacques
Delors/CultDigest como pela Comissão Europeia (CE).

Finalizando, julgo que este trabalho resultou, ao nível pessoal, como uma excelente
conclusão da licenciatura, obrigando a relacionar ideias e opiniões a conceitos e a
bibliografia. Também permitiu construir e testar uma ferramenta de trabalho na
análise de uma realidade concreta, com problemas e acessos muito específicos.

Parte I

2
GHIGLIONE, Rodolphe. O inquérito. Oeiras: Celta, 1999.

6
1. Fundação e expansão da União Europeia

O motor da história da União Europeia, tal como indica a sua primeira denominação,
é a economia e a livre circulação de pessoas e de bens. Pode-se discutir desde já, os
seus efeitos numa ideia partilhada de ““Europa Cultural””, ao apresentar o lema da
União: Unida na diversidade.

Vivendo a devastação económica e ideológica pós Segunda Grande Guerra, pode-se


ver através do tratado de 18 de Abril de 1951, uma ponte de cooperação económica.
Inspirados no Plano Schuman, a Alemanha, a Bélgica, a França, a Itália, o
Luxemburgo e os Países Baixos aceitam colocar as suas indústrias pesadas do carvão
e do aço sob uma autoridade comum. Trata-se de um acto duplamente simbólico. Por
um lado, é a primeira visão de uma Europa renovada e dialogante. Por outro, a partir
desse momento nenhum poderia fabricar armas de guerra para as dirigir contra os
outros.

Com o Tratado de Roma, os Seis fundadores originais alargam o seu âmbito de


cooperação a outros sectores económicos. Deste modo, a 25 de Março de 1957, é
criada a Comunidade Económica Europeia (CEE), ou ““mercado comum””, cujo
objectivo é a livre circulação das pessoas, das mercadorias e dos serviços entre os
Estados-Membros.

Através do alargamento da natureza da união, começa-se a criar um novo sentido de


Europa auto-suficiente e com um papel internacional. Os anos de 1962 e 1963
mostram-se prolíficos neste aspecto: primeiro, o lançamento da política agrícola
comum que torna possível uma gestão mais racional desses recursos. E no ano
seguinte, a CEE assina o seu primeiro grande acordo internacional de assistência a 18
antigas colónias africanas. Desde então, tem vindo a alargar os esforços de ajuda ao
desenvolvimento dos países mais desfavorecidos, em que o respeito pelos Direitos do
Homem constitui a primeira condição para poder beneficiar desta ajuda.

Em 1968 são suprimidos os direitos aduaneiros entre os Seis, concretizando as


condições para o comércio livre. São aplicados os mesmos direitos aduaneiros aos
produtos importados dos outros países. Desta forma, nasce o maior espaço económico

7
organizado do mundo, que começará rapidamente a discutir as vantagens e
desvantagens da moeda única.

A criação de um mecanismo de controlo das taxas de câmbio (MTC), em 1972, é o


primeiro passo para a introdução do Euro, três décadas mais tarde. A partir deste
momento, assiste-se a uma aceleração na expansão e estruturação da CEE. A 1 de
Janeiro de 1973, os Seis passam a ser Nove, com a adesão formal da Dinamarca, da
Irlanda e do Reino Unido.

A preocupação humanista continua presente no discurso institucional encontrando


voz, a 10 de Dezembro de 1974, na criação do Fundo Europeu de Desenvolvimento
Regional, que assegura a transferência de recursos financeiros das regiões ricas para
as regiões pobres, para melhorar as estradas e as comunicações, atrair investimentos e
criar emprego. Esta política de assistência absorve hoje um terço do orçamento
europeu.

Em meados de 1979, é dado um importante passo na identidade política e na


constituição de uma cidadania europeia, através da primeira eleição por sufrágio
universal directo do Parlamento Europeu. Os seus deputados, que provinham até
então dos parlamentos nacionais, não estão organizados por delegações nacionais,
mas por grupos políticos pan-europeus (socialistas, conservadores, liberais, verdes,
etc.).

Entre 1981 e 1986, três novos membros juntam-se: Grécia, Portugal e Espanha
estabilizando a ““Europa dos Doze”” até 1995. Durante este período são lançados
importantes programas de intercâmbio e de apoio à mobilidade como o programa
Esprit.

Ainda em 1986, é criado o Acto Único Europeu, assinado em 1986, prevê eliminar
obstáculos aduaneiros, aumentar a influência do Parlamento e reforçar os poderes da
CEE em matéria de ambiente.

Com o programa Erasmus, fundado em 15 de Junho de 1987, são criadas as sementes


para a uniformização do ensino superior europeu, através de bolsas de mobilidade de
estudantes e de docentes universitários que desejam estudar noutro país europeu por

8
um período máximo de um ano. Mais de dois milhões de jovens beneficiaram já do
programa Erasmus ou de programas similares.

Em 7 de Fevereiro 1992, assinando-se o Tratado da União Europeia em Maastricht, a


““Comunidade Europeia”” é formalmente substituída pela ““União Europeia”” e
ultrapassa uma etapa importante ao estabelecer regras claras para a futura moeda
única, a política externa e de segurança e o reforço da cooperação em matéria de
justiça e de assuntos internos.

Com o 1.º de Janeiro de 1993, dá-se a criação do mercado único, preconizada sob as
suas quatro liberdades: a livre circulação das mercadorias, dos serviços, das pessoas e
dos capitais. Não obstante certos serviços não serem abrangidos, é o culminar de
vários actos legislativos que já haviam sendo implementados desde 1986.

Em 1995, três novos parceiros com economias muito apetecíveis juntam-se à EU


(Áustria, Finlândia e Suécia) e o acordo de Schengen entra em vigor em sete Estados-
Membros: Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Luxemburgo, Países Baixos e
Portugal. Os viajantes de todas as nacionalidades podem deslocar-se a estes países
sem controlo de identidade nas fronteiras. Outros países viriam a aderir,
posteriormente, ao espaço Schengen.

Dois anos depois, com a assinatura do Tratado de Amesterdão começa a reforma de


algumas instituições europeias, procurando dar mais peso à Europa no mundo e a
consagrar mais recursos ao emprego e aos direitos dos cidadãos.

Com o Euro a 1 de Janeiro de 2002, encontra-se mais eco do lema da UE: ““Unida na
diversidade””. Mais de 80 mil milhões de moedas e de notas são colocadas em
circulação e, apesar das notas serem iguais em todos os países, as moedas mantêm
uma face com um símbolo nacional.

O 1.º de Maio de 2004 marca um momento histórico na história europeia. Com a


adesão de oito países da Europa Central e Oriental (Estónia, Eslováquia, Eslovénia,
Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia e República Checa), eliminando os últimos
vestígios da conferência de Ialta que 60 anos antes tinha dividido a Europa. Ainda
nesse ano Chipre e Malta aderem e, três anos depois, a Bulgária e a Roménia aderem

9
também, constituindo os 27. A Croácia, a Turquia e a República da Macedónia são
também países candidatos à adesão.

2. União Europeia e a Cultura

A primeira definição etnológica de cultura foi elaborada pelo antropólogo Edward


Burnett Tylor (1832-1917) e traduz a sua concepção universalista de cultura.

Cultura ou civilização, no sentido etimológico mais lato do termo, é esse todo complexo que
compreende o conhecimento, a crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e as outras
capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade.3

Para o grupo de trabalho destacado pela Comissão Europeia que desenvolveu o


relatório ““Towards a New Cultural Framework Programmes of the European Union””
a cultura é:

Um sistema de valores que influência tanto o que rege a nossa vida como o fim para o qual
vivemos: a memória, fazer parte da História, os relacionamentos, os laços familiares, o local, a
comunidade, a satisfação emocional, o gozo intelectual, a liberdade de expressão e o derradeiro
sentido da existência.4

A discussão que alguns intelectuais e políticos fazem em torno da questão da


existência de uma Política Cultural para a União Europeia é, de facto, uma discussão
que continua actual. Já não se trata apenas do ““clássico debate sobre as relações
Estado/sociedade civil ou, noutros termos, o debate entre intervencionismo e
liberalização.””5 Trata-se antes da construção do espaço europeu, garantindo o respeito
pela riqueza da diversidade cultural e linguística e salvaguardando o desenvolvimento
do património cultural europeu6.

3
CUCHE, Denys. A Noção de Cultura nas Ciências Sociais. Lisboa: Fim De Século, 1999, p.40
4
ARKIO T. et al. Towards a New Cultural Framework Programme oh the European Union. 2003
5
SANTOS, Maria de Lourdes Lima dos,. «As Políticas Culturais». Análise Social, vol. XXVI (114),
1991 (5.º), 991-1009, p.991
6
Projecto de Tratado que altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que Institui a Comunidade
Europeia, 2007

10
No século XVIII a cultura foi utilizada pelos meios intelectuais burgueses alemães
para promover a unidade dos diferentes principados alemães.

Manifesta-se cada vez mais a vontade de reabilitar a língua alemã (a vanguarda intelectual
exprime-se exclusivamente nesta língua) e de precisar, no domínio do espírito, aquilo que é
especificamente alemão. Não estando a unidade nacional alemã realizada, e não parecendo
realizável ao tempo no plano político, a intelligentsia, que tem uma ideia cada vez mais
elevada da sua missão ““nacional””, vai procurar a unidade no domínio da cultura.7

Extrapolando este exemplo para a UE, podemos arriscar trocar ““aquilo que é
especificamente alemão”” pelo que é especificamente europeu:

Património cultural, religioso e humanista da Europa, do qual emanaram os valores universais


que são os direitos invioláveis e inalienáveis da pessoa humana, bem como a liberdade, a
democracia, a igualdade e o Estado de Direito.8

O diálogo transnacional harmoniza o carácter nacionalista de uma interpretação de


cultura particularista e promove o estabelecimento do espaço europeu.

A evolução da União Europeia sempre teve um pendor profundamente económico,


quer nos seus objectivos, quer nos seus instrumentos. No entanto, a Cultura sempre
foi discutida no interior das instituições europeias, e, no preâmbulo do Tratado de
Roma, que é o documento que formaliza a Comunidade Económica Europeia (CEE),
a cultura é referenciada como sendo um ““elemento unificador dos povos e promotor
do desenvolvimento socioeconómico””. Para além disso, a cultura sempre esteve
presente nos intercâmbios internacionais, através de troca de presentes e do protocolo
diplomáticos e de outros circuitos de diálogo.

Contudo, antes da assinatura do Tratado de Maastricht a Comunidade não tinha


nenhum poder concreto no campo da Cultura. A Cultura encontrava-se representada
apenas nas actividades da Comunidade através de iniciativas ad hoc, pensadas à luz
da própria história europeia.

Em Julho de 1990, a Comissão publicou os critérios e as condições de selecção para a


participação na ““Platform Europe””, que em 1991 se torna no primeiro programa de

7
COUCHE. Op. Cit. p.35.
8
Projecto de Tratado que altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que Institui a Comunidade
Europeia, 2007.

11
apoio a eventos culturais e artísticos que envolvessem pelo menos 3 Estados-
Membros. Este programa foi chamado: Caleidoscópio -será descrito adiante.

Só em 1992, com a inclusão de um artigo relativo à Cultura (art. 128.º) no Tratado da


União Europeia (Maastricht, 1992), é que a cooperação cultural foi reconhecida como
um objectivo da Comunidade e, em 1993, com a entrada em vigor do mesmo, marca-
se o desejo dos Estados-Membros em ““assinalar a nova fase do processo de integração
europeia””. A criação da cidadania europeia e a concessão de novos poderes à
Comunidade proporcionaram uma fase de ““maior união entre os povos da Europa””.

Quadro 1 –– Tratado de Maastricht –– Artigo 128.º

Artigo 128.º
1. A Comunidade contribuirá para o desenvolvimento das culturas dos Estados-
Membros, respeitando a sua diversidade nacional e regional, e pondo
simultaneamente em evidência o património cultural comum.
2. A acção da Comunidade tem por objectivo incentivar a cooperação entre Estados-
Membros e, se necessário, apoiar e completar a sua acção nos seguintes domínios:
- Melhoria do conhecimento e da divulgação da cultura e da história dos povos
europeus,
- Conservação e salvaguarda do património cultural de importância europeia,
- Intercâmbios culturais não comerciais,
- Criação artística e literária, incluindo o sector audiovisual.
3. A Comunidade e os Estados-Membros incentivarão a cooperação com os países
terceiros e as organizações internacionais competentes no domínio da cultura, em
especial com o Conselho da Europa.
4. A Comunidade terá em conta os aspectos culturais na sua acção ao abrigo de outras
disposições do presente Tratado.

Nesta primeira menção legislativa à cultura, pode-se salientar logo na leitura do


parágrafo 1.º, a preocupação de articular a diversidade nacional e regional com um
património cultural comum. Esta é, efectivamente, o grande motor das políticas
culturais europeias que procuram evitar polémicas acerca de uma identidade europeia
e estimular as trocas entre os vários países.

12
Com o novo Tratado de Amesterdão de 1997, este artigo foi incluído integralmente,
com uma alteração no parágrafo 4º:9

Quadro 2 –– Alteração do Tratado de Maastricht para o Tratado de Amesterdão


–– Artigo 128.º para Artigo 151.º
Artigo 128.º
4. A Comunidade terá em conta os aspectos culturais na sua acção ao abrigo de outras
disposições do presente Tratado.
para
Artigo 151.º
4. Na sua acção ao abrigo de outras disposições do presente Tratado, a Comunidade
terá em conta os aspectos culturais, a fim de, nomeadamente, respeitar e promover a
diversidade das suas culturas.

Este parágrafo apela ao reconhecimento da cultura e ao respeito pela sua diversidade


em todas as políticas Comunitárias. Constitui-se desta forma uma obrigação legal a
que todas as instituições da Comunidade ficam sujeitas. Igualmente, as políticas
culturais dos vários Estados-Membros, devem reflectir este respeito pela diversidade.

Quanto ao respeito pelos direitos de propriedade Intelectual, nomeadamente pelos


direitos de autor e direitos conexos na sociedade de informação, a Comissão tem
procedido à harmonização, adoptando, desde o início da década de 90 várias
directivas no sentido de proteger a criatividade intelectual e artística.10

Com base no artigo 151.º, entre 1993 e 1999, um conjunto de programas,


primeiramente ‘‘piloto’’ e posteriormente aplicados a sectores específicos, foram
postos em prática.

9
Com a futura entrada em vigor do Tratado que altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que
Institui a Comunidade Europeia (anteriormente denominado por Constituição Europeia) a
correspondência dos artigos será outra. No entanto, a partir do projecto do novo Tratado -que está
sujeito a alterações, lê-se: ““É inserido um Capítulo 2, "A CULTURA", que retoma a denominação do
Título XII.”” e ““É inserido um artigo 176.º-D, com a redacção do artigo 151.º””. Apenas o n.º 5, relativo
aos procedimentos técnicos a adoptar para a realização dos objectivos, seria alterado.
10
Adaptado do Centro de Documentação:
http://www.eurocid.pt/pls/wsd/wsdwcot0.detalhe?p_cot_id=1451&p_est_id=4153

13
Em 1994, o programa foi reestruturado para financiar eventos culturais de maior
eficácia e fomentar a criação e cooperação de artistas e de agentes culturais, através
de uma rede que os unisse, permitindo desta forma uma melhoria no acesso público
ao Património Europeu. Entre 1990 e 1995 a Comissão apoiou mais de 500 projectos
culturais.

À luz do que foi discutido, existem dois princípios de intervenção comunitária, na


área da cultura, que são de notar: a observância dos princípios de complementaridade
e de subsidiariedade11.

x Complementaridade

Envolve a estreita cooperação entre a comissão e os Estados-Membros com o


objectivo de fomentar a cooperação entre os Estados-Membros e apoiar e
complementar a sua acção em determinados domínios;

x Subsidiariedade

Visa assegurar que as decisões se tomem o mais próximo possível dos


cidadãos. A União Europeia só deve actuar quando a sua acção seja mais
eficaz que uma acção desenvolvida a nível nacional, regional ou local.

Por outras palavras, pode-se dizer que a Comissão intervirá apenas em projectos que
promovam a aproximação dos Estados-Membros, cuja acção se traduza num valor
acrescentado europeu e depois do recurso à intervenção nacional, regional ou local.

De acordo com informação12 adiantada pelo Ponto de Contacto Cultural relativa ao


programa Cultura 2007 são considerados de Valor Acrescentado Europeu os
projectos:

x Cujos objectivos, metodologia e natureza da cooperação e empreendida


adoptam uma perspectiva que ultrapassa os interesses locais, regionais e até
nacionais, e pretendem criar sinergias a nível europeu. O intercâmbio deve ser

11
Retirado do Centro de Documentação:
http://www.eurocid.pt/pls/wsd/wsdwcot0.detalhe?p_cot_id=1451&p_est_id=4153.
12
Retirado da Nota Informativa, Outubro de 2006, Programa Cultura (2007-2013), Ponto Contacto
Cultural.

14
capaz de criar um resultado final qualitativamente diferente da soma das várias
acções;

x Em que a capacidade de os objectivos e efeitos da acção sejam mais


eficazmente alcançados a nível comunitário do que a nível nacional;

x O nível de cooperação entre Estados e a natureza multilateral do projecto:


numero, grau de participação e repartição geográfica dos países participantes.

3. Breve Retrato dos Programas de Apoio

Entre 1990 e 1996 a Comissão lançou vários projectos pioneiros no campo da


tradução e da promoção de livros na Europa, financiando mais de 500 projectos e
traduções.

Estes programas-piloto permitiram a implementação de três novos programas


culturais:

x Caleidoscópio (1996-1999) –– Destinou-se a promover a criação artística e


cultural e a cooperação com dimensão europeia.

x Ariane (1997-1999) –– Destinou-se a apoiar o sector editorial incluindo a


tradução.

x Rafael (1997-1999) –– Teve o objectivo de completar as políticas dos Estados-


Membros nas áreas do património e cultura.

x Cultura 2000 (2000-2006) –– Ao contrário dos programas precedentes


financiou projectos de cooperação cultural em todas as áreas artísticas e
culturais.

x Cultura 2007 (2007-2013) –– À semelhança do seu predecessor é um


programa-quadro único de apoio à criação e mobilidade. A principal diferença
relativas ao Cultura 2000 prende-se com a inclusão de projectos transectoriais.

15
3.1. Caleidoscópio

O Parlamento Europeu e o Conselho de Ministros lançaram o programa


Caleidoscópio a 29 de Março de 1996 por um período de três anos (1996-1998) e com
um orçamento global de 26,5 milhões de euros. Foi prolongado por mais um ano
(1999) com um orçamento de 10,2 milhões de euros. Nestes quatro anos foram
financiados 518 projectos.

Note-se que este programa encontra a sua génese em projectos-piloto, desenvolvidos


entre 1990 e 1995, com o objectivo de encorajar a criação artística e cultural na
Europa através da cooperação transnacional.

A Capital Europeia da Cultura, assim como as Orquestras Barroca da União


Europeia e da Juventude da União Europeia foram também apoiadas por este
programa.

O principal objectivo do Caleidoscópio era o de facilitar a todos o acesso à cultura. A


estratégia consistia em apoiar projectos de dimensão europeia, promovendo a
realização de parcerias entre organismos de vários Estados-Membros. Desta forma,
contribuiu-se para disseminar e promover o conhecimento e a cultura dos povos
europeus, e para a formação profissional de artistas e enriquecimento de agentes
culturais.

Os sectores que o programa abrangia eram:

x Artes do espectáculo (dança, teatro, música, ópera, etc.);

x Artes plásticas e visuais (pintura, escultura, arquitectura, marcenaria);

x Fotografia, design e projectos envolvendo multimédia como forma de


expressão artística.

16
3.2. Ariane

O programa Ariane destinou-se a apoiar o sector editorial, incluindo a tradução. Teve


uma duração de dois anos (1997-1998) e um orçamento aprovado de 7 milhões de
euros. Foi prolongado por mais um ano (1999), com mais 4,1 milhões de euros.

No seu conjunto, Ariane apoiou 767 traduções de literatura, peças de teatro, bem
como outras obras de referência.

Entre os programas apoiados pelo Ariane encontram-se o Prémio Aristeion (Prémio


Literário Europeu e Prémio Europeu de Tradução).

Os objectivos deste programa eram os seguintes:

x Promover a cooperação entre os Estados-Membros no sector editorial,


contribuindo para o desenvolvimento das suas culturas sem deixar de
respeitar a diversidade nacional e regional de cada um;

x Propagar a literatura europeia, através da tradução, permitindo um maior


conhecimento de autores europeus e a da história dos seus países.

3.3. Rafael

Rafael foi um programa de intervenção no campo do património. Embora pensado


para quatro anos (1997-2000), com um orçamento de 30 milhões de euros, terminou
em 1999. Os principais sectores abrangidos pelo programa foram o património móvel
e imóvel (museus, colecções, livrarias e arquivos, incluindo os de fotografia, filme e
áudio), património arqueológico incluindo o submerso, património arquitectónico e
paisagístico.

O objectivo do programa Rafael era encorajar a cooperação para a protecção,


conservação e valorização do património cultural da Europa, sensibilizando os
cidadãos para estas áreas e facilitando-lhes o acesso às mesmas.

Este programa apoiou um total de 360 projectos de preservação e valorização do


património, que contaram com o envolvimento de mais de 1500 operadores.

17
3.4. Cultura 2000

Cultura 2000 foi um programa da Comunidade estabelecido para sete anos (2000-
2006), com um orçamento total de 236,5 milhões de euros. Ao contrário dos projectos
anteriores, o Cultura 2000 subsidiou projectos de todas as áreas artísticas e culturais
(artes de espectáculo, artes plásticas e visuais, literatura, património cultural e
histórico).

Este programa foi oficializado pelo Parlamento Europeu a 14 de Fevereiro de 2000.


Esta decisão foi analisada de acordo com o procedimento consagrado no artigo 151º
do Tratado de Amesterdão, segundo o qual todas as acções do campo cultural que o
Parlamento e o Conselho adoptarem deverão respeitar o procedimento de co- decisão
e é exigida a unanimidade do Conselho nestas matérias. Para a tomada de decisão
sobre assuntos relativos à cultura é também consultado o Comité das Regiões.

Tratou-se do passo mais ambicioso dado até ao momento, uma vez que o objectivo do
Cultura 2000 era promover uma área cultural comum caracterizada pela sua
diversidade e pela partilha do património cultural. A selecção dos projectos apoiados
pela Comissão, foi feito por um júri constituído por especialistas das várias áreas.

O Cultura 2000 procura encorajar a criação e mobilidade cultural, o acesso à cultura


para todos, a difusão da arte e cultura, o diálogo intercultural e o conhecimento
histórico dos povos europeus. Pela primeira vez reconhecia-se que a Cultura
desempenha um papel muito importante na integração social e no desenvolvimento
sócio-económico.

Tendo sido criado para promover a cooperação artística e cultural na Europa e para o
desenvolvimento de uma área cultural comum, o programa Cultura 2000 apoiou
projectos artísticos e culturais a uma dimensão europeia, ao nível da criação,
organização e implementação de festivais, workshops, novas produções, visitas
guiadas, traduções e conferências. Todas estas actividades destinam-se, não só a
artistas e agentes culturais, mas também a uma audiência mais vasta incluindo jovens
e pessoas desfavorecidas social ou economicamente. Grande parte dos projectos
possuiu uma vertente de multimédia através da criação de websites e de fóruns de
discussão.

18
As principais categorias de admissão eram as seguintes:

x Actividades anuais específicas;

x Actividades plurianuais de cooperação;

x Eventos culturais especiais, tais como as Capitais Europeias da Cultura.

3.5. Cultura 2007

O programa Cultura 2007, à semelhança do seu predecessor, o Cultura 2000, é um


programa-quadro único de apoio à criação e mobilidade. Este programa resulta de um
importante trabalho de análise e prospectiva, tendo-se procedido à avaliação das
acções e dos programas comunitários desenvolvidos neste domínio.

Através de numerosos contributos do sector cultural, da realização de conferências e


de outros exercícios de reflexão, bem como da experiência adquirida pela comissão na
execução dos seus programas nasceu este programa, que, à data, está em vigor.

Este programa foi oficializado pelo Parlamento Europeu a 12 de Dezembro de 200613.

No próprio documento que institui o programa Cultura 2007-2013, são tecidas


críticas ao Cultura 2000 e, de certa forma, à política cultural europeia até à data:

Prossegue um número excessivo de objectivos, face ao orçamento limitado que


lhe foi atribuído. Tal prejudica a sua eficácia e ““legibilidade””, já que a
concessão de apoio a projectos múltiplos e variados pode transmitir um
sentimento de dispersão.

Além disso, de acordo com os operadores, a segmentação do programa ““Cultura


2000”” em diferentes disciplinas é restritiva, porque não permite considerar
devidamente a evolução do sector e pode resultar na exclusão de certas formas
de expressão cultural.14

13
Decisão n.º 1855/2006/CE do Parlamento Europeu e do Conselho.
14
Programa Cultura 2007.

19
Em relação aos objectivos específicos deste programa, podem ser apontados três:

x Apoiar a mobilidade transnacional das pessoas que trabalham no sector


cultural;

x Encorajar a circulação de obras e produções artísticas e culturais;

x Favorecer o diálogo intercultural.

Estes objectivos serão perseguidos através das seguintes acções (Tipologia de


Projectos):

x Medida 1.1 - Projectos de Cooperação Plurianuais (com duração entre 3 e 5


anos)

x Medida 1.2.1 –– Acções de Cooperação (com duração até 24 meses)

x Medida 1.2.2 –– Projectos de Tradução

É ainda revelado pela Nota Informativa do Ponto de Contacto Cultural, editado em


Outubro de 2006 que este programa dará particular atenção a novas cooperações
envolvendo organismos que habitualmente não recebem financiamentos comunitários
e a cooperações estabelecidas propositadamente de forma a levar a cabo as acções
propostas. E, uma vez que 2008 será a Ano Europeu do Diálogo Intercultural, será
dada especial atenção a projectos que de alguma forma promovam o diálogo
intercultural e tenham actividades neste âmbito previstas para esse ano.

Segundo os critérios de avaliação adiantados na mesma nota informativa

Tal como se entende pela leitura dos objectivos do Cultura 2007, este não é um
programa de apoio à cultura per se. Aqui pretende ser, e assume esse papel, um
promotor da construção do espaço cultural europeu e da cidadania europeia, através
da cooperação dos sectores da cultura.

Perante a grandiosidade dos objectivos, os meios de concretização revelam-se mais


problemáticos. O discurso da transdisciplinariedade implica alterações nos próprios
agentes culturais, profissionalizados e especializados numa determinada área. Abre
portas e ““obriga”” a novas valências e, principalmente, a procurar novas parcerias que

20
atravessem sectores culturais.

Por outro lado e ainda que continue a ser possível aos agentes culturais proporem
““livremente”” os seus projectos, sejam eles sectoriais ou transectoriais, com a
transdisciplinariedade vem um problema de composição do próprio júri que se torna
muito complexo perante a crescente especialização das diferentes áreas artísticas.

Cada aposta levanta problemas específicos a áreas culturais diferentes, que se tornam
mais complexos com a interacção de estruturas muito diferentes –– por exemplo,
quando um projecto pretende integrar museus e teatros.

Aqui as redes ganham uma nova dimensão no contexto das políticas culturais da UE.
Ganham o potencial de canais de comunicação e de parceria entre agentes de vários
países, levando mais longe os conceitos de identidade e de tradição.

4. Mobilidade e Redes

A mobilidade contém em si factores que dificultam a sua definição. Mobilidade pode


ser definida como o ““carácter do que se pode mover ou ser movido, do que pode
mudar de local, de posição.””15. Curiosamente, acaba por se revelar uma metáfora
interessante e, do ponto de vista estratégico, a utilização deste substantivo advém,
essencialmente, da generalizada vontade de contrariar o termo ‘‘internacionalização’’,
uma vez que a União Europeia promove um espaço comum.

Por conseguinte, evita-se falar de internacionalização quando se trata da circulação da


Cultura entre Estados-Membros de uma União. Contudo, convém salientar que, na
prática, mobilidade contém em si outros valores: ““mobilidade não é o mesmo que
circulação: é mais vasto. Implica uma aproximação de vontades de trabalho no
sentido de discutir e criar uma identidade europeia””16.

15
CASTELEIRO, João Malaca (org.). Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. Lisboa:
Academia de Ciências de Lisboa, 2001
16 Dr. Jorge Cerveira Pinto numa sessão de esclarecimento sobre o ““Cultura 2007”” no centro Jacques
Delors.

21
As redes organizam-se em torno de profissionais ou de estruturas que exercem a
mesma função, desenvolvem trabalho na mesma área ou têm os mesmos objectivos. O
grau de formalidade e de confiança entre os membros de uma rede pode variar
bastante, o que geralmente está relacionado com a sua dimensão e características dos
membros associados.

A necessidade do funcionamento em rede tornou-se evidente sobretudo a partir da década de


oitenta como forma de dar viabilidade a novas correntes artísticas (a nova dança, a nova
música e o novo teatro) que, em cada um dos estados nacionais, nessa época, eram
minoritárias e não dispunham praticamente de infra-estruturas para a sua difusão.17

Na definição de uma rede, vários pressupostos têm que ser assegurados. Antes de
mais, a rede é uma estrutura que se organiza horizontalmente e serve os interesses dos
seus membros. Pretende-se um espaço que privilegia a confiança e a comunicação
entre os seus membros e que promove a partilha de experiências, de boas práticas e de
conhecimentos no geral.

Nas palavras do programador Miguel Honrado, presidente da Rede IRIS, ““a chave do
sucesso de uma rede é esta nunca se permitir distanciar do seu terreno de actividade.
É necessário haver uma relação directa entre o nível directivo da rede e os seus
membros estimulando uma estrutura dinâmica e não burocrática.””

Podemos enumerar, deste modo, vantagens genéricas dos membros das redes que
estão, muitas vezes, subjacentes à sua adesão e à manutenção da mesma:

x Novos meios de cooperação ;


x Melhorias nos sistemas de troca de informação;
x Aumento da actividade no sector ;
x Maior notoriedade e reconhecimento público;
x Acesso a novos parceiros, meios de apoio, promoção e distribuição ;
x Optimização de recursos (humanos e financeiros).

17
Gil Mendo, Programador de Dança da Culturgest, membro da IRIS.

22
No enquadramento programático referido anteriormente, no ponto 3, tem sido feito
um investimento cada vez maior no desenvolvimento das redes, apostando em três
conceitos estratégicos: mobilidade, transnacionalidade e, mais recentemente,
transdisciplinariedade.

Parte II

5. Estudo de caso: IRIS

A IRIS é uma rede cultural cuja totalidade dos membros fazem parte da UE. Foi
constituída por se considerar necessário divulgar e aproximar os projectos de criação
contemporânea da Europa do Sul, em particular, nos quatro países que constituem
esta rede: Espanha, França, Itália e Portugal.

Enquanto instituição, a IRIS procura influenciar e contribuir para a criação de


políticas culturais sensíveis à questão da arte contemporânea, atraindo organismos
políticos para o seu seio, onde profissionais discutem estas matérias. A perspectiva
dos seus membros é muito positiva, principalmente porque formaliza aberta e
assumidamente relações sociais, constituindo uma versão europeia, do lobbying norte-
americano (porventura menos agressiva e menos organizada –– profissionalizada).

A IRIS é um espaço de partilha e de troca, lugar de circulação de ideias, de projectos e


daqueles que os fazem, mas sobretudo um território onde a estranheza possa continuar a
fomentar o desejo, a curiosidade e a criação. 18

A IRIS é uma rede de estruturas que produzem e programam teatro contemporâneo e,


em alguns casos, também dança e música. Integra teatros e festivais que se dedicam à
arte performativa contemporânea em Espanha, França, Itália e Portugal, que estão
empenhados em trabalhar em rede.

18
http://www.iris-eu.com/por/apresent.htm

23
Para integrar a IRIS, a nova estrutura deve apresentar uma candidatura ao Conselho
de Administração, que procede ao rastreio, apresentando-as depois em Assembleia
Geral, onde terão de ser ratificadas. Os critérios são: trabalharem num dos quatro
países membros e desenvolverem um projecto de criação contemporânea. A IRIS
conta actualmente com 58 membros (12 em Espanha, 19 em França, 17 em Itália, 10
em Portugal).19

Fundada em Avignon, em Julho de 2004 sob os auspícios do famoso festival de


teatro, a IRIS baseia a sua actividade em duas grandes vertentes. Por um lado, há uma
forte aposta na reflexão sobre o apoio à criação contemporânea nos países da Europa
do Sul. Por outro, é feito um acompanhamento de processos artísticos que se
distinguem pelo assumir de risco e pelo confronto com a fragilidade da criação.

A IRIS surge no seguimento do festival MIRA20 e corresponde à vontade de vários


programadores europeus em constituir uma rede –– um espaço de reunião e de troca de
informação centrado nos países do sul da Europa.

O festival MIRA é uma mostra de artes de palco (teatro, dança, música), realizado
com a ajuda de fundos europeus, através do programa INTERREGIII21, que pretende
dinamizar o intercâmbio europeu nas artes performativas contemporâneas. Nasceu em
2001 como resultado de uma parceria transnacional ao serviço da cooperação artística
e cultural entre França, Espanha e, posteriormente, Portugal.

Os agentes culturais franceses, que foram os promotores do festival MIRA e, mais


tarde, os principais responsáveis pela constituição da rede IRIS, concorreram ao
programa INTERREG III com a ideia de realizarem um festival que proporcionasse,
numa primeira fase, entre 2001-2004, o conhecimento em França de tudo o que se
fazia de criação contemporânea em Espanha, nomeadamente na Catalunha. Na
segunda fase do festival (2005-2006), a França e a sua parceira Espanha decidiram
alargar o festival a Portugal embora este evento já tivesse contado com a participação
de artistas portugueses convidados desde 2004.

19
Instituto das Artes | Ministério da Cultura, Relatório de Actividades, 2005
20
vide: http://www.mira-toulouse.com.
21
http://www.interregiii.org.uk.

24
Analise-se a envolvente imediata. Efectivamente, com a excepção da França, tanto em
Itália, como em Espanha e em Portugal, o apoio à criação contemporânea é algo
muito recente. ““As políticas culturais nestes estados estão mais voltadas para a cultura
enquanto património do que para a cultura enquanto criação contemporânea””,
explicou o presidente da IRIS, Miguel Honrado.

Em termos institucionais, o motor da constituição da IRIS foi a associação ONDA22


(Office National De Diffusion Artistique). A ONDA é uma instituição financiada pelo
ministério da cultura francês, cuja missão é apoiar a difusão das formas artísticas
contemporâneas e a mobilidade das obras dos artistas franceses em território francês e
também no estrangeiro.

5.1. Objectivos da rede IRIS

O objectivo fundamental da rede é ““chamar a atenção dos poderes políticos de cada


país membro para a situação específica da criação contemporânea e para o que esta
pode representar em termos de importância no desenvolvimento cultural de cada
país””. É da responsabilidade dos próprios teatros encetar contactos com os seus
ministérios ou organismos responsáveis para tentar angariá-los como membros
associados, tentando sensibiliza-los para a questão da criação contemporânea e para o
seu carácter transdisciplinar.

Outro grande objectivo da IRIS é ““proporcionar o conhecimento e a mobilidade das


obras, criadores e programadores, ou seja, dos agentes culturais dos diferentes países
membros, pois estas realidades são quase totalmente desconhecidas quando
transpostas fronteiras””. Foi definido um período inicial de cerca de cinco anos para
sedimentar uma relação de confiança entre os teatros da rede. Este período é
fundamental para desenvolver uma relação de confiança entre os teatros e se possa
numa segunda fase proceder a co-produções.

Há uma tentativa de atrair à rede alguns organismos de dimensão política, no sentido


em que são responsáveis pela definição das políticas culturais dos seus países, sob a

22
vide: http://www.onda-international.com/onda.php.

25
figura de membro associado. Esta figura permite uma relação simbiótica entre os
organismos oficiais do estado para a promoção da cultura e os agentes culturais que
desenvolvem trabalho de campo. Por um lado a IRIS influencia e sensibiliza os
poderes políticos e por outro os organismos estatais estão mais próximos do terreno
profissional do seu país e dos outros países e podem decidir de uma maneira mais
profunda sobre os destinos das políticas culturais.

Finalmente, também se pretende que estes países do sul europeu possam, a médio
prazo, servir de ponte entre a Europa e os países do Norte de África, através da
produção contemporânea. A criação de uma plataforma de diálogo com a margem sul
do Mediterrâneo e com os seus agentes culturais proporcionaria uma relação de
proximidade e possibilitaria a partilha de conhecimentos e a sensibilização para a
criação contemporânea junto das autoridades locais.

Na aplicação do inquérito, tendo em conta o fraco retorno de respostas –– apenas 7-,


sentiu-se que os seus membros, com cargos dirigentes, se encontram profundamente
empenhados no desenvolvimento de projectos institucionais nas suas regiões e países.
Contudo, o conjunto de respostas permitiu observar uma certa unanimidade na cultura
e na missão da rede.

5.2. Organização da rede IRIS

A rede tem três níveis de direcção:

x Conselho de Administração (CA) –– É constituído pelo Presidente da rede e


três administradores de cada país e têm a responsabilidade de definir as linhas
estratégicas de desenvolvimento da IRIS.

x Bureau –– É constituído pelo Presidente da rede e por um administrador de


cada país e têm funções executivas. Elabora e desenvolve estratégias práticas
para a persecução dos objectivos definidos pelo CA.

x Assembleias Gerais (AG) –– Num dos quatro países da rede, reúnem-se todos
os membros, duas vezes por ano, durante dois dias, durante os quais se
procede a uma consulta às bases. Estes encontros são sempre complementados

26
com uma agenda de espectáculos para promover o trabalho de artistas
nacionais.

5.3. Aspectos positivos da rede IRIS

Tal como se afirmou acima, os membros reconhecem vantagens em estar inseridos


nesta rede. O facto de se dedicar exclusivamente à Europa do Sul, torna-a mais um
motor de criação contemporânea, permitindo o desenvolvimento de massa crítica. Eis
as vantagens apresentadas pelos seus membros:

x Facilita o diálogo e o encontro de afinidades entre diferentes estruturas e


profissionais, tanto a nível nacional como transnacional;

x Oferece ferramentas e conhecimentos para dialogar com os poderes políticos;

x Permite entrar numa economia de escala através da optimização dos recursos


financeiros e logísticos;

x Possibilita o surgimento de uma pluralidade de projectos entre grupos de


membros;

x Promove a participação nos eventos exclusivos para os membros da rede IRIS


(encontros e debates);

x Ser uma rede especificamente da Europa do Sul permite um acesso mais


directo a profissionais que trabalham nesta área geográfica, num ambiente
protegido da irresistível atracção do mais rico, institucionalmente protegido e
bem organizado Norte.

5.5. Aspectos negativos da rede IRIS

A organização em rede, sendo uma estrutura frágil, horizontal e dependente dos


contactos entre os seus membros, também implica desvantagens sérias que perturbam,
eventualmente, a prossecução da sua missão.

27
x A presença no núcleo duro da proposta de criação da rede de algumas
organizações institucionais gerou algumas desconfianças.

x Nos países do Sul da Europa, resultado do quadro mental muito pouco


pragmático, a capacidade de decisão fica comprometida, criando
inconvenientes de ordem operacional.

x A representação nacional no Conselho de Administração tem gerado alguma


disputa em torno da defesa da quota nacional.

5.6. Dificuldades da rede IRIS

O tamanho da rede, hoje com 58 membros, levanta problemas de comunicação que se


tornam visíveis na discussão de objectivos a curto, médio e longo prazo.
Efectivamente, a IRIS experimentou um conjunto de barreiras de desenvolvimento,
explicitadas em seguida:

x A rede nasceu com várias dezenas de membros fundadores, muitos dos quais
não se conheciam antes, o que dificultou a clareza inicial de propósitos.

x A Arte Contemporânea é objecto de alguma desconfiança por parte de


públicos e mecenas.

x Dificuldades em arranjar financiamentos nos próprios países, a nível dos


ministérios da cultura resultante, essencialmente, da falta de sensibilidade para
a criação contemporânea existente nos países do sul da Europa.

x Ao fim de quatro anos de existência a IRIS ainda não recebeu nenhum


subsídio publico, europeu ou de um dos estados, e subsiste apenas da
quotizações de cada membro: teatro ou estrutura de produção.

x Ao mesmo tempo, uma rede que funciona apenas das quotizações dos seus
associados só pode desenvolver os seus serviços mínimos: AG e proporcionar
a comunicação entre os seus membros.

28
6. Discussão

Existe uma política cultural para a Europa? Se considerarmos a política cultural como
o entendimento que a Comissão Europeia faz sobre o que deveria ser o espaço
cultural europeu, estabelecendo objectivos e implementando as respectivas medidas
para os alcançar, então há que reconhecer que existe uma política cultural na Europa.

Com a criação de programas de apoio à mobilidade, a Comissão delega a


responsabilidade de criação do espaço cultural na sociedade civil europeia. Esta é a
forma que a Comissão tem de construir este espaço, de uma forma gradual, e
respeitando os agentes culturais, representantes da diversidade. Estes operadores da
cultura contam com a experiência de muitos projectos em parceria e uma vasta lista
de contactos, que possibilitam uma organização em redes culturais. A criação destas
redes é também um dos objectivos da Comissão, que desenvolve medidas para a sua
viabilização.

Alguns critérios de concessão de apoios, embora visando incentivar a mobilidade e a


pluralidade, sobrepõem-se, em muitos casos, à qualidade dos projectos de cooperação,
influenciando muitas vezes a escolha dos parceiros, que idealmente deveria estar
isenta deste tipo de pressão.

No plano europeu, as redes são uma marca do desenvolvimento cultural e do


posicionamento democrático dos estados que o compõem. As redes são, no fundo,
uma ferramenta de aplicação desse espírito democrático e um instrumento facilitador
da comunicação e mobilidade para o desenvolvimento comum.

O conceito de transdisciplinariedade presente na produção contemporânea ainda não


chegou ao quadro das políticas culturais de alguns países, nomeadamente Espanha e
Itália. Fruto de algum conservadorismo, estas políticas têm dificuldade em desfazer-se
das nomenclaturas clássicas (Teatro, Dança e Música), o que constitui uma
dificuldade acrescida à criação contemporânea, uma vez que o seu carácter transversal
não se revê em nenhum destes cânones.

29
7. Conclusão

O projecto de uma confederação dos estados europeus remonta ao início do século


XV, com Antoine Marini, conselheiro do rei da Boémia, e de origem francesa a
propor que os diferentes estados aceitassem um pacto confederal e abdicassem de
parte da sua autonomia. Depois, desde Sully ao conde Coudenhove-Kalergi houve
outros homens que apresentaram propostas para o estabelecimento da paz na Europa
unida23.

Após duas Grandes Guerras, da conquista da democracia, da queda de regimes


autoritários, fascistas e comunistas e da abolição dos regimes militares nos Balcãs a
Europa (e o projecto actual da União Europeia) encontra agora terreno para constituir
de forma plena este desejo antigo.

Desde o Tratado de Roma que a cultura foi considerada ““elemento unificador dos
povos”” e agora, no início do século XXI, a concretização do sonho de uma Europa
Unida é viável, tendo as redes culturais um papel fundamental no processo. Para a
sustentabilidade da União Europeia não chega a viabilidade económica, é também
essencial consolidar o ““espaço cultural europeu””, que desencoraja a proliferação de
movimentos etnocentristas e nacionalistas, promotores da intolerância e da divisão.

De há uns anos a esta parte, as redes europeias tornaram-se também pontes de ligação
com outros continentes e outras realidades culturais como por exemplo o
Mediterrâneo, África, Extremo Oriente e América Latina, alargando esta visão à
escala mundial e contribuindo para diminuir um certo sentido paternalista
tradicionalmente europeu.

A fantasia de uma Europa que se volte a sonhar a si própria, não mais, como outrora, partindo
de uma qualquer eurocêntrica concepção de homem ou de um ingénuo e bem intencionado
humanismo, mas que seja capaz de se re-sonhar, reinvestindo na sua especificidade de uma
forma mítico-poética, quer dizer, utópica.24

23
Conf. Bourdet, Claude, A Farsa da Europa, Forja Editora, 1978, p. 14
24
Sobre Eduardo Lourenço e a Europa. Apud BAPTISTA, Maria Manuel. «A Utopia Europa em
Eduardo Lourenço». Comunicação apresentada à Conferência Internacional «A Europa: Realidade e
Fantasia», promovido pelo Centro de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, Aveiro, 8 e 9 de
Fevereiro de 2001.

30
As redes culturais promovem o diálogo intercultural e esta é a melhor forma de
aproximar culturas e pessoas. O desconhecido torna-se conhecido, a desconfiança dá
lugar à curiosidade e a confiança substitui o medo. Há esperança!

A criação de medidas promotoras da cooperação e da mobilidade revelam que o


modelo de Rede vai ao encontro da vontade política da Comissão Europeia. Esta
realidade já foi reconhecida e a importância destas estruturas já foi enaltecida por
resolução do Conselho e dos Ministros da Cultura em Novembro de 199125,
salvaguardando, no entanto, a dificuldade em avaliar a sua eficácia.

As redes culturais europeias são fundamentais para a coesão da UE porque,


constituídas formal ou informalmente, trabalham numa plataforma transnacional, e,
por se organizarem numa estrutura horizontal, a comunicação e a partilha de boas
práticas, experiências e conhecimentos são efectivas.

Nem todas as redes necessitam do apoio da UE para se constituírem/afirmarem mas,


como se observa pelos programas da Comissão, o incentivo à constituição de
plataformas de diálogo e cooperação, equivalentes a Redes, prova a vontade superior
da União em organizar a sociedade civil. Estes programas oferecem aos agentes
culturais e artistas a possibilidade de se reunirem e constituírem um organismo
poderoso, que uma vez criado não pode ser silenciado –– mantendo-se a tradição
democrática que assiste à UE. Este é um organismo vivo e está sujeito à opinião
pública. A responsabilidade desce na hierarquia até às bases e portanto a Europa é
efectivamente o que fazemos dela.

A Europa Cultural tem de ser um espaço que traduza o respeito pelos valores
democráticos da União:

A União funda-se nos valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da


democracia, da igualdade, do Estado de Direito e do respeito dos direitos do Homem,
incluindo os direitos das pessoas pertencentes a minorias. Estes valores são comuns aos
Estados-Membros, numa sociedade caracterizada pelo pluralismo, a não discriminação, a
tolerância, a justiça, a solidariedade e a igualdade entre homens e mulheres.26

25
Resolução do Council and Ministers of Culture em November de 1991.
26
Adaptado do Centro de Documentação:
http://www.eurocid.pt/pls/wsd/wsdwcot0.detalhe?p_cot_id=1451&p_est_id=4153

31
Assumindo o lema europeu: ““Unida na diversidade”” garantimos a riqueza que há na
diferença e banimos as vontades homogeneizadoras tanto do entendimento como da
expressão.

““A rede encara, no fundo, o espírito de transposição que é o espírito da UE. Transpor as barreiras,
transpor os limites que existem, tanto psicológicos como físicos ou políticos. O conceito de
transposição que existe na rede está de acordo com o espírito da UE.”” Miguel Honrado

32
8. Fontes documentais

8.1. Bibliografia

AAVV. Instituto das Artes | Ministério da Cultura, Relatório de Actividades, 2005


BAPTISTA, Maria Manuel. «A Utopia Europa em Eduardo Lourenço». Comunicação
apresentada à Conferência Internacional «A Europa: Realidade e Fantasia»,
promovido pelo Centro de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, Aveiro, 8 e
9 de Fevereiro de 2001.
Bourdet, Claude, A Farsa da Europa, Forja Editora, 1978, p. 14
CASTELEIRO, João Malaca (org.). Dicionário da Língua Portuguesa
Contemporânea. Lisboa: Academia de Ciências de Lisboa, 2001
CUCHE, Denys. A Noção de Cultura nas Ciências Sociais. Lisboa: Fim De Século,
1999, p.40
GHIGLIONE, Rodolphe. O inquérito. Oeiras: Celta, 1999.
SANTOS, Maria de Lourdes Lima dos,. «As Políticas Culturais». Análise Social, vol.
XXVI (114), 1991 (5.º), 991-1009, p.991

8.2. Documentação e pesquisa online

Projecto de Tratado que altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que Institui a
Comunidade Europeia, 2007
Nota Informativa, Outubro de 2006, Programa Cultura (2007-2013), Ponto Contacto
Cultural.
ARKIO T. et al. Towards a New Cultural Framework Programme oh the European
Union. 2003
University of Arts in Belgrade, Cultural Networks. Cultural Mobility. Cultural Co-
operation, On The Move Training Session 2003, Belgrado, 2003
Programa Cultura 2007.
Centro de Documentação - www.eurocid.pt

Encatc | European Network of Cultural Administration Training Centres -


www.encatc.org
Festival MIra - www.mira-toulouse.com.
INTEREGI - www.interregiii.org.uk.
IRIS. www.iris-eu.com
ONDA - www.onda-international.com/onda.php.
CultDigest - http://www.cultdigest.online.pt/
UE-Cultura - http://ec.europa.eu/culture/eac/index_en.html
http://europa.eu/pol/cult/index_pt.htm
http://www.euclid.info/
http://www.cupid.culture.info/
Fórum Cultural para a Europa - http://www.culturalforum.pt/
Portal Europeu da Juventude - http://europa.eu/youth/index.cfm?l_id=pt
IETM | Informal European Theatre Meeting - http://www.ietm.org/
On The Move - http://www.on-the-move.org/EN/index.lasso

33
Anexos

Metodologia da Aplicação do Inquérito

Conforme referenciado na Introdução do Projecto, o inquérito foi aplicado a todos os


parceiros da rede Íris. Para tal, contámos com a colaboração do seu Presidente,
Miguel Honrado, que, após ter recebido o modelo do Inquérito, o reencaminhou por
e-mail para todos os contactos da rede.

Número de contactos 83
Número de contactos com erro de envio 16
Número de respostas 7

34
Messieurs, Mesdames,

Mon nom est Miguel Robin de Andrade et je suis élève de derniére année en
Production Théâtrale à Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa.
Je suis en train de rediger mon mémoire de fin d'études sur le théme des Réseaux
Culturels Européens, et j'ai choisi le réseau IRIS pour conduire une étude de cas.

Jusqu'á ce jour, j'ai déjà réuni un bon nombre d'information diversifiée, dont la plupart
me fut donnée par Mr. Miguel Honrado, que j'ai eut le plaisir d'interviewer.

Mr. Miguel Honrado m'a promis de vous faire parvenir ce petit questionnaire, et je
vou sremercie d'ors-et-déjà le temps que vous y consacrerez. Vos réponses sont de
grande importance pour le developpement de ce travail. Des réponses directes et
bréves sont bienvenues, tout comme des réponses plus elaborées, si cela vous est plus
convenable.

Je vous remercie pour votre attention et attends votre réponse avec grand intêret.
Je vous prie d'agréer, Messieurs et Mesdames, mes sincères salutations.

Miguel Robin de Andrade

Questionnaire:

x Nature de la structure:
x Nationalité:
x Depuis quand êtes-vous membre de la IRIS ?
x Pour quelle raison êtes-vous devenu membre ?
x Quels avantages trouvez-vous au fait d´être membre de l'IRIS.
x Avez-vous trouvé quelque desavantage Lequel ?
x Si vous avez des avantages en étant inscrits, nommez les outils que vous avez
ganhé depuis votre inscription
x Quel est le reflet, dans votre structure, d´^etre membre du réseau ?
x Bref commentaire personnel sur le rôle des réseaux dans le contxte culturel de
l'Europe.

35
Caros Senhores,

O meu nome é Miguel Robin de Andrade e sou aluno do último ano do curso de
Produção de Teatro da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa.
Estou a realizar o meu trabalho final de curso sobre o tema: Redes Culturais
Europeias e optei pela rede IRIS para fazer um estudo de caso.

Neste momento já reuni diversa informação sobre a IRIS e muita desta foi-me
facultada pelo Dr. Miguel Honrado, que também tive o prazer de entrevistar.

O Miguel Honrado prometeu-me fazer chegar a vós este breve questionário, ao qual
agradeço sinceramente o tempo dispendido. As vossas respostas são de uma
importância muito grande para este trabalho. Respostas directas e breves são muito
bem vindas, assim como outras formas de exposição.

Melhores Cumprimentos,

Miguel Robin de Andrade


umportodos@gmail.com

Questionário:

x Natureza da estrutura:
x Nacionalidade:
x Há quanto tempo é membro da IRIS?
x Porque razão tornou-se membro?
x Encontrou algumas vantagens ao estar inscrito na rede IRIS?
x Pelo contrário, o que encontrou foram desvantagens? Quais?
x Caso tenha tido vantagem em estar ali inscrito, nomeie as ferramentas que
ganhou desde a sua inscrição na rede?
x Qual o reflexo, na sua estrutura, da participação na rede?
x Breve consideração pessoal sobre o papel das redes no contexto cultural da
Europa.

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