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792/03 e
as facções criminosas
por Higor Vinicius Nogueira Jorge
No dia 02 de janeiro de 2003 entrou em vigor a Lei nº 10.792 que alterou a Lei de Execuções
Penais e o Código de Processo Penal. Dentre as alterações chama a atenção, além do
aprimoramento de normas relativas ao interrogatório, a previsão do Regime Disciplinar
Diferenciado (RDD).
Um dos principais motivos que ensejaram a aprovação do RDD foi à atuação de facções criminosas
em presídios, principalmente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Conforme RENATO LAÉRCIO TALLI, em seu livro À sombra do Medo, a primeira organização
criminosa atuando em presídios que se tem notícia no Estado de São Paulo “ficou conhecida como
as Serpentes Negras” e na sua origem “objetivava exclusivamente a melhoria das condições de
vida dos sentenciados da Penitenciária do Estado”. Com o tempo, a facção “passou a monopolizar
o tráfico de drogas” e a praticar outros crimes.
A Seita Satânica (SS) e o Comando Jovem Vermelho da Criminalidade (CJVC) são organizações
criminosas de menor expressão, mas também são extremamente violentos. Uma das características
da Seita Satânica é que seus integrantes são obrigados a cortar a falange do dedo mínimo.
Atualmente o PCC (que segundo reportagem da Revista Isto É, edição 145 de 26/02/01, surgiu a
partir da facção Serpentes Negras) é a organização criminosa que mais tem gerado conflitos nos
presídios, inclusive foi a responsável pela maior rebelião da história do país, no dia 18 de fevereiro
de 2001, que sublevou simultaneamente 29 presídios e contou com o apoio de aproximadamente 29
mil detentos.
Conforme a Revista Isto É, uma investigação da Polícia Civil do Estado de São Paulo, descobriu
que além de atuar na Penitenciária do Estado, também “existia nas unidades de Sorocaba, Iaras,
Presidente Bernardes, Mirandópolis e no Complexo Penitenciário Campinas-Hortolândia. Fora de
São Paulo, o comando atua na Penitenciária Central do Paraná e nas Penitenciárias de Segurança
Máxima de Rondonópolis, no Mato Grosso, e Porto Velho, em Rondônia”.
O PCC reúne hoje aproximadamente 9 mil detentos, que representam 10% de todos os presos do
Estado, e estima-se que tenha R$ 50 milhões no caixa que é utilizado para pagar despesas com
advogados, financiar crimes e fugas e subornar policiais.
2. A Lei nº 10.792/03
O recém alterado artigo 52 da Lei de Execuções Penais determina a aplicação do RDD, nas
hipóteses em que houver a prática de fato previsto com crime doloso e que ocasione a subversão da
ordem ou disciplina internas.
O RDD previsto pela Lei em discussão proporciona um absoluto isolamento dos presos e
impossibilita principalmente que do interior dos presídios os líderes de grupos criminosos
continuem comandar tais grupos, como vem ocorrendo em alguns presídios, segundo a imprensa
tem divulgado. Uma constatação dessa afirmativa foi o caso dos criminosos que comandavam o
tráfico de drogas do interior de um presídio de segurança máxima no Rio de Janeiro.
- visitas semanais de duas pessoas, sem contar crianças, com duração de 2 (duas) horas;
- direito de saída da cela para banho de sol por 2 (duas) horas diárias;
- possibilidade de isolamento preventivo do preso, que aguarda autorização judicial para ser
submetido ao regime, por até 10 (dez) dias, sem autorização judicial e sem prejuízo do
procedimento disciplinar a ser instaurado.
É importante destacar também que apesar de posições favoráveis ao RDD, alguns estudiosos do
direito se declararam contrários a esse Regime.