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Universidade do Sul de Santa Catarina

Metodologia para Estudo de Caso


Disciplina na modalidade a distância

5ª edição revista

Palhoça
UnisulVirtual
2010

livro.indb 1 15/12/2009 08:56:44


Créditos Campus UnisulVirtual
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Vanderlei Brasil Graciele Marinês Lindenmayr (Coord.)

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Marcelo José Cavalcanti
Enzo de Oliveira Moreira

Metodologia para Estudo de Caso


Livro didático

5ª edição revista

Design instrucional
Carmen Maria Cipriani Pandini

Palhoça
UnisulVirtual
2010

livro.indb 3 15/12/2009 08:56:45


Copyright © UnisulVirtual 2010
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Edição – Livro Didático


Professor Conteudistas
Marcelo José Cavalcanti
Enzo de Oliveira Moreira

Design Instrucional
Carmen Maria Cipriani Pandini

Assistente Acadêmico
Nágila Cristina Hinckel
(5ª ed. revista e atualizada)

Projeto Gráfico e Capa


Equipe UnisulVirtual

Diagramação
Higor Ghisi Luciano
Frederico Trilha
(5ª edição revista e atualizada)

Revisão
Amaline Boulus Issa Mussi

001.42
C37 Cavalcanti, Marcelo José
Metodologia para o estudo de caso : livro didático / Marcelo José
Cavalcanti, Enzo de Oliveira Moreira ; design instrucional Carmen Maria
Cipriani Pandini ; [assistente acadêmico Nágila Cristina Hinckel]. – 5. ed.
rev. – Palhoça : UnisulVirtual, 2010.
169 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.

1. Pesquisa. 2. Método de estudo de casos. I. Moreira, Enzo


de Oliveira. II. Pandini, Carmen Maria Cipriani. III. Hinckel, Nágila Cristina.
IV. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

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Sumário

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Palavras dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

UNIDADE 1 Estratégias de Pesquisa Científica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15


UNIDADE 2 Estudo de Caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
UNIDADE 3 Etapas iniciais de um relatório de pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
UNIDADE 4 Etapas finais de um relatório de pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157


Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
Sobre os professores conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169

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Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Metodologia para
Estudo de Caso.
O material foi elaborado visando a uma aprendizagem
autônoma, abordando conteúdos especialmente selecionados e
adotando uma linguagem que facilite seu estudo a distância.
Por falar em distância, isto não significa que você estará
sozinho. Não esqueça que sua caminhada nesta disciplina
também será acompanhada constantemente pelo Sistema
Tutorial da UnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir
necessidade. Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo,
pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.
Bom estudo e sucesso!

Equipe UnisulVirtual.

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Palavras dos professores
O desenvolvimento da Pesquisa Científica no Ensino
Superior é primordial para o aperfeiçoamento humano
e para a produção do conhecimento. Por essa razão, as
Instituições de Ensino Superior (lES) têm como uma de
suas finalidades produzir e sistematizar os saberes através da
produção científica por parte do corpo discente e do corpo
docente.
O estudo de caso tem caráter acadêmico-científico.
Materializa-se com a escolha de um tema pelo acadêmico,
o qual irá desenvolvê-lo individualmente e mediante
acompanhamento do professor. A escolha do tema é de
extrema relevância. E, quanto mais específico e delimitado o
assunto, mais significativa será a produção científica.
Toda atividade de pesquisa reflete o resultado de estudos
realizados e expressa, também, o grau de conhecimento do
acadêmico em relação ao assunto investigado.
Este livro objetiva oportunizar a padronização das regras
pertinentes ao desenvolvimento do Estudo de Caso.
Se, após a leitura e estudo deste livro, persistirem dúvidas
quanto à elaboração do Estudo de Caso, o professor deverá
ser consultado.

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Plano de estudo

O plano de estudos visa a orientá-lo (a) no desenvolvi-


mento da Disciplina. Possui elementos que o (a) ajudarão
a conhecer o contexto da Disciplina e a organizar o seu
tempo de estudos.
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual
leva em conta instrumentos que se articulam e se
complementam, portanto a construção de competências
se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das
diversas formas de ação/mediação.

São elementos desse processo:


„ o livro didático;
„ o EVA (Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem);
„ as atividades de avaliação (a distância, presenciais e
autoavaliação);
„ o Sistema Tutorial.

Carga horária
60 horas-aula - 4 créditos.

Ementa
Tipos de pesquisa. Estudo de Caso: conceito, composição
estrutural e metodologia.

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Objetivos da disciplina
O objetivo deste livro é contextualizar o(a) estudante nas
atividades de pesquisa científica, através de metodologia
prático-reflexiva, com a apresentação de um roteiro que
o(a) auxilie na elaboração de seu projeto de pesquisa. Além
disto, nesta disciplina, o(a) estudante terá subsídios para
a execução da pesquisa e elaboração do relatório final,
bem como acesso à padronização das regras pertinentes à
elaboração e desenvolvimento de um Estudo de Caso.

Conteúdo programático/objetivos

Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático


desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se
referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de
uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem
o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir
para o desenvolvimento de habilidades e competências
necessárias à sua formação.

Unidades de estudo: 4
UNIDADE 1 – Estratégias de Pesquisa Científica

Nesta unidade, serão apresentados alguns conceitos


norteadores a respeito de pesquisa científica e métodos
de pesquisa sob o viés da base lógica da investigação, da
finalidade da pesquisa e do delineamento da pesquisa.

UNIDADE 2 – Estudo de Caso

Nesta unidade, trabalharemos a definição de um estudo


de caso mais especificamente, com detalhes sobre a
oportunidade de aplicação e as suas vantagens. Além disto,
apresentaremos os tipos e as etapas de um estudo de caso.

12

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UNIDADE 3 – Etapas iniciais de um relatório de pesquisa

A unidade 3 é contextualizadora, pois dá início à construção


do planejamento para o estudo de caso. Ela mostra os
primeiros passos para a elaboração do relatório e justifica a
sua aplicação.

UNIDADE 4 – Etapas finais de um relatório de pesquisa

Nesta unidade, serão apresentadas as formas de socializar


os resultados da aplicação do planejamento da pesquisa.
Aqui será mostrado como construir as etapas de aplicação,
apresentação, análise e sugestões do relatório final da
pesquisa de estudo de caso.

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Agenda de atividades/ Cronograma

„ Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar


periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus
estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da
realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação
com os seus colegas e professor.

„ Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço


a seguir as datas com base no cronograma da disciplina
disponibilizado no EVA.

„ Use o quadro para agendar e programar as atividades


relativas ao desenvolvimento da disciplina.

Atividades

Demais atividades (registro pessoal)

14

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UNIDADE 1

Estratégias de Pesquisa
Científica

Objetivos de aprendizagem
Nesta unidade, você terá subsídios para:
„ conhecer os conceitos básicos sobre pesquisa científica e
métodos de pesquisa;
„ saber diferenciar os métodos que proporcionam a base
lógica da investigação, dos que identificam a finalidade
da pesquisa e dos que delineiam a pesquisa.

Seções de estudo
Seção 1 A pesquisa científica
Seção 2 O método de pesquisa
Seção 3 Métodos que proporcionam a base lógica
da investigação
Seção 4 Métodos que identificam a finalidade da
pesquisa
Seção 5 Delineamento da pesquisa: meios de
investigação
Seção 6 A pesquisa científica na UnisulVirtual

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Provavelmente, você já realizou alguma pesquisa em sua vida,
formal ou até mesmo informal, e, também, já deve ter percebido
que, dependendo de como você planeje e execute a sua pesquisa,
pode ter resultados diferentes! Muitos questionam a importância
da normatização, como o caso da ABNT, mas poucos conseguem
perceber que através da normatização evitamos tendenciar uma
pesquisa. A partir de agora, você irá entrar no mundo da pesquisa
científica e vai, na prática, montar um projeto de pesquisa, para
executá-lo na próxima disciplina em seu curso.

- Vamos iniciar o estudo, então? Preparado(a)? Inicialmente você


estudará o que é Pesquisa.

Seção 1 - A pesquisa científica


Ao iniciar os estudos desta disciplina, é importante que você
contextualize nomenclaturas as quais vai utilizar ao longo do
estudo. Para seguir a trajetória que envolverá a produção de uma
pesquisa científica, é necessário entender o conceito de ciência.

Iniciamos, trazendo o conceito de Fachin (2001, p.15):

[...] se pode considerar a Ciência como uma forma de


conhecimento que tem por objetivo formular, mediante
linguagem rigorosa e apropriada – se possível, com
auxílio da linguagem matemática –, leis que regem os
fenômenos. Embora sendo as mais variadas, essas leis
apresentam vários pontos em comum: são capazes de
descrever séries de fenômenos; são comprováveis por meio
da observação e da experimentação; são capazes de prever
– pelo menos de forma probabilística – acontecimentos
futuros. [...]

Após entender o termo “CIÊNCIA”, você precisa também


contextualizar “CONHECIMENTO”, que pode ser entendido
como o conjunto de ferramentas conceituais e padrões usados
pelos seres humanos para criar, colecionar, armazenar e
compartilhar a informação.

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Metodologia para Estudo de Caso

O conhecimento pode ser um refinamento de informações.


A ele está associada certa dose de inteligência, que é capaz de
fazer associações entre informações, experiências e conceitos, e
elaborar conclusões. Dutra (2003) nos diz que o conhecimento
serve para o ser humano enfrentar as agruras da natureza.
Relaciona o conteúdo retido pela mente humana (informação)
com sua aplicação à sua sobrevivência na natureza. Sendo assim,
relaciona-se o conhecimento com as inter-relações que os seres
humanos mantêm entre si para edificar a sociedade onde vivem.

A partir desta introdução sobre CIÊNCIA e


CONHECIMENTO, podemos dizer que a “ciência gera
conhecimento”, concorda?

Mas, como isto acontece?

Para responder a esta questão, é interessante pensarmos que a


ciência gera o conhecimento explícito através da aplicação de
determinados métodos. São estes métodos que veremos, de forma
mais detalhada, na próxima seção.

Seção 2 - O método de pesquisa


Antes de apresentarmos formalmente o conceito, cabe
expor uma visão mais generalista sobre método, que
pode se referir à organização em que serão aplicados
os processos necessários para se atingir um objetivo; ou,
ao conjunto de regras aplicadas na investigação e na
demonstração de um fato.

Para Fachin (2003, p. 27),

método é um instrumento do conhecimento que


proporciona aos pesquisadores, em qualquer área de
sua formação, orientação geral que facilita planejar uma
pesquisa, formular hipóteses, coordenar investigações,
realizar experiências e interpretar resultados.

Unidade 1 17

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Universidade do Sul de Santa Catarina

O método pode ser considerado o trajeto a ser


percorrido pelo pesquisador, no decorrer do
desenvolvimento da pesquisa. Daí que, através do
método pode-se descobrir a reiteração dos fatos,
isto é, a repetição dos fatos em intervalos idênticos,
perseguindo-se a observação da regularidade dos
fenômenos, verificar, inferir, explicar e generalizar o
fenômeno e, então, transformá-lo em lei. O método
tem uma estrutura técnica e uma operação mental. A
primeira diz respeito aos vários métodos científicos,
denominados métodos e a segunda se refere aos
métodos racionais, ou seja, a indução e a dedução.

A técnica é a maneira mediante a qual o pesquisador vai


percorrer o caminho de sua pesquisa. Assim, o método é estável;
as técnicas são variáveis, de acordo com o progresso tecnológico.
O método indica o que fazer e a técnica indica o como fazer. Em
suma, o método deve ser compreendido como a estratégia para se
auferirem resultados.

Não se inventa um método; ele depende, fundamentalmente,


do objeto da pesquisa. Os pesquisadores que alcançaram
êxito comprovado em suas investigações tiveram o cuidado de
registrar os “caminhos” percorridos e os meios que os levaram
ao cumprimento de seus objetivos. Seus registros, então,
possibilitaram a outros cientistas a análise de tais processos para
a comprovação, aprimoramento e reutilização dos “caminhos”
já percorridos. Assim, estes processos, empíricos no início,
foram transformados, com o passar do tempo, em métodos
comprovadamente científicos, como nos mostra Gil (1999, p.27).

Muitos pensadores do passado manifestaram a aspiração


de definir um método universal aplicável a todos os
ramos do conhecimento. Hoje, porém, os cientistas e
os filósofos da ciência preferem falar numa diversidade
de métodos, que são determinados pelo tipo de objeto a
investigar e pela classe de proposições a descobrir. Assim,
pode-se afirmar que a Matemática não tem o mesmo
método da Física, e que esta não tem o mesmo método
da Astronomia. E com relação às ciências sociais, pode-
se mesmo dizer que dispõem de grande variedade de
métodos. (GIL, 1999, p. 27).

18

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Metodologia para Estudo de Caso

Para Cervo e Bervian (2002), o método científico quer descobrir


a realidade dos fatos, e esses, ao serem descobertos, devem, por
sua vez, guiar o uso do método. Assim, o método científico
segue o caminho da dúvida sistemática e metódica, que não se
confunde com a dúvida universal dos céticos, que é impossível.

Considerando-se o grande número de métodos científicos, torna-


se conveniente classificá-los.

Assim, de acordo com a natureza específica de cada problema


investigado, estabelece-se a escolha de métodos apropriados
para atingir um fim, que é o saber. Os métodos podem ser
classificados em três grandes grupos, conforme Gil (1999) e por
Vergara (2000): métodos que proporcionam a base lógica da
investigação, métodos que identificam a finalidade da pesquisa e
delineamento da pesquisa: meios de investigação.

SEÇÃO 3 - Métodos que proporcionam a base lógica da


investigação
Perceba que existem vários tipos de métodos na vasta bibliografia
atual, referente à Metodologia Científica. Esta seção apresenta
os métodos que proporcionam a base lógica da investigação. Este
tipo de método trata dos procedimentos que serão aplicados no
processo de investigação científica dos fatos da natureza e da
sociedade. O ponto de partida deste método conta com um alto
índice de abstração, possibilitando aos pesquisadores inferir sobre
o alcance de sua investigação, as regras de explicação dos fatos e
da validade de suas generalizações. Apesar da abstração inicial, a
lógica na escolha dos procedimentos não deve ser leviana.

Para sucesso na escolha do tipo de base lógica apresentaremos, a


seguir, os dois principais métodos.

Método dedutivo
É o método que parte do geral e, logo após desce ao particular.
Isto implica partir de princípios reconhecidos como verdadeiros
e indiscutíveis, possibilitando chegar-se a conclusões de maneira
formal, em virtude de sua lógica.

Unidade 1 19

livro.indb 19 15/12/2009 08:56:50


Universidade do Sul de Santa Catarina

O emprego do pensamento dedutivo acontece quando, segundo


Ruiz (1996, p. 139), “a partir de enunciados mais gerais dispostos
ordenadamente como premissas de um raciocínio, chega a uma
conclusão particular ou menos geral”. Ou seja, parte-se do geral
para o particular.

Este método é defendido pelos racionalistas – Descartes,


Spinoza, Leibniz –, pois, para eles, somente a razão é capaz de
conduzir ao conhecimento verdadeiro, cuja decorrência estaria
relacionada a princípios a priori evidentes e irrecusáveis.

Método indutivo
É o método inverso ao método dedutivo, pois parte do particular
e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho
de coleta de dados particulares. A indução, enquanto forma de
pensar contrária à dedução, implica “um processo de raciocínio
inverso ao processo dedutivo”, segundo Ruiz (1996, p. 139). A
indução parte de fatos singulares para fatos mais gerais, ou seja,
parte do particular para o geral.

No raciocínio indutivo, a generalização não deve ser a priori


buscada, mas apenas constatada a partir da observação de casos
concretos que confirmem esta realidade. O método indutivo é
o método proposto pelos empiristas – Bacon, Hobbes, Locke
e Hume –, pois os mesmos consideram que o conhecimento é
fundamentado exclusivamente na experiência, desconsiderando
os princípios preestabelecidos.

Saiba mais
Além dos métodos dedutivo e indutivo apresentados nesta
unidade, outros autores desenvolveram também seus próprios
métodos, que apresentamos a seguir.
Método hipotético-dedutivo: é defendido por Karl
Popper, que, a partir de críticas à indução, pressupõe que o
pesquisador, através de uma combinação de observações,
hábeis antecipações e intuição científica, alcançará um conjunto
de postulados os quais regem os fenômenos por que estão
interessados.

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Metodologia para Estudo de Caso

Método dialético: o fato de ter sido utilizado por Platão


na arte do diálogo demonstra a antiguidade deste método,
muito embora a concepção moderna deste método esteja
fundamentada em Hegel, cuja idéia pressupõe que a lógica
e a história da humanidade seguem uma trajetória dialética,
onde as contradições se transcendem, dando origem a novas
contradições que passarão a requerer novas soluções; em um
processo contínuo. A concepção hegeliana de dialética é de
natureza idealista, admitindo, portanto, a hegemonia das idéias
sobre a matéria. Desta forma, o materialismo dialético poderá
ser entendido como um método de interpretação da realidade.
Método fenomenológico: sugere uma base sólida de
investigação sem a possibilidade de proposições. A premissa
básica deste método é: “avançar para as coisas”, onde “coisas”
refletem os dados. Portanto o método fenomenológico
não se preocupa com o fenômeno em si, mas sim com os
dados, independentemente se esses dados representam
uma realidade, ou uma mera aparência. Esta característica faz
com que o método fenomenológico não seja dedutivo nem
empírico: seu propósito é mostrar o que é o dado e esclarecer
sobre o que é, não se importando em explicar as leis nem
fazer deduções com base nos princípios, mas sim, considerar o
que está presente na consciência, o objeto. A fenomenologia
ressalta a idéia de que o mundo é criado pela consciência, o
que pressupõe o reconhecimento da importância do sujeito no
processo da construção do conhecimento.
FONTE: Gil (1999).

Seção 4 - Métodos que identificam a finalidade da


pesquisa
Os fins, como o próprio nome designa, identificam o propósito
pelo qual uma pesquisa é realizada. Desta forma, Vergara (2000)
lista um conjunto de métodos pelos quais uma pesquisa se
justificaria. Veja a seguir.

Unidade 1 21

livro.indb 21 15/12/2009 08:56:51


Universidade do Sul de Santa Catarina

Pesquisa Exploratória
Normalmente, é feita em áreas onde o conhecimento é escasso
e sistematizado e, por sua natureza de sondagem, não comporta
inicialmente as hipóteses, porém nada impede que as hipóteses
surjam durante ou no final da pesquisa. Tem por finalidade a
descoberta de práticas ou diretrizes que precisam ser modificadas
e a obtenção de alternativas ao conhecimento científico existente.
Tem por objetivo principal a descoberta de novos princípios para
substituírem as atuais teorias e leis científicas, como nos diz Jung
(2003).

Pesquisa Descritiva
Este tipo de pesquisa tem por objetivo expor as características de
uma determinada população ou fenômeno, de forma a estabelecer
correlação entre as variáveis, para então definir sua natureza. A
pesquisa descritiva, de acordo com Mattar (1994), visa a prover o
pesquisador de dados sobre as características de grupos, estimar
proporções de determinadas características e verificar a existência
de relações entre variáveis. Embora a pesquisa descritiva não
tenha o compromisso de explicar os fenômenos que descreve,
ela servirá de base para tal explicação - como é observado nas
pesquisas de opinião.

Pesquisa Explicativa
O objetivo desta investigação é o de esclarecer e justificar os
motivos pelos quais algo acontece, buscando evidenciar quais fatores
contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado
fenômeno. Tem por objetivo ampliar generalizações, definir leis mais
amplas, estruturar sistemas e modelos teóricos, relacionar hipóteses
numa visão mais unitária do universo e gerar novas hipóteses por
força de dedução lógica. Exige síntese e reflexão. Visa identificar os
fatores que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Explica o
“porquê das coisas”, de acordo com Jung (2003).

A figura 1.1 apresenta as diferenças entre estes três tipos de pesquisa.


Observe.

22

livro.indb 22 15/12/2009 08:56:51


Metodologia para Estudo de Caso

Tipos de pesquisa
Diferenças básicas

Exploratória Descritiva Explicativa

Procura explorar o problema, Tem como principal objetivo a Além de descrever, procura
pois ainda ninguém o fez. descrição das variáveis. identificar os fatores
Busca prover critérios para sua Observa, registra, classifica e determinantes. Quer saber o
compreensão, desenvolver interpreta as características porquê das coisas. A maioria
hipóteses, isolar variáveis, das variáveis. Correlaciona as dessas pesquisas utiliza a
definir problemas, etc. informações para analisar manipulação das variáveis.
fenômenos.

Figura 1.1 - Diferenças básicas.


Fonte: Jung (2003). Com modificações.

Seção 5 - Delineamento da pesquisa: meios de


investigação
Gil (1999) considera o delineamento como o planejamento da
pesquisa em sua dimensão mais ampla, envolvendo tanto a
sua diagramação quanto a previsão de análise e interpretação
dos dados. Entre outros aspectos, o delineamento considera
o ambiente em que são coletados os dados, bem como as
formas de controle das variáveis envolvidas. O delineamento
define os meios de investigação a serem utilizados na
pesquisa, que se tornam essenciais face à necessidade de
confrontação entre a visão teórica do problema com os dados
da realidade.

Assim, segundo Gil (1999), podem ser definidos dois grupos


de delineamento:

„ aquele que se vale das chamadas fontes de papel, onde


estão a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental; e

Unidade 1 23

livro.indb 23 15/12/2009 08:56:53


Universidade do Sul de Santa Catarina

„ aquele cujos dados são fornecidos por pessoas, onde


estão a pesquisa experimental, a pesquisa post-factum, o
levantamento, o estudo de campo e o estudo de caso.
A seguir, apresentam-se algumas considerações sobre cada
delineamento.

Pesquisa Bibliográfica
É o estudo sistematizado, desenvolvido a partir de material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos
científicos. Para Cervo e Bervian (2002), a pesquisa bibliográfica
procura explicar um problema a partir de referências teóricas
publicadas em documento. Pode ser realizada independentemente
ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos
os casos, busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou
científicas do passado, existentes sobre determinado assunto,
tema ou problema; busca também, explorar novas áreas onde os
problemas não se cristalizaram suficientemente, e tem por
objetivo permitir ao cientista o reforço paralelo na análise de suas
pesquisas ou manipulação de suas informações. O propósito deste
tipo de pesquisa é o de fundamentar qualquer outro tipo de
pesquisa. Quanto às fontes, poderão ser primárias, se coletadas
em materiais originais que deram origem a outros estudos; ou
secundárias, que têm suas origens em obras já publicadas.

Pesquisa Documental
Muito semelhante à pesquisa bibliográfica, a pesquisa
documental diferencia-se por valer-se de materiais que ainda não
receberam um tratamento analítico. Trata-se, portanto, de
investigação realizada em documentos conservados no interior de
órgãos públicos e privados; ou de pessoas que, a partir da
interpretação do pesquisador, poderão dar origem a uma obra.

Pesquisa Experimental
Investigação de natureza empírica, onde o pesquisador manipula
e controla as variáveis independentes, observando as possíveis
alterações que tais variáveis provocarão sobre as variáveis
dependentes. Desta forma, para que se tenha um delineamento
experimental, é necessário que se determine um objeto de estudo,

24

livro.indb 24 15/12/2009 08:56:53


Metodologia para Estudo de Caso

cujas variáveis poderão influenciar o pesquisador, nas formas de


controle e de observação.

Pesquisa post factum


Esta pesquisa se fundamenta apenas na experiência, onde as
variáveis independentes não são controladas pelo investigador,
seja porque já ocorreram suas manifestações, seja porque são
intrinsecamente não-manipuláveis, tais como: sexo, classe social,
nível intelectual, preconceitos, autoritarismo, entre outras.

Pesquisa Survey (Levantamento)


Este tipo de pesquisa tem por característica a interrogação direta
das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Gil (2000)
afirma que pelo “método survey” levantamento é caracterizado
como pesquisa formada por uma amostra que se constitui num
subconjunto da população - se estimam as características da
população total. Complementa o autor que os levantamentos
apresentam como vantagens o conhecimento direto da realidade;
economia e rapidez; facilidade de quantificação.

Gil (1999) esclarece que, na maioria dos levantamentos, não


são pesquisados todos os integrantes da população estudada:
o que se faz, normalmente, é a seleção de um grupo mediante
procedimentos estatísticos, que possam, com a menor margem de
erro, representar toda a população.

Pesquisa de Campo
A pesquisa de campo, para Vergara (2000, p. 47), “é uma investi-
gação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fe-
nômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo”, podendo-se
valer, ou não, de entrevistas, aplicação de questionários ou testes.

Para Gil (2000), embora as pesquisas de campo se assemelhem


aos levantamentos (surveys), existem duas características que as
diferem. São elas:

Unidade 1 25

livro.indb 25 15/12/2009 08:56:53


Universidade do Sul de Santa Catarina

a) estudos de campo se preocupam mais com o


aprofundamento das questões propostas do que com a
distribuição das características da população segundo
determinadas variáveis, o que lhes dá maior flexibilidade; e

b) pesquisas de campo estudam um único grupo ou


comunidade em termos de sua estrutura social,
destacando-se a interação de seus componentes. Desta
forma, o estudo de campo tende a utilizar muito mais
técnicas de observação do que de interrogação.

Seção 6 - A Pesquisa Científica na UnisulVirtual


Diante da abordagem conceitual dos métodos que você acabou de
ler, utilizada para nortear a metodologia da pesquisa científica, é
possível inferir que a ciência moderna tem usado uma combinação
desses métodos, de modo a superar as deficiências que cada um
possui, não apenas para alcançar uma exatidão inconfundível, mas
tão somente para ser capaz de atender a complexidade atual.

Até aqui você conheceu os métodos de pesquisa que


proporcionam a base da investigação e identificam
a finalidade da pesquisa. Esta contextualização dá
suporte para estudarmos mais à frente detalhes sobre
o método de “estudo de caso”, ponto central de nosso
estudo.

A contextualização a que se propõe esta unidade nos abre


caminho para justificar e apresentar o método de pesquisa que a
UnisulVirtual escolheu para seus cursos tecnólogos de graduação
na modalidade a distância.

Entendemos que a escolha pela Metodologia de Estudo de Caso


é a mais viável para uma estratégia prático-reflexiva nos cursos de
curta duração. Este método nos possibilita rapidez na fase inicial,
aplicabilidade prática em curto espaço de tempo, sem, no entanto,
perder-se a característica de uma pesquisa científica.

26

livro.indb 26 15/12/2009 08:56:54


Metodologia para Estudo de Caso

O estudo de caso vem sendo utilizado cada vez mais pelos


pesquisadores, em virtude de poder ser utilizado com diferentes
propósitos. Isto configura outro motivo de ser escolhido o método
de estudo de caso, já que, na UnisulVirtual temos diversos cursos
tecnólogos em diferentes áreas.

O estudo de caso como padrão para todos os cursos tecnólogos a


distância na UnisulVirtual nos permitirá homogeneizar a prática
da pesquisa como parte integrante do processo de aprendizagem
em nível de graduação, sem perda de qualidade e com liberdade
de ação em diversas áreas.

É importante você perceber que o método de estudo de caso é


objeto central deste livro, sendo abordado com mais detalhes
nas unidades a seguir. A partir de agora você poderá, na prática,
participar de uma pesquisa científica real, a partir da qual poderá
refletir sobre ciência e praticar pesquisa com o auxílio de seu
professor.

Antes, porém, é importante mostrarmos


administrativamente como este estudo de caso
funcionará para o seu curso.

Este material tem o objetivo de viabilizar a elaboração do


relatório de pesquisa da disciplina Estudo de Caso, em que
você se matriculará no próximo semestre. Durante o processo
de leitura dos conteúdos deste livro, procure desenvolver um
elo entre o que está apresentado, os materiais que você já tem
disponíveis e a realidade a ser estudada.

Lembre que você pode utilizar todos os conteúdos já


estudados em seu Curso – tanto os livros didáticos,
quanto os sites na internet e outras leituras realizadas
– como fonte de pesquisa para enriquecer o seu
estudo de caso.

Unidade 1 27

livro.indb 27 15/12/2009 08:56:54


Universidade do Sul de Santa Catarina

Regras gerais do estudo de caso nos cursos de graduação da


UnisulVirtual
A disciplina Metodologia de Estudo de Caso deve ser cursada
anteriormente à disciplina de Estudo de Caso. Ambas as
disciplinas (Metodologia de Estudo de Caso e Estudo de Caso)
têm características e particularidades que você necessita entender
antes de seguir com seu trabalho.

É muito importante que você leia com atenção todo este livro
nesta disciplina (Metodologia para Estudo de Caso), o guarde
para balizar a sequência da sua pesquisa com a disciplina seguinte
(Estudo de Caso) e o tenha sempre à mão para fazer consultas.

Resumidamente a sua pesquisa científica será construída com


suporte em duas disciplinas sequenciais (uma em um semestre e
outra no próximo):

„ Metodologia para Estudo de Caso: (lhe dará aportes


teóricos para desenvolver a sua pesquisa);
„ Estudo de Caso: (Trabalhará a prática do estudo de caso
com a construção final do Relatório de pesquisa).

- Veja, a seguir, como ocorre a oferta e o envio das atividades,


Esta informação é identificando assim, suas responsabilidades enquanto aluno desta
específica para os disciplina.
cursos totalmente a
distância e, portanto,
NÃO se aplicam às
disciplinas a distância A OFERTA E O ENVIO DAS ATIVIDADES NA DISCIPLINA DE
(DAD). METODOLOGIA PARA O ESTUDO DE CASO
Diferentemente das demais disciplinas que você está
habituado a realizar aqui na UnisulVirtual, na Metodologia
para Estudo de Caso você realiza apenas as atividades a
distância (AD), durante dois períodos, de forma paralela às
demais disciplinas do curso, e não há avaliação presencial.
 Esta disciplina é composta por duas avaliações a
distância (AD) e uma avaliação final (AF), também a
distância, caso seja necessária.
 Para o envio de cada uma das avaliações, você
deverá acessar a ferramenta AVALIAÇÃO da disciplina
no Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA).

28

livro.indb 28 15/12/2009 08:56:55


Metodologia para Estudo de Caso

Isto significa que os cuidados com a administração do


tempo devem ser redobrados. Não corra o risco de pensar
que, pelo fato de a disciplina ocorrer durante dois períodos,
você poderá deixar para realizar as atividades depois das
demais. As consequências deste tipo de atitude serão
bastante prejudiciais e irreversíveis.
Caso você obtenha uma nota inferior a 7,0 na média das
duas atividades enviadas, deverá fazer uma avaliação de
recuperação denominada “Avaliação Final (AF)” e enviá-la
até a data prevista no cronograma, observando que:
a) Avaliação Final (AF) será disponibilizada através da
mesma ferramenta onde estão as outras ADs. A nota
será atribuída pela visão geral do trabalho, respeitando
as sugestões já apresentadas nas avaliações anteriores
de seu professor e nas orientações contidas neste
livro. Observe, portanto, que a análise que o professor
fez das atividades individuais não estará diretamente
relacionadas à análise da avaliação final;
b) aluno com média inferior a 2,0 não é necessário
fazer avaliação final, pois matematicamente não será
possível obter a média mínima para a aprovação (6,0);
c) é responsabilidade do aluno verificar no sistema
acadêmico a média obtida no semestre e se haverá
necessidade do envio da avaliação final;
d) a data de envio da avaliação final estará publicada
no cronograma da disciplina no EVA;
e) a correção da atividade de avaliação final ocorrerá
uma única vez (sem possibilidade de refazer), sendo
atribuída uma nota a ser publicada no sistema
acadêmico no campo “avaliação final”; e
f) a média mínima para a aprovação após a realização
da Avaliação Final é 6,0, tal como as demais disciplinas
do curso.

— Ficou preocupado (a) com o que vem pela frente?

Fique calmo (a), pois o seu professor estará a disposição para orientá-lo
e acompanhá-lo (a) nesta tarefa: Seguimos, então...

Unidade 1 29

livro.indb 29 15/12/2009 08:56:55


Universidade do Sul de Santa Catarina

Síntese

Nesta unidade, você estudou que ciência é um ramo do


conhecimento sistemático e organizado a partir de princípios
rígidos e regras específicas, relacionados e sistematizados. Essa
relação e sistematização é que caracterizam o conhecimento
científico e o diferenciam do conhecimento comum, ou empírico,
que se limita a verificar os fatos sem lhes buscar uma explicação
racional, nem as suas relações inteligíveis com outros fatos,
sistematizando-os. O que distingue uma ciência de outra ciência
não é a natureza dos objetos que estuda, mas o ponto de vista sob
o qual os estuda.

Desta forma, o que foi tratado nesta unidade diz respeito não
só ao ato de conhecer os tipos disponíveis de pesquisa científica
e de métodos para colocá-las em prática: depois de lê-la, o
acadêmico reúne condições para saber diferenciar os métodos que
proporcionam a lógica na investigação, daqueles que estabelecem
a finalidade da pesquisa.

Você deve ter percebido que o assunto abordado nesta unidade


foi muito importante para desenvolver um processo de pesquisa,
pelo fato de que ele instrumentaliza teoricamente para que você
possa conhecer o estudo de caso, desde suas definições, passando
por seus tipos, além de definir suas etapas. Estes conteúdos serão
abordados na unidade 2.

30

livro.indb 30 15/12/2009 08:56:55


Metodologia para Estudo de Caso

Atividades de autoavaliação
Realize as atividades de autoavaliação a seguir, para praticar os
conhecimentos adquiridos nesta unidade. Vamos precisar destas
informações lá na frente.

1. Apresente a definição de método que considerar mais completa.

2. Conforme discutido nesta unidade, diferencie:

a) método dedutivo e indutivo.

b) pesquisa descritiva, exploratória e explicativa.

Unidade 1 31

livro.indb 31 15/12/2009 08:56:56


Universidade do Sul de Santa Catarina

3. Estudamos os meios de investigação, agora expresse o que você


entendeu, efetuando a definição dos itens:

a) Pesquisa documental

b) Pesquisa bibliográfica

Saiba mais

Para saber mais sobre Técnicas e Métodos, sugerimos as


seguintes leituras:

„ GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa


social. São Paulo: Atlas, 1999.
„ LEONEL, Vilson; MOTTA, Alexandre de Medeiros.
Ciência e pesquisa: livro didático. 2. ed. rev. e atual.
Palhoça: UnisulVirtual, 2007. 228 p.
„ RAUEN, Fábio José. Elementos de iniciação à
pesquisa. Rio do Sul: Nova Era, 1999.

32

livro.indb 32 15/12/2009 08:56:56


2
UNIDADE 2

Estudo de Caso

Objetivos de aprendizagem
Nesta unidade, você terá subsídios para:
„ conhecer os conceitos básicos sobre estudos de caso;

„ entender quando utilizar o estudo de caso, quais os tipos


de estudo de caso e suas etapas;

„ identificar as vantagens de um estudo de caso.

Seções de estudo
Seção 1 Definições
Seção 2 Quando usar o estudo de caso?
Seção 3 Quais as vantagens do estudo de caso?

Seção 4 Quais os tipos de estudo de caso?

Seção 5 Quais as etapas do estudo de caso?

livro.indb 33 15/12/2009 08:56:56


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Esta unidade trata, mais especificamente, da definição de um
estudo de caso, com detalhes sobre a oportunidade de aplicação
e as suas vantagens. Além disto, apresenta, também, os tipos e as
etapas de um estudo de caso.

Atente para a importância desta unidade, que é contextualizadora


e trará subsídios para que você possa realizar o seu próprio estudo
de caso futuramente.

Seguimos, então, com maiores detalhes sobre estas definições.

Seção 1 - Definições

O que é um estudo de caso?

Acompanhe, a seguir, as várias definições encontradas e


dimensione a importância de compreendê-las no contexto de seu
curso e na expectativa de efetuar pesquisa.

O estudo de caso, segundo Gil (1999), é caracterizado pelo


estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de
maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado,
tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de
delineamentos considerados.

Para Yin (2005, p. 32), o estudo de caso é uma investigação


empírica que “investiga um fenômeno contemporâneo dentro de
seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre
o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”.

Mazzotti (2006), afirma que, ao definir o objeto do estudo de


caso como um fenômeno contemporâneo, Yin procura distingui-
lo dos estudos históricos nos quais a evolução temporal é o foco
de interesse, o que não significa que, nos estudos de caso, não se
recorra a fatos passados para compreender o presente.

34

livro.indb 34 15/12/2009 08:56:56


Metodologia para Estudo de Caso

A investigação de estudo de caso, para Yin (2005, p. 33):

[...] enfrenta uma situação tecnicamente única em que


haverá muito mais variáveis de interesse do que de pontos
de dados, e, como resultado, baseia-se em várias fontes
de evidências, com os dados precisando convergir em um
formato de triângulo, e, como outro resultado, beneficia-
se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para
conduzir a coleta e análise de dados.

Para Chizzotti (2006, p. 102),

O estudo de caso é uma caracterização abrangente para


designar uma diversidade de pesquisas que coletam e
registram dados de um caso particular ou de vários casos
a fim de organizar um relatório ordenado e crítico de
uma experiência, ou avaliá-la analiticamente, objetivando
tomar decisões a seu respeito ou propor uma ação
transformadora.

Yin (2005, p. 19) esclarece que o estudo de caso


é apenas uma das maneiras de se fazer pesquisa
em todas as áreas. Experimentos, levantamentos,
pesquisas históricas e análise de informações em
arquivos são alguns exemplos de maneiras diferentes
para se realizar uma pesquisa. Contudo cada estratégia
apresenta vantagens e desvantagens, dependendo das
seguintes condições:

[...] tipo de questão da pesquisa, o controle que o


pesquisador possui sobre os eventos comportamentais
efetivos, o foco em fenômenos históricos, em oposição a
fenômenos contemporâneos [...].

Geralmente, esse tipo de estudo representa a estratégia preferida


quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, e quando
o pesquisador tem pouco controle sobre os fenômenos estudados.

Perceba que, no entendimento de Martins e Santos (2003), num


estudo de caso, o investigador tenta examinar uma situação em
profundidade. O investigador tenta descobrir todas as variáveis
que são importantes na história ou desenvolvimento de seu

Unidade 2 35

livro.indb 35 15/12/2009 08:56:57


Universidade do Sul de Santa Catarina

sujeito. A ênfase está em compreender por que o indivíduo faz,


o que faz, como seu comportamento muda quando ele responde
a seu ambiente. Isto exige estudo detalhado por um período
considerável de tempo. O investigador coleta dados sobre o
estado presente do sujeito, suas experiências passadas, seu
ambiente e como estes fatores se relacionam uns com os outros.

Um caso é um acontecimento no mundo real que uma


teoria pressupõe no mundo abstrato. O caso é tomado
como unidade significativa do todo e, por isso,
suficiente tanto para fundamentar um julgamento
fidedigno quanto para propor uma intervenção.

Como visto nas diversas definições, o estudo de caso consiste em


uma investigação minuciosa de uma ou mais organizações ou
grupos, visando prover uma análise do conjunto e dos processos
envolvidos no fato analisado. Hartley (1994) nos lembra que o
fenômeno estudado não está isolado de seu contexto, sendo este
o interesse principal do pesquisador: a relação entre o fenômeno
estudado e o seu contexto, dessa forma.

Agora que já sabe o que é um estudo de caso, entenda quando


poderá usá-lo.

Seção 2 - Quando usar o estudo de caso?


A utilização do estudo de caso é abrangente, podendo ser
aplicado em várias situações. E, por juntar vantagens de vários
métodos, acabou se transformando na estratégia de pesquisa
preferida dos investigadores dos fenômenos individuais,
organizacionais, sociais, políticos e de grupo.

Veja, agora, a opinião de vários autores acerca da


usabilidade do método de estudo de caso.

No entendimento de Fidel (1992), o estudo de caso é apropriado


para investigação de fenômenos, quando:

36

livro.indb 36 15/12/2009 08:56:57


Metodologia para Estudo de Caso

„ há uma grande variedade de fatores e


relacionamentos;
„ não existem leis básicas para determinar quais
fatores e relacionamentos são importantes;
„ os fatores e relacionamentos podem ser
diretamente observados.

Yin (2005) descreve três situações nas quais o estudo de caso é


indicado:

„ a primeira ocorre quando o caso em pauta


é crítico, para testar uma hipótese ou teoria
previamente explicitada;
„ a segunda é o fato dele ser extremo ou único;
„ a terceira situação é o caso revelador, que ocorre
quando o pesquisador tem acesso a uma situação
ou fenômeno até então inacessível à investigação
científica.

Já, para Hartley (1994), o estudo de caso é considerado adequado


para:

„ a compreensão dos processos sociais em


seu contexto organizacional ou ambiental -
importante para a pesquisa;
„ a exploração de novos processos ou comportamentos,
gerando hipóteses e construindo teorias;
„ a averiguação de casos atípicos ou extremos para
melhor compreender os processos típicos;
„ a busca de fatos na vida organizacional,
considerando que uma pesquisa quantitativa, por
exemplo, seria muito estática para abarcar o fluxo
de atividades em uma empresa;
„ a exploração de comportamentos organizacionais
informais.

Unidade 2 37

livro.indb 37 15/12/2009 08:56:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

Note que o estudo de caso pode ser utilizado em todos os tipos de


pesquisa, contudo há alguns obstáculos que devem ser considerados:
a falta de rigor metodológico exige que se redobrem os cuidados
tanto no planejamento quanto na coleta e análise dos dados; a
dificuldade de generalização na análise de um único, ou mesmo, de
múltiplos casos fornece uma base muito frágil para a generalização;
o estudo de caso demanda muito tempo destinado à pesquisa, e,
freqüentemente, seus resultados tornam-se pouco consistentes.

Goode e Hatt (apud BRESSAN, 2006) propõem algumas


medidas, para que se possa obter um bom estudo de caso.

„ Desenvolver um plano de pesquisa que considere


estes perigos ou críticas. Por exemplo, com
relação ao sentimento de certeza, pode-se usar
um padrão de amostra apropriado, pois, sabendo
que sua amostra é boa, há uma base racional para
fazer estimativas sobre o universo do qual ela é
retirada.
„ Ao fazer generalizações, da mesma maneira que
nas generalizações a partir de experimentos, fazê-
las em relação às proposições teóricas, e não para
populações ou universos.
„ Esquematizar a utilização, tanto quanto possível,
da técnica do código qualitativo para traços
e fatores individuais que são passíveis de tais
classificações. Recomenda-se que, por segurança,
as classificações feitas sejam analisadas por um
conjunto de colaboradores que atuarão como
“juízes da fidedignidade mesma das classificações
mais simples”.
„ Procurar não fazer narrações longas e relatórios
extensos, uma vez que relatórios deste tipo
desencorajam a leitura e a análise do estudo do caso.
„ Fazer seleção e treinamento criteriosos dos
investigadores e assistentes para assegurar o
domínio das habilidades necessárias à realização
de estudo de caso.

38

livro.indb 38 15/12/2009 08:56:58


Metodologia para Estudo de Caso

Seção 3 - Quais as vantagens do estudo de caso?


Você já estudou anteriormente que o estudo de caso, como
estratégia de pesquisa, é abrangente, por tratar da lógica de
planejamento, das técnicas de coleta de dados e das abordagens
específicas à análise dos mesmos. Apenas isto já bastaria para
justificar a escolha do estudo de caso como estratégia de pesquisa,
mas, para garantir que esta é a melhor escolha, apresentaremos a
seguir, alguns arcabouços teóricos para validar o estudo de caso
como o ideal para nosso futuro trabalho de pesquisa.

Yin (2005) esclarece que a investigação de estudo de caso:

„ enfrenta uma situação tecnicamente única, em


que haverá muito mais variáveis de interesse do
que pontos de dados; e, como resultado,
„ baseia-se em várias fontes de evidências, com os
dados precisando convergir em um formato de
triângulo; e, como outro resultado,
„ beneficia-se do desenvolvimento prévio de
proposições teóricas para conduzir a coleta e a
análise de dados.

Veja que, ao tratar dos objetivos da coleta de dados, Bonoma


(1985, p. 206) coloca como objetivos do Método Estudo de Caso
não a quantificação ou a enumeração, mas, ao invés disso:

„ descrição;
„ classificação (desenvolvimento de tipologia);
„ desenvolvimento teórico; e
„ o teste limitado da teoria.

As vantagens desta metodologia, segundo Bruyne et al. (1994),


são:

„ criar um estímulo a novas oportunidades de descobertas


do desenvolvimento da investigação;

Unidade 2 39

livro.indb 39 15/12/2009 08:56:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

„ trabalhar com situações concretas, possibilitando, se


necessário, mudanças favoráveis no caso em estudo;
„ procurar relacionar a teoria (pesquisa bibliográfica) com a
prática (pesquisa de campo);
„ não requerer um modo único de coleta de dados,
podendo o investigador utilizar-se de entrevistas,
observações, relatórios e questionários.

Em uma palavra, o objetivo é compreensão. Também, entre


as vantagens do método do estudo de caso, está o fato de que
se pode obter inferência do estudo de todos os elementos que
envolvam uma entidade completa, em vez de o estudo de vários
aspectos selecionados.

Seção 4 - Quais os tipos de estudo de caso?


Assim, Stake (2000) identifica três modalidades de estudo de
caso: intrínseco, instrumental e coletivo.

No estudo de caso intrínseco, para Stake (2000, p.437), o

[...] estudo não é empreendido primariamente porque


o caso representa outros casos ou porque ilustra um
traço ou problema particular, mas porque, em todas
as suas particularidades e no que têm de comum, este
caso é de interesse em si. O pesquisador, pelo menos
temporariamente, subordina outras curiosidades para que
as histórias dos que “vivem o caso” emirjam [...].

No estudo de caso instrumental, o empenho, no caso, deve-se


à crença de que ele poderá facilitar a compreensão de algo mais
amplo, uma vez que pode servir para fornecer insights sobre um
assunto ou para contestar uma generalização amplamente aceita,
apresentando um caso que nela não se encaixa.

Já, no estudo de caso coletivo, segundo Mazzotti (2006, p.


641), “o pesquisador analisa concomitantemente alguns casos
para investigar um dado fenômeno, podendo ser visto como

40

livro.indb 40 15/12/2009 08:56:59


Metodologia para Estudo de Caso

um estudo instrumental estendido a vários casos.” Eles são


selecionados, porque se acredita que seu estudo permitirá melhor
compreensão, ou melhor teorização, sobre um conjunto ainda
maior de casos.

Você pode constatar, assim, que os estudos de caso instrumentais,


coletivos ou não, pretendem favorecer, ou, ao contrário, contestar
uma generalização aceita; já os estudos intrínsecos, em princípio,
não se preocupam com isso.

O estudo de caso, para Yin (2005, p.67), pode ser dividido em


único ou múltiplo.

Casos únicos representam um projeto comum para


realizar estudos de caso, e foram descritas duas variantes:
as que utilizam projetos holísticos e as que utilizam
unidades incorporadas de análise. No geral, o projeto
de caso único é eminentemente justificável sob certas
condições — quando o caso representa (a) um teste
crucial da teoria existente, (b) uma circunstância rara
ou exclusiva, ou (c) um caso típico ou representativo, ou
quando o caso serve a um propósito (d) revelador ou (e)
longitudinal.

Uma etapa fundamental, ao projetar e conduzir um caso único, é


definir a unidade de análise (ou o próprio caso). Contudo podem
ser acrescentadas subunidades de análises em um caso único, de
forma que se possa desenvolver um projeto mais complexo — ou
incorporado.

O caso múltiplo é aquele que contém mais de um caso único, ou


seja, mais de um objeto de estudo. Por exemplo: duas escolas,
duas empresas, etc. Cada caso deve servir a um propósito
específico dentro do escopo global da investigação.

Assim, inicialmente será necessário o pesquisador definir qual


será seu objeto ou objetos de estudo, para, em seguida, apresentá-
lo(s) e descrever a situação observada em relação ao problema
escolhido.

— Agora que já nos familiarizamos com o estudo de caso, vamos às


etapas?

Unidade 2 41

livro.indb 41 15/12/2009 08:56:59


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 5 - Quais as etapas do estudo de caso?


Não há consenso por parte dos pesquisadores quanto às
etapas a serem seguidas no desenvolvimento do estudo
de caso. Segundo Chizzotti (2006), o desenvolvimento
do estudo de caso supõe 3 fases. Vamos conhecê-las?

a) Seleção e delimitação do caso


A seleção e delimitação do caso são decisivas para a
análise da situação estudada. O caso deve ser uma referência
significativa para merecer a investigação e, por comparações
aproximativas, ser apto para fazer generalização de situações
similares ou autorizar inferências em relação ao contexto da
situação analisada.

A delimitação deve precisar os aspectos e os limites do trabalho,


a fim de reunir informações sobre um campo específico e fazer
análises sobre objetos definidos, a partir dos quais se possa
compreender uma determinada situação. Quando se toma um
conjunto de casos, a coleção deles deve cobrir uma escala de
variáveis que explicite diferentes aspectos do problema.

b) Trabalho de campo
O trabalho de campo visa a reunir e organizar um conjunto
comprobatório de informações. A coleta de informações em
campo pode exigir negociações prévias para se aceder a dados que
dependem da anuência de hierarquias rígidas, ou da cooperação
das pessoas informantes. As informações são documentadas,
abrangendo qualquer tipo de informação disponível - escrita,
oral, gravada, filmada - que se preste para fundamentar o
relatório do caso. Este será, por sua vez, objeto de análise crítica
pelos informantes ou por qualquer interessado.

c) Organização e redação do relatório


Documentos, rascunhos, notas de observação, transcrições,
estatísticas, etc., coligidos em campo, devem ser reduzidos
ou indexados segundo critérios predefinidos, a fim de que se
constituam em dados que comprovem as descrições e as análises
do caso.

42

livro.indb 42 15/12/2009 08:57:00


Metodologia para Estudo de Caso

Yin (2005) apresenta as etapas do método de estudo de


caso descrevendo-as da seguinte forma: a etapa inicial
consiste no desenvolvimento da teoria específica; em
seguida se faz necessário selecionar o caso e definir as
medidas específicas para o planejamento e coleta de
dados, essa etapa projeta o protocolo de coleta de
dados. O protocolo deve apresentar uma visão
geral do projeto de estudo de caso (objetivos
e patrocínios, questões do estudo de caso e
leituras importantes sobre o tópico que está sendo
investigado), bem como, os procedimentos de campo,
as questões do estudo de caso e o guia para o relatório
(resumo, formato de narrativa e informações bibliográficas).

— Na próxima unidade, você irá estudar a estrutura do relatório


de estudo de caso e ver exemplo de cada etapa, facilitando o
desenvolvimento do projeto!

Síntese

Esta unidade diz respeito à caracterização completa do estudo de


caso, que tem início com definição dos problemas, temas a serem
estudados e o desenvolvimento de um projeto de estudo de caso.

É importante você perceber a relevância da abordagem dos


principais aspectos que envolvem o estudo de caso, pois as
contribuições que ele pode trazer para a academia, para a
organização e para a sociedade como um todo, vão desde
a ampliação do conhecimento que temos dos fenômenos
individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo, até
outros fenômenos relacionados.

Unidade 2 43

livro.indb 43 15/12/2009 08:57:01


Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de autoavaliação
1. Nesta unidade, estudamos as Etapas do Estudo de caso. Agora para
memorizarmos, vamos voltar e descrever a definição dos itens:

a. seleção e delimitação do caso;


b. o trabalho de campo;
c. a organização e redação do relatório.

2. Delimite duas habilidades exigidas ao pesquisador de estudo de caso


descritas por YIN (2005).

3. Cite duas vantagens do método de estudo de caso, apresentadas por


Bruyne et al. (1994) .

44

livro.indb 44 15/12/2009 08:57:01


Metodologia para Estudo de Caso

Saiba mais

Para complementar seus estudos, veja quais as habilidades que


um pesquisador deve possuir. O que ele deve considerar para
obter sucesso na sua trajetória de pesquisa.

Habilidades do pesquisador

Para conduzir com sucesso o estudo de caso, é essencial que


o pesquisador saiba detectar um problema, apresentando as
possíveis soluções.

Yin (2005) descreve como habilidades comumente encontradas


nos pesquisadores de sucesso:

„ habilidade para fazer perguntas e interpretar os


resultados;
„ habilidade para ouvir e não se deixar prender pelas
suas próprias ideologias e percepções: implica receber
informações por meio de várias modalidades;
„ habilidade para adaptar-se e ser flexível para que possa
ver as novas situações encontradas como oportunidades,
e não como ameaças;
„ habilidade de domínio das questões em estudo: o
pesquisador deve ter uma noção clara das questões que
estão sendo estudadas, mesmo que seja uma orientação
teórica ou se seja de um modo exploratório; e
„ imparcialidade em relação a noções preconcebidas,
incluindo aquelas que se originam de uma teoria.
Assim, a pessoa deve ser sensível e estar atenta a provas
contraditórias.
Essas habilidades podem ser desenvolvidas em qualquer pessoa.
Entretanto é importante uma autoanálise honesta das próprias
capacidades e limitações como pesquisador.

Unidade 2 45

livro.indb 45 15/12/2009 08:57:02


livro.indb 46 15/12/2009 08:57:02
3
UNIDADE 3

Etapas iniciais de um
relatório de pesquisa

Objetivos de aprendizagem
Esta unidade lhe fornecerá subsídios para:
„ conhecer a estrutura do relatório de pesquisa para o
estudo de caso;
„ desenvolver as primeiras etapas de um estudo de caso.

Seções de estudo
Seção 1 Planejamento
Seção 2 Estrutura de um relatório de pesquisa
Seção 3 Introdução

Seção 4 Tema

Seção 5 Objetivos

Seção 6 Procedimentos metodológicos

livro.indb 47 15/12/2009 08:57:02


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


O estudo de caso, como toda pesquisa, tem início com a
definição dos temas e problemas a serem estudados. A esta etapa
chamamos de planejamento da pesquisa, ou, de acordo com
alguns autores como projeto de pesquisa. Mas, independente da
nomenclatura, o momento inicial é o que consideramos crítico
para a identificação da relevância da pesquisa, sua justificativa,
contextualização, pois remete à abordagem dos principais
aspectos que envolvem o ponto de partida para uma pesquisa
científica.

Ao produzir o seu relatório de pesquisa, tenha em mente que as


etapas iniciais (tema, objetivos e procedimentos metodológicos)
constituem a lógica que une os dados a serem coletados (e as
conclusões a serem tiradas) às questões iniciais de um estudo.
Cada estudo empírico possui um projeto de pesquisa implícito, se
não explícito. Para Heerdt e Leonel (2006, p. 112), “o projeto de
pesquisa é o planejamento de uma pesquisa, ou seja, a definição
dos caminhos para abordar certa realidade”.

Um planejamento de pesquisa é uma série de etapas estabelecidas


pelo pesquisador, que direciona a metodologia aplicada no
desenvolvimento da pesquisa. O pesquisador obedece a um
plano de etapas metodológicas necessárias ao desenvolvimento
da pesquisa científica. Ele tem como prioridade demonstrar as
atividades indispensáveis para o desenrolar da pesquisa, segundo
nos conta Fachin (2003).

— Sendo assim, estudaremos agora a estrutura de um relatório de


estudo de caso em duas etapas. Na unidade 3, veremos as etapas
iniciais (tema, objetivos e procedimentos metodológicos) e, na unidade
4, as etapas de execução, análise, sugestão e conclusão. Mantenha-se
atento(a) a leitura e anote os pontos chaves!

48

livro.indb 48 15/12/2009 08:57:02


Metodologia para Estudo de Caso

Seção 1 - Planejamento
As etapas iniciais do relatório de pesquisa podem ser
entendidas como o planejamento da pesquisa, ou seja, o
projeto de pesquisa, que na UnisulVirtual se apresenta
de forma IMPLÍCITA e está integrado com o
documento oficial da pesquisa: Relatório de estudo de
caso.

Segundo Vieira (2004), a partir do estabelecimento da


questão a ser estudada, afloram os problemas que ela envolve,
justificam-se sua relevância e a viabilidade, traçam-se objetivos,
caracteriza-se o estudo, localizam-se as variáveis, aponta-se
o caminho a seguir (método) e, ainda, o tempo para fazer o
percurso, designam-se os meios (ou recursos) para sua efetivação
e, enfim, faz-se uma listagem das obras (livros, revistas,
monografias e outras publicações, amplas ou restritas) que serão
consultadas.

Ao planejarmos uma pesquisa firmamos a pretensão de realizar


uma atividade de investigação científica. Em outros termos,
isto implica um plano elaborado para responder a uma ou mais
questões pertinentes ao tema investigado. Compreende uma
construção lógica e racional que se baseia nos postulados da
metodologia científica a serem empregados no desenvolvimento
de uma série de etapas, de modo a facilitar a execução do plano
de trabalho.

De forma simplista, podemos dizer que o projeto é a descrição do


que será necessário para a consecução de uma pesquisa.

Importante!
A elaboração das etapas iniciais do relatório de
pesquisa tem influência direta sobre os resultados
a serem obtidos e a validade das conclusões tiradas
do trabalho. O relatório serve de guia para todo o
trabalho do investigador.

Jung (2003) esclarece que o planejamento da pesquisa


correspondente a um processo onde a partir de uma necessidade,
se escolhe um tema e, gradativamente, define-se um problema e
as formas para solucioná-lo:

Unidade 3 49

livro.indb 49 15/12/2009 08:57:03


Universidade do Sul de Santa Catarina

NECESSIDADE TEMA PROBLEMA SOLUÇÃO

Fome Alimento Onde comer Ir ao restaurante

Ir na minha cozinha
A partir de uma necessidade podem surgir O que comer Pão
diversos tipos de problemas e, existem várias
soluções que podem suprir a necessidade. Feijão
A eficácia de uma Pesquisa está Relacionada a
Qualidade da Solução? Filé e caviar

Figura 3.1 – Projeto de pesquisa.


Fonte: Jung (2003, p. 151).

Assim, como mostra Jung (2003), o projeto de pesquisa deve,


fundamentalmente, ser constituído em cima de 3 passos,
apresentados no esforço de responder às seguintes questões: O
que? Como? Quando?

a) O que?
Qual o tema?
Qual o problema?
Quais os subproblemas?
Qual a justificativa?
Quais os objetivos?
Quais os pressupostos teóricos?
b) Como?
O que será feito para solucionar o problema?
Qual será o universo a ser pesquisado?
Como serão coletadas as informações?
Serão feitas entrevistas, observações?
Serão feitas experimentações, medições?
Que instrumentos serão utilizados?
Que atividades serão realizadas?
Como serão analisados os dados?
c) Quando?
Qual o tempo total previsto para a pesquisa?
Qual o tempo destinado a cada etapa?
Como se distribuem as atividades no tempo?
O projeto é viável no tempo?

50

livro.indb 50 15/12/2009 08:57:04


Metodologia para Estudo de Caso

Não esqueça: um assunto de pesquisa tem início com


leituras, reflexões, problemas detectados na própria
atividade profissional!

Por que se deve planejar uma pesquisa?

Ora, a importância do planejamento da pesquisa deve ser


entendida na mesma linha de elaboração da planta antes de se
construir uma casa; ou de um rascunho antes de se produzir uma
obra prima. Na lição de Minayo (1994, p.35):

Fazemos um projeto de pesquisa para mapear um


caminho a ser seguido durante a investigação. Buscamos,
assim, evitar muitos imprevistos no decorrer da pesquisa
que poderiam até mesmo inviabilizar sua realização.
Outro papel importante é esclarecer para o próprio
investigador os rumos do estudo (o que pesquisar, como,
por quanto tempo etc.). Além disso, um pesquisador
necessita comunicar seus propósitos de pesquisa para que
seja aceita na comunidade científica.

Barreto e Honorato (apud HEERDT; LEONEL, 2006, p. 113),


destacam que se deve fazer o projeto para planejar a pesquisa:

Entende-se por planejamento da pesquisa a previsão


racional de um evento, atividade, comportamento ou
objeto que se pretende realizar a partir da perspectiva
científica do pesquisador. Como previsão, deve ser
entendida a explicitação do caráter antecipatório de ações
e, como tal, atender a uma racionalidade informada pela
perspectiva teórico-metodológica da relação entre sujeito
e o objeto da pesquisa.

Unidade 3 51

livro.indb 51 15/12/2009 08:57:04


Universidade do Sul de Santa Catarina

Dependendo da natureza da pesquisa, ela poderá envolver mais


ou menos etapas. Entretanto deverá conter, essencialmente, os
seguintes componentes: tema (com a apresentação do problema,
justificativa e contextualização teórica), objetivos e procedimentos
metodológicos. Estas etapas devem ser adequadas ao perfil
científico do pesquisador e ao método de estudo, para que não
sejam despendidos esforços em vão.

Seção 2 - Estrutura de um relatório de pesquisa


Como primeira análise diríamos que o relatório de pesquisa é o
documento que mostra como a pesquisa foi planejada, como foi
executada, que dados foram coletados, como esses dados foram
analisados e que resultados podem-se extrair deles.

Salomon (1999) afirma que o relatório de pesquisa,


fundamentalmente, se destina a demonstrar a realização de
um estudo científico ou a prestar contas de uma atividade.
Por estas razões, a ênfase do relatório deve, de modo geral, se
situar-se sobre os resultados, sobre as aplicações da pesquisa.

O objetivo de um relatório é demonstrar a realização de um


estudo. Desta maneira, um relatório de pesquisa pode apresentar
formas diversas, de acordo com o tipo de estudo. Mas podem-se
apresentar, de maneira geral, as partes que devem compor um
relatório. É o que veremos no decorrer desta unidade.

Acompanhe a seguir a estrutura do relatório de pesquisa que


definimos para os alunos dos cursos tecnólogos da UnisulVirtual,
na execução de seu estudo de caso.

52

livro.indb 52 15/12/2009 08:57:05


Metodologia para Estudo de Caso

Relatório de pesquisa
1 INTRODUÇÃO
2 TEMA
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
3.2 Objetivos específicos
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1 Campos de estudo
4.2 Instrumentos de coleta de dados
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA REALIDADE OBSERVADA
6 PROPOSTA DE SOLUÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA
6.1 Proposta de melhoria para a realidade estudada
6.2 Resultados esperados
6.3 Viabilidade da proposta
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta estrutura, ainda devemos incluir os elementos pré-


textuais e pós-textuais como mostra a figura 3.2.

Não vamos detalhar, neste livro, os elementos pré e pós-textuais.


Estes estarão descritos, com a devida orientação, no modelo que
será utilizado pelo seu professor na disciplina de Estudo de Caso,
quando você terá que desenvolver a sua pesquisa.

Para saber mais detalhes sobre a construção dos


elementos pré e pós-textuais, consulte o livro
“TRABALHOS ACADÊMICOS NA UNISUL: Apresentação
gráfica para TCC,Monografia, Dissertação e Tese.” Que
foi entregue junto com este material.

Acompanhe estas etapas na figura a seguir.

Unidade 3 53

livro.indb 53 15/12/2009 08:57:05


Universidade do Sul de Santa Catarina

• ANEXOS ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

• APÊNDICES

Referências

Considerações finais

Proposta de Solução

Apresentação e Análise
dos dados
Procedimentos
metodológicos
Objetivos

Tema ELEMENTOS TEXTUAIS

Introdução

Sumário

Lista de Tabelas

Lista de Ilustrações

Resumo em língua
estrangeira

Resumo em Português

Epígrafe

Agradecimentos

Dedicatória

Folha de Rosto

Capa

ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

Figura 3.2 – Estrutura do relatório de pesquisa.


Fonte: Universidade do Sul de Santa Catarina (2008, p. 19). Com modificações.

54

livro.indb 54 15/12/2009 08:57:06


Metodologia para Estudo de Caso

Vale destacar que estas etapas visualizadas na figura 3.2, como


por exemplo, os elementos textuais que formam a parte do
planejamento (etapas iniciais) do nosso estudo de caso, são
especialmente importantes e devem ser elaborados com cuidado
e rigor pelo(a) estudante. Elas darão sustentação ao processo de
pesquisa e o(a) guiarão em seu trabalho.

A seguir, você encontrará orientações para desenvolver cada uma


destas etapas, considerando sempre o tema, os objetivos e os
procedimentos metodológicos como norteadores do processo.

Importante

Para que você compreenda cada uma das etapas a seguir, serão
apresentados vários exemplos para cada item do relatório, de
duas formas distintas.
Em uma forma, será feita a apresentação de quadros, de vários
temas, em sequência, ligando o exemplo do item explicado,
com o item anterior. Desta forma você poderá entender como se
deu a construção de maneira seqüencial, ou seja, que caminhos
o pesquisador trilhou para construir os textos dos capítulos do
relatório de pesquisa.
Na outra metodologia de exemplificação, será mostrado um
exemplo pronto para cada capítulo do relatório de pesquisa,
ou seja, o texto final do autor em cada uma das etapas. Esta
exemplificação de um relatório de pesquisa será feita de forma
fragmentada e adaptada, para que ao final, você consiga
visualizar melhor o todo. O exemplo escolhido para esta
apresentação é intitulado: Reestruturação e informatização
dos processos organizacionais em uma distribuidora
de bebidas com foco no setor de vendas. Este exemplo
foi baseado no relatório desenvolvido por Alexandre José
Bitencourt, aluno do Curso Superior de Tecnologia em Gestão da
Tecnologia da Informação. Algumas partes do trabalho original
foram adaptadas para atender as necessidades deste livro.

— Procure compreender todo o conteúdo e os exemplos, aproveitando


as dicas para elaborar seu futuro relatório na disciplina de Estudo de
Caso. Se surgirem dúvidas, consulte seu professor!

Unidade 3 55

livro.indb 55 15/12/2009 08:57:07


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 3 - Introdução
A introdução tem a tarefa de anunciar o assunto quanto ao seu
alcance, implicações e limites. Em termos gerais, a introdução é
a parte que apresenta a pesquisa, evidenciando, aquilo de que ela
trata. Esta etapa envolve uma visão geral do tema e dos objetivos
gerais e específicos.

Cervo e Bervian (2002) afirmam que o leitor quando se propõe


à leitura, quer antes de tudo saber do que se trata. Satisfeita essa
exigência, ele deseja ser encaminhado para a compreensão exata
do assunto focalizado.

Ao fazer a introdução, tome o cuidado de não


antecipar os resultados e as conclusões de seu estudo.
Reserve-os para o final!

Lembre-se! A introdução deve ser formulada em linguagem


simples, clara, sintética e objetiva, colocado apenas o que é
necessário para que o leitor tenha uma idéia objetiva do que vai
ser tratado. É na introdução que se apresentam a exposição do
assunto, o tema, a abrangência e o contorno do estudo. Além
disso, também é apresentada a estrutura do trabalho para
localizar o leitor relativamente às etapas que se sucedem.

É conveniente que a introdução seja a última parte a


ser escrita, pois, somente após o término da redação,
você terá uma visão geral de sua estrutura, já que a
introdução sintetiza os demais tópicos que fazem
parte do estudo.

A seguir, apresentamos o exemplo de introdução do relatório


de pesquisa. Foi escolhido para representar o padrão que vamos
utilizar para exemplificar as demais etapas as quais dão sequência
à estrutura de um relatório de pesquisa.

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livro.indb 56 15/12/2009 08:57:07


Metodologia para Estudo de Caso

1 INTRODUÇÃO

O atual mercado da distribuição de bebidas está bastante


competitivo, com diversos tipos e marcas, o que faz com que as
empresas procurem meios alternativos de redução de custos com sua
logística de distribuição, mas sem perder a qualidade no atendimento
aos seus clientes.
Neste contexto, um correto controle das vendas,
incluindo a pré-venda torna-se ferramenta essencial e uma estratégia
de diferenciação no mercado. E a Tecnologia da Informação (TI),
considerada uma poderosa ferramenta de gestão, pode auxiliar na
implantação desta estratégia.
Portanto, este trabalho está centrado nos processos
organizacionais e no uso da Tecnologia da Informação no setor de
vendas da empresa alvo da investigação, a XYZ Distribuidora. Esta
organização, localizada na cidade de Palhoça, no estado de Santa
Catarina, trabalha com vendas diretas de bebidas de diversos tipos
e marcas.
Visando alcançar o que propõe este estudo de caso,
o trabalho apresentado contemplará duas etapas seqüenciais. A
primeira delas, compreendida como o planejamento da pesquisa, é
composta pelos capítulos 1, 2, 3 e 4. O primeiro capítulo é formado
por esta introdução. No segundo, as etapas de contextualização do
tema, problema e justificativa do projeto. Em seguida, no capítulo
3, são apresentados os objetivos geral e específicos. No quarto, os
procedimentos metodológicos do trabalho.
A etapa final deste relatório é composta pelo
desenvolvimento da pesquisa e é formada pelos capítulos 5, 6 e 7,

Unidade 3 57

livro.indb 57 15/12/2009 08:57:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

que apresentam os dados coletados, a análise feita, as sugestões de melhoria,


bem como as referências, anexos e apêndices.
Vale ressaltar que este estudo de caso não tem a intenção de ser
um trabalho acabado, ele é fruto de recorte e diagnóstico de um problema,
seguido da apresentação, não da melhor ou única, mas de uma alternativa
possível de melhorias sobre o objeto de estudo.

Fonte: Bitencourt (2006). Com modificações.

Seção 4 - Tema
Como já visto, um tema nasce de leituras, reflexões, informações
e até mesmo problemas deflagrados pelo pesquisador. O próximo
passo é apresentar este tema.

Então, vamos a esta etapa!

Conforme Minayo (1994, p. 37)

O tema de uma pesquisa indica uma área de interesse


a ser investigada. Trata-se de uma delimitação ainda
bastante ampla. Por exemplo, quando alguém diz que
deseja estudar a questão da “violência conjugal” ou a
“prostituição masculina”, está se referindo ao assunto de
seu interesse. Contudo, é necessário para a realização de
uma pesquisa um recorte mais “concreto”, mais preciso
deste assunto.

Assim, o tema de uma pesquisa é um assunto que necessita mais


definições, além de informar, com precisão e clareza, o que já
existe sobre o mesmo. A primeira escolha deve ser feita com
relação a um campo delimitado, dentro da respectiva ciência

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livro.indb 58 15/12/2009 08:57:09


Metodologia para Estudo de Caso

de que trata o trabalho científico. Acompanhe o que nos dizem


Marconi e Lakatos (1991, p. 218):

Pode surgir de uma dificuldade prática enfrentada pelo


coordenador, da sua curiosidade científica, de desafios
encontrados na leitura de outros trabalhos ou da própria
teoria. Pode ter sido sugerido pela entidade responsável
pela parte financeira, portanto, “encomendado”, o
que não lhe tira o caráter científico, desde que não se
interfira no desenrolar da pesquisa; ou se “encaixar” em
temas muitos amplos, determinados por uma entidade
que se dispõe a financiar pesquisas e que promove uma
concorrência entre pesquisadores, distribuindo a verba de
que dispõe entre os que apresentam os melhores projetos.
Independente de sua origem, o tema é, nessa fase,
necessariamente amplo, precisando bem o assunto geral
sobre o qual se deseja realizar a pesquisa.

Como deve ser escolhido o tema?

De acordo com os autores Cervo e Bervian (2002, p. 81):

A escolha do tema é o primeiro passo no planejamento


da pesquisa, mas não o mais fácil. Não faltam,
evidentemente, temas para pesquisa: a dificuldade está
em decidir-se por um deles. Para muitos pesquisadores,
a decisão final é precedida por momentos de verdadeira
angústia, mormente quando se trata de pesquisas
decisivas para a carreira profissional.

Santos (2002) sugere que o pesquisador escolha o tema de acordo


com seu gosto pessoal, preparo técnico e tempo disponível, além
de refletir sobre a importância ou utilidade do tema e existência
de fontes. A escolha do tema pode ser dividida em dois critérios:
individuais e externos. Acompanhe na figura a seguir.

Unidade 3 59

livro.indb 59 15/12/2009 08:57:10


Universidade do Sul de Santa Catarina

Critérios Individuais:
Gostar
Conhecer
Motivação

ESCOLHA DO TEMA

Critérios Externos:
Viabilidade
Utilidade
Relevância

Figura 3.3 – Critérios para escolha do tema.


Fonte: Tsutsumi e Souza (2007).

É importante lembrar que o tema tem sempre um sujeito e


um objeto. Desta forma, o tema passa por um processo de
especificação. O processo de delimitação do tema só pode ser
considerado terminado, quando se faz a sua limitação geográfica
e espacial, com intuito de realização da pesquisa.

São exemplos de temas gerais de pesquisa:

TEMA GERAL
Tecnologia da informação e turismo
Administração pública municipal
Qualidade na administração pública
Balanço social
Perfil dos gestores
Pequenas empresas no cenário internacional
Motivação no trabalho

O tema divide-se em geral e específico. O tema geral representa


o assunto que será aprofundado, mediante a ação de pesquisar.
Como ponto de partida, o acadêmico deverá identificar-se com
o tema escolhido, optando, em primeiro plano, pela área com a
qual possui maior afinidade. No tema específico, após a escolha
do tema geral, o pesquisador deverá fazer um recorte em relação
à amplitude do tema pesquisado. Ou seja, deverá identificar o

60

livro.indb 60 15/12/2009 08:57:12


Metodologia para Estudo de Caso

assunto que, especificamente, quer pesquisar, conforme nos diz


Tsutsumi e Souza (2007).

Assim, ressalta-se que delimitar o tema é selecionar um tópico ou


parte a ser focalizada. Para Marconi e Lakatos (1991, p. 218), é:

a) selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as


possibilidades, as aptidões e as tendências de quem se
propõe a elaborar um trabalho científico;

b) encontrar um objeto que mereça ser investigado


cientificamente e tenha condições de ser formulado e
delimitado em função da pesquisa.

O assunto escolhido deve ser possível e


adequado em termos tanto dos fatores
externos quanto dos internos ou pessoais.
O tema deve ser naturalmente adequado
à capacidade e à formação do pesquisador
e corresponderá às suas possibilidades,
quanto ao tempo e aos recursos
econômicos. Na escolha do tema, deve-se,
igualmente, levar em consideração o material
bibliográfico, que deve ser suficiente e estar
disponível.

Cervo e Berviam (2002, p. 82) explicam que, para facilitar a


determinação do tema, pode-se recorrer, por um lado, à divisão
do tema em suas partes constitutivas e, por outro, à definição da
compreensão dos termos.

A decomposição do tema equivale ao desdobramento


do mesmo em partes, enquanto a definição dos termos
implica a enumeração dos elementos constitutivos ou
explicativos que os conceitos envolvem. Nem todos
os temas poderão ser delimitados com auxílio dessas
técnicas especiais. De acordo com a natureza do tema
selecionado, será necessário uma ou outra das técnicas de
delimitação.

Por fim, ressalta-se que o tema deve ser preciso, bem


determinado e específico. Em geral, os títulos dos trabalhos são a
transcrição, na íntegra, dos temas específicos.

Unidade 3 61

livro.indb 61 15/12/2009 08:57:13


Universidade do Sul de Santa Catarina

O quadro a seguir traz exemplos de temas delimitados e pode


auxiliá-lo no momento da definição de seu tema específico.

TEMA GERAL TEMA ESPECÍFICO

A tecnologia da informação nas empresas do


Tecnologia da informação e turismo ramo hoteleiro de Palhoça, SC.
Administração pública municipal de Palhoça,
Administração pública municipal SC.
Qualidade na administração pública municipal
Qualidade na administração pública de Palhoça, SC.

Balanço social Balanço social na cooperativa Alfa.

Perfil dos gestores Perfil dos gestores das empresas A, B, C.

Experiência da inserção internacional das


Pequenas empresas no cenário internacional pequenas empresas industriais do ramo de
confecções de Palhoça, SC.

Quadro 3.1 – Delimitação do tema.


Fonte: Elaboração dos autores, 2008.

Como deve ser apresentado o tema?

Agora que você já sabe como escolher o seu tema de pesquisa,


precisa saber como apresentá-lo. Identificamos esta etapa como
uma das mais importantes do trabalho, pois é aqui que você
estruturará um texto coeso e coerente que apresente a idéia
central de forma a convencer o leitor da sua relevância. No texto
da apresentação do tema, podemos começar com a transcrição
do tema específico diretamente, de forma clara e direta, ou se
preferir, antes ainda, você pode fazer uma breve contextualização
histórica ou conceitual do tema. A partir daí começam as
explicações que vão contextualizar a escolha deste tema.

Para melhor entendimento, vamos esquematizar a estrutura


do texto relativo ao tema, separando-o em 4 partes, como
mostraremos a seguir:

a. descrição do tema específico;


b. justificativa da escolha do tema;

62

livro.indb 62 15/12/2009 08:57:16


Metodologia para Estudo de Caso

c. problema que o pesquisador se propõe a resolver com a


escolha deste tema;
d. contextualização teórica do tema.

Sintetizando ainda mais esta estrutura: neste texto,


temos que apresentar o tema, a justificativa, o
problema e a contextualização. Para deixar bem claro
o que se pede em cada uma destas partes, vamos
abordar, de forma detalhada, cada um destes itens,
para auxiliá-lo (a) nesta construção.

a. A descrição do tema específico


Inicie o texto com a descrição do tema específico - que já
abordamos anteriormente (veja exemplos no quadro 3.1). Após
escrever o tema específico, você deve, em seguida partir para a
justificativa. Veja na sequência.

b. A justificativa
A justificativa no estudo de caso, como o próprio nome indica,
é o convencimento de ser fundamental efetivar o trabalho de
pesquisa.

Antes de aprofundar sua leitura, procure refletir sobre a


justificativa e tente responder às seguintes questões que seguem.

Qual a relevância da pesquisa?


Que motivos a justificam?
Quais contribuições para a compreensão, intervenção
ou solução asseguradas pela pesquisa?

Como enfatiza Rauber (2003, p. 19), “justificar nada mais é


do que dar razões, dizer os porquês da pesquisa, mostrar sua
importância para que e para quem.” Assim, questiona-se: quais os
motivos que justificam esta pesquisa?

Unidade 3 63

livro.indb 63 15/12/2009 08:57:17


Universidade do Sul de Santa Catarina

A justificativa traduz-se no momento em que o


pesquisador deverá comentar a origem do problema
e sua relação com o tema a ser pesquisado. Cabe, pois,
ao pesquisador explicar os motivos que justificam a
relevância da pesquisa, tanto para a teoria como para
a prática, destacando as contribuições da pesquisa
para o conhecimento científico. É na justificativa que
o acadêmico pesquisador irá revelar a viabilidade da
pesquisa; tanto no âmbito técnico, quanto no âmbito
científico.

A justificativa apresenta respostas à questão e geralmente é o


elemento que contribui mais diretamente na aceitação da pesquisa
pela(s) pessoa(s) ou entidades que vão financiá-la. Consiste numa
exposição sucinta, porém completa, das razões de ordem teórica e
dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização
da pesquisa, segundo registra Marconi e Lakatos (1991).

A justificativa destaca a importância do tema abordado, levando-


se em consideração o estágio atual da ciência, as suas divergências
ou a contribuição que se pretende proporcionar, ao pesquisar o
problema abordado.

Justifica-se, portanto, a pesquisa pelo seu valor pessoal,


organizacional e social, imprescindíveis ao conteúdo de um
trabalho científico. Para Heerdt e Leonel (2006) a justificativa
envolve aspectos de ordem teórica, para o avanço da ciência, de
ordem pessoal/profissional, institucional e social (contribuição
para a sociedade).

Além das questões a que você tentou responder anteriormente,


a justificativa ainda deve enfatizar, de acordo com Marconi e
Lakatos (1991, p. 219):

„ o estágio em que se encontra a teoria respeitante ao tema;


„ as contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer:
a) confirmação geral;

b) confirmação na sociedade particular em que se insere a pesquisa;

c) especificação para casos particulares;

c) clarificação da teoria;

d) resolução de pontos obscuros, etc;


64

livro.indb 64 15/12/2009 08:57:17


Metodologia para Estudo de Caso

„ importância do tema do ponto de vista geral;


„ importância do tema para os casos particulares em
questão:
a) possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade
abarcada pelo tema proposto;

b) descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares, etc.

Desse modo, Barral (apud HEERDT; LEONEL, 2006)


enumera alguns itens importantes que devem constar numa boa
justificativa:

1. atualidade do tema: inserção do tema no contexto


atual.
2. ineditismo do trabalho: atribuirá mais importância ao
assunto.
3. interesse do autor: vínculo do autor com o tema.
4. pertinência do tema: contribuição do tema para o
debate acadêmico.

Acompanhe no quadro a seguir, um exemplo de justificativa que


deve auxiliar o seu entendimento sobre o assunto e subsidiar
futuramente a construção de seu texto.

Unidade 3 65

livro.indb 65 15/12/2009 08:57:18


Universidade do Sul de Santa Catarina

JUSTIFICATIVA JUSTIFICATIVA
TEMA ESPECÍFICO JUSTIFICATIVA PESSOAL
ORGANIZACIONAL SOCIAL

A tecnologia da O presente estudo pode A escolha de um A importância social da


informação nas empresas ser compreendido como determinado objeto de pesquisa repousa na
do ramo hoteleiro de um momento de síntese estudo não acontece por possibilidade de indicar
Palhoça, SC. e posterior análise, acaso, nem é desprovida nova interpretação sobre o
para algumas reflexões de intencionalidade. impacto da implantação de
realizadas no percurso A permanência de tecnologia de informação
da vida profissional do indagações, quer em uma organização.
pesquisador acerca da pela inexistência
tecnologia de informação ou insuficiência do Assim, o tema a ser
nas organizações. O conhecimento existente, pesquisado reveste-se
interesse pelo tema quer pela insatisfação de importância em razão
surgiu em decorrência da ou discordância dos do momento vivido
experiência profissional resultados divulgados, é pelo processo ensino
adquirida, ao longo de 10 fator que contribui para a - aprendizagem, onde
anos, como gerente de escolha do tema. A decisão há demanda crescente
planejamento. de analisar o impacto de maior eficiência
do sistema tecnológico organizacional.
de planejamento
orçamentário na empresa
do ramo hoteleiro Alfa de
Palhoça - SC, deu-se por se
constatar a necessidade de
uma análise aprofundada,
capaz de interpretar e
evidenciar do sistema
citado.
Quadro 3.2 – Exemplo de justificativa.
Fonte: Elaboração dos autores, 2008.

c. O problema

A formulação do problema também integra a etapa inicial


do projeto de pesquisa de estudo de caso. Para Cervo e
Bervian (2002), o problema é uma questão que envolve,
intrinsecamente, uma dificuldade teórica ou prática,
para a qual se deve encontrar uma solução.

Para Yin (2005), definir as questões da pesquisa


é, provavelmente, o passo mais importante a ser
considerado em um estudo de pesquisa. Assim,
você deve reservar paciência e tempo suficiente para
a realização dessa tarefa. A chave é compreender que
as questões de uma pesquisa possuem substância (por
exemplo, “sobre o que é o meu estudo?”) e forma (por exemplo,
“estou fazendo uma pergunta do tipo ‘quem’, ‘o que’, ‘por que’ ou
‘como’?”).

66

livro.indb 66 15/12/2009 08:57:22


Metodologia para Estudo de Caso

O problema sempre se apresenta em forma de questionamento,


de pergunta, a que o trabalho de pesquisa busca responder,
delimitado com indicações das variáveis que intervêm no estudo
de possíveis relações entre si. Daí que não se realiza atividade de
pesquisa sem problema, sem dúvidas, sem questões que exigem
respostas.

Neste sentido, Booth; Colomb e Williams (2000) afirmam que


as perguntas são cruciais, porque o ponto de partida de uma boa
pesquisa é sempre querer saber o que não se sabe ou entende, mas
que sente-se que é preciso conhecer ou entender. Desta forma,
as perguntas de pesquisa funcionam como direcionadores para,
os esforços que serão desenvolvidos no estudo, pois, além de
direcionar os trabalhos, tornam a investigação mais objetiva. De
certa forma, não há o que se investigar ou pesquisar, se antes não
se questionar; e para isso servem as perguntas.

Quais as regras para formulação de problema de


pesquisa?

Desde Einstein, é mais importante para o desenvolvimento da


ciência saber formular problemas do que encontrar soluções.

Inteligência / Gênio / Fenômeno


Reflexão

problema

1. Desencadeia a investigação
2. Via de acesso ao terreno do conhecimento científico
3. Pista para
Einstein - investigação
- coleta de material
- coleta de dados
4. Condiciona os resultados
- interessantes
- banais

Figura 3.4 – Formulação de problema.


Fonte: Cervo e Bervian (2002, p. 86).

Unidade 3 67

livro.indb 67 15/12/2009 08:57:25


Universidade do Sul de Santa Catarina

Não existem regras absolutamente rígidas para a formulação de


problemas, mas existem recomendações baseadas na experiência
de pesquisadores que, quando aplicadas, facilitam a formulação
do problema. As principais regras para a formulação de
problemas de pesquisa são, segundo Gil (1999, p. 54-55):

a) O problema deve ser formulado como uma pergunta.


Este procedimento facilita a identificação do que
efetivamente se deseja pesquisar.

b) O problema deve ser delimitado a uma dimensão


viável. Freqüentemente o problema é formulado de
maneira tão ampla que se torna impraticável chegar
a uma solução satisfatória. Nem todos os aspectos do
problema podem ser pesquisados simultaneamente.
Torna-se necessário, portanto, reduzir a tarefa a um
aspecto que possa ser tratado em um único estudo, ou
dividido em sub-questões que possam ser tratadas em
estudos separados.

c) O problema deve ter clareza. Os termos utilizados


devem ser claros, deixando explícito o significado com
que estão sendo utilizados.

d) O problema deve ser preciso. Embora com significado


esclarecido, nem sempre os termos apresentados na
formulação do problema deixam claro o limite de sua
aplicabilidade.

e) O problema deve apresentar referências empíricas. A


observância a este critério nem sempre é fácil nas ciências
sociais. É comum esperar dessas ciências respostas para
problemas que envolvem juízos de valor.

Vale registrar, que para mais eficácia do problema, as perguntas


devem ser formuladas de tal forma que haja possibilidade de
respostas utilizando a pesquisa.

Como saber se o problema de pesquisa é


apropriado?

Para Marconi e Lakatos (1994), definir um problema significa


especificá-lo em detalhes precisos e exatos. Na formulação
de um problema, deve haver clareza, concisão e objetividade.

68

livro.indb 68 15/12/2009 08:57:25


Metodologia para Estudo de Caso

A colocação clara do problema pode facilitar a construção da


hipótese central.

Já, para Minayo (1994), a escolha de um problema de pesquisa


merece indagações como:

„ Trata-se se problema original e relevante?


„ Ainda que seja interessante, é adequado para mim?
„ Tenho hoje possibilidades reais para executar tal estudo?
„ Há tempo suficiente para investigar tal questão?

Seguindo as características apresentadas nos critérios de Minayo,


Marconi e Lakatos (1991), apresentam-se alguns aspectos do
problema a serem considerados:

a. Viabilidade: pode ser eficazmente resolvido através da


pesquisa;
b. Relevância: deve ser capaz de trazer conhecimentos
novos;
c. Novidade: estar adequado ao estágio atual da evolução
científica;
d. Exequibilidade: pode chegar a uma conclusão válida;
e. Oportunidade: atender a interesses particulares e
gerais.
A adequada formulação de um problema de pesquisa não é tarefa
das mais fáceis. Afirma Gil (1999, p. 51) que

Um problema será relevante em termos científicos à


medida que conduzir à obtenção de novos conhecimentos.
Para se assegurar disso, o pesquisador necessita fazer um
levantamento bibliográfico da área, entrando em contato
com as pesquisas já realizadas, verificando quais os
problemas que não foram pesquisados, quais os que não
o foram adequadamente e quais os que vêm recebendo
respostas contraditórias. Este levantamento bibliográfico
é muitas vezes demorado e pode constituir mesmo uma
pesquisa de cunho exploratório, cujo produto final será a
recolocação do problema sob um novo prisma.

Unidade 3 69

livro.indb 69 15/12/2009 08:57:25


Universidade do Sul de Santa Catarina

A relevância prática do problema está nos benefícios que


podem decorrer de sua solução. Muitas pesquisas são propostas
por órgãos governamentais, associações de classe, empresas,
instituições educacionais ou partidos políticos, visando à
utilização prática de seus resultados. Assim, o problema
será relevante à medida que as respostas obtidas trouxerem
consequências favoráveis a quem o propôs.

Para auxiliá-lo na elaboração do problema de pesquisa de seu


Estudo de Caso, o quadro a seguir traz exemplos de tema e o seu
respectivo problema.

TEMA ESPECÍFICO PROBLEMA

Qual o impacto da implantação do Sistema


A tecnologia da informação nas empresas do ramo
Tecnológico de Planejamento Orçamentário na
hoteleiro de Palhoça, SC.
empresa do ramo hoteleiro Alfa, de Palhoça, SC?

Qual é o nível de qualidade existente na


administração pública na Prefeitura Municipal de
Qualidade na administração pública municipal de
Palhoça, SC, no ano de 2006, segundo parâmetros
Palhoça, SC.
do Manual para Avaliação da Gestão Pública,
Programa Qualidade no Serviço Público - PQSP?

De que forma a administração pública municipal


Administração pública municipal de Palhoça, SC. de Palhoça, SC, trabalhou em 2006 a gestão de
segurança pública?

Como são organizadas as informações do balanço


Balanço social na cooperativa Alfa.
social na cooperativa Alfa, de Palhoça, SC?

Qual o perfil de qualificação dos gestores das


Perfil dos gestores das empresas A, B, C.
empresas A, B e C situadas em Palhoça, SC?

Experiência da inserção internacional das Como o profissional de comércio exterior contribuiu


pequenas empresas industriais do ramo de para a inserção no mercado internacional da
confecções de Palhoça, SC. empresa industrial Beta, de Palhoça, SC?

Qual o nível de motivação dos funcionários do Hotel


Motivação no trabalho no ramo hoteleiro.
X, do município de Palhoça, SC.

Quadro 3.3 – Exemplos de tema e problema.


Fonte: Elaboração dos autores, 2008.

70

livro.indb 70 15/12/2009 08:57:26


Metodologia para Estudo de Caso

d. A contextualização teórica
A apresentação do aparato teórico que dá suporte à
pesquisa realizada deve estar presente em todo
o relatório, não somente na contextualização
teórica. Sempre que o pesquisador achar
prudente inserir citações no corpo do
trabalho, para dar sustentabilidade a sua
opinião, ele deve fazê-lo.

Por conveniência vamos abordar, neste item, a explicação


sobre a inclusão de citações. Entendemos que, desde o início do
trabalho, é importante utilizarmos este recurso para “provar”
nossas afirmações como pesquisadores.

Logo na etapa inicial, lançamos mão de bases teóricas para


contextualizar, apresentar e justificar o tema escolhido.

O suporte teórico tem uma importância ímpar e atribui ao


trabalho a característica científica necessária a muitas das
inferências do pesquisador.

Lohn (2005) nos diz que, na contextualização teórica, conceitos


importantes são esclarecidos; teóricos que tratam do tema da
pesquisa, são apresentados e, também relacionados a pesquisa
realizada. Mostra-se conhecimento sobre o tema. Discutem-se
questões polêmicas, problematizando-as. Assume-se posição em
relação ao trabalho científico.

A qualidade de um trabalho científico pode muitas


vezes ser avaliado, a priori, a partir de uma verificação
de sua contextualização teórica, não só no seu aspecto
quantitativo, mas, principalmente, no qualitativo.

A fundamentação teórica é importante, porque favorece a


definição de contornos mais precisos da problemática a ser
estudada. Serve também de revisão dos trabalhos publicados
mais importantes sobre o assunto a ser pesquisado. Em suma,
é a contextualização do tema dentro de uma base teórica pré-
existente, com a sua contribuição pessoal ligando os diversos
autores que abordam o tema.

Unidade 3 71

livro.indb 71 15/12/2009 08:57:27


Universidade do Sul de Santa Catarina

É prudente, já na apresentação do tema, dar a conhecer ao leitor


as teorias principais que se relacionam com o tema da pesquisa.
O que se diz sobre o tema na atualidade, qual o enfoque que está
recebendo hoje, quais lacunas ainda existem, etc.

Algumas dicas para começar esta construção.

Procure bibliografias que tratam do assunto, em


seguida selecione algumas citações que possam
conceituar o tema.
Informe também sobre alguns estudos realizados na
área.
Apresente novas abordagens que os pesquisadores
estão efetuando sobre o tema escolhido.
Crie uma base conceitual sobre o assunto, para
deixar o leitor do seu trabalho um pouco mais
familiarizado com o tema.
Utilize nossos livros didáticos que foram estudados
no decorrer do curso; algumas teorias trabalhadas
durante o curso podem também embasar, pelo
menos genericamente, nosso tema.

Podemos dizer que, ao contextualizar o tema teoricamente, você


formaliza o tema, apresentando a contribuição teórica de diversos
autores e ligando-as com suas inferências pessoais. É importante
a sua posição frente às teorias levantadas. A construção do seu
texto não pode ser fragmentada; tente formar um texto coeso
com a sua presença, de forma marcante, mas com base em
citações diretas ou indiretas que possam servir de arcabouços
para as suas afirmações.

72

livro.indb 72 15/12/2009 08:57:28


Metodologia para Estudo de Caso

A construção do texto e a correta utilização das citações


Lembre-se de formatar as citações com base nas normas da
ABNT. Todo texto criado com base no discurso do outro deve
ser devidamente citado, conforme orientam as normas da ABNT.

Para auxiliá-lo(a) nesta construção, segue um exemplo com a


visualização da fonte na íntegra e, ainda, como fica a transcrição
de uma citação indireta e direta.

Atenção ao texto extraído do livro “Tecnologia da


informação em turismo e meios de hospedagem”, de 115 Veja “Exemplo 1”
páginas. O conteúdo foi escrito pelo prof. Enzo de Oliveira
Moreira e é publicado pela UNISUL da cidade de Palhoça-
SC.

A velocidade das inovações e as profundas transformações


vividas pela humanidade hoje demonstram a constante Veja “Exemplo 2”
evolução da sociedade.

A Percebe-se que cada vez mais, diminui a distância


entre o passado e o futuro. Seja na economia com fusões,
globalização, parcerias entre empresas concorrentes e na Veja “Exemplo 3”
própria estrutura de indústrias inteiras; nos produtos e
serviços e em seus fluxos logísticos; nos mercados com sua
segmentação, valores e comportamento dos consumidores;
nos mercados de trabalho; na política e nas relações
internacionais entre os países.

O homem, neste contexto, está se tornando mais dinâmico


e rápido em suas ações, e é clara a necessidade da tecnologia
como uma aliada para atingir os objetivos de viver de forma Veja “Exemplo 4”
mais tranquila nos dias de hoje, em que a turbulência dos
acontecimentos é uma constante. Hoje se pensa muito sobre
o real sentido de ter tantas informações, que, por vezes, não
acrescentam muito, pelo contrário, até confundem.

De acordo com o indicado pelos hipertextos do texto, veja a


seguir como fica cada tipo de citação.

Unidade 3 73

livro.indb 73 15/12/2009 08:57:28


Universidade do Sul de Santa Catarina

Exemplo 1: Referência
MOREIRA, Enzo de Oliveira. Tecnologia da informação em turismo
e meios de hospedagem. Livro didático. Palhoça: UnisulVirtual, 2008.
p.115.

Para saber mais detalhes, consulte o livro TRABALHOS


ACADÊMICOS NA UNISUL: Apresentação gráfica para
TCC, Monografia, Dissertação e Tese, que foi entregue
junto com este material.

Exemplo 2: Citação direta curta


Citação direta curta (menos de 4 linhas, onde citamos o texto extraído
tal e qual foi dito pelo autor). Ex.: Segundo Moreira (2008, p.37) “A
velocidade das inovações e as profundas transformações vividas
pela humanidade hoje demonstram a constante evolução da
sociedade.”

Exemplo 3: Citação direta longa


Citação direta longa (mais de 3 linhas, onde citamos o texto extraído
tal e qual foi dito pelo autor) formatada em espaçamento simples, sem
aspas, ajustado a 4 cm da margem esquerda e a referência fica logo
abaixo da citação entre parênteses. Ex.: Conforme Moreira (2008,
p.37),
[...] seja na economia com fusões, globalização, parcerias entre
empresas concorrentes e na própria estrutura de indústrias
inteiras; nos produtos e serviços e em seus fluxos logísticos; nos
mercados com sua segmentação, valores e comportamento
dos consumidores; nos mercados de trabalho; na política e
nas relações internacionais entre os países.

74

livro.indb 74 15/12/2009 08:57:29


Metodologia para Estudo de Caso

Exemplo 4: Citação indireta


Citação indireta, extraído de vários pontos da obra escolhida,
onde o pesquisador altera as palavras do autor fonte, com resumos
por exemplo, por isto não é necessário inserir a página, pois neste
caso citamos a ideia do autor e esta pode estar presente no livro
todo. Ex.: Conforme Moreira (2008), o colapso na circulação das
informações que acontece hoje em dia, tem obrigado as pessoas a
procurarem estratégias de gerenciamento das informações para
poder acompanhar e conviver em sintonia neste novo mundo. A
informática neste sentido tem um papel importante neste auxílio.

Importante!
É comum, na contextualização teórica, alguns
pesquisadores se equivocarem na quantidade
de citações, apenas inserindo-as sem expor a sua
opinião (deixando o texto muito fragmentado, sem
a coesão própria para esta atividade). Outro erro que
devemos evitar é escrever tudo com redação própria
sem sequer citar a fonte de seus conceitos. Muito do
que escrevemos, apesar de ser citação indireta, não
caracteriza senso comum e, se não for citada a fonte,
podemos estar parafraseando um autor sem a devida
referência, o que é considerado plágio. Cuidado com
isto!

Para finalizar este exemplo, lembre-se que todo o autor citado no


corpo do trabalho já deve estar descrito, também, na parte final
do relatório, no item REFERÊNCIAS. Não podemos deixar de
digitar os dados do autor nas referências, se deixarmos isto para
o final do trabalho, podemos perder os dados desta citação e se
isto acontecer, somos obrigados a retirar a citação por não estar
relacionada na parte final. No exemplo que estamos estudando, a
referência que deve constar no final do trabalho é a apresentada
no exemplo 1.

Agora você está pronto para construir o seu tema. Para ajudá-
lo ainda mais neste momento, segue o exemplo padrão da
UnisulVirtual, agora com a parte do tema:

Unidade 3 75

livro.indb 75 15/12/2009 08:57:29


Universidade do Sul de Santa Catarina

2 TEMA

O mercado de distribuição de bebidas no Brasil é


bastante promissor, com uma grande variedade de produtos
de ótima aceitação pelo consumidor final, especialmente a
cerveja produzida no próprio país.
Em 2000, com o surgimento da Companhia
de Bebidas das Américas – AmBev, gerada pela fusão da
Companhia Antarctica Paulista e Companhia Cervejaria
Brahma, o mercado sofreu alterações significativas
(SEBRAE/ES, 2007). Neste contexto, a concorrência no
setor também se tornou acirrada.
O Brasil é um dos maiores países produtores e
consumidores de cerveja, com uma produção ao redor de
9 bilhões de litros por ano, destacando-se cada vez mais
no mercado cervejeiro internacional. Em virtude desse
crescimento, mudanças foram observadas em sua estrutura
de mercado, deixando de ser altamente concentrado até
a década de 90 para tornar-se um mercado com maior
número de firmas atuantes, ocasionando um acirramento
na concorrência. Outro fator importante que proporcionou
o crescimento do setor foi a entrada de capital estrangeiro
(BAZZO, 2007).
O setor de bebidas possui uma prática comercial
comum que é a especialização em um produto ou linha de
produtos, o que não significa a falta de variação na oferta de
bebidas em uma distribuidora.

76

livro.indb 76 15/12/2009 08:57:30


Metodologia para Estudo de Caso

Tornar-se um especialista no produto ou linha de


produto é a mais comum das práticas comerciais.
Você pode variar a oferta de bebidas na sua
distribuidora e ser especialista em uma, por exemplo:
a cerveja, que geralmente é o carro-chefe do negócio.
O especialista de produto goza de prestígio pela
qualidade e variedade, mas deve tomar cuidado, pois
sua posição pode se fragilizar em função de oscilações
no mercado, ou de mudanças nas orientações de seus
consumidores, ou mesmo, decorrente da evolução
tecnológica. (SEBRAE/ES, 2007 p. 1).

A especialização numa linha de produtos


constitui o tema geral desta pesquisa. Já o tema específico
é apresentar para a empresa XYZ Distribuidora, uma
proposta de reestruturação e informatização dos processos
organizacionais, com foco no setor de vendas.
Atualmente a empresa XYZ Distribuidora
trabalha com vendas diretas de bebidas de diversos tipos e
marcas. Em seu processo de vendas, utiliza-se de um serviço
de logística que está causando um aumento considerável nos
custos finais da empresa. Esta organização também não utiliza
nenhum tipo de sistema informatizado direcionado para a pré-
venda. Trabalha somente com um sistema de vendas que efetua
o controle de estoque, alimentado quinzenalmente, quando
do fechamento das vendas realizadas pelos caminhões. Esta
constatação caracteriza uma das justificativas profissionais
que levou este pesquisador a optar pelo presente tema.
No atual cenário de modernidade, surge a
necessidade de automação do setor de distribuição de
bebidas e seus processos. Para tal, encontra-se uma gama
de propostas de uso de sistemas informatizados, seja para
o controle do trabalho operacional ou para obtenção de
informações estratégicas do setor. Dentre os sistemas

Unidade 3 77

livro.indb 77 15/12/2009 08:57:31


Universidade do Sul de Santa Catarina

disponíveis para uso operacional e gerencial, encontram-se


os voltados para o setor de vendas, incluindo a pré-venda.
Estes sistemas contemplam, em sua maioria, controle de
estoque, contas a pagar, contas a receber, pedidos manuais e
pedidos por palm top, resumo diário de vendas, por equipe e
por vendedor, montagem de cargas para entregas por frotas,
emissão de notas fiscais e boletos bancários, dentre outras
funcionalidades.
Alguns dos objetivos específicos com o uso da
informática neste setor são a agilidade no atendimento, na
emissão de pedidos, o correto controle de estoque, bem como
das contas a pagar e receber, etc.
Porém o uso de sistemas informatizados como
ferramenta estratégica tem um objetivo maior, que é a gestão
da informação para a tomada da decisão de forma mais
apropriada para a organização, no contexto do mercado onde
atua.
De acordo com a UAC, – Unidade de Atendimento
ao Comércio – SEBRAE/ES (2007, p. 1), “Uma empresa
informatizada tem grandes chances de sair na frente do
concorrente, Além de facilitar os processos, garantem a
segurança na tomada de decisões, melhora a produtividade e
diminui os gastos.” No entanto é necessário fazer a escolha
certa, com um planejamento do que a organização realmente
necessita.
Dentro do contexto do tema apresentado,
este trabalho visa responder à seguinte questão: “Como
reestruturar e informatizar os processos organizacionais,
com foco no setor de vendas, visando reduzir os custos e
prospectar novos clientes na empresa XYZ Distribuidora de
Palhoça (SC)?”.

78

livro.indb 78 15/12/2009 08:57:31


Metodologia para Estudo de Caso

Acredita-se que a proposta apresentada ao final


deste estudo à empresa XYZ Distribuidora motivará a
adequação da estratégia de vendas à realidade do mercado,
com a absorção de aspectos positivos da sua estrutura atual
e desenvolvimento de ações de melhoria de acordo com suas
necessidades. Também ocorrerá um maior controle interno
de suas vendas e da pré-venda, facilitando as análises de
crédito por parte do setor de vendas, o que evitará perdas
financeiras e, conseqüentemente, garantirá melhoria na
qualidade do seu atendimento junto aos clientes existentes,
bem como prospectar novos clientes.
Do ponto de vista pessoal, este será um desafio
novo e importante para este pesquisador, pois envolve
a aprendizagem de um método científico, bem como de
conteúdos importantes para a sua formação como tecnólogo
em Gestão da TI. Como profissional atuante na empresa alvo
do projeto, acredita-se que a apresentação deste trabalho
trará muitos ganhos.

Fonte: Bitencourt (2006). Com modificações.

Unidade 3 79

livro.indb 79 15/12/2009 08:57:32


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 5 - Objetivos
Muitos são os que apresentam conceitos acerca dos objetivos.
Vejamos alguns deles:

Definições para os objetivos


„ Furaste (2004): os objetivos são as indicações,
precisas e claras, das metas, propósitos e resultados
concretos a que se pretende chegar.
„ Fachin (2003): o objetivo é o resultado que se
pretende em função da pesquisa. Geralmente, é
uma ação proposta para responder à questão que
representa o problema.
„ Cervo e Bervian (2002): os objetivos que se têm em
vista definem, muitas vezes, a natureza do trabalho,
o tipo de problema a ser selecionado, o material a
coletar, etc.

A partir desta contextualização, é possível afirmar que os


objetivos da pesquisa perpassam o grau de entendimento e
o índice de assimilação dos conteúdos presentes na tarefa
cognoscitiva do acadêmico pesquisador.

Nas fases iniciais (graduação e especialização), os objetivos


situam-se no âmbito de estudar, conhecer e compreender. No
mestrado, os objetivos podem ser de aprofundar, dominar o
âmbito e, eventualmente, localizar novas relações. Somente
no doutorado se exige tema original e se chega à descoberta
de novas relações ou ao estabelecimento de novas teorias,
segundo Vieira (2004).

Comentam Cervo e Bervian (2002) que, quanto à sua natureza,


os objetivos podem ser intrínsecos, quando se referem aos
problemas que se quer resolver; extrínsecos, tais como dever de
aula, solicitação de interessados, trabalhos finais dos cursos de
formação, resolução de problemas pessoais, produção de algo
original, podendo, entretanto, ser definidos como objetivos gerais
e específicos.

80

livro.indb 80 15/12/2009 08:57:33


Metodologia para Estudo de Caso

O que são objetivos gerais e específicos?

De acordo com a abrangência dos objetivos, podem ser gerais ou


específicos.

O objetivo geral define, de modo amplo, aquilo que o


pesquisador deseja pesquisar. Procura determinar, com clareza
e objetividade, o propósito do pesquisador com a realização da
pesquisa. Está ligado a uma visão global e abrangente do tema.
Relaciona-se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos
e eventos, quer das idéias estudadas. Vincula-se diretamente à
própria significação da tese proposta pelo projeto.

Já os objetivos específicos determinam aspectos que se pretende


estudar, compreender, explicar, ou seja, o pesquisador evidencia,
de forma clara e precisa, a finalidade do estudo que pretende
desenvolver.

Definir os objetivos específicos significa aprofundar as


intenções expressas nos objetivos gerais.

O estudante se propõe a mapear, identificar, levantar,


diagnosticar, traçar o perfil ou historiar determinado assunto
específico dentro de um tema. Ele pode querer mostrar novas
relações para o mesmo problema, identificar novos aspectos, ou
mesmo, utilizar os conhecimentos adquiridos com a pesquisa
para instrumentalizar sua prática profissional ou intervir em
determinada realidade onde ocorre o problema - ainda segundo
Cervo e Bervian (2002).

Para Marconi e Lakatos (1991), os objetivos específicos


apresentam caráter mais concreto. Têm função intermediária e
instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e,
de outro, aplicá-lo a situações particulares.

Unidade 3 81

livro.indb 81 15/12/2009 08:57:34


Universidade do Sul de Santa Catarina

Objetivo geral: Indicação do resultado pretendido.


Objetivos específicos: indicação das etapas que levarão à
realização do objetivo geral.

Os objetivos específicos são instrumentais para o objetivo geral e


dão uma visão embasadora para o próprio tema. Eles norteiam,
por assim dizer, a pesquisa.

O que indicam os objetivos?

Os objetivos indicam o que se pretende conhecer, medir ou


provar no decorrer da investigação. Na lição de Fachin (2003, p.
114),

Nessa etapa, deve-se demonstrar a relevância do


problema, com o intuito de despertar o interesse do leitor.
Os objetivos também demonstram a contribuição que
se tenciona alcançar com a pesquisa, para as possíveis
soluções do problema.

Eles devem estar norteados por aspectos que determinam


a finalidade da pesquisa, como: para quem, para quê,
o quê, onde; a finalidade deve estar assim configurada.
Devem conter os aspectos mais significativos, como a
correlação entre causa e efeito de determinado problema.

Martins e Santos (2003) observam que um objetivo claramente


formulado fornece base sólida para a seleção do método,
procedimento que ajudará a alcançá-lo. Ele está bem formulado,
quando consegue comunicar seu propósito; o melhor enunciado é
aquele que exclui a possibilidade de que seu propósito venha a ser
confundido com outro.

82

livro.indb 82 15/12/2009 08:57:35


Metodologia para Estudo de Caso

Lembre-se:
Objetivo geral
„ Indica qual o propósito da pesquisa
„ Deve ser bem claro e preciso
„ Está ligado ao problema da pesquisa
„ Utiliza um verbo no infinitivo de natureza reflexiva

Objetivos específicos
„ Determinam as etapas necessárias para atingir o
objetivo geral
„ Devem começar com um verbo no infinitivo
„ Devem indicar uma ação passível de mensuração

Como formular os objetivos?

É importante respeitar as seguintes “regras” na formulação de


objetivos de pesquisa, que, segundo Richardson (1999) são:

1. o objetivo deve ser claro, preciso e conciso;


2. o objetivo deve expressar apenas uma idéia. Em
termos gramaticais, deve incluir apenas um sujeito e
um complemento;
3. o objetivo deve referir-se apenas à pesquisa que se
pretende realizar. Não são objetivos de uma pesquisa,
propriamente, discussões, reflexões ou debates em
torno de resultados do trabalho.

Ao escrever um objetivo, lembre-se:


a. iniciar, usando o verbo no modo infinitivo (ex.: identificar,
verificar, analisar, caracterizar, selecionar, explicar, descrever,
etc.);
b. não usar um verbo que sugira muitas interpretações; e,
c. apresentar um objetivo de cada vez.

Unidade 3 83

livro.indb 83 15/12/2009 08:57:36


Universidade do Sul de Santa Catarina

O quadro a seguir apresenta alguns exemplos de objetivos


decorrentes dos temas já apresentados como exemplos anteriores.
Vale lembrar que, para a primeira vez que, se faz um objetivo, ele
pode não sair bom. Tente outra vez, caso isso acontecer!

(Continua)

TEMA PROBLEMA OBJETIVO GERAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS


ESPECÍFICO

- A tecnologia - Qual o impacto - Analisar o impacto - Descrever aspectos da


da informação da implantação do da implantação do tecnologia da informação.
nas empresas do Sistema Tecnológico Sistema Tecnológico
ramo hoteleiro de Planejamento de Planejamento - Descrever a metodologia
de Palhoça, SC. Orçamentário na Orçamentário na utilizada pela empresa
empresa do ramo empresa do ramo Alfa quando da
hoteleiro Alfa, de hoteleiro Alfa, de implantação do sistema.
Palhoça, SC? Palhoça, SC.
- Analisar mediante
entrevistas com os
responsáveis diretos, os
pontos fortes e fracos do
sistema implantado.

- Qualidade na - Qual é o nível de Levantar a forma - Caracterizar a


administração qualidade existente que a administração administração pública do
pública na administração pública municipal de município de Palhoça.
municipal de pública na Prefeitura Palhoça, SC trabalhou
Palhoça, SC. Municipal de Palhoça, a gestão de segurança - Descrever as principais
SC, no ano de 2006, pública em 2006. ações voltadas à
segundo parâmetros segurança pública
do Manual para municipal.
Avaliação da Gestão
Pública, Programa
Qualidade no Serviço
Público - PQSP?

- Administração - De que forma a Analisar o nível de - Propor ações


pública administração pública qualidade existente que auxiliarão o
municipal de municipal de Palhoça, na administração desenvolvimento
Palhoça, SC. SC, trabalhou em 2006 pública da prefeitura de diretrizes para
a gestão de segurança municipal de Palhoça, implementação da
pública? SC, no ano 2006, qualidade no serviço
segundo parâmetros público municipal.
do Manual para
Avaliação da Gestão - Avaliar as políticas de
Pública - Programa qualidade utilizadas pela
Qualidade no Serviço organização estudada.
Público – PQSP.

84

livro.indb 84 15/12/2009 08:57:37


Metodologia para Estudo de Caso

TEMA (Conclusão)
PROBLEMA OBJETIVO GERAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS
ESPECÍFICO

- Balanço social - Como são - Verificar como - Caracterizar


na Cooperativa organizadas as são organizadas historicamente a
Alfa. informações do as informações do organização pesquisada,
balanço social na balanço social na sua estrutura física
Cooperativa Alfa, de Cooperativa Alfa da colaboradores, missão e
Palhoça, SC? região sul de Santa objetivos.
Catarina.
- Analisar a metodologia
utilizada pela Cooperativa
Alfa para elaboração do
balanço social.

- Perfil dos - Qual o perfil - Levantar o perfil - Descrever as


gestores das de qualificação de qualificação características de cada
empresas A, B, C. dos gestores das dos gestores das empresa estudada;
empresas A, B e C, empresas A, B, C,
situadas em Palhoça, situadas em Palhoça, - Traçar o perfil
SC? SC. sociodemográfico dos
administradores das
empresas estudadas.

- Experiência - Como o profissional - Descrever a - Contextualizar


da inserção de comércio exterior contribuição do historicamente a empresa
internacional contribuiu para a profissional de Beta.
das pequenas inserção no mercado comércio exterior
empresas internacional da no processo de - Levantar as maiores
industriais empresa industrial inserção no mercado dificuldades enfrentadas
do ramo de Beta, de Palhoça, SC? internacional da pela empresa para
confecções de empresa industrial inserção no mercado
Palhoça, SC. Beta, de Palhoça, SC. internacional.

- Motivação no - Qual o nível de - Levantar e analisar - Identificar os maiores


trabalho no ramo motivação dos o nível de motivação aspectos de insatisfação
hoteleiro. funcionários do Hotel dos funcionários do dos funcionários
X, do município de Hotel X de Palhoça SC. pesquisados.
Palhoça, SC.
- Apresentar uma
proposta de gestão
de pessoas voltada
à motivação dos
funcionários do Hotel X de
Palhoça SC.
Quadro 3.4 - Exemplo de objetivos
Fonte: Elaboração dos autores, 2008.

Acompanhe no quadro a seguir o nosso exemplo padrão de


relatório de estudo de caso.

Unidade 3 85

livro.indb 85 15/12/2009 08:57:39


Universidade do Sul de Santa Catarina

3 OBJETIVOS

Os objetivos deste trabalho serão apresentados


em objetivo geral e objetivos secundários.

3.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma


proposta para reestruturar e informatizar os processos
organizacionais, com foco no setor de vendas, visando
reduzir os custos e prospectar novos clientes na empresa
XYZ Distribuidora de Palhoça (SC).

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar e analisar os processos e sistemas


informatizados adotados atualmente pela empresa, em
especial os relacionados com o setor de vendas.
- Descrever os pontos fortes e fracos da empresa
nos seus processos, em especial do setor de vendas.
- Apresentar uma proposta de informatização
para melhoria do processo de vendas.
- Identificar a relação custo-benefício da proposta
de informatização do processo de vendas.

Fonte: Bitencourt (2006). Com modificações.

86

livro.indb 86 15/12/2009 08:57:40


Metodologia para Estudo de Caso

Seção 6 - Procedimentos Metodológicos


Os procedimentos metodológicos compreendem a caracterização
do estudo, a definição da população e amostra, o campo de
estudo e os instrumentos de coleta de dados.

Na caracterização do estudo, começaremos pela indicação do


tipo de pesquisa. Vamos relembrar: a pesquisa poderá ser do
tipo:

„ descritiva: procura descrever a proposta ou


características da empresa. Por exemplo: descrever o nível
de escolaridade, de renda, etc. Neste momento, apenas
descreveu-se a realidade pesquisada da forma como ela é:
o pesquisador não interferiu nos resultados;
„ exploratória: busca familiarizar o aluno com o assunto
e com a realidade da organização. Constitui a primeira
etapa de uma investigação mais ampla. Por exemplo,
no objetivo descrito anteriormente, de “Verificar como
são organizadas as informações do balanço social na
Cooperativa Alfa da região sul de Santa Catarina”, é
necessário inicialmente explorar o tema balanço social e a
organização das informações deste instrumento, para só
então entrar no objetivo. O produto final desse processo é
esclarecido para o leitor;
„ explicativa: além de descrever a realidade da
organização, procura explicar os fatores determinantes do
problema estudado. Por exemplo: verificar se o nível de
motivação dos funcionários de uma organização é bom
ou ruim, mas tendo como preocupação central identificar
os fatores que levaram a tal resultado. Vale lembrar que
este tipo de pesquisa é o mais complexo e delicado, pois
há o risco maior de cometer erros, assim geralmente não
é usada por pesquisadores iniciantes.

É neste momento, também, que identificamos o


Universo da pesquisa e a amostra.

Unidade 3 87

livro.indb 87 15/12/2009 08:57:40


Universidade do Sul de Santa Catarina

Campo de estudo ou Universo da pesquisa


A descrição do universo da pesquisa, ou, como alguns autores
costumam chamar campo de estudo, é simplesmente a descrição
de onde será feita a pesquisa. Utilizamos com mais propriedade
a descrição do Campo de estudo ou o Universo da pesquisa,
quando não temos como demonstrar amostragem, ou seja,
quando o objeto de estudo vai ser pesquisado como um todo,
sem condições de fazer recortes ou fragmentações. Podemos
relacionar os seguintes exemplos para demonstrar a importância
da descrição do campo de estudo: a pesquisa de um software
específico, uma obra literária, uma fórmula matemática, o
desempenho de um determinado hardware, etc. Mas o Campo
de estudo ou o Universo da pesquisa também se faz presente,
quando nosso objeto de estudo é uma organização (empresa
privado ou pública).

O campo de estudo vai ser tratado novamente,


quando apresentarmos o resultado da pesquisa e a
análise da realidade observada. Neste momento, serão
apresentados o contexto histórico e os dados básicos
do objeto de estudo, que foram pesquisados através
da observação do pesquisador, de documentos
analisados, ou da entrevista realizada. Aqui, nesta
etapa, vamos pontuar, apenas, o objeto de estudos.
O campo de estudo diz respeito às informações do
universo escolhido para desenvolver o estudo de caso.

A unidade do campo de estudos está relacionada com a definição


do que o caso é, ela pode ser um indivíduo, uma decisão,
um programa, um portal da Internet, um medicamento, um
segmento social, um evento político, uma fórmula química, pode
ser sobre a implantação de um processo ou sobre uma mudança
organizacional. A definição do Universo está ligada à maneira
pela qual as questões de estudo foram definidas (BRESSAN,
2006). Por exemplo: uma pessoa, uma empresa, um órgão
público, um software, etc.

88

livro.indb 88 15/12/2009 08:57:41


Metodologia para Estudo de Caso

Amostragem
No ensinamento de Schiffman e Kanuk (2000, p. 26) “um
plano de amostragem deve responder às seguintes questões:
quem pesquisar e quantos pesquisar (o tamanho da amostra)”. A
decisão de quem pesquisar exige que a população seja definida
de modo que uma amostra adequada possa ser selecionada. Yin
(2006) assinala que a definição do estudo de caso a ser analisado
está relacionada à maneira como você definiu as questões iniciais
da pesquisa.

Perceba que a população pode ser representada por indivíduos,


grupos, organizações e por integrantes da sociedade. A amostra
compreende um subconjunto da população como mostra o
esquema a seguir.

Amostragem

População Amostra

Figura 3.5 – População e amostra


Fonte: Ambroni e Ambroni (2006).

O tamanho da amostra depende dos objetivos do trabalho e do


grau de confiança que o pesquisador quer alocar aos resultados.
De acordo com Mattar (1996), o procedimento de amostragem
pode ser realizado por meio de uma amostra probabilística, ou
não-probabilística, conforme demonstrado na figura 3.6:

Unidade 3 89

livro.indb 89 15/12/2009 08:57:42


Universidade do Sul de Santa Catarina

NÃO-PROBABILÍSTICA: aquela em que a


seleção dos elementos da população para
compor a amostra depende, ao menos
em parte, do julgamento do pesquisador.
Pode ser de conveniência, intencional ou
por cotas.
TIPOS DE AMOSTRAGEM
PROBABILÍSTICA: é aquela em que
cada elemento da população tem uma
chance conhecida e diferente de zero de
ser selecionado para compor a amostra.
Pode ser aleatória simples, aleatória
estratificada ou por conglomerado.

Figura 3.6 – Procedimento da Amostragem.


Fonte: Mattar (1996, p. 132).

Importante
Para viabilizar a construção do nosso estudo de
caso, aqui na Unisulvirtual, vamos obrigatoriamente
escolher o tipo de amostragem NÃO-PROBABILÍSTICA
INTENCIONAL. Mas, para efeito de conhecimento,
vamos falar dos demais tipos de amostragem, para
que você fique sabendo.

Vale salientar que, na amostra não-probabilística intencional,


que é a mais usada em estudos de caso, o pesquisador usa o seu
julgamento para selecionar os membros da população que são
boas fontes de informação precisa, com vista ao alcance dos
objetivos de seu estudo. Na amostra não-probalística intencional,
o pesquisador está interessado na opinião de determinados
elementos da população, mas que não são representativos da
mesma. O pesquisador, portanto, não se dirige à “massa”, mas
àqueles elementos que, segundo seu entender, pela função
desempenhada ou cargo ocupado, vão lhe fornecer maiores
subsídios à solução do problema de pesquisa levantado, como
comenta Lakatos e Marconi (1991).

90

livro.indb 90 15/12/2009 08:57:42


Metodologia para Estudo de Caso

Como já disse antes, o tipo de amostra que


escolheremos para o nosso estudo de caso será a
NÃO-PROBABILÍSTICA INTENCIONAL. Mas achamos
prudente lhe apresentar, pelo menos superficialmente,
como se trabalha com a amostragem probabilística
aleatória simples.

A amostra probabilística tem um caráter mais preciso e é


ideal para estudos onde a população é grande e se necessita
de uma margem estatística confiável para provar sua pesquisa.
Acompanhe a seguir um método para calcular uma amostra
probabilística aleatória simples.

Antes de fazermos uma amostra em si, devemos realizar uma


pré-amostra onde:

p= percentual observado na pré-amostra, que respondeu


favoravelmente a questão; e

q= o que falta em p para completar 100%.

Caso eu não realize uma pré-amostra, então os valores de p e q


serão de p=0,50 e q=0,50.

Fórmula

n= Z2 x p x q x N
e2 x(N - 1) + Z2 x p x q

n= Tamanho da amostra
N = Tamanho da população
p= percentual observado na pré-amostra, que respondeu
favoravelmente a questão
q= o que falta em p para completar 100%
e= erro máximo aceitável na pesquisa (para mais ou para menos
Z = Valor tabela correspondente ao nível de confiança da pesquisa

Unidade 3 91

livro.indb 91 15/12/2009 08:57:43


Universidade do Sul de Santa Catarina

Tabela Z
Nível de Confiança Z
90% 1,64
91% 1,70
92% 1,75
93% 1,81
94% 1,88
95% 1,96
96% 2,05

Tabela 3.1 – Tabela Z.


Fonte: Madeira (2008). Com modificações.

Qual o tamanho da amostra para verificar quantas


pessoas estão interessadas em fazer o curso em
gestão de pessoas?

Supondo que uma população é de N= 623 pessoas, com um nível


de confiança 90% = 1,64 sem pré-amostra p=0,50 e q = 0,50 e
com erro máximo aceitável de 5% (0,05)

n= 1,642 x 0,5 x 0,5 x 623


0,052 x(623 - 1) + 1,642 x0,5 x 0,5

n= 2,69 x 0,5 x 0,5 x 623


0,0025 x(622) + 2,69 x 0,5 x 0,5

n= 418,9675
1,555 + 0,6725

n= 418,9675
2,2275
n= 188 pessoas para serem pesquisadas

Considerando que a amostra está inviável, pois ficou muito


grande, pode-se aumentar a margem de erro para 10%, ficando
desta forma:

92

livro.indb 92 15/12/2009 08:57:43


Metodologia para Estudo de Caso

n= 1,642 x 0,5 x 0,5 x 623


0,12 x(623 - 1) + 1,642 x0,5 x 0,5

n= 2,69 x 0,5 x 0,5 x 623


0,01 x(622) + 2,69 x 0,5 x 0,5

n= 418,9675
6,22 + 0,6725

n= 418,9675
6,8925
n= 61 pessoas para serem pesquisadas

A amostragem boa é aquela que possibilita abranger a


totalidade do problema investigado em suas múltiplas
dimensões (MINAYO, 1994).

Instrumentos de coleta de dados


Vale ressaltar que as fontes de dados podem ser primárias e
secundárias. Conforme Amboni e Amboni (2006), os dados
secundários são aqueles que se encontram à disposição na
organização objeto de estudo: os boletins, livros, as revistas
dentre outros. Os dados primários referem-se àqueles coletados
pela primeira vez para buscar solução, quanto ao objetivo geral:
da regra, são dados coletados mediante entrevistas e observação,
por exemplo.

O processo de coleta de dados no estudo de caso é mais complexo


que o de outras modalidades de pesquisa.

Bressan (2006) observa que o método do estudo de caso obtém


evidências a partir de seis instrumentos de coleta de dados. Veja-
os na sequência.

a. Documentação: a documentação, pela sua própria


característica, é uma importante fonte de dados e,
nela, as informações podem tomar diversas formas

Unidade 3 93

livro.indb 93 15/12/2009 08:57:44


Universidade do Sul de Santa Catarina

como cartas, memorandos, agendas, atas de reuniões,


documentos administrativos, estudos formais,
avaliações de plantas e artigos da mídia.
b. Dados Arquivados: os dados arquivados, em
computador, por exemplo, podem ser relevantes
para muitos estudos de caso. Estes dados podem ser
dados de serviços, como número de clientes, dados
organizacionais - orçamentos, mapas e quadros -
para dados geográficos, lista de nomes, dados de
levantamentos, dados pessoais - como salários, listas de
telefone, que podem ser usados em conjunto com outras
fontes de informações tanto para verificar a exatidão
como para avaliar dados de outras fontes, segundo Yin
(2005).
c. Entrevistas: a entrevista permite aos pesquisados
desenvolverem as opiniões de maneira conveniente,
considerando a subjetividade envolvida no tema. A
entrevista segue o roteiro que considera as categorias
de análise estabelecidas, embora a sua forma seja
modificada conforme as perguntas do entrevistador,
permanecendo asseguradas as perguntas orientadoras
básicas. Ao mesmo tempo, permite-se ao entrevistado
refletir sobre o tema, de maneira que se orienta e se
envolve gradativamente no decorrer dela. É o que nos
diz Vergara (2005). A entrevista, dentro da metodologia
do Estudo de Caso, pode assumir várias formas:
„ entrevista de natureza aberta-fechada: onde o
investigador pode solicitar aos respondentes-chave
a apresentação de fatos e de suas opiniões a eles
relacionados;
„ entrevista focada: onde o respondente é entrevistado
por um curto período de tempo e pode assumir um
caráter aberto-fechado ou se tornar conversacional,
mas o investigador deve preferencialmente seguir as
perguntas estabelecidas no protocolo da pesquisa;
„ entrevista do tipo Survey: que implicam questões e
respostas mais estruturadas.

94

livro.indb 94 15/12/2009 08:57:44


Metodologia para Estudo de Caso

Para maior eficácia da entrevista:


Direcione sempre um ponto principal e, a partir dele
tente abstrair o maior número de pontos que possam
circundar este ponto principal: um questionário
bem feito não é aquele que tem o maior número
de questões, e sim aquele que possui uma maior
abrangência em relação àquilo que ser quer investigar.
Procurar opiniões diferentes, bem como analisar
pessoas de posições hierárquicas diferentes permite,
muitas vezes, uma visão mais ampla.

d. Observação direta: ao visitar o local de estudo, um


observador preparado pode fazer observações e coletar
evidências sobre o caso em estudo. Estas evidências
geralmente são úteis para prover informações
adicionais sobre o tópico em estudo. Para se aumentar
a fidedignidade das observações, além de se ter
roteiro definido no protocolo, pode-se designar mais
de um observador e, após as observações, comparar
os resultados das observações relatadas para se
eliminarem discrepâncias.
e. Observação participante: este é um tipo especial
de observação, na qual o observador deixa de ser
um membro passivo e pode assumir vários papéis
na situação do caso em estudo e pode participar
dos eventos em estudo e influenciá-los. O problema
da observação participante é que ela tem grande
capacidade de produzir vieses, pois o investigador
pode assumir posições ou advogar contra os interesses
das práticas científicas recomendadas, pode assumir
posições do grupo ou organização em estudo e pode
ter problemas ao fazer anotações ou levantar questões
sobre os eventos em perspectivas diferentes.
Yin (2006) destaca a relevância de considerar três
princípios para a coleta de dados:
„ utilizar várias fontes de evidência: qualquer uma
das fontes precedentes de obtenção de evidências
pode e tem sido a única para estudos inteiros. Por
exemplo, alguns estudos confiaram apenas na

Unidade 3 95

livro.indb 95 15/12/2009 08:57:45


Universidade do Sul de Santa Catarina

observação participante, mas não examinaram


um único documento; similarmente, há inúmeros
estudos que contaram apenas com registros em
arquivos, mas não realizaram entrevistas;
„ criar um banco de dados para o estudo de caso:
deve ser respeitado durante a coleta de dados, tem
a ver com a maneira de organizar e documentar os
dados coletados para os estudos de caso;
„ manter o encadeamento das evidências: visando
aumentar a confiabilidade das informações em um
estudo de caso, torna-se necessário manter um
encadeamento de evidências, indo das questões
iniciais da pesquisa até as considerações finais.

Ao elaborar o plano de pesquisa, o investigador tem de


estabelecer procedimentos que visem maximizar os resultados a
serem obtidos com utilização destas seis fontes de evidência.

Ao elaborar seu Estudo de Caso nesta seção, você deve indicar


o tipo de pesquisa que caracteriza seu estudo, amostra e o(s)
instrumento(s) de coleta de dados, conforme mostra o quadro
exemplificativo a seguir.

96

livro.indb 96 15/12/2009 08:57:45


Metodologia para Estudo de Caso

(Continua)

Campo de estudo Instrumentos


Problema Caracterização Amostra
ou Universo da de coleta de
de pesquisa do estudo de pesquisa
pesquisa dados

- Qual o impacto Descritiva Hotel Alfa localizado Amostra não- -Documentação


da implantação do na cidade de Palhoça, probabilística - Dados Arquivados
Sistema Tecnológico SC. Fundado em intencional
de Planejamento 1980, hoje com 20 formado por - Entrevistas
Orçamentário na funcionários. 01 responsável
empresa do ramo pelo setor
hoteleiro Alfa, de administrativo,
Palhoça, SC? 01 do setor
financeiro e 01 do
setor contábil.

- Qual é o nível de Descritiva Prefeitura Municipal - Documentação


qualidade existente de Palhoça, SC. Sob o
na administração viés dos parâmetros - Dados Arquivados
pública na Prefeitura do Manual para
Municipal de Palhoça, Avaliação da Gestão -
SC, no ano de 2006, Pública, Programa
segundo parâmetros Qualidade no Serviço
do Manual para Publico – PQSP.
Avaliação da Gestão
Pública, Programa
Qualidade no Serviço
Público - PQSP?

- De que forma a Descritiva Departamento de Amostra não- - Documentação


administração pública Segurança Pública da probabilística
municipal de Palhoça, Prefeitura de Palhoça intencional, - Dados Arquivados
SC, trabalhou em 2006 na gestão 2006. formada por 01 - Entrevistas
a gestão de segurança gestor do depto.
pública? de segurança
pública e dois
supervisores
diretos.

- Como são Exploratória Cooperativa Alfa Amostra não- - Dados Arquivados


organizadas as localizada na cidade probabilística
informações do de Palhoça, SC. intencional, - Entrevistas
balanço social na Fundada em 1995. formada pelo
Cooperativa Alfa, de contador da
Palhoça, SC ? empresa e seus
dois assistentes.

Unidade 3 97

livro.indb 97 15/12/2009 08:57:46


Universidade do Sul de Santa Catarina

(Conclusão)
Campo de estudo Instrumentos
Problema Caracterização Amostra
ou Universo da de coleta de
de pesquisa do estudo de pesquisa
pesquisa dados

- Qual o perfil de Exploratória Empresas A, B e C Amostra não- - Entrevistas


qualificação dos situadas em Palhoça, probabilística
gestores das empresas SC. intencional,
A, B e C situadas em formada pelos
Palhoça, SC? gestores das
empresas
A, B e C, dos
departamentos
de recursos
humanos,
produção,
financeiro,
marketing
e logística e
administrativo
(geral), em
um total de 15
pesquisados.

- Como o profissional Explicativa Empresa Industrial Amostra não-


de comércio exterior Beta, de Palhoça –SC. probabilística - Documentação
contribuiu para a Fundada em 1990. intencional,
inserção no mercado formada - Dados Arquivados
internacional da pelos três - Entrevistas
Empresa Industrial administradores
Beta, de Palhoça, SC? da empresa.

- Qual o nível de Explicativa Hotel X do município Amostra não- - Entrevistas


motivação dos de Palhoça, SC. No probabilística
funcionários do Hotel mercado desde 2001. intencional,
X, do município de formada por
Palhoça, SC? 40 funcionários
(todos os
funcionários,
exceto
administração).
Quadro 3.5 - Tipos de pesquisa.
Fonte: Elaboração dos autores, 2008.

A partir deste exemplo, você poderá definir o Universo


da pesquisa, sua amostra do estudo de caso, bem como o
instrumento de coleta de dados.

Vale lembrar que os exemplos do quadro são genéricos e


que cabe a você justificar, com base no problema e objetivos
de sua pesquisa, o “por que” da escolha deste ou daquele
procedimento metodológico. Não esquecendo que, nesta fase,
você pode, também, valer-se da parte teórica para fundamentar,
conceitualmente, seu método de pesquisa.

98

livro.indb 98 15/12/2009 08:57:47


Metodologia para Estudo de Caso

Na elaboração dos instrumentos de coleta de dados,


é preciso efetivamente construir os instrumentos
previstos por você. Assim se você definiu que fará uma
entrevista, insira em anexos o roteiro da entrevista
planejada e como espera aplicá-la. O mesmo se aplica
aos demais instrumentos de coleta de dados ou ao
questionário que será aplicado. Ou seja, apresente os
instrumentos, na íntegra, nos anexos e apêndices de
seu relatório de pesquisa.

Agora, em uma visão geral, através do exemplo padrão utilizado


desde o início desta seção, vamos mostrar como estas etapas
devem ser construídas através de um texto coeso e coerente.
Acompanhe.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A caracterização do estudo deste trabalho


será uma pesquisa na forma de um estudo de caso
EXLORATÓRIO. Com base na explicação de Rauen (2002),
que mostra o estudo de caso como um estudo profundo de
um ou de poucos objetos, o qual busca retratar a realidade de
forma completa e profunda, de modo a permitir o seu amplo
e detalhado conhecimento.

4.1 CAMPOS DE ESTUDO

O Universo desta pesquisa compreende


uma empresa que atua no ramo de distribuidora de bebidas e
seus derivados, cuja razão social é “XYZ Distribuidora”. A
empresa tem sede na Rua das Flores, 1.000, no bairro Ponte
do Imaruim, na cidade de Palhoça SC. Conta hoje com um

Unidade 3 99

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Universidade do Sul de Santa Catarina

quadro de 15 funcionários, encaixando-se no perfil de uma


organização de pequeno porte.
A escolha da amostra nesta pesquisa será de
caráter não-probabilístico, por entender que a natureza do
problema implica a escolha de sujeitos com características
definidas pelo pesquisador, o qual escolheu como amostra
o responsável pelo setor de vendas e os 4 vendedores. Esta
escolha levou em conta foco da pesquisa no setor de vendas
e seus colaboradores que, de forma direta ou indireta,
armazenam, manipulam e usam as informações alvo do
estudo.

4.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os instrumentos de coleta de dados adotados


neste trabalho são descritos no quadro a seguir.

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Metodologia para Estudo de Caso

Instrumento de Finalidade do
Amostra pesquisada
coleta de dados Instrumento

Coletar as informações
1 Responsável pelo setor de
Entrevista oral, não- necessárias sobre o
vendas e 4 vendedores da
dirigida. funcionamento do setor de
empresa vendas da empresa.

Compreender como é que


Acompanhar as equipes da funciona a sistemática
Observação direta ou empresa e um vendedor in de vendas e poder definir
indireta loco. melhorias e alterações a
serem implantadas.

Documentos existentes Definir as necessidades de


referentes as definições
Documentos mudanças envolvendo a
de rotas de distribuição da logística da empresa.
empresa.

Entender o funcionamento
Dados armazenados, e limitações do atual
processados, bem como os sistema, conhecer o
Dados Arquivados relatórios do atual sistema volume de vendas, o giro
informatizado da empresa. de mercadorias e outras
informações.

Quadro 1 - Instrumento de coleta de dados


Fonte: Elaboração do autor, 2006.

Fonte: Adaptado pelo autor (2006) de Bittencourt (2006).

Unidade 3 101

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Ao compreender estes itens da etapa inicial de um relatório de


pesquisa, você conclui uma importante fase na montagem do seu
estudo de caso. O próximo passo é a execução da pesquisa com
a aplicação dos instrumentos de coleta de dados, apresentação
e análise destes dados, proposta de sugestão de melhoria e a
conclusão de seu relatório. Vamos adiante!

Síntese

O assunto abordado nesta unidade diz respeito à caracterização


das etapas iniciais de seu relatório de pesquisa a partir do modelo
proposto pela UnisulVirtual para elaboração de um estudo de
caso, que tem início com a definição do tema, além da maneira
mais objetiva e direta de elaborá-la. A seguir, os autores propõem
várias maneiras de se criarem objetivos de pesquisa.

Nesta caminhada, também ficou clara a importância da


contextualização teórica, que deve ter uma abordagem constante
na construção de um relatório de pesquisa, considerada uma
etapa fundamental para se provar a cientificidade do trabalho
em questão, oportunizando a você complementar seus
conhecimentos.

Cabe ressaltar, ainda, que, após ler esta unidade, você reunirá
condições para também criar seus procedimentos metodológicos
de pesquisa. Portanto esta se configura como uma das unidades-
base da parte prática do estudo de caso.

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Metodologia para Estudo de Caso

Atividades de autoavaliação
1. No seu entender, por qual motivo a introdução é a última etapa a ser
vencida, ao elaborarmos um estudo de caso?

2. No seu entender, por quais motivos o seguinte exemplo de tema de


pesquisa não se converterá em uma pesquisa em forma de estudo de
caso?

Tema: “Proposta metodológica de identificação do nível de satisfação


dos clientes das Lojas Bahia”.

Unidade 3 103

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Universidade do Sul de Santa Catarina

3. Baseado(a) no exemplo de objetivo geral citado pelos autores, crie três


objetivos específicos de pesquisa, pelo menos.

Objetivo geral de pesquisa: “A presente pesquisa tem por objetivo


geral o de apresentar uma proposta metodológica de elaboração
e implementação de um Plano de Marketing para a Empresa Alfa,
durante o segundo semestre de 2007, que vise o aprendizado contínuo
e o alinhamento estratégico da referida instituição”.

Saiba mais

Para saber mais sobre a produção de relatórios de pesquisa,


sugerimos:

„ LOHN, Joel Irineu. Metodologia para elaboração e


aplicação de projetos: livro didático. 2. ed. rev. e atual.
Palhoça: UnisulVirtual, 2005. 100 p.
„ RAUEN, Fábio José. Elementos de iniciação à
pesquisa. Rio do Sul: Nova Era, 1999.
„ MATTAR, F. N. Planejamento de metodologia
científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

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