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A arte de beber vinho

Para comemorar, para conquistar ou simplesmente para degustar com um bom prato.
Foi-se o tempo em que o ritual de beber vinhos era necessariamente cheio de pompa.
Hoje, um leigo no assunto pode experimentá-lo sem precisar seguir a extensa cartilha
dos experts, cheia de regras e convencionalismos.

"É caipira e atrasada a idéia de que para beber vinho é necessário excesso de requinte
e sofisticação. O vinho é uma bebida popular desde a sua origem", explica o enólogo
Pedro França, palestrante responsável pelo curso básico de vinhos do Senac de São
Paulo.

O Terra preparou um guia fácil para aqueles que querem se aprimorar na arte de
beber vinhos, mas que não abrem mão da descontração e da alegria. Tem os dez
mandamentos básicos para não fazer feio na hora de escolher, como servir e
armazenar o seu vinho, dicas para combiná-lo com os todos os tipos de pratos e de
como montar sua própria adega, além de um glossário e uma lista dos tipos mais
comuns de vinhos e uvas. Saúde!

A história do vinho

Se na segunda metade do século XIX o homem não tivesse descoberto a técnica de


enxerto com videiras, possivelmente hoje não estaríamos bebendo vinhos. O
surgimento de uma praga, conhecida por filoxera, destruiu quase a totalidade dos
vinhedos da Europa - na época, único continente fabricante da bebida.

A história do vinho, porém, começa muito antes. Não existem documentos que
comprovem, mas a história oferece elementos que nos faz acreditar que o vinho foi
uma daquelas invenções do homem que se deram por acaso. Não seria de se estranhar
se se confirmasse que um homem, provavelmente há 7.000 ou 8.000 anos no Oriente
Médio, tivesse esquecido um punhado de uvas amassadas que, fermentadas, viraram
vinho.

A descoberta provavelmente deve ter empolgado os homens da época - não


exatamente por causa do sabor, mas pela idéia de conseguir uma bebida alcóolica de
forma fácil. Os gregos, por exemplo, adicionavam água do mar, ervas e mel à bebida -
provavelmente para disfarçar o sabor.

Foi nos países do Mediterrâneo que o vinho ganharia força como bebida divina. Assim
como os gregos, os romanos também teriam personagens enófilos em sua mitologia:
Dionísio e Baco. Com o Cristianismo, Jesus Cristo utilizaria-se da bebida para
simbolizar seu sangue e representar um milagre. Mais tarde, na Idade Média, a Igreja
Católica, que já pregava o consumo litúrgico da bebida, adotou a produção.

Pouco antes disso, o desenvolvimento dos tonéis de madeira, atribuído ao gauleses,


transformou os métodos de vinificação. Outra importante novidade, já no século 17, foi
o uso de garrafas e de rolhas de cortiça para conservação e transporte da bebida.
Iniciava-se aí indústria do vinho. Na segunda metade do século 19, o cientista francês
Louis Pasteur descobriu como se dava a vinificação das uvas: a ação das leveduras
(tipo de bactéria) sobre o açúcar da uva transformava-o em álcool e gás carbônico e o
suco da uva, em vinho.

BENEFICIOS DO VINHO

Uma taça contendo cerca de 120ml de vinho tinto contém aproximadamente 80


calorias , em comparação às 75 calorias de vinho branco e às 175 calorias de vinho
doce. Embora em pequenas quantidades, muitos vinhos contêm minerais; o vinho
tinto, por exemplo, contém traços de ferro.

Benefícios do vinho
Na década de 90, descobriu-se que os franceses apresentavam um menor risco de
morte do que os norte-americanos, apesar de ambos os povos terem o mesmo nível
de colesterol e, ainda pior, os franceses ingerirem muito mais gordura saturada.

Como pode? Essa questão foi denominada o "paradoxo francês" e deu origem a
inúmeros estudos. A cada dia surgem novas pesquisas tentando desvendar os
mistérios daquele que foi identificado como o salvador da saúde dos franceses: o
vinho.

Ao contrário do que alguns comentários preliminares indicavam, também o branco, e


não só o tinto, pode ser responsável por:

 Prevenir de resfriados ao câncer;

 Controlar a hipertensão;
 Reduzir o risco de problemas cardíacos e, nos casos de pessoas já doentes, ajudar
a evitar um segundo enfarte;
 Em idosos, diminuir o risco de desenvolver problemas mentais.

É claro: os benefícios se resumem ao consumo moderado de vinho - no máximo 250


ml diários. O abuso do álcool, como se sabe, acarreta inúmeros problemas de saúde.

Os tipos de uva

Há diversos tipos de uvas com as quais os vinhos são produzidos. Ao lado do processo
utilizado, são elas que definem as características do vinho. Confira as principais:

Cabernet Sauvignon
Responsável pelos grandes tintos de Bordeaux (França), sua terra natal, produz vinhos
finos e encorpados. É combinada com outras uvas para amenizar seu bouquet
extremamente marcante. A cor é bem escura e profunda.

Merlot
Uva de Bordeaux (França) com a qual se fazem os profundos e redondos Pomerol e
Saint-Émilion. Quando vinificada sozinha - sem a utilização de outros tipos de uva -,
produz vinhos macios, de boa estrutura, aromáticos e de grande elegância.

Pinot Noir
Única uva a compor os grandes Bourgognes tintos da Côte d'Or (França). É encontrada
hoje em todas as regiões vinícolas do mundo, exceto em regiões mais quentes. Sua
maior característica é o aroma adocicado e nível de tanino e pigmentação inferior a
outras variedades de uva vegetais e minerais. Dá origem a vinhos frescos e elegantes.

Pinotage
Marca registrada da África do Sul, seu aroma característico exibe notas de amêndoas
tostadas. Os melhores produtores conseguem elaborar vinhos de longa guarda de
excelentes qualidades.

Chardonnay
Uva francesa da Bourgogne, é considerada a melhor para vinho branco fino. É mais
ácida no paladar quando usada em Champagne ou no Loire e mais suculenta nos
grandes Bourgognes, em que fermenta e amadurece em tonéis de carvalho. A colheita
é uma hora crucial para a produção do vinho: ela deve ser colhida no momento certo,
pois com o avanço do amadurecimento há a perda de acidez, que é característica
necessária para a fabricação destes vinhos.

Gewürztraminer
Variação de uma uva chamada Traminer, ela é responsável por vinhos brancos de
grande e intenso aroma, normalmente mais alcoólicos, produzidos na Alsace (França),
em versões seca ou doce. Produz vinhos muito doces para acompanhar sobremesas.

Sauvignon Blanc
Uva branca utilizada para confeccionar o Sancerre, do Loire (França), e todos os
Bordeaux brancos. Produz vinhos de melhor qualidade em climas frios. Facilmente
reconhecida por notas.

Os tipos de vinho

Os tipos de uva utilizados, o processo de fabricação e a região onde são produzidos


estabelecem os diferentes tipos de vinhos. Veja abaixo quais são eles quais as suas
características:

Tintos
São produzidos com enorme variedade de uvas, com resultados que variam de acordo
com a região e as técnicas de produção empregadas. Podem ir dos mais leves e
refrescantes, que devem ser bebidos imediatamente, a vinhos extremamente densos e
encorpados.

Os mais leves são os Valpolicella e os Bardolino, na Itália, e o Beaujolais Nouveau, da


Bourgogne francesa. Ainda entre os mais leves, porém mais sutis, estão os Bourgogne,
Côtes-du-Rhône, a maioria dos Bordeaux (na França), Rioja (Espanha), Chianti (Itália),
Dão, Douro e Bairrada (Portugal) e os Cabernet Sauvignon do Chile, Austrália e Nova
Zelândia.

Outros são fortes, com grande concentração e cor profunda, e têm longa guarda, como
o como os Cabernet Sauvignon da Califórnia (EUA), o Hermitage (francês), os Barolo e
Brunello di Montalcino (italianos) e o Vega Sicília (espanhol).

Brancos secos
Feitos com uvas brancas, são jovens e frescos e mais simples - sem profundidade de
aromas e sabores. É o caso dos Bordeaux brancos, dos Chablis mais simples, Aligoté e
Mâcon (os três da Bourgogne francesa) e dos italianos Frascati, Verdicchio, Orvieto e
Soave, entre outros. Podem também ser frutados e aromáticos. Como exemplos, os
alemães do Reno e Mosela (Riesling), os franceses da Alsace (uvas Riesling e
Gewürztraminer) e os da Nova Zelândia. Há ainda os encorpados e aromáticos: são os
Bourgogne brancos - feitos de Chardonnay e maturados em barris de carvalho. Há
também os melhores vinhos da Alsace (de Riesling e Gewürztraminer), do vale do
Loire (Sancerre, Pouilly) e da Rioja espanhola.

Brancos doces
São os chamados vinhos de sobremesa. O doce característico vem da própria uva, sem
a adição de açúcar. O mais famoso é o francês Sauternes, da região de Bordeaux
(uvas Sémillon e Sauvignon).

Rosés
Produzidos com uvas tintas. Durante a vinificação, a casca é retirada no meio do
processo, de forma que tinja apenas levemente o vinho. São produzidos na França, no
vale do Rhône do Loire.

Espumantes
Feitos de uvas brancas ou tintas, na maioria das vezes dão origem a vinho branco ou
rosé, com gás. O melhor exemplo é o feito na região de Champagne (na França). No
resto do país, são chamados de musseux ou crémant; na Itália, spumante; na
Espanha, cava; na Alemanha, sekt.

Fortificados
Produzidos como vinhos de mesa, têm adição de álcool (chega a quase 20% de teor
alcóolico), são mais doces e têm maior durabilidade. É o caso do vinho do Porto e do
Madeira (Portugal), do Jerez (Espanha) e de vinhos utilizados em sobremesas, como os
franceses Muscat de Beaunes-de-Venise, Rivesaltes e Banyuls e o português Moscatel
de Setúbal. São normalmente mais acastanhados.

Entendendo os rótulos do vinho

Não é tarefas das mais fáceis decifrar as informações que vêm no rótulos dos vinhos.
Como não há regras para a a apresentação dos dados que os classificam, até os
iniciados encontram dificuldades para interpretá-las.

Para facilitar a compreensão e padronização, o modelo francês de rótulo serve como


referência para os demais países produtores. Em geral, porém, os rótulos trazem os
seguintes dados:

Clique aqui e veja uma ilustração de um rótulo

 Nome do vinho

 País de origem

 Nome do produtor

 Conteúdo da garrafa em unidade de medida


 Graduação alcoólica

 Região de origem

 Nome do engarrafador

 Termos de qualidade aprovados

Como armazenar os vinhos

Calor, mudanças bruscas de temperatura, luz, trepidação, baixa umidade e odores


estranhos são os maiores inimigos dos vinhos. Para não prejudicar o desenvolvimento
de suas potencialidades - processo decorrente do envelhecimento - é necessário
armazená-los em condições adequadas. A melhor opção é acondicionar as garrafas de
vinhos em adegas.

Para quem não tem muito espaço em casa, a aposta é investir em adegas portáteis,
espécies de armários refrigerados que respeitam as condições de temperatura e
umidade ideais para a conservação dos vinhos (entre 11ºC e 17ºC, e 70% de umidade
relativa do ar). Para quem tem espaço, construir uma adega climatizada em casa é
mais vantajoso. No espaço escolhido, coloca-se um equipamento de refrigeração para
manter a temperatura ideal.

Se você não tiver dinheiro para investir em uma adega, a sugestão é manter os vinhos
em lugar fresco, ao abrigo da luz e do calor - sempre em posição horizontal. Um
espacinho debaixo da escada seria o lugar mais apropriado. Nesse caso, porém, não
vale a pena guardar vinhos caros e preciosos, que precisem de muitos anos para
envelhecimento.

Taças e quantidades de vinho

Existem diversas taças, adequadas para os mais variados tipos de vinhos. Mas você
precisa, basicamente, de apenas quatro: para os tintos, brancos, espumantes e
fortificados (como o do Porto). Confira algumas delas:

Taça porto
Ideal para o vinho do Porto, que é extremamente alcoólico (20%) e possui muitos
aromas. A taça é pequena, com bojo pequeno em relação à altura.
Borgonha - tinto
O bojo é mais largo e a altura é baixa. Há maior espaço para a respiração vinho. Serve
para vinhos mais ácidos e que pedem maior oxigenação.

Bordeaux - tinto
A taça é mais alta e o bojo é pequeno. Serve para vinhos mais suaves e propicia a
volatização dos aromas.

Chardonnay - branco
O bojo é maior e a altura é baixa devido ao alto grau de acidez da uva, que precisa
oxigenar e volatizar aromas.
Sauvignon Blanc - branco
O bojo é menor e a altura é maior para proporcionar menor contato com o ar. A uva é
delicada, com grandes aromas

Atenção: Se você não tiver copos de cristal, você pode servir em copo de vidro
comum. O vinho não vai deixar de perder a importância se ele for de boa qualidade.
Vinho ruim é imperdoável e inesquecível, uma vez que a dor de cabeça pode quase se
perpetuar. Veja quais são as quantidades que você deve servir por pessoa.

 1 taça de vinho ou espumante no aperitivo


 1/2 garrafa durante a refeição
 1 taça de vinho com os queijos
 1 taça depois do jantar

Etiqueta, verdades e mentiras

A maior regra na arte de apreciar um bom vinho é que toda a regra - principalmente
as conservadoras e não justificadas - podem (e às vezes devem) ser quebradas. Mas,
claro, há regras que têm razão de existir. Veja dez dicas para não fazer feio na hora de
degustar um vinho:

1. Não existem regras rígidas


Antes de se tornar um expert em vinhos, é preciso saber que não existem regras
rígidas para consumi-los. As normas convencionais, citadas em manuais de
connaisseur, devem ser consideradas apenas como recomendação - e não como uma
imposição. Transgredi-las é possível, sem que isso seja um sacrilégio. Você já deve ter
ouvido que, ao contrário dos vinhos brancos, os tintos só podem ser servidos em
temperatura ambiente. Esqueça essa. Como no Brasil a temperatura ambiente é
normalmente mais alta do que a dos países europeus - mesmo nas estações frias -,
vale refrescar o vinho no refrigerador por alguns minutos (mas nunca no freezer ou no
congelador).

2. Não escolha vinho no "uni-duni-tê"


Quantas vezes você quis impressionar alguém com um vinho e quebrou a cara? Para
não passar por desentendido, o leigo prefere escolher vinhos "no escuro" a pedir uma
sugestão ao sommelier. Lembre-se que não há nada mais deselegante que servir vinho
sem conhecê-lo. Ninguém tem obrigação de ser uma enciclopédia de enologia -
perguntar, porém, não custa nada.

3. Idade não significa qualidade


Quanto mais velho, melhor o vinho. Certo? Não necessariamente. Um vinho ruim pode
ficar décadas oxigenando em barris de carvalho e continuará ruim. Quanto aos vinhos
reconhecidamente bons, o que vale é ficar atento à safra - é mais importante saber se
o ano em que o vinho foi fabricado teve uma boa safra do que sua idade.

4. Preço (também) não significa qualidade


Nunca escolha um vinho só pelo valor estampado na etiqueta. Para vinhos, a relação
qualidade e preço nem sempre é válida. Para os leigos, é mais razoável pedir um vinho
mais barato - um argentino, um chileno ou um bom nacional - do que tentar
impressionar os outros pelo desfalque em sua conta bancária.

5. No restaurante, prove antes de servir


Quando você vai ao restaurante, o garçom sempre serve um pouco de vinho na taça
para degustação. Esse não é um ritual injustificado, ao contrário do que possa parecer.
Um vinho mal conservado torna-se ácido ou acre - ao prová-lo antes, portanto, estará
se salvando de comprar gato por lebre. Ou melhor, vinagre por vinho.

6. Mexer o vinho não é frescura


Você já deve ter visto as pessoas mexerem a taça com o vinho antes de bebê-la -
esse, também, não é um ritual injustificado. Ao sacudi-la em movimentos circulares,
você está ajudando a oxigenar a bebida, deixando-a com o aroma mais apurado. O
macete, porém, deve ser usado de forma criteriosa. Se a garrafa do vinho já estiver
aberta em cima da mesa, ele torna-se desnecessário.

7. Vinho deve ser servido em taça para vinhos


Pode acreditar: os connaisseur são terminantemente contras os rituais injustificáveis
ao degustar vinhos. Usar uma taça adequada, porém, não se enquadra nessa
categoria. Copos para vinho devem necessariamente ter haste e bojo, para que o calor
das mãos não altere o sabor da bebida. Outro detalhe: a taça deve ser
necessariamente incolor, para que se possa apreciar a tonalidade da bebida. Pela cor,
inclusive, você pode até ter noção da idade do vinho: se sua cor é um vermelho rubi,
bem vivo, pode ter certeza de que é um vinho jovem. E se for mais escura, quase
acastanhada, trata-se de um vinho mais envelhecido.

8. Vinhos jovens precisam respirar


Lembre-se de que os vinhos jovens (engarrafados recentemente) devem ser abertos
uma ou duas horas antes de serem servidos, para que oxigenem, o que melhorará
sensivelmente o seu sabor. Já um vinho mais antigo deve ser aberto na hora de servir,
pois ele já foi suficientemente oxigenado durante os anos de envelhecimento.

9. Adega não é coleção de vinhos


Conservação é (quase) tudo quando se trata de vinhos. Por isso, se você não tem uma
adega em casa, de nada adianta comprar bons rótulos para deixar de "reserva".

10. Vinho deve valorizar o prato


Vinhos brancos são ótimos acompanhamentos para carnes brancas (aves, peixes,
crustáceos). Na verdade, o vinho branco pode acompanhar qualquer prato, até mesmo
as massas. Ao contrário dos vinhos brancos, os tintos já exigem alguns cuidados. Eles
são especialmente recomendáveis para acompanhar queijos, carnes de vaca e de
porco, caças, presuntos etc. Mas não devem acompanhar saladas temperadas com
vinagre, crustáceos ou pratos com molho branco. Os tintos também não combinam
com sobremesas de doces ou chocolate.

Vinhos X Refeições
Os vinhos devem fazer uma parceria perfeita com os pratos para que ambos tenham
as qualidades ressaltadas. Combinar vinhos com comida é um dos grandes temores de
quem está se iniciando na arte da degustação. Mas não existem grandes mistérios.

Segundo o enófilo e diretor da Academia do Vinho, Carlos Arruda, o bom senso é


fundamental. Uma comida gordurosa cai melhor com um vinho mais ácido, já uma
refeição leve e de sabor suave pede um vinho de mesma intensidade para que um não
prevaleça sobre o outro. "O acompanhamento ou o molho são mais determinantes na
escolha do vinho do que o tipo de alimento. Uma massa, teoricamente, pede vinho
tinto, mas se o molho for branco, a combinação fica melhor com vinho branco", diz o
especialista.

Com o tempo, a harmonização entre bebida e alimento fica mais evidente. Até isso
acontecer, vale usar as "regrinhas" pré-fabricadas para evitar gafes. Confira as
sugestões do enófilo:

Aperitivo

 Vinho branco seco ou vinho fortificado seco. Exemplos: Porto White ou Dry White,
Jerez Fino, Manzanilla ou Amontillado, Madeira Sercial, Marsala seco etc.
 Espumante Brut. Exemplos: Champagne, Sekt, Cava, Blanquete de Limoux,
Champanha etc.
 Vermute seco

Sobremesa
 Vinho branco doce de qualidade. Exemplos: Sauternes, Alsace, Vendange Tardive,
Séletion de Grains Nobles, Tokay e os alemães com os predicados "mit Predikat":
Auslese, Beerenauslese, rockenbeerenauslese e Eiswein.
 Vinho fortificado Demi-sec ou doce
Exemplos: Porto, Ruby, Tawny, LBV, Vintage, Jerez (Amoroso, Oloroso ou Cream);
Madeira (Verdelho, Boal ou Malmsey), Moscatel de Setúbal, Banyuls, Moscato d'Asti,
Banyuls, Marsala, Málaga (Lagrima Christi) etc.
 Espumante Demi-sec ou doce Exemplos: Asti (italiano), Cava (espanhol),
Champagne Doux (francês), Sekt Suß (alemão), Blanquete de Limoux (francês) e
outros espumantes.

Digestivo
 Repete os ideais para aperitivos e sobremesas. Destilados de uva, Cognac,
Armagnac e Marc (franceses), Bagaceira (portuguesa), Grapa (italiana) etc.

Refeições
 Peixes e frutos do mar grelhados ou em molho leve: Espumante brut ou demi-sec
ou branco seco frutado jovem ou levemente maduro
 Em molho forte: Branco maduro de boa estrutura ou rosé seco de qualidade ou
tinto jovem de médio corpo
 Bacalhau: Tinto jovem ou de médio corpo ou branco maduro;
 Anchova, atum, salmão e sardinha: Tinto jovem ou de médio corpo ou branco
maduro ou rosado
 Carnes brancas grelhadas ou em molho leve: Espumante brut ou branco seco
jovem de boa estrutura ou maduro ou tinto jovem ou de médio corpo
 Grelhadas em molho forte: Tinto maduro de médio corpo a robusto
 Caças de penas, pato e coq au vin: Tinto maduro de médio corpo a robusto
 Peru: Tinto leve ou médio ou branco seco
 Foie gras: Branco doce de alto nível (Sauternes, Tokay etc.) ou fortificado doce
(Porto Vintage etc.) ou espumante de qualidade (Champagne Milesimé etc.)
 Carnes vermelhas grelhadas ou em molho leve: Espumante brut ou tinto jovem
leve ou de médio corpo
 Em molho forte: Tinto maduro de médio corpo a robusto
 Caças de pêlo: Tinto maduro robusto
 Massas em molho leve ou branco: Espumante brut ou branco jovem ou maduro ou
tinto jovem leve ou de médio corpo
 Em molho condimentado ou vermelho: Espumante brut ou tinto maduro de médio
corpo a robusto
 Queijos
- Fresco de massa mole (Frescal, Ricota, Requeijão): Branco ou tinto jovem e leve
- Fresco de massa filada (Mozzarela): Branco ou tinto jovem e leve
- Maturado de massa mole (Brie, Camambert e Coulommiers): Branco maduro ou tinto
jovem a maduro encorpado
- Maturado de massa filada (Provolone): Branco maduro ou tinto jovem ou pouco
envelhecido
- Maturado de massa semidura (Emmental, Gouda, Reino, Prato, Saint-Paulin, Tilsit,
Port-Salut): Tinto maduro de bom corpo
- Maturado de massa cozida (Roquefort, Gorgonzola, Stilton, Danablue): Tinto maduro
robusto ou branco doce superior ou fortificado doce
- Maturado de massa semidura (Emmental, Gouda, Reino, Prato, Saint-Paulin, Tilsit,
Port-Salut): Tinto jovem ou pouco velho
- Maduro de massa dura (Parmesão, Pecorino): Tinto maduro robusto ou fortificado

* Observação:
Os espumantes de qualidade, em especial os Champagnes, combinam com todos os
tipos de queijo.

Alimentos que não combinam com vinho


 Temperos acentuados: curry, dendê, shoyu, wasabi etc.
 Alimentos ácidos: vinagre, limão, laranja, grapefruit, kiwi etc.
 Verduras e legumes: alcachofra, aspargo, couve etc.
 Outros: ovo, chocolate, sopa, feijoada etc.
Glossário de Vinhos

A
ABOCADO - (do italiano "abbocato") - doce

ABERTO - de cor clara

ABRIR - diz-se que o vinho "está abrindo" (ou "abriu") quando está havendo
(ou houve) crescimento de suas características (em especial do aroma), depois
de certo tempo da abertura da garrafa

ACERBO - ácido, verde

ACIDEZ - sensação de frescor agradável, provocada pelos ácidos do vinho


(cítrico, tartárico, málico, lático, succínico) e que resulta em salivação

ACIDEZ VOLÁTIL - acidez desagradável provocada pelos maus ácidos do


vinho (acético, propiônico e butírico)

ACÍDULO - com acidez excessiva

ADAMADO - vinho para “damas”, suave e doce

ADOCICADO - doce e com baixa acidez, desequilibrado

ADSTRIGENTE - com muito tanino, que produz a sensação de aspereza


(semelhante à sentida ao comer-se uma banana verde); o mesmo que tânico
ou duro

AFINADO - bem envelhecido, maduro, equilibrado

AGULHA - Sensação de picada na língua produzida pelos vinhos espumantes

ALCOÓLICO - com muito álcool, desequilibrado

AMARGO - com amargor, indica defeito


AMÁVEL - suave ou ligeiramente doce

AMBIENTAR - (em francês CHAMBRER) deixar o vinho à temperatura


ambiente, do recinto onde é servido

APAGADO - de aroma inexpressivo

AQUOSO - fraco, que teve adição de água

AROMA - odor do vinho. O primário é proveniente da uva. O secundário é


resultante da vinificação. O terciário origina-se do envelhecimento e é
denominado bouquet

AROMA DE BOCA - ver retrogosto

ÁSPERO - com excessivas adstringência e acidez (esta um pouco menor)

ASSEMBLAGE - mistura de vinhos diferentes; o mesmo que corte

AUSTERO - adstringente

AVELUDADO - macio, untuoso, viscoso com textura de veludo

AVINAGRADO - com odor e sabor de vinagre, deteriorado, inutilizado para o


consumo

BALANCEADO - que apresenta harmonia entre os aspectos fundamentais, em


especial a acidez, a doçura, a adstringência e o teor alcoólico. O mesmo que
equilibrado e harmônico

BOTRITIZADO - vinho de sobremesa doce licoroso, feito com uvas


botritizadas, isto é, contaminadas com o fungo Botrytis cinerea. Em poucas
regiões do mundo de microclima específico, como Sauternes, na França, esse
fungo, em vez de destruir as uvas, perfura-lhes as cascas grãos, provocando a
saída de água e concentrando o açúcar. As uvas assim contaminadas ficam
com aspecto de uvas passas e/ou apodrecidas, daí o nome podridão nobre
("pourriture noble", no francês, e noble rot, no inglês)

BOUCHONNÉE (frances - bouchon = rolha) - com odor de rolha (defeito)

BRUT (francês) - utilizado para espumantes muito secos

BUQUÊ - (do francês bouquet) - aroma complexo, também denominado aroma


terciário, resultante do envelhecimento
C
CALDO - o vinho já pronto ou o mosto (veja verbete) que será fermentado

CARÁTER - conjunto de qualidades que dão personalidade própria ao vinho


permitindo distingui-lo de outros

CARNOSO - encorpado

CAVA - nome dos espumantes espanhóis

CHAMBRER (francês) - o mesmo que ambientar

CHAPTALIZAÇÃO (do francês, "Chaptalization") - adição de açúcar


durante a fermentação (proibida em alguns países), técnica proposta pelo
francês Chaptal

CHATO - vinho sem acidez ou espumante que perdeu o gás, o mesmo que
plano ou plat (francês) ou flat (inglês)

CHEIO - o mesmo que encorpado

CLAIRET (francês) - nome utilizado pelos franceses a vinhos tintos leves,


frutados, quase rosés

CLARET (inglês) = CLARETE (francês) - vinho tinto de Bordeaux na França

COMPLEXO - com aromas múltiplos, com bouquet

CORPO - sensação tátil do vinho à boca, que lhe dá peso (sensação de "boca
cheia") e resulta do seu alto teor de extrato seco

CORTE - mistura de vinhos diferentes. O mesmo que assemblage (francês)

CRU (francês) - termo derivado do verbo "coître" (crescer) de múltiplos


significados, dos quais os mais importantes são os que seguem. Na região de
Bordeaux, "cru" tem o mesmo significado de "terroir" ou "château", isto é, uma
propriedade específica de um único produtor. Na subregião do Médoc, os
melhores vinhos são classificados em cinco níveis de "cru" (Premiers Crus,
Deuxièmes Crus etc.), seguidos dos "Crus Bourgeois". Nas outras subregiões
bordalesas, como Saint-Emilion, por exemplo, os melhores vinhos classificam-
se em "Premiers Grand Crus Classés" e "Grand Crus Classés". Na região da
Bourgone, "cru" significa o mesmo que "climat", isto é, uma comuna ou região
delimitada com vinhedos de vários produtores que produzem vinhos
semelhantes ou "domaine", uma única propriedade. Os melhores vinhos da
Borgonha são designados "grand cru", seguidos dos "premier cru"
CURTO - que não deixa sabor persistente na boca; de retrogosto curto

DECANTER (inglês) - decantador; frasco de vidro usado para decantar vinhos


que possuem sedimento formado durante o envelhecimento. É também usado
para arejar ("respirar") o vinho antes de servi-lo

DELGADO - vinho de pouco corpo

DELICADO - equilibrado e sóbrio

DEMI-SEC (francês) - meio seco, ligeiramente doce

DENSO - viscoso, encorpado

DESARMÔNICO - que possui exacerbação de um dos componentes


gustativos, mascarando-os (ex: excessiva acidez, tanicidade exagerada,
doçura elevada); o mesmo que desequilibrado

DESBALANCEADO - o mesmo que desarmônico ou desequilibrado

DESEQUILIBRADO - O mesmo que desarmônico ou desbalanceado

DURO - o mesmo que adstringente e tânico

E
ELEGANTE - o mesmo que delicado

ENCORPADO - que tem muito corpo

ENÓFILO - apreciador e estudioso de vinhos

ENOLOGIA - ciência que estuda o vinho

ENOLÓGICO - relativo à enologia ou ao vinho

ENÓLOGO - indivíduo que tem conhecimentos de enologia; formado em


faculdade de enologia

EQUILIBRADO - o mesmo que balanceado

ESCANÇÃO - o responsável pelo serviço de vinhos de um restaurante; o


mesmo que sommelier (francês)

ESPESSO - o mesmo que encorpado e cheio


ESPUMANTE - vinho com gás carbônico, efervescente; nos de qualidade, o
gás é resultante da fermentação da uva

F
FARTO - muito doce e com baixa acidez

FECHADO - jovem, recém-engarrafado, ou recém-aberto e que ainda não


demonstra toda a sua potencialidade

FIRME - jovem com estilo

FLÁCIDO - sem estrutura, o mesmo que mole

FLAUTA - taça ideal para espumantes

FLORADO - com aroma de flores

FLORAL - o mesmo que florado

FOXADO (do inglês "foxed") - típico de uvas americanas, como as da


espécie Vitis labrusca

FORTIFICADO - ao qual é adicionado aguardente vínica, como o vinho do


Porto, o Madeira, o Jerez, o Marsala, o Banyuls e outros

FRANCO - sem defeitos; também usado para vinho que não deixa retrogosto

FRESCO - vinho que possui frescor, boa acidez

FRESCOR - sensação agradável transmitida geralmente pelos vinhos brancos,


jovens ou espumantes, resultante de um ligeiro predominância da acidez, sem
perder o equilíbrio

FRISANTE - efervescente, com pouco gás carbônico (menos gás que


espumantes)

FRUTADO - com aroma de frutas

G
GENEROSO - forte, com alto teor alcoólico

GORDO - suave e maduro

GRANDE - excelente
GROSSEIRO - adstringente, sem elegância

GROSSO - elevada acidez e muito extrato

G
GENEROSO - forte, com alto teor alcoólico

GORDO - suave e maduro

GRANDE - excelente

GROSSEIRO - adstringente, sem elegância

GROSSO - elevada acidez e muito extrato

INSÍPIDO - sem gosto característico, sem caráter

J
JOVEM - vinho geralmente frutado, pouco tânico com acidez agradável e que
não se presta ao envelhecimento (Ex: vinhos brancos em geral, espumantes e
a maioria dos vinhos brasileiros); pode também significar vinho recém-
fabricado, que pode e deve envelhecer

M
MADEIRIZADO - vinho branco oxidado que adquire cor que vai de dourada a
castanho, aroma adocicado (cetônico) e gosto amargo

MADURO - no apogeu de sua vida; estado que precede a decadência

MAGRO - aguado, diluído, deficiente em álcool (etanol e glicerol); sem caráter

MOLE - sem acidez, sem caráter

MOSTO - líquido resultante da prensagem das uvas; suco; sumo

MOUSSEUX (francês) - espumante

NERVOSO - com acidez e adstringência altas, não necessariamente excessivas


NEUTRO - sem caráter marcante

NOVO - do ano em que foi colhido ou com um ano de engarrafamento

O
OLEOSO - viscoso

OPACO - turvo; velado; sem limpidez

ORGANOLÉPTICO(A) - sensorial, que sensibiliza os sentidos. As


características organolépticas de um vinho são as suas sensações olfatórias,
gustativas e táteis, percebidas durante a sua degustação

OXIDADO - que sofreu oxidação; envelhecido além do suportável;


decomposto na cor (do dourado ao castanho para os brancos e do tijolo ao
marrom para os tintos), no aroma (adocicado, cetônico etc.) e no sabor
(desagradável e apagado); para os vinhos brancos tem o mesmo significado
que madeirizado

P
PASTOSO - o mesmo que encorpado

PÉ - borra; depósito; sedimento

PEQUENO - sem caráter; secundário, inferior

PERFUME - o mesmo que bouquet

PERLAGE - (francês) as bolhas dos espumantes

PERSISTÊNCIA - sensação do gosto deixado pelo vinho na boca (retrogosto)


após ser deglutido ou cuspido. Quanto melhor o vinho, maior o tempo de
persistência, do retrogosto: 2 a 3 segundos nos curtos, 4 a 6 segundos nos
médios e de 6 a 8 nos longos

PESADO - encorpado, mas com pouca acidez; sem fineza

PETILLANT (francês) - efervescente; ligeiramente espumante

PLANO - sem sabor e sem corpo ou sem corpo e sem acidez; também usado
como sinônimo de chato

Q
QUENTE - Referência à sensação de calor causada pelo teor alcoólico alto de
um vinho

R
RAÇA - diz-se que um vinho é de raça ou raçudo quando tem alta qualidade

RAPADO - o mesmo que magro

RASCANTE - adstringente; tânico

REDONDO - maduro e equilibrado

RETROGOSTO ou AROMA DE BOCA - sensação gustativo-olfatória final


deixada pelo vinho na boca, após ser deglutido ou cuspido. Ela é percebida
através da aspiração do ar pela boca, o que provoca a sua passagem pela
nasofaringe (comunicação entre a boca e o nariz) e a conseqüente estimulação
dos receptores olfativos no nariz. Alguns estudiosos preferem utilizam a
palavra retrogosto para as sensações desagradáveis percebidas ao final da
degustação

ROBUSTO - encorpado, nervoso e, sobretudo, redondo

ROLHA - diz-se que o vinho tem odor e/ou gosto de rolha quando apresenta
aroma desagradável passado por rolha contaminada pela Armillaria mella
(fungo parasita da casca da árvore com a qual é feita a rolha, o sobreiro)

SÁPIDO - com acidez moderada (entre o chato e fresco)

SEDOSO - o mesmo que aveludado

SEIVA - (do francês sève), diz-se que um vinho tem seiva quando é um
grande vinho

SUAVE - o mesmo que ligeiro; também significa vinho meio-doce (demi-sec)

SUR LIE (francês: sur = sobre; lie = borra) - vinho não filtrado, que vai do
barril, onde ficou sobre a borra, direto para a garrafa

T
TÂNICO - que tem muito tanino ou no qual o tanino sobressai; o mesmo que
adstringente e duro

TANINO - substância existente na uva e que confere a adstringência ao vinho


TERROIR (francês) - literalmente designa o "terreno" onde se localiza um
vinhedo, mas o seu sentido é muito mais amplo. Na realidade, designa as
características do solo, do microclima e do ecossistema do local, responsáveis
pela qualidade do vinhedo e, conseqüentemente, pela qualidade do vinho que
ele originará

TERROSO - com sabor de terra, do solo de onde veio a uva

U
UNTUOSO - o mesmo que aveludado, sedoso e viscoso

VELHO - bastante envelhecido

VERDE - com acidez acentuada, mas agradável e refrescante

VIGOROSO - saudável, vinho jovem em pleno vigor

VISCOSO - o mesmo que aveludado, sedoso e untuoso

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