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Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de Engenharia da UFMG

Ensaios Não Destrutivos: Líquidos Penetrantes

Grupo: Líquidos Penetrantes


Professora: Sidnea Ribeiro

Belo Horizonte
Abril/2011
Equipe:

Bruno Silvano Costa - 210017107


Filipe Lage Garcia - 2010017263
Luiz Fernando Oliveira Moraes - 2010017530
Saint-Clair Luiz de Oliveira Neto - 2010017778

Líquidos Penetrantes
Trabalho apresentado para avaliação
na disciplina Laboratório de Materiais
do Curso de Engenharia Mecânica da
Escola de Engenharia da Universidade
de Minas Gerais
Prof. Sidnea Ribeiro

Belo Horizonte
Abril/2011
Sumário:

1 Introdução
2 Fundamentação Teórica
2.1 Princípios do método
2.2 Conceitos básicos
2.2.1 Penetrantes
2.2.2 Emulsificadores e Solventes
2.2.3 Reveladores
2.3 Procedimentos para realização do ensaio
2.3.1 Lavagem inicial
2.3.2 Secagem
2.3.3 Aplicação do penetrante
2.3.4 Remoção do excesso de penetrante
2.3.5 Revelação
2.3.6 Análise dos resultados
3 Análise do ensaio
3.1 Vantagens
3.2 Desvantagens
4 Conclusões
5 Referências bibliográficas
1 - Introdução

Os métodos e instalações para testes não destrutivos e diagnósticos técnicos são de


primeira importância no desenvolvimento de novos produtos comerciais e industriais, a fim de
proporcionar segurança, resistência, encontrar erros de fabricação e aumentar a qualidade do
produto final, além de serem de grande uso em manutenções.
Nesta área de ensaios não destrutivos encontra-se o uso de líquidos penetrantes, um
ensaio bastante simples e que será aqui tratado. O ensaio não destrutivo utilizando líquidos
penetrantes consiste na aplicação de um fluido em uma peça para a detecção de fissuras muito
pequenas, que normalmente não podem ser vistas ou são de difícil visualização a olho nu.
Através da aplicação do fluído, as fissuras, se existirem, se tornam notáveis pela coloração do
fluido.
A relevância desse trabalho está inserida em uma pesquisa e apresentação do conceito,
dos métodos do ensaio, suas vantagens e desvantagens e principais aplicações.
2 - Fundamentação Teórica

2.1 - Princípios do método

O método de ensaio por líquidos penetrantes proporciona um meio para a detecção de


descontinuidades que afloram à superfície dos materiais. O líquido penetrante é aplicado
uniformemente sobre a superfície da peça a ser ensaiada, permitindo que ele penetre nas
descontinuidades existentes. Este método está baseado no fenômeno da capilaridade que é o
poder de penetração de um líquido em locais extremamente pequenos devido a suas
características físico-químicas como a tensão superficial e forças intermoleculares, por esse
motivo esse ensaio não pode ser usado para a detecção de descontinuidades superficiais de
materiais com porosidade. O poder de penetração é uma característica bastante importante uma
vez que a sensibilidade do ensaio é enormemente dependente do mesmo.
Após um período adequado de tempo, o excesso de penetrante é removido da superfície,
e esta é submetida à secagem. Em seguida, aplica-se o revelador, cuja finalidade é absorver o
penetrante retido nas descontinuidades, provocando um manchamento nos pontos em que ocorrer
a absorção. A peça, a seguir, deve ser submetida a uma inspeção visual, para detectar a presença
ou a ausência de descontinuidades, tais como, gota fria, trincas de tensão provocadas por
processos de têmpera ou revenimento, descontinuidades de fabricação tais como: trincas,
costuras, dupla laminação, sobreposição de material ou ainda trincas provocadas pela fadiga do
material ou corrosão sob tensão, que podem ser facilmente detectadas pelo método de Líquido
Penetrante.
Os parâmetros de processamento, tais como limpeza inicial, tempo de penetração e
técnica de remoção do excesso, são determinados pelos materiais penetrantes utilizados, pela
natureza da peça a ser examinada (forma, tamanho, condição superficial e composição da liga) e
tipo de descontinuidade a ser detectada. (ABNT NBR 8407).
2.2 - Conceitos básicos (Materiais penetrantes)

2.2.1 - Penetrantes

Líquidos penetrantes são fluidos com alta capacidade de capilaridade (chama-se


capilaridade à propriedade dos fluidos de subir ou descer em tubos muito finos, que resulta na
capacidade de o líquido molhar ou não a superfície do tubo), são formados pela mistura de vários
líquidos, e devem apresentar uma série de características, indispensáveis ao bom resultado do
ensaio. Vejamos quais são essas características:

a. Ter capacidade de penetrar em pequenas aberturas;


b. Ser capaz de manter-se em aberturas relativamente grandes;
c. Ser removível da superfície onde está aplicado;
d. Ter capacidade de espalhar-se em um filme fino sobre a superfície de ensaio;
e. Apresentar grande brilho;
f. Ser estável quando estocado ou em uso;
g. Ter baixo custo;
h. Não deve perder a cor ou a fluorescência quando exposto ao calor, luz branca ou luz
negra;
i. Não deve reagir com o material em ensaio, e nem com a sua embalagem;
j. Não pode ser inflamável;
k. Não deve ser tóxico;
l. Não deve evaporar ou secar rapidamente;
m. Em contato com o revelador, deve sair em pouco tempo da cavidade onde tiver
penetrado.

O penetrante aplicado na peça ensaiada a fim de evidenciar descontinuidades na


superfície do material.

2.2.2 - Emulsificadores e Solventes

Na remoção superficial dos penetrantes, pode ser utilizado água, um emulsificador ou um


solvente específico, mas deve ser considerado o tempo suficiente para que ocorra total
penetração e cuidados com o tempo e rigorosidade da lavagem, para que o penetrante não seja
removido das cavidades.
Emulsificador é um tipo de substância que quando adicionada ao penetrante, o torna
diluível em água. Quando o emulsificador já está dissolvido no penetrante, é necessário esperar
apenas o tempo correto para que haja emulsificação, e então o excesso de fluido é retirado da
superfície do material. O emulsificador também pode ser aplicado separadamente do penetrante,
em locais selecionados, esperando-se o tempo necessário para sua reação e então a lavagem é
realizada.
O uso de solventes ocorre também após a aplicação do penetrante, esfregando-o com
materiais limpos (panos, estopas) em quantidades ideais para que não ocorra a remoção do fluido
que já penetrou nas cavidades. Os resíduos na superfície podem ser removidos então com o uso
de um removedor.

2.2.3 - Reveladores

Após a aplicação do penetrante e a lavagem de seu excesso da superfície, aplica-se o


revelador, que pode ser de três tipos: Seco, aquoso e para suspensões não aquosas. Reveladores
secos são na forma de pó, que é espalhado uniformemente pela superfície em estudo.
Reveladores aquosos são normalmente fornecidos em pó e devem ser dissolvidos em água, em
proporções que dependem da aplicação. Reveladores em suspensões não aquosas são fornecidos
suspensos em solventes não aquosos, e deve ser pulverizado na superfície em análise.

2.3 - Procedimentos para realização do ensaio

2.3.1 - Lavagem inicial

Para o sucesso da realização do ensaio, é fundamental uma correta limpeza superficial da


peça, a fim de remover impurezas e contaminações presentes, que possam prejudicar os
resultados do ensaio, como o impedimento da penetração do líquido penetrante ou alteração em
sua capacidade de reagir com a luz ultravioleta. A lavagem inicial é determinada pelas condições
iniciais da peça como tipo de contaminante, material e tamanho e requisitos específicos de
limpeza estipulados pelo comprador. Ela é normalmente realizada com água, mas também
existem outros métodos, como a utilização de detergentes, solventes, vapor desengraxante,
ataque com ácidos, etc.
2.3.2 - Secagem

Após a lavagem inicial da peça, esta deve ser completamente seca, visto que qualquer
resíduo líquido pode também atrapalhar a ação do penetrante. A peça pode ser seca à
temperatura ambiente, utilizando-se estufas ou ar quente.

2.3.3 - Aplicação do penetrante

Quando a peça encontra-se devidamente limpa e seca, o penetrante é aplicado, através de


imersão, pincelamento ou pulverização. A imersão é utilizada normalmente para peças pequenas,
enquanto o pincelamento ou pulverização são utilizados para peças maiores e/ou de geometria
complexa (os últimos possuem a vantagem de reduzir a quantidade de excesso de penetrante
superficial).
Deve ser considerado a temperatura ambiente (que deve estar dentro dos requisitos do
fornecedor), a inclinação e o tempo da aplicação, ventilação e iluminação do local.

2.3.4 - Remoção do excesso de penetrante

Após a espera do tempo correto, deve-ser remover o excesso superficial de penetrante,


tomando-se cuidado para que não seja removido o penetrante das descontinuidades. Ela pode ser
realizada com água, solventes ou emulsificadores, dependendo do tipo de penetrante, como
descrito anteriormente (item 2.2.2). Penetrantes ultravioletas devem ser removidos utilizando-se
iluminação ultravioleta, para que se possa observar o excesso de líquido na superfície a ser
removido.

2.3.5 - Revelação

A revelação é um o processo que visa à visualização dos locais onde o liquido penetrante
ficou alocado, possibilitando então a detecção de trincas e fissuras. Existem várias formas de
aplicação do revelador, a serem determinadas por tamanho, geometria, quantidade e condições
superficiais das peças, além do tipo de penetrante utilizado. A aplicação pode ser por névoa,
imersão, derramamento, pulverização, dentre outras. Após sua aplicação, deve-se esperar um
tempo mínimo para secar e absorver o penetrante contido nas descontinuidades da peça. Esse
tempo não deve ser inferior a 10 minutos e o tempo máximo varia de acordo com o tipo de
revelador (4 horas para reveladores secos, 2 horas para aquosos e 1 hora para não-aquosos).
Deve ser avaliada a necessidade de remoção do revelador após a realização do
ensaio. Dependendo da aplicação da peça, o revelador pode ser mantido na peça sem problemas,
porém em situações em que a peça é exposta a produtos que possam reagir com o revelador e
causar problemas, como a corrosão, ele deve ser removido da peça dentro do tempo especificado
pelo fornecedor, para que sua remoção não se torna muito difícil.

2.3.6 - Análise dos resultados

Após a espera do tempo de revelação, assegura-se a completa absorção do penetrante


pelo revelador. As descontinuidades podem ser vistas pelo contraste entre a cor do penetrante
(muito com o de cor vermelha) e a cor do revelador (normalmente branco), vistas à luz branca ou
através da fluorescência dos penetrantes ultravioleta quando se utiliza luz negra. Cuidado deve
ser tomado com falsos resultados: irregularidades na superfície podem ter outra origem, como as
originadas por ferramentas. Nesse caso a superfície deve ser limpa e reexaminada.
3 - Análise do ensaio

O ensaio não destrutivo utilizando líquidos penetrantes, apesar de ter maior garantia de
resultados corretos quando aplicado por profissionais, é relativamente simples (é realizado em
apenas alguns passos) e possui boa eficiência, além de vasta aplicação. O ensaio detecta fissuras
causadas por fadiga, usinagem, sobrecarga, impacto, porosidade, costuras, buracos e falta de
fusão em soldas.
Como todo ensaio não destrutivo, possui suas vantagens e desvantagens características.

3.1 - Vantagens

Alta sensibilidade às pequenas descontinuidades; grande diversidade de tipos de


materiais aplicáveis ao ensaio; mesmo em peças complexas e de grande área, o ensaio é barato e
rápido; os materiais e equipamentos necessários são de baixo custo; não requer obrigatoriamente
o uso de mão de obra muito especializada.

3.2 - Desvantagens

Apenas falhas superficiais são detectáveis; apenas materiais com superfície não tão
porosa podem ser analisados; o cuidado com a limpeza inicial é um fator crítico, visto que
qualquer impureza pode afetar os resultados; o acabamento superficial da peça afeta a
sensibilidade dos resultados; vários fatores do processo devem ser monitorados (como
temperaturas, tempo das aplicações, iluminação, etc.); as peças, dependendo da aplicação,
requerem pós limpeza; cuidados devem ser tomados com os materiais utilizados, como
transporte e disposição.
4 - Conclusões

O uso de líquido penetrante possui boa eficiência, com relativo baixo custo, não requer
necessariamente mão de obra especializada e possui vasta aplicação, o que o torna um bom
processo a ser escolhido em superfícies em que o ensaio é aplicável. Por essas características, o
ensaio utilizando líquidos penetrantes é um atrativo para as indústrias das mais diversas áreas,
sendo um dos ensaios mais largamente utilizados. Desde as peças mais baratas da indústria
automotiva, até as mais caras utilizadas na indústria aeronáutica são submetidas a esse ensaio
para a detecção de falhas.
5 - Referências bibliográficas

Journal of Engineering Physics and Thermophysics Vol.82, Nº4, 2009

JBS Inspeção e Ensaios LTDA. - http://www.jbsensaios.com.br/

The NDT Validation Centre, Introduction to Penetrant Testing - http://www.ndt-


validation.com/technologies/pr_20.jsp?menu_pos=6

ABNT – Associação Brasileira de Normas – ABNT NBR 8407 – Ensaios não destrutivos
– Líquido penetrante

NDT Resource Center, Liquid Penetrant Inspection - http://www.ndt-


ed.org/EducationResources/CommunityCollege/PenetrantTest/cc_pt_index.htm

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