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FACULDADE SANTO AGOSTINHO – FSA

CURSO: PSICOLOGIA
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA PSICOLOGIA
PROFESSORA: VALÉRIA

ARIANA SOUSA DA SILVA

PSICOLOGIA JURÍDICA

TERESINA – PI
2009
ARIANA SOUSA DA SILVA

PSICOLOGIA JURÍDICA

Trabalho apresentado à Faculdade Santo


Agostinho – FSA, por exigência da disciplina
História da Psicologia, sob a orientação da
profª. Valéria.

TERESINA – PI
2009
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INTRODUÇÃO

A Psicologia Jurídica, também chamada de Psicologia Criminal ou Forense,


é uma vertente de estudo da Psicologia, consistente na aplicação dos
conhecimentos psicológicos aos assuntos relacionados ao Direito, principalmente
quanto à saúde mental, quanto aos estudos sócio-jurídicos dos crimes e quanto à
personalidade da Pessoa Natural e seus embates subjetivos. Por esta razão, a
Psicologia Forense tem se dividido em outros ramos de estudo, de acordo com as
matérias a que se referirem.
Podemos encontrar os seguintes objetos de estudo e prática; Psicanálise
Forense (mas genérica e aborda o sistema jurídico como um todo sob perspectivas
psicológicas), Psicologia Criminal, Psicologia Obrigacional e do Consumidor
(também denominado de Psicologia Civil), Psicologia da Família (sob óptica
jurídica), Psicopatologia Trabalhista e o mais novo sobre o ramo da Psicologia
Judiciária, que também envolvem os cartórios judiciais e extra-judiciais, devido ao
aumento significativo de processos.
Dedica-se à proteção da sociedade e à defesa dos direitos do cidadão,
através da perspectiva psicológica. Juntamente com a Psicanálise Forense, constitui
o campo de atuação da Psicologia conjuntamente com o Direito.
Este ramo da Psicologia dedica-se às situações que se apresentam,
sobretudo nos tribunais e que envolvem o contexto das leis. Desse modo, na
Psicologia Jurídica, são tratados todos os casos psicológicos que podem surgir em
contexto de tribunal. Dedica-se, por exemplo, ao estudo do comportamento
criminoso, ao estudo das doenças envolventes de situações familiares e de
separação civil. Clinicamente, tenta construir o percurso de vida dos indivíduos no
dia-a-dia na sociedade em constantes relações jurídicas e todos os processos
psicológicos que possam conduzir a doenças do Consumidor, de estrutura familiar e
do Trabalho. O Psicólogo Forense, assim, tenta descobrir a raiz do problema, uma
vez que só assim se pode partir à descoberta da solução. Descobrindo as causas
das desordens, sejam elas mentais e/ou comportamentais, também se pode
determinar um processo justo, tendo em conta que estes casos são muito
particulares e assim devem ser tratados em tribunal.
O primeiro ramo da psicologia jurídica a surgir foi a Psicologia Criminal, pois
realiza estudos psicológicos de alguns dos tipos mais comuns de delinqüentes e
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criminosos em geral, como, por exemplo, os psicopatas. De fato, a investigação


psicológica desta sub-área apresenta, sobretudo, trabalhos sobre homicídios e
crimes sexuais, talvez devido à sua índole grave.
A psicologia jurídica também tem relações com a Psicanálise e em especial
a Psicanálise Forense e a Sexologia Forense, traçando as causas psíquicas que
levam certos indivíduos à sexualidade doentia.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Conceitualmente, a Psicologia Jurídica corresponde a toda aplicação do


saber psicológico às questões relacionadas ao saber do Direito. A Psicologia
Criminal, a Psicologia Forense e, por conseguinte, a Psicologia Judiciária estão nela
contidas. Toda e qualquer prática da Psicologia relacionada às práticas jurídicas
podem ser nomeadas como Psicologia Jurídica.
O termo Psicologia Jurídica é uma denominação genérica das aplicações da
Psicologia relacionadas às práticas jurídicas, enquanto Psicologia Criminal,
Psicologia Forense e Psicologia Judiciária são especificidades aí reconhecíveis e
discrimináveis. O acadêmico que produz um artigo discutindo as interfaces entre a
Psicologia e o Direito; o psicólogo assistente técnico que questiona as conclusões
de um estudo psicológico elaborado por um psicólogo judiciário; como também o
psicólogo judiciário que elabora uma dissertação de mestrado a partir de sua prática
cotidiana no Foro, todos são praticantes da Psicologia Jurídica.
A Psicologia Jurídica é um dos ramos da Psicologia que mais cresceram nos
últimos anos, tanto nacional quanto internacionalmente. Trata-se de um dos campos
mais promissores e carentes de profissionais especializados na área. Cada vez que
se folheia um jornal, ou se assiste ao noticiário na TV, há sempre uma notícia de
alguma ação criminosa sem razão aparente e que, também não parte de indivíduos
portadores de transtornos mentais.
Segundo Leal (2008, p. 181):

As questões humanas tratadas no âmbito do Direito e do judiciário são das


mais complexas. (...) E o que está em questão é como as leis que regem o
convívio dos homens e das mulheres de uma dada sociedade podem
facilitar a resolução de conflitos. Aqueles que têm alguma experiência na
área se dão conta que as questões não são meramente burocráticas ou
processuais. Elas revelam situações delicadas, difíceis e dolorosas. A título
de exemplo vejamos alguns dos motivos pelos quais as pessoas recorrem
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ao judiciário: pais que disputam a guarda de seus filhos ou que reivindicam


direito de visitação, pois não conseguem fazer um acordo amigável com o
pai ou a mãe de seu filho; maus-tratos e violência sexual contra criança,
praticado por um dos pais ou pelo(a) companheiro(a) deste; casais que
anseiam adotar uma criança por terem dificuldades de gerar filhos; pais que
adotam e não ficam satisfeitos com o comportamento da criança e a
devolvem ao Juizado; jovens que se envolvem com drogas/tráfico, ou,
passam a ter outros comportamentos que transgridem a lei, e seus pais não
sabem como fazer para ajudá-los uma vez que não contam com o apoio de
outras instituições do Estado (de educação e de saúde, por exemplo).

Na visão de Silva (2007, p. 6-7):

A Psicologia Jurídica surge nesse contexto, em que o psicólogo coloca seus


conhecimentos à disposição do juiz (que irá exercer a função julgadora),
assessorando-o em aspectos relevantes para determinadas ações judiciais,
trazendo aos autos uma realidade psicológica dos agentes envolvidos que
ultrapassa a literalidade da lei, e que de outra forma não chegaria ao
conhecimento do julgador por se tratar de um trabalho que vai além da mera
exposição dos fatos; trata-se de uma análise aprofundada do contexto em
que essas pessoas que acorreram ao Judiciário (agentes) estão inseridas.
Essa análise inclui aspectos conscientes e inconscientes, verbais e não-
verbais, autênticos e não-autênticos, individualizados e grupais, que
mobilizam os indivíduos às condutas humanas.

A Psicologia Forense é o subconjunto em que se incluem as práticas


psicológicas relacionadas aos procedimentos forenses. É aqui que se encontra o
assistente técnico. A Psicologia Forense corresponde a toda aplicação do saber
psicológico realizada sobre uma situação que se sabe estar (ou estará) sob
apreciação judicial, ou seja, a toda a Psicologia aplicada no âmbito de um processo
ou procedimento em andamento no Foro (ou realizada vislumbrando tal objetivo).
Incluem as intervenções exercidas pelo psicólogo criminal, pelo psicólogo judiciário,
acrescidas daquelas realizadas pelo psicólogo assistente técnico.
A Psicologia Criminal é um subconjunto da Psicologia Forense e, segundo
Bruno (1967) apud Leal (2008, p. 182), estuda as condições psíquicas do criminoso
e o modo pelo qual nele se origina e se processa a ação criminosa. Seu campo de
atuação abrange a Psicologia do delinqüente, a Psicologia do delito e a Psicologia
das testemunhas.
A Psicologia Judiciária também é um subconjunto da Psicologia Forense e
corresponde a toda prática psicológica realizada a mando e a serviço da justiça. É
aqui que se exerce a função pericial. A Psicologia Judiciária está contida na
Psicologia Forense, que está contida na Psicologia Jurídica. A Psicologia Judiciária
corresponde à prática profissional do psicólogo judiciário, sendo que toda ela ocorre
sob imediata subordinação à autoridade judiciária.
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A Psicologia Jurídica abrange as seguintes áreas de atuação: Psicologia


Jurídica e as Questões da Infância e Juventude (adoção, conselho tutelar, criança e
adolescente em situação de risco, intervenção junto a crianças abrigadas, infração e
medidas sócioeducativas); Psicologia Jurídica e o Direito de Família (separação,
paternidade, disputa de guarda, acompanhamento de visitas); Psicologia Jurídica e
Direito Civil (interdições, indenizações, dano psíquico); Psicologia Jurídica do
Trabalho (acidente de trabalho, indenizações, dano psíquico); Psicologia Jurídica e o
Direito Penal (perícia, insanidade mental e crime, delinqüência); Psicologia Judicial
ou do Testemunho (estudo do testemunho, falsas memórias); Psicologia
Penitenciária (penas alternativas, intervenção junto ao recluso, egressos, trabalho
com agentes de segurança); Psicologia Policial e das Forças Armadas (seleção e
formação da polícia civil e militar, atendimento psicológico); Mediação (mediador nas
questões de Direito de Família e Penal); Psicologia Jurídica e Direitos Humanos
(defesa e promoção dos Direitos Humanos); Proteção a Testemunhas (existem no
Brasil programas de Apoio e Proteção a Testemunhas); Formação e Atendimento
aos Juízes e Promotores (avaliação psicológica na seleção de juízes e promotores,
consultoria e atendimento psicológico aos juízes e promotores); Vitimologia
(violência doméstica, atendimento a vítimas de violência e seus familiares) e
Autópsia Psicológica (avaliação de características psicológicas mediante
informações de terceiros).
No Brasil, de acordo com um levantamento realizado por França (2004), a
Psicologia Jurídica está presente em quase todas as áreas de atuação. Todavia, a
autora destaca que há uma grande concentração de psicólogos jurídicos atuando na
Psicologia penitenciária e nas questões relacionadas à família, à infância e à
juventude, enquanto que na Psicologia do testemunho, na Psicologia policial e
militar, na Psicologia e o Direito Civil, na proteção de testemunhas, na Psicologia e o
atendimento aos juízes e promotores, na Psicologia e os Direitos Humanos e na
autópsia psíquica há uma carência muito grande de psicólogos jurídicos.
Segundo ainda, França (2004), a outra forma de relação entre Psicologia
Jurídica e Direito, é a complementaridade. A Psicologia Jurídica como ciência
autônoma, produz conhecimento que se relaciona com o conhecimento produzido
pelo Direito, incorrendo numa interseção. Portanto há um diálogo, uma interação,
bem como haverá diálogo com outros saberes como da Sociologia, Criminologia,
entre outros.
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Caires (2003) postula que os grandes teóricos do Direito “são unânimes em


reconhecer a importância do ‘olhar psicológico’ e da ‘análise psicológica’ sobre e
nesse universo, envolvendo o indivíduo, a sociedade e a Justiça”. Contudo, ela
destaca a necessidade de uma maior qualificação desses profissionais objetivando
um “melhor e mais criterioso desempenho nessa área profissional” (CAIRES, 2003,
p. 34).
O psicólogo jurídico deve estar apto para atuar no âmbito da Justiça
considerando a perspectiva psicológica dos fatos jurídicos; colaborar no
planejamento e execução de políticas de cidadania, Direitos Humanos e prevenção
da violência; fornecer subsídios ao processo judicial; além de contribuir para a
formulação, revisão e interpretação das leis.

CONCLUSÃO

Este levantamento possibilita constatarmos que a Psicologia Jurídica


brasileira atinge quase a totalidade de seus setores. Porém, ainda temos uma
concentração de psicólogos jurídicos atuantes nos setores mais tradicionais, como
na psicologia penitenciária, na Psicologia Jurídica e as questões da infância e
juventude, na Psicologia Jurídica e as questões da família. Por outro lado, permite
verificar outras áreas tradicionais pouco desenvolvidas no Brasil, como a psicologia
do testemunho, a psicologia policial/militar e a Psicologia Jurídica e o direito cível.
Os setores denominados como não tradicionais ou mais recentes, como a
proteção de testemunhas, a Psicologia Jurídica e os magistrados, a Psicologia
Jurídica e os direitos humanos, a autópsia psíquica, entre outros, também
necessitam de maior desenvolvimento.
Essas reflexões nos permitem vislumbrar o quanto a Psicologia Jurídica
Brasileira pode e necessita crescer, não só na quantidade de profissionais atuantes,
na qualidade do trabalho desenvolvido por eles, mas também na intensificação da
produção e publicação do conhecimento. O registro da prática e os trabalhos
teóricos fomentam e enriquece o caráter científico da Psicologia Jurídica, o que, em
tese, possibilitaria maior eficiência da prática.
Este é um dos desafios da Psicologia Jurídica brasileira. Contudo, existem
outros em níveis metodológicos, epistemológicos e de compromisso social. Não
podemos ignorar problemas sociais da magnitude dos nossos, os quais muitos
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permeiam ou são permeados pelo jurídico. Um exemplo significativo e pouco


estudado pela Psicologia Jurídica, presente no cotidiano do mundo jurídico, é a
questão das minorias.

REFERÊNCIAS

CAIRES, Maria Adelaide de Freitas. Psicologia jurídica: implicações conceituais e


aplicações práticas. 1. ed. São Paulo: Vetor, 2003.

FRANÇA, Fátima. Reflexões sobre Psicologia Jurídica e seu panorama no Brasil.


Psicologia: Teoria e Prática, São Paulo, vol. 6, no. 1, p. 73-80, 2004.

LEAL, Liene Martha. Psicologia jurídica: história, ramificações e áreas de atuação.


Revista Diversa, Ano I - nº 2, pp. 171-185, jul./dez. 2008. Disponível em:
http://www.ufpi.br/parnaiba/revista/ed2ano1/RevistaDiversaartigoLieneLeal
%2811%29.pdf. Acesso em: 01.12.2009.

SILVA, Denise Maria Perissini da. Psicologia Jurídica, uma ciência em expansão.
Psique Especial Ciência & Vida, São Paulo, ano I, no. 5, p. 06- 07, 2007.

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