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Adoção Homoafetiva e o Direito

Daiana Andrade Braga


Divina Maria Nazaré Pinto Gomes
Edson Vander Dutra
Gabriel Rodrigues Machado
Lílian Cristina Reis
Nathália do Prado Moreira
Paula Renata Mendes
Rodrigo Andrade Gonçalves
Viviane Sales Reis

Estudantes da Graduação do 3º período do curso de Direito da Instituição


Educacional Cecília Maria de Melo Barcelos - Faculdade Asa de Brumadinho -
disciplina Laboratório de Projetos.

RESUMO

Este artigo traz para a discussão um tema complexo e delicado que é a adoção de
crianças por casais homossexuais, não somente pelo preconceito enfrentado por
esses casais, mas também pelas crianças que irão entrar neste mundo que também
é bastante complexo (homossexualismo).

Palavras-chave: adoção, homoafetividade, direito, casais homossexuais.

Segundo Dr. Luciano Santana, professor de Direito empresarial e Direito Civil, a


palavra homossexual vem designar uma opção sexual entre pessoas do mesmo
sexo. Vem do grego homo que significa semelhança, igualdade. Já homoafetividade
surge como meio de coibir uma prática racista que ligava a pessoa a ser praticante
de sexo com outra do mesmo sexo, sem ter ligação ou intenção de constituir uma
relação duradoura. Logo, o termo homoafetividade vem tentar apagar a idéia de
promiscuidade e perversão de valores, a tentar imbuir na sociedade como uma
relação normal como qualquer outra que pode derivar em mútua assistência,
patrimônio em comum, vida a dois, filhos, etc.
Os primeiros apontamentos sobre a questão de homossexualismo foram no ano de
1979, nesta época pesquisadores americanos começaram a estudar sobre o
comportamento das baleias Orcas e perceberam que os machos apresentavam
trocas de carícias entre si.

Segundo Kelly Kotlinski esta relação entre animais ocorre não por confusão de
instinto e sim por querer, nunca numa tentativa de justificar ser algo natural, adivindo
da própria natureza.

O homossexualismo sempre existiu nas civilizações antigas, principalmente


masculinas. Para alguns é considerado mais nobre o relacionamento heterossexual,
por um tempo, eles passaram a ser tratados como criminosos e posteriormente
como doentes.

Especialistas consideram que a homossexualidade é uma mistura de fatores, nunca


uma determinação genética ou uma opção racional, se fosse questão de escolha
dificilmente essa opção sexual seria escolha de alguém, por trazer sofrimento devido
ao preconceito e discriminação sofridos.

No final do século XX a homossexualidade passou a ser compreendida de forma


mais clara. Os homossexuais passaram a “sair do armário”, não mais se ocultam,
começam a reivindicar respeito.

Na atualidade a valorização da pessoa humana impossibilita o desrespeito ou


prejuízo a um ser humano, em função da orientação sexual, pois isto é oferecer um
tratamento indigno a mesma.

A expressão “por opção sexual” é uma das facetas do direito fundamental de


liberdade assegurado pela CF em seu artigo 5º “todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes”. Trata-se de direito da
personalidade, direito subjetivo que tem como objeto a própria pessoa, assim, a
orientação sexual é atributo inerente à pessoa humana. Todos têm direito a opção
pela orientação sexual, podendo ser hetero ou homossexual.

“Época triste é a nossa em que é mais difícil quebrar um preconceito do que


um átomo.” (Albert Einstein).

A mudança trazida pela atual constituição, passou a impor uma nova conceituação
de família, já que foi excluída a idéia de família vinculada exclusivamente ao
casamento. O que passa a ser fundamental ao direito de família é a caracterização
da entidade familiar e as conseqüências jurídicas dessa caracterização.

O direito se “molda” às uniões associadas ao afeto e a interesses comuns, o centro


das relações de família situa-se na mútua assistência afetiva, na vontade de firmar
uma relação íntima e estável de união, podendo se enquadrar neste contexto os
homossexuais, pois a proteção da família independe de orientação sexual de seus
componentes.
Assim a realidade exige uma avaliação do tratamento social e jurídico sobre o tema,
a ponto de ser introduzido em alguns ordenamentos jurídicos estrangeiros o
casamento entre homossexuais, tal como ocorre atualmente na Suécia, Dinamarca e
Noruega.

A união Homoafetiva caracteriza-se como relação familiar, tratando-se de um


modelo autônomo, não se confundido com a família fundada no casamento ou na
união estável, tendo sua referência no afeto, evidenciado como direito à liberdade de
autodeterminação emocional.

ADOÇÃO HOMOSSEXUAL

A adoção por casais homossexuais é um dos maiores preconceitos, mesmo já


existindo decisões no Brasil são encontradas grandes dificuldades de aceitação por
parte da sociedade, da Igreja e até mesmo pelo Poder Judiciário. Os homossexuais
continuam a depender da sensibilidade dos juizes para terem seus direitos
reconhecidos mesmo que lentamente.
A adoção inicialmente surgiu apenas para suprir a necessidade do casal infértil.
Atualmente é uma tentativa de oferecer à criança possibilidade de estabelecer laços
afetivos com pessoas capazes de amá-la, permitindo-lhe um lar, uma educação,
uma vida socialmente normal.

Desde que haja amor, afeto, essas formações humanas merecem ser chamadas de
família. Portanto, o convívio homoafetivo gera uma família e deve ser reconhecida
como uma união estável.

O Estatuto da Criança e do Adolescente em seus arts. 42 e 43 descreve que


qualquer pessoa maior de 21 anos, independente de sexo ou estado civil pode
adotar. A adoção dentro desses requisitos será permitida caso não haja
impedimento e principalmente apresentando vantagens reais para o adotado
observando o respeito, a lealdade, a assistência mútua, consequentemente a
formação de um lar, seja por um casal homossexual, heterossexual ou até mesmo a
família monoparental (família de uma pessoa só).

PRECONCEITO

Com relação à adoção por pessoas do mesmo sexo existe um grande mito de que
os filhos do casal homossexual sofreriam seqüelas psicológicas. Lembrando que os
homossexuais são frutos de relacionamentos heterossexuais.

De todas as discriminações enfrentadas pelos homossexuais a mais cruel é o


impedimento de realizar o sonho de ser pai ou mãe, de ter um filho, de construir
família e dar amor, sendo que isso é um direito de personalidade, é o desejo
pessoal.

Portanto, entende-se que a orientação sexual dos pais não tem relação alguma com
o assunto de cuidado e amor para com as crianças.

Pesquisa da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP)


da USP mostra que a adoção de crianças por casais homossexuais pode
transformar a sociedade, mudando a idéia de que a família se forma só por laços
consangüíneos, mostrando a importância dos vínculos afetivos. O estudo, realizado
pela psicóloga Alana Batistuta Manzi a partir de casos ocorridos no interior de São
Paulo, investigou os conceitos de família e parentalidade dos casais, a atuação das
autoridades do Judiciário nesses casos e o pensamento das crianças envolvidas.

"Os profissionais relatam que tiveram que aprender a lidar com essa novidade e
foram buscar informações, dados científicos, para fundamentar os pareceres e
decisões frente a essa nova demanda. Já os casais apresentam um conceito de
família baseado nas próprias vivências com suas famílias de origem", conta Alana.
"Mas todos entenderam que o grupo familiar vai muito além do vínculo biológico, de
consanguinidade, e que ter uma família é uma aspiração legítima de todo ser
humano, independentemente das diferenças individuais, pois está muito mais
relacionado ao afetivo do que ao biológico".

De acordo com a psicóloga, a adoção aconteceu dentro de um processo natural da


formação familiar. "Os casais sentiram a necessidade de dar continuidade à família e
acharam que esses filhos trariam felicidade e sentimento de completude", revela. "A
infertilidade, enquanto casal, não foi vista como impossibilidade de realizar o desejo
de serem pais para serem felizes". Segundo o professor da FFCLRP, Manoel
Antonio dos Santos, orientador do trabalho, os casais analisados separam
claramente a dimensão do "ser pai" da dimensão da orientação sexual.

Os casais entrevistados relataram que o processo de adoção não foi fácil. Um deles,
que pediu a adoção de uma menina hoje com sete anos, inicialmente teve parecer
indeferido pelo promotor, que alegou que a legislação não previa esse tipo de
adoção. Já a juíza da cidade onde mora o primeiro casal, deferiu o pedido a partir de
uma avaliação da situação social da cidade, na qual ela examinou quantas crianças
estavam abrigadas, à espera de adoção. Em outro caso, onde o casal tem a tutela
de quatro irmãos, o processo de adoção ainda está em andamento. As crianças
estão sob guarda provisória, esperando a decisão final da justiça.

"Apesar das dificuldades, os casais observaram que foram muito bem acolhidos no
fórum", afirma Alana. Segundo o orientador da pesquisa, há muitos casos de
homossexuais que entram com o pedido de adoção, mas somente no nome de um
deles, sem mencionar que convivem com um parceiro por temerem que isso possa
prejudicar o processo de avaliação a que são submetidos. "A novidade mostrada
pelo estudo é que alguns casais resolveram expressar e reivindicar os seus direitos"
ressalta.

Convívio
Na entrevista com as crianças, Alana utilizou técnicas lúdicas, focalizando o convívio
familiar e não abordando diretamente a questão da adoção. "Sobre a
homossexualidade, o casal que adotou os quatro irmãos contou que logo que as
crianças chegaram, foram conversar sobre a questão e a reação delas foi tranqüila,
riram e disseram que já sabiam. Já o casal que adotou a menina disse que ela
questionou: - se um era pai, o que seria o outro? E a resposta que obteve foi
simples: - é pai também", relata.

Para o orientador da pesquisa, as crianças não fazem confusão entre os papéis,


sabem que são duas pessoas que estão dividindo o cuidado em relação a elas e que
lhes dão amor e carinho. "No caso dos quatro irmãos, a mais velha não permitira a
adoção anteriormente, mas quando o casal homossexual apareceu, o desejo de ser
acolhida era tão intenso que ela aceitou que, nesse caso, dois fossem adotados,
como era o desejo do casal inicialmente", destaca. "Isso é família, quando se pode
sonhar coletivamente e até renunciar a algo de valor em benefício de um bem
comum".

O respeito pela história pregressa de cada criança também chamou a atenção. "A
menina, por exemplo, ao ser adotada, tinha o direito a um novo registro de
nascimento, com outro nome se fosse o desejo dos pais adotantes, mas o casal
preservou o nome pelo qual ela já era chamada", diz o professor. "Isso é
fundamental para assegurar o desenvolvimento da criança e preservar sua
identidade, já que sua história não começa com a adoção".

Diálogo
A pesquisadora diz que os casais têm uma preocupação intensa com a educação
das crianças. Estabeleceram o diálogo como forma de aproximação com os filhos e
que também se preocuparam com a exposição dessas crianças na mídia em função
da repercussão que os casos tiveram. "Por outro lado, os casais vêem esse
processo como algo que pode servir de estímulo para outros casais homoafetivos
pleitearem a adoção", conclui.

A pesquisa constatou que os pais lidaram com os trâmites técnicos e burocráticos


com tranqüilidade, vendo-os como algo inevitável. "Foram muito receptivos em
relação ao estudo e mostraram ter uma consciência muito clara de seu papel social",
diz a psicóloga. Um dos processos estudados até mudou o formato do registro de
nascimento no Brasil, que antes trazia no impresso nome do pai e nome da mãe.
Depois do casal que adotou a menina, os registros trazem somente o termo filiação.
(Fonte: Rosemeire Soares Talamone, do Serviço de Comunicação Social da Prefeitura do Campus
de Ribeirão Preto)

Por outro lado existe outra corrente que diz ser muito pequeno o número de crianças
estudadas o que torna cientificamente impossível conclusão que possa ser
representativa sobre o assunto abordado.

A principal justificativa é que umas parcelas muito grandes das crianças estudadas
são de curta idade, pré-adolescentes, pelo que é quase impossível valorizar
verdadeiramente a influência da sua personalidade e orientação sexual da
convivência com homossexuais, bem como a maior parte destes estudos não fazem
um acompanhamento no tempo das crianças, mas sim apóiam as suas conclusões
numa entrevista e num questionário. Sem segmento no tempo é impossível chegar
a nenhuma conclusão sobre a incidência da personalidade das crianças em
qualquer situação (Blanco, 2007).

Embora existam ainda pontos de vista divergentes em todas as camadas da


sociedade (juizes, advogados, juristas, professores e a própria população em geral),
espera-se um consenso no futuro próximo para que no mínimo seja respeitado o
princípio da dignidade da pessoa humana, não só com relação a opção sexual, mas
principalmente com relação às crianças que antes de mais nada necessitam de uma
família e uma vida digna.
REFERÊNCIAS

Adoção por casal homossexual muda visão sobre formação da família:


Adoção de crianças por casais homossexuais pode transformar a sociedade,
mudando a idéia de que a família se forma só por laços consangüíneos, mostrando
a importância dos vínculos afetivos. Agência USP. Disponível em:
http://sociologiacienciaevida.uol.com.br/ESSO/Edicoes/0/adocao-por-casal-
homossexual-muda-visao-sobre-formacao-da-familia-113551-1.asp. Acesso em 08
dez, 2008.

Blanco, Benigno. Não há base científica para a adoção de crianças por


homossexuais. Disponível em:
http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo613.shtml. Acesso em: 08 dez, 2008.

INSTITUIÇÃOEDUCACIONAL CECILIA MARIA DE MELO BARCELOS. Biblioteca


Valdemar de Assis Barcelos. Padronização de normas da ABNT para apresentação
de trabalhos acadêmicos da Faculdade ASA de Brumadinho. Brumadinho, 2007.
Disponível em http://www.faculdadeasa.com.br. Acesso em 16 dez, 2008.

Santana, Luciano. As relações homoafetivas e suas implicações jurídicas, 2007.

Vade Mecum / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de


Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia
Céspedes. – 5. ed. Atual. e empl. – São Paulo: Saraiva, 2008.

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