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Universidade Federal da Grande Dourados

Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia

Microbiologia Ambiental

Disciplina: Microbiologia
Curso: Engenharia de Alimentos
Aluna: Alessandra de Oliveira Queiroz

Dourados, MS
junho de 08
Índice

1-Introdução à Microbiologia Ambiental...............................................................................1


2-Microbiologia Ambiental....................................................................................................2
2.1-Diversidade Metabólica...................................................................................................2
2.2-Variedade de Habitats......................................................................................................3
2.3-Distribuição dos Microrganismos nos Diferentes Ambientes.........................................4
2.4-Microbiologia do Solo e Ciclos Biogeoquímicos............................................................6
2.5-Biorremediação..............................................................................................................10
3-Conclusão..........................................................................................................................12
4-Referências Bibliográficas................................................................................................13
1-Introdução à Microbiologia Ambiental

A parte da Terra onde existe vida é chamada biosfera. Nesta parte vivem milhões
de espécie de seres vivos, cada qual representada por um número muito variável de
indivíduos.
Nos mais diversos ambientes naturais da Terra, normalmente os seres vivos
estabelecem entre si e com o meio em que vivem um relacionamento capaz de garantir não
somente a sua sobrevivência, mas também a preservação dos recursos naturais disponíveis.
A manutenção dos processos vitais característicos da biosfera necessita que duas
condições sejam simultaneamente satisfeitas: um fornecimento contínuo de energia e a
reciclagem de compostos químicos que fazem parte da estrutura dos seres vivos ou são por
eles utilizados em algum momento do seu ciclo vital. Estes compostos são formados a
partir de um conjunto finito (ainda que muito grande) de átomos, cuja quantidade e tipo
foram estabelecidos pelas condições cosmogênicas e planetogênicas. De fato, desde que a
Terra foi formada, as concentrações dos diferentes átomos que a constituem permanecem
constantes__ a formação de átomos “novos” por desintegração atômica natural ou
provocada pelo homem tem pouco significado quantitativo para alterar a composição geral.
Os seres vivos atuais são, portanto, formados por átomos que, teoricamente, podem ter
feito parte de organismos há muito tempo desaparecidos. A vida na biosfera necessita,
portanto, que os compostos biológicos sofram alterações cíclicas, de tal forma que, após
serem utilizados pelos seres vivos voltem aparecer na natureza sob uma forma que permita
sua reutilização. Esses movimentos cíclicos de elementos e substâncias, passando do
mundo vivo para o mundo físico e vice-versa, constituem os ciclos biogeoquímicos. Neste
processo de reciclagem, os microrganismos desempenham papel ativo e imprescindível.

2-Microbiologia Ambiental

2.1-Diversidade Metabólica
Os microrganismos são encontrados em toda a diversidade de ambientes naturais
onde vivem outros organismos e, além disso, em locais química ou fisicamente adversos a
outros grupos. A capacitação para colonizar praticamente todos os ambientes da Terra foi
obtida pelos microrganismos graças a sua extraordinária versatilidade metabólica,
associada a múltiplas adaptações estruturais e a formas de propagação eficientes e
diversificas __ por ventos, correntes de água, através de animais etc.
De uma maneira geral, o desenvolvimento microbiano em dado ambiente está
condicionado á presença de água e nutrientes e a determinadas condições de pH,
temperatura, luminosidade, e tensão de oxigênio. Estas variáveis apresentadas pelo meio
ambiente podem diferir muito; mesmo dentro de microambientes, ocorrem grandes
variações nas quantidades de substratos orgânicos ou inorgânicos disponíveis, nas
concentrações de oxigênio e de materiais inibitórios. Estas condições impõem uma pressão
seletiva que determina a distribuição das diferentes populações microbianas pelos
ambientes ou microambientes considerados, pois embora as características de cada local
impeçam o desenvolvimento de todos os tipos de microrganismo, haverá sempre um grupo
apto a viver e utilizar favoravelmente das condições, trazendo como resultado a ampla
distribuição observada para os microrganismos. Assim, se o ambiente é desprovido de
oxigênio, pode ser habitado por microrganismos capazes de viver em anaerobiose, obtendo
energia por fermentação ou respiração anaeróbia. Se o meio é muito ácido, será colonizado
por microrganismos com adaptações estruturais e fisiológicas que lhes permitem resistir a
esta condição; meios com acúmulos de material orgânico propiciam o desenvolvimento de
microrganismos heterotróficos, enquanto maiores disponibilidades de carbonatos ou gás
carbônico favorecem microrganismos autotróficos. Nestes últimos ambientes, a
luminosidade adequada é um fator favorável aos microrganismos fototróficos.

A Disponibilidade de Nutrientes Determina o Número e o


Tipo de Indivíduos no Ambiente
Na natureza, uns dos fatores mais limitantes ao desenvolvimento dos
microrganismos (como dos seres vivos, em geral) é a presença e a concentração de
nutrientes. A disponibilidade de alimentos é inconstante e depende de acúmulos de matéria
orgânica ou inorgânica, que acontece ao acaso. Como conseqüência, a velocidade de
crescimento dos microrganismos é variável e raramente atinge o limite da potencialidade
de uma dada espécie.
Em condições de fartura, são acionados processos preventivos, destinados à
manutenção de uma espécie: muitos microrganismos sintetizam substâncias de reserva, que
lhes asseguram condições de sobrevivência prolongada quanto os nutrientes escasseiam. É
comum observar-se em bactérias do solo grandes glóbulos intracelulares que concentram
diferentes tipos de polímeros, como polifosfatos, polissacarídios ou poliidroxialcanoatos.
A disponibilidade de nutrientes está associada, em grande parte dos ambientes
naturais, à competição entre as espécies. A espécie mais apta e que se desenvolverá melhor
será aquela dotada de maior velocidade de retirada de nutrientes do meio e maior eficiência
na conversão do alimento em massa celular.
A presença de vias metabólicas especiais também pode auxiliar na competição,
quando estas vias geram produtos tóxicos para os competidores. Estes produtos podem ser
substância com ação específica, como os antibióticos, quanto substância inespecíficas,
como produtos ácidos de fermentação e íons como nitritos, resultantes da respiração
anaeróbia. Por outro lado, a formidável diversidade dos microrganismos possibilita que, no
habitat onde haja a liberação de um produto antimicrobiano, existam também espécies
capazes de degradar esta substância, sendo assim indiferentes a sua presença. De forma
análoga, produtos ácidos prejudiciais a muitos tipos de células poderão ser utilizados por
certas espécies.

2.2-Variedade de Habitats
A diversidade de populações microbianas indica que elas tiram proveito de
qualquer nicho encontrado em seu ambiente. Diferentes quantidades de oxigênio, luz e
nutrientes podem existir dentro de alguns milímetros do solo. Como uma população de
organismos aeróbicos utiliza todo o oxigênio disponível, os anaeróbicos são capazes de se
desenvolver. Se o solo é perturbado por aragem, minhocas, ou outras atividades, os
microrganismos aeróbicos terão novamente capacidade de crescer, repetindo assim essa
sucessão.
Os micróbios que vivem em condições extremas de temperatura, acidez,
alcalinidade ou salinidade são denominados extremófilos. Muitos são membros das
arquibactérias. As enzimas (extremozimas) que tornam o crescimento possível sob essas
condições têm sido de grande interesse para as indústrias, porque toleram extremos de
temperatura, salinidade e pH que poderiam inativar outras enzimas. A enzima Taq
polimerase resistente ao calor, do organismo-fonte Thermus aquaticus, é um exemplo.
Os microrganismos sobrevivem em um ambiente intensamente competitivo e
devem explorar todas as vantagens que puderem. Eles devem metabolizar nutrientes
comuns mais rapidamente ou utilizar nutrientes que os microrganismos competidores não
podem metabolizar. Alguns, como a bactéria do ácido láctico que são tão úteis na produção
de laticínios são capazes de fazer um nicho inóspito para organismos competidores. As
bactérias o ácido láctico não são capazes de utilizar o oxigênio como um aceptor de
elétrons e fermentam açúcares somente até ácido láctico, deixando a maioria da energia
sem utilização. Entretanto, a acidez inibe o crescimento dos micróbios mais eficientes e
competidores.

Os Mecanismos de Adaptação São Importantes no


Estabelecimento das Populações
Além da capacitação estabelecida pela presença de vias metabólicas ou pelo tipo
nutritivo, os microrganismos apresentam vários outros mecanismos de competição e
adaptabilidade, que vão expressar-se segundo as condições ambientais. Eis alguns
exemplos:
 Microrganismos que se desenvolvem em regiões de alto índice de luminosidade
podem sintetizar pigmentos (carotenóides e melaninas) que os tornam menos
sensíveis àquela condição agressiva.
 A presença de estruturas que permitem a ligação a superfícies é comum em
microrganismos que vivem em locais onde os fluxos líquidos são constantes,
como o intestino ou a cavidade oral de animais ou rochas localizadas em
correntes de água.
 Microrganismos que habitam lagos e oceanos apresentam vacúolos gasosos que,
diminuindo a densidade celular, permitem sua flutuação.
 Microrganismos causadores de moléstias humanas ou de outros animais utilizam
estratégias especiais para estabelecer-se no hospedeiro; assim, lançando mão de
enzimas capazes de provocar a decomposição de tecidos do hospedeiro ou de
estruturas próprias que lhes permitem multiplicar-se justamente em células de
defesa ou que impedem sua fagocitose.
 Mecanismos de resistência a antibióticos são muito úteis a microrganismos de
solo, onde ocorre intensa produção de antimicrobianos (geralmente por fungos).
 Bactérias fototróficas anaeróbias que vivem em águas profundas apresentam
pigmentos diferentes da clorofila e que absorvem luz com comprimentos de onda
capazes de atingi-las.
Embora o número de espécies presentes em um dado ambiente, ou mesmo em um
microambiente, habitualmente seja grande, algumas comunidades são formadas por poucas
espécies. É o resultado de condições particularmente restritivas, como altas concentrações
de sais ou de açúcares ou de antibióticos ou ainda a deficiência de nutrientes essenciais à
maioria das espécies. Assim, poucas algas com exigências nutricionais encontram-se
presentes em águas podres e algumas bactérias povoam solos com pequena disponibilidade
de matéria orgânica.

2.3-Distribuição dos Microrganismos nos Diferentes Ambientes

Ambientes Aquáticos
Os ambientes aquáticos representados por oceano, rios, lagos, corredeiras, estuários
etc., apresentam composições químicas e físicas diferentes, condicionando, portanto, o
estabelecimento de espécies microbianas diversas. De um modo geral, estes ambientes são
habitados por organismo fototróficos; em condições aeróbias predominam as
cianobactérias e as algas eucarióticas (oxigênicas), enquanto que em regiões anaeróbias
prevalecem as bactérias fototróficas (anoxigênicas). Os seres fototróficos são considerados
produtores primários por serem capazes de sintetizar matéria orgânica a partir de
inorgânica. Assim sendo, sua velocidade de multiplicação é o fator limitante e
determinante de toda a atividade biológica adicional. Assim a quantidade de peixes e
mariscos economicamente exploráveis, por exemplo, é determinada, em última instância,
pela velocidade de reprodução dos produtos primários.
As regiões oceânicas distantes do continente são, geralmente, pobres em atividades
primárias de microrganismos, por carência de material inorgânico. Esta situação é revertida
quando a região é abastecida por correntes marinhas vindas do continente. As regiões
marítimas mais férteis são as praias e os estuários exatamente por disporem de maiores
concentrações de nutrientes originários dos continentes. Os ambientes aquáticos
apresentam baixas concentrações de oxigênio, em conseqüência da pequena solubilidade
deste gás em água, quer seja do ar atmosférico ou da fotossíntese oxigênica, restringe-se às
camadas superficiais, tornando apenas essa região propícia ao desenvolvimento de
bactérias aeróbicas; as águas profundas são, portanto, colonizada por bactérias anaeróbicas.
A função do oxigênio é receber os elétrons provenientes da oxidação de substratos, que
podem ser inorgânicos ou orgânicos. A utilização de cada tipo de substratos caracteriza
bactérias litotróficas ou organotróficas. Nas regiões aquáticas, a matéria orgânica tende a
ser depositada nas profundidades e aí é degradada por processos aeróbios, enquanto não
houver limitação de oxigênio. Quando a restrição se estabelece, os processos metabólicos
de obtenção de energia passam a ser a respiração anaeróbia ou a fermentação. Estes
processos produzem alterações no ambiente, pois seus produtos finais são substancias
ainda suficientemente reduzidas para serem utilizada como substratos energéticos. A
substituição do oxigênio por outros aceptores de elétrons na cadeia de transporte de
elétrons leva também à substituição do produto final. Em lugar de água, forma-se N2
quando aceptor é NO2ˉ, H2S a partir de SO42ˉ e assim por diante; alguns destes produtos
têm efeito tóxico.
Atualmente, os rios, represas, lagos e regiões marinhas são muito utilizados para
descarga de material poluente, oriundo de esgotos domésticos e dejetos industriais, com
conseqüências desastrosas para o ambiente natural. Alta carga de matéria orgânica provoca
acentuado déficit de oxigênio dissolvido. Por outro lado, também representa fontes de
nutrientes, favorecendo o rápido desenvolvimento de bactérias heterotróficas; onde há
oxigênio, reproduzem-se as heterotróficas aeróbias, levando à exaustão do oxigênio
dissolvido. A presença de amônia é condição favorável para o desenvolvimento de
litotróficas aeróbias, que, oxidando amônia, produzem nitrato. Este íon, por sua vez, pode
ser reduzido a nitrito por um grupo de bactérias heterotróficas que fazem respiração
anaeróbia.
Quando os poluentes são constituídos basicamente de matéria inorgânica, como os
fosfatos provenientes de detergentes ou os compostos nitrogenados, frutos da lixifiação de
solos adubado, ocorre um incremento da biomassa formada por microrganismos
fotossintetizantes (por serem independentes de carbono orgânico), principalmente
cianobactérias. Estas bactérias formam seu protoplasma utilizando-se, além dos compostos
inorgânicos, de gás carbono e luz, que, geralmente, não são fatores limitantes neste
ambiente. A morte destes seres estabelece as condições para o desenvolvimento de
bactérias heterotróficas. A efeito dos produtos destas bactérias__ mercaptanas, aminas,
ácido sulfítrico __ são intensos, acarretando até a morte de peixes.
Microbiota Marinha
O sustendo da vida oceânica é amplamente dependente da vida microscópica
fotossintética, o fitopláncton marinho (um termo derivado do grego para plantas
perambulantes). As cianobactérias, especialmente o gênero unicelular synechoccus,
compõem uma grande parte dessa população. As bactérias fotossintéticas como essas
formam a base da cadeia alimentar oceânicas. Elas fixam o dióxido de carbono para
produzir matéria orgânica, que é liderada como matéria orgânica dissolvida e usada pelas
bactérias heterotrófica do oceano. As bactérias servem, então, de fonte de alimentos
particulados para uma série de consumidores maiores. Esses são primeiro, os protozoários,
que, por sua vez, são alimento para zooplânctons (metazoários) multicelulares (vida animal
da família dos plânctons como o “krill”, um crustáceo semelhante ao camarão). Esses
zooplânctons servem de fonte alimentar para os peixes. Grande parte do dióxido de
carbono e do nutriente minerais liberados pela atividade metabólica das bactérias, dos
protozoários e dos metazoários é reciclada fitplâncton fotossintético. A bioluminescência
microbiana, ou emissão de luz, é aspecto interessante da vida das profundezas do mar.
Muitas bactérias são luminescentes e algumas estabeleceram relações simbióticas com
peixes que apitam a zona bêntica. Esses peixes algumas vezes usam o brilho da sua
bactéria residente para auxiliar na atração e captura de sua presa na completa escuridão das
profundezas do oceano. Esses organismos bioluminescentes possuem uma enzima
denominada luciferase que capta elétrons de flavoproteínas na cadeia de transporte de
elétrons e emite uma parte da energia dos elétrons como um fóton de luz. Uma questão
interessante é porque as bactérias precisam gastar tanta energia emitindo luz. Uma possível
respostas é que a radiação UV atinge as profundezas do oceano e causa lesão ao DNA das
bactérias, que pode ser corrigida somente pela exposição à luz __ que nas profundezas do
oceano de ser suprida pelas próprias bactérias.

Ambientes Terrestres
Também nos solos, o principal ambiente terrestre, há uma cadeia alimentar, onde os
organismos fototróficos autotróficos, constituem a base, seguindo-se um segundo elo
formado pelos organismos heterotróficos, dependentes dos primeiros. Quanto maior a
concentração de matéria orgânica originada por fotossíntese, maior a massa de organismo
heterotróficos liberados de CO2. O gás carbônico, reagindo com água, origina acido
carbônico que, juntamente com os ácidos orgânico, produtos de fermentação os
organismos heterotróficos, são agentes importantes de dissolução de rocha. Processos
físicos, como o aquecimento e resfriamento, ou mecânicos, como os produzidos pela
penetração das raízes das plantas em poros, provocam a ruptura das rochas, favorecendo a
solubilização dos minérios que as constituem. Á medida que as rochas, meramente
inorgânicas, vão sento permeadas por raízes, estabelecem-se as condições para a instalação
de uma microbiota que se nutre de um material de excreção da planta ou de partes mortas
de raízes.
O crescimento microbiano mais intensos ocorre na superfície das partículas
componentes do solo, onde há a possibilidade de formação de diversos microambientes,
colonizados por diferentes tipos microbianos. Nos ambientes terrestres, a água pode ser um
fator limitante ao desenvolvimento dos organismos vivos. A água distribui-se de maneira
heterogênea, podendo estar absorvida a superfícies ou apresentar-se como água livre,
formando filmes ou camadas. A água dos solos naturalmente contém nutrientes e oxigênio
dissolvidos. Em profundidades maiores, esta é a única forma em que o oxigênio é
encontrado, já que não há presença de ar.
Também nos solo, o conteúdo nutricional constitui o fator mais determinante do
desenvolvimento microbiano, estabelecendo o número e diversidade dos microrganismos
presentes. A maior atividade microbiana é encontrada na superfície, rica em matéria
orgânica. Ainda que haja excesso de determinadas fontes de carbonos como nutrientes, a
carência de compostos contendo fósforo ou nitrogênio provocará uma limitação do
crescimento. De um modo geral, espera-se que, havendo disponibilidade de nutrientes nas
camadas superficiais (onde o oxigênio não é limitante), predominem organismos com
metabolismos aeróbios heterotrófico. Em condições aeróbias carentes de matéria orgânica,
haverá desenvolvimento de organismos litotróficos. Nos microambientes anaeróbios, a
matéria orgânica é degradada por fermentação e respiração anaeróbia.
No solo, como na água, o tipo de nutriente disponível, a fonte de energia utilizável
e a disponibilidade de oxigênio determinam o tipo de metabolismo colonizadores__ variam
apenas as espécies presentes em um ou outro habitat.

2.4-Microbiologia do Solo e Ciclos Biogeoquímicos


Bilhões de organismo, incluindo os que são microscópicos bem como grandes
insetos e minhocas formam uma comunidade viva e vibrante no solo. Um solo típico tem
milhões de bactérias em cada grama, a população é maior nos poucos centímetros do topo
do solo e declina rapidamente com a profundidade. Os organismos mais numerosos no solo
são as bactérias embora os actinomicetos sejam bactérias, eles são considerados
separadamente. Muitos antibióticos importantes, como a estreptomicina e tetraciclina,
foram descobertos por microbiologista investigando actinomicetos no solo.
Populações de bactérias do solo são geralmente estimadas utilizando-se contagem
em placas em meio nutriente, e os números atuais são provavelmente subestimados por
esse método. Nenhum único meio nutriente ou condição de crescimento pode encontrar
todos os nutrientes e outras exigências necessárias para todos os microrganismos do solo.
Nós podemos pensar em solo como um “fogo biológico”. Uma folha que cai de
uma árvore é consumida por esse “fogo” assim como sua matéria orgânica é metabolizada
pelos micróbios do solo. Elementos da folha entram nos ciclos biogeoquímicos por causa
de carbono, nitrogênio e enxofre. Nos ciclos biogeoquímicos, os elementos são oxidados e
reduzidos por microrganismos para fornecer suas necessidades metabólicas. Sem os ciclos
biogeoquímicos, a vida na Terra iria deixar de existir.

O Ciclo do Carbono
O ciclo biogeoquímicos primário é o ciclo carbono (figura 1). Todos os
organismos, incluindo plantas, micróbios e animais, contêm grandes quantidades de
carbono na forma de compostos orgânicos, como celulose, amidos, gorduras e proteínas.
Os autotróficos, componentes essenciais de toda a vida na Terra, reduzem o dióxido
de carbono a formas de matéria orgânica. Quanto você alho uma árvore, você deve pensar
que sua massa vem do solo onde cresce. De fato, sua grande massa de celulose é derivada
de 0,03% do dióxido de carbono na atmosfera. Isso ocorre como um resultado da
fotossíntese o primeiro passo do ciclo de carbono no qual os fototróficos, como as
cianobactérias, as plantas, as algas e as bactérias verdes e púrpuras sulfurosas fixam ou
incorporam o dióxido de carbono em matéria orgânica utilizando energia ou luz solar.
Quimioautotróficos como Thiobacillus e Beggiatoa também fixam o dióxido de carbono
em matéria orgânica, enquanto metabolizam compostos como o sulfeto de hidrogênio para
produzir energia.

Fig. 1- O ciclo do carbono em uma escala global, o retorno do CO2 para a atmosfera pela respiração é
proporcional a sua remoção pela fixação. Entretanto, a queima de madeira e combustíveis fósseis adiciona
mais CO2 à atmosfera; como resultado, a quantidade de CO2 atmosférico esta crescendo de maneira estável.

No próximo passo do ciclo quimioeterotróficos como animais e protozoários


alimentam-se de autotróficos e podem, por sua vez, ser consumido por outros. Por tanto,
como o componentes orgânicos dos autotróficos são digeridos e ressintetizado, os átomos
de carbono do dióxido de carbono são transferido de organismo para organismo na cadeia
alimentar.
Algumas das moléculas orgânicas são utilizadas por quimio-heteretróficos,
incluindo animais, para satisfazer ás suas necessidades de energia. Quanto essa energia é
liberada pela respiração, o dióxido de carbono imediatamente se torna disponível para
novamente reiniciar o ciclo. Grade parte do carbono continua dentro do organismo até que
ele fica seja excretado, ou até que o organismo morra. Quando plantas e animais morrem
esses compostos orgânicos são decompostos por bactérias e fungos. Durante a
decomposição, os compostos orgânicos são oxidados, e o CO2 retorna para os rios.
O carbono é estocado em rochas, como pedra calcária (CaCO3), e é dissolvido
como íon carbonato (CO3ˉ2) nos oceanos. Existem muitos depósitos de matéria orgânica
fóssil na forma de combustível fóssil, como o carvão e o petróleo. A queima desses
combustíveis fóssil libera CO2, resultando no aumento do composto na atmosfera. Muitos
cientistas acreditam que o aumento do dióxido de carbono na atmosfera deve estar
causando o aquecimento global da Terra.
Um aspecto interessante do ciclo do carbono é o gás metano (CH4). Estima-se que
os sedimentos no chão do oceano contenha 10 trilhões de toneladas de metano,
aproximadamente duas vezes mais a quantia de depósitos de combustível fóssil, como
carvão e petróleo, da Terra. Além disso, as bactérias metanogênicas nas profundidades
estão constantemente produzindo mais. O metano é muito mais potente como um gás de
efeito estufa do que o dióxido de carbono, e o ambiente da Terra seria perigosamente
alterado se todo esse gás escapasse para a atmosfera. Felizmente, hordas de bactérias que
habitam o oceano usam o metano que escapa como fonte de energia, e ele desaparece antes
de atingir a superfície da água e então a atmosfera. Uma vez que o metabolismo do metano
normalmente necessita de oxigênio livre, que é escasso nas profundezas do oceano, não se
sabe ao certo como essas bactérias fazem o processo.

Ciclo do Nitrogênio
A reprodução de muitos organismos no solo e em ambientes aquáticos e
frequentemente limitada pela escassez de nitrogênio. Como esta limitação atinge a cultura
de vegetais, a produção total de alimentos no globo é restringida mais pela quantidade de
nitrogênio disponível do que pela quantidade de qualquer outro elemento. Superar o limite
imposto pela concentração de nitrogênio não é uma tarefa trivial, pois o aumento da sua
concentração no solo deve ser feito sem provocar, como conseqüência, o aumento de sua
concentração em rios, lagos e outros ambientes aquáticos, onde seu excesso constitui uma
forma importante de poluição.
Os Microrganismos Participam de Todas as
Etapas da Reciclagem do Nitrogênio.
Quase todo o nitrogênio do solo existe em moléculas orgânicas, principalmente em
proteínas. Quando um organismo morre, o processo de decomposição microbiana resulta
na quebra hidrolítica de proteínas em aminoácidos. Em um processo denominado
deaminação, os grupamentos amina são removidos e convertido em amônia (NH3). Essa
liberação de amônia é denominada amonificação.
Para todos os microrganismos, o destino da amônia é a sua incorporação a
aminoácidos, que poderão fazer parte de proteínas e originar outros compostos
nitrogenados. Um outro destino possível é a sua oxidação a nitrato, processo levado a cabo
por bactéria quimiolitotróficas, que utilizam a amônia como substratos oxidável__ o
processo é aeróbio, dependente de uma cadeia de transporte de elétrons que tem oxigênio
como aceptor final. O processo, designado nitrificação, é realizado exclusivamente por
microrganismos. O nitrato pode ser utilizado por plantas e microrganismos como fonte de
nitrogênio; além disso, uma parte do nitrato é usada como aceptor final da cadeia de
transporte de elétrons anaeróbia microbiana, dando origem, na maior parte das condições, a
produtos gasosos, como N2, N2O ou NO, que voltam à atmosfera. O processo é uma
denitrificação e resulta na perda do nitrogênio combinado, que é a forma preferencial
assimilável pelos organismos.
Fig. 2- O ciclo do Nitrogênio. De uma forma geral, o nitrogênio na atmosfera passa pela fixação, nitrificada
e denitrificação. O nitrato assimilado por plantas e animais após a nitrificação passa por decomposição,
amonificação e novamente nitrificação.

Há apenas um pequeno grupo de microrganismos capazes de promover a fixação


do nitrogênio, ou seja, a redução de N2 a amônia. Este grupo inclui bactérias de vida livre
ou simbionetes, aeróbias ou anaeróbias, dentre as quais se destacam as pertencentes aos
gêneros Rhizobium e Bradyrhizobium, que vivem em associação com raízes de plantas
leguminosas. As bactérias fixadoras de nitrogênio dispõem de um sistema enzimático
denominado nitrogenase, que cataliza a redução do N2, com grande gasto de ATP e, por
esta capacidade especial entre todos os seres vivos, ocupam um lugar importante no ciclo
do nitrogênio.

Ciclo do Enxofre
O ciclo do enxofre e o ciclo do nitrogênio se assemelham, no sentido que eles
representam vários estágios de oxidação destes elementos. As formas mais reduzidas do
enxofre são os sulfetos, como o odorífero gás sulfeto de enxofre (H2S). Como o íon amônia
do ciclo do nitrogênio, esse é um composto reduzido que geralmente se forma sob
condições anaeróbicas. Ele representa uma fonte de energia para bactérias autotróficas.
Essas bactérias convertem o enxofre reduzido em H2S em grânulos de enxofres elementar e
sulfatos completamente oxidados (SO4ˉ2). As bactérias que promovem estas oxidações
estão sendo utilizadas atualmente para otimizar processos de lixiviação, para extração de
metais presentes em minérios.
Frequentemente, o enxofre elementar é liberado de micróbios decompositores. O
enxofre elementar é essencialmente insolúvel em águas temperadas, os micróbios têm
dificuldades em absorvê-lo. Essa é a provável origem da enorme acumulação subterrânea
pré-histórica de enxofre.

Fig. 3- O ciclo do enxofre. Observe a importância das condições aeróbicas e anaeróbicas.

O Ciclo do fósforo.
Outro elemento nutricional importante que faz parte do ciclo biogeoquímico é o
fósforo. A disponibilidade do fósforo deve determinar se plantas e outros organismos
podem crescer em uma área.
O fósforo existe primeiramente como íon fosfato e sofre poucas modificações no
seu estado de oxidação. O ciclo do fósforo, ao contrário, envolve modificações de formas
solúveis para insolúveis e de fosfato orgânico para fosfato inorgânico, muitas vezes em
relação ao pH. Por exemplo, o fosfato nas rochas podem ser solubilizado pelo ácido
produzido por bactérias como o Thiobacillus. Diferentes dos outros ciclos, não existe um
produto volátil composto por fósforo capaz de retorná-lo para a atmosfera, da mesma
maneira que o dióxido de carbono, o gás nitrogênio e o dióxido de enxofre retornam.
Portanto, o fósforo tende a acumular-se nos mares. Ele pode ser recuperado escavando-se o
sedimento da superfície de mares antigos, principalmente como deposito de fosfato de
cálcio.

2.5-Biorremediação
O uso de micróbios para detoxificar ou degradar poluentes é denominado
biorremediação. Derramamentos de óleos de navios-tanques danificados representam um
dos exemplos mais dramáticos de poluição química. As perdas econômicas de pesca e
praias podem ser enormes. Até certo ponto, a biorremediação ocorre naturalmente, à
medida que os micróbios atacam o óleo se as condições forem aeróbicas. Todavia, os
micróbios geralmente obtêm seus nutrientes em soluções aquosas, e produtos à base de
óleo são relativamente insolúveis. Além disso, hidrocarbonetos de petróleo são deficientes
em elementos essenciais como nitrogênio e fósforo. A biorremediação de derramamentos
de óleo é bastante melhorada quando fornecido às bactérias residentes, em um
“fertilizante” contendo nitrogênio e fósforo. A biorremediação também pode fazer uso de
micróbios que foram selecionados para se desenvolverem em certos poluentes ou de
bactérias geneticamente modificadas que são especialmente adaptadas para metabolizar
produtos de petróleo. A adição desses micróbios especializados é denominado
bioaumento.
Derramamentos de petróleos subsuperficiais a partir de tanques de armazenamento
de gasolina, por exemplo, podem ser removidos da água por meio do bombeamento da
água para tanques aerados, que serão supridos com nutrientes “fertilizantes”, e a água será
posteriormente devolvida após a decomposição da gasolina. Princípios semelhantes são
usados para retirar pesticidas e outras substâncias químicas que podem causar
derramamentos. Bactérias resistentes à radiação têm sido alteradas geneticamente para se
tornarem mais úteis na limpeza de locais contaminados com solventes radiativos.
3-Conclusão

Conclui-se que os microrganismos habitam em todos os ambientes marinhos,


(desde superfícies aquáticas ao fundo do oceano), e em todos os ambientes terrestres. Pode
existir milhões de microrganismos em uma colher de solo fértil e somente medidas
extremas podem eliminá-los completamente do ambiente.
Conclui-se também que os microrganismos desempenham a função-chave na
reciclagem dos elementos na natureza. Na cadeia alimentar, os animais alimentam-se das
plantas e de outros animais, e as plantas usam os animais em deterioração como nutrientes.
Nota-se então, que os microrganismos devem, agir como tradutores neste processo, pois
convertem substâncias químicas em produtos utilizáveis por animais e por plantas. Em
geral, as plantas usam elementos que são inorgânicos; elas não podem utilizar elementos
que constituem as moléculas orgânicas (isto é, combinadas com carbono). Mas o homem e
outros animais requerem compostos orgânicos e excretam materiais inorgânicos.
A degradação ou decomposição de materiais orgânicos faz parte do ciclo de
nitrogênio e de processos similares. Os materiais que podem ser decompostos por meio do
processo natural são conhecidos como biodegradável. Porém, há materiais que não são
biodegradável como petróleo, gasolina e óleos, que quando derramados em águas
subterrâneas representam um dos exemplos mais dramáticos de poluição química. Então o
uso de micróbios é utilizado para detoxificar ou degradar poluentes como nesses tipos de
acidentes. Este processo é então conhecido com biorremediação.
Sendo assim, sem bactérias e outros microrganismos trabalhando em conjunto, a
vida na Terra seria destruída pelo seu próprio processo natural. Galhos caídos e folhas
mortas se acumulariam, assim como os animais mortos.
4-Referências Bibliográficas

TORTORA, Gerard J; FUNKE, Berdell R; CASE, Christine L. Microbiologia. Porto


Alegre: Artmed, 2005. p. 762-6, 771-2 e 777.

BARBOSA, Heloiza Ramos; TORRES, Bayardo Baptista. Microbiologia Básica. São


Paulo: Atheneu, 2005. p. 119-23 e 126-7.

PELCZAR JR, Michael J; CHAN, E.C.S; KRIEG, Noel R; Microbiologia Conceitos e


Aplicações. Volume 1. São Paulo: Pearson Education, 1997. p. 67-8.

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