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em ir à escola
Olá, eu sou a Iara. Nasci num país pobre que se chama Moçambique;
tenho nove anos, e gostava muito de ir à escola, mas não tenho
possibilidades, pois é muito longe e os meus pais não me deixam ir, pois
tenho muito que trabalhar em casa. Eu tenho mais oito irmãos; sou a mais
velha de todos. A minha obrigação é ajudá-los. Todas as manhãs, vou para
o campo colher milho e trigo. Levanto-me às 4:30 h, lavo-me, visto-me e
meto-me a caminho do trabalho. Volto por volta das 13:30h da tarde.
Quando chego a casa, vou logo fazer o almoço para todos. Como os meus
irmãos são mais pequenos, tenho que ser eu a dar-lhes banho, vesti-los e
dar-lhes de comer. E é assim o meu dia todos os dias.
Ângela e Raquel
Chamo-me Nenebaba,
tenho dezasseis anos,
moro no Bairro da Ajuda,
aqui na Guiné-Bissau.
Cláudia e Antero
As pessoas que são de outros países têm direito a ter, como nós, escola, comida,
roupas, abrigo confortável, brinquedos, …
Em Angola, Moçambique,… as crianças deviam ter escola para serem alguém na vida.
As pessoas dos outros países não deviam ser desprezadas por serem negras, ciganas
ou búlgaras, porque todos somos iguais.
Rui e Flávia
Djemila
Olá, sou o Diogo. Vivo nos Camarões, um país africano. Tenho catorze
anos.
Tenho uma escola, mas fica a 45 Km de minha casa. É muito difícil para
mim ir à escola. Os meus pais não têm carro e não há camionetas para
aquela escola. Quando era mais pequeno, cada vez que ia à escola andava
muito a pé até ao sítio onde apanhava a camioneta, chegava à escola
cansado e cheio de sono. E nos outros dias, a minha mãe não me deixava
ir. Era um infeliz!!! Não tinha amigos, vivia num beco sem saída. Às vezes
só me apetecia gritar.
Diogo
Andava a pé para ir para a escola. Só ia de carro quando ia atrasada por estar a fazer
uma coisa importante. Na Guiné-Bissau não utilizamos autocarro. Há umas carrinhas
que são todas iguais e em cima têm escrito para onde vão e o preço é sempre o
mesmo. Há sempre um condutor e um ajudante. O ajudante fica atrás com os
passageiros para receber o dinheiro. Em vez de lhe chamarmos autocarro, chamamos
toca-toca.
Na escola em que eu andei, não gostei de uma professora; as outras batiam, mas não
muito. Nessa escola, os professores vinham dar as aulas bêbedos. Quando eu lá
andei, no 2º ano, aconteceu uma coisa muito má. Os professores batiam com chicote
e com uma tábua de madeira. O professor bateu na minha colega. Primeiro bateu-
lhe nas mãos, depois mandou-a tirar os sapatos para poder bater nos pés e a seguir
chamou quatro rapazes fortes da turma para poder bater-lhe no rabo. Dois rapazes
pegavam nos pés e os outros dois nas mãos. Ela chorava muito. Depois o professor
mandou uns colegas meus irem buscar pedras grandes e pequenas e fez um monte
com as pequenas. Disse à minha colega para ficar de joelhos em cima das pedras,
mandou-a estender os braços e pôs uma pedra grande em cada braço. Ela ficou horas
sem se mexer. Esse foi o pior dia da minha vida. Nunca irei esquecer aquilo que
passei e sofri no meu país.
A nossa casa era velha e não tinha cama para todos. Alguns dormiam no
chão, o que não era confortável, mas era aquilo que tínhamos. A nossa
casa já estava a cair aos pedaços. Pedimos ajuda à Câmara, eles foram lá
e ficaram a gozar com a casa que tínhamos. A minha mãe esforçou-se
muito e conseguimos arranjar a nossa casa e a nossa vida também.
Se todos se esforçarem muito por aquilo que vale muito e que precisam
muito vão chegar lá. Depois que eu vi a minha mãe a esforçar-se muito
para os filhos (nós também ajudamos naquilo que podemos) eu vi que
nada é impossível!