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Nem todas as crianças têm facilidade

em ir à escola

Eu sou a Sofia, tenho 15 anos, sou de Cabo-Verde.


Em Cabo-Verde, passava muitas dificuldades, passava fome. Às vezes não
ia para a escola porque não tinha dinheiro para pagar o transporte, às
vezes ia a pé, outras vezes não ia, porque tinha que ajudar a minha avó a
vender roupas na feira; também não ia, porque não tinha sapatos nem
comida.
A minha mãe tirava areia na praia para vender para as obras.
O dinheiro da areia não chegava para as despesas da casa. Eu morava com
os meus irmãos e a minha mãe numa casa pequena. A casa não tinha um
bom aspecto, mas era o que nós tínhamos para morar.
Às vezes não dormíamos, porque estava sempre a chover, a água entrava
dentro de casa.
Um dia a minha mãe foi à Camâra Municipal, pedir ajuda para a casa. Eles
foram lá ver e disseram que iam arranjar a nossa casa, mas nunca a
arranjaram.

(Esta história é fictícia, mas baseia-se em factos reais)

Carina, Liliane e Gilmara

Campanha de Acção Global pela Educação


Escola Básica 2,3 Luís de Sttau Monteiro
CEF de Cozinha
Nem todas as crianças têm facilidade
em ir à escola

Olá, eu sou a Iara. Nasci num país pobre que se chama Moçambique;
tenho nove anos, e gostava muito de ir à escola, mas não tenho
possibilidades, pois é muito longe e os meus pais não me deixam ir, pois
tenho muito que trabalhar em casa. Eu tenho mais oito irmãos; sou a mais
velha de todos. A minha obrigação é ajudá-los. Todas as manhãs, vou para
o campo colher milho e trigo. Levanto-me às 4:30 h, lavo-me, visto-me e
meto-me a caminho do trabalho. Volto por volta das 13:30h da tarde.
Quando chego a casa, vou logo fazer o almoço para todos. Como os meus
irmãos são mais pequenos, tenho que ser eu a dar-lhes banho, vesti-los e
dar-lhes de comer. E é assim o meu dia todos os dias.

(Esta história é fictícia, mas baseia-se em factos reais)

Ângela e Raquel

Campanha de Acção Global pela Educação


Escola Básica 2,3 Luís de Sttau Monteiro
CEF de Cozinha
Nem todas as crianças têm facilidade
em ir à escola

Chamo-me Camila, tenho 13 anos, sou do Brasil.

Eu e a minha família morávamos numa favela onde havia sempre tráfico


de droga no bairro, e havia também muitos tiroteios. Há muitas crianças
na rua: não têm casa e passam o dia inteiro a pedir, a fazer pequenos
trabalhos e alguns envolvem-se em assaltos ou outras actividades ilegais.
Há dois anos vim para Portugal e comecei a viver uma vida muito melhor:
não passo fome, não tenho muitas dificuldades e posso ir à escola sem
problemas com traficantes e tiroteios.

(Esta história é fictícia, mas baseia-se em factos reais)

Carina, Liliane e Gilmara

Campanha de Acção Global pela Educação


Escola Básica 2,3 Luís de Sttau Monteiro
CEF de Cozinha
Nem todas as crianças têm facilidade
em ir à escola

Chamo-me Nenebaba,
tenho dezasseis anos,
moro no Bairro da Ajuda,
aqui na Guiné-Bissau.

Aqui vivo com bastantes


dificuldades e não tenho
como ir à escola. Passo
imensa fome.

Perdi quase todos os


meus familiares na Guerra Civil. Só fiquei com a minha mãe. Ela é a única
pessoa que tenho e não pode trabalhar, porque tem uma doença grave no
coração e não pode fazer qualquer esforço. Os Hospitais nesta zona não
são fáceis de encontrar; existem algumas clínicas, mas clínicas onde só
tratam de pequenas coisas. O Hospital aqui mais perto é em Porto Gale.
São cerca de 300 Km.
Hoje falo de mim, porque a maior parte das pessoas que não vão à escola,
são, como eu, mulheres. Os pais não se sentem seguros em deixar suas
filhas irem à escola, e elas também não têm mesmo possibilidades de lá ir,
porque fica super longe de suas casas.

O que agora vai ser de mim?


Alguém me pode ajudar nesta terrinha, no fim-do-mundo?

(Esta história é fictícia, mas baseia-se em factos reais)

Cláudia e Antero

Campanha de Acção Global pela Educação


Escola Básica 2,3 Luís de Sttau Monteiro
CEF de Cozinha
Nem todas as crianças têm facilidade
em ir à escola
Olá, chamo-me Cristiano, tenho
dezasseis anos e vivo em
Moçambique. Tenho vinte
irmãos e cinco irmãs. O meu
irmão Luís é o mais velho e eu
sou o mais novo. A minha vida é
complicada, porque não tenho
tempo para estudar, porque
estou sempre a vender comida
para alimentar os meus irmãos
mais novos. A minha mãe quer pôr-me a trabalhar e eu não quero
trabalhar, só queria estar na escola a estudar, a aprender.
(Esta história é fictícia, mas baseia-se em factos reais)

As pessoas que são de outros países têm direito a ter, como nós, escola, comida,
roupas, abrigo confortável, brinquedos, …

Em Angola, Moçambique,… as crianças deviam ter escola para serem alguém na vida.

As pessoas dos outros países não deviam ser desprezadas por serem negras, ciganas
ou búlgaras, porque todos somos iguais.

Rui e Flávia

Campanha de Acção Global pela Educação


Escola Básica 2,3 Luís de Sttau Monteiro
CEF de Cozinha
Nem todas as crianças têm facilidade
em ir à escola

Chamo-me Carla, tenho doze


anos e vivo na Colômbia, na
“zona da coca”, com os
meus pais e as minhas irmãs.
Não estudo, porque não
tenho condições para
estudar e, além disso, não
teria tempo para estudar,
porque tenho que tomar
conta das minhas irmãs.
Todos os dias de manhã vou à horta colher os vegetais, especiarias e vou
vender ao mercado.Depois de acabar a minha venda, vou comprar comida
e bens essenciais que necessitamos em casa.
Os meus pais são analfabetos e a minha mãe está doente. Ela não pode
trabalhar, nem fazer esforços, por isso, deu-me a responsabilidade de
cuidar da minha família. Enquanto eu trato das tarefas da casa, o meu pai
trata da horta e dos animais.
No tempo em que eu estou a fazer as tarefas domésticas ou a ir ao
mercado, podia estar numa sala de aula a preparar o meu futuro. Mas não
tenho condições de ir à escola. Não culpo os meus pais por isso; agradeço
a Deus a família que tenho. Estudar é um direito que todas as pessoas têm
e eu não tive esse privilégio, por isso, digo a todos os que têm acesso à
escola que aproveitem, porque a educação é importante.
(Esta história é fictícia, mas baseia-se em factos reais)

Djemila

Campanha de Acção Global pela Educação


Escola Básica 2,3 Luís de Sttau Monteiro
CEF de Cozinha
Nem todas as crianças têm facilidade
em ir à escola

Olá, sou o Diogo. Vivo nos Camarões, um país africano. Tenho catorze
anos.

Tenho uma escola, mas fica a 45 Km de minha casa. É muito difícil para
mim ir à escola. Os meus pais não têm carro e não há camionetas para
aquela escola. Quando era mais pequeno, cada vez que ia à escola andava
muito a pé até ao sítio onde apanhava a camioneta, chegava à escola
cansado e cheio de sono. E nos outros dias, a minha mãe não me deixava
ir. Era um infeliz!!! Não tinha amigos, vivia num beco sem saída. Às vezes
só me apetecia gritar.

O meu pai desapareceu há um ano. Há um mês apareceu, muito feliz.


Perguntei-lhe «Onde estiveste?» e ele disse-me que foi trabalhar para
termos uma vida melhor. Ele arranjou muito dinheiro e daqui a uns meses
vamos viver para Portugal. Vamos alugar uma casa ao pé de uma escola.
Vou tirar um curso de cozinha, vou tirar o 12º ano e depois vou para uma
escola de Hotelaria, vou ser cozinheiro e vou ser muito feliz com a minha
família. Este é o meu sonho!!!

(Esta história é fictícia, mas baseia-se em factos reais)

Diogo

Campanha de Acção Global pela Educação


Escola Básica 2,3 Luís de Sttau Monteiro
CEF de Cozinha
Sou a Rosa, sou da Guiné-Bissau e vou contar como era a
minha vida nesse país.
A minha vida na Guiné-Bissau era
muito diferente da que eu tenho
agora em Portugal. Eu vivia com a
minha família, menos o meu pai que
estava aqui em Portugal a trabalhar.
Mesmo assim, a minha mãe
trabalhava para poder comprar
roupas, sapatos, material escolar,
etc. O dinheiro que o meu pai
mandava era para comprar comida. E
o resto a minha mãe guardava para uma emergência.

Andava a pé para ir para a escola. Só ia de carro quando ia atrasada por estar a fazer
uma coisa importante. Na Guiné-Bissau não utilizamos autocarro. Há umas carrinhas
que são todas iguais e em cima têm escrito para onde vão e o preço é sempre o
mesmo. Há sempre um condutor e um ajudante. O ajudante fica atrás com os
passageiros para receber o dinheiro. Em vez de lhe chamarmos autocarro, chamamos
toca-toca.

As escolas na Guiné são muito diferentes das portuguesas, porque lá os professores


batem nos alunos se não souberem alguma coisa ou se fizerem alguma coisa grave.

Na escola em que eu andei, não gostei de uma professora; as outras batiam, mas não
muito. Nessa escola, os professores vinham dar as aulas bêbedos. Quando eu lá
andei, no 2º ano, aconteceu uma coisa muito má. Os professores batiam com chicote
e com uma tábua de madeira. O professor bateu na minha colega. Primeiro bateu-
lhe nas mãos, depois mandou-a tirar os sapatos para poder bater nos pés e a seguir
chamou quatro rapazes fortes da turma para poder bater-lhe no rabo. Dois rapazes
pegavam nos pés e os outros dois nas mãos. Ela chorava muito. Depois o professor
mandou uns colegas meus irem buscar pedras grandes e pequenas e fez um monte
com as pequenas. Disse à minha colega para ficar de joelhos em cima das pedras,
mandou-a estender os braços e pôs uma pedra grande em cada braço. Ela ficou horas
sem se mexer. Esse foi o pior dia da minha vida. Nunca irei esquecer aquilo que
passei e sofri no meu país.

(Rosa é um nome fictíco, mas esta é uma história real)

Campanha de Acção Global pela Educação


Escola Básica 2,3 Luís de Sttau Monteiro
CEF de Cozinha
História de uma Vida
Sou a Maria e vivi até há bem pouco tempo em Cabo
Verde.

Na minha escola não tinha possibilidade de tirar boas notas; para ir à


escola às vezes não tinha sapatos para usar, nem dinheiro para pagar
transporte. Às vezes ia a pé para a escola, porque a minha mãe não tinha
possibilidade de arranjar dinheiro. O trabalho dela era tirar areia na
praia para a construção. Ela ficava à noite à espera que aparecesse
comprador para comprar a areia, para ela ter dinheiro.

A nossa casa era velha e não tinha cama para todos. Alguns dormiam no
chão, o que não era confortável, mas era aquilo que tínhamos. A nossa
casa já estava a cair aos pedaços. Pedimos ajuda à Câmara, eles foram lá
e ficaram a gozar com a casa que tínhamos. A minha mãe esforçou-se
muito e conseguimos arranjar a nossa casa e a nossa vida também.

Se todos se esforçarem muito por aquilo que vale muito e que precisam
muito vão chegar lá. Depois que eu vi a minha mãe a esforçar-se muito
para os filhos (nós também ajudamos naquilo que podemos) eu vi que
nada é impossível!

(Maria é um nome fictício, mas esta é uma história real)

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Escola Básica 2,3 Luís de Sttau Monteiro
CEF de Cozinha

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