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Das Obrigações Solidárias

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DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

Sumário: 10.1 – Apresentação e definição. 10.2 – Requisitos


essenciais da solidariedade. 10.3 – Vantagens da solidariedade.
10.4 – Fontes da solidariedade. 10.5 – Modalidades da
solidariedade. 10.6 – Espécies de solidariedade. 10.6.1 –
Solidariedade ativa. 10.6.2 – Efeitos da solidariedade ativa. 10.6.3
– Extinção da solidariedade ativa. 10.6.4 – Solidariedade passiva.
10.7 – Renúncia à solidariedade.

10.1 APRESENTAÇÃO E DEFINIÇÃO

Um contrato de locação contém em geral a seguinte


declaração referente ao fiador: O Sr. Fulano de tal obriga-se como
fiador e principal pagador, solidariamente responsável com o devedor
até a entrega das chaves. Se não existisse essa cláusula, o fiador teria
o direito de, por ocasião da demanda do pagamento da dívida, exigida
pelo credor, impor que fossem primeiramente executados os bens do
afiançado, com base no benefício de ordem estatuído no art. 827 do
CC, que assim diz: “O fiador demandado pelo pagamento da dívida
tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro
executados os bens do devedor”.

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Direito das Obrigações – Parte Geral

Mas, desse benefício não se aproveita o fiador quando o


contrato contém a cláusula supramencionada (CC, art. 828, II), pois,
obrigando-se o fiador como devedor solidário, ocorre a renúncia
expressa do benefício de ordem. Por essa razão o TJMG decidiu certa
vez que “não pode o fiador invocar o benefício de ordem a que se
refere o artigo 1.491 (novo, art. 827) do Código Civil, se tiver
renunciado ao mesmo, o que ocorre quando assume no contrato a
posição de principal pagador e devedor solidário” (in RT 487/163).
Confira, ainda, pelo seguinte aresto: “Não se admite chamamento ao
processo de execução dos co-fiadores e do afiançado, pois o
exeqüente pode escolher entre os coobrigados, o que quer acionar,
tendo em vista existir solidariedade entre eles” (in RT 723/226).
Inexistindo, pois, a preferência da execução em bens do
afiançado, a característica principal da fiança é a solidariedade.
Através da solidariedade, o credor poderá escolher qualquer um dos
devedores ou ambos conjuntamente e exigir a dívida toda. Este
princípio está no Código Civil que define a solidariedade no parágrafo
único do art. 264, in verbis:

“Há solidariedade, quando na mesma obrigação


concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada
um com direito, ou obrigado, à dívida toda”.

Esta definição de solidariedade oferecida pelo nosso legislador


indica que na mesma obrigação, concorrendo pluralidade de credores
ou de devedores, qualquer um destes é obrigado à dívida toda, ou
qualquer um daqueles pode exigi-la por inteiro. Portanto, a
solidariedade, como a indivisibilidade, só se situa onde há vários
sujeitos ativos ou vários sujeitos passivos, ou vários credores e vários
devedores simultaneamente (obrigações complexas).
Retornando ao caso acima do fiador ser responsável pelos
encargos da locação não pagos pelo locatário e compelido pelo
credor a pagá-los por inteiro, tem-se que a solidariedade diz respeito
ao cumprimento da obrigação e não à responsabilidade. É que a
solidariedade não lhe tira o direito de voltar-se contra o inquilino,
devedor principal, para exigir a obrigação que pagou, e exigi-la por

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inteiro. É o que se extrai da dicção textual do art. 80 do CPC, verbis:


“A sentença, que julgar procedente a ação, condenando os
devedores, valerá como título executivo, em favor do que satisfizer
a dívida, para exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou de cada
um dos co-devedores a sua cota, na proporção que lhes tocar”.

Diante do que já se expôs, parece-me ter ficado evidente que


na solidariedade, o credor pode exigir de qualquer devedor solidário o
cumprimento integral da prestação, porque qualquer deles é devedor
de toda a dívida. Após o cumprimento da prestação, poderá exigi-la,
por inteiro, do devedor principal.

10.2 REQUISITOS ESSENCIAIS DA


SOLIDARIEDADE

Reexaminando a definição legal estampada no parágrafo único


do art. 264 do CC, acima transcrito, concluímos pela existência de
dois requisitos essenciais:
A) PLURALIDADE DE SUJEITOS (ATIVOS OU
PASSIVOS);
B) UNIDADE DE PRESTAÇÃO.

Pluralidade de sujeitos - No que concerne à multiplicidade de


sujeitos (ativos ou passivos), já relatamos anteriormente, serem eles
requisito essencial da solidariedade. Não existe solidariedade entre um
só credor e um só devedor. Por isso, deve haver a concorrência de
mais de um credor, ou de mais de um devedor ligados pelo vínculo da
solidariedade, de modo que qualquer dos credores ou qualquer dos
devedores pode reclamar a totalidade da prestação. Vale dizer,
qualquer credor pode demandar exigindo a prestação por inteiro, ou
cada devedor é obrigado a satisfazer a totalidade da dívida.
Unidade das prestações - A existência de unidade na
prestação é também a característica principal da solidariedade, pois é
por meio dela que um dos credores tem a prerrogativa de exigir o

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pagamento total do débito, ou qualquer devedor é obrigado ao


pagamento integral da dívida. Por conseguinte, além da pluralidade
subjetiva, é mister que haja unidade de prestação (prestação
incindível78). Se fosse permitida a prestação parcelada, não haveria
solidariedade, porque haveria tantas obrigações quanto credores ou
devedores. Portanto, a solidariedade como a indivisibilidade,
decorrem da indivisibilidade do objeto da obrigação (por vontade das
partes ou por natureza, ou ainda, por lei).
Por certo que a divisibilidade da obrigação não se confunde
com a solidariedade, pois em uma relação obrigacional poderá existir
solidariedade e o objeto da obrigação ser divisível por natureza, como
mostra o art. 271 do CC: “Convertendo-se a prestação em perdas e
danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade”. Mas,
existindo a solidariedade, mesmo sendo a prestação por natureza
divisível, ela passa a existir por vontade das partes ou por lei,
ocasionando o surgimento da unidade da prestação, ou seja, cada
devedor responde por inteiro ou cada credor pode exigir a prestação
integral. Analise as palavras do Prof. Caio Mário da Silva Pereira
sobre o assunto em tela: “É da essência da solidariedade que numa
obrigação em que concorram vários sujeitos ativos ou vários sujeitos
passivos haja unidade de prestação, isto é, cada um dos credores tem
o poder de receber a dívida inteira, e cada um dos devedores tem a
obrigação de solvê-la integralmente”.79
Portanto, não podendo o credor ser compelido a cindir80 o
crédito nem o devedor a fracionar o débito, a natureza da
solidariedade está na unidade objetiva que resulta na demanda, por
parte do credor, de receber de qualquer dos devedores a prestação
inteira, ou na obrigação do devedor de pagar a coisa devida por
inteiro. Este princípio está baseado na teoria unitarista defendida pela
maioria dos escritores modernos, entre eles, Clóvis Beviláqua, Serpa
Lopes e Tito Fulgêncio. Esta teoria tem por fundamento a unidade de
vínculo concentrada em um só objeto devido, independentemente da

78
Incindível = indivisível.
79
Ob. e vol. cits., p. 58.
80
Cindir = dividir.

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pluralidade de sujeitos, de modo que, o pagamento devido extingue o


único vínculo ou exonera o devedor para com os demais credores
solidários. A teoria unitarista surgiu em oposição à doutrina pluralista,
cujos defensores entendem existir multiplicidade de vínculo
obrigacional, tantos quantos sejam os sujeitos ativos ou passivos
reunidos em uma única relação jurídica. Contudo, ambos visam ao
mesmo fim: a unidade de prestação.
Resumindo: a teoria unitária afirma que os sujeitos da
obrigação se acham ligados por um só vínculo, enquanto que a
pluralista sustenta haver tantas obrigações quantos os credores ou
devedores e, conseqüentemente, tantos vínculos quantos forem os
sujeitos ativos ou passivos. Mas o objetivo de ambas é um só:
qualquer dos devedores pode ser compelido ao atendimento integral
do débito. Ante o exposto, é inútil aprofundar a questão da natureza
jurídica da solidariedade, já que por força da existência dessas duas
teorias, jamais chegaremos a uma conclusão única. Para pleno
conhecimento do assunto, examine a monografia de Regina Gondin:
“Natureza Jurídica da Solidariedade”.

10.3 VANTAGENS DA SOLIDARIEDADE

Quando um fiador assina um contrato de locação declarando-


se solidariamente responsável com o afiançado, ou um avalista assina
um título de crédito, o credor passa a ter uma garantia a mais.
Conseqüentemente, o credor, para receber a dívida toda tem a
prerrogativa e o direito subjetivo de acionar, escolhendo apenas um,
ambos ou quantos devedores existirem ao mesmo tempo, à procura
de quem tenha patrimônio suficiente para responder pela obrigação
prometida. Nenhum esforço de exegese81 será necessário para
concluir que o instituto da solidariedade é de enorme vantagem,
principalmente em relação à solidariedade passiva (pluralidade de
devedores), tendo por finalidade precípua garantir os interesses do

81
Exegese = comentário para esclarecimento ou “interpretação” minuciosa de um
texto, de uma palavra, ou da Bíblia.

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credor. Se um banco, por exemplo, empresta uma quantia a um


empresário sem exigir a participação solidária de uma terceira pessoa
(avalista), sujeitar-se-á a um prejuízo, caso o empresário entre em
concordata. Se exigir o aval, por exemplo, dos sócios, poderá então
demandá-los com base no instituto da solidariedade, cujo escopo
principal é assegurar o resgate do débito, pois os devedores estão
sujeitos ao pagamento total da dívida solidariamente assumida. A
propósito, o tribunal já decidiu que “o avalista é solidariamente
responsável para com o portador da cambial, que não está adstrito a
observar a ordem por que sacadores, aceitantes, endossantes ou
avalistas se obrigaram (Lei Uniforme, art. 47, II). Se o sacador da
cártula se encontra em regime de concordata, tal regime não alcança o
avalista. A obrigação cambiária permanece intacta” (in RT 610/223).

10.4 FONTES DA SOLIDARIEDADE

“A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da


vontade das partes”(CC, art. 265).
1) DA LEI
Quem exerce o poder familiar responderá pelos atos do filho
menor, desde que este seja maior de dezesseis e menor de 18 anos.
Veja o art. 932, I, do CC: “São também responsáveis pela
reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob
sua autoridade e em sua companhia”. Por isso, é comum a seguinte
decisão: “O lesado por ato ilícito de menor púbere pode promover a
ação de reparação somente contra o menor, por força do art. 156 CC-
16, como pode intentá-la somente contra os pais, como também
promovê-la contra pais e filhos” (in RT 726/221). É que, em alguns
casos, a solidariedade é indicada por lei, consoante mostra o art. 932,
I, transcrito acima.
Outra situação: O 2.º TACivSP já decidiu também que o “art.
1.º, § 5.º, da Lei 6.649/79 (hoje art 2.º da Lei 8.245/91 - Lei do
Inquilinato) estabelece a solidariedade ativa e passiva no caso de
pluralidade de locadores ou de locatários quando omisso o contrato”.

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Interessante a transcrição deste acórdão: “Condômino do imóvel


locado ajuizou ação de despejo por falta de pagamento, mas a
sentença de primeiro grau julgou-o carecedor do pedido, quer por
não ser ele o “titular por inteiro do interesse primário ou de direito
substancial”, quer por vir o réu pagando os aluguéis a outros
condôminos.
Apela o vencido, insistindo na procedência da ação, alegando
que o locatário pagou aluguel a condôminos que não representam
50% do bem comum, ao invés de pagar a ele, que figurou como
locador no contrato de locação.
O recurso foi recebido, respondido e preparado. Eis o
relatório.
Data venia, foi equivocadamente decretada a carência da
ação, sob o fundamento de não ser o autor titular por inteiro do
interesse postulado, pois o § 5.º do art. 1.º da Lei 6.649/79 estabelece
a solidariedade ativa e passiva no caso de pluralidade de locadores ou
de locatários, quando omisso o contrato (cf. Ap. 148.991, da 6.ª C.
deste Tribunal).
Assim, cada credor pode postular, por si, o reconhecimento da
prestação jurídica (cf. Tratado da Locação Predial Urbana, de
Rogério Lauria Tucci e Álvaro Villaça Azevedo, ed. Saraiva, 1980,
vol. I/49).
Tinha, pois, o apelante, legitimidade para o ajuizamento da
ação.
Ocorre, porém, que o réu vinha pagando normalmente o
aluguel avençado a outros condôminos, atendendo à notificação
extrajudicial recebida. Comprovado que o locatário vem efetuando
pagamento do aluguel exigido na inicial, a outros condôminos, o que
é reconhecido pelo apelante, elidida82 está a mora. Em outras
palavras, o locatário vem cumprindo a obrigação que lhe é imposta
pelo contrato de locação. Se o autor julga-se com direito de receber a
renda do imóvel só para si, é fato que não interessa ao locatário,

82
Ilidida = eliminada, suprimida.

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devendo a questão ser resolvida entre os condôminos.


Assentado que “o pagamento feito integralmente pelo devedor
a qualquer dos credores libera-o dos laços obrigacionais” (ob. e loc.
cits.), não há que se falar em cerceamento de defesa, por dispensável
a prova requerida pelo apelante” (in RT 581/154).
Veja-se, ainda, o clássico exemplo de uma obra causar danos
ao prédio vizinho. Serão solidários o dono da obra, o dono da
empresa construtora e o engenheiro responsável, por força expressa
do art. 942 do CC: “Os bens do responsável pela ofensa ou violação
do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado;
e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão
solidariamente pela reparação”.
A propósito, o Tribunal de Justiça de São Paulo já decidiu
pelo reconhecimento da “responsabilidade solidária do construtor e
do proprietário e na dispensa de prova de culpa pelos danos causados
a prédio vizinho” (in RT 474/72).
Serpa Lopes, analisando a solidariedade legal, ensina que ela é
uma espécie de solidariedade própria e passiva. É necessário, ainda,
para a sua existência, que haja uma disposição legal expressa ou
“quando as circunstâncias forem tais que a imponham
inevitavelmente”.83 Portanto, a solidariedade legal se apresenta
sempre expressa em lei. Transcrevemos alguns textos de lei
demonstrativos:
Art. 585 do CC: “Se duas ou mais pessoas forem
simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão
solidariamente responsáveis para com o comodante”.
Art. 680 do CC: “Se o mandato for outorgado por duas ou
mais pessoas, e para negócio comum, cada uma ficará
solidariamente responsável ao mandatário por todos os
compromissos e efeitos do mandato, salvo direito regressivo,
pelas quantias que pagar, contra os outros mandantes”.
Art. 1.393 do CC-16: “O sócio que recebeu de outro lucros

83
Ob. e vol. cits., p. 138.

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ilícitos, conhecendo ou devendo conhecer-lhes a


procedência, incorre em cumplicidade, e fica obrigado
solidariamente a restituir”.
Art. 867 do CC: “Se o gestor se fizer substituir por outrem,
responderá pelas faltas do substituto, ainda que seja pessoa
idônea, sem prejuízo da ação que a ele, ou ao dono do
negócio, contra ela possa caber.
Parágrafo único. “Havendo mais de um gestor, solidária
será a sua responsabilidade”.
Art. 932 do CC: “São também responsáveis pela reparação
civil: I - Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob
sua autoridade e em sua companhia”.
Não será demais, reiterar que o que dá origem aos direitos
subjetivos, como fonte das obrigações, é sempre um fato jurídico. É
que, “do direito objetivo – escreve Maria Helena Diniz – não surgem
diretamente os direitos subjetivos; é necessária uma força de
propulsão ou causa, que se denomina fato jurídico”. Continua
explicando: “Somente a ocorrência de um fato qualificado gera uma
obrigação, ou seja, apenas o fato, estribado no direito objetivo, dá azo
a que se crie a relação obrigacional, que atinge o indivíduo em sua
liberdade, restringindo-a, para torná-lo vinculado ao poder de outra
pessoa”.84
2) DA VONTADE DAS PARTES:
O fiador que nada tem a ver com a dívida, torna-se
responsável por ela ao se declarar, por vontade própria, devedor
solidário, no contrato, não podendo utilizar-se do benefício de ordem,
caso seja acionado antes ou concomitantemente com o seu afiançado.
Essa vinculação ocorreu, como vimos, através de sua vontade
expressa, renunciando ao benefício de ordem. “Internado o paciente
em aposento particular para tratamento de emergência, a assinatura
do pai no termo apresentado pelo hospital estabeleceu a solidariedade
passiva” (in RT 641/221).

84
Curso de Dir. Civil Brasileiro, 3.º volume, Saraiva, S. Paulo, 1986, p. 3.

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Portanto, a lei é expressa no sentido de que a solidariedade


não se presume (CC, art. 265); resulta da lei ou da vontade das
partes. Não há solidariedade presumida ou tácita, ela somente existirá
quando determinada por lei, ou quando manifestada expressamente
pela vontade das partes.
Darcy Arruda Miranda esclarece que “quando oriunda da
vontade das partes, deve ser cumpridamente provada, embora não se
exijam para evidenciá-la palavras expressas, bastando as cláusulas
contratuais”85. “A expressão avalista lançada em contrato de
financiamento não lhe é própria, mas tal irregularidade não contamina
o grau e o caráter da solidariedade passiva, não desnaturando a
obrigação, vez que inserta no contrato, cláusula onde o garante
manifesta concordância com todos os termos do contrato,
responsabilizando-se incondicionalmente com o devedor de maneira
irretratável pelo total cumprimento das obrigações assumidas, o que
representa, na quadra científica, efetiva solidariedade passiva, pois
concorrem na totalidade pela dívida, consubstanciando-se o princípio
inserto nos arts. 896 e 904 do CC-16” (in RT 719/143).

10.5 MODALIDADES DA SOLIDARIEDADE

Condição (como já vimos em nosso primeiro volume deste


curso, capítulo 21), é uma cláusula aposta, pela vontade das partes,
ao negócio jurídico, que sujeita seus efeitos a um evento futuro e
incerto, que pode ou não se verificar.
A obrigação solidária pode conter uma condição, um termo
ou um encargo. Normalmente, é pura e simples, ou seja, não contém
nenhuma condição, termo ou encargo. Veja, a propósito, o conteúdo
do artigo 266 do CC, in verbis:
“A obrigação solidária pode ser pura e simples para
um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a
prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro”.

85
Anotações ao Código Civil Brasileiro, 2,º vol., Saraiva, S. Paulo, 1983, p. 296.

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Das Obrigações Solidárias

Portanto, a obrigação solidária pode ser pura e simples em


relação a alguns dos sujeitos e conter uma condição ou até um prazo
em relação a outro. O importante é que a solidariedade não se altera
pela sua existência, não atingindo, por conseguinte, os outros co-
devedores e, assim, o credor poderá, em relação aos coobrigados não
atingidos pelas cláusulas apostas na obrigação, exigir o cumprimento
da dívida toda. Portanto, a condição ou o termo aposto na obrigação
solidária, em relação a um ou alguns coobrigados, não altera em nada
a solidariedade quanto aos não atingidos pela cláusula.
A condição ou o termo pactuado, após o estabelecimento da
relação obrigacional de natureza solidária passiva por um dos co-
devedores, não poderá agravar a posição dos outros. Estes não ficam,
pois, vinculados a tal ajuste. Por exemplo, se um concordar com a
antecipação do vencimento da obrigação, só a ele incide o novo
termo final. Tal princípio encontra-se no art. 278 do Código Civil:

“Qualquer cláusula, condição ou obrigação


adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o
credor, não poderá agravar a posição dos outros sem
consentimento destes”.

10.6 ESPÉCIES DE SOLIDARIEDADE


O artigo 264 do Código Civil determina a existência de
solidariedade quando, na mesma obrigação, concorrer mais de um
credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado à
dívida toda. O Código adotou, pois, a classificação baseada ora na
pluralidade de credores - solidariedade ativa, ora na pluralidade de
devedores - solidariedade passiva. Devemos analisá-las isoladamente:

10.6.1 Solidariedade ativa


A solidariedade ativa refere-se à pluralidade de credores em
uma mesma relação obrigacional, podendo qualquer um deles exigir,
por si só, toda a prestação prometida pelo devedor. É o que se extrai

135
Direito das Obrigações – Parte Geral

da dicção textual do art. 267 do CC, verbis: “Cada um dos credores


solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da
prestação por inteiro”. “Constituídos vários advogados no mesmo
mandato, configura-se a solidariedade ativa, tendo cada qual, nos
termos do art. 267 do CC, direito de exigir do devedor o
cumprimento da prestação por inteiro. Patente, assim, a legitimidade
ativa de qualquer dos mandatários para pleitear o arbitramento de
honorários de advogado” (in RT 655/116).
Portanto, a solidariedade ativa diz respeito aos sujeitos ativos
da obrigação. Na solidariedade ativa, cada um dos credores tem o
direito, não a obrigação, de exigir do devedor a prestação por inteiro.
Conseqüentemente, o pagamento feito pelo devedor a qualquer dos
credores extinguirá a dívida.

10.6.2 Efeitos da solidariedade ativa

1. O principal efeito da solidariedade ativa está previsto no


art. 267, transcrito anteriormente: Cada credor tem o direito de exigir
o cumprimento integral da obrigação.
Evidentemente, cada credor pode preferir receber apenas a
sua parte e, para tanto, não depende da anuência dos demais credores.

2. Vencida a prestação, o devedor comum tem a faculdade de


escolher a quem pagar. Se não o fizer e um dos credores propuser
ação judicial de cobrança, a faculdade da escolha desaparece e o
devedor só se libera da obrigação pagando integralmente a dívida ao
demandante. Veja a cristalina lição de Amílcar de Castro: “É claro
que o pagamento feito a qualquer dos credores solidários extingue
inteiramente o débito (art. 900 – novo, art. 269 - do CC), mas é
também certo que, se um dos credores demandar o devedor, àquele
deve este pagar, visto que o autor, exercendo seu direito de ação,
previne o exercício de igual direito pelos outros. O vínculo jurídico
que a relação processual estabelece entre o credor solidário e o juiz e
entre este e o devedor acionado, denomina-se prevenção. Uma vez
citado, o devedor já não pode pagar validamente a não ser a quem o

136
Das Obrigações Solidárias

fez citar (art. 899 – novo, art. 268 - do CC), salvo o caso de
perempção do processo; por conseguinte, não poderá o executado
livrar-se da execução, pagando a outro credor que não seja o
exeqüente, que é o responsável pela execução perante os demais
credores (art. 903 – novo, art. 272 - do CC)”86.

3. O credor que receber o pagamento, responderá, por sua


vez, aos outros pela parte que cabe a eles. O mesmo se dará se um
dos credores perdoar a dívida, extinguindo-se esta para o devedor e
tornando-se o remitente responsável perante os outros pela parte que
lhes caiba (CC, art. 272).

4. Se um dos credores solidários falecer e deixar herdeiros,


desaparece a solidariedade para estes porque não poderão exigir a
prestação inteira, e sim cota do crédito que corresponder ao seu
quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. Analise o
conteúdo do art. 270 do CC: “Se um dos credores solidários falecer
deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e
receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível”. Significa que os
herdeiros somente poderão cobrar do devedor comum a cota
correspondente ao seu quinhão hereditário.

5. “Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste a


solidariedade, e em proveito de todos os credores correm os juros de
mora” (CC, art. 271). A conversão em perdas e danos se dá quando
houver o inadimplemento da obrigação por parte do devedor e, assim,
qualquer dos credores poderá cobrar as perdas e danos integralmente.

10.6.3 Extinção da solidariedade ativa

O pagamento feito pelo devedor a qualquer dos credores


solidários extinguirá a dívida. É o que deflui do art. 269 do CC: “O
pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até

86
Ob. e vol. cits., p. 11.

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Direito das Obrigações – Parte Geral

o montante do que foi pago”.


“O mesmo efeito resulta da novação, da compensação e da
remissão” (parágrafo único do art. 900 do CC-16), pois são meios de
extinguir a obrigação.

10.6.4 Solidariedade passiva


O avalista que assina uma nota promissória declara-se
solidariamente responsável com o devedor principal. Trata-se de um
tipo de solidariedade passiva em que os devedores encontram-se
coobrigados solidariamente a pagar ao credor a quantia prevista pelo
título. Segundo Carvalho Santos, “cada um responde in totum et
totaliter como se fosse um só devedor”.87 Assim, o credor poderá
exigir de qualquer dos dois devedores toda a quantia devida.
O princípio da solidariedade passiva, entre devedores, faz com
que cada devedor responda pela prestação na sua totalidade.
Ao credor não importa quem pague. Interessa-lhe que seja
pago por qualquer um dos devedores.
Dá-se a solidariedade passiva quando, na mesma relação
obrigacional com pluralidade de devedores, cada um deles está
obrigado ao cumprimento da prestação por inteiro, como se fosse o
único devedor. Conseqüentemente, o credor tem a faculdade de exigir
e obrigar de um ou de alguns ou ainda, de todos conjuntamente, o
cumprimento parcial ou total da dívida comum.
Se o credor escolher para acionar apenas um dos devedores
solidários e não for bem sucedido ou não conseguir receber a
totalidade do seu crédito, poderá acionar os demais, visto que o
recebimento parcial ou a demanda contra um não quebra a
solidariedade, ou seja, ela continua subsistindo. “O credor tem o
direito a exigir e receber de um ou alguns dos devedores, parcial ou
totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, -
finaliza o art. 275 do CC - todos os demais devedores continuam
obrigados solidariamente pelo resto”. Medite-se, a propósito, sobre
87
Ob. cit., vol. II, p. 225.

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Das Obrigações Solidárias

a lição do saudoso Prof. Orlando Gomes: “Cabe a escolha ao credor.


A pretensão pode ser exercida, no entanto, contra todos os devedores
ou contra alguns, se o credor não quiser dirigi-la apenas contra um. A
escolha não implica, de modo algum, concentração de débito. Se o
escolhido não satisfizer o pagamento integral da dívida, o credor tem
direito a voltar-se contra os outros, conjunta ou isoladamente”.88
Se um dos devedores pagar a dívida, terá direito de regresso
contra os demais, isto porque, como ensina novamente o Prof.
Orlando Gomes, “na relação interna, a solidariedade passiva rege-se
pelo princípio de que o devedor, que paga, tem direito regressivo
contra os demais, para haver, de cada qual, a parte que lhe
corresponde na obligatio. A lei presume a igualdade de quotas.
Opera-se, desse modo, uma espécie de sub-rogação, pleno jure.
Justifica-se o direito de regresso pela idéia de fim comum, que preside
a constituição da solidariedade passiva. Qualquer que seja, porém, o
fundamento desse direito de reversão, é por todos reconhecido e
participa da essência da solidariedade passiva, tal como a concebe o
direito moderno”.89 Elucidativo, por oportuno, o art. 80 do CPC, in
verbis: “A sentença, que julgar procedente a ação, condenando os
devedores, valerá como título executivo, em favor do que satisfizer
a dívida, para exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou de cada
um dos co-devedores a sua quota, na proporção que lhes tocar”.
Em conclusão, o devedor que satisfaz a dívida, tem direito de
exigir, de cada um dos demais coobrigados, a sua cota. Se, por acaso,
um dos co-devedores encontrar-se em insolvência, a parte deste é
dividida entre todos os demais. Todas essas situações estão previstas
pelo art. 283 do Código Civil, nos seguintes termos:
“O devedor que satisfez a dívida por inteiro, tem
direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota,
dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o
houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos
os co-devedores” .
O artigo seguinte completa:

88
Obrigações, 4.ª, p. 83.
89
Ob. cit., p. 83.

139
Direito das Obrigações – Parte Geral

“No caso de rateio, entre os co-devedores,


contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo
credor, pela parte que na obrigação incumbia ao
insolvente”.

A lei ainda oferece solução para a hipótese da prestação se


impossibilitar, por culpa de um dos devedores solidários: todos
continuam a dever o pagamento pelo equivalente, “mas pelas perdas
e danos só responde o culpado” (CC, art. 279).
Havendo juros de mora, a responsabilidade é comum,
respondendo todos por seu pagamento, mesmo se a ação for proposta
somente contra um deles. Contudo, se a culpa pelo atraso couber a
um dos co-devedores, responde o culpado, pelos outros, pela
obrigação acrescida (CC, art. 280).
Ao tratar das causas modificativas ou extintivas da
solidariedade, a lei focaliza o caso de um dos co-devedores morrer,
deixando herdeiros: Cada um destes só será obrigado a pagar a quota
correspondente ao seu quinhão hereditário, exceto se a prestação for
indivisível. “Se um dos devedores solidários falecer - diz o art. 276
do CC - deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar
senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo
se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão
considerados como um devedor solidário em relação aos demais
devedores”.
Um exemplo esclarece melhor e, para tanto, recorremos do
exemplo fornecido por Levenhagen: “Augusto, Rafael e Fernando
devem, solidariamente, a João a quantia de R$ 18.000,00 reais.
Augusto vem a falecer, deixando como seus únicos herdeiros três
filhos: Gabriel, Orlando e Álvaro. Esses não serão obrigados a pagar
senão R$ 2.000,00 reais cada um. Não ficarão obrigados a pagar a
totalidade da dívida solidária (R$ 18.000,00 reais) como competia a
Augusto seu pai”.90
10.7 RENÚNCIA À SOLIDARIEDADE
90
Ob. e vol. cits. P. 66.

140
Das Obrigações Solidárias

Renúncia importa num abandono ou desistência do direito que


se tem sobre alguma coisa. “O credor pode renunciar à
solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores”
(CC, art. 282). Portanto, a renúncia pode ser total ou parcial.
1) Quando total, a solidariedade desaparece e a obrigação se
divide em tantas outras quantos forem os devedores.
2) Se houver a renúncia da solidariedade e não da dívida em
favor de um dos co-devedores, abate-se a parte correspondente do
beneficiado, podendo o credor cobrar de cada um dos demais
devedores a totalidade do saldo com a desistência da solidariedade.
Transcrevemos o parágrafo único do artigo 282 do Código Civil
correspondente a este princípio:
“Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais
devedores, subsistirá a dos demais”.

Trata-se, pois, da renúncia parcial. Em que a relação jurídica


existente se biparte: Uma delas se transforma em obrigação simples;
para as demais, continua a solidariedade.

JURISPRUDÊNCIA

1. “O lesado por ato ilícito de menor púbere pode promover a


ação de reparação somente contra o menor, por força do art. 156, como
pode intentá-la somente contra os pais, como também promovê-la contra
pais e filho” – RT 726/221. No mesmo sentido: RT 697/160, 673/89.
2. “Firmada a locação em nome de duas pessoas, cada qual passa
a ser responsável pela totalidade dos alugueres junto ao senhorio, exceto
havendo cláusula contratual em sentido contrário” – RT 722/224.
3. “Na ação de indenização contratual, assim definida aquela
aforada pelo credor contra o fiador da relação ex locato, a reparação só

141
Direito das Obrigações – Parte Geral

não pode ultrapassar o prometido em cláusula contratual, não se


cogitando de prévio exame do comportamento do devedor principal.
Ademais, busca o autor impor exato cumprimento das cláusulas
onde os fiadores assumiram obrigação solidária pelo total desempenho
da avença e daquela que estabelece responsabilidade pela conservação e
reparação de danos” – RT 710/98.
4. “A solidariedade prevista no art. 2.º da Lei 8.245/91 diz
respeito às obrigações patrimoniais decorrentes do contrato de locação,
estabelecendo que qualquer dos locatários é responsável pela satisfação
dos alugueres e demais encargos locatícios. Do mesmo modo, em se
cuidando de mais de um locador, poderá o locatário efetuar o
pagamento dos alugueres a qualquer dos locadores” – RT 705/162.
5. “Havendo um único imóvel locado, através de um só contrato,
e dois locatários, pode o locador demandar a ambos ou a qualquer um
deles, pois cada um dos locatários é responsável pela integralidade da
obrigação” – RT 697/112.
6. “É extensivo ao avalista o benefício da anistia da correção
monetária do débito previsto no art. 47 das “Disposições transitórias”
da CF diante da obrigação solidária por ele assumida no título de
crédito originário” – RT 670/92.
7. “Se o violador do direito ou causador do prejuízo não é uma
pessoa, mas um grupo de pessoas, estão todas e cada uma de per si
obrigadas a reparar integralmente o dano. Nada obstante, aquele que
pagar por inteiro a dívida comum poderá exigir do co-devedor a sua
cota” – RT 660/134.
8. “Constituídos vários advogados no mesmo mandato,
configura-se a solidariedade ativa, tendo cada qual, nos termos do art.
898 do CC, direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por
inteiro. Patente, assim, a legitimidade ativa de qualquer dos mandatários
para pleitear o arbitramento de honorários de advogado” – RT 655/116.
9. “A empresa locadora direta de serviços médico-hospitalares,
credenciando médicos e nosocômios para suprir as deficiências de seus
próprios serviços, compartilha da responsabilidade civil dos
profissionais e hospitais que seleciona. A medida de sua culpa deve ser
avaliada no processo e pode responder sozinha pela ação, pois, em
matéria de ato ilícito, a responsabilidade dos co-autores do delito é
solidária e o credor pode escolher, entre os co-responsáveis, aquele que

142
Das Obrigações Solidárias

mais lhe convier.


Muitas entidades de prestação de serviços médicos, após
conquistarem o público com a oferta de atendimento completo e de uma
decantada perspectiva de vida despreocupada quanto a essa parte, tudo
fazem para se esquivar do compromisso assumido. Assim sendo, aos
juízes cumpre não se deixarem seduzir pelos meneios da retórica
insinuante que esses esquemas já têm preparados” – RT 653/93.
10. “Internado o paciente em aposento particular para
tratamento de emergência, a assinatura do pai no termo apresentado
pelo hospital estabeleceu a solidariedade passiva” – RT 641/221.
11. “A fiança prestada conjuntamente por marido e mulher, se
inexistente a reserva do benefício de divisão, cai na regra da
solidariedade estipulada no art. 1.493 do CC. Assim, a morte de um
fiador não limita a garantia até a data de seu falecimento, já que não
incide a norma do art. 1.501 do mesmo Código quanto ao garante
solidário” – RT 635/168.
12. “A solidariedade existente entre correntistas de conta
bancária conjunta (e/ou) limita-se a estes e ao banco. Portanto, perante
terceiros, só responde pelo pagamento do cheque o correntista que o
emitiu” – RT 605/112.
13. “Pela violação de direitos autorais nas representações ou
execuções realizadas nos locais ou estabelecimentos aludidos no art. 73,
§ 1.º, da Lei 5.988/73, seus proprietários, diretores, gerentes,
empresários e arrendatários respondem solidariamente com os
organizadores dos espetáculos” – RT 652/63.
14. “Na hipótese de responsabilidade concorrente, uma de
natureza contratual e outra aquiliana, impõe-se a solidariedade, não
sendo possível a exclusão de uma das partes responsáveis” – RT
598/132.
15. “Comprovada a relação de emprego entre o condomínio e o
manobrista e tendo as circunstâncias em que ocorreu o evento revelado
que este se verificou por culpa do preposto, provocando uma sucessão
de colisões com outros veículos regularmente estacionados, não se pode
deixar de reconhecer a responsabilidade solidária do condomínio pelas
perdas e danos” – RT 576/125.
16. “A conta bancária em conjunto não acarreta

143
Direito das Obrigações – Parte Geral

responsabilidade solidária para o parceiro correntista na execução de


cheques emitidos sem a suficiente provisão de fundos desde que provado
não ter sido ele também emitente” – RT 574/236.
17. “Pertencendo a unidade condominial ao casal, a ação de
cobrança de despesas condominiais pode ser dirigida contra qualquer
um deles, ainda que separados judicialmente, pois não se trata de
litisconsórcio passivo necessário, uma vez que são solidariamente
responsáveis pelas despesas do imóvel” – RT 764/278.
18. “Havendo pluralidade de fornecedores de serviço haverá
solidariedade entre eles, visto que esta tem fundamento no bom
adimplemento dos contratos e não na culpa de um dos fornecedores.
Portanto, contratada hospedagem em hotel cinco estrelas e colocado à
disposição do consumidor estabelecimento de categoria inferior,
responde solidariamente tanto a empresa que intermediou a aquisição do
pacote turístico quanto a empresa responsável pela sua execução” – RT
746/218.
19. “Em ação de indenização decorrente de acidente de trânsito,
com veículo dirigido por menor de 17 anos (relativamente incapaz),
cedido por um colega, que estava em sua companhia, a responsabilidade
solidária somente pode ocorrer entre o pai e filho, se estivesse este
dirigindo veículo do próprio genitor, porém, esta solidariedade não
prevalece entre o pai do menor e um terceiro. Dessa forma, dilui-se
totalmente a responsabilidade do genitor” – RT 735/291.
20. “Não se admite chamamento ao processo de execução dos co-
fiadores e do afiançado, pois, o exeqüente pode escolher entre os
coobrigados, o que quer acionar, tendo em vista existir solidariedade
entre eles” – RT 723/226.
21. “Na prestação de serviços de impressão gráfica de material
para propaganda eleitoral, contratada por coligação partidária, a
responsabilidade no pagamento do serviço realizado se estende, por
solidariedade, a todos os partidos políticos integrantes da coligação, bem
como aos cândidos e adeptos, nos termos das Leis 4.737/65 e 9.100/95” –
RT 780/257.
22. “Em sede de acidente do trabalho, há evidente solidariedade
pelo pagamento de indenização ao acidentado entre o proprietário da
obra e o construtor, especialmente no caso em que o empregado estava
registrado em nome do primeiro e foi contratado por preposto do

144
Das Obrigações Solidárias

segundo” – RT 772/403.
23. “Segundo a Súm. 492 do STF, a empresa locadora de
veículos responde com o locatário, civil e solidariamente pelos danos,
pessoais ou morais, causado por este a terceiros, no uso do carro
alugado, porém poderá exigir a dívida do devedor principal, ou seja, o
responsável pelo ilícito, em sua integralidade” – RT 769/272.
24. “Todas as pessoas jurídicas envolvidas na consecução do
serviço contratado e sub contratado são solidária e civilmente
responsável perante parente de vítima de acidente fatal, com
fundamento na responsabilidade civil extracontratual” – RT 815/284.
25. “Embora os titulares da conta corrente conjunta sejam
credores solidários perante a instituição financeira, tal solidariedade não
se verifica quando um dos titulares da conta emite cheque sem suficiente
provisão de fundos” – RT 794/375.

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Direito das Obrigações – Parte Geral

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