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Abstract
The idea of this article appeared after teaching the discipline of Research in
Childhood and in the early years, where I saw the difficulty that students have to
build their design from childhood, because their concepts permeat the problems of
our children, so glaring in the current context. The beauty, joy, detachment, naive
for Children are being overshadowed by social and family neglect, abuse, violence
of any order, excluding the children to live with dignity, being impeded in their
fundamental rights. The discussions in this regard and the result obtained in the
final text of the students beacon me not only to speak of this experience and
through the words of scholarly rescue ideas that should in fact, represent the
children, raising the readers are parents or teachers, for a look more careful with
our children.
Resumo
A idéia desse artigo surgiu após ter ministrado a disciplina de Pesquisa na Infância
e nos Anos Iniciais onde pude constatar a dificuldade que os alunos tiveram em
construir sua concepção de Infância por terem seus conceitos atravessados pela
problemática de nossas crianças, tão gritante no contexto atual. A beleza, alegria,
desprendimento, ingenuidade da Infância estão sendo ofuscadas pela negligência
social e familiar, maus tratos, violência de toda ordem, excluindo as crianças de
viver com dignidade, sendo desrespeitada em seus direitos fundamentais. As
discussões a esse respeito e o resultado obtido nos textos finais dos alunos
balizaram-me não só a falar dessa experiência e através das palavras dos
acadêmicos resgatar idéias que deveriam de fato, representar a infância,
sensibilizando os leitores, sejam pais ou educadores, para um olhar mais
cuidadoso com nossas crianças.
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Em meio a tanta violência, negligência, atrocidades, exploração a que todos
estamos expostos, sem distinção de cor, idade, classe social fico pensando naqueles cuja
vulnerabilidade lhes delega um lugar de risco independente de sua vontade, as crianças.
As situações a que estão expostas hoje, tráfico, exploração sexual, trabalho
infantil, drogadição, nos leva muitas vezes a esquecer a essência do que é ser criança,
como se não houvesse fronteira entre essa imprescindível fase da vida e o mundo
adulto. Essa preocupação pode ser vista numa citação de SNYDERS:
Eu queria uma (instituição) onde a criança não tivesse que saltar as alegrias da
infância, apressando-se, em fatos e pensamentos, rumo à idade adulta, mas onde
pudesse apreciar em sua especificidade os diferentes momentos de suas idades.
(SNYDERS, 1993, p.29).
“Infância para mim é brincar, descobrir coisas novas, fazer amigos sem pensar nas
diferenças; é sonhar, inventar as mais diversas brincadeiras, descobrir aos poucos o
que é certo e o que é errado, ter medo de tudo e ao mesmo tempo não ter medo de
nada.
Viver a infância e achar-se a pessoa mais importante, e que tudo deve ser feito para
que esteja sempre feliz; é não ter responsabilidades de adultos e principalmente ser
uma pessoa muito amada.”
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(M. G. S. F.)
“A infância deveria ser regada de afeto, amor, carinho, educação. Passamos por
brincadeiras, acidentes, uns graves outros nem tanto, surpresas, viagens, passeios,
algumas perdas de pessoas, animais queridos; descobre-se o mundo num dia; e no
outro não se sabe nada. A infância deveria ser como férias.”
(F.M.)
A Infância deveria ser como férias. Para mim, uma definição no mínimo original,
linda, digna de uma reflexão. Afinal o que representa a palavra férias? Paz, sossego,
diversão, aventura, quebra de rotina, relógio parado, telefone desligado, viagem,
encontro com pessoas queridas, balançar na rede, castelos na areia, e eu poderia seguir
enumerando infinitamente coisas bonitas e agradáveis, simples ou audazes, mas prefiro
resumir como sendo “ tempo de ser feliz”.
Outra concepção diz:
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Por que falar sobre isso? Justamente para ressaltar o quanto nós, adultos, temos
que cuidar da infância para que seja uma fase de luz que emana seus raios positivos nas
demais fases do desenvolvimento.
Muitas pessoas guardam na memória existencial, ou seja, no inconsciente, fatos
importantes de suas vidas, como se escondendo essas memórias o fato em si fosse
apagado. Boas ou ruins as experiências vividas podem ser re-significadas, mas não
deletadas como se fossem arquivos de computador. Estamos falando de memória
humana.
Conversando com pessoas que não lembram de sua infância o que constatei é que
todos sentem um vazio, como se tivesse ficado um buraco na sua história de vida.
Há os que gostariam de resgatar essas memórias na expectativa de encontrar
explicação para determinados comportamentos, mas alguns preferem deixar
adormecidas essas memórias com medo de resgatar lembranças que podem vir a revelar
sofrimento.
Outro aspecto marcante da infância é apontado na fala a seguir:
“Infância para mim é a melhor fase da vida, imagina ser inocente, não ter maldade,
ter liberdade, falar a verdade, expressar vontades. É uma fase da vida em que
sonhamos, acreditamos com fé, acreditamos no lúdico, e não questionamos, se
falarem que o Papai Noel vem, vamos esperar com certeza a noite toda, e mesmo
que nós não o vejamos, nós acreditamos que ele esteve ali e deixou o nosso tão
esperado presente.”
(H. S. S.)
Fantasia, outro ingrediente mágico para as crianças. Piaget define essa fase como
período simbólico.
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Escrevendo um artigo sobre a teoria básica de JEAN PIAGET, JOSÉ LUIZ PAIVA
BELLO, no site Pedagogia em Foco, coloca que:
“A infância é a melhor fase da vida. É nesta fase que fazemos muitas descobertas,
que sonhamos, acordamos e continuamos a viver fantasias. É ser herói e bandido
no mesmo dia.
É poder brincar sem ter hora marcada; correr, rir, pular até cansar. É ser livre para
poder sonhar; é ter amigos e viver num mundo que é só seu; é viver sem
preocupações.
Infância é à base do resto de nossa vida, é onde aprendemos valores que vão formar
nosso caráter; É quando fazemos escolhas. A infância é um mundo maravilhoso
onde não deveríamos achar o portão de saída, ou seja, não deveria ter idade para
acabar.”
(C. M.)
Ao longo dos textos das alunas vejo surgir diferentes idéias que vão se
complementando e trazendo a tona às várias faces da infância que na verdade são
indissociáveis, entrelaçando-se entre si e criando, no conjunto, a partir do pensamento e
olhar de cada um, a concepção que muitos teóricos apontam em seus estudos em relação
a esta etapa do desenvolvimento. Nesse sentido, além das características são lembrados
também os referenciais que contribuem não só para a vivência tranqüila do “ser
criança”, mas também para formar bases seguras para a vivência das próximas fases da
vida.
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Lendo uma pequena história que conta uma experiência vivida por ZIEGER, 2002,
pensei no esquecimento da infância de que fala o texto acima e não posso deixar de citá-
la porque é mais um referencial para fazermos a reflexão a qual me referi anteriormente.
Pautada nessas formas de pensar, entender e definir a infância, espero, com este
artigo, contribuir para que educadores, pais e leitores observem, falem, olhem, escutem
nossas crianças, superando a visão adultocêntrica que nos venda os olhos para a cultura
infantil, nos impedindo não só de aprender com o imaginário das crianças, mas
principalmente impedindo que esse imaginário se manifeste de forma a permitir um
crescimento emocional saudável, sem queimar etapas, fazendo com que elas busquem
significado para o mundo que as rodeia e no qual estão inseridas através de suas
próprias descobertas e da evolução natural de seus conceitos sem assassinar seus sonhos
com nosso desencantamento.
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