You are on page 1of 59

RESISTÊNCIA DE PLANTAS

DANINHAS À HERBICIDAS

Prof. Anderson Luis Cavenaghi


RESISTÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS À
HERBICIDAS

“é a capacidade herdável de uma planta sobreviver


e reproduzir após à exposição a um herbicida, que
normalmente seria letal para a população suscetível
da mesma espécie”

“plantas daninhas com capacidade de sobreviver e


reproduzir após a aplicação de doses de herbicidas
normalmente recomendados para seu controle”
Doses (g i.a./ha) correspondentes aos GR50 dos biótipos resistente (R)
e suscetível (S) de Euphorbia heterophylla e a relação R/S.

Herbicidas GR50
R/S
(inib. ALS) Resistente Suscetível
Cloransulan > 240 35 > 6,85
Imazethapyr 760 64 11,90
Imazaquin > 1200 167 > 7,18
Fonte: Gazziero et al. (1998)

Doses (g i.a./ha) correspondentes aos GR50 do biótipo de Bidens pilosa


resistente (R) e suscetível (S) aos herbicidas inibidores da ALS

Herbicida Resistente (R) Suscetível (S) R/S


Chlorimuron-ethyl 466,60 11,40 40,92
Nicosulfuron 2173,00 12,50 173,84
Metsulfuron-methyl 39,66 0,69 57,47
Imazethapyr 4402,00 77,00 57,16
Fonte: Christoffoleti (2002)
RESISTÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS À
HERBICIDAS
- Plantas daninhas apresentam ampla variabilidade
genética que permite sobreviver em uma grande
diversidade de ambientes – Plasticidade e adaptação

- Herbicida é o principal método de controle

- Nas últimas décadas têm-se observado seleção de


populações de plantas daninhas, a partir de biótipos
resistentes a alguns herbicidas (Christoffoleti, 1997)

- A evolução das plantas daninhas é conseqüência


da pressão de seleção
RESISTÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS À
HERBICIDAS

Resistance is not due to mutation


caused by herbicides; rather it arises
from the selection of natural mutation or
small pre-existing population of
resistant plants (selection pressure
exerted by herbicides) (Duke et al.,
1991)
RESISTÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS À
HERBICIDAS

Plantas resistentes ocorrem naturalmente em baixa


freqüência

Naturalmente as espécies suscetíveis são mais


competitivas que as espécies resistentes

A pressão de seleção exercida pelo herbicida


aumenta a freqüência das plantas resistentes
Aumento da freqüência do biótipo resistente devido à aplicações
repetidas e anuais do mesmo herbicida
Planta suscetível Planta resistente
Ano 1 Ano 2 Ano 3

População de plantas
daninhas antes da
aplicação de herbicida

População de plantas
daninhas depois da
aplicação de herbicida
Resistência cruzada x Resistência múltipla

Resistência cruzada:

¾ Resistência a diferentes herbicidas que têm o


mesmo sítio de ação e/ou mecanismo de ação

Resistência múltipla:

¾ Resistência a herbicidas não relacionados


quimicamente entre si e que apresentam
mecanismos de ação diferenciados
Picão Preto resistente a
inibidores da ALS

Pivot (imazethapyr)
e Classic (Chlorimuron-
ethyl)

Ambos atuam inibindo a


enzima ALS

RESITÊNCIA CRUZADA
Picão Preto tolerante a
inibidores da ALS

Stauzina (Atrazine)

Atua na inibição do
transporte de elétrons no
Fotossistema II

Se confirmado, pode ser


considerada uma
RESITÊNCIA MULTIPLA
Mecanismos de Resistência

Alteração no Sítio de Ação:

¾ Alterações no sítio de ação do herbicida podem ocorrer


quando as plantas sofrem mutação modificando a
seqüência de aminoácidos formadores das enzimas. A
troca de alguns aminoácidos pode levar a enzima a
perder a afinidade com o herbicida, evitando seu
bloqueio e funcionamento normal.
SUBSTITUIÇÃO NA SEQUÊNCIA DE AA DA ENZIMA
ALS

Reação de genótipos aos herbicidas

Suscetíveis Resistentes
Serina, arginina, leucina,
Prolina (173) isoleucina, Alanina, histidina,
glutamina e treonina.
Alanina (57) Treonina
Triptofano (552) Leucina
Alanina (183) Valina
79sp resistentes no mundo (Weed Science, 2003)
SUBSTITUIÇÃO DE AA EM PSII

Reação de genótipos aos herbicidas

Proteina na Fotossíntes D1
Relação com fotossíntese

Suscetíveis Resistentes
Valina (219) Isoleucina
Alanina (251) Valina
Fenilalanina (255) Tirosina
Serina (264) Alanina/glicina
Leucina (275) Fenilalanina

85sp resistentes no mundo (Weed Science, 2003) 64sp triazinas


Fenilala 265
OH R Glicina/Alanina
Serina 264
C – CH – CH – NH – CH – N LIGAÇÃO DO
HERBICIDA NA
PROTEÍNA D1
OH – CH2 H

Tirosina
Fenilala 255
CH3 N
CH3 - NH – C2H4
CH3

CH2
N N Herbicida Triazina

Cl

Proteína D1
Mecanismos de Resistência

Metabolização do herbicida

¾ Vários biótipos desenvolvem resistência aos


herbicidas devido à capacidade de degradar
rapidamente e/ou conjugar o herbicida com
componentes menos tóxicos.
Principais sistemas enzimáticos desintoxicadores

Catalase (CAT) 2 H2O2 = O2 + 2 H2O

Peroxidase (POD) donor + H2O2 = oxidized donor + 2 H2O

Monooxigenases (P450)

RH• + proteina reduzida + O2 = ROH + proteina oxidada + H2O

Herbicida
Fungicida
Glutationa reduzida Inseticida
Toxinas
R-Glutationa

Glutationa S-transferase
Mecanismos de Resistência

Compartimetalização do herbicida

¾ Neste caso a molécula do herbicida ou seus


compostos tóxicos podem ser armazenados no
vacúolo das células ou tecidos localizados
distantes dos sítios de ação.
Redução da concentração do herbicida no local de ação
(compartimentalização)

Cl N+ N+ Cl

e- Paraquat++ .
2O2 2H+ + 2H2O
Vacúolo

Paraquat 2O2 2H2O2


Cl N
. . N Cl
CONSEQUÊNCIAS DA RESISTÊNCIA

- Restrição ao uso de herbicidas com mesmo


mecanismo de ação;
- Perdas de produção e qualidade de produtos
agrícolas pela presença de plantas resistentes no
momento da colheita;
- Aumento do custo de produção para eliminação de
plantas resistentes;

NECESSIDADE DE ALTERAÇÃO NO SISTEMA DE


PRODUÇÃO
Fatores que afetam a evolução da resistência de
plantas daninhas a herbicidas

¾FATORES GENÉTICOS

¾ Freqüência inicial da resistência

¾ Dominância dos alelos resistentes

¾ Tipo de Fecundação

¾ Número de alelos resistentes

¾ Adaptação ecológica
¾FATORES GENÉTICOS

¾ Freqüência inicial da resistência

Quanto maior a freqüência inicial do biótipo


resistente, maior a probabilidade de aumentar a
proporção de indivíduos resistentes

Freqüência inicial normalmente encontrada para o


grupo químico das triazinas:
1 : 10.000.000.000

Freqüência inicial normalmente encontrada para os


inibidores de ALS:
1 : 1.000.000
Freqüência inicial do biótipo resistente

Anos para seleção da população resistente,


dependendo do grupo de herbicida

Grupo de herbicidas anos


Inibidores de ALS 4
Inibidores de ACCase 6-8
Inibidores da biossíntese de caroteno ~10
Inibidores da fotossíntese (Fotossistema II) 10 - 15
Inibidores da fotossíntese (Fotossistema I) 10 - 15
Inibidores da tubulina (Trifluralina) ~10 - 15
Auxinas sintéticas (2,4-D) ~20

Vidal & Fleck, 2005 – adaptado de Preston, 2003


¾FATORES GENÉTICOS

¾ Dominância dos alelos resistentes

A resistência aos herbicidas é na maioria das vezes


determinada por genes dominantes ou semi-
dominantes, localizados no DNA do núcleo da célula.

Transmitidos pelo grão de pólen para outro indivíduo


com possibilidade de produção de indivíduos também
resistentes.

Se a herança for maternal, somente uma geração de


indivíduos resistentes será produzida, mas todos os
indivíduos produzidos por esta planta será resistente.
¾FATORES GENÉTICOS

¾ Tipo de Fecundação

¾ Autógama ou Alógama

¾ Ambas produzem indivíduos resistentes, mas na


fecundação alógama a velocidade de dispersão e a
probabilidade de recombinação gênica podendo dar
origem a resistência multipla é muito maior.
MECANISMO DE AÇÃO X TIPO DE POLINIZAÇÃO
X DOMINÂNCIA DO ALELO

Mecanismo de Ação Polinização Dominância do alelo


Inibidores de ACCase Autógama - alógama Semidominante
Inibidores de ALS Autógama - alógama Dominante e Semi
Hormonais Alógama Dominante
Inibidores de PSI Autógama - alógama Dominante e Semi
Inibidores de PSII Autógama - alógama Maternal (Semi)
Inibidores da Tubulina Autógama Recessivo

Fonte: Vidal & Fleck, 1997.


¾FATORES GENÉTICOS

¾ Número de alelos resistentes

Quando a resistência depende de um único gene


(monogênica) a possibilidade desenvolvimento é
maior e mais rápida que a dependente de mais de um
gene (poligênica).
¾FATORES GENÉTICOS

¾ Adaptação ecológica

Capacidade que um biótipo possui, dentro de uma


população de plantas daninhas, em manter ou
aumentar sua proporção ao longo do tempo.

DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS NA FIXAÇÃO DE CO2 ENTRE BIOTIPOS R e S.


Espécie Parâmetro Biotipo R Biotipo S
Amaranthus hybridus mg CO2 dm-2h-1 66,0 82,5
Setaria vulgaris mg CO2 cm-2h-1 1,5 1,8
Amaranthus retroflexus mg CO2 dm-2h-1 17,8 41,7
Poligonum laptipholeum mg CO2 dm-2h-1 41,0 48,0
Bassica campestris mg CO2 cm-2h-1 1,7 2,0
Fatores que afetam a evolução da resistência de
plantas daninhas a herbicidas

¾FATORES BIOECOLÓGICOS

¾ Espécie

¾ Número de gerações por ano e taxa de reprodução

¾ Longevidade de sementes no banco de sementes

¾ Densidade da espécie

¾ Suscetibilidade da planta daninha ao herbicida


Fatores que afetam a evolução da resistência de
plantas daninhas a herbicidas

¾FATORES BIOECOLÓGICOS

RÁPIDO DESENVOLVIMENTO DA RESISTÊNCIA

Ciclo de vida curto


Elevada produção de semente
Baixa dormência da semente
Várias gerações reprodutivas por ano
Extrema suscetibilidade a um determinado herbicida
Grande variabilidade genética
Fatores que afetam a evolução da resistência de
plantas daninhas a herbicidas

¾FATORES AGRONÔMICOS

1. Característica do herbicida
- Grupo químico
- Residual
- Eficiência de controle
- Dose utilizada
- Característica do herbicida
Fatores que afetam a evolução da resistência de
plantas daninhas a herbicidas

¾FATORES AGRONÔMICOS

2. Práticas culturais
- Utilização exclusiva de herbicidas no
controle de plantas daninhas
- Uso repetitivo do mesmo herbicida ou
de herbicidas com o mesmo mecanismo
de ação
- Freqüência de aplicação
- Sistema de cultivo
Opções de manejo Baixo Moderado Alto

Mistura ou rotação
> 2 mec. de ação 2 mec. de ação 1 mec. de ação
de herbicidas

Formas de controle Cultural, mecânico


Cultural e químico Somente químico
de plantas daninhas e químico

Uso do mesmo mec.


Uma vez Mais de uma vez Muitas vezes
de ação por ciclo

Sistema de cultivo Rotação plena Rotação limitada Sem rotação

Resistência relativa
Desconhecida Limitada Comum
ao mec. de ação

Nível de infestação Baixo Moderado Alto

Controle nos últimos


Bom Decrescente Baixo
3 anos
Prevenção e controle do desenvolvimento de
biótipos de plantas daninhas resistentes aos
herbicidas

• Rotação de herbicidas com diferentes mecanismos


da ação

• Uso de misturas de herbicidas

• Observação de necessidade do uso de herbicidas

• Controle de plantas remanescentes após a


aplicação
Prevenção e controle do desenvolvimento de
biótipos de plantas daninhas resistentes aos
herbicidas

• Uso de herbicidas com residual curto

• Realizar observações antes e após aplicação de


herbicidas

• Adotar práticas de manejo integrado

• Adotar rotação de culturas


(flops e dims)
(imidazolinonas e sulfuniluréias)

(trifluralina)
(atrazinas)
(2,4D)
(Lniuron)
(paraquat)
(Glifosato)
HERBICIDE RESISTANT WEEDS OF BRAZIL
Species Common Name Year Herbicide Mode of
Click for details Action
1. Bidens pilosa Hairy Beggarticks 1993 ALS inhibitors

2. Bidens subalternans Beggarticks - B. 1996 ALS inhibitors


subalternans
3. Brachiaria plantaginea Alexandergrass 1997 ACCase inhibitors

4. Conyza bonariensis Hairy Fleabane 2005 Glycines

5. Conyza bonariensis Hairy Fleabane 2005 Glycines


6. Conyza canadensis Horseweed 2005 Glycines

7. Cyperus difformis Smallflower Umbrella 2000 ALS inhibitors


Sedge
8. Digitaria ciliaris Southern Crabgrass 2002 ACCase inhibitors

9. Echinochloa crus-galli Barnyardgrass 1999 Synthetic Auxins


0. Echinochloa crus-pavonis Gulf Cockspur 1999 Synthetic Auxins

1. Eleusine indica Goosegrass 2003 ACCase inhibitors

2. Euphorbia heterophylla Wild Poinsettia 1992 ALS inhibitors

4. Euphorbia heterophylla Wild Poinsettia 2004 ALS inhibitors


Multiple Resistance
PPO inhibitors
5. Euphorbia heterophylla Wild Poinsettia 2005 Glycines
6. Fimbristylis miliacea Globe Fringerush 2001 ALS inhibitors

7. Lolium multiflorum Italian Ryegrass 2003 Glycines

8. Parthenium hysterophorus Ragweed Parthenium 2004 ALS inhibitors

9. Raphanus sativus Raddish 2001 ALS inhibitors

20. Sagittaria montevidensis California Arrowhead 1999 ALS inhibitors

Copyright © 2005 WeedScience.org All rights reserved.


Fair use of this material is encouraged. Proper citation is requested.
ABSORÇÃO, TRANSLOCAÇÃO E
METABOLISMO DO GLYPHOSATE POR
PLANTAS TOLERANTES E SUSCETÍVEIS A
ESTE HERBICIDA

MONQUERO, P.A., CHRISTOFFOLETI, P.J., OSUNA, M.D. e


DE PRADO, R.A.

Planta Daninha,v. 22, n. 3, p. 445-451, 2004


Absorção de 14C-glyphosate por Commelina benghalensis,
Ipomoea grandifolia, Amaranthus hybridus e Glycine max
resistante (R) e susceptible (S) ao glyphosate.

100
absorvido
14C absorption

90
I. grandifolia
80
70 C. benghalensis
S
ja
60
% C-glyphosate

So

us
R

rid
ja
50
C. benghalensis
% glyphosate

So

b
hy
40
I. grandifolia
A.

30
A. hybridus
14

20 R G. max L.
10 S. G. max L.
0
2.00 4.00 8.00 12.00 24.00 48.00 72.00

Horas apóstreatment
Hours after tratamento
Monquero et al. (2002)
Cromatografia de camada fina das ceras epicuticulares com
os valores de Rf (hidrocarbonos (rf=0.9), éster (rf=0.8),
alcoóis secundários (rf=0,4), álcool primário (rf=0,1).

O glyphosate é predominantemente hidrofílico (ácido fraco)


+ lipofílica
- lipofílica

C. benghalensis I. grandifolia A. hybridus


Monquero et al. (2002)
Microscopia eletrônica da superfície foliar

C. benghalensis

I. grandifolia

A. hybridus Monquero et al. (2002)


DINÂMICA DO BANCO DE SEMENTES EM
ÁREAS COM APLICAÇÃO
FREQÜENTE DO HERBICIDA
GLYPHOSATE

MONQUERO, P.A. e CHRISTOFFOLETI, P.J.

Planta Daninha, v.21, n.1, p.63-69, 2003


A. hybridus (sementes/m2) nas
diferentes avaliações

700000 Testemunha
600000
0,36 kg/ha
Se m e nte s/ m 2

500000
400000 1,44 kg/ha
300000
2,88 kg/ha
200000
100000
0
1 2 3 4 5
Número de aplicações de glyphosate
C. benghalensis (sementes/m2) nas
diferentes avaliações
80000
Testemunha
70000
0,36 kg/ha
60000
1,44 kg/ha
Sementes/m 2

50000 2,88 kg/ha


40000
30000
20000
10000
0
1 2 3 4
Número de aplicações de glyphosate
RESISTÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS À
HERBICIDAS- AZEVÉM (Lollium multiflorum)

Fonte: Ferreira et al (2006) – Planta Daninha, v. 24, n° 2, p. 365-370, 2006.


RESISTÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS À
HERBICIDAS - (Eleusine indica)

Fonte: Vidal et al (2006) – Planta Daninha, v. 24, n° 1, p. 163-170, 2006.


RESISTÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS À
HERBICIDAS – BUVA (Conyza bonariensis)

Fonte: Vargas et al (2007) – Planta Daninha, v. 25, n° 3, p. 573-578, 2007.


BUVA (Conyza canadensis – C. bonariensis)
PÉ-DE-GALINHA (Eleusine indica)
MARMELADA OU PAPUÃ (B. plantaginea)
CAPIM-COLCHÃO (Digitaria ssp)

You might also like