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Escrito por Filipe A. B. Siviero
Segunda, 30 de Junho de 2008 17:19
Filipe A. B. Siviero*
1- O que é o direito?
O direito confia nos sinais para trazer uma eficaz comunicação. Tem caráter imaterial. O
direito para o homem de hoje mostra
-se como o poder de comandar, são mandamentos que estão longe da consciência
comum.
A Europa Continental nos últimos duzentos anos consolidou o vinculo entre o poder
político e o direito. O poder político transformado no Estado moderno controlador das
manifestações sociais e, com interesse para com o Direito. O Direito como o alicerce do poder.
Criou-se o mito da lei como resultado da vontade geral.
O ponto de partida do direito é a sociedade. É a partir dela que tudo é organizado, que
se produzem normas jurídicas. O produtor das normas tem como limite a vontade e o respeito
da complexidade social. Organização pressupõe coexistência de sujeitos diferentes. Ela procura
o bem de todos os indivíduos envolvidos através do controle social. Portanto, o direito não é
patologia é fisiologia.
O costume é não “furar” a fila, mas se ela for “furada” por uma pessoa, não há nada que
o direito possa fazer.
O direito é uma regra imperativa, determina comandos através das regras. Ele não se
origina delas, e sim de uma sociedade que se auto-ordena. Trata-se aqui de diminuir a
importância normativa e não de renegá-la. O direito vira comando quando se insere num
aparato de poder.
O combalimento do poder político estatal que determina a produção das leis traz
consigo a crise do legalismo, surgindo novas fontes do direito para a produção jurídica. Na
tentativa de preponderar o público sobre o privado, nesse universo jurídico, perdeu-se a
essência do direito. O direito está desfigurado de suas funções originárias. Diz-se que o Estado
quer adentrar os lares cada vez mais, numa tarefa de trazer a obediência de toda a sociedade.
2- A Vida do Direito
Numa nova fase, já no direito medieval, originou-se dum vazio estatal resultante da
queda do império romano e, por conseguinte o direito romano. O novo direito é pluralista,
consuetudinário. Apesar de se afirmar que ele perdeu seu caráter controlador há controvérsias.
Sabe-se que a produção jurídica estava limitada a Igreja. Assim, essa instituição sob o seu
império cultural controlava a mente da população da Idade Média.
A marca da modernidade é a presença cada vez maior de um novo ator: o Estado. Ente
que surge com uma nova faceta e um novo comando, o Príncipe. O Príncipe se torna um novo
legislador visto que o direito se torna sempre mais legislativo. Ele incorpora o direito à visão
política com o intuito controlador como corolário da atividade soberana. Reconhece-se cedo o
instrumento de controle: a lei. Antes da Revolução, o Príncipe tinha a incumbência de interpretá-
la para o bem de seus súditos. Com a Revolução, cria-se a ficção da lei como expressão da
vontade geral. A conseqüência negativa foi a forte vinculação do interesse político e do direito.
Nesse contexto histórico cabe salientar a formulação do Código Civil Napoleônico.
Com common law se faz referência aos Estados anglo-saxões. Ela tem traços
diferentes da continental e é fruto de uma história jurídica inglesa. Seu traço peculiar provém de
uma raiz medieval, pois cabe aos juristas garantir o desenvolvimento do direito e da sociedade.
A visão inglesa incorpora a primazia do aplicador do direito. Assim, até hoje, o Reino Unido, não
possui códigos, nem sequer uma Constituição escrita.
Nessa linha evolutiva cabe analisar a era moderna do direito até a sua globalização
jurídica. A civilização moderna tem como pressupostos uma civilização de massa, marcada por
lutas sociais. A ordem jurídica elitizada pela burguesia não suporta a pressão. Os Estados
sofrem pela incapacidade de ordenar a tudo e pelo crescimento e amontoamento de leis
improvisadas e malfeitas, os Códigos já não satisfazem a globalidade atual e distanciam o
poder político da sociedade. A Constituição do século XX vincula os cidadãos como também os
próprios órgãos do Estado. O parlamento traduz a vontade dos constituintes de maneira
imediata e direta.
O direito atinge um prospecto maior, uma dimensão imaterial. O seu objeto torna-se
complexo. Ao mesmo tempo a globalização preconiza a mundialização da economia o direito
passa a resguardar suas técnicas. “O direito é realidade radical, ou seja, atinente às raízes de
uma sociedade que ainda que, na vida cotidiana, manifestam-se em usos de populações, leis
dos detentores do poder político, atos da administração pública, sentenças de juízes, praxe de
operadores econômicos e assim por diante”. (p.69)
GROSSI, Paolo. Primeira Lição Sobre Direito. Tradutor: Ricardo Marcelo Fonseca. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2006.
http://www.investidura.com.br/biblioteca-
juridica/resenhas/direito-internacional/294-
resenhalicossobreodir.html