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Resumo
O cotidiano escolar apresenta-se por parte dos educandos com uma série de atitudes não
cooperativas, desrespeitosas, sem ética e sem um clima de harmonia o qual lhes favoreceria o
ensino-aprendizagem. Investiga-se através dos Jogos Cooperativos, de que forma eles podem
intervir como estratégia de cooperação entre os educandos, favorecendo a aquisição de
atitudes cooperativas nas aulas de Educação Física. A sua influência no desenvolvimento da
linguagem corporal e na auto-estima dos educandos, e suas conseqüências positivas nas
relações interpessoais e o cotidiano escolar.
Palavras-chave: Estratégias de cooperação. Jogos cooperativos. Auto-estima. Atitudes
cooperativas.
1 Introdução
A espécie humana surgiu há cerca de 2 milhões de anos. Isso só foi possível porque,
nos 3 bilhões e meio de anos anteriores, as bactérias existentes estavam aprendendo a unir-se
e formar organismos mais complexos e eficientes, ou seja, já estavam praticando a
cooperação, com um objetivo único: sobreviver. A sociedade primitiva precisou ser
cooperativa para sobreviver, houve uma divisão natural de tarefas. Durante a pré-história,
grande parte do tempo o homem gastava com o trabalho dedicado à sobrevivência; portanto, à
obtenção de alimentos, à construção de abrigos, à confecção de vestimentas (GOYAZ, 2005,
p. 54).
Os trabalhos de pesquisadores e paleontólogos nos mostram que isso não evitou que o
homem, reunido em bandos, utilizasse algum tempo ocioso para confraternizar e,
posteriormente jogar ou brincar. Os jovens, quando desempenhavam as tarefas que lhes
seriam dadas quando adultos, brincavam de faz-de-conta. Ou seja, já jogavam. Trocando suas
experiências vivenciadas, eles foram constituindo-se no que chamamos de sociedade.
Até hoje os jogos fazem parte da vida humana, seja de forma educativa, de obtenção
de forma física, seja na prevenção e saúde, na forma competitiva ou simplesmente lúdica.
Essas atividades corporais são resultados da vida e da ação humana; portanto, são expressões
culturais, que demonstram a concepção de sociedade em que está inserida.
A sociedade ocidental, de uma forma geral, está alicerçada no capitalismo, com ênfase
no consumo e na competição. Brotto (2001, p. 5) em contrapartida, nos mostra que os “jogos
cooperativos serão capazes de contribuir para diminuir as barreiras e estreitar as distâncias
que têm separado pessoas, grupos, sociedades e nações, assim como, têm nos afastado da
interação com a natureza”.
Em face dessa possibilidade, optou-se, com artigo, pelo estudo de estratégias de
cooperação utilizadas nas aulas de Educação Física, principalmente no que diz respeito à
prática do Futsal, visando à aquisição de atitudes cooperativas no cotidiano escolar. Os jogos
cooperativos foram introduzidos nas aulas de Educação Física, diante da possibilidade de sua
inserção no cotidiano escolar, com o objetivo principal de aquisição de atitudes de
1
Professora de Educação Física na RME de Porto Alegre, graduada pela UFRGS, Especialista em Pedagogia do
Esporte CEAD – UnB Brasília-DF, orientada, em 2006, por Ana Cristina de David (anacristina@cead.unb.br),
em monografia que deu origem a este artigo.
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cooperação, solidariedade, inclusão e amizade, pois eles nos permitem, segundo Orlick (apud
BROTTO, 2001, p. 28), vivenciar uma relação humanizadora, calcada em bondade,
consideração, compaixão, compreensão, cooperação, amizade e amor.
A relevância do presente estudo se pauta na existência de atitudes hostis e não-
cooperativas por grande parte dos educandos da turma observada, nos seus relacionamentos
cotidianos e, em especial, durante a prática de Futsal na aula de Educação Física, acarretando
sérios prejuízos para eles e toda a população educacional da escola. Mesmo após uma aula de
Educação Física que é a matéria de que mais gostam, eles apresentam atitudes grosseiras e
não cooperativas com os colegas. Existe uma competição exacerbada, sem escrúpulos, sem
ética. Essas atitudes em nada ajudam no ambiente escolar, não permitem um clima de
harmonia, um clima de trocas de experiências, de aprendizagem mútua. Resolvi recorrer aos
jogos cooperativos, pois como Brotto (2001, p. 4) afirma, eles nos levam “a descobrir
caminhos diferentes para aprender a conviver, particularmente, em momentos de crises e
transformações”.
Assim, a presente proposta de estudo é pesquisar de que maneira o emprego dos
jogos cooperativos pode servir de estratégias de cooperação durante a prática do Futsal
nas aulas de Educação Física?
Como esses jogos podem melhorar o relacionamento interpessoal, elevando assim a
auto-estima dos educandos e criando um clima harmônico e favorável e melhor
desenvolvendo sua linguagem corporal.
Encontro em BROWN (1994, p. 42) que “O ensino da educação física não exige
reforçar a competição”. Sigo pelo caminho dos jogos cooperativos na busca de novas
alternativas, para uma sociedade mais humana, mais justa e igualitária, em que através do
diálogo, consigamos resolver os nossos conflitos.
O estudo se deu em uma Escola Municipal de Porto Alegre, RS. Rede Municipal de
Ensino ciclada, por isso a denominação de B 33 (3º ano do 2º Ciclo), no período de
2005/2006.
2 Revisão de literatura
Exponho, na seqüência, sustentação teórica sobre jogos, em especial os cooperativos.
2.1 Jogo
Em “Homo Ludens” célebre obra que trata sistematicamente o jogo, Johan Huizinga
(1999, p. 33) assim define:
Uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados
limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas
absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um
sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da “Vida
quotidiana”.
Considerando que os jogos são anteriores à civilização e necessitam ser entendidos
como um processo histórico, cultural e social, notamos que suas definições e práticas foram
sofrendo transformações ao longo dos anos.
Os jogos sempre representaram o caráter dos processos de produção. Por exemplo, os
temas que inspiraram os jogos lúdicos na Antiguidade eram a caça, a guerra, a vida, os hábitos
dos animais, o trabalho. O jogo, em especial, mostra, na sua evolução, a passagem de
atividade essencialmente lúdica para atividade lúdica competitiva, hoje denominada esporte.
Os tênues limites que definem brincadeiras, jogo, lutas, danças, ginásticas e esporte nos
permitem concordar com Freire (1998, p. 06) no que tange a essas atividades: “é possível
incluí-las todas no universo do jogo, considerando este a grande categoria do conjunto das
produções lúdicas humanas”.
Dessa forma, o educador deve ter seu posicionamento claro, pela transformação das
condições gerais da sociedade ou se pela reprodução dos valores estabelecidos, pois sabemos
que ensinar é um ato político e não admite neutralidade. O educador deve ter essa premissa
conscientemente. Por isso aponto a presente reflexão sobre as práticas esportivas (Futsal) na
escola: De que forma os jogos praticados nas escolas contribuem para a transformação e
construção de uma sociedade mais justa, mais harmônica e mais solidária?
Friedmann (1996) auxilia na reflexão quando relaciona as principais características
que a escola deve possuir:
a) ser um elemento de transformação da sociedade;
b) considerar as crianças como seres sociais e construtivos;
c) privilegiar o contexto socioeconômico e cultural;
d) reconhecer as diferenças entre as crianças;
e) considerar os valores a bagagem que elas já têm;
f) propiciar a todas as crianças um desenvolvimento integral e dinâmico;
g) favorecer a construção e o acesso ao conhecimento;
h) valorizar a relação adulto-criança caracterizada pelo respeito mútuo, pelo afeto e
pela confiança;
i) promover autonomia, criticidade, criatividade responsabilidade e cooperação.
Baseado nos estudos de Piaget (1971), Friedmann (1996) nos mostra ainda as
possibilidades estabelecidas através do jogo que incentivam o desenvolvimento humano em
suas múltiplas dimensões:
a) desenvolvimento da linguagem: até adquirir a facilidade da linguagem, o jogo é o
canal através do qual os pensamentos e sentimentos são comunicados pela criança;
b) desenvolvimento cognitivo: o jogo dá acesso a um maior número de informações, ao
jogar a criança consolida habilidades já adquiridas e as pode praticar, de modo
diferente, diante das novas situações;
c) desenvolvimento afetivo: o jogo é uma “janela” da vida emocional das crianças. A
oportunidade de a criança expressar seus afetos e emoções através do jogo só é
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possível em um ambiente e espaço que facilitem a expressão: é o adulto quem deve
criar esse espaço;
d) desenvolvimento físico-motor: a exploração do corpo e do espaço leva a criança a
desenvolver-se. Piaget considera a ação psicomotora como precursora do pensamento
representativo e do desenvolvimento cognitivo, e afirma que a interação da criança
em ações motoras, visuais, táteis e auditivas sobre os objetos do seu meio é essencial
para o desenvolvimento integral;
e) desenvolvimento moral: as regras do exterior são adotadas como regras da criança,
quando ela constrói sua participação de forma voluntária, sem pressões. A relação de
confiança e respeito com o adulto ou com outras crianças é o pano de fundo para o
desenvolvimento da autonomia. E só a cooperação leva à autonomia.
O ser humano nasce motivado a aprender, explorar o mundo e a beneficiar-se disso.
Ainda bebê aprende a jogar e explorar o mundo ao seu redor, e isso é fundamental para um
desenvolvimento integral de suas áreas, afetiva/relacional, psicomotora e cognitiva. É durante
a primeira infância que sua personalidade básica é estruturada com a formação das conexões
ou sinapses cerebrais (TEIXEIRA 2002, p. 5).
Cabe ao professor organizar pedagogicamente a sua aula de Educação Física, fazendo
com que os jogos satisfaçam as necessidades essencias das crianças, que são, segundo Freinet
(apud SCAGLIA; RANGEL, 2004, p. 152) “agir, criar, interagir, interpretar, comunicar-se,
expressar-se e avaliar-se”, promovendo então o seu desenvolvimento.
Conforme Piaget (1971), “O trabalho em grupo é a forma mais interessante para
promover a cooperação, é fator fundamental para a progressão intelectual”. (apud TEIXEIRA,
2002, p. 5). E os jogos cooperativos propiciam a união da cooperação e da autonomia.
3 Metodologia
A investigação que empreendi caracterizou-se como uma pesquisa descritiva de corte
qualitativo, desenvolvida com a finalidade de estudar como os Jogos cooperativos intervêm
como estratégias de cooperação e atitudes cooperativas na prática desportiva do Futsal nas
aulas de Educação Física.
Foram investigados educandos da Turma B33 3º ano do 2º Ciclo – de uma EMEF da
periferia da Zona Leste de Porto Alegre – RS. Eram 31 alunos, da turma B33, sendo 15
meninos e 16 meninas, na faixa etária de 10 a 12 anos.
Para averiguar as atitudes cooperativas na prática desportiva do futsal como estratégias
de cooperação, foram utilizadas para coleta de dados observações com diário de campo de
aulas ministradas na turma B33 na disciplina de Educação Física e das saídas para jogos de
futsal em outros locais, referentes à participação no projeto Jogos Abertos da Cidade de Porto
Alegre, no ano de 2005.
Durante a saída para o primeiro jogo de futsal masculino percebemos a atuação
positiva do jogo como fator capaz de elevar a auto-estima dos educandos, comprovado pela
alegria que demonstravam e as atitudes solidárias para com os colegas durante as partidas,
quer seja incentivando quando alguém errava um passe ou elogiando quando acertava uma
jogada mais complexa.
Convém observar que o caráter dos Jogos Abertos Cidade de Porto Alegre ainda é
competitivo, mas cabe ressaltar que a orientação é que os professores envolvidos tenham
sempre em mente os jogos cooperativos, com atitudes de solidariedade, respeito, lealdade,
justiça, alegria e prazer para os educandos participantes.
Notava-se claramente a motivação e a alegria de estarem participando de um evento de
seu interesse. Jogar futsal é o que eles mais querem na vida, e num ginásio coberto, diferente
da realidade na qual estão inseridos.
As atitudes respeitosas e as qualidades técnicas dos educandos enquanto equipe
rendeu-lhes a admiração dos organizadores do evento e da torcida. Analisando a saída para a
primeira fase dos jogos de futsal feminino e levando em conta a chuva que ocorreu pelo início
da manhã e o fato de ser domingo, percebeu-se que as meninas não foram tão responsáveis
quantos os meninos, e, ao contrário deles, não se mostram motivadas e incentivadas pelos
familiares para a sua participação no futsal feminino, o que demonstra uma grande dificuldade
em resolvermos equívocos sociais e culturais da questão do gênero. Medeiros (2004, p. 97)
afirma, que a questão do gênero é condicionante social e cultural, já que as manifestações
esportivas, principalmente o futebol, é percebido nos meninos desde tenra idade e, “mesmo
nos dias atuais, a bola de futebol não é um presente recomendado para as crianças do sexo
feminino”.
A saída para a segunda fase dos jogos de futsal masculino não ocorreu da forma e
esperada, o que nos faz refletir que, dentre os vários fatores que concorreram para ela, em
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primeiro lugar, está a euforia e a ansiedade dos educandos. Para eles haverem passado para
uma fase seguinte, impunha a responsabilidade de competir e de ganhar. Conforme Brotto
(2001, p. 55), cederam às pressões e às necessidades de comportamentos destrutivos.
Encontravam-se, segundo Deutsch (apud BROTTO, 2001, p. 26), numa situação
competitiva. Havia a cobrança dos outros colegas, mais forte que as orientações da professora
para que se mantivesse o mesmo espírito cooperativo e de união.
Alguns agiram como se fossem “craques”, e auto-suficientes. Conforme Orlick (apud
TEIXEIRA, 2002, p. 4): “Muitas pessoas ainda acreditam que para vencer ou ter sucesso, é
preciso ser um feroz competidor e quebrar regras”. Talvez por suas condições sociais
desfavoráveis queriam superar-se através da vitória, ou ainda por estarem inseridos num
contexto de violência. De acordo com Orlick (apud BROTTO, 2001, p. 28), numa relação
desumanizadora, a lei da sobrevivência obriga-os a passar por cima dos valores, como ética,
respeito e solidariedade.
Percebemos ainda a importância fundamental do apoio familiar ao educando, quando
notamos que os atletas que mantiveram o mesmo comportamento cooperativo e solidário,
apesar da mesma condição social, são os mais bem amparados pela presença constante de seus
familiares, pais dedicados e atentos que conseguem ensinar-lhes os reais valores morais,
apesar da falta dos valores monetários.
Devemos, contudo, continuar a mostrar aos educandos que a cooperação e a
solidariedade são mais importantes do que a simples e pura competição, o que é confirmado
em Brotto (2001, p. 81) “o mais importante é proporcionar às crianças, jovens e adultos,
possibilidades para verem a si mesmos e aos outros como seres humanos igualmente valiosos,
tanto na vitória como na derrota”. Pois, quando pensamos em uma nova sociedade, mais justa
e mais fraterna, vale lembrar ainda Brotto (1995): “Se o importante é competir, o
Fundamental é Cooperar”, o que importa é a participação prazerosa e agradável na prática das
atividades físicas de lazer.
A reflexão feita após a primeira observação da aula de Educação Física nos remete à
exclusão tanto de gênero, de etnia, de cor como de estética, pois, no momento da avaliação da
aula, eles colocam bem as questões sentidas: falta de cooperação; falta de respeito com os
colegas; colegas “fominhas” e preconceituosos, com dificuldades na questão de gênero, pois
eles não passam a bola, principalmente para as meninas (algo já comentado em MEDEIROS,
2004). Após refletirem, comprometem-se a tentar jogar com companheirismo e amizade na
próxima aula.
Com relação à exclusão dos “gordinhos”, Mello (2005, p. 96) nos mostra como “o
corpo passou a ser um produto difundido pela industria cultural”. Tornando-se um produto de
compra e venda, que “com uma única estética sendo difundida, gera um mecanismo de
pressão para os adolescentes, o que se constitui em obsessão pelo alcance de uma beleza
idealizada”.
Mello (2005, p. 97) conclui que, cabe ao professor contribuir para que seus educandos
reconheçam seu corpo e aceitem que as suas diferenças são comuns e necessárias, e que não
devem constituir-se em motivos para qualquer tipo de preconceito, discriminação e
estereótipo.
5 Conclusão
As informações contidas neste trabalho de pesquisa bibliográfica e de observações de
campo em primeiro lugar nos mostram como é longo e rico o caminho de pesquisas já
realizadas sobre os jogos e como ainda temos caminhos e trilhas para desbravar, por certo,
com novas e entusiásticas descobertas.
Em segundo lugar, demonstram que os jogos, as brincadeiras e os esportes estão
interligados de tal modo que, em certos momentos, não se tem clara a sua conceituação,
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inclusive, por renomados pesquisadores de áreas afins. Mas que, de um modo geral, jogo é
toda a atividade corporal lúdica, realizada por uma ou mais pessoas que proporcione prazer ao
ser realizada.
Comprova-se também, diante deste estudo, que os jogos fazem parte da existência
humana, de seus relacionamentos quer de cooperação e sobrevivência, ou com seu caráter
lúdico ou agonístico, pois quando na pré-história, ainda vivendo em bandos nas cavernas,
cooperavam para conseguir sobreviver, brincavam e também competiam para demonstrar
superioridade sobre os seus comuns ou sobre os animais.
Percebemos claramente que os jogos, como atividades corporais que são, fazem parte
da cultura da sociedade em que estão incluídos os seus participantes. Portanto, as atitudes
cooperativas decorrentes de participação em jogos cooperativos e as atitudes competitivas
decorrentes da participação em jogos competitivos, podem ser aprendidas. Alegra-nos, pois,
comprovamos que o homem não é mau por sua própria natureza.
E, mesmo vivendo em uma sociedade capitalista e consumista, o homem pode ser
cooperativo, solidário ético, amigo e amoroso. Basta que ele seja educado através de
mecanismos que permitam que exerça sua criatividade, criticidade, motricidade, alegria e
curiosidade. Concluo que o melhor caminho (não o único, nem o mais fácil) a seguir em
busca dessa alternativa viável de convivência social e harmônica, seja o dos jogos
cooperativos. Por possuírem uma estrutura diferenciada dos jogos competitivos, eles podem e
devem ser aliados à Pedagogia do Esporte, em que o educando sinta-se valorizado e
incentivado a jogar não apenas pela supremacia ou vantagem numérica, mas pelo simples
prazer de jogar e inter-relacionar-se, de manifestar-se através de sua linguagem corporal.
Concluo ainda que a opção pelos jogos cooperativos não é uma receita pronta; é
preciso ter humildade pedagógica para, junto com os educandos, criar, inventar, aprender,
refletir e avaliar a cada reencontro. O objetivo maior a ser alcançado nem sempre é imediato,
uma vez que as atitudes hostis, infelizmente, fazem parte da vida social dos alunos.
A grande maioria dos educandos da turma, B33, da EMEF de Porto Alegre – RS em
que realizamos a pesquisa, tenho a certeza, soube aproveitar os momentos em que estiveram
envolvidos neste projeto, alcançando os objetivos gerais e específicos propostos. Até porque,
já apresentavam algumas atitudes de cooperação antes não percebidas. Quanto aos demais
alunos, penso que irão, pelo menos, lembrar, em algum momento de reflexão, as atividades
diferenciadas e os jogos cooperativos de que participaram durante as aulas de Educação Física
no ano de 2005.
Através dos jogos cooperativos, podemos estar germinando uma semente de
cooperação e solidariedade de grande importância para a sobrevivência da espécie humana
neste planeta, tão desrespeitado, chamado Terra.
Finalizando, acredito nos jogos cooperativos como uma alternativa viável e capaz de
contribuir para uma consciência de cooperação e solidariedade, bem como uma consciência
ambiental dos educandos, capaz de ajudar na busca de solução para os problemas, e a
harmonização dos conflitos, internos e do cotidiano escolar, partindo até para o alcance de
objetivos comuns à comunidade.
Referências
BRAGA, Luiz Ernani Santos. Revista dos jogos cooperativos, Sorocaba, n. 6, p. 12-13, 2004.
Disponível em: <http://www.jogos cooperativos.com.br>. Acesso em: nov./dez. 2005;
fev./mar. 2006.
BROTTO, Fábio Otuzzi. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de
convivência. São Paulo: Projeto Cooperação, 2001.