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Capítulo 4

Diagnóstico e monitoramento de índices de mastite do rebanho

Importância econômica da mastite


A mastite é considerada a principal doença que afeta os rebanhos leiteiros no mundo, e aquela
que proporciona as maiores perdas econômicas na exploração de bovinos leiteiros. Estima-se que haja
um prejuízo de cerca de US$ 1,8 bilhões/ano nos EUA, em função da ocorrência de mastite (NMC,
1996). Já no Brasil, pode-se deduzir que, em função da alta prevalência de mastite nos rebanhos, possa
ocorrer perda de produção entre 12% e 15%, o que significa um total de 2,8 bilhões de litros/ano em
relação à produção anual de 21 bilhões de litros.
Alguns estudos apontam um prejuízo de cerca de US$ 184/vaca/ano somente em função da
ocorrência de mastite Desse total, 70% são atribuídos à mastite subclínica, enquanto os restantes 30%
são relativos à mastite clínica. Nesse total, estão incluídas as perdas devido à diminuição na produção
de leite, que é responsável por 66% do total das perdas, visto que há uma diminuição da ordem de 15%
na produção de leite das vacas infectadas, gastos com medicamentos, leite descartado, serviços
veterinários, descarte prematuro de animais e diminuição no valor comercial dos animais (Tabela 1).

Tabela 1. Estimativa das perdas anuais decorrentes da mastite


Causa da perda Perda por vaca % do total
Queda na produção $121.00 66.0
Descarte de leite 10.45 5.7
Preço de reposição 41.73 22.6
Trabalho extra 1.14 0.1
Tratamento 7.36 4.1
Serviços veterinários 2.72 1.5
TOTAL $184.40 100.00
Considerando que um terço das vacas está infectado, com a média de 1,5 quartos por
vaca; a perda de leite igual a 385 l por quarto infectado e o preço do leite $0.27/l.
Fonte: NMC, 1996.

Nesses valores não estão computadas as perdas ocasionadas à indústria de laticínios, devido à
queda na qualidade do produto em função da diminuição nos teores de caseína, gordura e lactose, e
aumento nos teores de Cl-, Na+ e albumina sérica, bem como aumento na atividade lipolítica e
proteolítica do leite, cabendo ressaltar que esse é um fator economicamente importante, pois o leite é
pago por sua qualidade. Análises econômicas indicam que o investimento em um programa de controle
de mastite gera um retorno de US$ 6,00 para cada US$ 1,00 investido, conforme pode ser observado
na tabela 2.
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Tabela 2 - Custos do programa de controle da mastite


Campo estudado US$
Produção por vaca (+472l a $ 0.27/l) $126
Redução de 40% na mastite clínica
Descarte de leite $ 24x40% $10
Retorno total $136
Custo do controle da mastite (por vaca/ano)
Desinfetante de tetos $10
Terapia de vaca seca 4
Papel-toalha 10
Custo total $24
Retorno líquido do controle da mastite(por vaca/ano) $112
Fonte: Crist et al.,1997.

Diagnosticando a mastite subclínica


Quando um agente patogênico invade a glândula mamária, o organismo do animal reage,
mandando para o local células de defesa, principalmente leucócitos, para tentar reverter o processo
infeccioso. Essas células de defesa, somadas às células de descamação do epitélio secretor de leite
dos alvéolos são chamadas células somáticas do leite. Portanto, quando há presença de um
microrganismo patogênico na glândula mamária, geralmente a contagem de células somáticas
apresenta-se elevada (acima de 300.000 células/ml de leite), e esse aumento na CCS é a principal
característica utilizada para o diagnóstico da mastite subclínica.
Dessa forma, existem vários testes que avaliam o teor de células somáticas do leite, e, entre
esses testes, destacam-se o CMT (California Mastitis Test), o WMT (Wisconsin Mastitis Test) e a
contagem eletrônica de células somáticas. Portanto, esses testes são indicadores da prevalência da
mastite subclínica nos rebanhos. Atualmente, existem vários métodos para o diagnóstico da mastite, os
quais são aplicáveis tanto para animais individualmente, como para o rebanho.

Testes individuais
Exame físico do úbere: alterações físicas, tais como dor, rubor, alteração da consistência do tecido
mamário ou presença de nódulos, edema ou inchaço podem ser indicativos de um quadro de mastite. O
exame deve ser feito por palpação da glândula mamária, e o momento mais adequado para esse
procedimento é imediatamente após a ordenha com o úbere vazio.
Exame das características físicas do leite: esse procedimento deve ser realizado imediatamente antes
de todas as ordenhas, sendo vulgarmente conhecido como teste da caneca de fundo preto. Esse teste
consiste na retirada dos 3-4 primeiros jatos de leite, contrastando com uma superfície de fundo preto,
com a finalidade de observar-se a presença de alterações no leite, tais como grumos ou coágulos, pus,
sangue ou leite aquoso. Cabe destacar que essa prática também traz o benefício do estímulo à ejeção
do leite. Os métodos que podem ser utilizados para esse exame incluem principalmente o uso da
caneca ou coador com fundo escuro, ou mesmo em salas de ordenha, essa prática pode ser realizada
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no chão com o auxílio de piso de borracha ou lajota escura, sobre os quais podem ser retirados os
primeiros jatos de leite, facilitando a identificação das alterações.

CMT (California Mastitis Test): este é um dos testes mais populares e práticos para o diagnóstico da
mastite subclínica. Seu princípio baseia-se na estimativa da contagem de células somáticas no leite.
Para tal, utiliza-se um detergente aniônico neutro que atua rompendo a membrana das células presente
na amostra de leite e liberando o material nucléico (DNA), o qual apresenta alta viscosidade. Dessa
forma, o resultado do teste é avaliado em função do grau de gelatinização ou viscosidade da mistura de
partes iguais de leite e reagente (2 ml), sendo o teste realizado em bandeja apropriada. Os resultados
são expressos em cinco escores: negativo, traços, +, ++ ou +++, os quais apresentam correlação
relativamente boa com a contagem de células somáticas da amostra, conforme demonstrado na
tabelas 3 e 4.

Tabela 3 – Relação entre o resultado do CMT e a contagem de células somáticas


Escore Viscosidade CCS
0 Ausente 100.000
Traços Leve 300.000
+ Leve/moderada 900.000
++ Moderada 2.700.000
+++ Intensa 8.100.000
Fonte: Philpot e Nickerson, 1991.

WMT (Wisconsin Mastitis Test): é um teste resultante do aprimoramento do CMT, realizado em um tubo
graduado, com a finalidade de eliminar a subjetividade da interpretação dos resultados do CMT. Esse
teste utiliza o mesmo reagente do CMT diluído em 1:1 em água destilada. Empregam-se 2 ml do
reagente diluído misturado em 2 ml de amostra de leite em um tubo perfurado, cujo orifício apresenta
1,15 mm de diâmetro. Faz-se, então, a homogeneização dessa mistura por meio de 10 movimentos de
rotação desse tubo, deixando-se logo após escoar o líquido por 15 segundos, retornando-se, então, à
posição original do tubo. O resultado do teste é expresso em milímetros, o que por sua vez está
correlacionado com a contagem de células somáticas (tabela 4).

Condutividade elétrica: este teste baseia-se no princípio de que vacas com mastite apresentam
alteração na carga iônica do leite em decorrência de lesão do epitélio secretor e/ou alteração da
permeabilidade vascular. Esse quadro determina aumento na concentração de sódio e cloro no leite e
redução nos níveis de potássio e lactose, gerando, assim, aumento na condutividade elétrica. Esse
teste apresenta algumas limitações, uma vez que existe variação normal individual entre vacas. Sendo
assim, o uso de instrumentos portáteis para avaliação pontual do valor da condutividade elétrica de
cada vaca apresenta sérias limitações práticas. Já o emprego de dispositivos automatizados inseridos
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no próprio equipamento de ordenha e que proporcionam a avaliação diária do valor da condutividade de


cada vaca podem ser utilizados como ferramenta auxiliar para o monitoramento da saúde da glândula
mamária 2, com maior credibilidade dos resultados, quando comparados com instrumentos portáteis.
Isso porque o dispositivo automático acoplado à linha do leite permite o acúmulo de informações sobre
os valores diários individuais de cada vaca e, dessa forma, é possível identificar uma variação
significativa da condutividade elétrica em determinada ordenha, em relação à media dos valores
observados nesse mesmo animal nas últimas semanas, e esses resultados podem indicar anormalidade
na glândula mamária. Em resumo, não há um valor fixo fisiológico para a condutividade elétrica do leite
que possa ser utilizado para todos os animais do rebanho.
O uso da condutividade elétrica pode identificar corretamente 90% das amostras de leite normal,
mas apresenta precisão no diagnóstico de infecções intramamárias de 62,8% para os primeiros jatos de
leite e 96,2% para o leite residual após a ordenha 1.
Contagem eletrônica de células somáticas (CECS): este é o instrumento mais moderno e preciso de
avaliação da saúde de glândula mamária de vacas individuais e do rebanho. A CECS envolve a coleta
de amostras compostas de cada vaca individualmente e envio dessas amostras para laboratório
especializado, onde são submetidas à avaliação por métodos fluorométricos (a CECS é abordada em
maiores detalhes no capítulo 5).

Análise microbiológica do leite: a identificação do agente causador da mastite é fundamental para a


tomada de decisões no rebanho quanto a recomendações de tratamento e descarte, e principalmente
para a adoção e monitoramento de medidas de controle. A identificação da espécie do microrganismo é
feita por meio de cultura microbiológica em laboratório especializado.
As amostras de leite devem ser coletadas em tubos esterilizados, de forma asséptica para
minimizar o risco de contaminação da amostra. Para isso, é recomendado o emprego dos seguintes
procedimentos:

1. limpar completamente o teto com água corrente;


2. fazer a imersão do teto em solução desinfetante à base de cloro, iodo ou clorexidina;
3. aguardar 30 segundos para a ação do desinfetante e proceder a secagem completa do
teto com papel-toalha descartável;
4. desprezar 2-3 jatos de leite;
5. desinfecção da extremidade do teto com algodão embebido em álcool 70%;
6. coletar a amostra de leite procurando-se manter o tubo inclinado para evitar riscos de
contaminação;
7. identificar a amostra e enviar para laboratório resfriado em gelo para exame em até 48
horas ou congelar até o envio.
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Testes em amostra do tanque


Contagem de células somáticas do tanque: este é um procedimento bastante simples e de baixo custo
que é feito enviando-se amostra de leite do tanque periodicamente para um laboratório especializado. A
coleta da amostra é um ponto crítico para garantir a qualidade da informação. Dessa forma, deve-se
adotar os seguintes procedimentos de coleta:
1. aguardar a ordenha de todos os animais em lactação;
2. manter o agitador do tanque ligado por pelo menos 10 minutos para homogeneização do leite;
3. coletar o volume recomendado pelo laboratório, de preferência pela parte superior do tanque com
auxílio de uma concha ou instrumento similar devidamente higienizado;
4. homogeneizar a amostra de leite com o conservante (dicromato de potássio) e acondicioná-la em
recipiente apropriado;
5. envio para laboratório sem a necessidade de refrigeração no máximo em 7 dias.

Cultura do tanque: a cultura do tanque para a identificação de patógenos causadores de mastite é um


instrumento simples, prático e de baixo custo que pode proporcionar informações extremamente úteis
sobre a saúde da glândula mamária do rebanho. Isso vale principalmente para rebanhos com
predominância de agentes causadores de mastite contagiosa, como Staphylococcus aureus,
Streptococcus agalactiae e Mycoplasma sp. O isolamento desse agente em uma amostra do tanque
quase obrigatoriamente indica a presença destes no rebanho. Recomenda-se o monitoramento
periódico, uma vez que apenas o resultado de uma amostra isolada pode não refletir a real situação do
rebanho. Os procedimentos de coleta de amostras de leite do tanque para cultura são similares aos
descritos para a CECS do tanque, apenas ressaltando-se que a amostra deve ser coletada em frasco
esterilizado, de forma mais asséptica possível, e deve ser enviada resfriada para o laboratório sem o
uso de conservantes.

Analisando a situação do rebanho


Dada a importância da mastite, é fundamental que se disponha de instrumentos eficientes de
análise da situação da doença na fazenda, de forma que, de posse dos dados, seja possível tomar as
medidas necessárias para a diminuição e a manutenção de baixa prevalência da doença no rebanho.
Primeiramente, é importante que se disponha dos registros, tanto de mastite clínica quanto de
mastite subclínica, e da identificação dos patógenos principais que ocorrem no rebanho. Os registros de
mastite clínica são facilmente obtidos com um programa de coleta de dados diário nas ordenhas, visto
que o diagnóstico desse tipo de mastite é evidente (teste da caneca de fundo preto/observação das
condições da glândula mamária).
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Já o registro dos casos de mastite subclínica envolve a adoção de um programa que consta da
realização de um dos testes, anteriormente mencionados, para diagnóstico da mastite subclínica (CMT,
WMT, condutividade elétrica e CECS). Esse teste deve ser realizado mensalmente em todas as vacas
em lactação do rebanho individualmente.
Por fim, a análise dos agentes mais prevalentes no rebanho deve ser feita por meio do exame
microbiológico do leite. Para tal, no início do programa de Controle, sugere-se que sejam selecionadas
20% das vacas que apresentarem maior CCS, coletando-se uma amostra do quarto mais afetado de
cada animal. Com isso, obtém-se o perfil definido das bactérias causadoras da mastite subclínica. Com
relação aos casos clínicos, sugere-se que se mantenha um programa de coleta contínua de amostras.
Dessa forma, deve-se coletar uma amostra de leite de todos os novos casos de mastite clínica antes do
início do tratamento com antibiótico. Essa amostra deve ser armazenada em freezer ou congelador, até
que se acumule um número significativo de amostras para serem enviadas ao laboratório. Assim,
podemos definir um perfil dos agentes causadores de mastite clínica mais prevalentes no rebanho.
De posse dos dados, é importante que sejam feitas análises que permitam a distribuição dos
resultados em função do número de lactações e do estágio de lactação dos animais, de forma a
identificar mais precisamente onde se encontra o problema (início ou final de lactação, animais jovens
ou animais velhos, retiros com problemas específicos etc.). Além disso, é importante que se analise a
dinâmica da doença, visto que o nível de infecção do rebanho é afetado diretamente por duas variáveis:
taxa de novas infecções e duração das infecções.
A taxa de novas infecções está relacionada ao número de casos novos e indica se as medidas
de prevenção da doença estão sendo efetivas ou não. Já a duração das infecções está relacionada à
duração de casos antigos, e indica, principalmente, a eficácia dos tratamentos utilizados, entre outras
medidas. Portanto, para que se possa ter uma análise detalhada e precisa, com o objetivo de controlar
a mastite, faz-se necessário que se disponha de dados confiáveis e coletados de forma sistemática, e
de uma correta análise dos dados obtidos, de forma a reduzir tanto a taxa quanto a duração das
infecções.
Para exemplificar esse fato, podemos considerar a seguinte situação: se uma nova infecção
ocorre a cada semana e essa infecção persiste por uma semana, então a qualquer momento analisado
haverá uma infecção no rebanho. No entanto, se uma nova infecção ocorre a cada semana e apresenta
duração de 10 semanas, a partir de qualquer momento, após 10 semanas, teremos uma taxa de 10
infecções no rebanho.

Adaptar desenho da página 35 e 36 do Counter Attack

Dessa forma, fica claro que a dinâmica de ambas as variáveis apresentadas vai determinar a
prevalência da mastite no rebanho em determinado momento. É fácil perceber que se a taxa de novas
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infecções é menor que a taxa de eliminação dos casos antigos, o nível ou a prevalência de mastite irá
decrescer. Por outro lado, a prevalência de mastite irá aumentar caso a taxa de novas infecções seja
superior à taxa de eliminação dos casos antigos.
De forma objetiva, se a taxa de novas infecções ou a duração das infecções de casos antigos for
reduzida em 50%, o nível de infecção cairá em 50%, no entanto, se ambas as variáveis forem reduzidas
a esse percentual a prevalência de mastite irá diminuir em 75%.

Monitoramento da mastite em rebanhos leiteiros


Um dos aspectos mais importantes para obter-se sucesso em um Programa de Controle de
Mastite é o monitoramento periódico e contínuo dos dados.
Efetivamente é necessário que sejam coletadas quatro informações básicas:
a) mastite clínica;
b) mastite subclínica;
c) perfil microbiológico dos agentes;
d) ocorrência de casos novos e casos crônicos.

a) Mastite Clínica: a coleta de dados necessariamente tem de ser diária, sendo o diagnóstico feito pela
prova da caneca de fundo preto. Sugerimos que as informações coletadas sejam tabuladas na planilha
de Controle de Mastite Clínica (em anexo), apenas assinalando-se um “x" no dia da ocorrência do caso
clínico. Destacamos que é importante assinalar todos os dias em que houver manifestação dos
sintomas (grumos, pus, leite aquoso), independente da duração do caso. Por exemplo, caso um animal
apresente mastite clínica do dia 10 até o dia 17, marca-se efetivamente oito "x" na planilha.
Ao final do mês, conta-se o número total de “x” que equivale ao que chamamos de “dias mastite
clínica”. A partir disso, utiliza-se a seguinte fórmula para calcular a porcentegam de mastite clinica do
mês.

% mastíte clínica do mês= dias mastíte clinica / dias do mês x 100


nº médio de vacas em lactação

Para efeito de referência, apontamos que o índice desejável deve ser inferior a 1%. Já a média
de mastite clínica encontrada em fazendas produtoras de leite A e B do Brasil gira em torno de 3% a
4%.

b) Mastite subclínica: a coleta de dados pode ser feita mensalmente. Para tal, utiliza-se um teste de
avaliação da CCS de cada vaca. Esse teste pode ser o CMT, WMT ou contagem eletrônica de células.
É importante tabular os dados, distribuindo os resultados em função do número e estágio de lactação
(tabela em anexo), de forma a analisar mais detalhadamente os focos ou origens dos problemas, em
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potencial, do rebanho.
Para efeito de referência, o objetivo de um Programa de Controle de Mastite é chegar a uma
prevalência de mastite subclínica inferior a 15%. Na média, a prevalência de mastite subclínica em
fazendas produtoras de leite A e B no Brasil gira em torno de 40% 5.

%mastite subclínica = número de vacas positivas no teste x 100


número total de vacas testadas

c) Perfil Microbiológico dos agentes: além dos dados relativos à mastite clínica e subclínica, é
importante que se avalie com precisão os agentes mais prevalentes no rebanho com o intuito de fechar
um correto diagnóstico e, a partir disso, concentrar os esforços em medidas de controle mais
específicas.
Dessa forma, sugere-se que sejam coletadas amostras de casos clínicos e subclínicos do
rebanho.

Perfil microbiológico dos casos de mastite clínica: deixar em estoque alguns tubos esterilizados, e
sempre que ocorrer um novo caso de mastite clínica, antes de iniciar o tratamento, deve-se coletar uma
amostra de leite e congelar em freezer ou congelador, para que seja remetida posteriormente ao
laboratório, quando já houver um numero maior de amostras coletadas.
Perfil microbiológico dos casos de mastite subclínica: no início do Programa de Controle de Mastite,
devem-se coletar 20% das vacas em lactação do rebanho, selecionando aquelas que apresentarem a
maior CCS. Deve-se coletar amostras de um teto de cada animal, escolhendo-se aquele que apresentar
maior CCS (CMT). As amostras devem ser coletadas em frasco esterilizado e mandadas imediatamente
para o laboratório, resfriadas em isopor com gelo.
Dependendo dos resultados, pode-se repetir o procedimento a cada 2 meses no primeiro
semestre de implantação do Programa de Controle de Mastite e, depois disso, repetir a coleta a cada 6
meses.

d) Ocorrência de casos novos e casos crônicos: esses índices permitem avaliar se as medidas de
controle relacionadas com a prevenção de novos casos e eliminação de casos antigos está sendo
efetiva. Como pode ser observado no exemplo abaixo, o sucesso das medidas visando àredução na
taxa de novos casos bem como na eliminação de casos antigos resultam, logicamente, na diminuição
da prevalência de mastite do rebanho em dado momento.

% de novos casos = Vacas* CMT (+) que tinham CMT (-)**


Vacas** CMT (-) no mês anterior
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% de casos crônicos = Vacas* CMT (+) nos dois últimos meses


Vacas* CMT (+) no mês anterior

*Ou vacas com CCS acima de 300.000 cel/ml.


**Ou vacas com CCS abaixo de 300.000 cel/ml.

Executando o programa de controle de mastite

Como vimos anteriormente, um dos aspectos mais importantes dentro de um Programa de


Controle de Mastite é o correto diagnóstico de situação e o monitoramento constante dos dados. De
posse dessas informações, é possível fazer uma análise detalhada definindo as áreas prioritárias de
ação. Por exemplo, se uma fazenda apresenta altos índices de mastite clínica aguda pós-parto, baixo
índice de CCS e o exame laboratorial aponta alta prevalência de coliformes, as áreas prioritárias a
serem atacadas seriam o manejo do ambiente das vacas em lactação, a reorganização das instalações
e o manejo pré e pós-parto com ênfase nas condições dos piquetes ou baias de parição. O fato é que
existe uma série de medidas de manejo, higiene e terapia que devem ser adotadas integralmente em
uma fazenda leiteira e, em casos específicos, algumas delas devem ser enfatizadas. Em resumo,
destacamos a seguir as medidas que compõem o Programa Básico de Controle de Mastite:
1) Tratamento de todas as vacas no período seco;
2) Tratamento imediato de todos os casos clínicos;
3)Funcionamento adequado do sistema de ordenha;
4) Correto manejo de ordenha com ênfase na desinfecção dos tetos logo em seguida;
5)Descarte de vacas com mastite crônica;
6)Boa higiene e conforto na área de permanência dos animais.
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Tabela 4. Relação entre CMT, WMT, CCS e perdas na produção de leite


CMT WMT (mm) CCS (cel/ml) PERDAS NA PRODUÇAO LEITE
3 140.000
0 4 165.000 5%
5 195.000
6 225.000
7 260.000
traços 8 300.000 8%
9 340.000
10 380.000
11 420.000
12 465.000
13 515.000
14 565.000
15 620.000
16 675.000 9%
1 17 730.000 a
18 790.000 18%
19 855.000
20 920.000
21 990.000
22 1.055.000
23 1.130.000
24 1.200.000
25 1.280.000
26 1.360.000
27 1.440.000
28 1.525.000
29 1.610.000 19%
2 30 1.700.000 a
31 1.800.000 25%
32 1.920.000
33 2.030.000
34 2.180.000
Fonte: Philpot e Nickerson, 1991.

Objetivos do programa de controle de mastite

a) Mastite Clínica
• < 1% de mastite clínica ao mês.

b) Descarte devido a mastite


• Menor que 3% do rebanho/ano.

c) Morte devido a Mastite


• Menor que 1% do rebanho/ano.
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d) Mastite subclínica
• % animais CCS > 300.000 cel/ml: < 15%

e) Contagem bacteriana e CCS do tanque


Variável Excelente Bom
Contagem células 100.000 cel/ml 200.000 cel/ml
Somáticas
Contagem bacteriana 1.000 UFC 10.000 UFC
Total
Strep. agalactie Nenhum Nenhum
Outros Streptococci Nenhum Poucos
Staph. aureus Nenhum Poucos
Outros Staphylococci 100 500
Coliformes 10 100
Mycoplasma Nenhum Nenhum
Fonte: Philpot e Nickerson, 1991.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1) FERNANDO, R.S., RINDSIG, R.B., SPAHR, S.L. Electrical conductivity of milk for detection of
mastite. Journal of Dairy Science. 65: 659-664, 1982.
2) MAATJE, K., HUIJSMANS P.J.M., ROSSING, W., HOGEWERF, P.H. The efficacy of in-line
measurement of quarter milk electrical conductivity, milk yield and milk temperature for the detection
of clinical and subclinical mastitis. Livestock Production Science. 30: 239-249, 1992.
3) NATIONAL MASTITIS COUNCIL. Current concepts of bovine mastitis. 4. ed. Madison, 1996, 64 p.
4) PHILPOT, W. N., NICKERSON. S. C. Mastitis: Counter Attack. Naperville, IL, Babson Bros. Co,
1991, 150 p.
5) LARANJA DA FONSECA, L. F. Estudo da prevalência da mastite bovina e sua relação com práticas
de manejo, higiene e terapia em fazendas produtoras de leite tipo B no Estado de São Paulo. Tese
mestrado, ESALQ/USP, 1992.
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Levantamento de mastite subclínica

Fazenda_______________________________________Data__________Responsável:____________

1. Distribuição da CCS (ou resultados do CMT/WMT) do rebanho em função do número de lactações e


do estágio de lactação
1a Lactação 2a Lactação ≥ 3a Lactação
DEL* (-) (+) Total (-) (+) Total (-) (+) Total
1-30
31-90
91-250
> 250
Total
* DEL: dias em lactação
2. Distribuição da CCS (ou resultados do CMT/WMT) do rebanho em função do número de lactações
1a Lactação 2a Lactação ≥ 3a Lactação
(-) (+) Total (-) (+) Total (-) (+) Total
Totais
% Total

3. Distribuição da CCS (ou resultados do CMT/WMT) do rebanho em função do número de lactações e


dos dias em lactação
DEL Total (-) (+)
1-30
31-90
91-250
> 250
% Total
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Controle de Mastite clínica
Fazenda: ______________________________________________________Mês: _________________________
Responsável técnico: __________________________________________________________________________
Animal/Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

Total

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