BOGDAN, Roberto; BIKLEN, Sari. Investigação Qualitativa em Educação.
85 A escolha de um estudo. Num estudo analítico as decisões são
tomadas à medida que este avança. E algumas questões podem surgir, como: Qual será o tema da minha investigação? Que tipo de dados devo procurar? Os investigadores experientes têm, freqüentemente, uma agenda de investigação. Para os principiantes, no, entanto, a escolha de um tema de investigação é mais inquietante. Independentemente da forma como suge o tópico, é essencial que ele seja importante e estimulante para si.
86 A busca por um tema interessante, onde, sua autodisciplina e paixão
pelo assunto se fazem necessários, pois sobrecarregar-se com um assunto que não lhe interessa, torna-se maçante. Seja prático. Escolha um assunto cuja extensão e dificuldade lhe pareçam razoáveis, a fim de que este possa ser concluído com fontes existentes e dentro do prazo. Regra geral a investigação qualitativa é demorada. Tente limitar o número de horas que se dedica a ele. Não escolher um assunto em que esteja pessoalmente envolvido.
89 O estudo de caso. Consiste na observação detalhada de um
contexto, ou indivíduo, de uma única fonte de documentos ou de um acontecimento específico (Merriam, 1988). Os estudos de caso podem ter graus variáveis de dificuldade. Num estudo de caso qualitativo, o tipo adequado de perguntas nunca é muito específico. O início do estudo é representado pela extremidade mais larga de um funil. De uma fase de exploração alargada passam para uma área mais restrita de análise de dados coletados.
90 Estudos de caso de organizações numa perspectiva histórica.
Estes estudos incidem sobre uma organização específica, ao longo de um período determinado de tempo, relatando o seu desenvolvimento. O seu estudo irá basear-se em entrevistas com pessoas que tenham estado relacionadas com a organização, na observação da escola e nos registros escritos existentes. Estudos de caso de observação. Neste tipo de estudo, a melhor técnica de recolha de dados consiste na observação participante e o foco do estudo centra-se numa organização particular (escola, centro de reabilitação) ou em algum aspecto particular dessa organização.
91 O investigador tem de observar a organização para escolher quais os
locais, grupos ou programas que propiciam agrupamentos realizáveis.
92 Na escolha de um ambiente ou grupo como foco de um estudo de
caso de observação, quanto menor for o número de indivíduos maior a probabilidade de que o comportamento destes seja alterado pela sua presença. Histórias de vida. Neste tipo de estudo de caso, o investigador leva a feito entrevistas exaustivas com uma pessoa, tendo como objetivo coletar uma narrativa na primeira pessoa. Esses depoimentos obtidos, geralmente, estão destinados a serem utilizados como veículo para a compreensão de aspectos básicos do comportamento humano ou das instituições existentes, e não como material histórico. 93 Existem outras formas de estudo de caso. Estudos Comunitários. Estes são semelhantes aos estudos de caso de organizações ou de observação, exceto pelo fato de o objeto do estudo ser um bairro ou uma comunidade e não uma escola ou outra instituição. Análise Situacional. Neste tipo de estudo é investigado um determinado acontecimento do ponto de vista de todos os participantes. Microetnografia. Refere-se a estudos de caso realizados seja em unidades muito pequenas de uma organização, seja numa atividade organizacional muito específica. 94 Quando se procura um contexto ou um tema para um estudo de caso sente-se um dilema quanto ao local onde encontrar a chamada situação “típica” ou a “atípica”. A escolha intencional de um caso deixa em aberto a possibilidade de generalização. Como será possível articular o contexto escolhido com a diversidade do comportamento humano? A resposta a esta questão não se obtém diretamente por seleção, mas tem de ser considerada como parte integrante do estudo. O investigador tem de definir o objeto de estudo; isto é, de que tipo de caso está a tratar?
95 No que diz respeito à amostragem interna, entendemos como as
decisões que são tomadas a partir de uma idéia geral daquilo que se pretende estudar, as pessoas com quem queremos falar, qual a hora do da que o faremos, quantos documentos e de que tipo irá rever. No que diz respeito à amostragem de tempo, é o tempo durante o qual visita um local ou está com uma pessoa influenciará o tipo de dados que irá obter.
68 Uma dificuldade no planejamento está relacionada com a quantidade
de tempo que deve disponibilizar para um estudo de caso. Uma forma de delimitar esse tempo de dedicação é notando quando atingiram o nível de saturação de dados, que é o ponto de recolha de dados a partir do qual a aquisição de informação se torna redundante. O segredo está em descobrir esse ponto e parar.
97 Ainda existe os estudos de caso múltiplos que consiste no estudo de
dois ou mais assuntos, ambientes, ou bases de dados. E Também os estudos de caso comparativos que é quando dois ou mais estudos de caso são efetuados e depois comparados e contrastados.
98 Estudos realizados simultaneamente em múltiplos locais.
Utilizam uma lógica diferente porque encontram orientados mais no sentido de desenvolver teoria e requerem, geralmente, vários locais ou sujeitos, e não apenas um ou dois. Indução analítica modificada é, não só, uma forma de abordar a recolha e análise de dados, mas também uma forma de desenvolver e testar a teoria.
99 O método é utilizado quando algum problema ou questão específica
se transforma no foco da pesquisa. Procede-se a escolha e análise dos dados a fim de desenvolver um modelo descritivo que englobe todas as instâncias do fenômeno.
101 Este método de pesquisa assegura a inclusão de vários tipos de
indivíduos, mas não lhe diz quantos ou em que proporção esses tipos aparecem na população. O método de amostragem na indução analítica designa-se por amostragem de conveniência. Esquema da indução analítica: 1. No início da pesquisa desenvolva uma definição e uma descrição grosseira do fenômeno escolhido. 2. Compare a definição e/ou a explicação a explicação, à medida que estes são recolhidos. 3. Modifique a definição e/ou explicação, à medida que encontrar novos casos que não sejam contemplados pela definição e explicação tal como foram formuladas. 4. Ao Procure, deliberadamente, casos que pense não serem contemplados pela formulação elaborada. 5. Redefina o fenômeno e reformule a explicação até ser estabelecida uma relação universal, usando cada caso negativo como sinal da necessidade de uma redefinição ou reformulação.
102 Método comparativo constante é um plano de investigação, no qual, a
análise formal se inicia precocemente e está, praticamente, concluída no final da recolha de dados. 103 Passos do método comparativo constante no desenvolvimento de teorias: 1. Inicie a recolha de dados; 2. Procure situações-chave, acontecimentos recorrentes ou atividades com base nos dados que constituam categorias a estudar. 3. Recolha dados que proporcionem muitos incidentes de categorias em estudo, procurando a diversidade das dimensões subjacentes às categorias; 4. Escreva sobre as categorias que está a explorar, tentando descrever e justificar todos os incidentes que possui nos seus dados enquanto procura, incessantemente, novos incidentes; 5. Trabalhe com os dados e com os modelos emergentes para descobrir processos sociais e relações básicas; 6. Ocupe-se da amostragem, codificação e escrita, à medida que a análise se concentra nas categorias principais.
105 Questões adicionais relacionadas com o plano. Redação da
Proposta. As propostas qualitativas são tratadas de duas formas. A primeira consiste em realizar algum trabalho de campo antes de escrever a proposta
106 Após passar algum tempo no campo encontra-se em muito melhor
situação para discutir quais os seus planos e o que poderá retirar dos seus dados. A segunda escolha consiste em escrever uma proposta sem observações ou entrevistas preliminares. São propostas especulativas, hipóteses de como irá proceder e quais poderão ser as questões a examinar. É uma maneira de apresentar para quem o lê que domina a literatura de investigação qualitativa. Existem perguntas específicas que todas as boas propostas formulam. 1. O que pretende fazer? 2. Como o vai fazer? 3. Por que o vai fazer? 4. De que forma aquilo que vai fazer se relaciona com o que outros já fizeram? 5. Qual é o contributo potencial (para a investigação básica e/ou prática) do seu trabalho? Inclui-se, também, uma lista das referências consultadas para a execução da proposta: 1. O que é que já fez? 2. Que temas, preocupações ou tópicos surgiram do seu trabalho preliminar? Que questões analíticas vão aprofundar?
107 As propostas devem incluir questões de investigação. Mais
precisamente, são questões abertas que tentam refletir o terreno que vai examinar. As propostas qualitativas são muito mais flexíveis do que as propostas quantitativas; representam especulações ponderadas acerca da estruturação da investigação e da direção em que se orientará o estudo.
108 Os estudos qualitativos que relatam quantas pessoas fazem isto ou
quantas fazem aquilo, em vez de gerar conceitos e conhecimento, não são muito bem vistos pelos investigadores qualitativos. Mais precisamente, representam um desperdício dos recursos qualitativos, já que tais dados podem ser recolhidos mais fácil e economicamente utilizando outros métodos.