You are on page 1of 4

As rochas do Arpoador

Gnaisse facoidal (Augen Gnaisse) - Esta é a rocha mais abundante no local, e que
também ocorre em outros locais da cidade do Rio de Janeiro, como por exemplo no
morro Pão de Açúcar. O Gnaisse Facoidal recebe este nome devido aos grandes cristais
elípticos de feldspato, com a aparência de olhos. É uma rocha metamórfica, cuja
composição química e mineralógica é notavelmente homogênea, muito provavelmente
originada pelo metamorfismo de rochas ígneas graníticas. Sua composição mineralógica
aproximada é : feldspato potássico ±75%, quartzo ± 20%, mica biotita ±5%. Contém
ainda pequenos teores de magnetita.

Na cidade do Rio de Janeiro, há um grande número de edificações e monumentos do


século XIX e início do século XX construídas com estas rochas. É um trabalho artesanal
muito bonito e de difícil execução, devido à granulometria grosseira da rocha. Na cidade
de Ouro Preto há alguns monumentos construídos com esta rocha, muito provavelmente
levados da cidade do Rio de Janeiro.

Gnaisse Facoidal
Leptinito - É um gnaisse muito claro, composto essencialmente de quartzo e
feldspato, com pequeno teor de granada almandina. Nesta rocha a mica é praticamente
ausente e a foliação gnáissica é pouco pronunciada, tendo a rocha, apesar de
metamórfica, um aspecto de rocha ígnea. Os minerais constituintes apresentam-se em
cristais pequenos, de aspecto sacaroidal, sendo difícil sua identificação a olho nu. As
granadas ocorrem como cristais bem formados, identificáveis por sua cor vermelha
arroxeada (cor de vinho). No Arpoador o leptinito ocorre como corpos alongados e pouco
espessos, dobrados e deformados pelos esforços tectônicos. Devido à sua granulometria
fina, esta rocha se altera com mais dificuldade do que o gnaisse facoidal, ficando
realçada. Muito provavelmente o leptinito é originado do metamorfismo de antigos veios
aplíticos.

Na cidade do Rio de Janeiro, esta rocha foi muito usada no século XIX como pedra
de talhe na construção civil. Nos edifícios, igrejas e monumentos onde está presente é
facilmente identificada pelo aspecto claro, granulação fina e homogênea, e pela presença
dos cristais arredondados de granada cor de vinho. É uma rocha mais fácil de ser
trabalhada artesanalmente, quando comparada ao gnaisse facoidal, pois permite a
escultura de detalhes difíceis de serem esculpidos em rochas de granulação grosseira
como o gnaisse facoidal..

Leptinito
Anfibolito: É uma rocha metamófica escura, composta essencialmente por anfibólios
e secundariamente feldspatos e quartzo. O anfibólio é um silicato hidratado de Fe, Mg,
Ca, podendo ter óxido de alumínio. É provável que este anfibolito tenha se originado pelo
metamorfismo de rochas (diques) básicas ígneas. O anfibólio mais comum é a
hornblenda, silicato hidratado de Fe e Mg. No Arpoador, o anfibolito está restrito a
algumas lentes métricas na face oeste do rochedo. Pode-se observar abaixo uma destas
lentes, toda perfurada por ouriços do mar. Desconheço a razão pela qual estes animais
teriam escolhido preferencialmente esta rocha para se fixarem. Duas hipóteses podem ser
aventadas: 1- A preferência se dá em função da cor escura, pois a rocha sendo escura
absorve mais o calor do sol; 2- a preferência se dá em função de sua composição química,
ou porque ela se torna mais friável devido ao intemperismo ou porque fornece algum
elemento químico ao animal, ou talvez ambos.

Granito - É uma rocha ígnea pouco comum no Arpoador, onde ocorre como corpos
pequenos e tabulares, de cor cinza.. Sua origem está associada à consolidação de magma
formado, muito provavelmente, no processo de fusão parcial dos gnaisses locais. É
composto por cristais bem formados de feldspatos, dispersos numa matriz fina, composta
de quartzo, feldspato e mica biotita. Secundariamente pode-se observar a presença de
magnetita, e allanita, que é um mineral radioativo.

Detalhe do contato entre o granito e o gnaisse


Pegmatito - É uma rocha ígnea composta por grandes cristais de feldspato, quartzo
e mica biotita. O tamanho atingido pelos minerais, da ordem de vários centímetros, indica
que esta rocha é originada de magmas ricos em substâncias voláteis (vapor de água,
gases,etc.), o que lhe conferia extrema mobilidade e fluidez. Este magma originou-se no
processo de fusão parcial das rochas locais. No Arpoador o pegmatito ocorre como veios,
em geral preenchendo fraturas ou falhas transversais à direção de foliação predominante.
Na foto abaixo pode-se observar um pegmatito preenchendo uma falha de cizalhamento.
Esta falha ocorreu um rochas que estava a profundidade muito grande e por isto se
comportaram como material dúctil, o que pode ser constatado pelo encurvamento das
faixas de leptinito nas proximidades da pegmatito. Se esta falha tivesse acontecido em
profundidade menor, as rochas estariam frias e se comportariam de forma friável, isto é,
seriam rompidas, fraturadas e moídas, ao invés de serem flexionadas. Esta falha é um
importante indício de que as rochas do Arpoador, hoje expostas à superfície, foram
formadas entre 13 e 15 km de profundidade .

You might also like